Você está na página 1de 10

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO PIAUÍ- CAMPUS TERESINA ZONA SUL


CURSO: BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: HIDROLOGIA
MINISTRANTE: PROF. MAURO CÉSAR DE BRITO SOUSA

MODELAGEM DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA PD10

ANDREZA RAVENA DA SILVA SOUSA

TERESINA-PI, 2022.
INTRODUÇÃO

O desenvolvimento dos espaços urbanos modifica os ambientes naturais,


alterando a forma com que ocorrem alguns processos do ciclo hidrológico, como
o escoamento superficial. Nesse processo de escoamento de água proveniente de
precipitações máximas, ocorre a interação entre fatores como o uso e cobertura
do solo, a declividade e a forma da bacia hidrográfica. Assim, a maior alteração
da superfície de uma bacia resulta da urbanização que causa a impermeabilização
do solo, diminui a infiltração e aumenta o escoamento superficial ocasionando
cheias e inundações.

Uma resolução para minimizar possíveis impactos, causados por esse


escoamento superficial em uma bacia hidrográfica é o ajustamento dos sistemas
de drenagem, que tem o intuito de retardar o escoamento e reduzir o volume de
água escoado na bacia.

O SWMM (Modelo de Gestão de Águas Pluviais) mundialmente


empregado para o planejamento, análises e projetos relacionados ao escoamento
das águas pluviais, esgotamento sanitário e outros sistemas de drenagem em
áreas urbanas, permite uma modelagem hidrológica – LID (Desenvolvimento de
baixo impacto). O objetivo desse trabalho foi analisar o escoamento superficial
antes e depois da aplicação da LID na bacia hidrográfica, em função das
características pertencentes a bacia.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para realização do estudo, utilizou-se o processo de modelagem que


considera as características da bacia e da LID a ser modelada. Foi comparando a
elaboração dos cenários com e sem a implementação dos barris de chuva para
dois tempos de retornos, 5 anos e 10 anos respectivamente.

Inicialmente, definiu-se todas as características fisiográficas da bacia de


estudo e meteorológicas locais, para delimitação das condições hidrológicas do
cenário inicial. Posteriormente, fez-se a caracterização da LID a ser modelada,
conforme parâmetros de entrada específicos do modelo chuva-vazão escolhido.
O tempo de observação do evento chuvoso no SWMM considerado foi de
02:00:00 horas. Assim, foi simulado o Runoff na bacia, considerando as
características iniciais da bacia sem a LID e depois com a implementação das
LID modelada.

Área de estudo

A bacia escolhida para a simulação foi a sub-bacia PD10, ela está


localizada na porção central da cidade de Teresina (Figura 01), no interior do
perímetro urbano da cidade.
Figura 01 – Sub-Bacia PD10, Teresina – Piauí

Fonte: PDDUr, Teresina – Piauí.

Esta sub-bacia encontra-se em uma região de gradiente topográfico


relativamente suave, com cotas que variam dos 105 m, junto à cabeceira, aos 53
m, na foz. Sua área de drenagem abrange 238,78 ha com um perímetro de
8.350,76 m, apresentando um coeficiente de compacidade de 1,51, indicando que
a bacia não apresenta tendência natural às inundações.

Os tipos de solos que ocorrem nesta sub-bacia são os Latossolos


Amarelos, em 42% da área, correspondem ao grupo hidrológico B e o restante
corresponde aos solos que não puderam ser classificados pela Embrapa e que de
acordo com PDDUr, Teresina (2010), foram denominados de tipo Urbano, retratam
ao grupo hidrológico D.

Esta sub-bacia tem uma forma triangular, bastante alongada, com grande
densificação nas regiões sul e leste, sendo que ao sul a mesma se estende em
direção ao rio Poti. Considerando os tipos de solo e a ocupação, o parâmetro CN
médio foi estimado em 85,5; o tempo de concentração da bacia calculado em 14,82
min e a área impermeável estimada em torno de 49,15 %.

Dados de precipitação

Utilizou-se a equação da chuva de Teresina (Equação I), determinada


pelo PDDUr, para definir o hietograma de entrada do modelo chuva-vazão para a
área modelada da sub-bacia PD10.

𝐾.𝑇𝑟 0,1738
𝑖 = (𝑡+0,7457)10 (I)

Considerou-se para o hietograma resultante (Figura 02), o tempo de


concentração (Tc) de 2 (dois) min, o tempo de recorrência (Tr) de 5 (cinco) anos
e o tempo de observação do evento chuvoso de 1 hora. E para o hietograma
resultante da ((Figura 03), admitiu-se também o tempo de concentração (Tc) de 2
(dois) min e o tempo de observação do evento chuvoso de 1 hora, porém com o
tempo de recorrência (Tr) de 10 (dez) anos.

Figura 02 - Hietograma para Sub - Bacia PD10 (Tr= 5anos).

HIETOGRAMA - 1 h
9
8
7
Precipitação (mm)

6
5
4
3
2
1
0
2 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42 46 50 54 58
Tempo (min)

Fonte: Autoria Própria,2022.


Figura 02 - Hietograma para Sub - Bacia PD10 (Tr= 10anos).

HIETOGRAMA - 1 h
10

8
Precipitação (mm)

0
2 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42 46 50 54 58
Tempo (min)

Fonte: Autoria Própria, 2022.

Modelagem dos barris de chuva

Considerou-se o volume de água para armazenar no barril de 1 m³, foi


estimada uma quantidade total de 1358 casas. Calculou-se a área de cobertura do
telhado, correspondente a 27,16 ha que representa 11,37% da área total da bacia
PD10, que será atribuída para o dimensionamento dos microreservatórios do
cenário simulado na bacia hidrográfica.

RESULTADOS E DISCURSÕES
O resultado da simulação do escoamento na fase de diagnóstico para o
tempo de retorno igual à 5 anos, atendendo a modelagem do cenário de controle
sem a implementação dos barris de chuva na bacia PD10, verifica-se que o
escoamento atinge seu pico aos 00:32:00 minutos e o valor calculado em
60.827,92 L/s. O volume de água total escoado durante o evento chuvoso
modelado foi de 106.306 m³. O Quadro 01 apresenta os dados obtidos na
simulação e o comportamento da vazão no tempo é mostrado na Figura 04.

Quadro 01 – Simulação do escoamento superficial na fase diagnóstico p/chuva com TR= 5 anos.
Bacia Cenário Pico de Tempo de Volume
Modelada modelado escoamento simulação até o escoado
(L/s) pico (min) (m³)
PD10 Sem barril de 60.827,92 00:32:00 106.306
chuva
Fonte: Autoria Própria, 2022.

Figura 04 – Escoamento superficial x Tempo simulado (Tr=5anos).

Hidrograma para Sub - bacia PD10


70000
60000
50000
40000
Vazão

30000
20000 Sem LID
10000
0
00:01:00
00:07:00
00:13:00
00:19:00
00:25:00
00:31:00
00:37:00
00:43:00
00:49:00
00:55:00
01:01:00
01:07:00
01:13:00
01:19:00
01:25:00
01:31:00
01:37:00
01:43:00
01:49:00
01:55:00
Tempo simulado (h:min:seg)

Fonte: Autoria Própria, 2022.

Já o resultado da simulação do escoamento na fase de diagnóstico para o


tempo de retorno igual à 10 anos, considerando a modelagem do cenário de
controle sem a implementação dos barris de chuva na bacia PD10, nota-se que o
escoamento atinge seu pico também aos 00:32:00 minutos e o valor calculado
em 71.036,38 L/s. O volume de água total escoado durante o evento chuvoso
modelado foi de 124.146 m³. Os dados obtidos na simulação estão apresentados
no Quadro 02 e o comportamento da vazão no tempo é mostrado na Figura 04.

Quadro 02 – Simulação do escoamento superficial na fase diagnóstico p/chuva com TR= 10 anos.
Bacia Cenário Pico de Tempo de Volume
Modelada modelado escoamento simulação até o escoado
(L/s) pico (min) (m³)

PD10 Sem barril de 71.036,38 00:32:00 124.146


chuva
Fonte: Autoria Própria, 2022.
Figura 05 – Escoamento superficial x Tempo simulado (TR= 10 anos).

Hidrograma para Sub - Bacia PD 10


80000
70000
60000
Vazão (l/s)

50000
40000
30000
20000 Sem LID
10000
0
00:01:00
00:07:00
00:13:00
00:19:00
00:25:00
00:31:00
00:37:00
00:43:00
00:49:00
00:55:00
01:01:00
01:07:00
01:13:00
01:19:00
01:25:00
01:31:00
01:37:00
01:43:00
01:49:00
01:55:00
Tempo simulado (h:min:seg)

Fonte: Autoria Própria, 2022.

Resultados da simulação com a aplicação do LID

Com a LID o cenário simulado para o TR igual à 5 anos, apresenta na


sub-bacia PD10 o mesmo tempo de pico anterior a implementação da LID,
00:32:00 min, gerando um escoamento de 55.406,17 L/s, mas observa-se uma
redução do volume escoado nesse intervalo de tempo, consequentemente uma
redução do volume total de água na bacia que passou a ser 104.819 m³. O resumo
dos dados é exibido no Quadro 03.

Quadro 03 – Simulação do escoamento superficial na fase diagnóstico p/chuva com TR= 5 anos.
Bacia Cenário Pico de Tempo de Volume
Modelada modelado escoamento simulação até o escoado
(L/s) pico (min) (m³)

PD10 Com barril de 55.406,17 00:32:00 104.819


chuva
Fonte: Autoria Própria, 2022.

Para o TR igual à 10 anos com a implementação da LID na simulação, à


sub-bacia PD10 também apresenta o mesmo tempo de pico anterior a
implementação da LID, 00:32:00 min, estabelecendo um escoamento de
64.926,92 L/s, porém ademais nota-se uma redução do volume escoado nesse
intervalo de tempo e uma redução do volume total de água escoada na bacia que
deu-se 122.698 m³. Os resultados são mostrados abaixo no Quadro 04.

Quadro 04 – Simulação do escoamento superficial na fase diagnóstico p/chuva com TR= 10 anos.
Bacia Cenário Pico de Tempo de Volume
Modelada modelado escoamento simulação até o escoado
(L/s) pico (min) (m³)

PD10 Com barril de 64.926,92 00:32:00 122.698


chuva
Fonte: Autoria Própria, 2022.

Comparando-se a modelagem da bacia hidrográfica antes da


implementação da LID e posteriormente com a sua aplicação, é possível observar
a diferença de vazão através da Figura 06 e da Figura 07. A primeira figura com
Tr igual à 5 anos, exibe uma diferença no tempo de pico igual à 5.421,75 L/s e
no seu volume total escoado 1.487 m³. Já na segunda figura, que tem Tr igual à
10 anos, mostra uma diferença em torno de 6.109,46 L/s em relação ao tempo de
pico e no volume total uma diferença de 1.448 m³.

Figura 06 - Escoamento superficial x Tempo simulado (Tr=5 anos).

Hidrograma sem LID x Hidrograma com LID


70000

60000

50000
Vazão (L/s)

40000

30000

20000

10000

0
00:01:00
00:06:00
00:11:00
00:16:00
00:21:00
00:26:00
00:31:00
00:36:00
00:41:00
00:46:00
00:51:00
00:56:00
01:01:00
01:06:00
01:11:00
01:16:00
01:21:00
01:26:00
01:31:00
01:36:00
01:41:00
01:46:00
01:51:00
01:56:00

Figura 06 - Escoamento superficial x Tempo simulado (Tr=10anos).

Tempo simulado (h:min:seg)

Sem LID Com LID

Fonte: Autoria Própria, 2022


Figura 07 - Escoamento superficial x Tempo simulado (Tr=10 anos).

Hidrograma sem LID x Hidrograma com LID


80000
70000
60000
Vazão (L/s)

50000
40000
30000
20000
10000
0
00:01:00
00:06:00
00:11:00
00:16:00
00:21:00
00:26:00
00:31:00
00:36:00
00:41:00
00:46:00
00:51:00
00:56:00
01:01:00
01:06:00
01:11:00
01:16:00
01:21:00
01:26:00
01:31:00
01:36:00
01:41:00
01:46:00
01:51:00
01:56:00
Tempo simulado (h:min:seg)

Sem LID Com LID


Fonte: Autoria Própria,2022.

CONCLUSÃO

Com a aplicação dos barris de chuva na bacia hidrográfica PD10, feita


através do SWMM, nota-se através das informações obtidas uma diminuição
após a implementação da LID. O que se referente a modelagem da bacia com Tr
de 5 anos, percebe-se uma redução no pico de escoamento superficial de 8,91% e
no seu volume uma redução de 1,39% de água total escoada na bacia.
Já para o cenário simulado considerando o Tr de 10 anos, constata-se que
a bacia PD10, tem uma redução no pico de escoamento superficial de 8,60% e
uma redução de 1, 16 % em relação ao volume de água escoado.
Analisando-se os hidrogramas obtidos em função dos resultados do
escoamento superficial e do volume de água da bacia, a aplicação do
desenvolvimento de baixo impacto (LID), por meio dos barris de chuva colabora
para a diminuição dos fluxos citados. Com isso, a sua utilização seria válida na
prevenção de futuras inundações e cheias na sub-bacia estudada.
REFERÊNCIAS

TERESINA. Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral. Plano


Diretor de Drenagem Urbana de Teresina. Relatório Final, 2010.

TARGA, Marcelo dos Santos; BATISTA, Getulio Teixeira; DINIZ, Hélio


Nóbile; TARGA, M. S.; BATISTA, G. T.; DINIZ, H. D.; DIAS, N. W.; MATOS, F. C.
Urbanização e escoamento superficial na bacia hidrográfica do Igarapé Tucunduba,
Belém, PA, Brasil. Ambi-Agua, Taubaté, v. 7, n. 2, p. 120-142, 2012.

Sousa, Mauro César de Brito; Pedrosa, Renato Alves; Iwata, Bruna de Freitas
Iwata; Chaves, Sammya Vanessa Vieira. Uso de telhados verdes para controle de
águas pluviais urbanas em Teresina – Piauí. Revista de Geografia (Recife) V. 38,
N°2, 2021.

Você também pode gostar