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2021

COMENTÁRIOS DE §
PROF. GUSTAVO RIBAS IGEX
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CARTA DO EDITOR:

Olá! Tudo bem?

Quero me apresentar para você! Sou o Prof. Gustavo Ribas, Editor-chefe do INFORME TST, além

de Coordenador do curso de pós-graduação em Direito e Processo do Trabalho da Faculdade

ESUP e Assistente de Juiz do Trabalho no TRT da 18 ª Região.

Desde o CPC de 2015, que inaugurou o sistema de precedentes no Brasil, a importância do estudo

permanente da jurisprudência, fonte do Direito do Trabalho, ganhou maior relevância e

protagonismo.

Além disso, temos que reconhecer que o acompanhamento jurisprudencial enriquece e aperfeiçoa

o raciocínio jurídico, sendo imprescindível tanto para fins profissionais, quanto para aqueles que

se preparam para concursos públicos, notadamente na área trabalhista e advocacia pública.

Em razão disso, a partir de julho de 2020, passei a proporcionar a análise sistemática e contínua

da evolução da jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, por meio da publicação de

periódicos quinzenais com comentários contextualizados a respeito das decisões proferidas pelo

Tribunal Superior do Trabalho.

Desde então, já foram publicados 16 (dezesseis) periódicos, com boa aceitação do público

assinante, a quem agradeço pela confiança depositada. Mas, agora, me junto ao IGEX – Instituto

Goiano de Ensinos Jurídicos, que promove um estudo de excelência sobre a execução trabalhista,

para dar continuidade ao projeto.

Nasce, assim, o INFORME TST, pelo qual propiciaremos conteúdos atuais e aprofundados na

medida certa para que você assimile de forma clara os assuntos abordados nos julgamentos de

maior destaque e relevância proferidos pelas Turmas e Seções do Tribunal Superior do Trabalho,

com ênfase nas decisões que são divulgadas nos Informativos publicados periodicamente.

Para a presente edição extra, selecionei alguns julgamentos proferidos pelo TST, divulgados em

Informativos passados, que envolvem assuntos os quais considero interessantíssimos.

Boa leitura!

PROF. GUSTAVO RIBAS


Editor-chefe do INFORME TST
Escritor
Coordenador da Pós-Graduação em
Direito e Processo do Trabalho da Faculdade ESUP
Assistente de Juiz do Trabalho no TRT-18

Conforme a Lei nº 9.610/1998, é proibida a reprodução, total ou parcial, §


ou divulgação comercial sem autorização prévia e expressa do autor.
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NESTA EDIÇÃO:

01
DIREITO DE PROPRIEDADE. REMUNERAÇÃO DECORRENTE DA UTILIZAÇÃO DE INVENTO

CRIADO POR TRABALHADOR NO CURSO DO CONTRATO DE TRABALHO. ART. 91, § 2º, DA


º 9.279/96
LEI N.

02
RECEBIMENTO CUMULATIVO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E BENEFÍCIO

PREVIDENCIÁRIO.

DISPONIBILIZAÇÃO DE LOCAL APROPRIADO PARA EMPREGADAS DEIXAREM SEUS

03
FILHOS, SOB VIGILÂNCIA E ASSISTÊNCIA, DURANTE O PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO.

TRABALHO DA MULHER. PROTEÇÃO ESPECIAL. SHOPPING CENTER E CUMPRIMENTO

ALTERNATIVO DA REGRA DO ARTIGO 389 DA CLT (CONVÊNIOS OU REEMBOLSO

CRECHE.

HABEAS CORPUS. NÃO CABIMENTO. LIMINAR DEFERIDA EM MANDADO DE SEGURANÇA

04 INTERPOSTO PELA EX-EMPREGADORA. CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA. AUSÊNCIA

DE RESTRIÇÃO AO DIREITO DE LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO.

05
HABEAS CORPUS. CABIMENTO. RETENÇÃO DE PASSAPORTE DO EXECUTADO.

VIOLAÇÃO AO DIREITO DE LOCOMOÇÃO.

06
DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. INSTAURAÇÃO APÓS A ENTRADA EM

VIGOR DA LEI º
N 13.467/2017. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.

CABIMENTO. ART. 791-A DA CLT.

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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS • IGEX • 20/02/2021
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DIREITO DE PROPRIEDADE. REMUNERAÇÃO DECORRENTE DA

01
UTILIZAÇÃO DE INVENTO CRIADO POR TRABALHADOR NO CURSO DO
CONTRATO DE TRABALHO. ART. 91, § 2º, DA LEI N.º 9.279/96.

A presente discussão diz respeito ao direito de remuneração


decorrente de propriedade intelectual referente à invenção, previsto
no § 2.º do art. 91 da Lei n.º 9.279/96 (Lei de Propriedade Industrial),
em que a Vale S.A., utilizando equipamento criado pelos
reclamantes, obteve benefícios em razão de significativo aumento
de produtividade. A invenção de empresa ou de estabelecimento,
disposta no art. 91 da Lei n.º 9.279/96, não decorre da atividade
contratada ou da natureza do cargo, mas da contribuição pessoal do
empregado ou grupo de empregados, que utiliza recursos, dados,
meios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador.
Nesse caso, o empregador possui o direito exclusivo de licença de
exploração, embora a propriedade do invento seja comum, em partes
iguais, cabendo, no entanto, ao empregador a obrigação de pagar
ao empregado inventor uma compensação (justa remuneração, nos
termos do § 2.º do referido dispositivo), exceto expressa disposição
contratual em contrário. Sendo mais de um empregado, a parte que
lhes couber será dividida igualmente entre todos, ressalvado ajuste
em contrário. No caso dos autos, o e. TRT concluiu que o
equipamento desenvolvido pelos reclamantes cuida-se de ato
inventivo e resultou em melhoria funcional traduzida em maior
produtividade para a reclamada, que já utiliza o referido
equipamento, de maneira que os empregados fazem jus à justa
remuneração, registrando-se, ainda, que “a inovação não resultou
da natureza do serviço para o qual os reclamantes foram
contratados, mas de contribuição pessoal destes com o concurso de
recursos, dados, meios, matérias, instalações e equipamentos da
reclamada”. Nesse contexto, em face do quadro fático delineado no
acórdão recorrido, estamos a tratar da modalidade invenção de
empresa, tendo os empregados, portanto, direito ao recebimento de
uma “justa remuneração”, com fundamento no art. 91, § 2.º, da Lei
9.279/96, porquanto o invento não foi objeto de prévia contratação,
sendo ele extracontratual, e que a empresa obteve vantagem
financeira em face da utilização do invento. Julgados. Não se
vislumbra violação do § 2.º do art. 91, § 2.º, da Lei n.º 9.279/96, mas,
ao revés, a sua observância. Agravo não provido.

TST-AG-AIRR-495-51.2014.5.17.0003, 5ª TURMA, REL. MIN. BRENO


MEDEIROS, JULGADO EM 17/6/2020.

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COMENTÁRIO:
O direito de propriedade é protegido pelo art. º
5 , incisos XXII a XXXI, que

contemplam, entre outros, o direito à sucessão, o direito autoral e o direito de

propriedade imaterial.

Na órbita internacional, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, prevê, em

seu art. 27, item 2, que “Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses

morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou

artística da qual seja autor”.

Sobreleva notar que, hodiernamente, essa proteção engloba valores de índole

patrimonial, como pretensões salariais, participações societárias, direitos de

patentes e de marcas. Vale dizer, a garantia constitucional de propriedade

abrange não somente bens móveis ou imóveis, como também outros valores

patrimoniais.

º
O art. 5 , inciso XXIX, da CF/88 estabelece que “a lei assegurará aos autores de

inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção

às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a

outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento

tecnológico e econômico do País”.

A Lei 9.279/96 (Lei de Patentes) veio a regular o gozo dos direitos relativos à

propriedade industrial, prevendo em seu Capítulo XIV as regras referentes às

invenções criadas por empregados.

A melhor didática aponta para três tipos de tratamentos conferidos pela

supracitada lei:

1) Quando a invenção integra o objeto do contrato de trabalho: nessa situação,

o invento faz parte do ajuste contratual, motivo pelo qual o direito de propriedade

pertence exclusivamente ao empregador, e, quanto ao empregado, lhe é devido

tão somente o salário contratual, salvo ajuste entre as partes.

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Art. 88. A invenção e o modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao empregador

quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha

por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços

para os quais foi o empregado contratado.

§ 1º Salvo expressa disposição contratual em contrário, a retribuição pelo trabalho

a que se refere este artigo limita-se ao salário ajustado.

§ 2 º Salvo prova em contrário, consideram-se desenvolvidos na vigência do

contrato a invenção ou o modelo de utilidade, cuja patente seja requerida pelo

empregado até 1 (um) ano após a extinção do vínculo empregatício.

A lei ainda prevê a possibilidade de o empregador conceder ao empregado uma

participação nos lucros decorrentes da exploração da patente, com previsão em

ajuste individual ou regulamento empresarial, sem que essa participação possa ser

considerada como de natureza salarial, conforme o art. 89 (a princípio, pode

parecer desnecessária essa previsão, pois o Direito do Trabalho admite a

pactuação de qualquer cláusula que não contravenha as disposições de proteção

ao trabalhador e a concessão ora em comento é claramente benéfica ao

empregado. Porém, a afirmação de que a participação não possui natureza

salarial justifica a redação do artigo; importante lembrar, todavia, que a divisão

dos lucros não pode mascarar o pagamento de salários, nos termos do art. 9 º da

CLT).

Art. 89. O empregador, titular da patente, poderá conceder ao empregado, autor

de invento ou aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes

da exploração da patente, mediante negociação com o interessado ou conforme

disposto em norma da empresa.

Parágrafo único. A participação referida neste artigo não se incorpora, a qualquer

título, ao salário do empregado.

2) Quando o invento não integra o objeto do contrato de trabalho: quando o

empregado produz a invenção sem qualquer interferência do contrato de trabalho,

sem utilizar recursos, equipamentos e instalações do empregador, os direitos de

propriedade pertencem exclusivamente ao empregado:

Art. 90. Pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de

utilidade por ele desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e

não decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou

equipamentos do empregador.

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3) Quando o invento resultar de trabalho intelectual do empregado


01 favorecido pelas condições de trabalho oferecidas pelo empregador
(“invenção de empresa”): a s i t u a ç ã o i n t e r m e d i á r i a p r e v i s t a p e l a l e i s e r e f e r e a o
invento criado pelo empregado com auxílio de recursos, equipamentos e

instalações do empregador, situação na qual, independentemente de prévio

ajuste, o direito de propriedade pertencerá em partes iguais entre empregado e

empregador, salvo ajuste em sentido diverso, garantindo-se a esse o direito

exclusivo de exploração e àquele uma “justa remuneração”:

Art. 91. A propriedade de invenção ou de modelo de utilidade será comum, em partes

iguais, quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados,

meios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa

disposição contratual em contrário.

§ 1º Sendo mais de um empregado, a parte que lhes couber será dividida igualmente entre

todos, salvo ajuste em contrário.

§ 2 º É garantido ao empregador o direito exclusivo de licença de exploração e

assegurada ao empregado a justa remuneração.

§ 3 º A exploração do objeto da patente, na falta de acordo, deverá ser iniciada pelo

empregador dentro do prazo de 1 (um) ano, contado da data de sua concessão, sob pena

de passar à exclusiva propriedade do empregado a titularidade da patente, ressalvadas

as hipóteses de falta de exploração por razões legítimas.

§ 4 º No caso de cessão, qualquer dos co-titulares, em igualdade de condições, poderá

exercer o direito de preferência.

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01 O direito de propriedade pertence

exclusivamente ao empregador, e,
Quando a invenção integra o objeto
quanto ao empregado, lhe é devido
do contrato de trabalho
tão somente o salário contratual,

salvo ajuste entre as partes.

Quando o invento não integra o Os direitos de propriedade

objeto do contrato de trabalho pertencem exclusivamente ao

empregado.

Quando o invento resultar de O direito de propriedade pertencerá

trabalho intelectual do empregado em partes iguais entre empregado e

favorecido pelas condições de empregador, salvo ajuste em sentido

trabalho oferecidas pelo diverso, garantindo-se a esse o

empregador (“invenção de direito exclusivo de exploração e

empresa”) – situação intermediária àquele uma “justa remuneração”.

Segundo o Min. Godinho Delgado, o direito de propriedade ora tratado é um

efeito conexo ao contrato de trabalho:

“O contrato de trabalho é ato jurídico de conteúdo complexo, hábil a provocar larga

multiplicidade de direitos e obrigações entre as partes pactuantes. Há efeitos

obrigacionais incidentes sobre a figura do empregador, assim como incidentes sobre a

figura do empregado. Os efeitos resultantes do contrato de trabalho podem ser

classificados em duas grandes modalidades, segundo sua vinculação mais ou menos direta

ao conteúdo contratual trabalhista: efeitos próprios ao contrato e efeitos conexos ao

contrato de trabalho. (...). Conexos são os efeitos resultantes do contrato empregatício

que não decorrem de sua natureza, de seu objeto e do conjunto natural e recorrente das

cláusulas contratuais trabalhistas, mas que, por razões de acessoriedade ou conexão,

acoplam-se ao contrato de trabalho. Trata-se, pois, de efeitos que não têm natureza

trabalhista, mas que se submetem à estrutura e dinâmica do contrato de trabalho, por

terem surgido em função ou em vinculação a ele. São exemplos significativos desses

efeitos conexos os direitos intelectuais devidos ao empregado que produza invenção ou

outra obra intelectual no curso do contrato e não prevista no objeto contratual. Também

ilustram tais efeitos conexos as indenizações por dano moral e por dano material.” (Curso

de Direito do Trabalho, 2016, p. 680).

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Ultrapassadas as linhas primevas, cabe analisar o caso concreto!

A ação trabalhista foi proposta por dois empregados os quais alegaram que, por

iniciativa deles, criaram um equipamento denominado “segregador”, que trouxe

vários benefícios e vantagens para a empregadora, além de ganhos econômicos,

como a redução da necessidade de mão-de-obra, o reaproveitamento de matéria-

prima etc.

Na defesa, a ré alegou que os autores integravam o ‘grupo de melhoria contínua’

da empresa, denominado “Círculo de Controle de Qualidade” e, durante a

execução das tarefas deste grupo foi desenvolvido o equipamento, motivo pelo

qual o direito de propriedade seria exclusivamente seu.

O juízo de 1 º grau julgou parcialmente procedente o pedido, ao verificar que o

“segregador” resultou na melhoria de um processo já existente e, conforme o laudo

pericial produzido, a inovação resultou de contribuição pessoal dos reclamantes

com o concurso de recursos, dados, meios, matérias, instalações e equipamentos

da reclamada, razão pela qual entendeu aplicável o art. 91 da Lei 9.279/96

(situação intermediária).

A reclamada recorreu ao TRT da 17 ª Região, que negou provimento ao recurso

ordinário, pois, conforme o laudo pericial, os reclamantes desenvolveram

equipamento que trouxe grandes melhorias na operação produtiva da reclamada e

que se caracteriza modelo de utilidade sem equivalente no ramo de atuação da

empresa, podendo inclusive ser objeto de patente (art. 9 º da Lei 9.279/96).

Esse foi o mesmo entendimento adotado pela 5 ª Turma do TST, para quem os

reclamantes são merecedores de “justa retribuição”, nos termos do art. 91, §2º, da

Lei 9.279/96.

Segundo o Colegiado, extrai-se do acórdão regional que não houve prévio ajuste

entre as partes para a criação do invento e a empresa obteve vantagens

financeiras com a sua utilização, o que caracteriza a denominada “invenção de


empresa” , termo cunhado na jurisprudência do TST para se referir à situação

intermediária acima analisada, na qual há concorrência entre trabalho intelectual

do empregado e condições de trabalho oferecidas pelo empregador. Por isso, foi

negado provimento ao apelo patronal.

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IMPORTANTE:
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a ausência de formalização de patente não impede que o

empregado receba a “justa remuneração”, uma vez que o direito do trabalhador

independe de tramitações burocráticas do registro no INPI, sobretudo quando o

empregador utiliza o modelo de utilidade em benefício próprio, aumentando a

produtividade. Ademais, a Lei 9.279/96 não prevê que o registro de patente é uma

condição para que o empregado exerça o seu direito à “justa remuneração”.

IMPORTANTE: segundo o art. 206 da Lei 9.279/96 o juiz deve decretar o segredo

de justiça quando o processo for capaz de revelar informações industriais ou

comerciais confidenciais.

PALAVRAS-CHAVE: DIREITO DE PROPRIEDADE. LEI 9.279/96. INVENÇÕES DO

EMPREGADO. EFEITO CONEXO AO CONTRATO DE EMPREGO. “INVENÇÃO DE

EMPRESA”. JUSTA RETRIBUIÇÃO.

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comentário, Vale a pena Tudo que você precisa
ler com concentração para dominar o assunto
ao seu alcace

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02
RECEBIMENTO CUMULATIVO DA INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO (VIOLAÇÃO DOS ARTS. 7º, XXVIII, E 201,
§ 10, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 475-Q, § 1º, E 649, IV, DO CPC, 373,
402, 940 E 950 DO CCB, 121 DA LEI Nº 8.213/91).

A interpretação dos artigos 950 e 951 do CC/2002 e 1539 do CC/1916


remete ao entendimento de que, ocorrida a incapacidade para o
trabalho para que se inabilitou, automaticamente o lesionado terá o
direito ao pensionamento mensal e vitalício, previsto naquele artigo
950 do Código Civil, enquanto durar a sua incapacidade. Desta feita,
face à constatação da incapacidade permanente para o trabalho,
resta plenamente configurado o prejuízo financeiro do obreiro,
passível de ressarcimento material, não sendo possível a
compensação da pensão paga pelo INSS a título de aposentadoria
por invalidez, mesmo que complementada pela previdência privada,
com a pensão prevista nos artigo 950 do Código Civil, ante a
distinção entre a natureza e o objetivo de tais institutos.
Precedentes desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.

TST-ARR-8000-27.2008.5.05.0492, 7 ª TURMA, REL. MIN. RENATO DE


LACERDA PAIVA, JULGADO EM 23/6/2020.

COMENTÁRIO:
As distintas lesões acidentárias podem se traduzir em deteriorações físico-mentais

do indivíduo decorrentes das condições de trabalho, em razão da forma e postura

durante o cumprimento da prestação de serviços (doenças do trabalho) ou da

prática de certo ofício profissional específico impregnado de agentes opressores

ao organismo humano (doenças profissionais). Tais lesões podem resultar também

de acidente do trabalho, que se traduz em fato ou ato unitário, ou, pelo menos,

concentrado no tempo.

As lesões acidentárias podem causar perdas patrimoniais significativas ao

trabalhador. Em primeiro lugar, no tocante aos próprios gastos implementados

para sua recuperação. Em segundo lugar, pode traduzir restrição relevante ou, até

mesmo, inviabilização da atividade laborativa do empregado, conforme a

gravidade da lesão sofrida.

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Tais perdas patrimoniais traduzem dano material que envolve duas dimensões,

segundo o Direito Civil: aquilo que efetivamente se perdeu ( danos emergente s ,


como, por exemplo, despesas realizadas) e aquilo que razoavelmente se deixou ou

deixar-se-á de ganhar ( despesas com tratamento e lucros cessantes a t é o f i m


da convalescença; a l é m d e p o s s í v e l indenização ou pensão c o r r e s p o n d e n t e à

importância do trabalho para o qual se inabilitou ou se depreciou o obreiro), nos

termos dos arts. 949 e 950 do CC.

Veja:

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das

despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de

algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu

ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das

despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão

correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que

ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização

seja arbitrada e paga de uma só vez.

Importante pontuar que não se confundem a indenização por lucros cessantes e a

pensão mensal, que se distinguem quanto ao momento a que se refere o

pagamento: enquanto a indenização por lucros cessantes compensa as perdas

até o fim da convalescença (que pode ser tanto a cura da enfermidade, quanto a

consolidação das lesões), o pensionamento é devido quando consolidada a lesão.

Compensa as perdas até o fim da


LUCROS CESSANTES
convalescença

PENSIONAMENTO Devido quando consolidada a lesão

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Veja os escólios de Sebastião Geraldo de Oliveira:

“A reparação por danos materiais nos acidentes que acarretaram invalidez permanente,

de acordo com o art. 950 do Código Civil, abrange:

1) Despesas de tratamento até o fim da convalescença;

2) Lucros cessantes também até o fim da convalescença;

3) Pensão correspondente à importância do trabalho para que a vítima se

inabilitou.

Ocorrido o acidente do trabalho, sobrevém o período do tratamento médico até a

convalescença, ou seja, até a cura ou a consolidação das lesões. Nessa etapa cabe a

indenização de todas as despesas necessárias para o tratamento, bem como dos

lucros cessantes que no caso do acidente do trabalho representam o valor da

remuneração mensal que a vítima percebia.

(...).

Depois da convalescença ou da consolidação das lesões, decidindo-se pela incapacidade

para o trabalho, o valor que era devido mensalmente pelo empregador como reparação

dos lucros cessantes passa a ser devido a título de pensão vitalícia. O art. 950 do

Código Civil expressamente prevê o pagamento dos lucros cessantes até o fim da

convalescença e do pensionamento a partir de então.” (Indenizações por acidente do

trabalho ou doença ocupacional, LTr, 6 ª Edição, págs. 321,335/336.)

Na seara laboral, emerge a obrigação de reparar os danos materiais quando

constada a ocorrência de ato ilícito por parte do empregador/preposto, além do

prejuízo suportado pelo empregado e do nexo de causalidade entre a conduta

antijurídica patronal e o prejuízo do obreiro.

Não é demais lembrar que a responsabilidade civil do empregador, a rigor, é

º
subjetiva, nos termos do art. 7 , XXVIII, in fine, da CF/88, salvo nas hipóteses em

que o empregador tem obrigação de reparar o dano independentemente de culpa,

na forma do art. 927, p. único, do Código Civil.

Para a maioria da doutrina e jurisprudência trabalhistas, essa indenização devida

pelo empregador é autônoma em relação ao benefício previdenciário pago pelo

INSS, porquanto este é pago em razão dos riscos normais do trabalho, enquanto

que aquela tem como fato gerador o comportamento ilícito do empregador que

resulta em evento danoso.

Assim, para essa corrente, não há falar em dedução ou compensação do valor

pago pelo INSS na indenização a ser paga pelo empregador, tampouco bis in

idem.Nesse sentido a Súmula 229 do STF, in verbis:

“A indenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa

grave do empregador.”

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02
É o que se depreende também da dicção do art. 121 da Lei 8.213/1991, cuja

redação foi aperfeiçoada pela Lei 13.846/2019, senão vejamos:

Art. 121. O pagamento de prestações pela Previdência Social em decorrência dos casos

previstos nos incisos I e II do caput do art. 120 desta Lei não exclui a responsabilidade

civil da empresa, no caso do inciso I, ou do responsável pela violência doméstica e

familiar, no caso do inciso II.

Saliento, ainda, que os empregados também financiam a previdência social, ao

contribuir com o recolhimento de parte dos salários, e, consequentemente,

financiam o benefício previdenciário pago pelo INSS, não sendo razoável que o

valor seja deduzido de outro com natureza distinta, como a indenização por danos

materiais, decorrente da responsabilidade civil do empregador.

Ainda sobre o tema, trago à baila mais ensinamentos de Sebastião Geraldo de

Oliveira:

“No caso do acidente de trabalho, após os primeiros quinze dias, o empregado ficará

privado dos salários e das demais vantagens, que é o caso típico dos lucros cessantes.

Convém enfatizar que o valor pago pela Previdência Social a título de auxílio-doença

acidentário não serve para repor ou mesmo compensar parcialmente os lucros cessantes"

(Indenizações por Acedente do Trabalho ou Doença Ocupacional, 9 ed., São Paulo: LTr,

2016, pg. 253).

A outra corrente (minoritária) defende que a indenização a ser paga pelo

empregador deve compreender somente o prejuízo efetivamente causado ao

trabalhador, apesar do teor do art. 121 da Lei 8.213/91 e da Súmula 229 do STF.

Para essa vertente, a indenização devida corresponde à diferença entre o

benefício previdenciário pago pelo INSS e o salário recebido pela empresa

quando o empregado estava na ativa, sob o risco de enriquecimento ilícito por

parte do trabalhador.

No caso ora em comento, o TRT da 5 ª Região adotou essa segunda corrente, ao

arbitrar a indenização por danos materiais na quantia equivalente à diferença

entre o salário do reclamante e o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez,

recebidos pelo autor.

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ª unanimidade ,
02
Interposto o recurso de revista, a 7 Turma do TST, por reformou o

acórdão regional por ofensa ao art. 950 do CC. O relator do acórdão, Min. Renato

Lacerda Paiva, revendo seu posicionamento anteriormente adotado, passou a

seguir o entendimento trilhado pela SDI-I do TST, no sentido de que a

aposentadoria por invalidez paga pelo INSS não deve ser compensada com a

pensão prevista no art. 950 do CC, tendo em vista a natureza distinta e os

objetivos diversos dos institutos. Assim, o Colegiado deu provimento ao recurso e

restabeleceu a sentença, que adotou a primeira corrente acima citada.

CORRENTE 1 CORRENTE 2

Entende que a indenização devida Entende que a indenização a ser

pelo empregador é autônoma em paga pelo empregador deve

relação ao benefício previdenciário compreender somente o prejuízo

pago pelo INSS, porquanto este é efetivamente causado ao

pago em razão dos riscos normais trabalhador, apesar do teor do art.

do trabalho, enquanto que aquela 121 da Lei 8.213/91 e da Súmula 229

tem como fato gerador o do STF. Para essa vertente, a

comportamento ilícito do indenização devida corresponde à

empregador que resulta em evento diferença entre o benefício

danoso. previdenciário pago pelo INSS e o

salário recebido pela empresa

quando o empregado estava na

ativa, sob risco de enriquecimento

ilícito por parte do trabalhador.

IMPORTANTE: em relação à compensação do seguro de vida com a indenização

por danos materiais, outro é o entendimento perfilhado pela maioria da doutrina e

jurisprudência. No aspecto, vejamos a lição de Sebastião Geraldo de Oliveira:

“A regulamentação do seguro está bem delineada no ordenamento jurídico nacional.

Como previsto no art. 757 do Código Civil, ‘Pelo contrato de seguro o segurador se

obriga, mediante o pagamento de prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado,

relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.’ Já o art. 787 do referido

Código estabelece que, ‘No seguro de responsabilidade civil, o segurador garante o

pagamento de perdas e danos devidos pelo segurado a terceiro.’

(...).

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02 Era bastante controvertido o cabimento da dedução do valor que a vítima do acidente

automobilístico recebe do seguro DPVAT, de modo a reduzir o montante da indenização

judicial fixada para o causador do dano. A jurisprudência, contudo, restou pacificada

pelo Colendo STJ que, acertadamente, adotou o seguinte entendimento: ‘Súmula 246 - O

valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada.’

Ora, o princípio secular que orienta a indenização é o da restitutioin integrum ou da

equivalência matemática entre o dano e a sua reparação. Se houver acúmulo da

indenização com o valor ressarcido pelo seguro, ficará caracterizado o combatido

bis in idem, ou seja, haverá reparação além da real extensão do dano. Não

se pode perder de vista que a indenização do prejuízo pelo réu ou pela

seguradora decorre do mesmo fato causal, tem a mesma natureza jurídica


e cumpre a mesma finalidade . Aliás, é por essa razão que, havendo

indenização civil do dano, o Código de Trânsito autoriza o desconto da multa

reparatória depositada em favor da vítima ( § 3 º do art. 297 do Código de Trânsito

Brasileiro).

Convém mencionar que a cobertura do seguro não substitui a responsabilidade civil da

empresa pelas indenizações cabíveis, nem mesmo quando a contratação é determinada

por lei. Não se transfere à seguradora a responsabilidade que é própria do causador do

dano, tanto que o Código Civil enfatiza que subsistirá a responsabilidade do segurado

perante terceiro, se o segurador for insolvente (art. 787, § º


4 ). O seguro apenas garante a

cobertura dos prejuízos até o valor fixado na apólice e nos limites do que foi ajustado,

sem qualquer vinculação ao princípio da reparação integral do dano.

Por outro lado, não cabe a dedução referida quando o seguro for custeado pela vítima,

mesmo que haja a interveniência operacional do empregador como estipulante,

para facilitar a contratação. Entretanto, se o custeio for compartilhado,

entendemos justo e razoável que a dedução ocorra proporcionalmente à

parcela do prêmio que foi suportada pelo empregador.

É verdade que não cabe a dedução dos valores pagos pela Previdência Social referentes

aos benefícios concedidos pela lei acidentária. Mas aqui, diferentemente, estamos

tratando do abatimento das indenizações provenientes do seguro privado e facultativo,

contratado e custeado pelo empregador, para cobrir os riscos a que estão expostos os

seus empregados.

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02 Na jurisprudência atual, o entendimento majoritário aponta no sentido do cabimento da

dedução da parcela recebida do seguro privado, conforme se verifica nos julgados abaixo

transcritos:

(...).

Cabe mencionar que julgados recentes do Colendo TST, em oposição aos

fundamentos doutrinários acima expostos, sinalizam o não cabimento da dedução em

favor do réu do valor ressarcido pela seguradora, na hipótese de indenização por

danos morais, quando ficar caracterizada conduta culposa do empregador.

Os julgados daquela Corte apontam diferenças quanto à natureza jurídica das duas

verbas, sob o argumento de que a indenização por danos morais, além da

finalidade compensatória, tem funções punitiva e dissuasória, enquanto a cobertura

securitária garante a reparação decorrente do risco normal do trabalho, sem as referidas

funções.

Enfatizam também que o abatimento do valor pago pelo seguro deixaria as empresas

sem incentivo para adotar medidas de prevenção de acidentes do trabalho,

transferindo às seguradoras os ônus pelo exercício de suas atividades econômicas. (...).

Em síntese, se o empregador por força de lei, negociação coletiva ou mesmo por livre

iniciativa contrata seguro privado para cobertura dos riscos a que estão expostos os seus

empregados, arcando com os custos dessa contratação, é imperioso concluir que, em

caso de deferimento de indenização pelo acidente do trabalho, cabe a dedução das

parcelas garantidas ou pagas pela seguradora. Também está pacificado o entendimento

de que cabe deduzir da indenização o valor que a vítima recebeu do seguro DPVAT:

‘Súmula 246 do STJ - O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização

judicialmente fixada.’

Entretanto, segundo entendimentos recentes do Colendo TST, não cabe o referido

abatimento quando se tratar de indenizações por danos morais, nos acidentes do trabalho

em que for reconhecida a conduta culposa do empregador.” (OLIVEIRA, Sebastião

Geraldo de. Dedução do seguro nas indenizações por acidente do trabalho. Revista Ltr:

legislação do trabalho, São Paulo, SP, v. 80, n. 2, p. 135-139, fev. 2016, destaquei.)

Importante trazer à baila julgamento proferido pela 2 ª Turma do TST e noticiado

no INFORMATIVO 203 , admitindo a compensação do seguro de vida com a

indenização por danos materiais, em razão da idêntica natureza jurídica:

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02 “(...) COMPENSAÇÃO DAS INDENIZAÇÕES RECEBIDAS DO DPVAT, DO SEGURO DE VIDA

EM GRUPO E DE RESPONSABILIDADE CIVIL COM AS INDENIZAÇÕES POR DANOS MORAIS E

MATERIAIS. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO APENAS DO SEGURO PRIVADO CUSTEADO

EXCLUSIVAMENTE PELO EMPREGADOR COM A INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS.

Hipótese em que o Regional manteve a sentença que indeferiu as compensações das

indenizações por danos morais e materiais com as indenizações recebidas do seguro

DPVAT, seguro de vida em grupo e seguro de responsabilidade civil. Inicialmente, impõe-

se diferenciar o seguro de vida/acidentes de trabalho, pago pelo empregador, do seguro

contra acidentes de trabalho previsto no art. º


7. , XXVIII, da CF/1988, a cargo do

empregador. O seguro de vida/acidentes de trabalho, custeado totalmente pela empresa

por liberalidade ou previsão normativa ou convencional, objetiva o ressarcimento de

indenizações decorrentes de direito civil, relativas aos prejuízos materiais do empregado

vítima de doença/acidente de trabalho ou seus familiares/dependentes; enquanto que o

seguro contra acidente de trabalho (SAT), de caráter obrigatório, previsto no art. º


7. ,

XXVIII, da CF/1988 e regulado pelo artigo 22, II, da Lei 8.212/1991, é recolhido para a

Previdência Social de acordo com o grau de risco da atividade preponderante do

empregador. N e s s e c e n á r i o , tem-se que o seguro de vida/acidentes de trabalho

possui a mesma natureza jurídica da indenização por danos materiais judicialmente


fixada, de sorte que podem ser compensados. A s s i m , e m c o n s o n â n c i a c o m a
jurisprudência da SDI-1 desta Corte, na hipótese de o empregador arcar
exclusivamente com o pagamento das parcelas do seguro, são deduzíveis das
indenizações dos seguros privados apenas as despesas relativas às indenizações
por danos materiais. P r e c e d e n t e s . R e s s a l t e - s e q u e , p o r i g u a l r a z ã o , i n d e v i d a s a s
compensações das indenizações por danos materiais e morais com da indenização

oriunda do seguro DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores

de Via Terrestre), de pagamento obrigatório nos termos da Lei 6.194/1974. Precedente.

Recurso de revista conhecido e provido parcialmente. (...).” (TST-RR-8-24.2013.5.15.0019,

2 ª Turma, rel. Min. Maria Helena Mallmann, julgado em 28.8.2019, negritei.)

PALAVRAS-RESUMO: RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. INDENIZAÇÃO

POR DANOS MORAIS. DEDUÇÃO/COMPENSAÇÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.

IMPOSSIBILIDADE. DEDUÇÃO/COMPENSAÇÃO DO SEGURO DE VIDA.

POSSIBILIDADE.

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02 DISPOSITIVOS LEGAIS:

Constituição Federal:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social:

(...).

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir

a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Código Civil:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica

obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,

independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a

atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua

natureza, risco para os direitos de outrem.

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o

ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da

convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o

seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a

indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da

convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para

que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja

arbitrada e paga de uma só vez.

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Imprescindível para aqueles
que estudam para
concursos públicos
na área trabalhista

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DISPONIBILIZAÇÃO DE LOCAL APROPRIADO PARA EMPREGADAS

03 DEIXAREM SEUS FILHOS, SOB VIGILÂNCIA E ASSISTÊNCIA, DURANTE


O PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO. TRABALHO DA MULHER. PROTEÇÃO
ESPECIAL. SHOPPING CENTER E CUMPRIMENTO ALTERNATIVO DA
REGRA DO ARTIGO 389 DA CLT (CONVÊNIOS OU REEMBOLSO
CRECHE.

Cinge-se a controvérsia quanto à aplicação do artigo 389, § 1º,


da CLT aos shoppings centers, em relação à previsão da
destinação de local reservado para guarda de filhos de todos os
funcionários, sejam seus próprios e os dos lojistas, em período de
amamentação, sob guarda e vigilância. Pois bem, o art. 389, § 1º,
da CLT estabelece que toda empresa, nos estabelecimentos em
que trabalharem pelo menos 30 empregadas mulheres com mais
de 16 anos, deve ter local apropriado para que seus filhos possam
ficar no período da amamentação. Tal artigo não pode ser
interpretado de forma literal, levando-se em conta o termo
“estabelecimento” apenas como sendo o espaço físico em que se
desenvolvem as atividades do empregador, até porque, quando
da redação do artigo em comento, pelo Decreto-Lei de 1967, a
realidade do shopping center não correspondia à noção atual.
Devemos ter, sim, uma interpretação histórica e sistemática,
conjuntamente com os princípios da proteção à maternidade e à
infância. Portanto, ao meu ver, devemos entender a realidade do
shopping center, como tem sido dito em decisões desta Corte,
como um “sobre estabelecimento”, ou seja, devemos considerar
não a topografia de cada loja, mas sim a sua totalidade, uma vez
que, ainda que o shopping não seja o responsável pelas vendas
de produtos ou serviços, ele é o responsável pela administração,
dimensionamento e disponibilização dos espaços comuns, daí
advindo o seu dever de providenciar espaços para a guarda e
aleitamento de crianças das empregadas, tanto as suas quanto
as dos seus lojistas. Com efeito, os empregados que atuam em
shopping, ainda que sejam trabalhadores dos lojistas, se valem
da infraestrutura do centro comercial, uma vez que a função
principal do shopping é a organização do espaço de forma coesa,
a fim de potencializar a atividade econômica das empresas ali
instaladas. Diante disso, as normas que tutelam o meio ambiente
do trabalho devem levar em consideração tal perspectiva. Assim,
como dito anteriormente, devemos interpretar de forma
consentânea com a atual realidade o termo estabelecimento, do
artigo 389, § 1º, da CLT, de modo que se conclua que a obrigação
relativa ao meio ambiente do trabalho das empregadas que
atuam em lojas instaladas em shopping centers seja
responsabilidade, no que couber, do próprio shopping,

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03 o que afasta, no caso em concreto, qualquer pretensão de se


aplicar responsabilidade subsidiária do cumprimento da
obrigação de fazer objeto do citado artigo 389, § 1º, consolidado.
A obrigação de fazer consistente na criação e manutenção de
creches destinadas à amamentação em espaços de shoppings
centers é uma questão realmente importante, porque o shopping
center não é o empregador, mas a ele se determina a obrigação
de criar e manter creches destinadas à amamentação, ou seja,
estamos criando uma obrigação, por meio da Justiça do Trabalho,
que não está relacionada ao empregador. No entanto, o shopping
center, como é de costume no País, é um empreendimento pelo
qual se aluga os espaços destinados a dar lucro, que podem ser
de um único empreendedor ou de um grupo; normalmente é de um
grupo. Constrói-se, então, e os espaços são os mais variados, não
apenas para lojas, mas também há aquelas ilhas que ficam ali
dentro destinadas ao arrendamento. Dentro de cada shopping
existe uma associação de lojista que se aliam como se sindicato
fosse, para conseguir com o empreendedor determinados
benefícios e as reivindicações que entendem apropriadas. Os
shoppings centers acabam, muitas vezes, ficando fora da cidade.
Ou seja, na prática, é como se os empregados dos lojistas
ficassem, de certa forma, segregados: a vida fica ali dentro do
shopping. Não há outra solução a não ser reconhecer que,
realmente, o shopping deve promover essa criação e manutenção
das creches e, nesse caso, repassar o custo aos lojistas; seria o
mesmo que determinar que os lojistas em conjunto o fizessem. O
resultado é o mesmo e não há maiores problemas para que isso
seja feito. A partir do momento da manutenção dessas creches,
que são necessárias, é preciso que se dê uma solução para esse
tipo de problema, o shopping pode repassar o custo para os
lojistas, por rateio, da mesma forma que cobra dos lojistas o
décimo terceiro salário de aluguel, que cobra aluguel por
faturamento. Isso vai se refletir no preço dos produtos? Sim, vai.
Mas o que se pode fazer? É um problema social que precisa ser
enfrentado. As mercadorias vão ficar mais caras por causa disso,
é lógico. Mas o que se torna mais importante? É estabelecer
creche ou majorar o preço das mercadorias? São dois direitos
fundamentais, ou pelo menos um deles é direito fundamental, a
que precisamos dar preponderância, prevalência, preferência.
Por outro lado, tal medida importa na proteção à maternidade e
aos filhos das trabalhadoras. Busca-se preservar o cuidado à
criança e ao adolescente, bem maior de natureza constitucional,
eleito pelo Estado como prioritário.

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Ressalte-se que não é um conflito entre empregado e

03 empregador, mas é derivado das relações de trabalho e são


várias as questões que decorrem daí. Os primados da Revolução
Francesa: liberdade, igualdade, solidariedade; estamos falando
do terceiro, exatamente da solidariedade. As creches visam
atender todas as mulheres que trabalham em shopping. Então, há,
no caso, por solidariedade, o interesse coletivo. A matéria é
constitucional. Trata-se de proteção à maternidade, prevista no
art. 6.º da Constituição Federal. É de conteúdo prestacional. Faz
parte até da Convenção Americana de Direitos Humanos,
ratificada pelo Brasil em 1992, faz parte de todos os protocolos,
inclusive o de San Salvador. Envolve ainda outra questão, como a
aqui salientada, que é a questão do fomento ao pleno emprego,
que também é matéria constitucional, a fim de se permitir a
absorção da mão de obra da mulher. Não há outra forma de
concretizar a sua inclusão no mercado de trabalho em uma
situação como essa, a não ser por meio do estabelecimento de
creches. Nenhum ônus isso representa para os shoppings centers,
que podem perfeitamente repassar o custo. É preciso, por outro
lado, quando se constrói um shopping center, que ele seja dotado
de uma infraestrutura adequada às necessidades daquele mundo
que ali ocorre. O empreendimento precisa observar essa
necessidade, porque é uma primeira necessidade. Deveria até ser
exigido da municipalidade a expedição de alvará já com a
previsão de creche para efeito de funcionamento ou que ela
mantivesse convênios distritais ou com determinadas entidades
próximas, onde fosse possível que isso ocorresse. Assim, a
pretensão do Condomínio-recorrente em relação ao pedido
principal, com base em arestos ditos divergentes, encontra óbice
na Súmula 333/TST e no artigo 896, § 7º, da CLT, e, considerando,
ainda, que a Corte Regional nada mais fez que dar efetividade ao
comando do artigo 389, § 1º, da CLT, decerto que não se
vislumbra violação de lei ou da Constituição Federal. No entanto,
quanto ao pedido alternativo, referente à efetividade do § 2º do
artigo 389 da CLT, merece reparo a decisão regional. Com efeito,
a Corte Regional ao encerrar o entendimento de que “a situação
particular dos autos não é compatível com a solução pretendida
pelos réus, ora embargantes, mormente por se tratar de
empreendimento com horário de funcionamento que se estende
muito além dos horários de funcionamento de creches públicas ou
privadas”, afronta o § 2º do artigo 389 da CLT, que é expresso ao
autorizar o cumprimento do comando do § 1º desse dispositivo
consolidado (providenciar estabelecimento apropriado que
viabilize às mães lactantes a guarda – sob vigilância e
assistência – de seus filhos)

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por meio de creches distritais mantidas, diretamente ou mediante

03 convênios, com outras entidades públicas ou privadas, pelas


próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI, do
SESC, da LBA ou de entidades sindicais. Recurso de revista
conhecido apenas quanto ao pedido subsidiário, referente ao tema
“cumprimento alternativo da regra do artigo 389 da CLT (convênios
ou reembolso creche)”, por violação do artigo 389, § 2º, da CLT e
provido para, mantendo a decisão regional que determinou o
cumprimento integral do § 1º do artigo 389 da CLT, poder suprir essa
obrigação de fazer por meio de creches distritais mantidas,
diretamente ou mediante convênios, com outras entidades públicas
ou privadas, pelas próprias empresas, em regime comunitário, ou a
cargo do SESI, do SESC, da LBA ou de entidades sindicais, conforme
autoriza o § 2º do artigo 389 desse dispositivo consolidado.

TST-RRAg-21078-62.2015.5.04.0010, 3 ª Turma, Rel. Min. Alexandre


Sousa Agra Belmonte, julgado em 4.11.2020.

COMENTÁRIO:
º
A Constituição Federal, em seu art. 6 , confere proteção especial à maternidade,

um dos pilares da gênese social, eis que na base da família é constituída a

sociedade, preceito tutelado pela Convenção 103 da OIT, ratificada pelo Brasil,

bem como pelos dispositivos da CLT que tratam do assunto.

ATUALIZAÇÃO PARA REVISÃO PARA


ADVOGADOS CONCURSOS
O acompanhamento Imprescindível para
jurisprudencial aqueles que estudam para
enriquece e aperfeiçoa concursos públicos na área
trabalhista
o raciocínio jurídico

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03 No capítulo que versa sobre a proteção do trabalho da mulher (Capítulo III do

Título III), a CLT, em seu art. 389 e incisos, considerando função social da

propriedade, exige que toda empresa ofereça as seguintes condições de trabalho:

Art. 389 - Toda empresa é obrigada:

I - a prover os estabelecimentos de medidas concernentes à higienização dos métodos e

locais de trabalho, tais como ventilação e iluminação e outros que se fizerem necessários

à segurança e ao conforto das mulheres, a critério da autoridade competente;

II - a instalar bebedouros, lavatórios, aparelhos sanitários; dispor de cadeiras ou bancos,

em número suficiente, que permitam às mulheres trabalhar sem grande esgotamento

físico;

III - a instalar vestiários com armários individuais privativos das mulheres, exceto os

estabelecimentos comerciais, escritórios, bancos e atividades afins, em que não seja

exigida a troca de roupa e outros, a critério da autoridade competente em matéria de

segurança e higiene do trabalho, admitindo-se como suficientes as gavetas ou

escaninhos, onde possam as empregadas guardar seus pertences;

IV - a fornecer, gratuitamente, a juízo da autoridade competente, os recursos de proteção

individual, tais como óculos, máscaras, luvas e roupas especiais, para a defesa dos olhos,

do aparelho respiratório e da pele, de acordo com a natureza do trabalho.

Em consonância com a Convenção 103 da OIT, que dispõe especificamente sobre a

amamentação em seu art. 5, o art. 389, §§ 1 º º


e 2 , da CLT dispõe que:

§ 1º - Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) mulheres com


mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão local apropriado onde seja permitido às

empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no período da

amamentação.

§ 2 º - A exigência do § 1 º poderá ser suprida por meio de creches distritais mantidas,

diretamente ou mediante convênios, com outras entidades públicas ou privadas, pelas

próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI, do SESC, da LBA ou de

entidades sindicais. (g.n.)

Questão que causa debates na doutrina e jurisprudência trabalhistas, mas que


vem se pacificando nos últimos anos , diz respeito ao direito das empregadas

contratadas por lojas situadas em shopping centers de ter local apropriado para

amamentação (art. 389, §1º, da CLT).

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03 Como cediço, a administração do shopping fornece a estrutura física necessária

para o funcionamento dos estabelecimentos comerciais, definindo os limites de

cada espaço alugado e organizando as áreas em comum, sendo por isso

remunerada, auferindo lucros.

Em decorrência dessa responsabilidade a cargo da administração do shopping, se

defende que a ela deve ser imputado o encargo pela preservação do meio-
ambiente do trabalho , inclusive quanto às normas de saúde e segurança e às

normas de proteção do trabalho da mulher.

Deveras, ao proprietário do espaço físico em que são executados serviços

prestados por trabalhadores cabe a responsabilidade pela preservação da

segurança e saúde laboral, ainda que tais trabalhadores não sejam por ele

contratados, conforme a inteligência que extrai do art. 5 -A, º §3º, da 6.019/74 e do

art. 9 º da Lei 12.690/2012.

Dessa forma, quando o número de empregadas com mais de 16 anos for igual ou

superior a 30, considerando aquelas admitidas diretamente pela administração do

shopping, bem como aquelas admitidas pelos lojistas, além das trabalhadoras

terceirizadas, deve ser implantado local apropriado para amamentação em área

comum (ou pago o reembolso-creche, nos termos do §2º do art. 389 da CLT,

regulamentado pela Portaria MTE 3.296/96).

Entendimento em sentido contrário esvaziaria o efeito do art. 389, § 1º, da CLT ,


já que poucas lojas atingiriam singularmente a quantidade de 30 empregadas e,

por outro lado, seria praticamente inviável que cada loja que contasse com o

número mínimo de empregadas dispusesse separadamente de local apropriado

para amamentação.

Importante pontuar, todavia, que alguns, perfazendo uma interpretação literal do

§1º do art. 389 da CLT, defendem que a administração do shopping não é

responsável por essa implantação porque não é a empregadora das


empregadas contratadas pelos lojistas , com os quais mantêm vínculo de

natureza civil por meio do contrato de locação e sobre os quais não exerce

ingerência em face dos seus negócios e respectiva administração.

Argumenta-se, ainda, que o conceito de “estabelecimento” compreende o

conjunto de bens organizados pelo empresário que passam a integrar a atividade

econômica organizada (art. 1142 do CC), não sendo correto considerar que um

mesmo “estabelecimento”, servir a uma


conceitualmente falando, pode

infinidade de pessoas jurídicas, formal e materialmente independentes entre


si.
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03 Ultrapassadas as linhas primevas, vamos ao caso concreto!

Trata-se de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho em

face de duas pessoas jurídicas responsáveis pela administração de um shopping

center situado em Porto Alegre-RS, tendo por objeto o cumprimento do disposto

no art. 389, §1º, da CLT.

Para a Juíza do Trabalho que proferiu a sentença, o art. 389 da CLT dispõe em seu

caput que as obrigações previstas nos seus incisos e parágrafos são direcionadas

ao empregador, o qual, nos termos do art. 2 º da CLT, assume os riscos da

atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços, o

que não é o caso das reclamadas em relação às empregadas dos lojistas, motivo

pelo qual julgou improcedente o pedido.

Interposto recurso ordinário pelo MPT, ª Região reformou a sentença.


o TRT da 4

P a r a o E g . R e g i o n a l , o s lojistas não possuem ingerência sobre a destinação de

áreas que compõem o complexo d e p r o p r i e d a d e d a s r e c l a m a d a s , s e n d o d e l a s ,


portanto, a obrigação de instituir local apropriado para amamentação, nos termos

do art. 389, §1º, da CLT, até porque elas também são beneficiadas pelo trabalho

prestado pelas empregadas dos seus inquilinos lojistas.

O TRT da 4 ª Região considerou, ainda, que, na espécie, não é viável a alternativa

contida no §2º do art. 389 da CLT, uma vez que se trata de empreendimento com

horário de funcionamento que estende além dos horários de funcionamento de

creches públicas ou privadas, de tal modo que foi determinada a obrigação de

fornecer o local apropriado para amamentação, no prazo de 60 dias.

Interposto recurso de revista pelas reclamadas, a 3 ª Turma do TST lhe deu parcial

provimento. Para o relator, Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, o art. 389, §1º,
d a C L T não deve ser interpretado literalmente, mas sim de forma histórica e

sistemática , j á q u e , q u a n d o d a r e d a ç ã o d o d i s p o s i t i v o c e l e t i s t a , a r e a l i d a d e d o
shopping center não era a mesma que a atual.

Para o ministro, o shopping center deve ser entendido como um “sobre


estabelecimento” , vale dizer, deve ser considerado em sua totalidade, pois,

ainda que não seja responsável pela venda de produtos e serviços, é responsável

pela administração, dimensionamento e disponibilização dos espaços comuns,

motivo pelo qual deve providenciar espaços para a guarda e aleitamento dos

filhos das empregadas que ali trabalham, sejam as contratadas pelo próprio

shopping center, sejam as contratadas pelos lojistas.

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03 Para o relator, a administração do shopping

creches e repassar os custos aos lojistas, ainda que haja reflexos nos preços de
center deve criar e/ou manter

produtos e serviços, já que a proteção à maternidade e à infância diz respeito à

solidariedade , um dos primados da Revolução Francesa, havendo, na espécie, um

interesse coletivo no cuidado das crianças.

Indo além, o Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, brilhantemente, observou

que a questão também diz respeito ao fomento do pleno emprego , já que não

haveria outra forma de incluir essas empregadas no mercado de trabalho de

shopping center que não seja por meio do estabelecimento de creches.

Por outro lado, o relator considerou que merece reparo a decisão regional na

parte que afastou a possibilidade de cumprimento alternativo da obrigação,

prevista no §2º do art. 389 da CLT, motivo pelo qual, seguido em unanimidade
pela 3 ª Turma do TST, deu provimento ao recurso de revista interposto pelas

reclamadas, neste particular.

PALAVRAS-CHAVE: Proteção à maternidade. Amamentação. Destinação de locais

apropriados. Empregadas que trabalham em shopping centers. Responsabilidade

pelo cumprimento da obrigação. Interpretação histórica e sistemática. “Sobre

estabelecimento”. Organização das áreas em comum.

DISPOSITIVOS LEGAIS CITADOS:

Constituição Federal:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a

moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta

Constituição.

Convenção 103 da OIT:


Art. V — 1. Se a mulher amamentar seu filho, será autorizada a interromper seu

trabalho com esta finalidade durante um ou vários períodos cuja duração será

fixada pela legislação nacional.

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03 CLT:
Art. 389 - Toda empresa é obrigada:

I - a prover os estabelecimentos de medidas concernentes à higienização dos

métodos e locais de trabalho, tais como ventilação e iluminação e outros que se

fizerem necessários à segurança e ao conforto das mulheres, a critério da

autoridade competente;

II - a instalar bebedouros, lavatórios, aparelhos sanitários; dispor de cadeiras ou

bancos, em número suficiente, que permitam às mulheres trabalhar sem grande

esgotamento físico;

III - a instalar vestiários com armários individuais privativos das mulheres, exceto

os estabelecimentos comerciais, escritórios, bancos e atividades afins, em que não

seja exigida a troca de roupa e outros, a critério da autoridade competente em

matéria de segurança e higiene do trabalho, admitindo-se como suficientes as

gavetas ou escaninhos, onde possam as empregadas guardar seus pertences;

IV - a fornecer, gratuitamente, a juízo da autoridade competente, os recursos de

proteção individual, tais como óculos, máscaras, luvas e roupas especiais, para a

defesa dos olhos, do aparelho respiratório e da pele, de acordo com a natureza

do trabalho.

§ 1º - Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) mulheres

com mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão local apropriado onde seja

permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no

período da amamentação.

§ 2 º - A exigência do § 1 º poderá ser suprida por meio de creches distritais

mantidas, diretamente ou mediante convênios, com outras entidades públicas ou

privadas, pelas próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI, do

SESC, da LBA ou de entidades sindicais.

Código Civil

Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para

exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

º Lei 6.019/74

Art. º
5 -A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com

empresa de prestação de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades,

inclusive sua atividade principal.

(...).

§ 3 . º É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança,

higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas

dependências ou local previamente convencionado em contrato.

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03 Lei 12.690/2012:
Art. 9º O contratante da Cooperativa de Trabalho prevista no inciso II do caput do

art. 4º desta Lei responde solidariamente pelo cumprimento das normas de saúde

e segurança do trabalho quando os serviços forem prestados no seu

estabelecimento ou em local por ele determinado.

Periódico quinzenal de
comentários sobre os julgamentos de
maior destaque e relevância proferidos
pelas Turmas e Seções do
Tribunal Superior do Trabalho

QUERO ASSINAR

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Indicação das
Súmulas do TST

RENAN VIANA
Estou gostando muito do que
recebi até o momento, o
material é super completo e
está me ajudando bastante. Eu
considero o estudo da
jurisprudência fundamental,
tanto para o exercício da
advocacia quanto para provas
de concurso público, por isso,
acho o material de extrema
importância e com muita
qualidade. Parabéns pelo
tranbalho.

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EFEITOS DA DECISÃO CRIMINAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO

04 O reclamante junta aos autos decisão do juízo criminal que concluiu


pelo arquivamento do inquérito policial que apurava o delito de
falsidade ideológica pelo reclamante. O Tribunal Regional não
emitiu tese a respeito dos efeitos da decisão criminal na Justiça do
Trabalho, haja vista que a petição que informa o arquivamento do
inquérito policial foi protocolada após o julgamento do acórdão de
embargos de declaração. Trata-se de documento novo, cuja juntada
é possível nos termos da Súmula nº 8 desta Corte. A análise da
citada decisão também se alinha ao disposto no art. 493 do
CPC/2015. No mais, destaque-se que o exame de tal ato decisório
não configura a hipótese de decisão surpresa, na forma do art. 10 do
CPC/2015, tendo em vista que a reclamada se manifestou nas
contrarrazões ao recurso de revista acerca do arquivamento do
inquérito policial. Quanto aos alegados efeitos vinculantes da citada
decisão, necessário ressaltar que vigora em nosso ordenamento, em
regra, o princípio da incomunicabilidade das instâncias. A
jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, no
entanto, admite que a decisão do juízo criminal repercuta sobre
outras esferas, mas apenas em caso de reconhecimento da
inexistência material do fato ou da negativa de autoria em sentença
de mérito no processo penal. Na hipótese, o juízo criminal acolheu
integralmente o parecer do Ministério Público, cuja conclusão é pela
“ausência de prova suficiente da prática do crime”. Não se trata,
portanto, de decisão de absolvição do reclamante no juízo criminal,
por estar provada a inexistência do fato ou da autoria. Trata-se, in
casu, do arquivamento do inquérito policial por ausência de provas
suficientes da prática do crime de falsidade ideológica. Nessa linha,
ao contrário do que pretende o reclamante, a decisão do juízo
criminal não é suficiente para afastar a penalidade da dispensa por
justa causa, especialmente diante do quadro fático delineado no
acórdão recorrido acerca das faltas cometidas pelo reclamante.
Pelo exposto, não se constata violação literal dos arts. 8º, parágrafo
único, da CLT, 935 do Código Civil, 65 e 66 do CPP.

Recurso de revista de que não se conhece.TST-RR-215500-


31.2008.5.02.0465, 2 ª Turma, Rel. Min. Maria Helena Mallmann, em
2.9.2020.

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04 C O M E N T Á R I O :
Segundo o art. 935 do Código Civil, “A responsabilidade civil é independente da

criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre

quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo

criminal”, dispositivo do qual se extrai a máxima de que o reconhecimento da

materialidade e da autoria do ilícito penal pelo juízo criminal torna o fato

indiscutível na seara cível.

Como bem observa Fabrício Zamprogna Matiello, “a apuração dos fatos em ambos

os juízos pode ocorrer em conjunto ou separadamente, mas a decisão definitiva da

esfera criminal, apontando a existência do fato e quem seja o seu autor fará coisa

julgada no juízo cível. Exatamente por isso é que se faculta ao julgador o

sobrestamento da tramitação do processo enquanto estiverem sendo apurados os

fatos em persecução criminal” (Código Civil comentado: Lei n º 10.406, de

10.01.2002. 7. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 480).

Não se olvida, porém, que o réu pode ser absolvido no processo criminal por falta

de provas, nos termos do art. 386 do Código de Processo Penal, verbis:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que

reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

II - não haver prova da existência do fato;III - não constituir o fato infração penal;

IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21,

22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida

sobre sua existência;

VII – não existir prova suficiente para a condenação. (g.n.)

Assim, no que nos interessa, temos que, se o juízo criminal decide que ficou

comprovada a inexistência de fato e/ou autoria, a sentença proferida vincula o

juízo trabalhista (o mesmo ocorre se o réu é condenado, conforme o art. 482, “d”,

da CLT c/c art. 935 do CC).

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04 Lado outro, se o juízo criminal decide que não ficou comprovada a existência de

fato ou de ter o réu concorrido para a infração penal (art. 386, II e V, do CPP), a

sentença que absolve o réu na esfera criminal não vincula o juízo trabalhista (o

mesmo ocorre se: não constituir o fato infração penal; existirem circunstâncias

que excluam o crime ou isentem o réu de pena, ou mesmo se houver fundada

dúvida sobre sua existência; e não existir prova suficiente para a condenação,

conforme os incisos III, VI e VIII do art. 386 do CPP).

VÍNCULA O JUÍZO TRABALHISTA NÃO VÍNCULA O JUÍZO


TRABALHISTA

1) Decisão do juízo criminal que 1) Decisão do juízo criminal que

decide pela inexistência de fato decide pela não comprovação da

e/ou autoria; existência do fato ou da autoria;

2) Decisão do juízo criminal que 2) Decisão do juízo criminal que

condena o réu, conforme o art. 482, decide que o fato não é infração

“d”, da CLT c/c art. 935 do CC. penal;

3) Decisão do juízo criminal que

decide que existem circunstâncias

que excluam o crime ou isentem o

réu de pena, ou se houver fundada

dúvida sobre sua existência;

4) Decisão do juízo criminal que

decide que não existem provas

suficientes para a condenação

criminal.

Vejamos os escólios do Min. Maurício Godinho Delgado:

“Note-se que o ilícito penal cometido pode não ter qualquer relação com o contrato de

emprego; isso não elimina a incidência do art. 482, ‘d’, da CLT. Contudo, tratando-se de

crime vinculado ao contrato ou a absolvição do trabalhador, no


ambiente laborativo,

processo penal, por falta de provas, por exemplo, não inviabiliza o reconhecimento
da justa causa no âmbito trabalhista. Já a absolvição criminal por negativa de
autoria vincula, sem dúvida, o Juízo Trabalhista. ” ( C u r s o d e D i r e i t o d o T r a b a l h o , 2 0 1 9 ,
p. 1433, grifei.)

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04
Na hipótese vertente, ocorreu justamente a situação exemplificada primeiramente

pelo Min. Maurício Godinho Delgado:

O reclamante foi dispensado por justa causa sob a alegação de que, no exercício

do cargo de diretor financeiro, praticou manobras contábeis as quais

beneficiaram toda a diretoria e a até mesmo a presidência da empresa

(Elevadores Otis Ltda.), que foram contempladas por pagamentos indevidos de

bônus anuais.

Tanto o juízo de 1 º grau, quanto o juízo de 2 º grau (TRT da 2 ª Região), julgou

improcedente o pedido obreiro de reversão da justa causa aplicada pela empresa,

pois entenderam que a reclamada se desvencilhou do seu ônus probante (Súmula

212 do TST), sobressaindo dos autos que o reclamante atuou em descompasso com

a lei e o estatuto da empresa.

Após o exaurimento dos recursos na 2 ª instância, foi proferida sentença no juízo

criminal que concluiu pelo arquivamento do inquérito policial que apurava o delito

de falsidade ideológica pelo diretor financeiro (reclamante), juntado aos autos

pelo autor como documento novo, com base na Súmula 8 do TST.

Interposto recurso de revista com base no art. 896, “c”, da CLT, indicando o

º
reclamante afronta aos arts. 8 , p. único, da CLT (atualmente §1º, modificado), 935

do Código Civil e 65 e 66 do Código de Processo Penal, a relatora, Min. Maria

Helena Mallmann, mencionou que, embora vigore no nosso ordenamento jurídico o

princípio da incomunicabilidade das instâncias , já se consolidou na

jurisprudência, notadamente do STJ, o entendimento de que a decisão criminal


somente repercute em outras esferas judiciais quando se reconhece a
inexistência material do fato ou da negativa de autoria, no bojo do processo
penal .

Assim, como no presente caso a decisão do juízo criminal foi pelo arquivamento do

inquérito policial por ausência de provas suficientes da prática do crime de

falsidade ideológica (art. 386, VII, do CPP) – o que não se confunde com a

absolvição pela declaração de inexistência do fato ou da autoria –, não há falar

em vinculação do juízo trabalhista, e, via de consequência, afronta aos arts. 8 , p. º


único, da CLT, 935 do Código Civil e 65 e 66 do Código de Processo Penal, motivo

pelo qual a 2 ª Turma sequer conheceu do recurso de revista, neste particular.

IMPORTANTE: segundo o art. 200 do CC, “Quando a ação se originar de fato que

deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva

sentença definitiva”.

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04
Uma primeira corrente entende que o dispositivo se aplica na seara trabalhista,

impedindo ou suspendendo o curso da prescrição, uma vez que a actio nata

surgiria no momento em que transita em julgado a sentença criminal.

Por outro lado, há quem entenda que o ajuizamento da ação penal não interfere

º
na contagem do prazo do art. 7 , XXIX, da Constituição Federal, uma vez que o

exame da ocorrência de justa causa na esfera trabalhista independe da apuração

do fato na esfera criminal. Exemplifico com as seguintes ementas, em ordem:

“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE ACUSAÇÃO

CRIMINAL. TRÂNSITO EM JULGADO DA AÇÃO PENAL PROPOSTA. PRESCRIÇÃO. MARCO

INICIAL. Ainda que a responsabilidade civil seja independente da criminal, conforme

preceitua o artigo 935 do Código Civil, é certo que, em virtude do princípio da verdade

real, próprio do Direito Penal, a materialidade do fato e a sua autoria, quando apurados

nessa esfera, não mais podem ser questionados em outro campo. Nessa linha de

raciocínio, a pretensão do empregado de ser ressarcido por eventual dano moral

decorrente do fato de ter sido acusado da prática de crime que não cometeu surge com o

reconhecimento de que realmente não houve o delito ou de que, se houve, não foi por ele

cometido. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.” (RR - 3270-

43.2012.5.12.0037, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento:

17/08/2016, 7 ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/08/2016.)

“PRESCRIÇÃO. VERBAS TRABALHISTAS. CONDENAÇÃO CRIMINAL. RECLUSÃO. REGIME

FECHADO. NÃO SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. O entendimento desta Corte

Superior é pela inaplicabilidade do teor do artigo 200 do Código Civil no processo

trabalhista, porquanto não há a possibilidade de suspensão do prazo prescricional em

razão de ação penal que tramita na esfera judiciária criminal. Assim, a pretensão de

pagamento de verbas trabalhistas está sujeita ao prazo prescricional previsto no artigo 7 , º


inciso XXIX, da Constituição Federal, de cinco anos para os trabalhadores urbanos e

rurais, observado o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. Na

hipótese, decorrido mais de dois anos entre a data da rescisão do contrato de trabalho

advinda pela aplicação da justa causa - 16.09.2002 - e o ajuizamento da presente ação -

28.07.2010 – há prescrição bienal a ser pronunciada. Precedentes. Agravo de instrumento

a que se nega provimento.” (AIRR - 1592-34.2010.5.02.0039 , Relatora Ministra: Maria

Helena Mallmann, Data de Julgamento: 17/05/2017, 2 ª Turma, Data de Publicação: DEJT

26/05/2017.)

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04 CONCURSEIROS, para a prova de sentença, recomenda-se a adoção da corrente

que defende o impedimento ou suspensão do prazo prescricional para que se evite

a pronuncia da prescrição bienal, tal qual ocorreu no Concurso XXXV do TRT da 2 ª


Região.

PALAVRAS-CHAVE: Princípio da incomunicabilidade das instâncias. Inexistência

de materialidade e autoria ou condenação. Vinculação do juízo trabalhista.

Inexistência de provas. Arquivamento. Não vinculação do juízo trabalhista.

DISPOSITIVOS LEGAIS CITADOS:

Constituição Federal:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social:

(...).

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo

prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de

dois anos após a extinção do contrato de trabalho;

Código Civil:
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo

criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo

questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,

quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

CLT:
Art. 8 º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de

disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência,

por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito,

principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e

costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de

classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho,

naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.

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04
Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho

das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos

Tribunais Regionais do Trabalho, quando:

(...).

c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e

literal à Constituição Federal.

Código de Processo Penal:


Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato

praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento

de dever legal ou no exercício regular de direito.

Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá

ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência

material do fato.

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde

que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

II - não haver prova da existência do fato;

III - não constituir o fato infração penal;

IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.

20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver

fundada dúvida sobre sua existência;

VII – não existir prova suficiente para a condenação.

SÚMULAS CITADAS:

TST:
Súmula 8. A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando

provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato

posterior à sentença.

Súmula 212. O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados

a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da

continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.

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IGEX ROBSON MACIEL
Você faz um estudo a fundo do
assunto, redige o texto em
formato que se encaixaria em
uma resposta de questão
dissertativa das provas de
magistratura (com uma
fundamentação mais
abrangente e fundamentada,
o que é muito bem vindo).
Parabéns pelo seu material
(honesto e de qualidade) e pela
iniciativa

Resumo dos
principais temas
em TABELAS
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HABEAS CORPUS. CABIMENTO. RETENÇÃO DE PASSAPORTE DO

05 EXECUTADO. VIOLAÇÃO AO DIREITO DE LOCOMOÇÃO.

É cabível a impetração de habeas corpus contra decisão que


determinou retenção de passaporte, por se tratar de ato que viola
diretamente o direito de locomoção. No caso, o magistrado de
primeiro grau, em fase de execução de reclamação trabalhista,
determinou a retenção da CNH e do passaporte dos sócios da
empresa executada após frustradas outras medidas executórias. Tal
ato ensejou a impetração de habeas corpus, que foi indeferido pela
corte de origem, ao fundamento de que o remédio processual seria
incabível na hipótese. Nesse contexto, a SBDI-II, por maioria, deu
parcial provimento ao recurso ordinário interposto pelo paciente
para reconhecer o cabimento do habeas corpus somente quanto à
retenção do passaporte, mantendo o indeferimento da petição inicial
quanto à retenção da CNH. No mérito, concedeu a ordem de habeas
corpus para desconstituir a medida executiva consistente na
apreensão do passaporte do paciente e determinou a sua devolução.

(Vencidos os Ministros Evandro Pereira Valadão Lopes, Renato de


Lacerda Paiva, Douglas Alencar Rodrigues e Luiz José Dezena da
Silva. TST-RO-8790-04.2018.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Evandro
Pereira Valadão Lopes, red. p/ acórdão Min. Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, 18/8/2020.)

COMENTÁRIO:
Para entender melhor esse assunto, é preciso primeiro incursionar na temática a

respeito do cabimento do habeas corpus na Justiça do Trabalho: em razão da EC

45/2004, que alargou a competência da Especializada e lhe conferiu alçada para

o julgamento do remédio constitucional quando o ato envolver matéria sujeita à

jurisdição trabalhista (art. 114, IV, da CF), tornou-se comum a sua impetração para

garantir a liberdade de trabalho.

Em 2012, no caso do jogador Oscar, a SDI-II do TST, considerando a ampliação da

competência material da Justiça do Trabalho decorrente da EC 45/2004,

entendeu que o habeas corpus não se presta tão somente para os casos em que

há cerceio da liberdade de locomoção, de modo que a norma constitucional não

poderia ser interpretada literal ou gramaticalmente.

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05
No julgamento, o Colegiado mencionou que o remédio constitucional não serve

apenas quando violado o direito à locomoção em seu sentido físico de ir, vir ou

ficar, devendo receber interpretação ampliativa (princípio da máxima efetividade)

para proteger também a autonomia da vontade contra ilegalidade ou abuso de

poder, seja por autoridade estatal, seja pela parte adversa da relação de

trabalho, visando o livre exercício do trabalho (art. º


5 , XIII, da CF/88). –

INFORMATIVO 162 DO TST .

Essa interpretação foi mantida no julgamento do AgR-HC-5451-88.2017.5.00.0000,

em 8.8.2017, em que foi firmada a seguinte tese:

“Na Justiça do Trabalho, o habeas corpus não se restringe à proteção do direito à

locomoção, mas abrange a defesa da autonomia da vontade contra ilegalidade ou abuso

de poder perpetrado tanto pela autoridade judiciária quanto pelas partes da relação de

trabalho.”

No entanto, no julgamento do HC-1000678-46.2018.5.00.0000, a SDI-II do TST, em

virada jurisprudencial, passou a interpretar restritivamente o cabimento do habeas

corpus na Justiça do Trabalho e limitou o uso do remédio constitucional tão

somente para a defesa da “liberdade de locomoção primária” , vale dizer, a

locomoção física (ir, vir e permanecer).

Pois bem. Questão que vem gerando debates na doutrina e jurisprudência

trabalhistas diz respeito à adoção de medidas atípicas que tem por objeto forçar

o devedor a cumprir sua obrigação, com base no art. 139, IV, do CPC, aplicável ao

processo do trabalho, conforme o art. 3 , III, da IN 39/2016: º

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:

(...).

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias

necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que

tenham por objeto prestação pecuniária;

Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo do Trabalho, em face de omissão e

compatibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil que regulam os seguintes

temas:(...).

III - art. 139, exceto a parte final do inciso V (poderes, deveres e responsabilidades do

juiz);

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2021
Exauridas as tentativas de execução da quantia devida por meio da adoção de

05 medidas

Trabalhistas
típicas,

com
como

outros
as consultas

órgãos, a
aos

exemplo
convênios

do BACENJUD,
firmados

RENAJUD
pelos

e
Tribunais

INFOJUD,

ferramentas que, a propósito, o IGEX domina com perfeição, os juízos da

execução têm recorrido às medidas atípicas, a exemplo do bloqueio de cartão de

crédito e da apreensão de CNH e passaporte dos sócios executados, os quais, por

sua vez, com fulcro na alegação de que a apreensão de tais documentos (CNH e

passaporte) fere o direito de ir e vir garantido constitucionalmente (art. 5 , XV, da º


CF), passaram a impetrar habeas corpus em face de tais medidas (art. 5º, LXVIII,

da CF).

No particular, penso que a apreensão da CNH não se trata de medida que, por si

só, impede a locomoção do sócio executado (liberdade de locomoção primária) ,


tendo em vista a possibilidade de utilização de outras formas de transporte, que

não o veículo próprio.

Vale dizer, a locomoção pode se dar por outros meios, tanto que a habilitação

para dirigir é uma faculdade conferida aos cidadãos (e a pessoa que não exerce

essa faculdade não tem o seu direito de ir e vir prejudicado).

A propósito, a habilitação pode ser cassada pelo Estado, no exercício do seu

poder-dever de fiscalização e punição, por meio do sistema de pontos punitivos

(pensamento em sentido contrário levaria a crer que, por exemplo, seria cabível a

impetração de habeas corpus em face do Estado quando se suspende a licença

por dirigir em razão da pontuação decorrente de infrações de trânsito).

De todo modo, é importante abrir um parêntese para pontuar que, embora

incabível a impetração do habeas corpus, por não se vislumbrar violação à

liberdade de locomoção, a medida pode ser impugnada por outros meios, como

mandado de segurança, ou mesmo agravo de petição, demonstrando que o juízo

da execução agiu de forma desarrazoada e desproporcional (art. 8 º do CPC).

Diferentemente, a apreensão de passaporte cerceia a liberdade de locomoção

prevista constitucionalmente, o documento é absolutamente


uma vez que

necessário para retirar-se do território nacional ( r e s s a l v a d a s a s v i a g e n s p a r a


países integrantes do MERCOSUL e outros que firmaram acordos bilaterais ou

multilaterais).

Entende-se que a possibilidade de deslocar-se para território estrangeiro é uma


das manifestações do direito de ir e vir , a ser exercido conforme a

conveniência do cidadão, de tal modo que a medida judicial que impede essa

liberdade de locomoção pode ser impugnada pelo habeas corpus.

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APREENSÃO DA CNH APREENSÃO DE PASSAPORTE


05

Não fere o direito de ir e vir, pois o Fere a liberdade de locomoção, pois

executado pode locomover-se por o documento é indispensável para

outros meios, que não o veículo que o executado se retire do país,

próprio, tanto que a licença para sendo a possibilidade de deslocar-se

dirigir é uma faculdade do cidadão, para território estrangeiro uma das

a qual, a propósito, pode ser manifestações do direito de ir e vir,

cassada pelo Estado, sem que se motivo pelo qual é cabível a

fale em violação à liberdade de impetração de habeas corpus.

locomoção, razão pela qual não

cabe a impetração de habeas

corpus.

No caso ora em comento, o juízo de 1 º grau determinou a apreensão da CNH e do

passaporte dos sócios executados, uma vez que foram frustradas todas as

tentativas de execução do valor devido por meio da adoção das medidas típicas.

Em face da medida judicial foi impetrado habeas corpus, porém o TRT da 15 ª


Região entendeu que não é cabível a impetração do remédio constitucional

processual nesses casos, por não vislumbrar cerceio da liberdade de locomoção,

motivo pelo qual indeferiu a petição inicial.

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em sua maioria ,
05
Interposto recurso ordinário (art. 895, II, da CLT), a SDI-II do TST,

decidiu que, quanto à apreensão da CNH, não é cabível a impetração do habeas

corpus, pois se trata de medida que tão somente cria embaraços à locomoção dos

sócios executados, mas não impede, efetivamente, o direito de ir e vir , motivo

pelo qual foi mantido o indeferimento, neste particular.

Quanto à apreensão do passaporte, por outro lado, o Colegiado, em sua maioria,

considerou que a medida restringe diretamente a liberdade de locomoção dos


sócios-executados , motivo pelo qual reconheceu cabível a impetração do habeas

corpus e concedeu a ordem para desconstituir a medida coercitiva executiva,

determinando a devolução dos passaportes.

PALAVRAS-CHAVE: Medidas executivas atípicas. Cabimento de habeas corpus.

Liberdade de locomoção primária. Retenção de CNH. Remédio constitucional

incabível. Retenção de passaporte. Manifestação do direito de ir e vir. Habeas

corpus cabível.

DISPOSITIVOS LEGAIS CITADOS:

Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

(...).

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo

qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus

bens;

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar

ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por

ilegalidade ou abuso de poder;

Código de Processo Civil:


Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às

exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa

humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a

publicidade e a eficiência.

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05 Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,

incumbindo-lhe:(...).IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,

mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de

ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

CLT:
Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:

(...).

II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos

de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios

individuais, quer nos dissídios coletivos.

IN 39/2016 do TST:
Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo do Trabalho, em face de

omissão e compatibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil que regulam

os seguintes temas:

(...).

III - art. 139, exceto a parte final do inciso V (poderes, deveres e responsabilidades

do juiz);

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Indicação completa da
legislação aplicada

KARINA GONZALES
É um material super didático
e de agradável leitura.. A
sensação é de estar lendo
uma questão discursiva para
Magistratura de
Trabalho/MPT! Ou até
mesmo um, capítulo de um
agradável livro de doutrina.
Estrutura lógica impecável e
conteúdo aprofundado na
medida. Percebe-se a
dedicação e carinho na
elaboração do material. Além
de quadros comparativos
que facilitam demais os
estudos!
Parabéns!

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DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. INSTAURAÇÃO APÓS

06 A ENTRADA EM VIGOR DA LEI Nº 13.467/2017. HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. CABIMENTO. ART. 791-A DA CLT.

A Lei nº 13.467/2017, apesar de não mencionar, no art. 791-A da CLT,


os dissídios coletivos, objetivou, por meio desse dispositivo,
uniformizar os honorários advocatícios sucumbenciais no Processo
do Trabalho, o que afasta, a meu ver, no caso em tela, a aplicação
do item III da Súmula nº 219 deste Tribunal, na forma da
jurisprudência até então pacificada desta SDC. Quanto ao
percentual a ser aplicado, em observância aos parâmetros
delineados no caput e no § 2º do art. 791-A da CLT, e considerando a
extinção do processo, sem resolução de mérito, entendo por razoável
a fixação da verba honorária, no percentual de 15% sobre o valor da
causa, majorado pelo Tribunal Regional para R$5.000,00 (cinco mil
reais).

Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. TST-RO-314-


31.2018.5.13.0000, SDC, Rel. Min. Dora Maria da Costa, em 16.11.2020.

COMENTÁRIO:
Essa é uma decisão muito importante a respeito do cabimento dos honorários

advocatícios sucumbenciais em dissídios coletivos, que pode marcar uma virada

jurisprudencial (overruling).

Historicamente, a jurisprudência do TST sempre caminhou no sentido de que não

cabe condenação ao pagamento de honorários advocatícios em dissídios

coletivos, pelo fato de o sindicato não ostentar a qualidade de substituto

processual, mas de representante legal (art. 513, a, CLT).

Como se não trata de defesa, em nome próprio, de direito alheio, mas sim de uma

legitimação ordinária do sindicato, para a defesa dos interesses da categoria,

diferentemente do que ocorre na substituição processual, o TST possuía

entendimento pacífico de que não cabia a condenação ao pagamento de

honorários advocatícios sucumbenciais, de acordo com o teor da Súmula 219, III,

do TST:

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO

(...).

III – São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure
como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego (g.n.).

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No entanto, com o advento da Lei 13.467/2017, que introduziu na CLT a sistemática

06 dos honorários advocatícios sucumbenciais, isto é, pela mera sucumbência,

ressoaram vozes no com a alteração celetista, passou a ser


sentido de que,

cabível a condenação da parte sucumbente ao pagamento de honorários


advocatícios aos procuradores da parte contrária no dissídio coletivo .

Veja:

“(...) A jurisprudência da SDC do TST, anteriormente à Lei n. 13.467/2017, havia firmado o

entendimento de que, ‘nas ações coletivas, o Sindicato não atua na qualidade de substituto

processual, mas como representante da categoria, dotado de legitimação ordinária para

defender os interesses gerais do grupo representado. Nesse contexto, é incabível, em

dissídio coletivo, seja de natureza jurídica, econômica ou de greve, a condenação a

honorários advocatícios’. Tal entendimento não mais subsiste, uma vez que o art. 791-A da
CLT não distingue a sucumbência em dissídio individual da sucumbência em dissídio
coletivo. O v e n c i d o n e s t e , e n t ã o , d e s d e q u e a d e m a n d a t e n h a s i d o a j u i z a d a a p a r t i r d e
11.11.2017, responderá pelo pagamento de honorários advocatícios de sucumbência.” (BEBER,

Júlio César, Revista LTr, Ano 82, p. 1306/1320, negritei.)

traz a implementação de um regime


“(...).Em essência, a Lei n. 13.467/17, nesta seara,

universal próprio de honorários advocatícios de sucumbência dentro da CLT a todas


as causas submetidas à competência material da Justiça do Trabalho. O u s e j a , a
partir de agora, a CLT passa a ser fonte primária e indiscriminada de regência jurídica da

incidência de honorários sucumbenciais na processualística laboral, pouco importando a

específica natureza da relação jurídica que sirva como causa de pedir”. (Reforma

trabalhista: análise comparativa e crítica da Lei n º 13.467/17, Ed. Rideel, 2017, p. 375-376,

negritei.)

No dissídio coletivo ora em comento, o sindicato representante da categoria

econômica postulou a condenação do sindicato representante da categoria

profissional ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, em sede de

embargos de declaração.

O TRT da 13 ª Região, seguindo a histórica jurisprudência do TST, afastou a

pretensão sindical, o que motivou a interposição de recurso ordinário pelo sindicato

representante da categoria econômica (art. 895, II, da CLT).

Aportando o processo no píer da SDC, a relatora, Min. Dora Maria da Costa, iniciou

o seu voto reconhecendo que era pacífico o entendimento no sentido de ser

incabível, nos dissídios coletivos, independentemente de sua natureza (econômica,

jurídica ou de greve), a condenação ao pagamento de honorários advocatícios,

pela interpretação do item III da Súmula 219 do TST.

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Porém, segundo esse entendimento não deve mais subsistir em
a Ministra,

06 virtude do advento da Lei 13.467/2017 , q u e i n c l u i u n o t e x t o c e l e t i s t a o a r t . 7 9 1 - A ,


que trata da atuação de procuradores, tanto em ações individuais, quanto em

ações § 1 º ) , o q u e l e v a à c o n c l u s ã o d e q u e a L e i 1 3 . 4 6 7 / 2 0 1 7 teve por


coletivas (

objetivo uniformizar os honorários sucumbenciais no processo do trabalho,


não fazendo nenhuma distinção entre ações individuais e coletivas para fins
de incidência da verba honorária, a i n d a q u e n ã o h a j a m e n ç ã o , n o a r t . 7 9 1 - A d a
CLT, a respeito dos dissídios coletivos.

A relatora afirmou, expressamente, que deve ser afastada a aplicação da

jurisprudência até então dominante na SDC, quanto à interpretação do item III da

Súmula 219 do TST, na hipótese de dissídios coletivos.

Assim, por apertada maioria , a SDC do TST deu provimento ao recurso ordinário

interposto pelo sindicato representante da categoria econômica, para condenar o

sindicato representante da categoria profissional ao pagamento de honorários

advocatícios sucumbenciais, vencidos os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga, Luiz

Philippe Vieira de Mello Filho, Maurício Godinho Delgado e Kátia Magalhães Arruda

(logo, o placar foi de 5 x 4).

PALAVRAS-CHAVE: Honorários advocatícios. Honorários advocatícios

sucumbenciais. Dissídios coletivos. Cabimento. Súmula 219, III, do TST. Virada

jurisprudencial. Artigo 791-A da CLT. Inexistência de distinção entre dissídio

individual e dissídio coletivo.

DISPOSITIVOS CITADOS:

CLT:
Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:

a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses

gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos

associados relativos á atividade ou profissão exercida;

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos

honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o

máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da

sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o

valor atualizado da causa.

§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas

ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua

categoria.

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:

II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos

de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios

individuais, quer nos dissídios coletivos.

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