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Português – 9º Ano

TEMA PARA AVALIAÇÃO: O CONSÍLIO DOS DEUSES (OS LUSÍADAS)

1 Iam os navegadores de Vasco da Gama tranquilamente navegando ali na zona do Canal de


Moçambique, quando os deuses decidiram juntar-se, no monte Olimpo, a pedido de Júpiter, seu chefe, que
mandara o seu veloz mensageiro Mercúrio convocá-los. É que Júpiter tinha algo muito importante a decidir:
se devia ou não ajudar os portugueses a chegar à Índia, seu objectivo. Era de opinião de que devia ajudá-
5 los, mas gostava de consultar os restantes deuses sobre o assunto, juntando-os em reunião geral, ou
consílio.
Os deuses acorreram ao chamamento de Júpiter, deslocando-se pela Via Láctea, até ao Olimpo,
onde se sentavam de acordo com as regras protocolares, que mandavam ficar nas filas da frente os mais
antigos e poderosos e atrás os mais novos.
10 Iniciado o Consílio, falou, em primeiro lugar, Júpiter, que estava num trono de diamante. Foi breve no seu
discurso, dizendo:
- Como provavelmente já sabereis, é intenção dos Fados, entidades mais poderosas ainda do que
nós, deuses, que os portugueses venham a alcançar a Índia e a lá construir um grande império. Ora a frota
de Vasco da Gama está já bastante fatigada e necessita de ajuda. Por isso, talvez seja bom prestar-lhe tal
15 ajuda facilitando-lhe a viagem.
Esta opinião não foi bem recebida por todos e de imediato se formaram dois partidos: um
comandando por Baco, deus dos baixos instintos e do vinho, que temia que os Portugueses viessem a
ultrapassá-lo em fama na Índia, e entendia, por isso mesmo, que não se devia ajudar de nenhum modo os
Portugueses. Um outro partido era liderado pela mais bela das deusas. Vénus, deusa do amor, que gostava
20 dos Portugueses porque os achava parecidos com os romanos, descendentes de Eneias, seu filho e
fundador de Roma. Os Portugueses eram, de facto, parecidos com os Romanos, na coragem, na língua que
falavam, semelhante ao latim, e nas vitórias que, como eles, tinham tido no Norte de África. [Ela não o dizia,
mas, no fundo, tinha a esperança de que, se ajudasse os Portugueses, viesse a ser estimada e celebrada
por eles e o seu culto levado ao Oriente.]
25 Perante tão diferentes opiniões, gerou-se enorme discussão e tumulto no Olimpo, já que ninguém se
entendia. Foi então que Marte, deus da guerra, muito temido pelos restantes, e antigo apaixonado por
Vénus, teve uma intervenção decisiva. Bateu com o bastão no chão, exigindo silêncio, e com ar furibundo,
disse que Baco tinha mau carácter, pois era movido pela inveja, e que, se assim não fosse, até devia era
defender os Portugueses, já que eles eram descendentes de Luso, companheiro de Baco e, segundo
30 algumas opiniões, seu filho. Afinal o que Júpiter tinha a fazer era não voltar atrás com a decisão que
pensava dever tomar e ajudar os Portugueses, que bem o mereciam. Além do mais seria fraqueza desistir-
se da coisa começada e, como se costuma dizer, palavra de rei não volta atrás.
Perante estas palavras, Júpiter deu por findo o consílio e, depois de mandar servir um belíssimo banquete,
despediu os deuses, que voltaram às suas moradas habituais. O Consílio terminava de modo favorável aos
Portugueses, como tinha desejado Júpiter.

Os Lusíadas de Luís de Camões, Adaptação em Prosa, de Amélia Pinto Pais

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1. O Consílio dos Deuses é uma assembleia convocada a mando de:
a) Baco
b) Júpiter
c) Mercúrio

2. Assinala as afirmações como sendo verdadeiras ou falsas.


a) O consílio decorreu debaixo do mar
b) Os lugares dos deuses eram feitos de matérias preciosas
c) Os deuses estavam sentados todos ao mesmo nível.
d) Júpiter conhece bem o passado dos portugueses.
e) Júpiter reconhece poucas qualidades no povo português.

3. O objectivo desta assembleia é:


a) tomar uma decisão quanto ao futuro dos portugueses.
b) organizar uma festa em honra dos portugueses.
c) festejar o casamento de Vénus com Marte.

4. Baco não quer que os portugueses cheguem ao seu destino, pois...


a) sabe que a Índia não irá beneficiar com a chegada dos portugueses.
b) sabe que o vinho dos portugueses é melhor que o da Índia.
c) sente inveja e receia que, na Índia, se esqueçam dos seus feitos.
d) está zangado com Vénus.

5. Vénus apoia os portugueses porque:


a) vê neles qualidades semelhantes às do povo romano, que tanto amava.
b) os portugueses já percorreram grande parte da viagem, enfrentando, vitoriosos,
múltiplos perigos.
c) quer que o Destino se cumpra.
d) sabe que será celebrada em todos os lugares onde os portugueses chegarem.

6. Segue-se a intervenção de Marte, que


a) refere que Vénus sempre teve razão nos seus argumentos.
b) refere o mérito dos portugueses, denuncia os sentimentos «baixos» que alimentam a
posição de Baco e apela a Júpiter para que mantenha a decisão inicial.
c) considera que ninguém deve intervir na viagem dos portugueses.
d) considera que os portugueses são um povo corajoso que deve ser apoiado.

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7. No final da assembleia, Júpiter, o pai dos deuses, decide:
a) ajudar os portugueses, conduzindo-os a um porto seguro na costa africana.
b) quebrar a lei do destino, impedindo que os portugueses cheguem ao Oriente
c) reunir os deuses novamente visto não se ter chegado a uma decisão consensual.

8. Tendo em conta o texto, preenche o seguinte quadro:

Personagens

Espaço

Tempo

Acção

Narrador

9. Tendo presente a análise que fizeste deste episódio mitológico, assinala com V (verdadeiro)
ou F (falso) as seguintes afirmações:

a) O início da narração corresponde ao início da viagem do Gama.


b) O objectivo desta assembleia é o de eleger o chefe dos deuses.
c) Os deuses são convocados por Júpiter, por ordem de Mercúrio.
d) Vasco da Gama presidiu à reunião.
e) O consílio realizou-se no Olimpo.
f) Os deuses estão sentados segundo a ordem de chegada ao Olimpo.
g) Júpiter salienta o passado glorioso dos Portugueses.
h) A decisão de Júpiter é favorável aos Portugueses.
i) Baco e Vénus têm a mesma opinião.
j) Baco e Marte concordam com a decisão de Júpiter.
k) Marte intervém na discussão para criticar os Portugueses.
l) Os deuses mais favoráveis aos portugueses são Vénus e Júpiter.
m) A decisão final foi enganar os portugueses.

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