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Uma vez definido o problema, o investigador tem já uma ideia concreta do que quer
investigar. O que necessita agora é algo que o oriente de um modo preciso nos passos
subsequentes do seu estudo: o(s) objectivo(s).
Neste momento importa alertar o leitor para o facto de que é difícil, para quem investiga
pela primeira vez, e por vezes para os investigadores mais experientes, manterem-se
dentro da linha de investigação que eles próprios determinaram quando propuseram o
problema de investigação. Não raras vezes acontece que os investigadores no momento
de formular as hipóteses já se esqueceram do problema formulado, logo torna-se
imperioso tê-lo sempre por perto para o levar em consideração no momento de definir
os objectivos.
Embora lógico, face ao supra exposto, não nos cansamos de alertar que a primeira
exigência relativamente aos objectivos é que concordem com o problema formulado.
É comum que os estudantes, após o esforço de formular o problema de forma correcta,
sejam presas de um entusiasmo que os leve a estabelecer objectivos que vão muito para
além do próprio problema.
“Que uso fazem as crianças dos dois aos sete anos dos spots publicitários de televisão
dirigidos a adultos?
Torna-se evidente que desde o objectivo a) até ao i), inclusive, todos se referem
directamente ao problema enunciado, e, em consequência, possíveis de alcançar. O
objectivo j) não se relaciona com a pergunta de forma tão directa, como os anteriores, e
os restantes, embora possamos encontrar alguma ligação com o problema, estão
afastados do mesmo. O objectivo k) corresponde a uma interrogação sobre a percepção
que os pais têm sobre os spots publicitários em questão, o que em nada se relaciona com
o problema. Quanto ao objectivo l), facilmente se percebe que se afasta totalmente do
problema, uma vez que os desenhos animados são outro corpo de estudo que não
corresponde ao enunciado no problema. Finalmente, o l) remete para outro assunto,
nomeadamente para a decisão de compra, o que se afasta do problema, uma vez que não
são as crianças desse intervalo de idades que decidem a compra dos produtos
anunciados em spots televisivos para adultos.
Existem ainda outras circunstâncias nas quais certos objectivos não podem ser
alcançados, não porque os objectivos sejam inalcançáveis, mas por outra ordem de
razões, como por exemplo, tempo, recursos financeiros, humanos, técnicos, ou de outra
índole.
Após definirmos claramente a forma como vamos alcançar os objectivos, torna-se agora
necessário perceber efectivamente de que os conseguimos alcançar, ou seja, lograr os
objectivos tem que ser possível de verificar.
No que diz respeito a alguns dos objectivos atrás formulados, consideramos, por
exemplo, se conseguimos efectivamente distinguir a existência de uma relação entre o
uso dos spots e a quantidade de horas de exposição à televisão. Por oposição, se não
logramos conhecer em que situações as crianças fazem uso dos estímulos publicitários
para adultos, quer dizer que esse objectivo não foi alcançado. E para esta situação se
verificar podem ter contribuído diferentes contingências, como por exemplo, não termos
conseguido recolher informação suficiente que permitiria que isso acontecesse. E se tal
se verificou, o mais provável é que esta debilidade se deva ao facto de não termos
confrontado, no momento certo, os objectivos com as hipóteses; ou as hipóteses com as
técnicas e instrumentos utilizados para recolha dos dados. Neste momento importa
também é que o investigador tenha plena consciência de qual ou quais objectivos não se
concretizaram, e é precisamente por essa razão que os objectivos devem ser tão claros,
concretos e precisos, para que seja possível verificar mediante os resultados obtidos, se
estes foram alcançados.
Até este momento apenas temos vindo a referir a temática dos objectivos de uma forma
geral, não obstante, importa referir o seu grau de generalidade ou de precisão que cada
um dos objectivos pode enunciar.
2. RESUMO
Os objectivos são as a que metas que nos propomos chegar finalizado o trabalho de
investigação. Existem objectivos de carácter geral, e outros mais específicos. É
indispensável formulá-los da forma mais explícita possível. Têm que estar vinculados
directamente com a pergunta que constitui o problema de investigação, partindo sempre
de um verbo no infinito.
Formule alguns objectivos gerais e outros específicos (decorrentes dos primeiros), que
julgue pertinentes para a sua investigação.
Reveja cada um deles tendo em conta o que leu até este momento. Agora verifique se:
a) Está seguro de que concordam directamente com o problema formulado
anteriormente?
b) Enunciou os objectivos começando com um verbo no infinitivo?
c) Parecem-lhe realizáveis, tal como os visualiza neste momento?
d) São realistas?
e) Já sabe como procederá para os alcançar?
f) Terá acesso à informação necessária para alcançar cada um deles?
g) Disporá das técnicas e/ou meios necessários para a sua prossecução?
h) Como saberá que os alcançou?
i) Estão expressos de forma clara, precisa e concreta?
4. EXERCÍCIOS
a) Indique quais os objectivos que estão correctos (marque com C) e quais estão
incorrectos (marque com I). Considere-os de forma isolada, ou seja, sem estar
conectados a nenhum problema específico. Centre-se apenas na sua formulação.
a1) Despertar o interesse pela leitura de jornais diários em crianças ente os 10 e 14 anos.
a2) Que a imprensa sensacionalista se torne mais sóbria para melhor informar.
a3) Conhecer a percepção sobre o programa de televisão “Êxtase” nos jovens ente os 14
e 18 anos.
a4) Estabelecer as diferenças entre género no que diz respeito à percepção do mesmo
programa de televisão.
a6) Que as mulheres tomem consciência da forma como são apresentadas pelos meios
de comunicação social.
Problema:
“Qual foi o tratamento dado pelos periódicos Jornal de Notícias e Público ao caso
“Esmeralda”?
Objectivos:
b1) Conhecer qual a postura da Igreja Católica.
b2) Determinar o espaço que ambos diários destinaram na cobertura das notícias do
caso “Esmeralda”.