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PREFÁCIO

Quando Natania me pediu para escrever um prefácio para sua


obra, de início hesitei. Na verdade, meus trabalhos de pesquisa
abordam pouco a dimensão histórica e eu me dedico
principalmente aos problemas contemporâneos da educação
numa perspectiva comparativa e internacional. Mas, a leitura do
livro me proporcionou novas aprendizagens e muita satisfação.

De início, como especialista em educação, a obra de Natania me


permitiu uma conciliação com a história. Na verdade, tendo
realizado várias visitas de pesquisa e de ensino no Brasil, eu me
sentia sempre entusiasmado com o poder da perspectiva
histórica no seio da universidade brasileira. Muitas vezes achei
que a educação brasileira precisa mais de pesquisa sobre a
situação da escola dos jovens nas favelas do que de estudar a
história do século XIX. Mas, a leitura do trabalho de Natania sobre
Leopoldina me convenceu da necessidade da perspectiva
histórica para compreender os problemas educativos atuais no
Brasil e alhures. Uma perspectiva histórica renovada procurando
colocar em cena os atores, os determinadores, os personagens
importantes, mas também as pessoas comuns, as desigualdades,
os conflitos, os dramas, as injustiças.

Estou, no momento, finalizando com outros colegas brasileiros um


artigo sobre “O sistema dual do ensino e indefinição crescente
dos limites entre redes publica e privada no Brasil”. A leitura de
livro de Natania me permite observar a profundidade historica da
situacão atual da educação brasiliera, o valor de uma perspectiva
histórica da educacao e sua contribução para entender o mundo
do século XXI.

O trabalho de Natania é original na medida em que focaliza a


história local, neste caso a de Leopoldina, num contexto mais
vasto de Minas Gerais e do Brasil. Esta aproximação se torna mais
importante quando se vive num momento em que triunfa a
globalização. Na realidade estamos mais num momento em que
precisamos mais de glocalização. A glocalização (o que é “glocal”)
é uma combinação de global com local. Trata-se de um conceito
aliando as tendências globais às locais. Segundo o sociólogo
Robertson, a mistura entre global conseguiria evitar que o termo
“local” não definisse apenas um conceito identitário, um abrigo
confortável e seguro, contra o caos da modernidade global

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considerada ao mesmo tempo dispersiva e “homologante”. Em
outras palavras, a leitura da obra de Natania aos jovens e adultos
interessados por Leopoldina, aprofundar seu conhecimento das
realidades locais com abertura para s influências internacionais.

A mais, devo ressalvar o esforço didático desenvolvido por


Natania na redação de sua obra. Seu texto não se dirige apenas a
historiadores, mas também a outros setores mais amplos. Ela
apresenta ideias de maneira clara, utilizando números ilustrações.
Por esta maneira de apresentar a história, em forma acessível
principalmente aos jovens, Natania desempenha seu papel de
educadora, de docente, de historiadora, mas também de cidadã,
pois o saber produzido pelos universitários só tem valor e sentido,
ao meu ver, se for compartilhado e não se limitar a dirigir-se
unicamente aos especialistas.

Finalmente, gostaria de dirigir uma mensagem mais pessoal e


amistosa à Natania, com quem mantenho laços de amizade há
mais de dezessete anos. Espero que esta obra seja apenas o
começo de uma série. Com efeito, Natania desenvolveu um
conhecimento aprofundado da história e da educação brasileira.
Com esta obra ela nos faz participar de sua paixão por sua cidade
e sua região. Acredito que ela nos fará participar de outros
projetos seus. Eu penso, particularmente, na utilização das
Histórias em Quadrinhos como meio de aprendizagem e no
impacto profundo desta aproximação junto aos jovens. Assim,
Natania, não dê trégua à sua caneta... e faça-nos felizes com
outras obras.

Um muito obrigado, Natania, na prazerosa expectativa de a ler


novamente.

Abdeljalil Akkari
Professor da Universidade de Genebra
Genebra, 15 de agosto de 2010.

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