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Unidade II

Unidade II
5 LIPÍDEOS

Os lipídeos são substâncias químicas relativamente apolares e, por isso, apresentam a característica
de serem solúveis em substâncias apolares (lipossolubilidade) ao mesmo que tempo não são solúveis em
água (hidrofóbicas), devido ao fato de a água ser um solvente polar. Em geral, os lipídeos são solúveis
em solventes orgânicos como, por exemplo, em acetona, álcool isopropílico, éter, clorofórmio e benzeno.

Quimicamente, pode‑se conceituá‑los como sendo ésteres de ácidos graxos, ou seja, substâncias
químicas obtidas a partir da reação entre um ácido graxo (composto orgânico que contém um
grupamento carboxila, COOH ou COO‑, na extremidade da cadeia carbônica que o caracteriza como um
ácido carboxílico cujo número de átomos de carbonos na cadeia carbônica é ≥ 4, como mostra a figura a
seguir) e um álcool (compostos orgânicos que possuem pelo menos uma hidroxila ligada a um carbono).
O
H3C (CH2)16 C ou C17H35 COOH
OH

Figura 36 – Fórmula estrutural de um ácido graxo de 18 carbonos, com a carboxila na extremidade

Entre os álcoois importantes no que diz respeito aos lipídeos, pode‑se destacar o propanotriol ou
glicerol, popular e erradamente chamado de glicerina, já que o sufixo “ina” se refere às aminas e não
aos álcoois, e cada uma das três hidroxilas são capazes de reagir com três ácidos graxos para formar o
triacilglicerol ou triglicerídeo (figuras a seguir).
H H H

H C C C H

OH OH OH

Figura 37 – Fórmula estrutural do glicerol

H2C O H H O C C17H35
O

HC O H+H O C C17H35
O

H2C O H H O C C17H35

Figura 38 – Esquema da reação em que três ácidos graxos se ligam ao glicerol

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BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

H2C O C C15H31
O

HC O C C15H31
O

H2C O C C15H31

Figura 39 – Estrutura química de um triglicerídeo e formação de um éster (‑C‑O‑C‑)

Apesar de serem vistos como substâncias químicas ruins ou danosas, os lipídeos exercem diversas e
importantes funções, entre as quais podemos destacar:

• Fornecimento de energia para as células ou estoque energético: uma vez que os ácidos graxos
armazenam uma quantidade de energia muito superior à quantidade de energia encontrada nos
carboidratos, 1 g de lipídeo libera mais que o dobro de energia, cerca de 9 kcal/mol e 1 g de
carboidrato ou de proteína que libera 4 kcal/mol. Os lipídeos são insolúveis em água, o que faz
com que sejam armazenados de maneira mais concentrada do que os carboidratos, pois esses são
hidratados e, portanto, ocupam maior volume dentro da célula.

• Isolante térmico: em geral, a gordura é armazenada em células que se localizam abaixo da pele,
em uma camada chamada de hipoderme.

Observação

Sobrevivência em condições desfavoráveis, proteção contra o frio


e pouca disponibilidade de alimento levam alguns animais a iniciarem
o mecanismo de hibernação. Na fase de pré‑hibernação, os animais se
alimentam abundantemente, de forma que armazenam lipídeos, e na
fase de hibernação entram em sono profundo. A gordura acumulada é
utilizada não só para gerar energia para o organismo, que tem redução
de metabolismo, temperatura, respiração e batimentos cardíacos, mas
também para resistir a períodos de frio, uma vez que a gordura funciona
como um isolante térmico, como o que ocorre nos ursos durante o inverno
do hemisfério norte. Esse mecanismo pode chegar a sete meses. Nesse
período, a entrada de oxigênio é tão reduzida em ursos que eles respiram
aproximadamente uma vez a cada 45 segundos.

• Isolante elétrico do impulso nervoso: os neurônios (células nervosas) apresentam a bainha de


mielina, que funciona como isolante elétrico.

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Observação

A bainha de mielina é encontrada nos axônios das células nervosas e


contém grande quantidade de um tipo de lipídeo chamado esfingolipídio,
que permite a rápida transmissão dos impulsos nervosos. Caso ocorra
perda ou diminuição da eficiência da bainha de mielina, a transmissão dos
impulsos nervosos fica prejudicada. Na doença autoimune chamada de
esclerose múltipla, que afeta o sistema nervoso central (cérebro, nervos
ópticos e medula espinal), o sistema imunológico do corpo confunde as
células saudáveis do corpo humano, no caso os neurônios, com intrusas e
as destrói de forma progressiva, degradando a bainha de mielina.

Não se sabe ao certo a causa dessa doença, mas há indícios que sugerem
que a predisposição genética, a exposição a algum agente ambiental e até a
exposição a alguns vírus podem ter relação com o início da doença.

• Proteção mecânica: funciona como se fosse um suporte mecânico para alguns órgãos internos,
protegendo‑os contra choques e traumatismo.

• Derivados: são exemplos alguns hormônios derivados do colesterol e os derivados de ácidos


graxos, como as prostaglandinas e as vitaminas com características lipídicas, como as vitaminas
lipossolúveis (vitaminas A, K, D e E).

• Função estrutural: exercida pelos fosfolipídeos, principais componentes das membranas celulares.

5.1 Ácidos graxos

Quimicamente, os ácidos graxos possuem uma característica importante no que diz respeito
à polaridade, o caráter anfipático. Tal característica está relacionada ao fato de os ácidos graxos
apresentarem um grupo carboxila, que representa a parte polar da molécula (esquematizado por
um círculo), e a cadeia carbônica, que quanto mais longa for, maior será o seu caráter apolar
(representada como zigue‑zague ou simplesmente uma linha reta com um círculo na extremidade).
Assim, pode‑se entender que entre a polaridade do grupo carboxila e a apolaridade da cadeia
carbônica prevalece a característica apolar, uma vez que os ácidos graxos apresentam uma baixa
solubilidade em água. Ou seja, anfipático é ter uma parte polar e outra apolar na mesma molécula,
como mostra a figura a seguir.

Figura 40 – Esquema de um ácido graxo, com a presença do círculo e do zigue‑zague ou linha

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BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

No que diz respeito às propriedades físicas dos ácidos graxos, pode‑se estudar o ponto de fusão
(temperatura na qual uma substância passa do estado sólido para o estado líquido por meio da quebra
de ligações hidrofóbicas e intermoleculares), que depende diretamente da quantidade de carbonos que
compõem o tamanho da cadeia carbônica e da presença ou ausência de duplas ligações (insaturações).
Nesse sentido, pode‑se afirmar que os lipídeos que contêm maior cadeia carbônica, cadeia carbônica
saturada e maior quantidade de interações intermoleculares têm maior ponto de fusão. Por outro lado,
lipídeos que contêm menor cadeia carbônica, cadeia carbônica insaturada e menor quantidade de
interações intermoleculares têm menor ponto de fusão.

Assim, pode‑se afirmar que a temperatura na qual ocorre a fusão do lipídeo tende a diminuir com
o aumento do número de duplas ligações (insaturações) e aumenta com o aumento do número de
carbonos que constituem a cadeia carbônica.

5.1.1 Classificação dos ácidos graxos

Os ácidos graxos podem ser classificados de acordo com alguns critérios.

Quanto aos tipos de ligações entre os carbonos da cadeia carbônica, de acordo com esse critério, os
ácidos graxos podem ser classificados mediante:

• Saturação: ácidos graxos saturados, quando apresentam somente ligações covalentes (formadas
a partir do compartilhamento de elétrons) entre os átomos de carbono, e insaturados, caso os
ácidos graxos apresentarem duplas ligações, que podem ser monoinsaturados e poli‑insaturados.
Além disso, as cadeias carbônicas dos ácidos graxos saturados são flexíveis e distendidas, enquanto
os ácidos graxos insaturados apresentam dobras rígidas na molécula no local da dupla ligação.
Existem ácidos graxos que não são produzidos bioquimicamente pelos seres humanos e devem ser
adquiridos da dieta. Eles são chamados de essenciais e são: ácido alfa linoleico (ALA), da família
ômega‑3, ácido linoleico (LA), da família do ômega‑6, e ácido araquidônico, que é um derivado do
ácido linoleico.

• Ponto de fusão de óleos e gorduras: de acordo com o estado físico, os lipídeos (ácidos graxos)
podem ser classificados como gordura ou óleo, sendo que as gorduras são ácidos graxos/lipídeos
que se apresentam no estado sólido em temperatura ambiente e são, geralmente, provenientes
de origem animal, como, por exemplo, a gordura de porco. Já os ácidos graxos/lipídeos que se
apresentam no estado líquido em temperatura ambiente são, normalmente, provenientes de
origem vegetal, são chamados de óleos e têm origem vegetal e animal.

A parte carboxila dos ácidos graxos, como é polar, tem afinidade por água (hidrofílica), e a parte
zigue‑zague ou reta, como tem carbonos e hidrogênios, é apolar e hidrofóbica (fobia significa medo
de água). Se forem colocados ácidos graxos na água (situação A) ou em um solvente apolar como
éter (situação B), os ácidos graxos se agrupam em estruturas chamadas micelas. Essa característica
explica a estrutura das membranas. No interior da célula há citoplasma, chamado de LIC, composto
basicamente de água, e no exterior líquido extracelular há o LEC, composto também basicamente por
água, ou seja, há água dentro e fora das células.
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A B C

Figura 41– Esquema de micela. A parte círculo, ou cabeça, é polar e se liga (se volta) a substâncias polares,
como a água; e as linhas conhecidas como cauda, que simbolizam a parte apolar, são hidrofóbicas (se escondem
da água). Então, pode‑se imaginar que a micela A está, por exemplo, em água e a micela B está em éter.
Em C há um esquema de uma membrana, pois há água dentro e fora da célula (dupla camada lipídica)

Pode‑se fazer as micelas em laboratório, com uma ou mais camadas fosfolipídicas, como as feitas
com lecitina, e inserir em seu interior ou encapsular substâncias hidrofílicas e/ou lipofílicas como
variados fármacos, inclusive para tratamento do câncer, terapia antimicrobiana, vacinas e agentes de
diagnóstico. Essas estruturas são chamadas de lipossomas, podendo ser absorvidas pela célula‑alvo
com libertação controlada e localizada, tornando o fármaco mais ativo no local onde é necessário
(compartimentos aquosos se for hidrofílico ou membranas se for hidrofóbico). Entre os lipossomas mais
encontrados em produtos cosméticos, pode‑se citar: lipossomas AE de vitamina A e vitamina E, utilizados
como hidratante, nutrição e antienvelhecimento da pele; lipossomas Coenzima Q10; lipossomas AHA; e
lipossomas pró‑capilar para controle da produção do sebo e alopecia.

Saiba mais

Para saber mais sobre os lipossomas, leia o artigo:

BATISTA, C. M.; CARVALHO, C. M. B.; MAGALHÃES, N. S. S. Lipossomas e


suas aplicações terapêuticas: estado da arte. Revista Brasileira de Ciências
Farmacêuticas, v. 43, n. 2, abr./jun. 2007.

A nomenclatura dos ácidos graxos especifica o tamanho da cadeia carbônica e a quantidade de


duplas ligações separadas por dois pontos. Por exemplo, o ácido palmítico pode ser representado por
16:0, pois tem 16 átomos de carbono e é um ácido graxo saturado; o ácido oleico é representado
por 18:1, pois tem 18 carbonos e uma dupla ligação. As posições das duplas ligações são representadas
com um delta seguido por números subscritos que indicam a posição da dupla ligação. Se um ácido
graxo tem 20 carbonos e uma dupla ligação entre os carbonos 9 e 10 e outra entre os carbonos 12 e 13,
será representado da seguinte maneira: 20:2 Δ9,12.

Em termos de número de instauração, as gorduras insaturadas se subdividem em gorduras


monoinsaturadas (ômega‑9, que tem como exemplo o ácido oleico) e poli‑insaturadas (ômega‑3 e
ômega‑6). Esses dois últimos não são fabricados pelos animais, mas são extremamente necessários
para várias funções, como constituir membranas, por exemplo. São poli‑insaturados, constituídos de

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BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

duplas ligações e podem ser chamados de essenciais, pois os seres humanos não conseguem colocar
as duplas ligações nesses locais. São representantes dessas famílias ou séries: série ômega‑3, com
ácido alfa‑linolênico (ALA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA); e série
ômega‑6, com ácido linoleico (LA) e ácido araquidônico (AA) (MOREIRA; CURI; MANCINI FILHO, 2002;
BORGES et al., 2017).

5.1.1.1 Ácidos graxos ômega‑3, 6 e 9

• Ômega‑3 (OM‑3): são ácidos graxos que apresentam diversas ligações duplas e poli‑insaturados,
sendo que a primeira ligação dupla pode ser encontrada nos terceiro e quarto átomos de carbono
(a primeira insaturação está entre 3 ºC e 4 ºC a partir do radical metila), tendo como ponto de
partida a extremidade oposta do grupo funcional, grupo ácido carboxílico que é a parte final da
cadeia carbônica. De modo geral, quando ingeridos, abaixam os triglicerídes e LDL‑colesterol e
aumentam o HDL‑colesterol, controlando doenças cardiovasculares inflamatórias e hipertensão.

• Ácido alfa‑linolênico (poli‑insaturado): também chamado de ácido α‑linolênico (ALA), é


descrito como (C18H30O2): CH3‑CH2‑CH=CH‑CH2‑CH=CH‑CH2‑CH=CH‑CH2‑CH2‑CH2‑CH2‑CH2‑
CH2‑CH2‑COOH. Entre as diversas moléculas de OM‑3 existentes, as mais importantes sob o
ponto de vista de manutenção do estado de equilíbrio dinâmico e saúde em humanos são:
ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA). No que diz respeito às cadeias
carbônicas, as moléculas de OM‑3 possuem cadeias carbônicas curtas ou longas. Entre os
alimentos que contêm os OM‑3 de cadeia curta, pode‑se destacar os encontrados em vegetais
verdes (brócolis, rúcula, couve, espinafre e alface) e óleos vegetais (soja, girassol, milho e
sementes de linhaça e nozes); já as longas são encontradas nos peixes de águas frias (salmão,
truta, sardinha e óleo de fígado de bacalhau).

Os resultados dos estudos demonstraram que a incidência de infarto agudo do miocárdio


era, estatisticamente, menor em humanos cuja dieta continha alimentos ricos em ALA, EPA e DHA
(MOZAFFARIAN; WU, 2011). Os resultados desses estudos posteriormente motivaram a realização de
diversos estudos experimentais e clínicos, os quais mostraram que a ingestão e suplementação da
dieta alimentar com OM‑3 é capaz de diminuir, de maneira considerável, a incidência de doenças que
acometem inúmeros sistemas biológicos e geram importantes repercussões no funcionamento desses,
entre as quais pode‑se destacar os processos inflamatórios que participam de doenças dos sistemas
cardiovascular, nervoso, ósseo e doenças neoplásicas (PISABARRO, 2006; BARBOSA et al., 2007).

Diversos estudos publicados demonstraram que dietas ricas em OM‑3 são capazes de diminuir a
intensidade do processo inflamatório (efeito anti‑inflamatório) e as disfunções e sequelas cardíacas
causadas pela ocorrência de infarto do miocárdio (YOKOYAMA et al., 2007; SCHACKY, 2018). Além disso,
foi observado que tais substâncias reduziram a taxa de mortalidade em pacientes com insuficiência
cardíaca (TAVAZZI et al., 2008; SCHACKY, 2018), assim como também houve redução da concentração
plasmática de diversas citocinas inflamatórias, como, por exemplo, o fator de necrose tumoral ou
tecidual (TNFα) e as interleucinas (IL‑1 e IL‑6), relacionadas à morte súbita em modelos animais de
epilepsia (CALDER, 2017; NEJM et al., 2015).

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Observação

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011),


o brasileiro consome em média 9,5 kg de peixe por ano, em comparação
com a média mundial de mais de 20 kg/habitante/ano. A Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2014), por sua vez,
recomenda que o ser humano ingira 12 kg/hab/ano. Dessa forma, o Brasil é
um país em que a suplementação com DHA é necessária.

• Ômega‑6: encontrados na castanha de caju, na semente de uva, no amendoim, no óleo de


milho, de algodão, de soja, de girassol e nas nozes. São identificados com as siglas AL e AA.
Ácidos graxos n−6, conhecidos como ácidos graxos ω−6 ou ácidos graxos ômega‑6, são uma
família de ácidos graxos insaturados que têm em comum uma ligação dupla carbono–carbono
na posição n−6, ou seja, na sexta ligação a partir de sua terminação (a primeira insaturação está
entre o 6 ºC e 7 ºC a partir do radical metila). O ômega‑6, quando ingerido pelos seres humanos,
reduz o colesterol ruim (LDL) e os triglicerídes, prevenindo doenças cardiovasculares, pois dessa
forma evita o depósito de gordura (colesterol) nas paredes das artérias (aterosclerose), uma das
principais causas de infarto do miocárdio e derrames. Também atua positivamente no sistema
imunológico, na regulação da temperatura corporal e na perda de água pelo corpo. Deve haver
a ingestão equilibrada de ômega‑3 e ômega‑6, pois este desencadeia efeitos inflamatórios,
uma vez que ocorre a conversão de ácido araquidônico (20:4n‑6) em eicosanoides como
prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos e leucotrienos, mediadores inflamatórios.

O ácido araquidônico (AA) é um ácido graxo essencial, da família dos ômega‑6, formado por
uma cadeia de 20 carbonos com quatro duplas ligações (ácido eicosatetraenoico) nas posições 5, 8,
11 e 14, sendo caracterizado como 20:4 (5,8,11,14), que é liberado dos fosfolipídeos com a ajuda da
enzima fosfolipase A2. O AA pode ser substrato das enzimas lipo-oxigenase (LOX) e ciclo-oxigenase
(COX), e, entre os vários eicosanoides (moléculas derivadas de ácidos graxos com 20 carbonos das
famílias ômega‑3 e ômega‑6), pode‑se citar os LT (leucotrienos); entre os prostanoides, pode‑se
citar PG (prostaglandinas), PC (prostaciclinas) e TX (tromboxanos). Os eicosanoides ômega‑6 são
geralmente pró‑inflamatórios, enquanto os ômega‑3 exercem bem menos essa função. Para inibir
a inflamação caracterizada por dor, calor (febre), rubor (vermelhidão) e tumor (edema), deve‑se
ingerir medicamentos anti‑inflamatórios que podem ser AIEs (anti‑inflamatórios esteroidais ou
corticosteroides) e AINEs (anti‑inflamatórios não esteroidais). Os AIEs agem inibindo a enzima
fosfolipase A2, responsável pela formação de ácido araquidônico dos fosfolipídeos; já os AINEs
agem inibindo a enzima COX. Dessa forma, os anti‑inflamatórios apresentam propriedades
anti‑inflamatórias, analgésicas e antipiréticas (figura a seguir).

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BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

Fosfolipídeos das membranas

PL A2

Ácido aracdônico

LOX COX
LT PG, PC, TX
O
COOH

OH OH
Prostaglandina E1 (PGE1)

Figura 42 – Cascata de formação de eicosanoides a partir do AA

• Ômega‑9: ácido graxo monoinsaturado, ou seja, contém apenas uma insaturação entre o 9 ºC
e o 10 ºC. Não é um ácido graxo essencial, já que pode ser sintetizado pelo organismo humano
a partir da ingestão do ômega‑3 e ômega‑6. O nome ômega‑9 significa uma ligação dupla C=C
no nono carbono a partir da extremidade oposta à carboxila. É importante para a regulação da
temperatura do corpo, produção de hormônios sexuais, como o estrogênio e a progesterona, e
contribui para o aumento da absorção de vitaminas A, D, E e K no corpo. Os alimentos que os
contêm são: sementes de girassol, avelã, macadâmia, óleo de soja, azeite, amêndoa e nozes. Um
dos mais importantes é o ácido oleico (18 carbonos). O ômega‑9 é muito indicado para quem
pratica exercícios regularmente, pois é uma ótima fonte de energia.

5.1.2 Reações com ácidos graxos

Várias são as reações entre ácidos graxos/lipídeos, mas aqui serão estudadas apenas a esterificação,
a saponificação, a hidrogenação e a halogenação.

5.1.2.1 Esterificação

Reação em que se forma um éster. Essa reação ocorre quando um ácido carboxílico (ácido graxo) se
une a um álcool (glicerol), formando um éster e água. Na figura anterior, chamada Estrutura química
de um triglicerídeo e formação de um éster, pode‑se observar a reação e o grupamento característico
desse grupo de substâncias.

5.1.2.2 Saponificação

Reação inversa da esterificação. É uma reação de hidrólise (quebra com auxílio de água) em
meio alcalino (básico), formando um sal orgânico (sabão) e um álcool. Esse processo é utilizado
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Unidade II

na fabricação de sabão. O sabão é chamado na química de tensoativo ou surfactante, isto é, reduz


a tensão superficial da água, fazendo com que ela atue como um facilitador entre superfícies de
contato para propiciar reações. As bases mais utilizadas nas reações de saponificação são: o hidróxido
de sódio (NaOH), que produz um sabão mais consistente; e o hidróxido de potássio (KOH), que dá
origem a um sabão mais mole. O sabão limpa superfícies por causa da sua estrutura. Como em sua
molécula tem grupamento polar que interage com a água e outro grupo apolar que interage com a
gordura, ele se liga à sujeira polar ou apolar e a arrasta durante a lavagem (figura a seguir).
H2C OOC R

HC OOC R’ + 3NaOH

H2C OOC R”
Glicéride

H2C OH R COO-Na+

HC OH + R’ COO-Na+

H2C OH R” COO-Na+

Glicerol Sabões

Figura 43 – Reação de saponificação com NaOH

5.1.2.3 Hidrogenação

Reação com o hidrogênio. Quando óleos vegetais líquidos e insaturados são transformados em
gorduras sólidas (mais estáveis à temperatura ambiente), pela reação de hidrogenação (quebra das
duplas ligações com a entrada de hidrogênio nesse local), podem produzir um tipo de gordura conhecida
como “ácidos graxos trans” ou “gordura trans” (resultado da adição do hidrogênio na dupla ligação do
óleo, sendo que os hidrogênios não ficam do mesmo lado, mas na transversal, ou seja, trans, se ficar
do mesmo lado, se chama gordura cis.

Grande parte dos alimentos processados contém muita gordura, principalmente a do tipo hidrogenado
(figura seguir).

Saturado Gordura

H2

Insaturado Óleo

Figura 44 – Esquema de transformação de óleo em gordura

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BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

A fabricação de margarina é um exemplo da reação de adição de hidrogênio nas duplas ligações


presentes nos lipídeos insaturados (óleos vegetais). Dessa forma, o óleo passa a ser gordura com ponto de
fusão mais alto (ou seja, sólidos a temperatura ambiente), pois a cadeia carbônica perde duplas ligações,
e dessa forma se obtém a gordura hidrogenada. Esta, rica em ácidos graxos poli e monoinsaturados,
após a hidrogenação tem a cor acinzentada e o odor desagradável retirados por agentes branqueadores,
além de receber corantes, aromatizantes, espessantes e vitaminas A sintéticas.

A margarina que resulta da hidrogenação de óleos vegetais, dependendo da quantidade de


gordura trans fabricada, pode reduzir o bom colesterol (HDL) e elevar o mau colesterol (LDL), além
de ser de difícil metabolização pelas células humanas. A manteiga é um produto de origem animal,
produto da nata do leite batida, e, portanto, tem na sua composição predominantemente gorduras
saturadas e colesterol, substâncias que aumentam o risco de danos nos vasos sanguíneos, ou seja,
podem aumentar as chances de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Dessa forma, faz-se
necessário controlar a quantidade de gordura ingerida, ou seja, não abusar do consumo e estar atento
à rotulagem dos produtos.

Tabela Nutricional Tabela Nutricional


Porção 30 g (três biscoitos) Porção 30 g (cinco biscoitos)
Quantidade por porção % VD (*) Quantidade por porção % VD (*)
Valor energético 141 Kcal 7% Valor energético 130 Kcal 7%
Carboidratos 21 g 7% Carboidratos 19 g 7%
Proteínas 2,0 g 3% Proteínas 3,1 g 3%
Gorduras totais 5,7 g 10% Gorduras totais 4,7 g 10%
Gorduras saturadas 2,8 g 12% Gorduras saturadas 0,7 g 12%
Gorduras trans Não contém - Gorduras trans Não contém -
Fibra alimentar 0,7 g 3% Fibra alimentar 1,3 g 3%
Sódio 88 g 4% Sódio 77 g 4%
* Valores diários com base em uma dieta de 2.000 Kcal, ou * Valores diários com base em uma dieta de 2.000 Kcal, ou
seja, 8.400 kj. Seus valores diários podem ser maiores ou seja, 8.400 kj. Seus valores diários podem ser maiores ou
menores dependendo da sua necessidade energética. menores, dependendo da sua necessidade energética.
Gorduras saturadas: encontradas nas gorduras das carnes Gorduras trans: são formadas a partir de processos
vermelhas, nas carnes brancas e nas peles. São encontradas químicos, nos quais óleos vegetais passam por alta
também nas manteigas, no creme de leite, em alimentos pressão e temperatura, dando origem à gordura sólida,
integrais e em queijos amarelos. Esse tipo de gordura deve ótima para a fabricação de alimentos industrializados,
ser ingerido em pequenas quantidades. pois transforma-os em alimentos mais cremosos, mais
saborosos ao paladar.

Figura 45 – A tabela nutricional aponta que não há a substância colesterol


designada, porém tal componente é somado nas gorduras totais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que os produtos industrializados


devem conter as informações sobre a quantidade de gorduras trans, porém permite que, se a porção
tiver menos que 0,2 grama, essa informação seja omitida.

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Unidade II

Saiba mais

Leia o texto a seguir, que descreve a proibição do uso de gordura


hidrogenada em alimentos, aprovada na Comissão de Assuntos Sociais
(CAS) do Senado Federal.

SENADO NOTÍCIAS. Proibição do uso de gordura hidrogenada em


alimentos é aprovada na CAS. Agência Senado, abr. 2017. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/04/26/proibicao-
do-uso-de-gordura-hidrogenada-em-alimentos-e-aprovada-na-cas.
Acesso em: 24 jul. 2019.

Para saber mais sobre a hidrogenação de óleos e gorduras, leia o artigo:

PINHO, D. M. M.; SUAREZ, P. A. Z. A hidrogenação de óleos e gorduras


e suas aplicações industriais. Revista Virtual de Química, v. 5, n. 1,
p. 47-62, 2013.

5.1.2.4 Halogenação

É caracterizada pela adição de halogênios (F2, Cl2, Br2 e I2) nas insaturações dos ácidos graxos presentes
em óleo vegetais e gorduras. Portanto, o índice de iodo (chamado de II) é a medida da quantidade de
insaturações de uma gordura ou óleo, e os resultados são dados como massa de iodo (em gramas), que
reage com 100 gramas de amostra. As gorduras insaturadas têm II maior do que as gorduras saturadas;
assim, gorduras moles têm II maior.

A importância do II na indústria é grande, pois por meio dele pode‑se determinar o teor de ácidos
graxos insaturados, controlar o processo de hidrogenação, verificar adulteração no óleo/gordura (por
exemplo, permite dizer se o produto analisado é apenas azeite de oliva ou se foi adulterado com a
adição de outros tipos de óleo mais baratos que o azeite) e medir a rancidez (rancificação é a hidrólise
de gorduras e óleos ou oxidação quando expostos ao ar, à luz ou à umidade ou por ação bacteriana,
resultando em sabor e odor desagradáveis).

5.1.3 Classificação

Para melhor estudar os lipídeos, pode‑se classificá‑los em duas classes mediante sua complexidade:
simples e compostos. Alguns autores colocam mais uma classificação: simples, compostos e lipídeos
derivados, substâncias produzidas na hidrólise ou na decomposição dos lipídeos, como os ácidos graxos
saturados e insaturados, o glicerol e os esteróis.

Os ácidos graxos insaturados possuem dupla ligação na molécula, e os saturados possuem ligação
simples. Os lipídeos que apresentam nas suas fórmulas moleculares somente átomos de carbono,
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BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

hidrogênio e oxigênio são chamados de simples, enquanto os compostos são aqueles que apresentam
nas suas fórmulas moleculares átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio e outros átomos ou grupos
químicos, por exemplo, carboidratos ou fosfato ou ainda outra substância.

5.1.3.1 Lipídeos simples

São representantes desse grupo os glicerídeos e os cerídeos. Os glicerídeos ou acilgliceróis


são compostos em que há a união de uma molécula de glicerol e ácidos graxos. Entre eles estão os
triacilgliceróis, triglicerídeos ou triglicérides (TG). Esses ésteres são formados por moléculas de glicerol
(álcool) ligadas a uma, duas ou três moléculas de AG. Nos animais vertebrados ficam armazenados no
tecido adiposo, principalmente sob a pele, já que os lipídeos são ótimos isolantes térmicos. Também
podem ser armazenados nas sementes de muitas plantas com a função de fornecer energia para a
germinação. A vantagem de armazenar triacilgliceróis em vez de polissacarídeos glicogênio e amido é
que fornecem mais energia, e, como são hidrofóbicos, não há água ao seu redor (água de hidratação).
Possuem a função de reserva energética, e, independentemente do tipo de AG que possuem, seu valor
calórico é de 9 Kcal/g.

Em função de seu elevado teor energético e por serem insolúveis em água, o organismo é capaz
de armazená‑los em quantidade muito maior (e em volume mais compacto) que o glicogênio. Caso
o TG tenha apenas AG saturados, podem ser chamados de gordura, são de origem animal e estão no
estado sólido ou pastoso a temperatura ambiente. Caso tenha AG insaturados, podem ser chamados
de óleos, que são líquidos em temperatura ambiente (25 ºC), e podem ser de origem vegetal (soja,
milho, girassol, canola, oliva) ou de origem animal (óleo de peixe).

Observação

O trioleato de glicerina é um triglicerídeo que apresenta três grupos


insaturados na cadeia carbônica, ou seja, três ácidos graxos com duplas
ligações, e por isso se classifica como óleo (ponto de fusão baixo, ou seja,
líquido a temperatura ambiente). O azeite de oliva (seu nome popular), óleo
comestível utilizado para temperar saladas, é obtido por meio da prensagem de
azeitonas maduras, muito usado na culinária mediterrânea, famoso por seus
benefícios à saúde. Seus ácidos graxos monoinsaturados, principalmente o
oleico (ômega‑9), possuem propriedade de reduzir concentrações sanguíneas
de LDL (ou mau colesterol) e aumentar o HDL (bom colesterol), rico em
polifenóis, que são antioxidantes, importantes por ajudar na prevenção de
doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer.

Por sua vez, os cerídeos são lipídeos compostos por um álcool de cadeia longa (chamado de álcool
superior) e AG. Podem ser fabricados por plantas (presentes em frutos e folhas) e animais (abelhas,
aves aquáticas e outros animais). No caso dos vegetais, a função primordial é de impermeabilização,
ou seja, a de evitar a perda excessiva da água no processo de evaporação (por exemplo:
C15H31 – COOC26H53 – palmitato de cerila encontrada na cera de carnaúba). Em animais como as aves,
57
Unidade II

a função é de impermeabilizante das penas das aves aquáticas para permitir que elas nadem sem afundar;
para os seres humanos, o cerume (cera de ouvido) protege contra a proliferação de microrganismos e
nas abelhas encontradas nos favos das colmeias (C25H51 – COOC15H31 – cerotato de cetila, formadora da
cera de abelhas). As ceras podem ter outras aplicações práticas, como na fabricação de velas, ceras de
assoalhos, graxas para sapato, moldes dentários etc.

5.1.3.2 Lipídeos compostos

Os representantes dos lipídeos são os fosfolipídeos, glicolipídeos e esfingolipídeos. Os fosfolipídeos


são compostos de um glicerol no qual há reação de esterificação de 2 ácidos graxos (AG) com 2
das 3 hidroxilas (‑OH). Na última hidroxila ocorre esterificação com ácido fosfórico (H3PO4), e nesse
grupamento fosfato pode ocorrer outra reação, agora com outra molécula, que pode ser: serina,
resultando na fosfatidilserina, exemplo de fosfolipídeos do grupo das cefalinas; etanolamina, resultando
em fosfatidiletanolamina, outro exemplo de cefalina; colina, resultando em fosfatidilcolina, exemplo
de um grupo de fosfolipídeos conhecido, chamado lecitina, encontrada na gema de ovo, nos grãos de
soja e no girassol; inositol, que se chamará fosfatidilinositol, componente importante da membrana
plasmática da célula, que pode ser um sinalizador celular que ativa várias vias no interior das células; e
cardiolipinas, fosfolipídeos em que uma molécula de glicerol se liga a duas moléculas de ácido fosfatídico,
componente importante da membrana interna de mitocôndrias.
H2C OOCC17H35

C15H27COO C H O
+
H2C O P O CH2 CH2 N(CH3)3

O-
Uma lecitina

Figura 46 – Representação esquemática da lecitina

ácido graxo
glicerol

esfingosina

ácido graxo
ácido graxo

ácido fosfórico — composto


nitrogenado

colina — ácido
fosfoglicerídeo fosfórico

Figura 47 – Representação esquemática de fosfolipídeos

Já os glicolipídeos são compostos de um glicerol em que há reação de esterificação de 2 AG com


2 das 3 hidroxilas (‑OH), sendo a última hidroxila ligada a monossacarídeos (glicose ou galactose).
58
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

As hemácias apresentam certas glicoproteínas na superfície de suas membranas plasmáticas, levando o


sangue a ser classificado por certo grupo sanguíneo, que está relacionado com a glicoproteína que está
na hemácia, como tipo sanguíneo A, B ou AB, e se não houver glicoproteínas será do tipo O.

Por fim, os esfingolipídeos são compostos de um glicerol, 2 AG e uma molécula de um aminoálcool


(formada por 18 átomos de carbono) de cadeia longa que não é o glicerol, chamada de esfingosina.
São conhecidos como ceramidas, e sua biossíntese ocorre no retículo endoplasmático e as membranas
do aparelho de Golgi. Podem ser divididos em esfingomielinas, cerebrosídeos e gangliosídeos.
As esfingomielinas são ceramidas presentes em especial nas bainhas de mielina que envolvem os axônios
de alguns neurônios e têm um grupamento fosfocolina ou fosfoetanolamina ligado à esfingosina. Os
cerebrosídeos são ceramidas e possuem resíduo de açúcar (glicose ou galactose), mas grupo fosfato.
Os gangliosídeos são ceramidas ligadas a oligossacarídeos, que incluem pelo menos um resíduo de
ácido siálico.

6 COLESTEROL

O colesterol é caracterizado como um tipo de gordura, pois suas características físico‑químicas são
semelhantes às dos lipídeos, mas, literal ou bioquimicamente falando, não o é. O lipídeo é um éster de
ácido graxo por definição, enquanto o colesterol é um álcool policíclico de cadeia longa, composto por
27 átomos de carbono, possuindo o núcleo ciclopentanoperidrofenantreno (figura a seguir), sendo o
principal esterol sintetizado pelos animais e classificado como esteroide. É encontrado nas membranas
celulares e transportado no plasma sanguíneo de todos os animais. Os vegetais sintetizam um esterol
parecido com o colesterol chamado fitosterol, e os fungos produzem o ergosterol, um esterol que é
precursor da vitamina D2.
CH3
CH3
CH CH2 CH2 CH2 CH
CH3 CH3

CH3

HO
Colesterol

Figura 48 – Estrutura química do colesterol

Como o colesterol não pode ser dissolvido ou solubilizado pelo sangue, proteínas chamadas
lipoproteínas o transportam pelo sangue até vários órgãos.

59
Unidade II

6.1 Fontes na dieta

Aproximadamente 70% do colesterol é endógeno, isto é, sintetizado principalmente no retículo


endoplasmático das células do fígado, mas também pelas glândulas suprarrenais, pelos intestinos e
pelas gônadas. Os outros 30% encontrados no corpo humano provêm da ingestão da dieta. Todos os
alimentos de origem animal possuem colesterol, sendo que as principais fontes de colesterol na dieta
incluem carne vermelha, carnes processadas, salsicha, linguiça, vísceras, ovos, carne de vaca, de galinha
(principalmente a pele) e de porco (principalmente bacon), queijos amarelos, frutos do mar, sorvetes
cremosos e biscoitos recheados.

Figura 49 – Exemplo de alimentos ricos em colesterol

Alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras e legumes, alimentos integrais, aveia, amaranto,
quinoa e chia (linhaça e peixes como sardinha, atum e salmão); azeite de oliva extravirgem e óleo de
coco; e tubérculos, como inhame, mandioquinha e batata‑doce, além de conterem ômega‑3, também
apresentam quantidade de colesterol baixa, fato que protege o corpo contra os efeitos deletérios do
colesterol (figura a seguir).

Figura 50 – Frutas, verduras e legumes são alimentos com baixa quantidade de colesterol

Produtos vegetais, como a linhaça e o amendoim, também contêm compostos semelhantes ao


colesterol, os fitoesteróis, sugeridos para diminuir os níveis de colesterol no sangue, pois, por conta da
semelhança com o colesterol, o corpo humano entende que já tem a quantidade correta e não o sintetiza.

60
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

Lembrete

O colesterol pode ser sintetizado no organismo humano em grandes


quantidades, mesmo com uma dieta vegetariana ou pobre em colesterol,
como resultado de distúrbios no metabolismo, ou seja, as enzimas
responsáveis por essa síntese não obedecem ao controle celular, produzindo
sempre esse composto continuadamente. Portanto, as elevações pequenas
nos níveis de colesterol devem ser inicialmente tratadas com mudança dos
hábitos alimentares, mas hipercolesterolemias severas geralmente exigem a
associação com tratamento farmacológico e mudanças de hábitos.

6.2 Função

O corpo utiliza o colesterol para produzir hormônios esteroides, que são agrupados em três classes:

• Glicocorticoides: pode‑se citar o cortisol, além de cortisona e corticosterona, que agem no


metabolismo das proteínas, dos carboidratos e dos lipídeos. O cortisol é considerado o hormônio
do estresse, pois, quando em situações de medo ou emergências, respostas rápidas do corpo
devem ser iniciadas, como o aumento da pressão arterial e da glicose no sangue (por isso pode
ser chamado de diabetogênico), com a função de elevar a energia muscular. Porém, como essas
funções estarão ativas, outras serão paralisadas ou ficarão muito lentas, como a recuperação,
renovação e criação de tecidos e até mesmo a interferência no sistema imunológico, ou seja, a
produção de anticorpos (por isso é chamado de imunossupressor).

Observação

O cortisol, na sua forma sintética oral ou injetável, chama‑se


hidrocortisona, importante anti‑inflamatório usado principalmente no
tratamento para reações alérgicas severas e como imunossupressor. O
ritmo circadiano ou relógio biológico é o período de 24 horas em que
se verifica a liberação de cortisol e melatonina. O ritmo circadiano está
diretamente relacionado à iluminação do ambiente (claro/escuro), sendo
que a desregulação no relógio biológico pode se manifestar pela insônia,
irritabilidade e dificuldade de concentração. Durante a noite, no escuro,
os níveis do hormônio melatonina aumentam e, com a claridade, baixam.
Já o cortisol funciona de forma contrária, tem seus níveis mais altos pela
manhã e mais baixos à noite. Depressão, estresse psicológico (em situações
de estresse fisiológico), como hipoglicemia, febre, trauma, cirurgias, medo,
dor, exercícios físicos e temperaturas extremas, influenciam a quantidade
de cortisol, refletindo no comportamento humano, que por sua vez atua na
redução da temperatura corporal, da pressão sanguínea e na osteogênese.

61
Unidade II

As pessoas cegas geralmente apresentam problemas com o relógio


biológico, já que não podem obter os sinais de claridade; assim, obedecem
a um padrão de vigília em livre curso, tendo que ter hábitos alimentares
e exercícios físicos em horários regulares para ajustar o ciclo sono‑vigília
para 24 horas.

• Mineralocorticoides: o principal é a aldosterona. Age no transporte de eletrólitos e no equilíbrio


da concentração de íons de potássio, sódio e cloreto no líquido extracelular e no sangue e na
distribuição de água nos tecidos.

• Sexuais: atuam sobre as características sexuais masculinas (testosterona) e femininas (progesterona


e estrógeno), como mostra a figura a seguir.
OH OH
CH3 CH3

CH3

HO O
Estradiol Testosterona

Figura 51 – Hormônios sexuais feminino e masculino derivados do colesterol

Além dos hormônios, o colesterol é um importante componente das membranas plasmáticas


eucarióticas (figura a seguir), pois devido à conformação de seus anéis, que diminuem a mobilidade da
barreira da bicamada lipídica, impedem as cadeias carbônicas de interagirem, tornando‑a menos fluida.

Lipídeos

Proteínas

Figura 52 – Esquema da membrana plasmática mostrando o posicionamento de lipídeos e proteínas

62
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

O colesterol é precursor da vitamina D. A vitamina D é também chamada de hormônio, pois o corpo


produz e tem funções regulatórias, ativando ou inibindo alguns hormônios, diferente da definição de
vitaminas. Essa é uma substância que o corpo não pode produzir ou produz em pequena quantidade e,
portanto, é obtida pela alimentação. A vitamina D pode ser obtida por meio da síntese endógena a partir
do colesterol. A vitamina D3 é produzida nos seres humanos quando as células da pele recebem radiação
ultravioleta (UVB) do sol. Após ser formada, é transportada para ser modificada pelo fígado e depois é
convertida no rim em forma ativa, dihidroxivitamina 1,25‑D3. A vitamina D3 também é encontrada em
óleos de fígado de peixe (como o bacalhau e o atum), sardinhas, fígado de mamíferos, ovos e produtos
lácteos, principalmente o leite.

A vitamina D2 é de origem vegetal e pode ser encontrada em cogumelos (shitake e shimeji, por
exemplo). Durante muito tempo os pesquisadores acreditavam que as vitaminas D2 e D3 fossem
equivalentes e intercambiáveis, mas aparentemente a D2 possui uma bioeficácia menor do que a vitamina
D3, embora ambas ajudem a prevenir os efeitos de falta de vitamina D, como: problemas cardíacos,
osteoporose, câncer, gripe, resfriado e doenças autoimunes, como esclerose múltipla e diabetes tipo 1.
Em mulheres grávidas, a deficiência de vitamina D aumenta o risco de aborto, favorece a pré‑eclâmpsia
e pode elevar as chances de a criança ser autista.

Observação

Apesar da vitamina D ser sintetizada na pele, para sua ativação deve


ocorrer exposição da pessoa à luz ultravioleta. Dessa forma, os níveis de
produção variam consideravelmente em resposta a fatores geográficos,
culturais e ao estilo de vida, e de acordo com a estação do ano (por exemplo,
no inverno as concentrações de vitamina D em alimentos e em pessoas são
mais baixas).

Os brasileiros apresentam nível de incidência solar grande, mas, apesar


de se viver em um país tropical, mais de 90% da população têm deficiência
de vitamina D, muito provavelmente devido às mudanças de estilo de
vida e à maior preocupação com os efeitos da exposição solar, como
envelhecimento e câncer de pele.

Países com pouca exposição ao sol, como Inglaterra, Islândia, Suécia,


Rússia, Dinamarca e Noruega, relacionam a deficiência de vitamina D com
casos de depressão e suicídio.

Os ácidos biliares são a principal forma de excreção do colesterol, além de apresentarem funções
digestivas. Aproximadamente 95% dos ácidos biliares agem nas porções iniciais do duodeno, tendo
função de detergência, ou seja, emulsificando ou envolvendo os triglicerídeos da dieta, diminuindo sua
tensão superficial para que ocorra a quebra ou hidrólise pela lipase pancreática e liberem ácidos graxos
e glicerol. Os ácidos biliares são produzidos exclusivamente no fígado a partir do colesterol e agregados
à bile, podendo ser ligados aos aminoácidos glicina e taurina, formando os sais biliares e, logo após,
armazenados na vesícula biliar.
63
Unidade II

Lembrete

O colesterol é excretado pela bile. A bile é produzida no fígado e consiste


na mistura de várias substâncias, entre elas o colesterol, responsável por
cerca de 80% dos casos de formação de cálculos ou pedras na vesícula biliar.
Devido a um desequilíbrio na concentração das substâncias da bile, quando
o colesterol ou os sais biliares são produzidos em excesso pelo fígado,
ocorre a precipitação em pequenos cristais que se juntam, formando pedras
(processo chamado de litíase biliar). Algumas pedras, por serem grandes,
podem ficar presas nos ductos, impedindo a passagem de bile ao intestino
e, dependendo da situação, podem impedir também a passagem de suco
pancreático, que volta para o pâncreas, e podem digeri‑lo, ocasionando um
quadro grave chamado de pancreatite.

6.2.1 Tipos

Pouco solúvel em água, o colesterol deve ser transportado na corrente sanguínea com a ajuda
de proteínas, as chamadas de apolipoproteínas, que são solúveis em água e levam tanto o colesterol
quanto os triglicerídeos para vários órgãos. As primeiras lipoproteínas a serem formadas após a absorção
de triglicerídeos se chamam quilomícrons (QM) e são formadas após os ácidos graxos passarem pelo
intestino e se ligarem à apolipoproteína chamada de apo B‑48. Quando os QM chegam ao fígado, liberam
a proteína apo B‑48 e se ligam à proteína apo B‑100, se transformando em lipoproteínas de densidade
muito baixa (VLDL), liberadas no sangue. Após chegarem ao fígado novamente são transformadas em
lipoproteínas de baixa densidade (LDL).

Quanto mais tempo o LDL fica no sangue, mais se oxida (LDLox), e os receptores das artérias se
ligam às partículas de LDLox e as colocam dentro do endotélio. A invaginação dessas partículas diminui
o tamanho do interior das artérias, dificultando a passagem do sangue, e por isso o LDL é chamado
de mau colesterol. Os monócitos, um dos tipos de glóbulos brancos presentes no sangue, atraídos
pelas partículas de gordura, se invaginam e penetram na parede dos vasos na tentativa de proteção ou
remoção dessas substâncias. Os monócitos, dentro do tecido, são denominados macrófagos e fagocitam
o LDLox. Infelizmente não conseguem digeri‑lo, incrementando essa placa de lipídeo (chamada de
ateroma), que diminui mais a luz (interior) do vaso, aumentando a pressão arterial no início do processo
de arteriosclerose, até bloquear a passagem de sangue.

O aumento da pressão arterial pode levar o indivíduo a ter um infarto ou um AVC (ou AVE). A
pressão máxima ou sistólica corresponde à contração do ventrículo esquerdo (sístole), que bombeia
sangue arterial para o interior da artéria aorta, com cerca de 120 mmHg (normalmente é mencionado
o valor 12). A pressão mínima ou diastólica ocorre quando o ventrículo esquerdo recebe sangue arterial
(diástole) do átrio esquerdo, e a pressão sanguínea no interior da artéria aorta diminui, correspondente
a cerca de 80 mmHg (normalmente é mencionado o valor 8).

Pode‑se medir a pressão arterial utilizando‑se o esfigmomanômetro, como mostra a figura a seguir.
64
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

Figura 53 – Esfigmomanômetro. O manômetro preso ao manguito


registra as variações da pressão hidrostática do sangue

Quando o corpo precisa de energia, o tecido adiposo libera triglicerídeos, que se movimentam no
sangue como HDL (lipoproteína de alta densidade, cuja proteína se chama A‑I) e chegam ao fígado para
gerar energia. Por exercer essa função, são também conhecidos como colesterol bom, pois resultam em
produção de energia, além de dificultar a entrada de LDLox no interior das artérias.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2017) publicou um estudo chamado de Diretrizes


de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, estipulando níveis desejáveis para os vários tipos de
colesterol em pacientes adultos maiores de 20 anos:

• Colesterol total (VLDL+LDL+HDL): valor desejável: abaixo de 190 mg/dl.

• HDL: acima de 40 mg/dl.

• VLDL: abaixo de 30 mg/dl.

• LDL em indivíduos com risco baixo: abaixo de 130 mg/dl.

• LDL em indivíduos com risco muito alto: abaixo de 50 mg/dl.

• Triglicérides: abaixo de 150 mg/dl.

Lembrete

As crianças devem dosar o colesterol caso os pais ou familiares tenham


histórico genético predominante para colesterol alto, pois essa situação
influencia nas dosagens de colesterol sanguíneo da criança. Assim, ocorre
o aumento do risco cardiovascular futuro, e, por isso, deve‑se planejar um
tratamento adequado.

65
Unidade II

6.3 Riscos da hipercolesterolemia

Quando se tem alto LDL‑col ou VLDV‑col e baixo HDL‑col, pode‑se dizer que essa situação
se chama dislipidemia. Os altos níveis de colesterol no sangue (hipercolesterolemia) podem
levar ao entupimento das artérias, processo chamado de arteriosclerose, pois o colesterol se
infiltra no interior das paredes das artérias e, quando a artéria é obstruída, pode levar à menor
irrigação das células pelo sangue. Assim, recebe menos oxigênio nos tecidos, caracterizando
síndrome coronariana aguda, angina e infarto agudo do miocárdio (IAM), AVC, complicações
renais, trombose, entre outros.

O aumento do colesterol pode estar relacionado com:

• Origem genética ou hereditária: o histórico familiar deve ser acompanhado, por isso a prevenção
da hipercolesterolemia é tão importante.

• Sexo e idade: a mulher na menopausa tem o risco aumentado de colesterol alto ou LDL‑col.
Nesse período pouco hormônio feminino é produzido, e uma das suas funções é dar efeito
protetor à arteriosclerose.

• Obesidade: o índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais coloca uma pessoa em maior risco
de colesterol alto sanguíneo, apesar de algumas pessoas magras terem colesterol alto no sangue.
Essa situação pode ser explicada por terem carga genética favorável à tal descompensação.

• Sedentarismo: não fazer exercícios aumenta o risco de colesterol LDL alto e HDL baixo.

• Fumo: pode diminuir o colesterol HDL e deixar as paredes arteriais mais suscetíveis ao acúmulo
de colesterol LDL‑col em seu interior.

• Diabetes mellitus: pessoas com diabetes possuem baixos níveis de colesterol HDL‑col e níveis
elevados de colesterol LDL‑col, e a alta concentração de glicose no sangue pode danificar as
paredes das artérias.

• Alimentação: as dietas ricas em gordura (saturada ou gordura trans) e açúcar podem elevar o
LDL‑col e os triglicerídeos no sangue.

6.4 Sintomas, diagnóstico e tratamento da hipercolesterolemia

A elevação dos níveis de colesterol sanguíneo (hipercolesterolemia) é silenciosa e assintomática, ou


seja, não apresenta sintomas, sendo detectada apenas por meio de exame de sangue, daí a necessidade
de se realizar check-up anualmente.

Todo paciente com colesterol elevado deve se submeter a dieta, praticar exercícios físicos regulares
e, se estiver acima do peso, emagrecer. As dietas ricas em frutas, verduras, legumes e grãos são as
mais indicadas, pois as fibras ajudam na redução das taxas de colesterol. Todos os alimentos de
66
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

origem animal possuem colesterol, por isso deve‑se dar prioridade ao peixe grelhado ou assado em
vez de frito e ingerir leite e derivados com índices baixos de gordura, como leite desnatado, iogurte
desnatado e sorvetes light.

Apesar da dieta, da atividade física, da diminuição do fumo e do estresse, muitas vezes o


colesterol permanece elevado, por isso deve‑se fazer uso de medicamentos para diminuir os níveis
de LDL‑col no sangue. Assim, seu aumento pode ser de origem genética, ou seja, a pessoa está
produzindo colesterol em excesso porque a enzima principal da síntese de colesterol (HMG‑CoA
redutase) perde o controle, e medicamentos da família das estatinas inibem tal enzima. O tratamento
deve ser preventivo e permanente.

Resumo

Os lipídeos apresentam baixa solubilidade em água e alta solubilidade


em solventes orgânicos, como o álcool e o éter. São compostos por ácidos
graxos, que são estruturas anfipáticas, ou seja, na mesma molécula pode‑se
verificar uma parte polar e outra apolar, podendo ter ou não duplas ligações
entre os carbonos. Há alguns ácidos graxos que o corpo humano não produz,
os chamados essenciais, que devem ser obtidos pela dieta. Entre as várias
funções dos lipídeos, pode‑se citar a de reserva de energia e a participação
na constituição das membranas celulares.

O colesterol é um esteroide utilizado por nossas células com várias


funções, por exemplo, para a produção das membranas celulares e
dos hormônios esteroides (estrógeno e testosterona), sendo, por esse
motivo, produzido no próprio organismo, principalmente no fígado.
O colesterol proveniente do fígado ou dos alimentos ingeridos é
transportado pelo sangue com a ajuda de proteínas, pois o colesterol
tem natureza lipídica, ou seja, não se solubiliza na água. Pode ser um
vilão caso ocorra uma dislipidemia, que pode ser de origem genética ou
causada pelo estilo de vida e outros fatores, caracterizada pela elevação
de colesterol e triglicerídeos no plasma ou pela diminuição dos níveis de
HDL, contribuindo para a aterosclerose.

Exercícios

Questão 1. (UFF‑RJ 1997, adaptada) O colesterol é um importante constituinte das membranas


celulares, estando relacionado à síntese dos hormônios esteroides e sais biliares. No plasma, ele é
encontrado ligado a corpúsculos lipoproteicos, conforme mostra a figura a seguir:

67
Unidade II

LDL - 45% de colesterol HDL - 20% de colesterol

Fosfolipídio

LDL (Low Density


Lipoprotein ou lipoproteína
de baixa densidade)
uff

HDL (High Density


Lipoprotein ou lipoproteína
de alta densidade)

Proteína Colesterol Proteína


Triglicérides

Figura 54

Considere a seguinte afirmativa: “Há uma relação direta entre as taxas de colesterol no sangue e a
incidência de ateromas, tromboses e infartos”.

Marque a alternativa que apresenta a conclusão correta acerca dessa afirmativa:

A) Concentrações de HDL e LDL não possuem importância na avaliação da predisposição para


o infarto.

B) Alta concentração de HDL e baixa de LDL significam pequeno risco de infarto.

C) Alta concentração de LDL e baixa de HDL significam menor risco de infarto.

D) O aumento das taxas de colesterol depende somente da alimentação e não é influenciado por
fatores genéticos, estresse, fumo e diminuição da atividade física.

E) A afirmativa é incorreta, pois não há provas significativas que correlacionem os níveis de colesterol
com a incidência de tromboses e infartos.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: concentrações de HDL e LDL possuem importância na avaliação da predisposição para


o infarto.

68
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL

B) Alternativa correta.

Justificativa: o HDL é considerado colesterol bom e o LDL é considerado colesterol ruim.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: alta concentração de LDL e baixa de HDL significam maior risco de infarto.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: o aumento das taxas de colesterol depende da alimentação e é influenciado por esses
fatores citados.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a afirmativa é correta, pois há provas significativas que correlacionam os níveis de


colesterol com a incidência de tromboses e infartos.

Questão 2. (UFSC 2006, adaptada) Proteínas são moléculas essenciais à vida, atuando como enzimas,
hormônios, anticorpos, antibióticos e agentes antitumorais, além de estarem presentes nos cabelos, na lã,
na seda, em unhas, carapaças, chifres e penas dos seres vivos. Em relação às proteínas, é correto afirmar que:

A) São biopolímeros constituídos de aminoácidos, os quais são unidos entre si por meio de
ligações peptídicas.

B) A produção dessas moléculas se dá sem gasto de energia pelos organismos, já que os aminoácidos
provêm da alimentação.

C) Todas as proteínas possuem peso molecular idêntico, característica especial dessas moléculas.

D) Apesar da diversidade na constituição e estruturação de seus aminoácidos, essas moléculas


apresentam no seu conjunto a mesma velocidade de degradação no meio ambiente.

E) A grande variabilidade biológica dessas moléculas permite sua utilização para fins de identificação
pessoal, da mesma forma e com a mesma precisão que os exames de DNA.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: as proteínas são formadas por junções de monômeros, os chamados aminoácidos,


formando polímeros (ou biopolímeros), também conhecidos como polipeptídios.
69
Unidade II

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: os aminoácidos não essenciais são produzidos pelo nosso organismo, enquanto os
aminoácidos essenciais devem ser ingeridos para que haja uma funcionalidade adequada do organismo.
Ainda assim, na junção desses aminoácidos para formar proteínas, ocorre gasto de energia.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: cada aminoácido possui sua própria cadeia carbônica, com tamanhos e pesos
moleculares diferentes, diferindo‑se uns dos outros.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: cada polipeptídeo possui uma velocidade de degradação no ambiente.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: pessoas diferentes que não possuam parentesco podem produzir as mesmas proteínas.
Entretanto, não terão todos os genes parecidos. Com isso, não se pode dizer que o uso de comparações
proteicas entre indivíduos seja tão fidedigno quanto a comparação de seus DNAs.

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