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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO

PROGRAMA DE TURISMO
RURAL COOPERATIVO
CONCEITOS E AÇÕES

Elaboração: Fabianne Ratzke Turra


Flávio Eduardo de Gouvêa Santos
Luiz Carlos Colturato

BRASÍLIA
2002
Catalogação elaborada de acordo com o código AACR2.
Bibliotecária Responsável: Giselle Guimarães dos Santos – CRB 1626/DF

Serviço Nacional de Aprendizagem do


Cooperativismo.
Programa de turismo rural cooperativo. ___
Elaboração de Cássio Garkalns de Souza Oliveira. ___ Brasília,
2002.

1.Turismo rural 2. Empreendedorismo I. Título

CDU 379.85:316.334.55

Índices para catálogo sistemático:

Turismo rural : Brasil


Empreendedorismo : Brasil
Turismo rural : cooperativismo : Brasil

Direitos autorais reservados:


Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
SAUS – Setor de Autarquias Sul – Quadra 04 – Bloco “I”
Brasília – DF
Ed. Casa do Cooperativismo
Brasília – DF
Tel. (61) 325-5500
Fax. (61) 325-8383

Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida, sejam quais forem
os meios ou formas, sem a expressa autorização do Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo.
Sumário

1 Introdução.............................................................................. 5

2Programa de Turismo Rural Cooperativo ........................... 7


2.1 Implementação do Programa ............................................... 9
2.2 Fase de Organização Social ............................................. 14
2.2.1 Justificativa .................................................................. 15
2.2.2 Objetivo Geral.............................................................. 16
2.2.3 Objetivos Específicos ................................................. 17
2.2.4 Atividades .................................................................... 17
2.2.5 Metodologia ................................................................. 18
2.3 Fase de Capacitação dos
Empreendedores em Turismo Rural............................... 26

3 Empreendedorismo em Turismo Rural ........................... 29

4 Liderança Empreendedora ............................................... 33

5 A Influência da Lideranção na Formação de Equipes .... 35


5.1 Fatores que Facilitam o Desenvolvimento
de Equipes ..................................................................... 37

6 Requisitos para a Liderança .............................................. 39

Bibliografia ............................................................................. 41
1 Introdução

Segundo informações da FIPE/EMBRATUR, o turismo


cresce 20% ao ano no Brasil e emprega um em cada nove pessoas
economicamente ativas. Essa é uma informação importante, haja
vista que as propriedades rurais, principalmente as de pequeno e
médio porte, estão dependendo cada vez mais da agregação de
renda externa para a sua viabilização econômica.

Baseado nessas informações, o SERVIÇO NACIONAL DE


APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO – SESCOOP, passou
a olhar o turismo rural como uma forma de possibilitar o aumento
de renda do agricultor familiar e de diminuir o seu êxodo para as
cidades, pela utilização de atrativos de sua propriedade e
aproveitamento da mão-de-obra dos membros da própria família.

Em algumas regiões do País, principalmente nas regiões


Sul e Sudeste, o turismo rural já vem sendo praticado,
demonstrando que esta é uma atividade promissora, desde que
os seus participantes estejam devidamente organizados, tanto para
resolver os seus problemas comuns, como na oferta dos produtos
turísticos da comunidade.

Diante disso, o SESCOOP, presente em todo o território


nacional, decidiu investir na implementação de um modelo de
turismo rural que se caracterizasse pela organização social de
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seus empreendedores, sob a orientação e supervisão de suas
Unidades Estaduais.

Para tanto, depois de vários estudos e contatos, o


SESCOOP firmou com o Ministério do Esporte e Turismo o
Convênio 298/01, com o objetivo de viabilizar a implantação do
Programa de Turismo Rural Cooperativo.

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Programa de Turismo
2 Rural Cooperativo

O grande desafio dos programas de desenvolvimento rural


é a criação de condições que possibilitem a permanência do homem
no campo, de maneira digna e sustentável. O Programa de Turismo
Rural Cooperativo visa promover o desenvolvimento de áreas rurais
de 12 municípios brasileiros, agregando-lhes uma nova fonte de
receita, vinda da atividade do turismo rural organizado e
profissionalizado. O turismo rural, no enfoque do Programa, é visto
como uma atividade complementar, cujo objetivo não é suplantar
ou substituir as atividades tradicionais da propriedade rural, mas
agregar renda aos produtores, por meio da divulgação das suas
características, e da comercialização direta dos seus produtos
típicos.

Resultado do Convênio 298/01 firmado entre O SESCOOP


e o MET, o Programa de Turismo Rural Cooperativo está orientado
com os seguintes objetivos:

a) Geral:

Promover o desenvolvimento de áreas rurais de municípios


brasileiros, por meio da implementação de modelos de gestão e

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de organização social e da ampliação da oferta turística nessas
áreas visando agregar valor à atividade rural e melhorar a qualidade
de vida das populações.

b) Específicos:
 dentificar as modalidades e tipologias de turismo rural,
linhas de crédito para a modalidade e carências na
capacitação, visando uma proposta de ordenamento do
setor.
 Identificação de entraves legais e burocráticos pela falta
de uma legislação específica da atividade, o que
caracteriza a informalidade da atuação dos
empreendedores de turismo rural, até pela novidade
dessa atividade, visando elaborar subsídios para um guia
de orientação da atividade e de uma proposta de
adequação da legislação.
 Realização de um diagnóstico junto aos agentes de
turismo rural das diferentes regiões brasileiras, visando
a elaboração de um marco conceitual do segmento com
vistas à definição de uma política pública para o turismo
rural.
 Desenvolver e implementar em município-pólo um
modelo-piloto de capacitação empreendedora e de
organização social, visando disponibilizar metodologia-
modelo para ações na atividade.
 Organizar e disponibilizar sistema de informação para o
segmento, visando facilitar o acesso de empreendedores
e consultores na área.
 Criar alternativas de trabalho e renda para o meio rural,
realçando as vantagens quanto às possibilidades de

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organização de núcleos de cooperação ou cooperativas,
visando potencializar os negócios e abrir novas
possibilidades para a associação de mais produtores, por
meio da organização da oferta de produtos
manufaturados e serviços inerentes à atividade.

2.1 IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA

O Programa se desenvolverá a partir da implementação de


um conjunto de ações, coordenadas pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo – SESCOOP, apoiado por suas
representações estaduais, e em permanente articulação com a
EMBRATUR, buscando identificar e agregar entidades e
profissionais de reconhecida especialidade no segmento turismo,
de modo a viabilizar o desenvolvimento das regiões-pólo, a partir
da formação de produtos turísticos diferenciados, por sua essência
peculiar e pela forma de organização de seus agentes.

O desenvolvimento do Programa será conduzido de modo


a viabilizar a consecução de seus objetivos a partir das seguintes
ações:

a) Diagnóstico básico:

Conhecer e diagnosticar o universo atual do turismo rural


no Brasil no que concerne a:
 instituições atuantes e/ou que desenvolvem trabalhos
relacionados ao segmento;
 produtos, tipologias e modalidades praticadas;
 municípios-pólo potenciais.

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O relatório final será apresentado em formato de relatório
técnico, onde constarão todas as informações recolhidas e
organizadas pelos técnicos.

b) Marco conceitual do turismo rural:

Nessa etapa, serão contratados especialistas em pesquisa


e sistematização que, a partir da realização de estudo/pesquisa,
apresentarão proposta de conceituação e normatização do
segmento e suas modalidades.

c) Elaboração e implementação de modelo-piloto de


capacitação de facilitadores do Programa:

Profissionais de reconhecida capacidade técnica serão


envolvidos na elaboração da metodologia, conteúdo e material
didático para a formação dos facilitadores, que atuarão diretamente
nos municípios-pólo, capacitando aquele público e preparando-o
para trabalhar na formação de grupos de cooperação e de roteiros.

Os cursos para os facilitadores serão desenvolvidos em


Brasília, e contemplarão a preparação para a capacitação
empreendedora e organização social.

d) Implementação de projeto de capacitação dos


agentes de desenvolvimento em organização social:

Essa será a primeira fase de capacitação dos


empreendedores em turismo rural, a ser efetuada pelos
facilitadores em organização social, devidamente treinados pelo
SESCOOP. Depois desta fase, espera-se que os empreendedores
estejam organizados em grupos, o que facilitará a fase seguinte, a
de capacitação em turismo rural, e a de constituição de
associações e cooperativas.

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A capacitação propriamente dita será precedida de ações
de sensibilização e mobilização das comunidades dos municípios-
pólo, por meio da divulgação do Programa, e de contatos com as
lideranças locais, para a elaboração do “Arranjo Institucional” e a
materialização de parcerias.

e) Elaboração e implementação de modelo de projeto-


piloto de capacitação de empreendedores em doze
municípios-pólo:

Uma vez capacitados em organização social, será dado


início ao trabalho de capacitação relativa ao turismo rural, e
empreendedorismo, visando a constituição dos roteiros.

O trabalho dos facilitadores nos municípios será


supervisionado por técnicos das Unidades Estaduais do
SESCOOP.

f) Estudo das legislações pertinentes à atividade de


turismo rural com apresentação de propostas de
adequação das leis:

Consultores especializados serão contratados para


realizarem estudo, consolidação das legislações e apresentação
de propostas de adequação das leis federais, estaduais e
municipais, que interferem no desenvolvimento do segmento.

g) Implementação de projeto de articulação


institucional:

Por meio da realização de seminário de sensibilização dos


empresários, visando o fortalecimento das organizações
representativas do segmento, bem como a apresentação de
proposta de organização de fóruns nacional e regionais, para a

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discussão sobre a estruturação da atividade, espera-se motivar
as empresas e as instituições em torno do desenvolvimento e
estruturação do segmento.

h) Levantamento e estudo de linhas de financiamento


em turismo rural existentes no Brasil e
apresentação de proposta de adequação:

Por meio da contratação de consultores ou entidades


especializadas, promover-se-á a realização de estudos de fontes
de financiamento disponíveis para o setor e apresentação de
proposta de adequação de linha de crédito e das condições de
financiamento.

i) Implementação de projeto de sistema de


informações sobre turismo rural:

Consultores especializados em arquitetura da informação


serão contratados para sistematizar as informações levantadas e
produzidas no decorrer do programa, desenvolver e implantar
sistema de informações consistentes e de fácil utilização.
Atividades de promoção e distribuição de material também serão
desenvolvidas no escopo dessa ação.

j) Monitoria e avaliação dos processos de capacitação:

Um grupo de técnicos será coordenado para atuar


especificamente na monitoria e avaliação dos processos e no
acompanhamento dos agentes institucionais e comunitários de
cada um dos municípios-pólo. Orientados por instrumentos de
controle, esse grupo organizará visitas de supervisão e
assessoramento objetivando a consolidação daqueles pólos.

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k) Viabilização de estrutura física, equipamentos e
materiais permanentes e de recursos humanos para
o desenvolvimento do programa:

O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo –


SESCOOP, convenente deste Programa junto ao MET, formado
por uma Unidade Nacional e 27 Unidades Estaduais, uma em cada
capital, utilizará suas instalações físicas, recursos materiais e
humanos e gestionará a execução do Programa, a partir de uma
coordenação nacional em Brasília, que promoverá a atuação de
suas unidades de forma integrada, como estrutura de viabilização
das ações e contrapartida para o convênio.

l) Formatação de 10(dez) roteiros de turismo rural:

Por meio da atuação de consultores especializados,


contratados para essa finalidade, os grupos de agentes locais dos
municípios-pólo contarão com apoio para ordenar e formatar
roteiros turísticos que incluam seus produtos e serviços. Esta ação
concluída representa o piloto do modelo de desenvolvimento do
turismo rural cooperativo, que será alvo de toda a promoção prevista
no Programa.

m) Estudo de habilidades pertinentes ao turismo rural


com apresentação de carências do mercado:

Serão contratados consultores ou entidades especializadas


em pesquisa para realizar estudo do perfil profissional pertinentes
ao Turismo Rural suprindo carências de mão-de-obra e realizando
cursos de capacitação específicos.

n) Promoção dos dez novos roteiros de turismo rural


desenvolvidos pelo Projeto:

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Serão realizados workshops para operadores turísticos
visando a difusão dos novos roteiros, com a presença de
representantes dos grupos de cooperação de cada um dos
municípios-pólo, que estarão divulgando os seus produtos e
serviços.

Também serão produzidos panfletos e peças publicitárias


para a divulgação em importantes meios de comunicação de
alcance nacional.

O objetivo final do Programa é a constituição de “roteiros


turísticos” em cada uma das regiões contempladas, os quais, para
serem viáveis, dependem de um processo de organização dos
empreendedores locais.

Dessa forma, optou-se pela implementação do Programa


em duas fases: Organização Social e Capacitação em Turismo
Rural.

2.2 FASE DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL

A etapa de organização social dos produtores dos municípios


escolhidos como pólo visa maximizar a capacidade de mobilização
dos empreendedores locais na solução dos seus problemas
comuns, por meio de um processo associativo, como associações
ou cooperativas. O objetivo final dessa etapa é a constituição de
pelo menos um grupo em cada uma das regiões contempladas,
que terá como primeira função a elaboração da “Carta de
Princípios”, contendo o produto do levantamento do potencial
turístico da região e as regras para a participação nesta atividade
conjunta, definidas em consenso, pelo grupo, de modo que possam

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oferecer um produto turístico atrativo e diversificado, fruto do trabalho
no campo e da riqueza da cultura regional.

Conscientizados sobre as vantagens do trabalho conjunto,


espera-se que os grupos formados, em médio prazo, venham a
se transformar em associações e cooperativas de turismo rural.

Tendo em vista que a criação de uma nova fonte de trabalho


e de receitas para o município é de interesse de toda a sociedade
local, pretende-se, nessa fase, contar com a participação e apoio
de todas as suas lideranças, concretizados na assinatura do
documento “Arranjo Institucional”, considerado como de grande
importância nessa primeira fase.

2.2.1 Justificativa

O primeiro passo do Programa de Turismo Rural


Cooperativo foi a implementação do Diagnóstico Básico em alguns
municípios brasileiros, que apontou como realidade do setor as
seguintes características:
 os proprietários de hotéis, pousadas, restaurantes e
outros, atuantes no meio rural, não se preocuparam até
o momento em manter vínculos mais estreitos entre si,
no entanto, manifestaram aprovação unânime à proposta
de um maior relacionamento com os empreendedores
vizinhos, formado por pequenos produtores, artesãos,
animadores culturais, guias e monitores de recreação e
esportes;
 os empreendedores dedicados à produção de alimentos
e bebidas, artesãos, etc. estão atuando de maneira

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isolada, sem um maior relacionamento entre si ou com
os empreendimentos maiores como os hotéis e
restaurantes, e sem uma organização coletiva, apesar
de serem unânimes em declarar que entendem ser esta
a solução para as dificuldades que enfrentam com relação
à obtenção de melhoria na infra-estrutura básica
(estradas, saneamento básico etc.), bem como na
comercialização de seus produtos;
 a criação de sistemas regionais de turismo rural, com
empreendedores articulados e organizados, é vista como
alternativa eficiente para contornar as dificuldades de
divulgação e promoção do setor;
 associados formal ou informalmente, os empreendedores
de turismo rural poderão enfrentar também as
deficiências de capacitação profissional da mão-de-obra
empregada, promovendo, sediando ou apoiando
programas de treinamento conjunto.

Diante da realidade levantada pelo Diagnóstico Básico,


conclui-se que para a implementação eficiente do Programa de
Turismo Rural Cooperativo é necessária a organização social dos
atores potenciais em turismo rural, identificados, para fins didáticos,
como empreendedores centrais (hotéis, pousadas, restaurantes)
e empreendedores satélites (pequenos produtores de alimentos e
bebidas, artesãos, artistas, etc.).

2.2.2 Objetivo geral

Orientar e incentivar a organização social dos


empreendedores em turismo rural dos doze municípios
contemplados, em entidades associativas, como forma de

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aumentar a capacidade de solução dos problemas comuns da
comunidade, e de oferecer um produto turístico mais diversificado
e, portanto, mais atrativo aos turistas visitantes.

2.2.3 Objetivos específicos

a) Organizar grupos de empreendedores rurais nos doze


municípios contemplados com o Programa, para que
sejam capacitados em turismo rural.
b) Motivar e capacitar os grupos organizados para a
formação de associações ou cooperativas.
c) Articular com os órgãos políticos e sociais do município,
para que apóiem a implementação do Programa de
Turismo Rural.

2.2.4 Atividades

a) Divulgar o Programa de Turismo Rural Cooperativo para


a comunidade dos doze municípios escolhidos como
pilotos para a sua implementação.
b) Conscientizar os interessados sobre o perfil mínimo
exigido para a empresa e para o empreendedor em
turismo rural.
c) Demonstrar a eficiência da organização social e do
associativismo na solução de problemas comuns,
necessários à viabilização do negócio de turismo rural.
d) Fomentar e orientar a constituição de formas
associativas nos grupos de empreendedores
interessados em atuar em turismo rural.
e) Articular com os órgãos políticos e sociais da comunidade
para que participem do movimento em prol da
implementação do turismo rural no município.
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2.2.5 Metodologia

Para a fase de organização social dos empreendedores


em turismo rural, utilizar-se-á a seguinte metodologia:

a) Divulgação do Programa:
 reunião nas Unidades Estaduais do SESCOOP para a
apresentação do Programa de Turismo Rural
Cooperativo;
 distribuição de folders e cartazes;
 inserção de peças publicitárias em rádio e jornal;
 disponibilização de “site” na Internet, com informações
sobre o desenvolvimento do Programa;
 articulação com líderes locais para a divulgação do
Programa e solicitação de apoio para a sua
implementação.

b) Capacitação dos empreendedores em organização


social:
 estabelecimento de “Termo de Ajuste” com as Unidades
Estaduais dos municípios contemplados com o
Programa;
 indicação de facilitadores em organização social pela
Unidades Estaduais do SESCOOP;
 treinamento dos facilitadores em metodologias e
conteúdos para a capacitação dos empreendedores
locais em organização social (aAssociativismo e
Cooperativismo), e princípios básicos de Turismo Rural;
 produção de Manuais sobre Metodologias de
Transferência de Conhecimentos, Associativismo e
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Cooperativismo, Administração de Empreendimentos
Associativos e Turismo Rural;
 elaboração do Plano de Ação em Organização Social.

c) Atuação dos facilitadores:

c1) Conhecimento da realidade local e identificação do


grupo potencial:

Essa é uma etapa de fundamental importância para a


realização do trabalho do facilitador junto ao público relevante, ou
seja, a sua inserção no ambiente comunitário com potencial para
participar do “Programa de Turismo Rural Cooperativo”, implicando
uma relação direta e pessoal com os possíveis participantes do
Programa.

Não se trata tão-somente de obter informações e visitar a


área de moradia ou de trabalho do público relevante; exige-se uma
convivência suficiente para a identificação das relações sociais
determinantes da estrutura comunitária e, complementarmente,
uma reflexão sobre essas relações.

Esse conhecimento da realidade local e identificação do


grupo potencial de empreendedores rurais com potencial para
participar do programa constitui-se no passo inicial de uma
metodologia participativa, de organização social dos interessados,
estabelecendo uma relação interpessoal e dinâmica, que possibilita
captar aspectos estruturais que são percebidos apenas em um
processo participativo com os agentes de mudanças dessa
realidade (os possíveis parceiros locais), o que supõe uma prática
de análise crítica e sintética das condições históricas dessa
realidade.
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Significa ir além da aparência, captando a essência das
relações sociais entre os interessados, os possíveis parceiros, etc.,
o que se torna possível em um processo de convivência e
participação, superando o simples exercício de coleta de dados
para um pré-diagnóstico.

Esse passo inicial se justifica dentro do processo de


mobilização, capacitação e organização do público relevante, pois
a formulação do plano de ações, sua execução e avaliação
dependem de um diagnóstico estrutural que capte a realidade de
maneira profunda, incluindo o acumulado de experiências do grupo
de empreendedores e da comunidade em ações associativas,
além das leis, normas e costumes que a individualizam.

Na prática, o processo de inserção do técnico na


comunidade para conhecimento da realidade local e identificação
do grupo potencial de empreendedores rurais com potencial para
participar do programa tem por objetivos:
 permitir que o facilitador seja sentido e aceito como um
agente externo que se propõe a colaborar em um trabalho
útil aos interessados e à comunidade;
 identificar as pessoas-chave da comunidade, com
potencial para participar do “Programa de Turismo Rural
Cooperativo”, as lideranças formais e não formais, os
possíveis parceiros locais, procurando descobrir os
papéis que desempenham e os que poderão
desempenhar junto ao trabalho;
 sentir como o público relevante vive no seu dia-a-dia, o
que fazem, seus principais hábitos e costumes, suas
dificuldades e como se comunicam;

20
 preparar os empreendedores rurais e a comunidade para
receber orientação para efetivar uma proposta de trabalho
conjunto;
 perceber os conflitos internos e o nível de integração dos
diversos subgrupos comunitários junto ao público
relevante.

Ao mesmo tempo em que inicia o trabalho com os


empreendedores rurais com potencial para participar do “Programa
de Turismo Rural Cooperativo”, devem ser sensibilizadas as
lideranças municipais (prefeito, vereadores, párocos, etc.) e as
instituições públicas e privadas que, direta ou indiretamente, lidem
com o público relevante (agentes financeiros, instituições de
assistência técnica e extensão rural, cooperativas, sindicatos,
associações, centrais de abastecimento, etc.), no sentido de
informá-los sobre o Programa a ser desenvolvido e obter o apoio
dos mesmos.

O sucesso dessa inserção do facilitador junto ao público


relevante e na comunidade depende, profundamente, da postura
pessoal de opção e compromisso do facilitador com a causa a ser
trabalhada, uma questão de sensibilidade em relação aos interesses
concretos dos empreendedores rurais, comunidade ou região.

Essa busca de informações sobre a realidade comunitária


e, especificamente, a do público relevante, no que se refere ao
turismo rural, permitirá ao facilitador dispor de uma caracterização
geral dos principais aspectos positivos (pontos fortes ou forças
impulsoras) e dificuldades/problemas (pontos fracos ou forças
restritivas) que afetam os empreendedores rurais, visando
determinar as suas necessidades para inserção no “Programa de
Turismo Rural Cooperativo”.
21
As informações obtidas servirão de quadro de referência
para formular, posteriormente, hipóteses que permitam explicar a
situação problemática vivida pelos empreendedores rurais em
função do grau de consciência que eles têm dessa situação, além
de facilitar o contato do facilitador com os mesmos, pelo
questionamento sobre a situação real e o que pode ser realizado
levando-se em conta o associativismo, na etapa do diagnóstico
participativo.

Esse conhecimento da realidade local ou pré-diagnóstico


deve buscar informações sobre os aspectos históricos, físicos,
culturais, econômicos, sociais, políticos, etc.

As fontes de obtenção destes dados são: Prefeitura


Municipal, Secretarias Municipais, EMATER, Balcão SEBRAE,
Associações e/ou Cooperativas, lideranças comunitárias,
publicações locais, etc. A metodologia utilizada será a “entrevista
aberta”, devendo o facilitador estabelecer seu próprio roteiro. Além
disso, deve-se realizar observação direta de campo para a
complementação de dados.

Obviamente, não é com apenas um contato que o facilitador


irá conhecer a realidade local. Entretanto, a organização, análise e
discussão desses dados proporcionará:

 visão panorâmica da realidade da região de trabalho;

 subsídios para a codificação de mensagens que


possibilitem o diálogo sobre a realidade local;

 preparo de material didático e instrucional mais específico


para o trabalho de mobilização, organização e capacitação
com os interessados;
22
 definição de estratégias e metodologias de ação mais
adequadas à realidade local;

 seleção dos empreendedores em turismo rural que


tenham possibilidade de resposta positiva à capacitação
e organização, pois serão eles que irão irradiar os
resultados do Programa.

C2) Contatos com a comunidade potencial, seleção e


cadastramento dos empreendedores:

O processo de inserção do facilitador na comunidade e


contato com os empreendedores rurais com potencial para
participar do “Programa de Turismo Rural Cooperativo” pode ser
considerado de fundamental importância para a realização do
trabalho participativo de organização social junto ao público
relevante e para o início das ações a serem desenvolvidas com os
mesmos.

No entanto, essa etapa requer uma introdução lenta e


gradativa do facilitador que conduzirá o trabalho, evitando a
precipitação de conclusões ou mesmo a “queima” de etapas
importantes do processo.

Faz-se necessária, portanto, uma maior disponibilidade de


tempo, tanto do facilitador quanto das margens institucionais e da
própria comunidade a ser trabalhada, em termos do ritmo adequado
para que todos, juntos, possam perceber o trabalho e continuar
motivados e mobilizados. Esse ritmo é muito importante e depende
da experiência do público relevante em participar de projetos de
desenvolvimento associativo.

23
Observando o fator tempo, o facilitador terá maiores
possibilidades de:
 conhecer mais cuidadosamente a comunidade e o público
relevante, nos seus aspectos culturais, históricos,
econômicos, sociais, religiosos, políticos, etc.;
 elaborar a codificação de mensagens nesse período para
que elas sejam de fato uma representação da realidade
local;
 tornar-se mais conhecido e aceito pelos empreendedores
rurais, público envolvido e comunidade.

É importante destacar que durante a sua permanência na


comunidade o facilitador deve procurar conhecer o maior número
possível de empreendedores rurais, conversando informalmente,
observando e buscando identificar forças impulsoras e restritivas
para o desenvolvimento do Programa. Obviamente, estas
observações devem seguir as orientações de um roteiro
previamente organizado para facilitar o atingimento dos objetivos
dos contatos.

Nessas conversas, deve-se estimular a realização de uma


reunião informativa para discutir, coletivamente, a viabilidade da
intervenção técnica, a aceitabilidade de uma proposta de trabalho
conjunto, a disponibilidade dos empreendedores rurais para a sua
concretização e a definição de linhas de ação conseqüentes.

Selecionados os empreendedores rurais com potencial para


participar do “Programa de Turismo Rural Cooperativo”, devem ser
iniciados os contatos para conhecimento de suas realidades e
necessidades, cadastramento e motivação para a ação grupal.

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O critério de seleção não poderá ser social, mas sim com
visão empresarial, pois somente os empreendedores rurais com
potencial e que estejam abertos à mudanças e sejam realmente
participativos deverão ser contemplados.

Nesse momento, deve-se deixar de lado o coração e a


emoção e pensar e agir de uma maneira bem lúcida, sabendo que
é melhor trabalhar bem uma comunidade que irá dar um retorno
mais rápido e profissional, do que tentar levantar uma comunidade
que se sabe, de antemão, que suas necessidades prementes são
muito grandes e o resultado poderá vir de uma forma mais morosa
e amadora.

Um aspecto importante dessa fase é a preservação da auto-


imagem do empreendedor rural, isto é, a maneira como ele vê a si
mesmo, frente à sociedade, o valor das atividades econômicas
produtivas que realiza e a valorização atribuída a seu trabalho e
experiências.

Qualquer programa que não leve em conta a auto-imagem,


preservando-a e até mesmo elevando-a, corre o risco de não obter
a adesão dos empreendedores rurais, por falta de motivação. Assim
sendo, devem ser realizados contatos pessoais com o público
relevante, em suas propriedades e locais de trabalho, e também
reuniões de vizinhança, não apenas para motivá-los para a
necessidade de organização, como também para conhecer as
potencialidades, as dificuldades e os problemas sentidos.

Após selecionar os empreendedores rurais com potencial


para participar do “Programa de Turismo Rural Cooperativo”, é
importante realizar o cadastramento dos mesmos.

25
O cadastramento do público relevante tem como objetivo
levantar todos os dados referentes à situação socioeconômica dos
empreendedores rurais, a fim de que as entidades executoras do
Programa possam estabelecer um perfil dos participantes e um
pré-diagnóstico da situação, quanto às questões econômicas,
financeiras, humanas, políticas as principais dificuldades, etc. e
se possa estar preparado para as atividades (potencialidades e
dificuldades) que irão aparecer no Diagnóstico Participativo e
Plano de Ações, além da posterior avaliação de impacto pelas
ações desenvolvidas no Programa.

C3) Reuniões comunitárias com os empreendedores


rurais cadastrados:
Depois de identificados e cadastrados os empreendedores
rurais com potencial para participar do “Programa de Turismo Rural
Cooperativo”, deve-se motivá-los para a ação grupal, que será
realizada por meio de reuniões comunitárias em locais, dias e
horários escolhidos pelos próprios interessados.

2.3 FASE DE CAPACITAÇÃO DOS


EMPREENDEDORES EM TURISMO RURAL

Espera-se que ao término da fase de Organização Social


existam, em cada um dos municípios contemplados com o
Programa de Turismo Rural Cooperativo, grupos organizados,
motivados e capacitados para a constituição de associações ou
cooperativas destinadas a implantar e gestionar a atividade de
turismo rural na região.

A primeira atividade a ser desempenhada pelos grupos,


mesmo que ainda informalmente organizados, será a elaboração

26
da “Carta de Princípios”, conforme modelo a eles fornecido pelo
SESCOOP, na qual estarão definidos os produtos turísticos da
região, bem como as regras de consenso, definidas para a
participação no grupo.

A Carta de Princípios será a linha mestra para a constituição


dos “Roteiros Turísticos”, que é a meta final do Programa de Turismo
Rural Cooperativo.

Para os grupos organizados, constituídos por


empreendedores, far-se-á a capacitação em turismo rural.

Os princípios básicos que devem orientar o programa-


modelo de capacitação de empreendedores em turismo rural,
conforme o Convênio, são: democratização do conhecimento,
cooperação, sustentabilidade, cidadania e cumprimento da função
social do Turismo Rural, com as seguintes ênfases:
 Democratização do conhecimento: entendido como a
viabilização do acesso ao conhecimento e
desenvolvimento individual e coletivo.
 Cooperação: entendido como a valorização do papel
ativo dos indivíduos, bem como do processo de
organização social, para o desenvolvimento local
sustentável.
 Sustentabilidade: entendido como o comprometimento
com ações socioeconômicas, políticas, ambientais e
culturais.
 Cidadania: entendido como o resgate da auto-estima dos
indivíduos, oportunizando sua efetiva participação na
comunidade.

27
 Cumprimento da função social do Turismo Rural:
entendido como o comprometimento que os envolvidos
com o Turismo Rural devem ter com o setor produtivo
local.

Duas premissas básicas orientaram o SESCOOP na


concepção do Programa de Turismo Rural Cooperativo: a
Organização Social e o Empreendedorismo, tendo em vista que a
falta de atenção a estas duas áreas tem sido apontadas como a
principal causa de insucessos em tentativas de investimento em
Turismo Rural.

A organização social, no contexto do Programa, será


atendida pela primeira fase de atuação dos facilitadores nos
municípios-pólo, onde se procurará conscientizar os
empreendedores sobre a importância da cooperação na solução
dos problemas comuns da comunidade, como melhoria da infra-
estrutura, capacitação dos componentes do grupo, comercialização
dos produtos e, principalmente, criação de um produto turístico
mais atraente e mais satisfatório ao turista visitante.

O empreendedorismo será o mote principal da fase de


Capacitação em Turismo Rural, onde se pretende apontar as
técnicas mais eficientes para a gestão do negócio “Turismo Rural”,
bem como as preocupações necessárias em relação ao turista
(cliente) e ao meio ambiente.

28
Empreendedorismo em
3 Turismo Rural

Inicialmente, deve-se entender o que é empreendedorismo


e o que é ser empreendedor.

Empreendedor é a pessoa que cria ou desenvolve algum


negócio ou atividade produtiva, buscando inovar e diferenciar-se
dos outros, com o objetivo de adicionar valor e renda às suas
atividades.

O empreendedor é uma pessoa que, no local onde vive,


busca a inovação e o aproveitamento de oportunidades de negócios,
possibilitando a geração de trabalho e renda para a sua região.

No mundo de hoje, a maioria das pessoas que obtêm


sucesso em suas atividades estão voltadas para o futuro, para a
inovação e para a criatividade. São impacientes com o dia-a-dia,
estão dispostas a mudar e estão atentas às necessidades e às
oportunidades.

“Um empreendedor é uma pessoa que


magina, desenvolve e realiza visões.”
Fillion, 91

29
Os empreendedores não têm medo do novo, estão sempre
buscando novas alternativas para tudo que se faz e desenvolvendo
soluções para as dificuldades que se apresentam. O empreendedor
imagina, desenvolve e realiza ações. Deseja, objetiva, sabe a
missão e os princípios, determina a estratégia, conhece as funções
básicas, executa e obtém sucesso.

Eis aqui algumas características facilmente encontradas


nos empreendedores:

 o empreendedor traduz seus pensamentos em ações;


 o empreendedor é pró-ativo, inovador e criativo;
 tem grande capacidade de influenciar as pessoas e
provocar mudanças nos sistemas em que atua;
 tem visão de futuro;
 assume riscos moderados;
 sabe aproveitar as oportunidades que aparecem;
 está sempre quebrando paradigmas;
 trabalha com planejamento;
 tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo e
necessidade de realização;
 consideram os obstáculos e as dificuldades como uma
forma de aprendizagem, isto é, sabe “tirar lições” de tudo
que acontece, seja bom ou ruim;
 sabe fixar metas e alcançá-las;
 luta contra padrões impostos;
 é um sonhador realista.
Enfim, o empreendedor rural é aquela pessoa consciente
do que está fazendo, que busca sempre novos conhecimentos e

30
informações, trabalhando a sua idéia inicial, fazendo acontecer,
diferenciando-se para obter sucesso.
O segredo do sucesso é ter um comportamento aberto e
preventivo, e a razão para alcançá-lo depende do grau de liberdade
que nos permitimos para criar, questionar e ver as coisas de forma
diferente.
Vários são os fatores que influenciam o sucesso do
empreendedor rural e das atividades conduzidas por ele. São
simples ações que facilitam a obtenção do sucesso e resultados
positivos, tais como:
 sempre imagine como fazer algo funcionar;

 diga “posso fazer”, ao invés de “não posso” ou “não


consigo” ou “talvez”;
 tenha criatividade e força de vontade;
 acredite e creia no que está fazendo;
 procure sempre melhorar, por melhor que sejam os
resultados atingidos;
 procure se diferenciar;
 sempre aprenda com os erros;
 fazer dinheiro é mais divertido que gastá-lo;
 tenha orgulho de suas realizações;
 procure conhecer os objetivos de forma precisa, clara e
mensurável, respondendo às seguintes perguntas:
 Qual é o meu negócio? O que quero fazer?
 Qual o serviço ou produto que eu quero vender e para
quem vou vendê-los?
 Qual o tipo de cliente que quero atingir?
 Qual o tamanho ideal de minha atividade?
 Qual a renda que eu posso ter com a minha atividade?
31
Liderança
4 Empreendedora

Para o sucesso de qualquer atividade produtiva é


imprescindível que exista alguém que tenha a capacidade de juntar
e unir pessoas em torno de um ideal, isto é, um líder.

Líder é o indivíduo que influencia pensamentos e atos dos


outros por meio de idéias, atitudes e comportamentos. É uma
pessoa que, por suas características talentosas e de sucesso,
torna-se um exemplo para muitas pessoas.
A liderança é caracterizada por ações surgidas dentro de
um grupo que são controladas e dirigidas em nome do bem-comum.
É um processo de relacionamento pessoal no qual se busca
influenciar o comportamento de outros para alcançar objetivos
comuns.

Em qualquer grupo de pessoas que realizam ou pretendem


realizar uma determinada atividade comum deve existir um líder,
um coordenador.

As principais tarefas a serem realizadas para se adquiri


liderança são:

 delegar funções, ou seja, determinar o que cada um deve


fazer, mostrando a necessidade de responsabilidade,

33
independência e comprometimento de todos com as
atividades a serem realizadas;
 estar motivado e motivar a todos; em primeiro lugar, é
importante que cada um acredite e tenha entusiasmo com
o que está fazendo, para o que está fazendo e de que
forma irá participar dos resultados atingidos;
 comunicar-se adequadamente, ou seja, transmitir e
entender informações de forma clara, objetiva e adequada;
 além disso, há outras funções e ações que o líder deve
exercer: ter competência técnica, saber o que está
fazendo, estar sempre atualizado, ser modesto e sincero,
ser prestativo, ser acessível, ser trabalhador, garantir o
que promete, falar a verdade, ser e parecer honesto, saber
falar e saber ouvir, saber orientar e instruir e ser o exemplo.

34
A Influência da
Liderança na Formação
5 de Equipes

Trabalhar em equipe é, nos dias atuais, mais do que uma


opção, uma necessidade e exige de cada um dos envolvidos uma
boa dose de confiança, transparência, compreensão e
determinação.

As equipes permitem coordenar e aproveitar melhor as


interações entre as pessoas e entre os processos e os sistemas.

É denominado de “equipe” um grupo de pessoas que


compreende seus objetivos e está sintonizado e engajado em
alcançá-los de forma compartilhada e cooperativa. A comunicação
entre os membros é verdadeira, as opiniões divergentes são
estimuladas, a confiança é grande e assumem-se os riscos.

O trabalho em conjunto pode até ser percebido como


ameaça ao sucesso individual, ao reconhecimento do valor e do
esforço de cada um, já que nossa cultura valoriza sobremaneira a
responsabilidade e a realização individual. E, realmente, não se
pode colocar pessoas juntas e esperar resultados imediatos. O
35
trabalho em equipe não acontece por magia, ainda que os membros
possuam habilidades extraordinárias.

O grupo se transforma em equipe quando passa a prestar


atenção à sua própria forma de operar e procura solucionar os
problemas que afetam seu o funcionamento.

Mesmo as melhores equipes não estão livres de dificuldades


e problemas – todos enfrentam, ocasionalmente, situações
desafiadoras. Contudo, uma equipe hábil e motivada encontrará a
maneira de enfrentar e superar os maiores desafios.

Tudo leva a crer que o futuro pertence às organizações


baseadas em equipes:

 Será que estamos preparados para dividir nossos méritos


e vitórias?

 Será que já visualizamos que a soma dos esforços


ocasiona a força da equipe e o conseqüente atingimento
de todos os objetivos?

 Será que percebemos no turismo rural a necessidade


de atuação conjunta?

 Será que já visualizamos que a soma dos atrativos


turísticos ocasiona a caracterização do produto de
turismo da nossa região?

 Será que percebemos que em conjunto podemos agregar


muitos outros pequenos produtores, contribuindo para o
desenvolvimento de toda a comunidade?

 Será que concordamos que em conjunto teremos


melhores possibilidades de sucesso?

36
5.1 FATORES QUE FACILITAM O
DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES
 Objetivos claros, metas bem planejadas (visão clara e
bem compreendida).
 Políticas e procedimentos que sirvam à equipe.
 Tomada de decisões de boa qualidade (como decidir).
 Papéis (atribuições e responsabilidades) aceitos e
incorporados.
 Ausência de problemas pessoais.
 Liderança que agrega valor.
 Comunicações eficientes e abertas.
 Mudança planejada.
 Confiança mútua.
 Políticas de recompensa e reconhecimento atraentes.
Várias são as ações que devem ser realizadas para que
todas as pessoas que trabalham na equipe tenham
responsabilidade, comprometimento e satisfação com o seu
trabalho.
Listar-se-á, a seguir, as tarefas que o empreendedor rural
deve realizar para obter a formação ideal de equipes:
 Fazer com que as pessoas acreditem em você e nos
produtos ou serviço que irão gerar:
Antes de “vender” a sua atividade ou o seu produto no
mercado, é preciso que você “venda” essa atividade e
produto para as pessoas que irão realizar essa atividade.
Antes de tudo, é preciso que as pessoas acreditem no
que estão fazendo.
 O exemplo do líder e o reconhecimento dos colegas:
O bom exemplo e desempenho dos líderes faz com que
os colegas procurem agir de forma correta, produtiva e

37
organizada, pois todos reconhecem que é vantajoso para
quem o faz e para todo o grupo.
É com essas duas ações, exemplo e reconhecimento,
que a equipe de trabalho será organizada de forma
integrada, comprometida e responsável, buscando as
metas e objetivos propostos.

 Saber comandar e ouvir:


O líder deve saber comandar, baseado em argumentos
sólidos e convincentes. Entretanto, o mais importante é
que ele saiba ouvir a equipe para conseguir melhorar cada
vez mais o trabalho realizado. O líder deve estar sempre
disposto o ouvir a todos, sejam eles empregados,
fornecedores, clientes, etc.

38
Requisitos para a
6 Liderança
 Inspirar confiança às pessoas: Isto é possível quando
a liderança tem perfeito conhecimento dos instrumentos
técnicos a serem trabalhados, conhece a política da
organização, é justo ao tratar dos assuntos e sincero em
suas atividades.
 Persistência na luta pelo objetivo: A liderança precisa
ter firmeza e perseverança para alcançar os objetivos
propostos, bem como procurar caminhos e alternativas
mais adequadas.
 Disposição para ouvir compreensivamente: Há uma
diferença entre ouvir com a mente fechada e ouvir com
sincero desejo de compreender o ponto de vista do outro.
 Habilidade para evitar mal-entendidos: A liderança
deve desenvolver habilidades para se comunicar de forma
eficaz.
 Objetividade: Não se deixar influenciar pelos
sentimentos dos outros.
 Interesse genuíno pelas pessoas: A liderança deve
interessar-se pelo bem das pessoas, sem simulação.
 Compreender as pessoas, como agem: A liderança deve
compreender e tentar entender o porquê da maneira de
agir das pessoas, como indivíduos e como membros do
grupo.
 Franqueza: A liderança não pode deixar as pessoas
inseguras ou curiosas a respeito do que faz ou pensa.

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Bibliografia

ASSESSORIA, Consultoria Gerencial e Treinamento.


Cooperativismo: uma visão estratégica para o sucesso.
Curitiba: [S.n.], 2002.

BENECKE, Dieter W. Cooperação e desenvolvimento: o papel


das cooperativas no processo de desenvolvimento
econômico nos países do terceiro mundo. Porto Alegre:
Coojornal; Recife: Assocene, 1980.
COLTURATO, Luiz Carlos et al. Plano de trabalho em
organização social – turismo rural. SESCOOP, 2002.
CONVÊNIO MET 298/01. Programa de Turismo Rural Cooperati-
vo.

SANTOS, Flávio Eduardo de Gouvêa. Capacitação básica em


associativismo: manual de associativismo. Belo Horizonte:
[S.n.], 2002.

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