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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

Disciplina: Introdução a Ciência do Ambiente

Prof.: Sueli de Lima Pereira

Alunos:

Bruna da Conceição Ferreira da Costa 09025002201


Carolina Almeida de Lima 09025002001
Dayriane do Socorro Oliveira da Costa 09025001801
Henrique Fernandes Figueira Brasil 09025000801
Josiel Lobato Ferreira 09025001601
Marcus Vinícius Costa Silva 09025000401
Pedro Wiulenos Tchalen Silva Torres 09025003201
Rômulo Arthur Mathews da Silva 09025000301
Thiago Capibaribe Bechara 09025002501

Belém, 03 de junho de 2009


SUMÁRIO

Introdução --------------------------------------------------------------------------------------- 3
1- Definição ------------------------------------------------------------------------------------- 4
1.1- Horizontes ------------------------------------------------------------------------ 5
2- Intemperismo e formação do solo -------------------------------------------------------- 7
2.1- Fatores que controlam o intemperismo --------------------------------------- 8
2.2- A formação do solo e sua composição ---------------------------------------- 9
3- Classificação dos solos --------------------------------------------------------------------- 10
3.1- Classificação norte-americana ------------------------------------------------- 11
3.2- Classificação de solos utilizados pela Embrapa ----------------------------- 12
4- A importância do solo e de sua preservação -------------------------------------------- 15
5- Problemas do solo --------------------------------------------------------------------------- 16
5.1- Erosão ----------------------------------------------------------------------------- 17
5.2- Causas do depauperamento do solo ------------------------------------------- 18
5.3- Empobrecimento químico e lixiviação como causas da erosão ----------- 19
5.4- Erosão hídrica -------------------------------------------------------------------- 20
6- Uso de fertilizantes e defensivos agrícolas ---------------------------------------------- 26
6.1- Fertilizantes ou adubos ---------------------------------------------------------- 26
6.2 – Defensivos agrícolas ----------------------------------------------------------- 31
7- Alternativas para amenizar os impactos sobre o solo ---------------------------------- 34
7.1- Práticas vegetativas -------------------------------------------------------------- 35
7.2- Práticas edáficas ----------------------------------------------------------------- 35
7.3- Práticas mecânicas --------------------------------------------------------------- 36
7.4- Terraceamento ------------------------------------------------------------------- 36
7.5- A erosão positiva ---------------------------------------------------------------- 38
8- Solos brasileiros ----------------------------------------------------------------------------- 38
9- Legislação ------------------------------------------------------------------------------------ 43
Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------- 47
Referências bibliográficas --------------------------------------------------------------------- 48

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INTRODUÇÃO

Habitamos a superfície da Terra e dependemos, para viver, dos materiais


disponíveis nela. Estes, em sua maior parte, são produtos das transformações que a crosta
terrestre sofre na interação com a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera, ou seja, são produtos
do Intemperismo.

O solo, como um exemplo dos produtos desse Intemperismo, constitui a base de


importantes atividades humanas, como a agricultura. A exploração sustentável desse
recurso depende do conhecimento de sua natureza, da compreensão de sua gênese e de sua
relação com o ser humano; assuntos estes que são o objetivo principal desse trabalho.

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SOLO

1- DEFINIÇÃO

Não é fácil definir o solo, pelo fato de ser um material complexo, cujo conceito
varia em função de sua utilização. Assim, para o agrônomo ou agricultor, o solo é o meio
necessário para o desenvolvimento de plantas, enquanto para o engenheiro é o material que
serve para base ou fundação de obras civis; para o geólogo, o solo é visto como produto de
alteração de rochas na superfície, enquanto para o arqueólogo é o material fundamental
para as suas pesquisas, por servir de registro das civilizações passadas. Desta forma, cada
uma das especialidades possui uma definição que atende seus objetivos.

Entretanto, de acordo com as Ciências da Terra, a Pedologia, a partir de 1877, o solo


deixou de ser considerado um corpo inerte, composto pela rocha parental (rocha que deu
origem) e passou a ser, como definido pelo cientista russo Dokouchaev, um produto do
intemperismo, do remanejo e da organização das camadas superiores da crosta terrestre, sob
a ação da atmosfera, da hidrosfera, da biosfera, da topografia e das trocas de energia
envolvidas, que são fatores ativos do ciclo supérgeno. Uma definição simples que atende
aos propósitos da Pedologia.

Os produtos friáveis e móveis formados na superfície da Terra como resultado da


desagregação e decomposição das rochas pela ação do inteperismo podem não ser
imediatamente erodidos e transportados pelos agentes da dinâmica externa para bacias de
de sedimentação continentais ou marinhas. Quando formado em regiões planas ou de relevo
suave ou, ainda, quando estão protegidos por uma cobertura vegetal, sofrem pouco a ação
da erosão, sobretudo a erosão física ou mecânica.

Para um saprólito tornar-se um solo, é preciso, em primeiro lugar, que a alimentação


mineral dos organismos vivos autótrofos e, em particular, dos vegetais superiores, esteja
assegurada. A vida necessita de água e de elementos químicos, que são encontrados no ar
ou dissolvidos na água, e que tem como fonte primária as rochas e, secundariamente, os
tecidos orgânicos pré-existentes. Nas rochas, esses elementos estão disponíveis para os
organismos em concentrações muito baixas e, nas soluções, em concentrações
demasiadamente elevadas, para assegurar uma alimentação contínua e suficiente para os
organismos vivos. Neste particular, o solo desempenha um papel fundamental por se tratar

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de um meio intermediário entre o sólido (as rochas) e o líquido (a água). No solo, essa
função vital para os organismos vivos é desempenhada por uma fração organomineral
denominada plasma argilo-húmico, por ser constituída pela íntima associação de argilo-
minerais e húmus. A associação deste plasma argilo-húmico com minerais residuais,
herdados da rocha parental como, por exemplo, o quartzo, fornece a organização estrutural
e textural do solo.

Em função das condições ambientais, que envolvem rocha parental, clima,


organismos vivos (incluindo o ser humano), relevo e tempo, os solos podem apresentar
características e propriedades físicas, químicas e físico-químicas diferenciadas. Assim os
solos podem ser arenosos ou argilosos, vermelhos, amarelos ou cinza esbranquiçados,
podem ser pobres ou ricos em matéria orgânica, espessos ou rasos, podem apresentar-se

homogêneos ou nitidamente diferenciados em horizontes.

1.1- HORIZONTES

O- horizonte onde predomina restos de matéria orgânica em processo de


decomposição.

A- horizonte escuro com acúmulo de material orgânico em estado avançado de


alteração (material húmico, húmus) intimamente misturado com a fração mineral,

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onde se processa uma alta atividade biológica. É o horizonte mais afetado pelas
atividades agrícolas

E- horizonte mais claro que se caracteriza pela perda de partículas argilosas, matéria
orgânica, sais de ferro e alumínio, sendo enriquecido em partículas arenosas e
siltosas de quartzo e outros minerais resistentes. É um horizonte marcado pela
eluviação

B- horizonte, no qual não se pode reconhecer vestígios das estruturas da rocha mãe
e mostra uma ou mais das seguintes feições:

o Concentração iluvial de material argiloso, ferro, alumínio, húmus,


carbonatos, sulfatos ou sílica,

o Evidência de remoção de carbonatos;

o Concentração residual de sesquióxidos;

o Precipitação de sesquióxidos sobre as partículas minerais,


escurecendo-as

o Formação de argilas ou óxidos responsáveis pela produção das


estruturas do solo: granular, em bloco, prismática, laminar.

C:- Horizonte pouco atingido pelos processos pedogênicos, onde se pode encontrar
muitas das características e estruturas da rocha mãe. Também conhecido como
saprólito.

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2- INTEMPERISMO E FORMAÇÃO DO SOLO

O intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física (desagregação) e


química (decomposição) que as rochas sofrem ao aflorar na superfície da terra. Os produtos
do intemperismo, rocha alterada e solo, estão sujeitos aos outros processos do ciclo
supérgeno - erosão, transporte, sedimentação - os quais acabam levando à denudação
continental, com o conseqüente aplainamento do relevo.

A pedogênese (formação do solo) ocorre quando as modificações causadas nas


rochas pelo intemperismo, além de serem químicas e mineralógicas, tornam-se, sobretudo
estruturais, com importante reorganização e transferência dos minerais formadores do solo
– principalmente argilo-minerais e oxi-hidróxidos de ferro e de alumínio – entre os níveis
superiores de manto de alteração. Aí desempenham papel fundamental a fauna e a flora do
solo que ao realizarem suas funções vitais, modificam e movimentam enormes quantidades
de material, mantendo o solo aerado e renovado em sua parte mais superficial.

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2.1- FATORES QUE CONTROLAM O INTEMPERISMO

2.1.1- Clima

O clima é o fator que isoladamente, mais influencia no intemperismo. Mais do que


qualquer outro fator, determina o tipo e a velocidade do intemperismo numa dada região.
Os dois mais importantes parâmetros climáticos, precipitação e temperatura, regulam a
natureza e a velocidade das reações químicas. Assim, a quantidade de água disponível nos
perfis de alteração, fornecida pelas chuvas, bem como a temperatura, agem no sentido de
acelerar ou retardar as reações do intemperismo, ou ainda modificara natureza dos produtos
neoformados, segundo a possibilidade de eliminação de componentes potencialmente
solúveis.

A temperatura desempenha um papel duplo, condicionando a ação da água: ao


mesmo tempo em que acelera as reações químicas, aumenta a evaporação, diminuindo a
quantidade de água disponível para a lixiviação dos produtos solúveis. A cada 10° C de
aumento na temperatura, a velocidade das reações químicas aumenta de duas a três vezes.

2.1.2- Topografia

A topografia regula a velocidade do escoamento superficial das águas pluviais (que


também depende da cobertura vegetal) e, portanto, controla a quantidade de água que se
infiltra nos perfis, de cuja eficiência depende a eliminação dos componentes solúveis. As

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reações químicas do intemperismo ocorrem mais intensamente nos compartimentos do
relevo onde é possível boa infiltração da água, percolação por tempo suficiente para a
consumação das reações e drenagem para lixiviação dos produtos solúveis.

2.1.3- Tempo

O tempo necessário para intemperizar uma determinada rocha depende,


principalmente da susceptibilidade dos constituintes minerais e do clima. Em condições de
intemperismo pouco agressivas, é necessário um tempo mais longo de exposição às
intempéries para haver o desenvolvimento de um perfil de alteração.

2.2- A FORMAÇÃO DO SOLO E SUA COMPOSIÇÃO

Na porção mais superficial do perfil de alteração, o saprólito, sob a ação dos fatores
que controlam a alteração intempérica, sofre profundas e importantes modificações,
caracterizadas por: (i) perda de matéria provocada pela lixiviação tanto física (em
partículas) como química (em solução), (ii) adição de matéria, proveniente de fontes
externas, incluindo matéria orgânica de origem animal ou vegetal, poeiras minerais vindas
da atmosfera e sais minerais trazidos por fluxo ascendente de soluções, (iii) translocação de
matéria, isto é, remobilização através dos fluxos de soluções no interior do perfil
(movimentos verticais e laterais) ou pela ação da fauna e (iv) transformação de matéria, em
contato com os produtos da decomposição da matéria vegetal e animal.

Há muita variação de terreno a terreno dos elementos do solo, mas basicamente


existem quatro camadas principais:

A primeira camada é rica em húmus, detritos de origem orgânica. Essa


camada é chamada de camada fértil. Ela é a melhor para o plantio, e é nessa
camada que as plantas encontram alguns sais minerais e água para se
desenvolver.

A outra camada é a camada dos sais minerais. Ela é dividida em três partes:

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o A primeira parte é a do calcário. Corresponde á 7 a 10% dessa
camada.

o A segunda parte é a da argila, formada geralmente por caulinita,


caulim e sedimentos de feldspato. Corresponde a 20 a 30% dessa
camada.

o A última parte é a da areia. Esta camada é muito permeável e existem


espaços entre as partículas da areia, permitindo que entre ar e água
com mais facilidade. Esta parte corresponde a 60 a 70% da camada.

A terceira camada é a das rochas parcialmente decompostas. Depois de se


decomporem totalmente, pela ação da erosão e agentes geológicos, essas
rochas podem virar sedimentos.

A quarta camada é a de rochas que estão inicialmente começando a se


decompor. Essas rochas podem ser chamadas de rocha matriz.

3- CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Os solos encontrados na superfície da terra apresentam grande diversidade em


função das diferentes combinações de seus fatores de formação. Para a realização da
cartografia dos solos, etapa essencial e necessária para sua correta utilização nos diferentes
domínios de aplicação, é de fundamental importância sua classificação.

Classificar um solo, entretanto, não é uma tarefa fácil, pois eles formam um meio
contínuo ao longo do relevo, sendo que a passagem lateral de um tipo ao outro se faz de
forma gradual, o que dificulta em muito a colocação de um limite entre os vários tipos.

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A classificação dos solos pode ser feita segundo diferentes critérios. A ênfase na
utilização de critérios genéticos, morfológicos, e morfogenéticos varia de país para país o
que da origem a diferentes classificações pedológicas. São bastante conhecidas a
classificação francesa, largamente utilizada para cartografar os solos tropicais da África, a
classificação adotada pela FAO (Food and Agricultural Organization) na sistematização da
carta mundial de solos, e a classificação portuguesa, também largamente utilizada na
África. Entretanto, sem duvida, a classificação mais difundida é a “Soil Taxonomy”,
desenvolvida nos EUA, q considera 12 ordens de solos, subdivididos em sub-ordens,
grandes grupos, grupos, famílias e series.

3.1 - CLASSIFICAÇÃO NORTE-AMEICANA

1. Alfissolo: Solo de florestas decíduas, de cor marrom, relativamente fértil,


rico em alumínio e ferro;

2. Aridissolo: Solo de regiões secas,de cor pálida, arenoso, com pouca matéria
orgânica;

3. Entissolo: Solo jovem de regiões secas ou frias, com cores pálidas e matéria
orgânica;

4. Histossolo: Turfa orgânica muito jovem, de cor escura e frequentemente


ácida;

5. Inseptissolo: Solo jovem de regiões árticas e montanhosas, formado por


material fracamente intemperizado;

6. Molissolo: Solo escuro e macio, formado sob gramíneas, com alto conteúdo
em matéria orgânica;

7. Oxissolo: Solo de regiões tropicais úmidas, altamente intemperizado, ácido


e pouco fértil (equivalente ao latossolo);

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8. Espodossolo: Solo jovem, ácido, das florestas de coníferas,coberto por uma
camada pálida acinzentada;

9. Ultissolo: Solo velho, pobre em nutrientes, de regiões montanhosas e outras


áreas altamente intemperizadas;

10. Vertissolo: Solo de idade intermediária com argilas expansivas.

3.2 - CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS UTILIZADOS PELA EMBRAPA

1. Neossolo: Solo pouco evoluído, com ausência de horizonte B. Predominam


as características herdadas do material original;

2. Vertissolo: Solo com desenvolvimento restrito, apresenta expansão e


contração pela presença de argilas 2:1 expansivas;

3. Cambissolo: Solo pouco desenvolvido, com horizonte B incipiente;

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4. Chernossolo: Solo com desenvolvimento médio, atuação de processos de
bissialitização, podendo ou não apresentar acumulação de carbonato de
cálcio;

5. Luvissolo: Solo com horizonte B de acumulação (B textural), formado por


argila de atividade alta (bissiatilizaçao) ; horizonte superior lixiviado;

6. Alissolo: Solo com horizonte B textural, com alto conteúdo de alumínio


extraível; solo acido;

7. Argissolo: Solo bem evoluído, argiloso, apresentando mobilização de argila


da parte mais superficial;

8. Nitossolo: Solo bem evoluído (argila caulinita – oxi-hidróxidos), fortemente


estruturado (estrutura em blocos), apresentando superfícies brilhantes
(cerosidades);

9. Latossolo: Solo altamente evoluído, laterizado, rico em argilominerais 1:1


oxi-hidróxidos de ferro alumínio;

10. Espodossolo: Solo evidenciando a atuação do processo de podzolização;


forte eluviação de compostos aluminosos, com ou se ferro; presença de
húmus ácido;

11. Planossolo: Solo com forte perda de argila na parte superficial e


concentração intensa de argila no horizonte subsuperficial;

12. Plintossolo: Solo com expressiva plinitizaçao (segregação e concentração


localizada de ferro);

13. Gleissolo: Solo hidromórfilico (saturado em água), rico em matéria


orgânica, apresentando intensa redução dos compostos de ferro;

13
14. Organossolo: Solo essencialmente orgânico; material original constitui o
próprio solo.

A classificação é importante e essencial para a cartografia do solo, pois permite


estabelecer correlações entre solos encontrados em diferentes regiões do globo. No mapa de
classificação dos solos traçado com base na classificação norte-americana fica evidente q a
distribuição dos solos é zonal, em função da latitude e da altitude, estando relacionada,
portanto, ao clima e a vegetação.

Solos Tropicais

Nas regiões tropicais, como é o caso do Brasil, cada tipo de solo possui
propriedades físicas, químicas e morfológicas especificas,mas seu conjunto apresenta um
certo numero de atributos comuns como, por exemplo, composição mineralógica simples
(quartzo, caulinita, oxi-hidróxidos de ferro e de alumínio), grande espessura e horizonte
com cores dominantemente amarelas ou vermelhas.

Em função dos processos genéticos e do longo tempo envolvido na sua formação, os


solos tropicais são geralmente empobrecidos quimicamente, como reflexo de uma
composição dominada por minerais desprovidos dos elementos mais solúveis. São solos de
mais baixa fertilidade, quando comparados com os solos de clima temperado, ricos em
argilominerais capazes de reter os elementos químicos necessários ao metabolismo vegetal.

Os solos minerais apresentam ecossistemas frágeis, extremamente vulneráveis às


ações antrópicas, e que sofrem de forma acentuada os efeitos de uma utilização que se da
por técnicas de manejo não adequadas. A degradação dos solos tropicais, que pode levá-los
a destruição, é um dos mais importantes problemas ambientas que a humanidade terá de
enfrentar neste século.

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4- A IMPORTÂNCIA DO SOLO E DE SUA PRESERVAÇÃO

Pela sua importância na manutenção da vida no planeta, o solo é considerado


patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas (ONU). O solo
desempenha uma grande variedade de funções vitais, de caráter ambiental, ecológico, social
e econômico, constituindo um importante elemento paisagístico,patrimonial e físico para o
desenvolvimento de infra-estruturas e atividades humanas.

O Solo é, sem dúvida, o recurso natural mais importante de um país, pois é dele que
derivam os produtos para alimentar sua população. Plantas clorofiladas precisam de energia
solar, gás carbônico, água e macro e micro nutrientes. E tanto a água como os nutrientes,
com raras exceções,só podem ser fornecidos através do solo, que assim funciona como
mediador,principalmente dos fluxos de água entre a hidrosfera,litosfera,biosfera e
atmosfera.Com isso,pode-se afirmar que ele muito influencia a qualidade da água que
usamos.

Do solo, também pode ser retirado material de construção de estradas, barragens de


terra em açudes e casas. Influencia também a qualidade do ar ,principalmente quando dele
poeiras são levadas à atmosfera, e muitas vezes serve para receber e processar dejetos,como
o lixo das cidades.

O solo é o habitat de vários seres vivos, com padrões genéticos únicos, onde se
encontra a maior quantidade e variedade de organismos vivos, que servem de reservatórios
de nutrientes. Um grama de solo em boas condições pode conter 600 milhões de bactérias
pertencentes a 15000 ou 20000 mil espécies diferentes.

A atividade biológica, dependente da quantidade de matéria orgânica presente no


solo, elimina agentes patogênicos, decompõe a matéria orgânica e outros poluentes em
componentes mais simples (freqüentemente menos nocivos) e contribui para a manutenção
das propriedades físicas e bioquímicas necessárias para a fertilidade e estrutura dos solos.

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As raízes dos vegetais penetram no solo, que lhes proporcionam suporte para manter
caules fixos e eretos. Dele elas extraem água e nutrientes. As plantas, além de consumirem
água,oxigênio e gás carbônico,retiram do solo quinze elementos essenciais à vida. Desses,
seis são absorvidos em grandes quantidades, designados macronutrientes, compreendendo:
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre. Os outros nove, igualmente
essenciais, mas usados em quantidades muito pequenas, são denominados micronutrientes.
Eles são: boro, cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio, níquel, cobalto e zinco. E todos
esses elementos são muito importantes para a alimentação humana.

Por ser um recurso finito e não renovável, podendo levar milhares de anos para
tornar-se terra produtiva, o solo, uma vez destruído, na escala de tempo de algumas
gerações, desaparece para sempre. Por tudo isso, o solo deve ser preservado e usado
adequadamente.

5- PROBLEMAS DO SOLO

A vida dos homens e animais domésticos está condicionada aos elementos


indispensáveis à subsistência. O meio ambiente em que vivem deve ter ar puro, para
atender a uma das funções orgânicas básicas - a respiração; água potável , para satisfazer às
necessidades hídricas, e alimentos com boa qualidade e em quantidades suficientes. A fonte
fornecedora desse combustível, que faz a máquina-homem ou animal viver, caminhar e
exercer outras atividades, como já foi visto anteriormente, é o solo. É desse elemento que o
homem retira direta ou indiretamente o seu alimento. O solo deve ser fértil, para atender às
demandas da população, em quantidade e qualidade. Se o solo for deficiente em um
elemento químico, as plantas nele cultivadas serão carentes nessa qualidade.

Quando o homem deixou de ser nômade, sentiu necessidade de prover sua


subsistência e da família. Ao retirar a manta vegetal que cobria o terreno para, em seu
lugar, realizar uma exploração, o homem expõe o solo à ação direta da água da chuva e/ou

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vento que, pela ação erosiva provoca o seu desgaste, portanto, a perda de nutrientes
indispensáveis às culturas. Este processo é denominado erosão.

5.1- EROSÃO.

A erosão é um processo natural de desagregação, decomposição, transporte e


deposição de materiais de rochas e solos que vem agindo sobre a superfície terrestre desde
os seus princípios. Contudo, a ação humana sobre o meio ambiente contribui
exageradamente para a aceleração do processo, trazendo como conseqüências, a perda de
solos férteis, a poluição da água, o assoreamento dos cursos d'água e reservatórios e a
degradação e redução da produtividade global dos ecossistemas terrestres e aquáticos.

Entende-se por erosão o processo de desagregação e remoção de partículas do solo


ou fragmentos de rocha, pela ação combinada da gravidade com a água, vento, gelo ou
organismos (IPT, 1986).

Os processos erosivos são condicionados basicamente por alterações do meio


ambiente, provocadas pelo uso do solo nas suas várias formas, desde o desmatamento e a
agricultura, até obras urbanas e viárias, que, de alguma forma, propiciam a concentração
das águas de escoamento superficial.

Segundo OLIVEIRA et al (1987), este fenômeno de erosão vem acarretando,


através da degradação dos solos e, por conseqüência, das águas, um pesado ônus à
sociedade, pois além de danos ambientais irreversíveis, produz também prejuízos
econômicos e sociais, diminuindo a produtividade agrícola, provocando a redução da
produção de energia elétrica e do volume de água para abastecimento urbano devido ao
assoreamento de reservatórios, além de uma série de transtornos aos demais setores
produtivos da economia.

A quebra do equilíbrio natural entre o solo e o ambiente (remoção da vegetação),


muitas vezes promovida e acelerada pelo homem conforme já exposto, expõe o solo a
formas menos perceptíveis de erosão, que promovem a remoção da camada superficial

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deixando o subsolo (geralmente de menor resistência) sujeito à intensa remoção de
partículas, o que culmina com o surgimento de voçorocas (SILVA, 1990).

Quando as voçorocas não são controladas ou estabilizadas, além de inutilizar áreas


aptas à agricultura, podem ameaçar obras viárias, áreas urbanas, assorear rios, lagos e
reservatórios, comprometendo por exemplo o abastecimento das cidades, projetos de
irrigação e até a geração de energia elétrica.

Torna-se, portanto, importante, a identificação das áreas cujos solos sejam


suscetíveis a esse tipo de erosão, sobretudo, em regiões onde não existem planos de
conservação (PARZANESE, G.A.C., 1991), bem como o estudo dos fatores e processos
que possam agravar este fenômeno, visando a obtenção de uma metodologia de controle do
mesmo.

VASCONCELOS SOBRINHO
(1978), considera que existe uma
corrida entre a explosão demográfica e
o desgaste das terras, operando em
sentido oposto, porém somando-se os
efeitos, pois, como conseqüência da
própria explosão demográfica, a
pressão populacional sobre as áreas já
ocupadas, conduzem-nas à
deterioração cada vez mais rápida.

5.2 – CAUSAS DO PEPAUPERAMENTO DO SOLO

Quando desprovido de sua vegetação natural, o solo fica exposto a uma série de
fatores que tendem a depauperá-lo (destruí-lo; esgotá-lo). A velocidade com que este
depauperamento se processa varia com as suas características, com o tipo de clima e com os
aspectos da topografia. O desgaste acelerado sempre existirá se o agricultor não tiver o
devido cuidado de combater causas, relacionadas a vários processos, tais como:

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Empobrecimento químico e lixiviação provocado pelo esgotamento
causado pelas colheita e pela lavagem vertical de nutrientes da água que se
infiltra no solo, bem como pela retirada de elementos nutritivos com as
colheitas. Os nutrientes retirados, quando não repostos, são comumente
substituídos por elementos tóxicos.

Erosão hídrica é a remoção e transporte de horizontes superiores do solo


pela água. Inicia-se com o salpico de gotas de chuva diretamente sobre a
superfície desprotegida (recém-revolvida, por exemplo) e continua com a
formação de enxurradas que formam sulcos de diversas proporções.

Erosão eólica é a remoção e deposição do solo pelo vento, formando


grandes nuvens de poeira.

Excesso de sais ou salinização é o processo de acúmulo, em excesso, de


sais na solução do solo prejudicando, ou mesmo impedindo, o
desenvolvimento da vegetação.

Degradação física é a mudança adversa em atributos físicos, tais como


porosidade, permeabilidade e densidade. Uma forma comum é a formação
de uma camada compactada, com cerca de 10 a 30 cm, imediatamente
abaixo do horizonte Ap, ocasionada pela fricção e implementos agrícola
(popularmente denominado “piso do arado” ou “pé de grade”).

Degradação biológica é o grande aumento da taxa de decomposição do


húmus, quando não há reposição do mesmo.

5.3- EMPOBRECIMENTO QUÍMICO E LIXIVIAÇÃO COMO CAUSAS DA


EROSÃO

A água da chuva, ao entrar em contato com substâncias presentes na camada


superficial dos solos, carrega-as consigo na forma dissolvida (solutos) em direção às

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regiões mais profundas do solo, geralmente, rumo à água subterrânea (aqüífero freático).
Esse processo de transporte de solutos (que podem ser nutrientes, poluentes, e outras
substâncias dissolvidas) rumo às camadas mais profundas do solo é denominado lixiviação.

Na área ambiental esse conceito é de suma importância uma vez que permite que
substâncias adicionadas na superfície do solo, possam, por meio do transporte realizado
pela água, atingir camadas mais profundas do solo ou mesmo atingir a água subterrânea
como previamente mencionado. Em processos químicos, lixiviação pode significar também
dissolução do mineral do metal de valor de um minério pela água ou por uma solução
aquosa do agente lixiviante.

5.4- EROSÃO HÍDRICA

Para o ano de 2001, calculou-se que cerca de um bilhão de toneladas de materiais


dos solos agrícolas foram transportados pelas enxurradas, o que representa um grande
prejuízo ecológico e econômico. Essa erosão acelerada é uma das principais causas do
depauperamento dos solos, e pode ser tecnicamente definida como a remoção seletiva de
partículas do solo das partes mais altas, pela ação das águas das chuvas ou dos ventos e o
transporte e deposição dessas partículas para as terras mais baixas ou para o fundo dos
lagos, rios e oceanos.

No Brasil, a erosão hídrica (ou


causada pelas águas) é a mais importante.
Ela se processas em duas fases distintas:
desagregação e transporte. A desagregação
é ocasionada tanto pelo impacto direto ao
solo das gotas de chuva como pelas águas
que escorrem na sua superfície. Em ambos os casos é uma intensa forma de energia que
desagrega e arrasta o solo, que é a energia cinética ou energia do movimento e sabe-se que
é proporcional ao peso (ou massa) do que está se movendo (água e/ou partículas do solo) e
ao quadrado da velocidade:

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Ec = m . V2 / 2

As gotas e chuva atingem a superfície com uma velocidade de 5 a 15 Km/hora,


enquanto a água das enxurradas tem velocidade bem menor usualmente não maior a 1
Km/hora. O primeiro passo para a erosão é, portanto, o impacto direto das gotas de chuva, o
que provoca forte desagregação das partículas de solo desprovido de vegetação. Se a
superfície do solo está revestida com mata, a copa das árvores absorve maior parte da
energia cinética das gotas das chuvas e o manto das folhas sobre o solo amortece o restante
do impacto, advindo do segundo trajeto, das copas até a superfície do terreno.

Grande quantidade de solo pode ser removida desde que suas partículas estejam
desagregadas e suspensas nas águas das enxurradas, porque isto as torna suscetíveis de
serem transportadas. A facilidade com que uma partícula e transportada depende de seu
tamanho: a argila, o silte e a matéria orgânica são as mais facilmente carregadas pelas águas
devido ao pequeno peso e dimensão de suas partículas.

5.4.1- Tipos de Erosão Hídrica

Quando a água originada da chuva chega a escorrer sobre a superfície, forma a


enxurrada, que pode desgastar o solo de formas diversas, dependendo da maior ou menor
suscetibilidade à erosão do horizonte por sobre o qual escoa. Três tipos principais de erosão
hídrica são conhecidos: superficial, também denominada laminar, em sulcos e em
voçorocas ou ravinas.

Erosão laminar, ou lavagem superficial, é a uniforme remoção de uma delgada


camada superior de todo terreno. Ao colidirem com a superfície do solo desnudo, as gotas
de chuva rompem os agregados, reduzindo-os a partículas menores, possíveis de serem
arrastadas pela força das enxurradas. Este tipo de desgaste é constatado em certos terrenos,
mesmo quando possuem inclinações pequenas. Alguns agricultores e pecuaristas não o
percebem, considerando natural essa remoça de finas lâminas de solo. Se medidas de
controle da enxurrada não forem adotadas pelo agricultor, esta ação erosiva, continuando a
atuar, provoca o aparecimento de sulcos.

21
A erosão em sulcos resulta de irregularidades na superfície do solo devido à
concentração da enxurrada em determinados locais. Em algumas encostas, a água que
escorre de pequenos sulcos converge para outros, mais acentuados. Concentrando-se, após
um ano, nos mesmos sulcos, estes vão se ampliando, até formarem grandes cavidades
ramificadas. Quando os sulcos são desfeitos com a passagem de máquinas agrícolas de
reparo rotineiro, são denominados rasos. Se o preparo do solo não os desfaz, denominam-se
sulcos profundos.

a) Evolução do processo erosivo, passando

de sulcos para voçoroca.

b) Exemplos de área onde sulcos rasos e

profundos foram escavados pela erosão

hídrica.

Se desde seu inicio a enxurrada não for controlada, os sulcos irão se aprofundar. O
escoamento da água superficial, bem como da subterrânea que desgasta o subsolo, pode
então vir a transformá-los em voçorocas (ou boçorocas), que são as formas espetaculares de
erosão, apresentando-se como “rasgos” disseminados nas encostas. Tais feições cortando as

22
vertentes, atingindo o horizonte C dos solos, podem atingir profundidades de vários metros,
paredes quase verticais e fundo plano. Esse tipo de erosão indica a perda total do solo,
destruindo campos cultivados e, por vezes, áreas urbanas.

Os sulcos e as voçorocas
dificultam ou mesmo impedem o
trabalho das máquinas agrícolas. A
evolução dos sulcos para as
voçorocas é normalmente causada
por aradura, semeadura e cultivo
alinhados no sentido morro abaixo,
que facilita o arraste do solo.
Também a pecuária, com animais
trilhando em direção da maior
inclinação da encosta, e estradas
mal planejadas podem concorrer para a formação das voçorocas.

5.4.2- Fatores que Afetam a Erosão Hídrica

A maior ou menor suscetibilidade de um terreno à erosão pela água depende de uma


série de fatores, dos quais quatro são considerados como principais: clima da região, tipo de
solo, declividade e manejo do solo.

Clima

Os fatores mais importantes do clima com respeito à erosão são a distribuição, a


quantidade e a intensidade das chuvas. Se o solo está sendo cultivado, fica mais
desprotegido, principalmente por ocasião da semeadura, quando recém-revolvido em época
coincidente com chuvas mais intensas porque aí sua superfície encontra-se recém-
revolvida.

23
A intensidade das chuvas é igualmente importante. Quando caem mansamente, sob
a forma de pequenas gotas, durante um período de várias horas, como as garoas, têm mais
tempo para serem totalmente absorvidas e raramente causam grandes estragos. Por outro
lado se essa mesma quantidade de chuva cai rapidamente em forma de aguaceiros, em
alguns minutos formará grandes enxurradas e poderá provocar grandes erosões.

Natureza do Solo

Certos solos são mais suscetíveis à erosão do que outros, de acordo com as suas
características físicas, notadamente textura, permeabilidade e profundidade. Solos de
textura arenosa são os mais facilmente erodidos. A permeabilidade é outro fator importante.
Os Argissolos, por exemplo, em igualdade de textura e relevo, são mais suscetíveis de
serem erodidos que os Latossolos, já que são menos permeáveis devido à presença de
horizonte B mais compacto, com acumulação de argila. Da mesma forma, solos rasos são
mais erodíveis que os profundos, porque neles a água da chuva acumula-se acima da rocha
ou camada adensada, que é impermeável, encharcando mais rapidamente o solo, o que
facilita o escoamento superficial e, conseqüentemente, o arraste do horizonte superficial.

Além da textura, permeabilidade e profundidade, o grau de fertilidade do solo


também influi na sua maior ou menor erodibilidade. Um bom desenvolvimento das plantas
propicia uma melhor proteção. Um solo naturalmente mais fértil, ou adequadamente
adubado, oferece condições para um desenvolvimento mais vigoroso das plantas e este fica
menos suscetível a erosão.

Declividade do Terreno

A declividade, ou grau de inclinação do terreno, muito influencia na concentração,


dispersão e velocidade da enxurrada e, em conseqüência, no maior ou menor arrastamento
superficial das partículas do solo. Nos terrenos planos, ou apenas levemente inclinados, a
água escoa com pequena velocidade e, além de possuir menos energia, tem mais tempo
para infiltrar-se, ao passo que, nos terrenos muito inclinados, a resistência ao escoamento

24
das águas e menor e, por isso, elas atingem maior velocidade. As regiões montanhosas são,
portanto, as mais suscetíveis à erosão hídrica.

Manejo do Solo

O modo como a terra é manejada, ou seja se está ou não recoberta de vegetação,


bem como o sistema de cultivo, são também fatores importantes para condicionar uma
maior ou menor mobilidade dos solos. Solos completamente cobertos com vegetação estão
em condições ideais para resistir à erosão e absorver a água das chuvas, portanto, se em
todo sistema de cultivos tradicional fosse substituído por reflorestamento, ou pelo sistema
de plantio direto, o problema de erosão seria mínimo. Com o recobrimento do terreno por
uma densa camada de vegetação, ou por resíduos de cultivos anteriores, o impacto direto
das gotas das chuvas sobre a superfície do solo é evitado, bem como aumenta a absorção da
água. Além disso, as raízes, ao se entrelaçarem, seguram mais o solo.

A desagregação e o transporte de partículas podem variar de acordo com o sistema


de cultivo do solo, o qual torna o solo mais suscetível à erosão que outro. Os solos com
culturas anuais (como milho, algodão e soja) estão mais expostos à erosão que os
cultivados por plantas perenes (como a seringueira, a laranjeira e o cafeeiro) ou
semiperenes (como a cana-de-açúcar).

25
A forma com que os cultivos são estabelecidos também influi muito. Em qualquer
tipo de agricultura e pecuária existe uma série de precauções que devem ser observadas
para proteger o solo, e são denominadas práticas conservacionistas.

6- USO DE FERTILIZANTES E DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

6.1- FERTILIZANTES OU ADUBOS

Desde que o homem começou a praticar a agricultura de maneira contínua e sistemática,


percebeu que para melhorar o rendimento de suas terras era preciso acrescentar-lhes certas
substâncias. Os primeiros produtos usados como fertilizante foram os excrementos animais, a cinza
vegetal oriunda da queima de plantas e o lodo de rios, lagos e pântanos.

Adubo ou fertilizante é toda substância natural, ou obtida industrialmente, usada para


fornecer um ou mais nutrientes de que o solo é pobre e as plantas necessitam para crescer com vigor
e dar melhores colheitas. A adubação aumenta o rendimento das plantas quando se usa o adubo certo
na quantidade adequada, no momento e da maneira indicados, sempre que não houver outro fator
limitante (falta ou excesso de água, más condições de temperatura, práticas culturais defeituosas,
incidência de pragas e doenças, variedades não produtivas). A indústria dos chamados adubos
minerais iniciou-se a partir de meados do século XIX, depois que Justus Von Liebig formulou a
teoria de que as plantas se alimentam de minerais que o solo fornece.

Existem diversos tipos de Fertilizantes, que são classificados de acordo com sua composição
e características físicas e químicas.

6.1.1- Características Físicas

- Granulados;

- Farelados - Grosso e Fino;

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- Pós;

- Líquidos;

- Encapsulados - Liberação Lenta ou Controlada;

- Sais Hidrossolúveis - Solúveis em água.

6.1.2- Composições

- Mineral;

- Orgânico;

- Organomineral.

6.1.3- Adubos Minerais

São extraídos de minas e transformados em indústrias químicas. São diretamente assimilados


pelas plantas ou sofrem apenas pequenas transformações no solo para serem absorvidos. Podem
conter apenas um elemento ou mais de um. Os principais elementos fertilizantes são: nitrogênio (N),
fósforo (P) e potássio (K). Existem também os micronutrientes como bórax (Na2B4O7·10H2O),
sulfato de zinco (ZnSO4) dentre outros que podem ser agregados nos fertilizantes.

Tipos de Adubos Minerais:

1. Adubos Nitrogenados;

2. Adubos fosfatados;

3. Adubos potássicos;

27
4. Adubos mistos : contém mais de um elemento nutritivo predominante (nitrogênio,
fósforo e potássio);

5. Adubos calcários (ou corretivos);

Alguns Exemplos de Adubos Minerais:

Nitrogenados:

1. Sulfato de amônia ( (NH4)2SO4) : 20% de nitrogênio na forma amoniacal, tende a


acidificar o solo;

2. Nitrato de amônia (NH4(NO3) ) : 35% de nitrogênio sendo metade na forma


amoniacal e metade em forma nítrica. Tem apenas metade da acidez do sulfato de
amônia, contudo é ácido;

3. Nitrato de cálcio (Ca(NO3) ) : O nitrogênio encontra-se na forma nítrica. É adubo


neutro;

4. Uréia (CO(NH2) ) : 45% de nitrogênio. Como sofre transformações antes de chegar


ao estado nítrico, tem acção lenta, contudo é resistente a lixiviação, e é usado
preferencialmente no plantio.

Fosfatados:

1. Fosfatados minerais : Encontrado em jazidas, são conhecidas por apatitas, fosforitas,


cuprolita, dependendo da natureza;

2. Ossos moídos;

3. Guanos.

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6.1.4- Adubos orgânicos:

São resíduos animais ou vegetais, sendo de ação mais lenta que os minerais, visto que
necessitam transformações maiores antes de serem utilizados pelos vegetais. Promove o
desenvolvimento da flora microbiana(O conjunto de bactérias que existem normalmente em
determinada parte do organismo) e por conseqüência melhoram as condições físicas do solo; assim,
a presença de matéria orgânica acelera a atuação dos adubos químicos.

Alguns exemplos de Adubos Orgânicos:

1. Esterco de curral : para melhor aproveitamento dos fertilizantes contidos nesse adubo,
faz-se necessário que o adubo seja curtido, geralmente por trinta dias sob condições
especiais;

2. Resíduos de matadouros : são ossos, sangue seco ou farinha de sangue (extraído os


ossos e gordura em tanques a pressão), chifres e cascos;

3. Resíduos oleaginosos : são subprodutos da indústria de óleos;

4. Vinhaça : são subprodutos das usinas após a destilação do álcool. Apesar de ser
solução ácida, produz efeito alcalinizante.

5. Resíduo de filtro prensa : é subproduto da usina de açúcar.

6. Adubo verde – São cultivos que se praticam para serem enterrados no solo.
Geralmente leguminosas de enraizamento mais profundo. Num solo sem fertilidade
pelo uso excessivo e muito afetado pela erosão, às vezes, só pega no segundo ano,
assim é recomendado, nesses casos, sementes inoculadas com bactérias fixadoras de
nitrogênio.

29
6.1.5- Adubos Organominerais:

O adubo organomineral é um fertilizante da mistura ou combinação de fertilizantes minerais


e orgânicos. Um adubo orgânico enriquecido com nutrientes minerais fornecidos por fertilizantes
minerais mais conhecidos como "adubos químicos". Uma adubação correta com fertilizantes
organomineral aumenta as safras dando retorno econômico.

Vantagens no uso de adubos organominerais:

1. Evita a inibição na absorção do micro nutriente;

2. Contém diversos nutrientes naturais;

3. Aumento e estabilidade da população microbiana do solo;

4. Melhora a estrutura do solo;

5. Retenção de umidade no solo;

6. A matéria orgânica transforma-se em Humo, e Humo transforma-se em Coloide que é


a parte mínima que a planta absorve.

7. Menor custo na adubação;

8. Maior rentabilidade nas culturas Maior estabilidade mineral Melhora o equilíbrio


ecológico.

Os adubos podem provocar acidez ou alcalinidade no solo. A mistura de alguns fertilizantes


é conveniente, dependendo do tipo de solo, do seu pH e do que se cultivará.

Adubos Ácidos - Nitrato de amônia, uréia, sulfato de amônia, fosfato de amônia, amônia
anidra e sangue seco.

30
Adubos Alcalinos – Nitrato de sódio do Chile, calcáreo dolomítico, nitrato de cal,
cianamida, nitrato chileno potássico.

Adubos Neutros – nitrocal, superfosfato, cloreto de potássio.

6.2- DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Defensivos Agrícolas são substâncias químicas ou misturas, naturais ou sintéticas, usadas para
eliminar pragas da lavoura, como fungos, insetos, plantas, bactérias e vírus. Muito criticadas como
nocivas ao homem e ao meio ambiente.

O combate às pragas da lavoura, indispensável para assegurar a integridade das colheitas, pode
acarretar efeitos negativos quando realizado com emprego inadequado de defensivos agrícolas. Entre
as piores conseqüências do uso desses produtos se enumeram a agressão ao meio ambiente, a
contaminação de alimentos, prejuízos para a saúde de quem os manipula e a imunização progressiva
aos agrotóxicos dos seres vivos que se pretende eliminar, o que acaba por exigir o emprego de drogas
cada vez mais potentes e em quantidades maiores.

Histórico:

Já no neolítico, cerca de 7.000 anos a.C., procedia-se à seleção de sementes de plantas mais
resistentes às pragas agrícolas. Os profetas do Antigo Testamento mencionam nuvens de gafanhotos
que destruíam lavouras inteiras, como a que se abateu sobre as margens do Nilo no século XIII a.C..
Mas somente a partir dos séculos XVI e XVII começaram os estudos científicos das pragas e dos
meios de combatê-las. O primeiro combate em larga escala a obter sucesso foi o realizado na Europa,
na década de 1840, contra o míldio, fungo que ataca os brotos das videiras.
Em 1942, o patologista suíço Paul Müller descobriu as propriedades inseticidas de um composto
organoclorado já sintetizado em 1874, e que passou a ser conhecido como DDT. Pesquisas com gases
venenosos, realizadas pelos alemães durante a segunda guerra mundial, levaram à descoberta de
inseticidas ainda mais poderosos, os compostos organofosforados. Data daí a ilusão de que se poderia
usar inseticidas cada vez mais enérgicos e deter para sempre o avanço das pragas. Na verdade, não se
levou em conta a possibilidade das pragas desenvolverem defesas naturais ( e a cada ano aumenta o

31
número de pragas resistentes a todos os defensivos conhecidos) e os danos ao meio ambiente, que
acabam por afetar o homem.

Os defensivos agrícolas enquadram-se em várias categorias:

Germicidas: são substâncias químicas suficientemente fortes para matar os germes por
contato.

Fungicidas: são produtos especialmente ativos, que destroem os fungos ou impedem seu
crescimento, os fungicidas são aplicados nas folhas e frutos em crescimento, nas frutas colhidas, nas
sementes e no próprio terreno a ser cultivado. A aplicação é feita principalmente por aspersão, em
máquinas geralmente puxadas por trator.

Herbicidas: combatem as ervas daninhas que brotam no meio de certas culturas e prejudicam
seu desenvolvimento;

Raticidas: combatem ratos;

Formicidas: combatem formigas;

Cupinicidas: combatem cupins.

Os defensivos agem por:

- Contato;

- Envenenamento;

- Asfixia.

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Podem ser de origem:

Vegetal:

Ex: alcalóides de veratrina, anabasina, nicotina e nornicotina, piretrinas, rianodina e rotenona.

Animal:

Ex: toxinas elaboradas pelo Bacillus thuringiensis.

Mineral:

Ex: cloretos de mercúrio, arseniatos de chumbo, de cálcio, de sódio, e de alumínio,


acetoarsenito de cobre, arsenito de sódio e de bário, criolita e selênio.

Produtos orgânicos de síntese:

Ex:

- organoalogenados (DDT, BHC, lindano, clordane, heptacloro, aldrin, dieldrin, endrin etc.);

- organofosforados (azinfos, malation, paration, forato, oxidemetonmetilo etc.);

- sulfonas e sulfonatos (tetrasul, tetradifon, fenizon etc.);

- carbamatos (carbaril, isolane etc.).

Aplicam-se geralmente por pulverização por meio de equipamento apropriado, desde


pequenas bombas manuais até grandes aspersores utilizados em aviões, que cobrem grandes
plantações. Os defensivos de contato são usados contra insetos transmissores de doenças infecciosas.
Para tratamento em grande escala, nuvens de DDT são lançadas de avião. O DDT também é usado
como inseticida doméstico, assim como a popular naftalina.

33
Cuidados

A utilização de determinados produtos tem evitado a propagação de parasitas perigosos e


favorecido o combate a portadores de endemias sérias como a malária. No entanto, como seus efeitos
não podem ser circunscritos à área de aplicação, devem ser aplicados com orientação técnica.

Às vezes o homem, na ânsia de solucionar o problema, desequilibra sistemas biológicos


inteiros e acaba agravando situações que pretendia remediar. Os defensivos podem destruir
conjuntamente pragas e insetos benéficos, sobretudo devido à tendência de se tornarem mais
resistentes os nocivos. Um fato ocorrido no Brasil, na década de 1980, veio comprovar esse risco.
Os resíduos de defensivos também provocam contaminação em nível planetário, como se verificou
na Antártica, onde foram detectados vestígios de DDT em focas e pingüins. Os compostos
organoclorados também têm efeito altamente prejudicial sobre animais, mesmo quando o contato
não é direto. Em certos lagos dos Estados Unidos, a reprodução de trutas cessou por completo e a
mortalidade entre alevinos atingiu níveis de cem por cento. Os organoclorados agem sobre o sistema
nervoso e modificam atividades metabólicas, podendo assim favorecer a proliferação do câncer.

7- ALTERNATIVAS PARA AMENIZAR OS IMPACTOS SOBRE O SOLO

O solo funciona como alicerce da vida terrestre. Os micro e macro nutrientes, assim
como boa porção da água que plantas necessitam, estão nos solos. Sua deterioração traduz-
se em menor produtividade, em maiores custos para a reforma de florestas plantadas, na
perda do habitat natural de outras espécies e na influência negativa sobre áreas distantes,
causada pelo arrasto de material pela água.

Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, destaca-se um


maior aproveitamento das águas das chuvas. Evitando-se perdas excessivas por escoamento
superficial, podem-se criar condições para que a água pluvial se infiltre no solo. Isto, além
de garantir o suprimento de água para as culturas, criações e comunidades, previne a
erosão, evita inundações e assoreamento dos rios, assim como abastece os lençóis freáticos
que alimentam os cursos de água.

34
Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamental para a
diminuição do impacto das gotas de chuva. Há redução da velocidade das águas que
escorrem sobre o terreno, possibilitando maior infiltração de água no solo e, diminuição do
carregamento das suas partículas.

7.1- PRÁTICAS VEGETATIVAS

1. Florestamento e reflorestamento;

2. Plantas de cobertura;

3. Cobertura morta;

4. Rotação de culturas;

5. Formação e manejo de pastagem;

6. Cultura em faixa;

7. Faixa de bordadura;

8. Quebra vento e bosque sombreador;

9. Cordão vegetativo permanente;

10. Manejo do mato e alternância de capinas.

7.2- PRÁTICAS EDÁFICAS

1. Cultivo de acordo com a capacidade de uso da terra;

2. Controle do fogo;

3. Adubação: verde, química, orgânica;

4. Calagem.

35
7.3- PRÁTICAS MECÂNICAS

1. Preparo do solo e plantio em nível;

2. Distribuição adequada dos caminhos;

3. Sulcos e camalhões em pastagens;

4. Enleiramento em contorno;

5. Terraceamento;

6. Subsolagem;

7. Irrigação e drenagem.

A escolha dos métodos / práticas de prevenção à erosão é feita em função dos


aspectos ambientais e sócio-econômicos de cada propriedade e região. Cada prática,
aplicada isoladamente, previne apenas de maneira parcial o problema. Para uma prevenção
adequada da erosão, faz-se necessária a adoção simultânea de um conjunto de práticas.

Há dois pontos que merecem um maior enfoque nesse trabalho, a prática mecânica
do terraceamento e a desgaste natural do solo pela erosão.

7.4- TERRACEAMENTO

Terraços são estruturas hidráulicas conservacionistas, compostas por um camalhão e


um canal, construídas transversalmente ao plano de declive do terreno. Essas estruturas
constituem barreiras ao livre fluxo da enxurrada, disciplinando-a mediante infiltração no
canal do terraço (terraços de absorção) ou condução para fora da lavoura (terraços de
drenagem). O objetivo fundamental do terraceamento é reduzir riscos de erosão hídrica e
proteger mananciais (rios, lagos, represas...).

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A determinação do espaçamento entre terraços está intimamente vinculada ao tipo
de solo, à declividade do terreno,
ao regime pluvial, ao manejo de
solo e de culturas e à modalidade
de exploração agrícola.

Experiências têm
demonstrado que o critério
comprimento crítico do declive
nem sempre é adequado para o
estabelecimento do espaçamento
entre terraços. Isso se justifica pelo fato de que a secção máxima do canal do terraço de
base larga, técnica e economicamente viável, é de aproximadamente 1,5 m2, área que
poderá mostrar-se insuficiente para o fim proposto quando o comprimento do declive for
demasiadamente longo. Do exposto, infere-se que a falha de resíduos culturais na superfície
do solo constitui apenas indicador prático para constatar presença de erosão hídrica e
identificar necessidade de implementação de prática conservacionista complementar à
cobertura do solo. Por sua vez, o dimensionamento da prática conservacionista a ser
estabelecida demanda o emprego de método específico.

No Japão, cerca de apenas 15% das terras são apropriadas para o cultivo. O sistema
de terraceamento é usado em várias partes do país, principalmente em pequenas áreas. Isto
resulta em um dos mais elevados níveis de produtividade por unidade no mundo. O
pequeno setor agrário do Japão, contudo, é muito subsidiado e protegido. Com exceção do
arroz, o Japão precisa importar cerca de 50% dos grãos consumidos e depende de
importações para seu suprimento de carne. Muitos lavradores adotam o sistema de
agricultura orgânica (sem agrotóxicos ou fertilizantes químicos) assim como utilizam
também técnicas para plantio em estufas, o que garante melhor aproveitamento da energia
solar.

37
7.5- A EROSÃO POSITIVA

A erosão nem sempre é negativa, uma vez que, muitos dos solos mais férteis em
deltas, planícies aluviais e depósitos de loess, são produtos da erosão ocorrida no passado,
tal como o são os nutrientes presentes nos oceanos. Contudo, quando a erosão eólica e
hídrica é acelerada devido a má gestão, origina-se uma preocupante degradação dos solos e
a diminuição da qualidade do ar e da água.

Para amenizar e/ou anular um processo erosivo pode-se utilizar algumas técnicas
que dificultam tais formações.

Não retirar coberturas vegetais de solos, principalmente de regiões


montanhosas;

Planejar qualquer tipo de construção (rodovias, prédios, hidrelétricas,


túneis, etc) para que não ocorra, no momento ou futuramente, o
deslocamento de terra;

Monitorar as mudanças que ocorrem no solo;

Realizar o reflorestamento de áreas devastadas, principalmente em regiões


de encosta.

8- SOLOS BRASILEIROS

Solos do Brasil

A primeira referência ao solo brasileiro foi feita por Pero Vaz de Caminha, escrivão
da frota de caravelas comandadas por Pedro Álvares Cabral. Essas observações foram
baseadas na visão dos afloramentos costeiros de sedimentos da Formação Barreiras e da
exuberante floresta úmida tropical (Mata Atlântica).

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Os solos começaram, pouco a pouco, a serem conhecidos pelos lavradores e
pecuaristas, os quais, às custas das próprias observações, verificaram a diversidade
existente no ambiente em que tentavam se estabelecer, principalmente no que dizia respeito
à duração da fertilidade natural com cultivos sucessivos.

Por algumas centenas de anos o processo de conhecer o solo foi baseado quase
exclusivamente na observação de alguns homens, que, pela observação mais acurada,
conseguiam distinguir terras de diversas qualidades.

No entanto, no início da segunda metade de nosso século, em decorrência do


aumento progressivo de nossa população, as chamadas “terras virgens” em muitas partes do
território brasileiro começaram a escassear. Por isso surgiu a necessidade do emprego de
tecnologia agrícola moderna, para produzir o máximo por unidade de área.

Essas condições impulsionaram várias das pesquisas aplicadas à agricultura,


incluindo os levantamentos pedológicos.

Solos da Amazônia

Esta região é uma das menos conhecidas, devido à pequena densidade de população
e dificuldade de acesso.

A exuberância das florestas equatoriais levou os primeiros exploradores a supor que


os solos eram naturalmente muito férteis. No entanto, hoje se sabe que a maior parte deles é
pobre em nutrientes e a pujança da vegetação está mais relacionada com a luminosidade,
temperatura e umidade constantemente elevadas. A maior parte dos nutrientes está contida
mais na própria floresta (ou biomassa).

No solo, pode existir apenas uma quantidade de nutrientes minerais (Ca, Mg, K, N,
etc.), pequenas mas suficientes para atender à “lei do mínimo” de Liebig, os quais estão
sempre em eficiente cicldagem, estabelecida com uma rápida decomposição dos restos
vegetais, liberação dos nutrientes minerais e reabsorção dos mesmos pelas raízes.

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Solos do Nordeste

A chamada Zona da Mata engloba uma faixa litorânea relativamente estreita, de


clima mais chuvoso desde o leste do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Em direção
ao interior existem relevos achatados denominados tabuleiros, seguidos ou entremeados de
colinas.

A sub-região do meio norte é uma área cuja paisagem vegetal apresenta muitas
palmáceas (zona dos cocais, onde predomina a palmeira de babaçu), tendo características
intermediárias para a região Amazônica.

O Sertão engloba uma área relativamente rebaixada em relação aos planaltos da


bacia do rio Paraíba (Maranhão e Piauí), da serra da Borborema (leste de Pernambuco e
Paraíba), Chapada Diamantina (Bahia) e das serras do Atlântico (sudeste da Bahia). Nessas
paragens semi-áridas os solos estão vinculados à vegetação do tipo caatinga em suas
diversas formas, a qual é constituída de arbustos e árvores e refletem as condições de clima
aí existente, com chuvas irregulares concentradas em somente quatro meses do ao e ar
muito quente.

Solos da Região Centro-Oeste

No Planalto Central, a paisagem dominante é de chapadas com vegetação arbustivas


dos cerrados e seus prolongamentos, ocorrendo também algumas áreas revestidas de
campos e mesmo algumas extensões que apresentam florestas. A topografia é variável, mas
dominam as áreas com declives suaves.

Constituem feições típicas, inseridas nessa sub-região, as veredas e as matas-


galerias. Seguindo a direção das nascentes dos rios destacam-se as veredas,
caracteristicamente ocupadas por palmeiras buritis, passando mais a juzante para matas
galerias, à medida que os vales alargam-se.

No sudoeste desta região,existe uma extensa área de relevo e clima diferentes das
zonas de cerrados, denominadas “pantanal mato-grossense”. O Pantanal é constituído por

40
uma região de clima com algumas semelhanças ao das paragens semi-áridas do Nordeste
brasileiro.

Contudo, o relevo é quase plano e em grande parte de seu território ocorrem


periódicas inundações ocasionadas por enchentes do rio Paraguai com seus afluentes, por
ser relativamente estreito seu leito e torna-se maior quando, mais ao sul, alcança as divisas
territoriais com a Argentina.

Solos da Região Sudeste

No complexo regional do Sudeste, encontra-se uma grande variedade de solos, em


virtude de ser uma zona de transição entre as regiões de clima semi-árido e úmido, e
também pela diversidade de relevo, vegetação e material de origem. Existem quatro
grandes áreas de solos: 1- região semi-árida (ou “polígono das secas”); 2- faixa litorânea; 3-
área montanhosa compreendida pelos planaltos e serras dos sudeste (incluindo serras do
Mar e Mantiqueira); 4- planaltos de origem sedimentar, situados no oeste dos Estados de
Minas Gerais e São Paulo.

-A parte semi-árida, situada ao norte de Minas Gerais, foi incluída e descrita no


Complexo Regional do Nordeste. Encontram-se aí solos similares aos do sertão nordestino.

-A faixa litorânea, de largura variável, compreende depósitos arenosos e outros


sedimentos de rios bem como alguns tabuleiros.

-A área montanhosa compreende a maior parte dos Estados do Espírito Santo, Rio
de Janeiro e partes do leste de São Paulo e Minas Gerais. É o domínio da Mata Atlântica,
hoje em sua maior parte substituída por campos e pastagens.

-Na extensa área geológica sedimentar, a oeste da área montanhosa mencionada,


existem solos bastante diversos, principalmente no oeste do Estado de São Paulo. Alguns
deles, originalmente sob vegetação de cerrado, assemelham-se aos do Planalto Central.

Os solos mais produtivos dessa região, tais como as “terras roxas”, acham-se nos
vales dos rios Parnaíba, Grande e Paranapanema e em grande parte do oeste de São Paulo.

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A fertilidade natural relativamente alta desses solos, aliados a condições de clima propício a
muitos cultivos, e também a topografia adequada à mecanização, são fatores em grande
parte responsáveis pela alta produção agrícola dessas pastagens.

Solos da região Sul

O complexo regional do Sul do Brasil, em sua maior parte, situa-se em uma zona de
transição entre clima tropical e temperado, tanto por estar ao sul do Trópico de Capricórnio,
bem como por compreender extensas áreas em altitudes a 1000m, no Planalto Meridional.
A desigualdade dos solos aí existentes, relação às demais regiões do País, muito reflete
essas diferentes condições climáticas.

Nas zonas mais elevadas do Planalto Meridional a vegetação natural era de mata
subtropical com Pinhais (ou Araucárias). Nessa região, são comuns os solos desenvolvidos
de rochas básicas (basalto), originando tanto as “terras roxas” como, nos locais mais
úmidos e frios, as “terras brumas”.

Em alguns locais da região, são comumente referidos como “terras pretas de Bagé”.
Predomina um relevo suave, quase plano, e vegetação de gramíneas, sendo que o período
mais seco do ano coincide com os meses mais quentes do verão (janeiro e março). A menor
precipitação e as maiores temperaturas do verão, bem como a pouca espessura dos solos
trazem problemas e falta de água.

Na faixa costeira, principalmente ao redor das lagoas dos Patos e Mirim, existem
consideráveis áreas de solos desenvolvidos sob condições de excesso de água ou de areias
antigas praias.

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9- LEGISLAÇÃO

15 DE ABRIL - DIA NACIONAL DA CONSERVAÇÃO DO SOLO

O dia 15 de Abril foi definido pela Lei Federal n° 7.876, de 13 de novembro de


1989, como o Dia Nacional da Conservação do Solo.

A escolha foi baseada no nascimento do americano Hugh Hammond Bennett (1881-


1960), considerado o Pai da Conservação do Solo nos Estados Unidos.

Segundo a justificativa do Projeto da Lei, o dia é dedicado "à reflexão sobre a


conservação e utilização dos solos, para viabilizar a manutenção e a melhoria da capacidade
produtiva, aumentando de forma sustentável a produção de alimentos, sem degradação
ambiental".

A conservação do solo "consiste em dar o uso e o manejo adequado às suas


características químicas, físicas e biológicas, visando à manutenção do equilíbrio ou
recuperação."

Outras Legislações:

O solo agrícola é patrimônio nacional, e deve ser protegido e conservado pelas


autoridades estatais e privadas, como o proprietário ou ocupante temporário, e também pela
comunidade, como estabelecido no Art. 1º da Lei nº 6.171, de 04/06/1988. Compete ao
Poder Público adotar e difundir os métodos tecnológicos que visem melhor aproveitamento
e a preservação do solo agrícola (Art. 5º da Lei nº 6.171, de 04/06/1988).

Entende-se por uso adequado do solo, a adoção de um conjunto de prática e


procedimentos que visem manter, melhorar, recuperar e conservar o solo, atendendo à
função sócio-econômica e ecológica da propriedade.

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Planejamento:

A utilização do solo agrícola será subordinada a um planejamento (que, de acordo


com o § 1º Art. 2º da Lei nº 6.171, de 04/06/1988,deve ser realizado por organismos
estaduais; profissionais ou empresas legalmente habilitadas), que levará em conta sua
capacidade de uso e indicará o emprego de tecnologia adequada.

Deve ser levado em consideração as bacias hidrográficas, sendo realizadas


independentes das divisas. Os procedimentos serão definidos de acordo com os
regulamentos municipais e estaduais, em função do desenvolvimento e execução das áreas
prioritárias, considerando-se as realidades regionais.

Recuperação:

Compete ao poder público a recuperação das áreas em processo de degradação, sem


desapropriá-la, mesmo que esta iniciativa não parta do proprietário. O custo total desta
recuperação deve ser lançadas na conta do proprietário omisso, tendo um prazo máximo d
cinco anos para quitação, com o valor atualizado (§ 1º Art. 7º da Lei nº 6.171, de
04/06/1988). E se a área não apresentar condições de aproveitamento, será considerada
como área de preservação permanente, devendo ser gravada perpetuidade sem ônus para o
proprietário (§ 2º Art. 7º da Lei nº 6.171, de 04/06/1988).

Nos casos em que couber reflorestamento, deverá ser promovida a revegetação do


solo com ênfase para as espécies ocorrentes na região (Parágrafo Único Art.5º).

Consideram-se do interesse público todas as medidas que visem (Art. 4º


da Lei nº 6.171, de 04/06/1988):

a) controlar a erosão em todas as suas formas;

b) prevenir e sustar processos de formações de areais;

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c) fixar dunas;

d) evitar a prática de queimadas em áreas de solo agrícola, exceto em casos


especiais ditados pelo Poder Público;

e) manter, melhorar e recuperar as características físicas, químicas e biológicas do


solo agrícola;

f) evitar assoreamento de curso d'água e bacias de acumulação;

g) adequar a locação, construção e manutenção de canais de irrigação e de estradas


em geral, aos princípios conservacionistas;

h) evitar o desmatamento das áreas impróprias para a agricultura e de preservação


permanente e promover o reflorestamento nessas áreas, caso já desmatadas.

Ao Poder Público compete:

a) Fiscalizar e fazer cumprir as disposições da presente Lei nº 6.171, de 04/06/1988


(não excluindo a colaboração da iniciativa privada) Em casos excepcionais, o Poder
Público poderá delegar a entidade preservacionistas, funções temporárias de fiscalização do
correto uso do solo, com poderes especificados em regulamento.

b) Desenvolver pesquisas adequadas ao bom uso e manejo do solo agrícola

c) Disciplinar a utilização de quaisquer procedimentos que possam prejudicar as


características químicas, físicas ou de relações biológicas do solo agrícola.

d) Co-participar com os governos municipal e federal, de ações que venham ao


encontro da política agrícola estadual:

e) Criar e ampliar serviços de pesquisa, orientação e fiscalização que permitam o


controle Integrado e efetivo dos recursos naturais renováveis.

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Art. 6° da Lei nº 6.171, de 04/06/1988 - Além dos preceitos gerais a que está
sujeita a utilização do solo agrícola, o Poder Público Estadual e/ou Municipal poderá
preconizar outras normas recomendadas pela técnica, e que atendam às peculiaridades
locais também relacionadas com os problemas de erosão urbana.

Art. 9° da Lei nº 6.171, de 04/06/1988- As entidades pública, empresas privadas e


particulares que utilizarem o solo ou o subsolo em áreas rurais, só poderão desenvolver
atividades evitando o prejuízo agrícola por erosão, assoreamento, contaminação, rejeitos,
depósitos e outros danos, sendo responsabilizados pelos mesmos, respeitada a legislação
em vigor.

O não cumprimento do disposto da Lei acarretará a atribuição de


penalidades, de acordo com a gravidade da situação, com as seguintes características:

a) advertência;

b) suspensão do acesso aos benefícios dos programas de apoio do Poder público


Estadual;

c) multas;

d) interdição.

As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:

a) proprietários;

b) ocupantes temporários;

c) autoridades que, por consentimento ou omissão, permitirem a prática do ato.

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CONCLUSÃO

O solo é, sem dúvida, o recurso natural mais importante de um país, pois é dele que
derivam os produtos para alimentar sua população. Entretanto ele existe em situações de
equilíbrio precário, de tal forma que os impactos provocados por causas naturais ou por
atividades antrópicas podem desestabilizar o sistema. Desmatamento, cultivo de terras, uso
de agroquímicos e exploração mineral são atividades que, se não forem bem conduzidas,
através de técnicas desenvolvidas com criteriosa base científica, podem causar, erosão e a
contaminação do solo.

Para proteger os recursos do solo, está disponível hoje um conjunto de técnicas de


manejo que incluem a identificação e mapeamento dos solos vulneráveis a implementação
de soluções alternativas à forte dependência de agroquímicos e, finalmente, o
reflorestamento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Textos, 2002.

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Nacional, 2008.

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4. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fertilizante

5. http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3rax

6. http://pt.wikipedia.org/wiki/Aduba%C3%A7%C3%A3o_antecipada

7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Guano

8. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fertilizantes_nitrogenados

9. http://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_von_Liebig

10. Erosão. http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/erosao.htm, acessado


em 23/05/09.

11. Impacto sobre o Solo. http://www.masisa.com/bra/por/desenvolvimento-


sustentavel/gestao-ambiental/florestal/impactos-sobre-o-solo/2848/1696/, acessado em
23/05/09.

12. http://www.clubedojardim.com.br/05/02/tipos-de-fertilizantes/

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14. http://enciclopediavirtual.vilabol.uol.com.br/trabalhos/alimentacao/fertilizante.htm

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20. http://www.cda.sp.gov.br/www/programas/getdocdoc.php?idform=10.

21. http://www.faepanet.com.br/index.php?option=com_content&view=article&
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22. www.agrisus.org.br/noticias.asp?cod=286 - 20k.

23. http://www.guapore-rs.com.br/leis/resolucao_apps.pdf.

24. http://www.orkideas.com.br/inicio/doencas/defensivos.html

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