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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Curitiba - PR – 26 a 28/05/2016

O Uso dos Dreadlocks e sua Resignificação na Juventude Contemporânea1

William Figueiredo dos SANTOS2


Deivison Moacir Cezar de CAMPOS3
Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS

Resumo
O presente estudo busca compreender os aspectos culturais que permeiam o uso dos
dreadlocks na contemporaneidade, os elementos de sua construção identitária e as relações
de consumo vinculadas ao cabelo. Para tal, foi realizada uma pesquisa na internet com
usuários, ex-usuários e não usuários de dreadlocks, de diferentes regiões do Rio Grande do
Sul, recebendo 32 resposta. São utilizados os conceitos de juventude (DAYRELL, 2003),
cultura (CANCLINI, 1997), consumo (CANCLINI, 1995; 2012). Conclui-se com a
pesquisa que o uso dos dreadlocks se apresenta como significante de contestação, negação e
produção cultural.

Palavras-chave
Consumo; cultura; ressignificação; dreadlocks; híbridismo.

1 Introdução
A juventude contemporânea é marcada pelo desejo de convivência e interação em grupo, ao
mesmo tempo em que busca a personalização das suas relações (CANCLINI, 2012). Sua
busca por uma identidade social e pessoal em meio a uma sociedade com padrões de beleza
e de comportamentos moralmente estabelecidos faz com que esta juventude busque
incorporar hábitos alternativos de consumo e produção cultural, criando um ambiente
propício ao uso de símbolos culturais. Entre os hábitos consumidos está o uso dos
dreadlocks.
Os dreads, nattydreads ou jata (no hinduísmo), dentre outras denominações, são cabelos
enrolados em forma cilíndrica com seus mais variados estilos, construindo, dentro de um
universo estético, parte de uma identidade ligada a um discurso de resistência e de
contracultura. O resgate do penteado na contemporaneidade se deve a popularização do
Reggae a partir da década de 1960 através do Movimento Rastafári iniciado nos anos 30,

1
Trabalho apresentado na IJ 7 – Comunicação, Espaço e Cidadania do XVII Congresso de Ciências da Comunicação na
Região Sul realizado de 26 a 28 de maio de 2016.
2
Bacharel em Comunicação Social - Hab. Jornalismo pela ULBRA/Canos, email: williaminlive@gmail.com
3
Orientador do Trabalho. Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
Professor do Curso de Jornalismo da ULBRA/Canoas, email: deivison_campos@hotmail.com

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que busca o emponderamento do negro e de sua cultura na diáspora como forma de


resistência à cultura colonialista no âmbito sociopolítico e religioso.
Contudo é incerto precisar a origem do dread. Entretanto, há relatos do uso de cabelos
longos e emaranhados em toda a antiguidade (TAYLOR, 2008). Nas culturas do Egito
Antigo (EGITO, 2010), Índia4 (Sadhus5) e até mesmo na América pré-colombiana com os
Astecas6 (MEXICOLORE, 2013), a presença e o simbolismo deste penteado, embora essas
culturas estejam geograficamente e temporalmente distantes uma das outras (NATIONAL
GEOGRAPHIC, 2005), a ideiasão comuns.
Na contemporaneidade, as práticas culturais, como a estilização e o consumo, “oferecem
sentidos de pertencimento na composição de repertórios culturais híbridos” (CANCLINI,
1997). Assim, os grupos culturais de identificação organizam suas vivências em torno de
estilos e de significados que atribuem a eles no contexto social em que se inserem. Dayrell
(2002) vai ao encontro de Canclini (2013) quando diz que a juventude desenvolve estilos
que possibilitam a criação de espaços próprios construídos a partir de “práticas, relações e
símbolos, significando uma referência na elaboração e vivência da sua condição juvenil,
além de proporcionar a construção de uma autoestima e identidades positivas”. Entretanto,
não há estudos disponíveis sobre o uso dos dreadlocks no Brasil, fortalecendo a importância
do presente artigo para compreender os aspectos culturais que permeiam seu uso na
contemporaneidade, os elementos de sua construção identitária e as relações de consumo
vinculadas ao cabelo.
Para assimilar esse fenômeno, uma pesquisa etnográfica de caráter qualitativo foi realizada
na primeira quinzena de junho de 2015, na Região Metropolitana de Porto Alegre. As
plataformas de coleta e divulgação foram on-line através do Google Sheets e Facebook,
respectivamente. Os hábitos e métodos de consumo cultural, como o de percepção do uso
dos dreads como hábito alternativo de comunicação, produção e apropriação simbólica, a
religiosidade, a musicalidade, além do conhecimento médio sobre a história do penteado
foram levados em conta, recebendo um total de 36 respostas.

4
Taylor, BR. (pág.1356).
5
Sadhus: monges iogues hindus, está ligado à divindade Shiva, deidade relacionada à destruição, ao renascimento e
renovação. O simbolismo em torno do penteado também está ligado ao sagrado e traz consigo a renúncia pelo material.
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Usado por sacerdotes astecas (teopxqui), como símbolo sacro e de conhecimento (MEXICOLORE, s/d)
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2 A Construção Midiática da Juventude

A cultura, como observa Kellner (2001), “é uma forma de atividade que implica alto grau
de participação, na qual as pessoas criam sociedades e identidades”. No que se refere à
juventude, a década de 1950 é um marco importante de empoderamento dessa cultura. Em
um mundo devastado do pós-guerra, os jovens sobreviventes se aglomeram nas grandes
cidades, principalmente nas mais industrializadas como Londres e Nova York. Assim,
como previra Marx, houve um esvaziamento do campesinato, e a partir daí o moderno se
isolou do passado (HOBSBAWN, 1992, p.284).
Os elementos sociais antes fundamentados na moral religiosa das instituições tradicionais,
como a família patriarcal, na adoração ao traditionnel, nas artes, começaram a entrar em
crise diante de um mundo que caminhava para a globalização trazida pelo desenvolvimento
tecnocultural de massas. As comunidades de outrora deram lugar a sociedades anônimas, na
qual os sujeitos se relacionam e constituem identidades e múltiplos estilos (HOBSBAWN,
1992, p.333). Dayrell (2005, p.41) define estilo como “a manifestação simbólica expressa
em um conjunto mais ou menos coerente de elementos materiais e imateriais que os jovens
consideram representativos da sua identidade individual e coletiva”.
A consolidação do jovem como massa de trabalho contribuiu para a ampliação das esferas
de liberdade juvenil, modernizando os usos e costumes sociais, como a política: a
reivindicação do corpo, através da revolução sexual feminista, a ampliação do acesso à
educação, os cabelos compridos pelos homens, o jeans, por exemplo, causaram estranheza
ao passado e se espalharam pelo mundo moderno através da mídia (HOBSBAWN, 1992,
p.292; DAYRELL, 2005, p.30).
O rock, estilo diretamente derivado do Blues7 negro norte-americano (FLORY &
COVACH, 2005), foi popularizado pela juventude moderna em todo o mercado
globalizado, transformando-se em produto de uma cultura de consumo jovem, fomentada
pelo sistema de mídia. O gênero produziu um estilo peculiar de vestir, de se comportar,
tanto na produção quanto no consumo de bens simbólicos e identidade (DAYRELL, 2005,

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Dayrell (2005).
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p.38). A música e letras, os cabelos e as roupas, se tornam produtos simbólicos de


identificação, reconhecimento e pertencimento, em seus mais variados estilos, fomentando
a socialização diária através da cultura de mídia e levando à construção de uma identidade
juvenil em âmbito global (KELLNER, 2001). O modelo de identificação centrado na figura
heroica do artista individual passa a ser orientado pela colaboração criativa e
potencialidades tecnológicas (DAYRELL, 2005, p. 38).
Apesar de Elvis Presley e Marilyn Monroe terem se tornado ícones de juventude desta nova
cultura nos anos de 1950, foi com os Beatles, na década seguinte, que a ideia de grupo
como referência cultural começa a se popularizar. A banda e os músicos, com seu estilo de
vestir e performar, venderam milhões de discos em todo o planeta, influenciando a cultura
de toda uma geração. Tornam-se o símbolo dessa geração de jovens que tem na ideia do
prazer, baseada na ampliação das esferas de liberdade, do autoconhecimento, da expressão
de comportamentos exóticos, do hedonismo, da irresponsabilidade, da transitoriedade e do
distanciamento da família, suas principais características (DAYRELL, 2005).
A popularização das mensagens de juventude é um paradoxo social. Como uma forma de
cultura comercial, os produtos culturais tem a “produção padronizada de massa para a
massa, por tipos (gêneros), segundo fórmulas, códigos e normas convencionais, tentando
atrair o lucro para o âmbito privado” (KELLNER, 2001). Entretanto, em tempo,
proporciona a emancipação dos símbolos culturais, sua expansão, renovação,
democratização, resistência e renovação, substituindo as tradições locais sem destruí-las.
Esse processo de formação cultural, é denominado por Canclini (1997, p.111) de culturas
híbridas e é caraterizado pelos “entrelaçamentos entre o tradicional e o moderno, entre o
culto, o popular e o massivo”.
Dos estilos que oferecem elementos significativos para a juventude contemporânea estão o
Reggae, o movimento Hippie (1960), e o Punk Rock nos anos de 1970. Com o mundo
dividido entre Estados Unidos e União Soviética, na Guerra Fria, levando à Guerra
Americana no Vietnã, o movimento hippie com suas ideologias anarco-socialistas, anti-
guerra, de liberdade e paz, negação do consumo de mídia, figuram como referência de
juventude. Vivendo em comunidades alternativas ou como nômades, baseados na filosofia

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satyagraha8 de Mahatma Gandhi, eles movimentam a opinião pública sobre questões


ignoradas socialmente, como os direitos civis e a liberdade sexual. O Festival de Música e
Arte Woodstock (1969), como manifestação da juventude hippie, entrou para a história e no
imaginário da juventude moderna. No início da década de 70, o movimento é sintetizado
através da música “Imagine” do beatle John Lenon, e cooptado pela cultura de mídia
(KELNNER, 2001).
Nesta época, o reggae é cooptado da religiosidade rastafári jamaicana pela cultura de massa,
como estilo musical e identitário com mensagens de paz, união, fé, redenção e amor em
suas letras, que apresentam semelhanças ao posicionamento hippie, como a ideia de não
violência9. Assim como o rock, o reggae e o punk são produtos da diáspora africana nas
Américas. Históricamente, a origem do Punk é atribuída à uma juventude branca no
contexto das grandes cidades como Nova York e Londres. É correto afirmar que como
cultura de mídia o Punk é massificada por bandas brancas (Ramones e Sex Pistols).
Entretanto, no reggae, o protagonismo é negro e jamaicano através de Bob Marley,
diferentemente do rock e do punk, protagonizados por uma juventude branca na cultura
midiática. Além disso, os símbolos que compõem a atmosfera reggae são baseados em
princípios religiosos ligados ao garveysmo10 pan-africanista, de combate ao status quo do
stablishment: “a Babilônia” (MANGET-JOHNSON, 2008; GILROY, 2001).
O mesmo aconteceu com o punk nos anos de 1970 que, baseado na ideia de autonomia (“do
yourself”), liberdade e prazer imediato, com músicas de acordes simples álbuns baratos 11,
trouxe novas possibilidades a cultura jovem global ao ser cooptado. As músicas contra o
stablishnment, apesar do teor de contestação baseada na agressividade sonora e lírica, em
essência, são iguais ao reggae. Outro elemento que o punk trouxe foi sua negação e

8
A filosofia Satyagraha desenvolve a ideia de desobediência civil e protestos não-violentos. Pensada e empregada no
movimento de independência da Índia por Gandhi (1869-1948), idealizador do moderno estado indiano.
9
Entre os pontos que o movimento hippie se distingue do rastafári está a relação destes com o sagrado. Enquanto o
primeiro está ligado a uma ideia de espiritualidade, o segundo está ligado a percepção de religiosidade. Entretanto, ao
serem capturados pela cultura de mídia, perdem seu caráter heterogênico, se homogeneizando.
10
O garveysmo tem como foco fundamental a promoção da união e integração dos povos das diásporas africana no
mundo. Desenvolvida a partir da UNIA (Universal Negro Improvement Association), fundada por Marcus Garvey em
1914, na Jamaic, com cunho pan-africanista: defende a unificação socio-política e cultural do continente africano.
(MANGET-JOHNSON,2008)
11
O primeiro álbum da banda nova-iorquina de punk Ramones foi gravado em uma semana ao custo de US$ 6,400,
enquanto se gastavam milhões em álbuns de anos (MCNEIL & MCCAIN, 2013).
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ressignificação de símbolos e emprego destes simplesmente pela estética subversiva do


choque estético: os cabelos, as roupas, a linguagem e as intervenções nos espaços públicos
codificam seus anseios e constroem experiências locais de pertencimento em torno de
estilos globais, num deslizamento de significantes, através de uma negociação de sentidos
únicos, porém semelhantes vínculados à ideia do homem primitivo, não civilizado
(BHABHA, 1997).
Para Dayrell (2005, p. 30), estes contextos “possibilitam a criação de grupos juvenis que se
distinguem em torno do tempo livre, com uma identidade própria expressa no estilo, que
implica a articulação de uma escolha musical e uma estética visual”. O consumo destes
símbolos é visto como uma apropriação coletiva, de envio e recebimento de mensagens
através desses estilos, em relação de solidariedade e distinção com seus pares, de bens que
dão satisfações simbólicas (CANCLINI, 1995).
A cultura midiática ao desenvolver uma cultura de consumo hegemônica no espaço público
cria circuitos culturais midiáticos que ganham mais peso que os tradicionais locais na
transmissão de informações e imaginários sobre a vida urbana. Apesar de interagir com
referenciais tão distantes, tanto no tempo quanto geograficamente, novas modalidades de
encontro e reconhecimento proporcionadas pela internet na contemporaneidade, por
exemplo, criam leituras únicas de apropriação de desenvolvimento contínuo (CANCLINI,
2003; KELLNER, 2001).
Os estilos definidos por uma cultura de mídia, ao serem cooptados por usuários de
realidades distintas entre si, influenciados pela dinâmica da subjetividade e reflexibilidade
do indivíduo na sua construção social, atribuí um terceiro significante ao estilo escolhido.
Essa apropriação coletiva por parte da juventude na contemporaneidade, encontra
elementos na cultura reggae, hippie e punk para sua construção e legitimação
contracultural. A ideia do “do yourself”, de paz, amor, não-violência, de união, de
espiritualidade e de uso simbólico como estética subversiva, de resistência, como os
dreadlocks, são tão atuais quanto outrora como elementos da construção fragmentada de
identidade (HALL, 2003; BHABHA 1997). Esse recorta e cola estilístico proporciona uma
subjetivação única desses usos de estética global, aplicados à realidade do usuário.

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O preconceito social decorrente do uso, com cunho claramente etnofóbico, não atinge da
mesma maneira os usuários caucasianos, sendo um pouco mais tolerado. No entanto
organizada por uma cultura eurocêntrica clássica, o uso limita a juventude a uma colocação
na economia formal das cidades.
Sofro preconceito direto. Olhares de medo ao entrar em estabelecimentos,
não ser atendida em estabelecimentos. As pessoas não te levam a sério. O
esforço que precisa fazer para mostrar que é competente, por exemplo, é 5
vezes maior do que de quem não tem dreads. (resposta ao questionário)

Contudo, em tempo, proporciona uma economia alternativa solidária e colaborativa local


conectada ao global com um alto nível de criatividade, como forma de cidadania e
legitimação do uso (CANCLINI, 2012).
A partir desses paradigmas, a juventude contemporânea inspira-se para reinventar seus
estilos, reatribuindo sentidos que dialoguem com sua realidade, reconstruindo o estar
jovem.

3 Uso do Dread como Marca Identitária e Símbolo de Estilo

Há relatos em disferentes povos, nas Américas, em Ásia e África, de que a cultura do dread
representa estágios da vida e ligações com o sagrado (ANGOLA, 2012; EGITO 2011).
Entretanto, o uso moderno dos dreadlocks tem no ratafarismo da Jamaica sua origem. O
movimento etiopianista pan-africano surge com Marcus Garvey em 1914, propondo o
emponderamento do povo negro jamaicano através do retorno à Àfrica. Nos anos de 1930,
o rastafarianismo inicia-se como uma religião messianica. Em tempo, adquire
características de um movimento de protesto contra a situação socioeconômica dos
jamaicanos negros. Marca da cultura Rastafári, o dreadlocks está ligado às escrituras
religiosas, a Bíblia12, referindo-se à separação do mundano. Relaciona-se igualmente em
seu uso contemporâneo a uma filosofia de vida simples, ou seja, afastada dos vínculos do

12
BÍBLIA: Números 6:5 - “Durante todo o período de seu voto de separação, nenhuma lâmina será usada em sua cabeça.
até que termine o tempo de separação para o Senhor ele estará consagrado e deixará crescer crescer o cabelo da sua
baceça.” ;
Levítico 21:5 - “Não farão calva na sua cabeça, e não raparão as extremidades da sua barba, nem darão golpes na sua
carne.”
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stabilishment13 e ligada e a uma atitude de resistência ao status quo, principalmente entre os


jovens14.
O processo de massificação e ressignificação do estilo terá início nos anos 60 com o Reggae
cooptado pela cultura de mídia, tendo seus elementos sagrados esvaziados de sentido.
Vinculado à cultura de juventude, ainda em processo de reconfiguração, as mensagens de
paz, amor e redenção; as marcas e produtos culturais do rastafarismo, como o reggae e o
penteado dreadlocks, conquistam o imaginário da juventude globalizada apontando para um
tipo de vida resignificada (DAYRELL, 2005).
Dessa maneira, ao mesmo tempo em que enfraquecem determinados sentidos simbólicos de
consumo e de jogo de forças (CERTAU, 1980), neste caso os ligados ao sagrado, a
reconfiguração da juventude contemporânea fortalece outros, como produto contracultural.
O penteado e o estilo, que descentram padrões eurocentricos de beleza, são apontados como
fatores de identificação. “Uso os dreadslocks principalmente por achar estiloso e quebrar
com os padrões (estéticos) pré-determinados.” (resposta ao questionário).
A maioria dos entrevistados tem no uso dos dreadlocks, além do apelo estético, como
elemento de desconstrução do arquétipo estético-social normativo, a partir do
estranhamento ao estilo, traz o sentimento de “força” e de empoderamento identitário. De
igual forma, sentimentos de admiração com a música e a mensagem destas. Essa admiração
possibilita um deslizamento de representação que, articulando-se com o sentido de negação
e desapego dos bens de consumo mais massificados da cultura de mídia, se tornam o elo
contracultural entre os jovens pesquisados.

Primeiro o uso foi pela imagem. Eu tenho um projeto de progressive


(música eletônica/e-music) e foi mais fácil as pessoas aceitarem o projeto
pelo uso de Dreads. Com o tempo ele foi se apropriando de mim. Hoje eu
vejo ele como a extensão da minha evolução como ser humano, onde você
desapega da imagem e do que os outros pensam. Sai da caixa aonde tudo
tem que seguir um padrão. (Resposta ao questionário)

13
Stabilishment: ordem ideológica, econômica e política que constitui uma sociedade ou um Estado.
14
O valor de enfrentamento de dreadlocks foi debatido e iniciada por uma organização conhecida como Youth Black
Faith na Jamaica. Manget-Johnson, CA. "Dread Talk - ScholarWorks @ Georgia State University." 2008.
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Para os pesquisados, o uso dos dreadlocks é, portanto, um significante de contestação,


negação e produção cultural. Estes aspectos são fragmentos de matrizes culturais de
juventude moderna que foram reconfiguradas e ressignificadas, ganhando com isso novos
usos e recombinando marcas de diferentes estilos. Entretanto, na contemporaneidade,
articulam-se entre si construindo uma cultura atualizada à ela. Uma cultura híbrida.

4 Reconstruindo os Sentidos de Juventude

A cultura da juventude tem sido tensionada pelo fluxo de informações atualmente


aceleradas pela internet, que possibilita uma ambiência diária das conexões de
sociabilidade15 e suporte de emancipação, expansão, renovação e democratização da
produção e do consumo cultural, influenciando cada vez mais modelos alternativos de
economia colaborativa (CANCLINI, 1997; 2012). A velocidade das informações aumenta a
oferta de referências simbólicas para serem utilizadas na construção de identidades,
possibilitando diferentes estilos e entendimentos do que seja juventude.
Dayrell (2005, p. 22) observa que para pensar a juventude é preciso considerar essa
“enorme diversidade contextual e sociocultural existente”. As transformações do mercado
de produção e consumo culturais, a crise das instituições tradicionais, responsáveis pela
socialização, influenciam diretamente essas diversidades. Os usuários de dreads, por
exemplo, apesar dessa característica em comum, estão ligados a diferentes estilos. O visual,
assim como a música (o reggae), foram dissociados do sagrado pela cultura de massa.
Atualmente, o penteado tem diferentes usos, reconstruindo sentidos de juventude e
pertencimento.
O consumo cultural constrói identidades. Essa, por sua vez, reflete às subjetividades
individuais e as relações sociais na construção de uma identidade coletiva, muitas vezes
explorada pela mídia (CERTAU, 1980). No processo desta construção identitária, o uso de
símbolos culturais servem de marcador social, construindo discursos políticos, como a
negação dos modelos estéticos oferecidos pela cultura de massa. Com o tempo, cria lugares

15
"Explore - Cetic - Portal de Dados - CETIC.br." 2015. 21 Oct. 2015 <http://data.cetic.br/cetic/explore>
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férteis de mercados simbólicos autônomos que ressignificam símbolos através de táticas de


apropriação (CANCLINI, 1997; CERTAU, 1980).
Como produto de consumo, os dreads são afetados por ressignificações e traduções, pois
oferece sentidos de pertencimento recorrentes às experiências multiculturais de
sociabilidade, compondo o que Canclini (2009) denomina como repertórios híbridos. A
ideia de subversão interna de produtos e ofertas de consumo tem como características
“estratégias de persuasão, seu colapso ao capricho das ocasiões, suas caças furtivas, sua
clandestinidade, seu murmúrio (discursos) incansável. Em suma, uma espécie de
invisibilidade que se distingue pela arte do uso do que são impostos.” (CERTAU, 1980).
A amostragem da pesquisa se deu através da internet, por um questionário virtual,
disponibilizado pelo Facebook que atingiu um grupo de pessoas que circulam pelo mercado
de economia criativa, aberto a usuários e não usuários de dreads, desde que tivessem uma
percepção e um conhecimento mínimo sobre o penteado e seus usuários. A partir das
respostas de usuários e não usuários de dreadlocks, observa-se que todos se identificam
pela busca do que se caracterizadamente pelo consumo focado na alimentação alternativa,
na compra de livros e no uso do tempo livre para “desenvolver conhecimento”.
A maioria do grupo é formado principalmente por pessoas que usam ou já usaram
dreadlocks. Do total de 31 entrevistados, 77,5% atende a esse critério. Os demais 22,5 %
não usam. Destes, 57,1% não usariam por não sentirem atração estética, por desconhecer os
significados ou por não ter uma mensagem para passar através do estilo. Os 47,9% restantes
usariam pela atração estética, pelo estilo musical e por questões espirituais. Além disso, dos
que afirmaram que não usam e não usariam, o reggae não é listado entre os cinco estilos
musicais de preferência, diferentemente da música eletrônica, evidenciando a música como
agente formador do estilo através da cultura de mídia.
De acordo com a autodeclaração étnica, 19 se definem como brancos, sendo que alguns
especificam a descendência germânica. Há também cinco que se consideram “mistos”,
mestiços, “todas as cores”, ou simplesmente como brasileiros. Dois como pardos e apenas
um se define como negro, o que significa que o uso dos dreadlocks não possui neste grupo
um protagonismo negro. Essa percepção e projeção da hibridez etno-cultural (CANCLINI,
1996) pode ser pensada em dois aspectos: político e de negação da cultural eurocêntrica e

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de mídia massiva que constrói uma ideia de juventude através da pasteurização de símbolos
culturais (KERNELL, 2001).
O grau de instrução dos entrevistados é majoritariamente ensino médio. Do total, 20 deles
informaram cursar, ou ter concluído. Os que possuem graduação e pós contabilizam 10
indivíduos. Entre os indivíduos ocupados, oito trabalham no comércio, um com publicidade
e propaganda e dois com educação e saúde.
Levando em conta a idade média de 22 anos dos entrevistados e o nível de desemprego,
aproximadamente 28,5%, enquanto a média nacional entre os jovens de 18 a 24 anos no
Brasil é de 16,4%,16 pode-se relacionar o desemprego a duas questões: a necessidade de
formação superior; e o uso dos dreadlocks, ainda relacionado com falta de higiene.
Os usuários do penteado apontam sofrer preconceito na hora de conseguir um emprego
tradicional, pois barreiras simbólicas baseiam a decisão de contratação, levando-os,
algumas vezes, às novas alternativas econômicas. Como alternativas econômicas, o
artesanato e dreadmaker17, são realizados por cinco pessoas, sendo que uma delas também
exerce ocupação formal no mercado de trabalho.
Este circuito de economia alternativa apresenta marcas dos movimentos hippie e do punk. A
ideia punk “do yourself”, como forma de subversão dos modelos econômicos, através do
artesanato, que por sua vez é de característica hippie, como modalidade de ação do escape
social hegemônico como uma variante da atividade formal no trabalho (CERTAU, 1980).
Dessa maneira, essas contribuições estéticas e de técnicas, aliadas a tantas outras possíveis
através da globalização, cria o que Canclini (1997) chamada de “cosmopolitismo flexivel”
que, a partir do processo de hibridação, apropria-se de táticas de outras culturas como
empoderamento e fortalecimento de alternativas à realidade local.
Apesar de 80,65% de o grupo pesquisado ter hábitos onívoros, três destes (12%) apontam
para uma tendência de mudança de hábitos alimentares, buscando tornarem-se vegetarianos.
Esses, por sua vez, são 19,35% e buscam apropriar práticas alimentares e alguns outros

16
"IBGE: desemprego sobe mais entre jovens de 18 a 24 anos ..." 2015. 3 Nov. 2015
<http://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2015/06/25/ibge-desemprego-sobe-mais-entre-jovens-
de-18-a-24-anos-chegando-a-164.htm>
17
aquele que faz dread
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hábitos encontrados no rastafarianismo18. Entendem essa apropriação como expressão


política de resistência e espiritualidade. Entretanto, essa ideia não se aplica a todos e se
desenvolve em diferentes níveis com cada indivíduo (CERTAU, 1980).
Quanto ao tempo livre, hábitos de leitura, de consumo de filmes e séries, de música, como
forma de reflexão e de desenvolvimento cultural, fazem parte da vida deles, não negando o
consumo de produtos da cultura de mídia, Netflix, por exemplo. O reggae ainda se faz
presente no gosto musical, mas não como elemento central e esvaziado de seu uso sagrado,
dando espaço para o consumo de música eletrônica, como expressão da tecnologia à época
(KELNER, 2001).
A prática de atividades físicas, como andar de bicicleta, o desenvolvimento da criatividade
através de desenhos e outros trabalhos manuais, constitui um circuito de produção e
consumo cultural voltados no lazer e a práticas autonomas. Neste sentido, a leitura como
forma de criação de conhecimento necessário para atuar e principalmente resistir à cultura
essencialmente consumista. A bicicleta como símbolo autônomo de locomoção dentro das
grandes cidades. E a produção artística independente que valoriza essa cultura pulverizada,
através da apropriação é considerada de grande importância social.
Para se informar, utilizam mecanismos de pesquisa, como o Google; Sites de Redes Sociais
(Facebook) e app (Whatsapp), são as ferramentas mais utilizadas. A TV, como símbolo da
modernidade, ainda exerce papel de informação significante, ficando atrás apenas da
Internet e Facebook, símbolos pós-modernos, tidos como elementos de contestação do
discurso de mídia tradicional da geração de seus pais, tendo o progresso tecnológico digital
e a facilidade de informação através deste como características.
Esse processo de consumo cultural, muitas vezes esvaziados em seus sentidos originários,
que caracteriza a cultura contemporânea, cria laços afetivos que produz identidade, estilos e
levam à formação de grupos sociais híbridos a partir de marcas identitárias. Os dreadlock
tem sido usado por esses jovens como uma marca de pertença e um projeto de identidade
baseada não só no estilo, mas em outros aspectos de consumo cultural, como referido.

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Manget-Johnson, CA. "Dread Talk - ScholarWorks @ Georgia State University." 2008. p. 36 e 37.
<http://scholarworks.gsu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1043&context=english_theses>
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5 Conclusão

Os aspectos culturais que permeiam o uso dos dreadlocks na juventude contemporanea são
a estética e o seu uso deste como símbolo contracultural de contestação. Os usuários
preferem buscar um consumo minimalista, que tem na internet o meio de sociabilidade e de
informação mais usual. Sua construção se dá a partir de rastros de estilos para a
representação de juventude, disponibilizados e vinculados à cultura de mídia que sofrem
por isso ressignificações de sentido a partir das experiências de cada indivíduo. O consumo
e a sua vinculação com o penteado está portanto ligado a uma cultura de juventude global,
que mantém como como referência a mensagem de paz, união e resistência ao
stabilishment.
Com a massificação do uso dos dreadlocks a partir doa anos de 1960, como referencial de
cultura jovem, o estilo nattydread torna-se sinônimo de resistência estética. O penteado se
consolida no imaginário jovem, como ferramenta de representação ideológica e política,
com diferentes níveis de consciência desta ação. Além disso, os aspectos sagrados
historicamente vinculados ao estilo, tanto no rastafarianismo, quanto nas sociedades antigas
pelo mundo, se transformaram na ideia da espiritualidade e não tanto em religiosidade.
O grupo pesquisado, com média de idade de 22 anos, desenvolve sua ambiência em torno
do processo de desenvolvimento tecnológico entre o analógico e o digital. A internet, como
meio de aproximação e de identificação entre pares com referências da cultura de midiática,
apresenta-se como principal ferramenta de construção do conhecimento e da percepção de
mundo dessa juventude. Isso não faz com que os encontros sociais em espaços públicos
sejam não tão frequentes; mas potencializam esses momentos através da tecnologia,
também em encontros em Sites de Redes Sociais, Facebook, ou aplicativos de chat, como o
Whatsapps, mantendo relações de produção e consumo cultural.
A opção pelo uso do estilo, por outro lado, dificulta a colocação para alguns dos
entrevistados no mercado economico tradicional. Esse preconceito em relação à estética
justifica, em parte, o nível de desemprego desses jovens, que é maior do que a média
nacional. Também como causa, observa-se que o nível de instrução da maioria é o ensino

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médio, o que impossibilita contratações em cargos melhor remunerados. Os pesquisados


que tinham algum tipo de graduação estavam empregados, mesmo usando dreadlocks.
A produção e consumo do grupo referencia-se em diferentes manifestações do sentido de
juventude a partir da segunda metade do Século XX, como o punk, o hippie e o
rastafarianismo, através da música reggae. No entanto, constroem suas identidades a partir
de rastros desses movimentos, apontando para uma hibridez. A música, como expressão dos
sentimentos de juventude, continua como catalizador de pertencimentos. A maioria dos que
usam dreadlocks neste grupo escuta música eletrônica, como reflexo do tempo e da
digitalização da cultura. Com isso, elementos diversos ligados a esses movimentos de
juventude convergem entre si na contemporaneidade, construindo uma cultura híbrida cada
vez mais complexa.
Assim, os usos dos dreadlocks na contemporaneidade são a expressão de diversos
sentimentos de pertencimentos que tem na ideia de resistência aos padrões dominantes da
cultura de consumo sua mais forte representatividade. Dessa forma, cria-se uma identidade
social e pessoal, com posicionamento crítico de negação aos padrões de beleza e de
comportamentos baseados no consumo massivo da sociedade contemporanea.

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