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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE MEDICINA
CURSO: MEDICINA

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO INTERNATO RURAL


TURMA 96

MANAUS-AM
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE MEDICINA
CURSO: MEDICINA
ALUNOS: ANA CAROLINA AMORIM PEIXOTO – 21602161
PAULO HENRIQUE DIAS DA SILVA DANTAS –
RÔMULO MORAES DA SILVA–
SAMUEL PAIVA PENA –
SOB PRECEPTORIA DA DRA HELIANA FEIJÓ

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO INTERNATO RURAL


TURMA 96

MANAUS-AM
2022
INTRODUÇÃO
MARCO TEÓRICO

O Ministério da Saúde, em 1994, criou o PSF (Programa de Saúde da Família), uma


estratégia do SUS que toma por base o núcleo familiar, tendo em vista possibilitar
acesso efetivo à saúde pública. (MEDEIROS et al., 2010).
De acordo com essa maneira de enxergar a saúde, alguns fundamentos importantes
foram implementados, tais como equidade, integralidade e universalidade na saúde, com
o objetivo de fornecer um serviço eficaz a nível primário. Tais atribuições são
complexas e ao mesmo tempo precisam suprir as necessidades da população de maneira
que haja influência na autonomia das pessoas e nos desfechos de saúde da comunidade
(FIGUEIREDO, 2012).
Um ponto importante na história da saúde do SUS é que por muitos anos o foco era
dado ao controle de epidemias e aspectos curativos. Tal método foi implantando no
Brasil em 1920, sendo influenciada pelo relatório Flexner, publicado nos EUA em 1910.
Esse relatório trazia a concepção do indivíduo como objeto de estudos e consumidor de
tecnologias para a cura de doenças (Mendes, 1999). Em 1980, iniciou-se o processo de
constituição de outro sistema de saúde, baseado em um conceito de saúde como direito
de todos e dever do Estado, passando também de uma abordagem mais restritiva, que
considerava a ausência de doenças, para uma visão mais abrangente de saúde. No
caminho das transformações políticas, o Sistema Único de Saúde (SUS) instaurou-se
como política pública organizada, com princípios democratizantes que questionavam o
modelo de assistência e pensavam a transformação da organização dos serviços de
saúde. Como diretrizes do SUS, foi preconizada uma prática integral, com prioridade
para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais. No que se refere
ao comando das ações e serviços públicos de saúde, orientou-se para uma
descentralização, com direção única em cada esfera de governo e a participação da
comunidade na gestão e na fiscalização dos sistemas e serviços (Brasil, 1990).
Outro aspecto de suma importância para essa transformação da realidade do cuidado é
desenvolver a competência da avaliação, em que o processo de gestão e cuidado pela
equipe multiprofissional possa ser avaliado com o objetivo de aprimorar e adequar o
caminho e assim melhorar os resultados. Segundo Mendonça e Giovanella (2013), a
vasta literatura no campo de avaliação tem demonstrado a importância da
institucionalização da “cultura da avaliação”, de modo a romper os limites meramente
teóricos de julgamento de valor para alcançar um sentido mais prático, que contribua
para melhorias na atenção ao paciente.
Diante desse quadro, vale ressaltar tamanha importância das unidades básicas de saúde
ou UBS / USF para dar possibilidade e oportunidade de atendimento à todos os tipos de
população, tronando o acesso à saúde facilitado e, assim, resolvendo questões que,
muitas vezes, nem seriam descobertas ou apresentadas. A criação desse nível de
atendimento eleva o país no quesito de atenção à saúde, tendo em vista a vastidão
territorial, densidade demográfica, nível de esclarecimento populacional e ocupação de
áreas remotas.
OBJETIVOS

Este relato de experiência tem como principal objetivo mostrar de forma


resumida a nossa experiência do módulo de Internato Rural do Internato de Medicina
relatando os pontos positivos e pontos que ainda precisam ser melhorados para que as
próximas turmas tenham um maior proveito de toda essa experiência de aprendizado.

RELATO DE EXPERIÊNCIA DA UBS CAREIRO DA VÁRZEA, UBSR


CONSELHEIRA ADA RODRIGUES VIANA, UBSR EPHIGÊNIO SALLES, UBSR
PAU ROSA E UBSR SÃO PEDRO

1. UBS CAREIRO DA VÁRZEA:


Iniciamos nossas atividades na UBS de Careiro da Várzea no dia 17/11/2021.
Nosso ponto de encontro era no Porto da Ceasa às 6:30 e pegávamos o barco da
prefeitura às 7h. A viagem durava, em média, 1 hora.
No primeiro dia, tivemos uma reunião com a enfermeira Adriana onde ela
explicou como funcionava as atividades da UBS e nos apresentou para equipe que
íamos acompanhar. Durante o tempo que passamos lá acompanhamos o Dr
Maurício, médico geriatra, mas fazia atendimentos de clínica médica e Dr Bibiano,
médico ginecologista.
Pela manhã, acompanhávamos o Dr Maurício nos atendimentos na UBS. Os
casos eram semelhantes, geralmente era paciente com história de HAS ou DM não
controlada e infecção de vias áreas tanto em crianças como em adultos. Quando
acabava o atendimento pela manhã, às vezes, estava programada a visita domiciliar.
Íamos caminhando pela vila até a casa do paciente e fazíamos a avaliação e
condução do caso lá. Um dos pacientes que mais íamos na visita domiciliar era um
paciente acamado que tinha úlceras de pressão em ambos MMII. Durante a tarde,
acompanhávamos o Dr Bibiano nas consultas ginecológicas. As consultas eram bem
diversificadas, além da autonomia que o Dr nos dava em atender as pacientes.
Terminava os atendimentos na UBS às 15:30 e às 16h pegávamos o barco da
prefeitura de volta para Manaus (Porto da Ceasa).
A rotina durante os dias da semana, praticamente, não mudava. Permanecemos
na UBS de Careiro da Várzea até dia 30/11/21, onde nos informaram que a partir do
dia seguinte íamos ter que pagar o barco para chegar na vila. Informamos a Dra
Heliana Feijó sobre a situação e explicamos que seria inviável financeiramente já
que não temos bolsa ou algo assim durante o internato. Fomos alocados para as
UBSR do Distrito Oeste e cada um do nosso grupo ficou em uma UBSR diferente.
Abaixo segue as nossas experiências individuais das UBSR que acompanhamos.
a) UBSR CONSELHEIRA ADA RODRIGUES VIANA – KM 41
Interna: Ana Carolina Amorim Peixoto
Iniciei as atividades na UBSR no dia 13/12/21 até dia 23/12/21, sob
preceptoria do Dr João Haroldo, médico residente de medicina de família e
comunidade e Dr Luis, médico generalista.
A rotina da UBSR era dividida durante os dias da semana. Na segunda-feira,
quarta-feira e sexta-feira nos atendíamos na unidade mesmo. Durante a
manhã tinha os atendimentos do Dr João. Acompanhamos muitos casos de
infecções de vias áreas, casos de COVID e malária também. Durante a tarde,
acompanhávamos o atendimento com o Dr Luis, os casos eram bem
parecidos também.
Na UBSR tinha uma Unidade Móvel laboratorial para diagnóstico da malária
e leishmaniose que são prevalentes na área. Além disso, tinha posto de
vacinação, acompanhamento de pré-natal, testes rápidos para COVID e ISTS
e farmácia com medicações, principalmente, sintomáticas.
Nas terças-feiras e quintas-feiras, íamos para alguns ramais distantes da
unidade para fazer mutirões de atendimentos nessas comunidades que não
tinham como chegar a UBSR sede. A equipe levava vacinas, testes rápidos
para COVID e alguns medicamentos. Geralmente, acompanhávamos o Dr
Luis nesses dias. A equipe organizava os pacientes e nós íamos atendendo
junto com o Dr. A maioria dos casos era de escabiose e infecção de vias
áreas. Os atendimentos levavam o dia todo e retornávamos para a unidade às
14h para pegarmos o ônibus de volta ao DISA.
Passamos somente 10 dias na unidade, então não tivemos tanto tempo para
conhecer bem a comunidade, mas apesar disso a equipe nos acolheu muito
bem e nos ensinou bastante também. Foi uma experiência enriquecedora e
necessária para nossa formação profissional, pois pudemos presenciar como
é precária as condições das UBSR e como os profissionais fazem de tudo
para proporcionar um atendimento adequado para as pessoas.

b) UBSR EPHIGÊNIO SALLES:


Interno: Paulo Henrique Dias Da Silva Dantas
As atividades foram iniciadas na UBS Ephigênio Salles com o Dr. Wilson
Cândido, médico da família e comunidade e pediatra, orientando quais
seriam as atribuições do interno desde o primeiro até o último dia do estágio.
Tais tarefas foram divididas em triagem, atenção ao paciente em consultas
periódicas, discussão de casos e diretrizes terapêuticas das doenças mais
prevalentes na região, preenchimento de formulários e fichas para registro na
Unidade, e além disso, visitas domiciliares realizadas nas mais remotas
regiões rurais para acompanhamento de pacientes que, eventualmente, não
teriam acesso facilitado à saúde.
Com todas essas atribuições, a rotina diária se tornou proveitosa e frutífera
para aprendizado, treinamento e manejo de pacientes em nível primário de
saúde, surgindo, assim, a oportunidade de aprender muito do que será visto
no dia a dia de um médico recém formado.
Dentre os diagnósticos sindrômicos mais prevalentes da região estavam:
síndromes gripais, febris, diarreicas e hipertensivas. Alguns outros casos
foram analisados de maneira ocasional, sendo granulomas, lesões
ortopédicas e dermatológicas alguns deles.
Além do setor médico propriamente dito, a UBS dispunha de uma farmácia,
cuja função era suprir a necessidade da população local. Função essa bem
executada, visto que, por ser bem gerenciada, dificilmente havia falta de
medicamentos e insumos para o adequado tratamento e auxílio de seus
dependentes.
Mesmo com todas as dificuldades e sacrifícios, como no transporte, avenidas
irregulares e rotina, por vezes, cheia e cansativa, o aproveitamento, extração
de aprendizado e aplicação de conhecimentos foi imensuravelmente mais
valoroso. Portanto, não há palavras que melhor se encaixem na experiência
vivida nesses dias do que as da pensadora Santa Teresa Dávila quando
proferiu a seguinte afirmação: “É justo que muito custe o que muito vale.”
c) UBSR PAU ROSA:
Interno: Samuel Paiva Pena

d) UBSR SÃO PEDRO:


Interno: Rômulo Moraes da Silva

As atividades na UBSR São Pedro foram iniciadas no dia 13 de


Dezembro de 2021 até o dia 26 do mesmo mês. Fiquei sob
preceptoria do Dr. Nicolas H. professor de saúde coletiva da UEA,
médico da família e comunidade, atuando na unidade há mais 10
anos. Os afazeres foram divididos entre atendimento em
comunidades mais remotas onde tínhamos que pegar os ramais de
carro e atividades na UBS. A rotina diária era ir até o DISA Oeste às
06h30min onde tinha um micro-ônibus que nos levava até a UBS.

Nos dias de segunda-feira, terça e sexta após chegarmos à UBS


entravamos em uma caminhonete junto às ACS (Agentes
comunitárias de saúde) para levar saúde aos moradores de áreas
remotas e pouco acessíveis. As atividades incluíam vacinação,
acompanhamento de puérperas, recém-nascido, idosos, grávidas e
crianças além de cadastramento de novos moradores ao serviço de
saúde, além de dar início ao plano de saúde individual e marcação
de consulta na UBS ou mutirão local. Isso se faz necessário para
fazer valer a lei 8.080/1990 e 8142/90 que regulamenta as ações e
serviços de saúde no Brasil, segundo ela, todos os brasileiros e
brasileiras, desde o nascimento, possuem direito aos serviços de
saúde que o SUS oferece.

As atividades na UBS aconteciam quarta-feira e quinta. Nesses dias


atendíamos todos os tipos de pacientes e as mais diversas doenças
eram apresentadas. Para nós um ambiente de aprendizado, mas
para os pacientes a esperança de terem suas queixas solucionadas.
O ambiente era muito propício ao conhecimento, professor dedicado
e atento aos mínimos detalhes. Reforcei o aprendizado clínico por
meio do exame físico da gestante, da criança, recém-nascido do
idoso. Atendíamos um idoso com Parkinson, em outro momento uma
mulher que estava no final da gestação e já planejava o seu parto,
em outro momento, um paciente com diabetes mellitus tipo 1 que
necessitava do ajuste de insulina e depois um paciente com autismo.

Apesar das dificuldades com o transporte, atolamento, falta de


infraestrutura e medicamentos, aprendi a ter um olhar mais clínico e
a depender menos de exames laboratoriais, imagem e de
tecnologias. Concluí que um exame físico bem feito direciona o
pensamento o que nos leva a achar o diagnóstico e o tratamento
correto na grande maioria dos casos. A experiência do internato rural
me fez ver a importância que o SUS tem na vida dos brasileiros,
pude aprender na prática o principio da equidade que visa diminuir as
desigualdades dando mais atenção aos que mais necessitam.

RELATO DE EXPERIÊNCIA DA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL


DOUTOR HEITOR VIEIRA DOURADO (FMT-HVD)

O submódulo na FMT-HVD foi composto por 5 semanas, do dia 11/10/2021 a


14/11/2021, onde fomos divididos em setores com uma rotatividade de 1 semana em
cada setor para que pudéssemos conhecer e aprender ao máximo. Abaixo segue as
nossas experiências em cada setor que passamos:
1. ENFERMARIA ISOLAMENTO:
Na enfermaria de Isolamento acompanhamos, principalmente, pacientes com
Tuberculose Pulmonar (TB) associado a HIV/AIDS. Tinham presente também internos
de medicina de outras faculdades tendo como preceptoria o Dr Flávio - Infectologista.
Uma das pacientes que nos marcou foi uma mulher de 40 anos, moradora de rua, e na
10° Gestação, diagnosticada com TB + HIV + Sífilis, sendo iniciado tratamento na
Fundação. Assim como tinha casos de pacientes em estado de imunossupressão grave
tendo outras infecções oportunistas. Foi uma enfermaria produtiva por conta dos
detalhes dos casos clínicos e o acesso aos exames disponíveis da fundação.
2. ENFERMARIA PRONTO ATENDIMENTO (PA):
Na enfermaria do PA em todo estante chegava paciente novo, dos mais diversos
casos, o tempo de permanência não era tão longo, em média de no máximo 3 dias. Caso
tivessem que permanecer mais tempo internados eram encaminhados para outra
enfermaria, dependendo do gênero, idade e clínica do paciente. Então cada dia nos
deparávamos com vários casos clínicos com diferentes diagnósticos, porém os pacientes
mais prevalentes eram os portadores de RTV com diagnóstico recente acompanhado de
infecções oportunistas, além de acidentes ofídicos e hepatites.
Além da rotatividade dos casos, algumas vezes tivemos a oportunidade de
participar de reanimação cardiopulmonar e ajudar na condução de casos graves.
Durante a semana ficávamos de plantão no PA e tínhamos a oportunidade de
atender os casos, sugerir condutas junto com preceptoria. Devido ao número de
atendimentos ser alto, vimos vários casos e pudemos aprender desde como conduzir um
acidente ocupacional a dar a notícia de RTV, manejo de acidente ofídico e outros.
Sem dúvidas um dos melhores submódulos, pois tínhamos uma maior autonomia
que não encontramos na maioria dos hospitais que rodamos onde a nossa principal
função é fazer o trabalho braçal.
3. ENFERMARIA MASCULINA:
No primeiro dia, teve a divisão dos leitosque íamos acompanhar duranteduas
semanas, pois também iriam estar presentes internos da UEA, Fametro e Nilton Lins.
Cada faculdade ficou com, aproximadamente, 6 leitos. Os médicos que nos acompanhou
foram Dr. Ítalo, residente da Infectologia, Dr Vitor Mar, médico infectologista e Dr
Guilherme Pivoto, médico infectologista.
Acompanhamos um homem de 41 anos com diagnóstico de HIV/AIDS +
Neurotoxoplasmose com sequelas irreversíveis + Pneumonia Hospitalar. O paciente já
estava internado faz quase 4 anos, onde o paciente se encontrava desorientado, não
responsivo, fazendo apenas sons incompreensíveis, como acompanhante tinha sua mãe
mais uma cuidadora que sua mãe paga.
No modo geral era apenas repetição de prescrição, porém alguns dias ele
apresentava febre e um dia teve convulsão, sendo resolvido no mesmo estante.
Acompanhamostambém um outro paciente que atendemos, inclusive, no pronto-
atendimento. Paciente com HIV +Neurotoxoplasmose. Ele até então estava na
enfermaria da Clínica Médica e foi encaminhado para a Enfermaria Masculina. Ele se
encontrava com a clínica semelhante a que vimos no PA, porém com melhora da
franqueza do membro superior direito, apesar de ainda estar bem fraco, e já tinha sido
tratado da candidíase oral.Dando seguimento ao tratamento foi pedido outra tomografia
para ver a lesão cerebral e iniciar a Terapia Antirretroviral, porém no dia seguinte o
paciente evadiu, poisjá estava internado há quase três semanas. A situação foi discutida
com preceptor e o mesmo disse para mantê-lo internado no sistema até dia seguinte,
pois o paciente poderia retornar, foi o que aconteceu. Com isso foi possível dar
seguimento ao tratamento do paciente, onde foi analisado a nova tomografia com a
antiga e estavam com suspeita de ser outra patologia que iria ser investigada, mas
infelizmente tivemos que trocar de Enfermaria.
Chegamos a ver pelo menos 4 mortes de pacientes que estavam em caso grave por
conta das suas patologias, onde fizeram todo o possível na reanimação, porém sem
sucesso, e pudemos sentir uma tristeza enorme em ver a família debilitada com a perda.
Vimos também como a equipe profissional se portava para melhor assistência para a
família e o quão seus psicológicos foram sendo adaptado para a situação da doença do
seu familiar e o que poderia acontecer.
De modo geral, não foi tão proveitoso, devido ser uma enfermaria muito lotada por
muitos alunos e internos de outras faculdades e isso acabava atrapalhando a nossa rotina
da enfermaria, porém foi a enfermaria que mais tivemos contato com mortes e de quão é
importante ter humanidade nessa área.
4. ENFERMARIA FEMININA:
Na enfermaria feminina, acompanhamos seis pacientes sob preceptoria da Dra
Aline.
Uma das pacientes que acompanhamos era uma mulher na faixa etária de 30 anos
com diagnóstico de HIV/AIDS + Tuberculose Pulmonar (Já tradada) + Candidiase Oral
+ Neurotoxoplasmose (que estava em tratamento) e emagrecimento exacerbado, onde a
paciente estava pesando em torno de 40 quilos.
Quando começamos a acompanhara paciente, a mesma estava melhor do quadro em
relação a sua admissão, porém ainda não tinha recuperado peso suficiente para sua alta
hospitalar. Ela apresentava tosse com expectoração, porém ao longo dos dias teve
grande melhora. Também apresentava leve fraqueza nos membros. Então tivemos que
acompanhar se a paciente apresentava alguma piora do quadro e resolução
dehipocalemia.
Em geral, a enfermaria feminina é bem parecida com a enfermaria masculina. Tanto
em relação aos diagnósticos e condução dos casos quanto a nossa rotina na enfermaria.
5. PLANTÃO PRONTO ATENDIMENTO:
Tínhamos dois turnos de plantões: O vespertino das 13h até 18h, que era duas vezes
na semana; O plantão noturno das 19h até 23h, uma vez na semana. Que foi durante
todas as 5 semanas que permanecemos no Tropical.
Os casos mais predominantes eram de pacientes que tiveram exposição sexual ou
acidente ocupacional para prosseguir com exame de sorologia com conduta de PEP
(Profilaxia Pós Exposição) para HIV.
Também tinham casos de malária, desde criança até idosos; Acidentes por animais
peçonhentos onde pudemosacompanhar acidente por escorpião e botrópico (onde
podemos dar destaque para uma paciente pediátrico que tinha sido mordirda por uma
cobra do gênero botrópico filhote) sendo necessária sua internação; Casos de pacientes
em síndromes neurológicas devido infecção oportunistas por serem portadores do HIV;
Uma paciente com abcesso hepático a ser investigado; Teve um caso também de um
paciente com HIV/AIDS com Tuberculose Intestinal e que apresentava emagrecimento
exacerbado, e ascite, onde foi necessária fazer paracentese no centro cirúrgico.
Novamente, reforçamos que foi um dos melhores setores que passamos pela
autonomia que tínhamos e o quanto isso é importante para nossa construção como
médicos.
6. AMBULATÓRIOS:
Chegamos a acompanhar ambulatório de 3 doutores, Dr Franklin, Dra Dessana e Dr
Flávio. O ambulatório da Dra Dessana era atendimento para pacientes com HIV, onde
tinha pacientes também infecções oportunistas prévias. Com Dr Flávio também era
ambulatório HIV, para dar seguimento ao tratamento farmacológico. Enquanto Dr
Franklin era ambulatório de hepatites virais.
A maioria dos ambulatórios eram proveitosos, principalmente do Dr Franklin, pois
sempre havia a discussão dos casos e ele sempre tentava sanar as nossas dúvidas.
7. SEMINÁRIOS:
Os seminários ocorriam toda sexta-feira a partir das 11 horas, sendo cada dia um
tema específico da Infectologia que foi subdividido entre os integrantes do grupo. Todos
os seminários foram bem elaborados, e tivemos como preceptoria o Dr Franklin que
sempre fazia comentários sobre o respectivo tema e tirava todas as dúvidas, tornando
essa atividade muito enriquecedora do ponto de vista de aprendizado.

RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS


Ao chegarmos ao final desde trabalho, consideramos que ele apresenta uma tentativa de
expor a nossa experiência com o internato rural. Começamos o internato pela Fundação
de Medicina Tropical e posteriormente em zonas rurais.
Na FMT (Fundação de Medicina Tropical) somos bastante acolhidos pela preceptoria e
a equipe de médicos plantonistas e enfermeiros. Nas enfermarias, pronto atendimento e
ambulatórios, nós presenciamos os mais diversos casos de doenças: tuberculose em
paciente com HIV, Criptococose, Neurocriptocose, Pneumocistose, Gestante com HIV,
Hepatites virais, Ascite, demência pelo HIV, dentre diversos outros casos expostos no
tópico “relato de experiência na FMT”. Neste cenário clínico foi possível treinar e
adquirir muita experiência prática.
O treinamento médico em zonas rurais começou pelo Município Careiro da Várzea e
posteriormente por problemas de locomoção nós nos dividimos em outras UBSR. No
Careiro da Várzea os casos eram muito similares, variando entre síndrome metabólica,
Hipertensão arterial, Diabetes mellitus e síndromes respiratórias agudas em crianças.
Neste cenário clínico foi possível treinar por meio da repetição as principais condutas
frente aos casos mais comuns na vida prática do médico generalista. Nas outras UBSR
cada aluno teve uma experiência diferente: uns iam acompanhar as ACS, outros ficaram
maior parte do tempo em atendimento na UBSR. A intersecção de experiências entre
nós foi ver a grande importância que SUS tem na vida das pessoas mais necessitadas,
fazendo valer todos os Princípios doutrinários: Universalização, Equidade e
Integralidade.
Mas, ressaltamos que em três meses não é possível extrair tudo o que é necessário e
reconhecemos o impacto negativo que a pandemia teve na nossa formação. Acreditamos
que um tempo maior de vivencia é fundamental para se aprender qualquer coisa com
profundidade. Esperamos que as próximas turmas pudessem desfrutar do mundo de
conhecimento e oportunidades que é o internato rural por um período maior que o nosso
e sem entraves burocráticos como: falta de transportes e impedimento de ter aulas por
superlotação por alunos de outras universidades. O internato rural foi de extrema
importância para nossa formação médica com generalistas, foi por meio do internato
que nós adquirimos mais capacidade entender o ser humano como um todo e não só um
órgão que está falhando. Esta visão ampla não seria possível se não fosse à contribuição
de grandes profissionais que se dedicaram a nos ensinar e entregar o melhor de si.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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