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ANÁLISE DO LAUDO DE PRESSÃO SONORA

1. INTRODUÇÃO
O escopo do serviço é analisar o laudo de pressão sonora emitido pelo Arq. José Carlos Pereira de
Moraes em face da Panificadora Benamor Ltda.

2. INFORMAÇÕES GERAIS

2.1. CONTRATANTE
● Empresa: CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO ANDALUZIA
● Contato: Sra. Zeneida Matos Feijão
● condominioandaluzia200@gmail.com – (21) 98787-6021
● Proposta Comercial: 25.934/21

2.2. DOCUMENTO DE REFERÊNCIA


● Documento: ENGENHARIA DIAGNÓSTICA – LAUDO TÉCNICO PARA ANALISE DE RUIDO URBANO
● Emissão: 25 de junho de 2021
● Número de referência não há

3. SOBRE O DOCUMENTO
O laudo possui 12 folhas com a descrição da vistoria e três folhas anexas, com a classificação do
zoneamento onde o imóvel está situado e o certificado de calibração, tendo as principais referências:
● Fonte emissora: Panificadora Benamor
● Receptores críticos: As unidades 202 e 302 do Condomínio do Edifício Andaluzia
● Normas técnicas e legislação de referência: Resolução CONAMA nº 001/90; Normas técnicas NBR
10.151 – Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas; NBR 10.152 – Níveis de Ruído para o Conforto;
e as Normas de Inspeção Predial do Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícia de Engenharia –
IBAPE

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4. SOBRE O MEDIDOR SONORO
a) A terminologia “decibelímetro” é adequada, o equipamento de medição é chamado de Medidor
Sonoro ou Sonômetro ou ainda Medidor Integrador de Pressão Sonora.

b) O medidor utilizado na avaliação não atende a norma IEC 61672 para classe 2 ou superior ou a
norma IEC 60651 e IEC 60804 para o Tipo 1 ou superior.

c) O medidor não possui filtro de integração LAeq, que permite calcular a média dos valores medi -
dos. Os valores apresentados foram extraídos de uma foto registrada durante a medição, sem expli-
car como foi apurado o valor médio.

O não atendimento aos itens b) e c) são suficientes para desqualificar o laudo de medição.

5. CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO
d) O certificado do medidor sonoro não foi emitido por um laboratório da RBC ou equivalente e os
parâmetros verificados não atendem aos requisitos mínimos do Anexo A da norma.

e) Não há certificado do microfone e do calibrador acústico.

O conjunto de instrumentos medidor, microfone e calibrador acústico deve ser calibrado


por laboratório acreditado, membro da Rede Brasileira de Calibração – RBC, ou pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro, ou por laboratório de calibração
de outros países acreditado por organismos signatários de acordos oficiais brasileiros e de
reconhecimento mútuo. (Cap. 06 – 1º par.)

As informações que devem constar nos certificados de calibração são apresentadas no


Anexo A. (Cap. 06 – 4º par.)

Quando o resultado de algum parâmetro apresentado no certificado de calibração não


atender aos requisitos da respectiva IEC, o instrumento não pode ser utilizado.
(Cap. 06 – 7º par.)

O não atendimento aos itens d), e) são suficientes para desqualificar o laudo de medição.

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6. AJUSTE DO SONÔMETRO
f) Não há indicação de que o medidor sonoro tenha sido ajustado antes e depois da campanha
de medição, conforme determina o item 7.2 da norma, o que é suficiente para desqualificar o
laudo de medição.

7. REQUISITOS AMBIENTAIS
g) Não há informações sobre as condições ambientais conforme determina o item 7.3 da norma.

8. SOBRE O PROCEDIMENTO DE MEDIÇÃO NA ÁREA EXTERNA


h) Não foi indicado o método de medição (simplificado), item 8.1.

i) Não foi indicado o ponto de medição num croquis, que permita identificar os pontos de medi-
ção, a fonte emissora e o receptor crítico, item 10 b.

j) Não foi identificado o Som Total, item 9.2.1; som residual, item 9.2.2; e nem tão pouco determi-
nado o som específico, item 9.2.3.

k) Não informado se havia ou não características impulsivas, item 9.3; ou tonais, item 9.4.

l) Não foi descontada a influência do protetor de vento nas medições externas.

9. SOBRE O PROCEDIMENTO DE MEDIÇÃO NA ÁREA INTERNA


m) Em ambiente interno deve-se realizar medições em no mínimo três pontos distribuídos de for-
ma a se obter uma amostra significativa do ambiente, e não há evidências que o requisito tenha sido
atendido, conforme item 7.5.3 par. 2 e 5.

n) Não foi determinado o nível de pressão sonora externo, item 9.6.2.

10. SOBRE A PROPAGAÇÃO ESTRUTURAL


o) De acordo com o relato dos moradores existe a transmissão de som aéreo e transmissão por vi-
bração. Então, na ocorrência de percepção de vibração no ambiente interno a avaliação deveria ter
sido realizada de acordo com o método de bandas proporcionais, item 9.6.3 par 1.

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11. SOBRE O MÉTODO DE AVALIAÇÃO
p) Inicialmente foram comparados os resultados das medições com os limites de dormitório apre-
sentados na NBR 10.152, o que é inapropriado, pois essa norma se presta ao planejamento ambien -
tal. Enquanto, que para avaliar eventuais violações ambientais, deve-se utilizar a norma a NBR 10.151
e os limites apresentados pela legislação municipal.

q) Apesar de determinado o limite ambiental municipal, não foi realizado comparação com os re-
sultados do monitoramento.

12. SOBRE AS CONCLUSÕES DO RELATÓRIO


r) Na análise e conclusão há uma avaliação subjetiva das questões de ruído e vibração, sugerindo
medidas mitigadoras, que realmente podem atenuar ou mesmo resolver o incomodo relatado pelos
moradores, mas que carecem de detalhamento e/ou especificação para implementação.

13. CONCLUSÃO
O relatório pode ser utilizado como uma referência subjetiva de resultados, mas não é uma refe-
rência válida pela NBR 10.151, que é a referência técnica para avaliação de pressão sonora em cen -
tros urbanos, por não atender aos quesitos mínimos estipulados nesta norma.

x --- x --- x --- Fim da análise --- x --- x --- x

Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2021.

GROM Acústica & Vibração


Marcelo A. Fontana Gomes
Eng. Mecânico / Seg. do Trabalho
CREA-RJ 135897/D

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