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Direito das Obrigações

Conceito de obrigação: é um vinculo jurídico intersubjetivo que liga o credor ao devedor, de natureza transitória
que tem por objetivo uma prestação positiva/negativa, economicamente aferível que é garantida pelo patrimônio
do devedor.

Dever jurídico é diferente de obrigação porque dever jurídico advém sempre da lei, mas não é economicamente
aferível. Dever jurídico: Obrigação de tomar comportamento em beneficio de outra parte. Ônus: é um
comportamento exigido do sujeito em seu próprio beneficio.

Elementos das obrigações:

a) Subjetivos: Credor – Titular do direito subjetivo de exigir a prestação. É o pólo ativo. Devedor – Quem tem
o devedor jurídico de satisfazer a obrigação. É o pólo passivo. Numa relação de compra e venda, ambos
são credores e devedores: o comprador é credor do objeto da compra, o vendedor é credor do valor
pecuniário.
b) Objetivos: Objeto – a prestação. O objeto da obrigação é a própria prestação, fazer ou não fazer, dar coisa
certa, dar coisa incerta, restituir. O objeto tem que ser licito, possível, determinado.
c) Espirituais: Só se pode afirmar que se tem uma obrigação civil se tiver um débito e uma responsabilidade
de pagar (os dois juntos). Schuld é o débito; halftung é a responsabilidade de pagar. Responsabilidade: O
credor tem o direito subjetivo de exigir de outrem a obrigação. Ás vezes o sujeito, apesar de ter-se
obrigado, não tem responsabilidade pelo pagamento.

Obrigação Civil = Obrigação Natural

Obrigação civil: O sujeito tem o débito e a responsabilidade presentes na obrigação. Também pode ter a
responsabilidade sem o débito. Ex: fiador, avalista. Uma obrigação civil quando prescreve torna-se uma obrigação
natural.

Obrigação Natural: Quando o sujeito não precisa pagar, ou seja, o sujeito passivo tem o débito, mas não tem a
responsabilidade para o pagamento do mesmo. Ex: Casos de prescrição.

Fontes das Obrigações

a) Lei: Sempre que impuser obrigação patrimonial. È quando está na lei, advém desta. Ex: alimentos.
b) Contrato: A essência é a manifestação de vontade das partes. É a convergência de acordos, vem do
Princípio da Autonomia da Vontade. As pessoas são livres pra fazerem o que desejarem. Princípio da
Autonomia da Vontade: Desde que não seja defeso em lei. O Estado deixa livre.
c) Ato Ilícito: Arts. 186, 187 e 927. É a fonte das obrigações que geram responsabilidade civil
extracontratual. Ex: Dano – primeiro vem o dano para depois via a obrigação. Não precisa haver
manifestação de vontade. É onde se origina a indenização.
d) Ato Unilateral de Vontade: Quando uma única pessoa manifesta uma vontade e ela já está obrigada a uma
obrigação, mesmo sem saber se será pólo ativo. O beneficiário não precisa se manifestar, seu crédito
nasce da manifestação de vontade do dono do bem. Ex: Testamento, promessa de recompensa. A doação
não é unilateral, pois o beneficiário precisa concordar. – Promessa de recompensa: O dono de um cachorro
oferece recompensa para quem encontrar o animal. O dono sozinho cria a obrigação por si.

Classificação das obrigações

- Quanto ao vínculo: Obrigações Naturais/Obrigações Civis

Divida de Jogo no Brasil: Existem três diferenças (art. 814 § 3°)

a) Jogos regulamentados: Geram obrigação civil: débito + responsabilidade de pagar. Ex: Mega sena, Bingo,
Corrida de Cavalos.
b) Jogos tolerados: Geram obrigação natural: débito sem responsabilidade, ou seja, se pagar não pode pedir de
volta. Ex: Pôquer, buraco e cartas em geral.
c) Jogos proibidos ou ilícitos: Não geram obrigação nenhuma, pois o objeto é ilícito. São os jogos de azar, que
dependem única e exclusivamente da sorte.

- Quanto a natureza da prestação: Obrigação de dar coisa certa/Obrigação de dar coisa incerta/Obrigação de
Fazer/Obrigação de Não fazer
a) Obrigação de dar coisa Certa: Obrigação de dar coisa certa a prestação: é a entrega de tal coisa. É uma
coisa especifica individualizada, com características próprias que diferenciam das outras. Ex: o carro de “fulano”.

Princípio da Identidade da Coisa Devida: Art. 313 CC: O credor não está obrigado a receber coisa diversa da
que havia sido contratada, mesmo que essa coisa seja mais valiosa. Ao mesmo passo que o devedor não pode ser
compelido a dar coisa diversa, ainda que menos valiosa. Se ambas as partes concordarem, é possível extinguir o
combinado.

Princípio da gravitação jurídica: Art. 233 CC: Em regra, o acessório segue o principal, mas o contrato pode
diferente.

Princípio da Repartição do Risco: É a possibilidade de a coisa se perder ou deteriorar. Respirit at domino: A


coisa perece para o dono. Mas, quem é o dono? no Brasil: - Bens móveis: Deixa de ser proprietário a partir do
momento da entrega do bem. Só transfere pela tradição, que é a entrega real, efetiva do bem móvel. Art. 237 CC.
– Bens Imóveis: Art. 1245 CC. Transfere-se através da entrega fictícia, que se dá através do registro do titulo de
transferência (escritura pública). Não importa se já pagou.

A obrigação se resolve sem perdas e danos. As partes voltam ao status quo


Sem culpa
(estado anterior), como se não houvesse existido obrigação. Art. 234 – 1° parte.
Perda
Com culpa O devedor responde pelo equivalente + perdas e danos – art. 234 – 2ª parte.
O credor escolhe: resolve a obrigação ou aceita a coisa deteriorada com
Sem culpa
abatimento do preço. Art. 235.
Deterioração
Com culpa O credor escolhe: exige o equivalente + perdas e danos ou aceita a coisa no
estado em que se encontra + perdas e danos. Art. 236.

 Perdas: A coisa não existe ou não serve mais para a finalidade para que foi criada.
 Deterioração: A coisa existe, mas está precária.

b) Obrigação de restituir: é uma subespécie da obrigação de Dra coisa certa. Ocorre quando o devedor tem que
devolver o que já era do credor (proprietário). Ex: empréstimo de carro de aluguel. Res perita at domino - A coisa
perece para o dono.

Sem culpa A obrigação se resolve sem perdas e danos. A coisa perece para o dono. Art. 238.
Perda
Com culpa O devedor responde pelo equivalente + perdas e danos – art. 236.

Sem culpa O credor recebe a coisa deteriorada, sem perdas e danos. Art. 240 – 1ª parte.
Deterioração
Com culpa O credor escolhe: exige o equivalente + perdas e danos ou aceita a coisa
deteriorada + perdas e danos. Art. 240 – 2ª parte.

OBS: Sempre que houver culpa, vai ter perdas e danos.

 Perdas e danos:
 Dano emergente: Ex: concerto do carro.
 Dano moral;
 Lucro cessante: Tudo que deixa de ganhar se estivesse trabalhando;
 Dano estético.

 Valorização da Coisa: Acréscimos / Valorização antes da tradição: A valorização, os acréscimos beneficiam


o dono. O que importa é a entrega do bem e não o pagamento.
 Obrigação de dar coisa certa: art. 237 CC. Quando acontece com a coisa combinada a dar, que
antes de se entregar, descobre-se que a coisa possui um valor maior. O proprietário tem o direito
de exigir um valor maior. Porém, face ao compromisso assumido com o comprador e, se esse
aceite o novo valor, deverá ser feito o negócio com este. Ou se resolve a obrigação (art. 241), Ex:
cristal.
 Obrigação de restituir: art. 242 CC.
 Fenômeno Natural: Avulsão. Se a valorização ocorrer por fenômeno natural, esta sempre
pertencerá ao proprietário. Ex: locatário descobre mina de ouro no sitio alugado. A mina pertence
ao locador.
 Investimento do Devedor (benfeitorias) – art. 1219 a 1221 CC: I) Necessárias: Aquilo que o
devedor depreende para manter o bem da mesma forma que foi recebido, mantendo sua
conservação. Sempre serão indenizáveis. Ex: casa alugada – infiltração. II) Úteis: Aquelas
destinadas a aumentar a facilitar o uso do bem. Serão indenizadas somente se o credor conocrdas
previamente com a indenização destas. Ex: garagem. III) Voluptuárias: Aquelas feitas por mero
deleite, prazer, embelezamento, recreio da coisa. Não são indenizáveis. Ex: chafariz, anão de
jardim.

c) Obrigação de dar coisa incerta: também são chamadas de obrigação de gênero. É quando existem várias
outras do mesmo gênero e da mesma espécie. Nasce determinada pelo gênero e pela quantidade da coisa devida.

 Características: Tem que ser determina pelo gênero e pela quantidade. É mais ou menos incerta, porque
ela tem que ser pelo menos determinada pela qualidade e pela quantidade. Ex: Deve 10 sacas de arroz –
não se sabe quais são as sacas, mas a quantidade e o gênero estão definidos. A indeterminação da coisa é
sempre temporária, porque após a concentração do débito, passa a ser coisa certa. – Art. 246 CC – O
gênero nunca perece. Enquanto não houver a concentração do débito, a obrigação é, portanto, de dar
coisa incerta. O devedor jamais vai poder alegar que a coisa se perdeu ou deteriorou, mesmo que em caso
fortuito ou de força maior. Após a concentração do débito e, caso haja perda ou deterioração do bem,
aplicam-se as regras da obrigação de dar coisa certa.
 Concentração de débito: é a especificação, individualização da coisa devida. É o momento da escolha. A
partir daí deixa de ser obrigação de dar coisa incerta e passa a ser obrigação de dar coisa certa e utiliza-se
os critérios deste. Em regra, a escolha é do devedor, salvo se estipulado o contrário em contrato. O Código
assim estabelece para facilitar o cumprimento da obrigação. O Supermercado abre mão da faculdade de
escolha, de concentração do débito.

Princípio da Boa-Fé Objetiva: Art. 244 CC. Se a escolha couber ao devedor, este não poderá escolher a pior
coisa se couber ao credor não poderá escolher a melhor.

d) Obrigação de Contribuir: é a prestação em que o devedor concorre para manutenção do bem comum ou
para a realização de esforços comuns. Ex: cota condominal, mensalidade de clube. Não tem previsão no
Código Civil.
e) Obrigações Pecuniárias: I) Dívida de dinheiro: é uma obrigação de dar coisa certa onde a prestação já é o
próprio dinheiro – valor nominal. Lei 6.899/91 – As dívidas de dinehiro sofrem correção monetária, ou seja,
restituição do poder de compra do valor. II) Dívida de valor: O objeto não é o dinheiro. Este é só uma medida
de valoração da prestação. Pode ser obrigação de dar, de fazer. Ex; obrigação alimentar, que engloba comida,
médico, moradia. O devedor pode fazer o pagamento in natura, ou seja, entregar diretamente o alimento,
pagar o colégio, emprestar a casa para moradia.
f) Obrigação de fazer: I) Prestação: É uma atividade humana, prestação de serviço, desde que seja licita.
Pode ser também manifestação de vontade, que permite os contratos preliminares. Ex: contrato de promessa
de compra e venda – o devedor passa a ser devedor de uma manifestação de vontade. II) Tipos: -
Fungíveis: O credor está interessado tão somente na realização do serviço contratado, ou seja, pouco
importa quem vai realizar o serviço contratado. O devedor pode ser substituído por outro, desde que o serviço
contratado seja realizado. – Infungíveis: O credor escolhe o devedor em razão das características pessoais
destes. Não pode ser substituído. É uma obrigação personalíssima ou intuito personae.

Classificação quanto ao conteúdo/objeto:

a) Obrigação de garantia: O devedor se compromete a assegurar o cumprimento de uma outra obrigação.


Ex: fiança e valista.
b) Obrigação de resultado: Também é considerada obrigação de fim. O devedor garante ao credor o
resultado efetivo do serviço, da atividade. No momento que se contrata o serviço já se sabe qual será o
resultado. A maioria das obrigações são de resultado. Ex: Contrato de transporte, pintura.
c) Obrigação de meio: O devedor se compromete a desprender todos os esforços necessários para
obtenção do resultado, mas não garante este. Ex: advogado, médico, profissionais liberais em geral. Pode
se transformar em obrigação de resultado se o devedor garantir o resultado. – A cirurgia plástica é
considerada polêmica. Há cirurgia plástica reparadora, que é uma obrigação de meio, e a cirurgia plástica,
que é obrigação de resultado. O devedor pode transferir uma obrigação de meio em obrigação de fim
quando garante o resultado.
d) Inadimplemento: É o descumprimento do contrato.
– Quando a prestação se tornar impossível sem culpa – art. 248, 1ª parte. A obrigação se resolve, ou seja,
as partes voltam ao status quo, sem perdas e danos. Quando ocorre em uma situação onde a pessoa não
pode ser responsabilizada. Ocorre em um caso inevitável. Nesse caso, não importa se é obrigação fungível
ou infungível.
– Impossibilidade com culpa ou “recusa”. Não for realizada pela recusa injustificada ou por culpa do
devedor. A recusa em fazer o serviço é equivalente ao inadimplemento do serviço. Ocorre mesmo quando
o cumprimento seja mais oneroso para ele. Ex: gastrite, torcicolo.
 Objetos fungíveis: O credor pode escolher uma terceira pessoa qualquer para fazer a prestação
e o devedor originário deverá pagar por tudo. É necessária autorização judicial – art.249 CC.
 Objetos infungíveis: Art. 247 e 248, 2ª parte: O devedor responde por perdas e danos ocorridos
pelo inadimplemento.
 Urgência: Art. 249, Par. Único. Se for urgente, é dispensada a autorização judicial. Poderá ser
cobrado perdas e danos.
e) Obrigação de não fazer: - Tem um efeito inter partes, só pode vincular os contratos.
- Prestação: Contrata uma inércia, uma abstenção. Nada o impediria de fazer, mas, uma vez
comprometido, o sujeito não pode fazer. Pode advir da lei (dever de sigilo do profissional liberal –
obrigação de não falar) ou da vontade das partes. Ex: Não construir o segundo andar. É um dos únicos
casos em que a Lei autoriza a que o sujeito “aja com as próprias mãos”. O liame entre a urgência ou não é
tênue. – Art. 251, Parágrafo Único.
- Inadimplemento: Quando fizer o que tinha se comprometido em não fazer. – Sem culpa (art. 250): A
obrigação se resolve, sem perdas e danos. X: Advogado, que tem obrigação de sigilo, tem seu escritório
invadido e as informações sobre os clientes são divulgadas. – Com culpa (art. 251): Perdas e danos mais
desfazimento do ato. A doutrina pondera quando o desfazimento do ato vai ser mais oneroso.
- O judiciário para garantir a obrigação de fazer e não fazer criou astrientes.
Astriente: Instrumento que o juiz tem para compelir o devedor a cumprir a obrigação. É uma multa diária
– não é indenização, é apenas instrumento de coação. Se o juiz não entender que é urgente, vai
recompensar o devedor. Serve tanto para obrigação de fazer, quanto para obrigação de não fazer.

Classificação quanto ao modo de execução

a) Obrigação simples: é a que tem por objeto uma única prestação, a qual, obviamente, é a devida.
b) Obrigações cumulativas/conjuntivas: é a que abrange duas ou mais prestações, sendo que todas elas
são devidas. Geralmente, se reconhece tal obrigação pela conjunção aditiva “e”. Pode ser duas obrigações
de dar, uma de dar e uma de fazer.
c) Obrigações alternativas:
- Conceito: É a que abrange duas ou mais prestações distintas, mas o devedor se libera, mediante o
cumprimento de uma só delas, cabendo-lhe, salvo disposição em contrário. Ex: Ou das uma palestra ou
entregar um artigo. Art. 252.
- Características: Multiplicidade de prestações. Exoneração do devedor mediante o cumprimento de
apenas uma.
- Concentração de débitos/efeitos: A concentração do débito recai sobre a prestação. É a escolha da
prestação, após a escolha passa a ser obrigação simples. Cabe ao devedor a concentração do débito, salvo
disposição em contrário. Efeitos: após feita a concentração, obrigatoriamente não pode mudar a
obrigação escolhida. A prestação se torna obrigatória e irrevogável.
OBS: Prestações periódicas (art. 252, § 2º). Pode ser modificada a cada dia. Ex: Merendeira contratada
para fazer merenda – a merenda é renovada a cada dia. No caso de se contratar um professor para dar
aulas ou de inglês ou de francês, não se pode mudar a escolha.

Obrigação Alternativa (antes da concentração)

ESCOLHA DO DEVEDOR ESCOLHA DO CREDOR

Duas prestações Resolve-se a obrigação. Resolve-se a obrigação.


Perdem-se sem culpa Sem perdas e danos. Sem perdas e danos.
Art. 256. Art. 256.

Uma prestação Concentração automática na Concentração automática na


Perdem-se sem culpa prestação subsistente. prestação subsistente.
Art. 253. Art. 253.

Uma prestação Concentração automática na Credor escolhe ou a prestação


Perdem-se com culpa prestação subsistente. subsistente ou o equivalente à
Art. 253. prestação que se perdeu mais
perdas e danos.
Art. 255 – 1ª parte

Duas prestações Fica o credor obrigado a pagar o Credor escolhe o valor de


Perdem-se com culpa valor equivalente da que por qualquer das duas prestações
último se perdeu, mais perdas e mais perdas e danos.
danos. Art. 255 – 2ª parte.
Art. 254.

d) Obrigações facultativas:
- Conceito: é uma obrigação simples, onde só há uma prestação devida. Contudo, o devedor tem a
faculdade de se liberar realizando outra prestação, que deverá ter sido estabelecida no contrato. É uma
opção para o devedor. Ex: Fulano deve a Beltrano um carro, mas poderá entregar-lhe uma moto.

Prestação in obligatione/Principal: Ex: Carro.


Se a prestação principal for anulada, a substituta também é.

Prestação in facultate solutiones/ Substitutiva: Ex: Moto.


O credor não tem direito subjetivo sobre a prestação substitutiva.

Obrigações Facultativas = Obrigações Alternativas:


1- Facultativa: É uma obrigação simples, ou seja, só tem uma prestação, com reserva para o devedor de
substitui-la. Alternativa: Obrigação múltipla. Várias prestações. O credor pode escolher.
2- Facultativa: Escolha exclusiva do devedor. Alternativa: A escolha pode ser do devedor ou do credor.
Se houver perda da prestação principal, sem culpa, a obrigação se resolve. O credor não pode exigir a
obrigação substituta.
3- Facultativa: Se a prestação principal se tornar impossível, sem culpa, resolve-se a obrigação.
Alternativa: Se a prestação se tornar impossível, sem culpa, concentração automática na que
substituir.
Se houver perda da prestação principal, com culpa, o devedor deve entregar o equivalente à prestação
principal, mais eventuais perdas e danos. Se o devedor quiser, pode entregar a prestação substituta
mais perdas e danos. O credor não é obrigado a aceitar.

Quanto à pluralidade de sujeitos e sua relação acerca do objeto:

1) Obrigações divisíveis: São aquelas em que a prestação pode ser entregue ao credor em
parcelas/frações. Regra: Concursum Partes Fiunt (art. 257): Presume-se que se dividem em partes
iguais. Ex: Prestação de R$ 30,00. Dois credores – cada um terá direito a R$ 15,00. Dois devedores –
cada um terá que pagar R$ 15,00.

OBS: Art. 322 – Presunção Iuris Tantum/ Relativa: Admite prova em contrário. Obrigação de R$ 100,00 –
quotizada em 5 vezes. O devedor paga a primeira, a segunda e a última – Presunção de quitação até
prova em contrário.
Divergência: Renúncia a presunção. Ex: conta de luz.
Primeiro: A renuncia à presunção não pode ser feita unilateralmente pelo credor, pois é uma regra para
beneficiar o devedor.
Segundo: Se o devedor paga a parcela aceitando o que estava escrito, ele mesmo renunciou.

2) Obrigações indivisíveis: Aquelas em que a prestação tem que ser entregue ao credor, por inteiro ou de
uma só vez.

Origem da indivisibilidade:
- Natureza da prestação: O bem que naturalmente não pode ser dividido. Ex: um cavalo, um carro, uma
palestra.
- Acordo de vontade (contrato): As partes estabelecem, convencionam no contrato o pagamento à vista.
- Lei: Ex: Lei de locação. Alugueres atrasados pagos em uma vez – art. 73 da Lei n° 8.245/91.
- Decisão Judicial: O juiz determina que o pagamento tem que ser feito de uma vez só.

Multiplicidade de credores (art. 260): Ex: “A” deve um cavalo para “B” e “C”.
I) Pagamento eficaz:
 Reunir os credores (no mesmo lugar e ao mesmo) e entregar o bem e receber a quitação.
 Pagar para um só credor, desde que autorizado pelos demais credores;
 Pagar para um só credor, desde que este preste caução do valor pertencente aos demais
credores;
 Consignação em pagamento – depósito judicial que se faz da prestação, do bem.

II) Morte de um credor: Os herdeiros tem o direito seguindo a regra das condições de pagamento, se
a divida for divisível, somente os herdeiros juntos poderão efetuar cobrança da dívida.

III) Remissão da dívida por um credor (art. 262): O credor só pode remir a sua parte. Como a
obrigação é indivisível, permanece a obrigação de entregar o bem, desde que os demais credores
paguem ao devedor o valor correspondente à parte remida.

Multiplicidade de devedores: Nenhum devedor pode pretender pagar só a sua parte – art. 259. O credor pode
escolher qualquer um dos devedores para cobrar o todo, integralmente.

a) Pagamento Integral feito um devedor: Este devedor passa a ser credor (sub-rogação legal automática) dos
outros devedores e agora a obrigação é divisível e cada devedor paga a parte correspondente a sua divida.
Ex: Do cavalo – os outros dois devedores pagam R$ 10.000,00 cada. Art. 259, Parágrafo Único.
b) Impossibilidade da prestação por culpa (art. 263, § 1º): Pagar o equivalente em dinheiro (que é divisível)
mais perdas e danos, que só poderão ser cobradas do devedor que deu causa à impossibilidade. Ex: O
cavalo estava no rancho de D3. Só este paga as perdas e danos. D1 e D2 só pagam o equivalente ao valor
do bem.
c) Morte de um devedor: Nem a dívida nem a indivisibilidade acabam com a morte. Os herdeiros do falecido
herdam a divida. O credor pode cobrar a integralidade de qualquer filho porque é indivisível, se fosse
divisível cobraria o valor dividido. Art. 276 – 2ª parte.
d) Insolvência de um devedor: D1 pagou tudo e passa a ser o credor dos outros dois e a obrigação passa a
ser divisível. D2 pagou a sua parte (R$ 10.000,00). D3 está insolvente – não paga e D1 que perde o valor
de sua parte (R$ 10.000,00).

3) Obrigações solidárias:
Conceito: São aquelas em que, necessariamente, tem que haver multiplicidade de sujeitos, que serão
considerados corresponsáveis. A solidariedade pode ser ativa (vários credores), passiva (vários devedores)
ou mista.
OBS: É uma ficção jurídica, onde os sujeitos do mesmo pólo da relação serão considerados uma só
pessoa.
Ficção jurídica: Uma coisa que na vida real não é assim, mas a lei cria como de fosse.

Elementos:
1- Multiplicidades de pessoas;
2- Corresponsabilidade dos envolvidos.

Origem:

1- Vontade das partes (estipulada em contrato) Art. 264;


2- Lei (Art. 2º, Lei 8.245/91; Art. 680 CC; Art. 829 CC)

Características: A regra é a não solidariedade. Tem que haver a divisão igual entre os solidários.

1- A solidariedade não se presume, tem que ser expressa (pela vontade das partes ou pela lei)
2- Não existe solidariedade interna, ou seja, se um devedor paga tudo só pode cobrar o restante dos
outros, de cada um a parte correspondente.

Natureza Jurídica: Três correntes:


1º - Natureza Jurídica de uma representação: É a mais ultrapassada. C1 que fosse cobrar aos devedores
estaria representando C2 e C3.

Crítica: Os outros credores não são incapazes e a representação é para incapazes.

2º - Natureza Jurídica do Mandato: Como se os outros credores passasse uma procuração para C1 agir em
nome deles.

Crítica: O mandatário também tem parte na divida e estará agindo também em nome dele.

3º Solidariedade é um instituto Autônomo: É a majoritária. Hoje é pacifico que a solidariedade é um


instituto autônomo por si só e um instituto jurídico. Não é atrelada à representação, mandato. Tem
característica própria. Ela em si é a natureza jurídica. É uma ficção jurídica criada para dizer que dois ou
mais membros são um só. Tem como finalidade facilitar o pagamento do devedor (solidariedade ativa) ou
garantir ao credor escolher de quem vai cobrar (solidariedade passiva).

4) Solidariedade (diferente) indivisibilidade

Solidariedade: O credor pode exigir de cada devedor a dívida toda, porque cada um deve o todo (art.
275).
Indivisibilidade: O credor também pode exigir a divida integral, porém em virtude de não fracionariedade
da prestação (o bem é indivisível).

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