Você está na página 1de 135

Cuidado da Criança e do Adolescente com Sobrepeso

e Obesidade na Atenção Primária à Saúde

UFSC 2021
Cuidado da Criança e do Adolescente Expediente
com Sobrepeso e Obesidade Ficha Técnica
na Atenção Primária à Saúde Ficha Catalográfica

GOVERNO FEDERAL ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO PARA O CURSO Eurizon Oliveira Neto


Ministério da Saúde UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Zeno Carlos Tesser Junior
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) Reitor: Ubaldo Cesar Balthazar
Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS) Vice-Reitora: Cátia Regina Silva de Carvalho Pinto ASSESSORIA PEDAGÓGICA
Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) Pró-Reitor de Pós-Graduação: Cristiane Derani Márcia Regina Luz

Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares


REVISÃO TÉCNICA GERAL Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO
Gisele Ane Bortolini Centro de Ciências da Saúde Pedro Paulo Delpino Bernardes

Diretor: Celso Spada


ELABORAÇÃO TÉCNICA GERAL Vice-Diretor: Fabrício de Souza Neves DIAGRAMAÇÃO/ ESQUEMÁTICOS/ INFOGRÁFICOS
Ana Carolina Feldenheimer da Silva Departamento de Saúde Pública Alessandra Bosco

Chefe do Departamento: Rodrigo Otávio Moretti-Pires Nicole Alessandra Geller


ELABORAÇÃO DE TEXTO Subchefe do Departamento: Sheila Rubia Lindner
Alessandra Silva Dias de Oliveira FICHA CATALOGRÁFICA
Alessandra da Rocha Pinheiro Mulder SUBCOORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Rosiane Maria
Ana Carolina Feldenheimer da Silva Sheila Rubia Lindner
Ana Maria Cavalcante de Lima DESENVOLVEDOR WEB
Ariene Silva do Carmo COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DO CURSO Paulo Alexsander Godoi Lefol
Cristiane Marques Seixas Elza Berger Salema Coelho Jean Marcos da Silva
Gabriela Vasconcellos de Barros Vianna Thays Berger Conceição
Paula dos Santos Leffa Dalvan Antônio de Campos ESQUEMÁTICOS/ INFOGRÁFICOS WEB
Nicole Alessandra Geller
COLABORAÇÃO REVISÃO E ADAPTAÇÃO DO CONTEÚDO Naiane Cristina Salvi
Ana Maria Spaniol, Daniela Schneid Schuh, Eduardo Augusto Deise Warmling
Fernandes Nilson, Elisa Mendonça, Fabio Fortunato Brasil de ELABORAÇÃO QUESTÕES
Carvalho, Fabíola Suano, Janini Selva Ginani, Jonas Augusto
Cardoso da Silveira, Luisete Moraes Bandeira, Márcia Regina TRILHA DE APRENDIZAGEM Soraya Medeiros Falqueiro
Vitolo, Maria Edna de Melo, Mariana Pôrto Zambon, Mariana Carolina Abreu Henn de Araújo
Russo Voydeville, Maria da Guia de Oliveira, Maria Paula de FONTE PARA FOTOS E ILUSTRAÇÕES
Albuquerque, Marilia Barreto Pessoa Lima, Milena Serenini,
Myrian Coelho Cunha da Cruz, Paloma Abelin Saldanha Marinho, EQUIPE EXECUTIVA Adobe Stock, Rawpixel
Paula Fabricio Sandreschi, Priscila Carvalho, Rafaella da Costa Gabriel Donadio Costa
Santin de Andrade, Renara Guedes Araújo, Sara Araújo da Silva ,
Sofia Wolker Manta. Gisélida Garcia da Silva Vieira
Cuidado da Criança e do Adolescente Sumário
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

APRESENTAÇÃO DO CURSO 5 ORIENTAÇÕES PARA ABORDAGEM DE CRIANÇAS


E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO
OBESIDADE: MAGNITUDE, PRINCIPAIS CAUSAS E COMORBIDADES OU OBESIDADE 48
E REPERCUSSÕES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 8
4.1 Orientações para a abordagem a partir
1.1 Principais causas da obesidade 11 do estado nutricional e comorbidades 50
1.2 Repercussões da obesidade 12 4.2 Estigma e discriminação no cuidado de crianças
DIAGNÓSTICO DO SOBREPESO E DA e adolescentes com obesidade 54
OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 21 4.3 Pais e cuidadores no cuidado
de crianças e adolescentes com obesidade 56
2.1 Classificação do estado nutricional
de acordo com o IMC por idade 23 4.4 Quando encaminhar a criança ou o adolescente
com obesidade para a atenção especializada? 58
2.2 Crescimento e maturação sexual na adolescência 29
CUIDADO MULTICOMPONENTE: AVALIAÇÃO,
ORGANIZANDO O CUIDADO DE CRIANÇAS
RECOMENDAÇÕES E COMO COLOCAR EM PRÁTICA 61
E ADOLESCENTES COM OBESIDADE NA APS 32
5.1 Alimentação 63
3.1 Fluxo de organização do cuidado de crianças
e adolescentes com obesidade 34 5.1.1 Classificação dos alimentos
segundo o Guia Alimentar 64
3.2 Identificação das crianças e adolescentes
5.1.2 Avaliação e recomendações para
com sobrepeso e obesidade 36
alimentação no cuidado de crianças e
3.3 Abordagem inicial e acolhimento para o cuidado 37
adolescentes com sobrepeso e obesidade 68
3.4 Avaliação inicial e estratificação de risco 5.2 Atividade física 88
de crianças e adolescentes com obesidade 40
5.2.1 Recomendações para a prática
de atividade física no cuidado de crianças
e adolescentes com sobrepeso e obesidade 88

3
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

5.2.2 Avaliação e estabelecimento de metas 5.5 Saúde mental 109


para prática de atividade física da criança 5.5.1. Saúde mental de crianças e
e do adolescente 91 adolescentes com obesidade 109
5.2.3 Recomendações para a inclusão 5.5.2 Identificação de transtornos mentais
de atividade física no dia a dia de crianças em crianças e adolescentes com obesidade 112
maiores e adolescentes 96 5.5.3 Abordagem para a promoção e proteção da saúde
5.3 Comportamento sedentário 99 mental de crianças e adolescentes com obesidade 114
5.3.1 Recomendações para redução do 5.6 Avaliação e monitoramento do cuidado multicomponente 117
comportamento sedentário no cuidado
PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS PARA AUXILIAR
de crianças e adolescentes com obesidade 100
NA MUDANÇADE COMPORTAMENTO 119
5.3.2 Avaliação do comportamento
sedentário da criança e do adolescente 101 6.1 Educação alimentar e nutricional 121
5.3.3 Recomendações para o estímulo 6.2 Entrevista motivacional 123
de brincadeiras e redução do tempo 6.3 Terapia cognitivo-comportamental 125
de tela em crianças e adolescentes 103
5.4. Sono 105 ENCERRAMENTO DO CURSO 129
5.4.1 Recomendações para o sono REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 130
no cuidado de crianças e adolescentes
com sobrepeso e obesidade 105
5.4.2 Recomendações para hábitos saudáveis
relacionados ao sono 107

4
Cuidado da Criança e do Adolescente Apresentação do Curso
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

Olá, de sobrepeso e obesidade, realizando

Seja bem-vindo ao Curso “Cuida- avaliação contínua e sistemática do

do da criança e do adolescente com perfil nutricional de crianças e adoles-

sobrepeso e obesidade na Atenção centes e garantindo a atenção integral

Primária à Saúde”. Este curso foi àqueles identificados com sobrepeso

construído a partir do conteúdo do e obesidade. O cuidado da obesidade

“Instrutivo para o Cuidado da crian- se inicia na prevenção dos casos e na

ça e do adolescente com sobrepeso promoção da alimentação adequada e

e obesidade no âmbito da APS”, pu- saudável desde a gestação até o fim

blicado em 2021 pelo Ministério da da vida. A APS tem um papel funda-

Saúde. No âmbito do Sistema Único mental tanto na prevenção como no

de Saúde (SUS), a Atenção Primária à cuidado dos casos já existentes no

Saúde (APS) deve ser porta de entrada território.

para acolhimento e cuidado individual Esse curso é destinado a apoiar as

e coletivo para crianças e adolescen- equipes de saúde a ofertar o cuidado

tes, sendo um espaço para as ações para crianças e adolescentes que já

de promoção da saúde e prevenção foram diagnosticados com sobrepeso

5
Cuidado da Criança e do Adolescente Apresentação do Curso
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

e obesidade segundo o Índice de Mas- brepeso e a obesidade) e garantia do

sa Corporal (IMC) por idade. Sempre é seu pleno crescimento e desenvolvi-

importante lembrar que as recomen- mento, serão apresentadas a partir de

dações para uma alimentação saudá- agora as orientações para diagnóstico

vel, aliadas à uma vida mais ativa, cui- da situação e formas práticas de cui-

dados com o sono e a saúde mental dado das condições de alimentação,

devem ser ofertadas a todas às crian- atividade física, comportamento se-

ças e adolescentes que frequentam as dentário, sono e saúde mental. E, para

unidades de saúde, juntamente com o apoiar em todas as intervenções, des-

monitoramento do crescimento e de- crevemos as principais estratégias

senvolvimento, independente do esta- comportamentais que podem ser utili-

do nutricional. zadas pelos profissionais de saúde no

Para apoiar profissionais de saúde cuidado da criança e do adolescente

e equipes de APS no planejamento das com obesidade.

intervenções para cuidado adequado

de crianças e adolescentes com ex- Desejamos a você um excelente curso!

cesso de peso (que compreende o so-

6
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

Objetivos de aprendizagem do curso

Ao final deste curso, você deverá ser capaz de:

• Ofertar o cuidado à crianças e adolescentes com sobre-

peso e obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

Carga horária de estudo recomendada

Para estudar e apreender todas as informações e concei-

tos abordados, bem como trilhar todo o processo ativo de


aprendizagem, estabelecemos uma carga horária de 30 ho-

ras para este curso.

7
UN 1
Obesidade: magnitude,
principais causas
e repercussões em
crianças e adolescentes
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a obesida-

de como condição crônica multifatorial caracterizada pelo

acúmulo excessivo de gordura corporal, acarretando preju-

ízos à saúde (WHO, 2020). A prevalência de obesidade tem

aumentado de maneira epidêmica entre crianças e adoles-

centes nas últimas quatro décadas e, atualmente, represen-

ta um grande problema de saúde pública no mundo.

Globalmente,
cerca de 40 milhões de
crianças e adolescentes
de 5 a 19 anos apresentam
sobrepeso ou obesidade.

No Brasil, o excesso de peso também tem aumentado

em todas as faixas etárias nas últimas décadas. Ao anali-

sar a tendência temporal do excesso de peso entre os anos

9
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

de 1989, 1996 e 2006, foi observado Entre adolescentes, a prevalência


que houve um aumento de 160% na de excesso de peso aumentou:
Em 2020, das crianças acompa-
prevalência de crianças menores de 5 3X mais 6X mais
nhadas na Atenção Primária à
de 7,6% de 3,7%
anos com excesso de peso, com um Saúde do Sistema Único de
para 19,4% para 21,7%
Saúde, tinham excesso de peso
aumento médio de 9,4% ao ano (SIL-

VEIRA et al, 2013). A partir de dados de Essa mesma pesquisa evidenciou

2006, a Pesquisa Nacional de Demo- que, nos 34 anos decorridos de 1974- 15,9% dos
menores
grafia e Saúde/2006 (BRASIL, 2009) 1975 a 2008-2009, houve incremen-
de 5 anos
mostrou uma prevalência de excesso to significativo das prevalências de

de peso em menores de cinco anos obesidade de 2,9% para 16,6% entre 31,8% das
crianças
igual a 7,3%. No grupo de crianças meninos, e de 1,8% para 11,8% entre
entre 5 e 9 anos
com idade entre 5 e 9 anos, a Pesquisa meninas de 5 a 9 anos de idade. En-

de Orçamentos Familiares 2008/2009 tre adolescentes, a prevalência de ex- Dessas, apresentavam


(IBGE, 2010) identificou que, aproxi- cesso de peso aumentou em seis ve- obesidade:

madamente, uma em cada três crian- zes no sexo masculino (de 3,7% para 7,4% dos menores de 5 anos
15,9% dos entre 5 e 9 anos
ças apresentava excesso de peso. 21,7%) e em quase três vezes no sexo

feminino (de 7,6% para 19,4%).

1 10
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

Quanto aos adolescentes acompanhados na APS


Genéticos Familiar

Individuais Comunitário
31,9% tinham
Escolar
excesso de peso Comportamentais
Social e político
Ambientais
12,0% tinham obesidade Atuam em múltiplos contextos

Os genes apresentam papel relevante na obesidade, em

Considerando todas as crianças brasileiras menores de especial na infância. Crianças com ambos os pais com obe-

dez anos, estima-se que 6,4 milhões tinham excesso de sidade, apresentam cerca de dez vezes mais chances de de-

peso e 3,1 milhões tinham obesidade. Ao considerar todos senvolverem obesidade quando comparadas à crianças com

os adolescentes brasileiros, estimou-se que 11,0 milhões ti- pais que apresentam peso adequado (WHITAKER, 2010).

nham excesso de peso e 4,1 milhões tinham obesidade. A base genética dessa associação refere-se a atuação do

hipotálamo sobre o controle do apetite e o acúmulo de gor-


1.1 Principais causas da obesidade
dura. Os fatores genéticos podem levar a um aumento no
A obesidade entre crianças e adolescentes é resultado de
risco de obesidade em crianças, por meio do que chamamos
uma série complexa de fatores:
de epigenética.

11
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

Acompanhe no infográfico a seguir Dentre os fatores ambientais, cha- agricultura, transporte, planejamento
alguns fatores comportamentais e in- mamos de ambiente obesogênico urbano, meio ambiente, processamen-
dividuais relacionados à obesidade aquele promotor ou facilitador de es- to, distribuição e comercialização de
(DEAL et al.,2020). colhas alimentares não saudáveis e alimentos e não apenas ao comporta-
de comportamentos sedentários, os mento das crianças, de adolescentes
Fatores individuais e quais dificultam a adoção e manuten- e de seus pais e responsáveis.
comportamentais
ção de hábitos alimentares saudáveis Para o cuidado da obesidade, além
associados à obesidade
e a prática regular de atividade física. do apoio aos indivíduos por meio de
A ausência ou curta duração
1 do aleitamento materno; abordagens educativas/comporta-

mentais, é fundamental a adoção de

2 O consumo excessivo de Sabe-se que o principal elemento políticas intersetoriais para reverter a
alimentos ultraprocessados para o aumento da prevalência da natureza obesogênica dos locais onde
densamente calóricos, ricos obesidade nas populações é o am-
em gorduras, açúcares e sódio; biente cada vez mais obesogênico, as crianças, os adolescentes e suas fa-
e não as mutações genéticas. mílias vivem (SWINBURN et al., 2019).

3 A inatividade física, aumento


do comportamento sedentá- 1.2 Repercussões da obesidade
O problema se associa às políticas
rio e sono inadequado; A obesidade é um problema grave,
sociais e econômicas nas áreas de

12
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

que ocasiona repercussões deletérias

importantes à vida de crianças, ado-

lescentes, jovens e adultos e sobre-

carrega o SUS com altos custos rela-

cionados ao tratamento do agravo e

de suas complicações.

A obesidade infantil está associada

a uma maior chance de morte prema-

tura, manutenção da obesidade e in-

capacidade na idade adulta. enças cardiovasculares, resistência à criança e do adolescente e podem per-

Mas, além de aumentar os riscos insulina, câncer e efeitos psicológicos, manecer a curto, médio e longo prazo.

futuros, crianças e adolescentes com como baixa autoestima, isolamento As principais consequências da obe-

obesidade podem apresentar dificul- social e transtornos alimentares, den- sidade em crianças e adolescentes ao

dades respiratórias, aumento do ris- tre outros (WHO, 2020). longo da vida são de diversas ordens,

co de fraturas e outros agravos ósteo Deste modo, as repercussões da englobando fatores psicológicos e bio-

articulares, hipertensão arterial sis- obesidade acontecem em toda a fase lógicos. Conheça a seguir alguns des-

têmica, marcadores precoces de do- de crescimento e desenvolvimento da tes fatores.

13
• Pseudotumor cerebral • Doença articular degenerativa/artrite
Cuidado da Criança e do Adolescente • Gota
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária Pulmonar
à Saúde
UN 1
Reprodutivo
• Asma
• Apneia obstrutiva do sono • Síndrome do ovário policístico
• Infertilidade

Consequências da obesidade em Cardiovascular Gastrointestinal


crianças e adolescentes ao longo Endócrina
da vida: • Hipertensão arterial • Doença hepática gordurosa
• Hipertrofia ventricular esquerda • não
Pubarca precoce
alcoólica
• Diminuição da contratilidade (antecipação
• Cálculos da puberdade)
biliares
Psicológico
cardíaca Dislipidemia ••Refluxo
Resistência à insulina
gastroesofágico
• Transtorno de déficit de atenção • Aterosclerose prematura, ••Constipação
Diabetes mellitus tipo 2
intestinal
• Isolamento social doenças isquêmicas do coração ••Síndrome
Ginecomastia (meninos)
das eliminações
• Bullying • Fibrilação atrial
• Baixa autoestima • Insuficiência cardíaca
• Autoimagem negativa Pele
Endócrina
• Transtornos alimentares Musculoesquelético
Musculoesquelético • Estrias
Pubarca precoce
• Epifisiólise da cabeça do fêmur • (antecipação
Acanthosis nigricans
da puberdade)
• Epifisiólise da cabeça do fêmur • Furunculose
Neurológico • Doença de Blount Resistência à insulina
Neurológico • Doença de Blount
• Pé chato • Infecção
Diabetes por maceração
mellitus tipo 2
• Disfunção cognitiva • Pé chato
• Disfunção cognitiva • Fraturas dos membros inferiores • Dermatite atópica
Ginecomastia (meninos)
• Desempenho escolar reduzido • Fraturas dos membros inferiores
• Desempenho escolar reduzido • Doença articular degenerativa/artrite
• Pseudotumor cerebral • Doença articular degenerativa/artrite
• Pseudotumor cerebral • Gota
• Gota Pele
Câncer
•• Meningioma,
Estrias tireóide, mama
Pulmonar Reprodutivo (pós-menopausa),
• Acanthosis nigricans esôfago,
Pulmonar Reprodutivo fígado, vesícula biliar, pâncreas,
• Asma • Furunculose
• Asma • Síndrome do ovário policístico rim, útero, ovário, mieloma
• Apneia obstrutiva do sono • Síndrome do ovário policístico • Infecção por maceração
• Apneia obstrutiva do sono • Infertilidade múltiplo e colorretal
• Infertilidade • Dermatite atópica
14
Gastrointestinal
Cuidado da Criança e do Adolescente
UN 1
Endócrina
com Sobrepeso e Obesidade
• Pubarca precoce
na Atenção Primária à Saúde
(antecipação da puberdade)
• Resistência à insulina
• Diabetes mellitus tipo 2
• Ginecomastia (meninos)

para que possam atuar na prevenção


Pele
das suas consequências.
• Estrias
Conforme estamos estudando, o
• Acanthosis nigricans
• Furunculose sobrepeso e a obesidade são de ori-
• Infecção por maceração gem multifatorial e complexa, exigindo
• Dermatite atópica
das equipes de saúde intervenções que

disponham de uma abordagem multi-


Renal
Câncer
profissional e intersetorial.
•• Doença
Meningioma,
renal tireóide,
crônica mama
(pós-menopausa), esôfago, O excesso de peso, sobrepeso e obe-
• Urolitíase
fígado, vesícula biliar, pâncreas,
sidade, em crianças e adolescentes é
rim, útero, ovário, mieloma
múltiplo e colorretal
Considerando os múltiplos efeitos mediado por fatores que podem ser di-

do sobrepeso e obesidade sobre as vididos em distais, mediais e proximais.

crianças e adolescentes, que inclusive Acompanhe no infográfico a seguir.

podem se estender ao longo da vida,

é fundamental que os profissionais de

saúde estejam atentos à identifica-

ção e abordagem do excesso de peso,

15
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

DISTAIS: MEDIAIS: Ambiente (escola, PROXIMAIS:


Político/ Estrutural serviço de saúde, pares etc) Família/ Moradia/ Escola

Guias alimentares Transporte Carga genética


Rotulagem dos alimentos Poluição Práticas alimentares
Melhoria do perfil dos alimentos ultraprocessados (AUP) Espaços públicos de lazer e para Atividade física
Regulação da publicidade AUP prática de atividade física (AF) Comportamento sedentário
Políticas tributárias sobre AUP Influencia por pares Sono
Restição de vendas de AUP nas escolas Violência Saúde mental
Materiais de apoio para as equipes de saúde Alimentos Antecedentes perinatais
Diretrizes e programas do Ministério da Saúde Condições Socioeconômicas Escola
Restrição do uso de agrotóxicos Cultura Violência
Políticas públicas Economia Publicidade e mídias

Saúde Habitação Atenção à saúde

Lazer Urbanismo
Educação Transportes
Cultura Esportes
Abastecimento
Políticas de proteção à maternidade/paternidade (licen-
ça, horário especial reduzido para pais de < de 2 anos)

16
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

No conjunto de fatores proximais, no


PROXIMAIS MICROSSISTEMA: Família/Moradia/Escola
microssistema, são contemplados os
Carga Genética Atividade Física Saúde Mental
aspectos genéticos e antecedentes pe-
Antecedentes Domínio da atividade (AF) Transtorno Mental Comum
rinatais, bem como o comportamento Perinatais (lazer, deslocamento, - estresse, ansiedade,
alimentar, a prática de atividade física e programada); Intensidade depressão; Automutilação;
Gestação - ganho de
da AF (leve, moderada, Gênero; Insatisfação corpo-
o comportamento sedentário, fatores re- peso materno; Tipo de
vigorosa); Tempo de AF ral; Dificuldade na capaci-
parto; Prematuridade;
lacionados à saúde mental e sono, bem dade de gerenciar proces-
Déficit de crescimento Comportamento
sos de cognição/comporta-
como o fomento da alimentação saudá- Sedentário
Práticas Alimentares mento; Consumo de álcool
vel e atividade física na escola, além da Tempo de atividades
Aleitamento materno; Violência
sedentária (AS); Tipo de
exposição à violência, seja ela presen- Introdução alimentar;
AS (telas) Entre parceiros (pais ou
Qualidade; Quantida-
ciada ou sofrida no âmbito doméstico responsáveis); Contra a
de (excesso de calo- Escola
criança/ adolescente;
ou mesmo externa, como no caso do rias); Variedade/mo-
Educação Alimenta e Bullyng entre pares;
notonia alimentar;
Nutricional na escola; Entre parceiros íntimos
bullyng. Conheça os fatores proximais Consumo de AUP;
Tempo de permanência (no namoro)
no infográfico a seguir. Comportamento
na escola; Currículo;
alimentar; Local de Sono
Prática de atividade
refeição; Estratégias
física; Cantina escolar; Horas de sono; Qualidade
de alimentação infan-
Cardápio da alimentação do sono; Condições físicas
til (restrição/recom-
escolar; Saúde na escola do local de dormir
pensa)

17
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

Nos fatores mediais, que pertencem


MEDIAIS MESOSSISTEMA: Ambiente (Escola /Serviço de saúde, pares...)
ao mesossistema, estão incluídas as
Carga Genética Influência por pares
condições socioeconômicas da família,
Socioeconômico Publicidade e mídias
os aspectos culturais, a disponibilidade
Renda Familiar; Escolaridade dos pais; Propaganda; Internet; Televisão;
e acesso aos alimentos, os cuidados Vizinhança/local de moradia urbano x Escola; Eventos culturais
com a alimentação da infância desde o rural; Condição de trabalho dos pais
Violência
nascimento, a disponibilidade de ser- Cultura Na comunidade
Valorização da criança gordinha;
viços de atenção à saúde com ações Acompanhamentos dos cuidados
Valores familiares e da comunidade;
na infância
voltadas para o excesso de peso, além Cultura body positive
Aleitamento materno; Alimentação
da influência das mídias e ambiente em Alimentos complementar; Acompanhamento
que vivem, conforme a figura ao lado. Disponibilidade; Acesso aos alimen- do crescimento e desenvolvimen-
tos; Preço; Oferta to; Afecções comuns da infância
Transporte Atenção à saúde
Poluição Serviço de saúde sensível à obesi-
dade; Vigilância alimentar e nutri-
Espaços públicos de lazer e para
cional; Ações de cuidado (preven-
prática de AF
ção, promoção, atenção e reabili-
(presença de espaços, estrutura física tação com foco na obesidade)
adequada, segurança)

18
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

Dentre os fatores distais, situados


DISTAL EXOSSISTEMA: Político/Estrutural
no exossistema, destacam-se políti-
Interlocução entre políticas para o enfrentamento do excesso de peso
cas, programas e ações públicas que
Guias alimentares Política de saúde
tenham como objetivo promover am-
Rotulagem dos alimentos Política de lazer
bientes saudáveis, por meio do incen-
Melhoria do perfil dos AUP, rotulagem frontal Política educacional
tivo à alimentação adequada e saudá-
Regulação da publicidade de AUP Política de cultura
vel e à prática de atividade física. Tais
Políticas tributárias sobre AUP, incentivo
Política de abastecimento
iniciativas estão relacionadas à regu- fiscal para alimentos saudáveis
lação da publicidade abusiva, contro- Restrição de venda de AUP nas escolas Política econômica
le de agrotóxicos e demais aditivos Restrição do uso de agrotóxicos Política habitacional
alimentares e à venda de alimentos Políticas de proteção à maternidade/paternidade Política de urbanismo
(licença, horário especial reduzido para pais de <2 anos)
ultraprocessados, além das políticas
Materiais de apoio para as equipes de saúde Política de esportes
sociais estruturantes e intersetoriais
Diretrizes e programas do Ministério da Saúde Política de transportes
que envolvem educação, lazer, abas-

tecimento, transportes e a economia, Agora que você já conheceu os principais aspectos sobre a magnitude, causas

de acordo com a figura ao lado. e repercussões do excesso de peso para a saúde das crianças e adolescentes.

19
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 1

Considerando a relevância e mag- vida mais ativa à redução do tempo

nitude do sobrepeso e obesidade em em atividades sedentárias, aos cui-

crianças e adolescentes, foi publicado dados com o sono e à saúde mental. Para conhecer o instrutivo, acesse
o link: https://aps.saude.gov.br/bi-
o Instrutivo para o Cuidado da crian- As recomendações aqui apresentadas blioteca/visualizar/MjA1OA==
ça e do adolescente com sobrepeso e podem beneficiar todas as crianças

obesidade no âmbito da APS. O ma- e os adolescentes que frequentam Vamos estudar a seguir, como deve

terial é destinado a apoiar e qualificar as unidades de saúde, assim como o ser feito o diagnóstico do excesso de

o trabalho desenvolvido pelas equi- monitoramento do crescimento e de- peso nesta faixa etária.

pes de saúde na oferta do cuidado senvolvimento, independentemente

para crianças e adolescentes que fo- do estado nutricional.

ramdiagnosticados com sobrepeso e

obesidade segundo o Índice de Massa

Corporal (IMC) por idade. Apresen-

ta recomendações de cuidado para

crianças e adolescentes baseadas em

cinco grandes estratégias focadas na

alimentação saudável, aliada a uma

20
UN 2
Diagnóstico do sobrepeso
e da obesidade em
crianças e adolescentes
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

O acompanhamento do estado nutricional de crianças e

adolescentes é fundamental tanto para o diagnóstico como

para a prevenção do sobrepeso e obesidade.

As medidas do perímetro cefálico (até dois anos) as cur-

vas de crescimento e de ganho de peso, disponíveis nas ca-

dernetas da criança e do adolescente, são os instrumentos

que devem ser utilizados para a classificação do estado nu-

tricional e do acompanhamento da evolução tanto do peso

como da altura e o imc-para-idade.

Caderneta
Perímetro
Peso/Altura da criança e do
Cefálico
adolescente

No acompanhamento longitudinal nas atividades de rotina

do cuidado da saúde é importante dar atenção não só à mudan-

22
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

ça da classificação do estado nutricio- da OMS, publicadas em 2006 e 2007, e • A linha verde corresponde a um pa-

nal, mas também à velocidade do ganho que estão disponíveis na caderneta da drão ou escore Z igual a 0. A curva

de peso/IMC (elevação/inclinação da criança e do adolescente. de crescimento de uma criança que

curva) mesmo antes de atingir a classi- está crescendo adequadamente ten-

ficação de sobrepeso ou obesidade. de a seguir um traçado paralelo à li-


Acesse as versões atuais da Cader- nha verde, acima ou abaixo dela, que
2.1 Classificação do estado nutricional de neta de Saúde da Criança nos links:
acordo com o IMC por idade pode estar situado entre as linhas la-
Meninos
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ ranjas (desvio de 1 escore Z) ou en-
O diagnóstico de obesidade na in- publicacoes/caderneta_crianca_
tre as linhas vermelhas (desvio de 2
fância pode ser realizado utilizando as menino_2ed.pdf
Meninas escore Z).
medidas de peso, altura, data de nas- https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
• Qualquer mudança rápida que desvie
cimento e sexo. A partir desses dados, publicacoes/caderneta_crianca_
menina_2ed.pdf a curva da criança para cima ou para
calcula-se o IMC (peso/altura²) e, em
baixo, ou então um traçado horizon-
seguida, realiza-se a classificação do
Para o acompanhando do cresci- tal, devem ser investigados.
estado nutricional da criança ou adoles-
mento de crianças e adolescentes nas • Os traçados que se desviam muito e que
cente, de acordo com a idade e o sexo.
curvas, é importante compreender cruzam uma linha dos escore Z podem
No Brasil, a classificação é realiza-
como funcionam os gráficos: indicar risco para a saúde da criança.
da segundo as Curvas de Crescimento
23
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

Para visualizar as linhas que representam os escores-z, observe o gráfico de

acompanhamento do crescimento de meninas, de IMC para Idade de 5 a 10 anos.


É importante salientar que os pon-
Obesidade grave > escore-z +3 | Obesidade > escore-z +2 e ≤ escore-z +3 | tos de corte utilizados para adultos
Sobrepeso > escore-z +1 e ≤ escore-z +2 | Eutrofia ≥ escore-z -2 e ≤ escore-z (sobrepeso: 25 kg/m² e obesidade:
+1 | Magreza ≥ escore-z -3 e < escore-z -2 | Magreza acentuada < escore-z -3 30 kg/m²) não devem ser aplicados
para crianças e adolescentes.

Para se avaliar o estado nutricional de

crianças e adolescentes utiliza-se um pa-

drão ou população de referência. O estado

nutricional é classificado a partir de uma

comparação entre o indivíduo avaliado e

a referência e o escore-Z ou percentil são

formas de expressar, de modo padroniza-

do, a posição relativa de uma observação

no interior de uma distribuição.

A depender da classificação do IMC por idade, tem-se a avaliação do estado nu-

tricional da criança e do adolescente.

24
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

Classificação do que representa a mediana da população (percentil 50).


estado nutricional
Escore Percentil Tanto para o percentil como para o escore-Z a padronização se
0-5 anos 5-20 anos
incompletos incompletos dá pelo centro que é expresso pelo zero – no caso do escore-Z – ou
> +1 e > Percentil 85 e Risco de
Sobrepeso como 50, no caso do percentil. Escore-Z e percentil são estimado-
≤ +2 ≤ Percentil 97 sobrepeso
> +2 e > Percentil 97 e res intercambiáveis e uma vez obtido um se pode calcular o outro.
Sobrepeso Obesidade
≤ +3 ≤ Percentil 99,9
É importante fazer o acompanhamento do estado nutricio-
Obesidade
> +3 > Percentil 99,9 Obesidade nal a partir das curvas de IMC para idade presente nas cader-
grave
netas da criança e do adolescente. Na caderneta, para o diag-

O percentil é a posição do indivíduo avaliado quando com- nóstico do estado nutricional, é necessário marcar o valor de

parado com a população de referência que foi organizada do IMC (eixo y) e a idade (eixo x), cruzar os valores e fazer a inter-

menor para o maior valor e dividida em 100 partes iguais. Os pretação do estado nutricional. A marcação no gráfico ajuda

percentis variam de zero a 100, sendo o percentil 50 o ponto a mostrar para o indivíduo onde ele está alocado e como vem

médio da distribuição. sendo a trajetória do seu estado nutricional. Em menores de 5

O escore-Z situa o indivíduo baseado no ponto médio (me- anos, a classificação com peso acima do adequado contem-

diana da população). Ele indica o quanto aquele indivíduo pla as categorias de risco de sobrepeso até obesidade e para

está distante da maioria. Diferente do percentil, o escore-Z as crianças com idade entre 5 e 10 anos e adolescentes (na

se inicia com valores negativos (-5, -4, -3) até chegar ao zero adolescência também é classificada a obesidade grave).

25
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

Meninas Meninos

Idade >+1 escore Z >+2 escore Z >+3 escore Z >+1 escore Z >+2 escore Z >+3 escore Z
> Percentil 85 > Percentil 97 > Percentil 99,9 > Percentil 85 > Percentil 97 > Percentil 99,9

5 anos 16,9 18,9 21,3 16,6 18,3 20,2


5 anos e 6 meses 16,9 19 21,7 16,7 18,4 20,4
6 anos 17 19,2 22,1 16,8 18,5 20,7
6 anos e 6 meses 17,1 19,5 22,7 16,9 18,7 21,1
7 anos 17,3 19,8 23,3 17 19 21,6
7 anos e 6 meses 17,5 20,1 24 17,2 19,3 22,1
8 anos 17,7 20,6 24,8 17,4 19,7 22,8
8 anos e 6 meses 18 21 25,6 17,7 20,1 23,5
9 anos 18,3 21,5 26,5 17,9 20,5 24,3
9 anos e 6 meses 18,7 22 27,5 18,2 20,9 25,1
10 anos 19 22,6 28,4 18,5 21,4 26,1
10 anos e 6 meses 19,4 23,1 29,3 18,8 21,9 27
11 anos 19,9 23,7 30,2 19,2 22,5 28
11 anos e 6 meses 20,3 24,3 31,1 19,5 23 29

26
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

Meninas Meninos

Idade >+1 escore Z >+2 escore Z >+3 escore Z >+1 escore Z >+2 escore Z >+3 escore Z
> Percentil 85 > Percentil 97 > Percentil 99,9 > Percentil 85 > Percentil 97 > Percentil 99,9

12 anos 20,8 25 31,9 19,9 23,6 30


12 anos e 6 meses 21,3 25,6 32,7 20,4 24,2 30,9
13 anos 21,8 26,2 33,4 20,8 24,8 31,7
13 anos e 6 meses 22,3 26,8 34,1 21,3 25,3 32,4
14 anos 22,7 27,3 34,7 21,8 25,9 33,1
14 anos e 6 meses 23,1 27,8 35,1 22,2 26,5 33,6
15 anos 23,5 28,2 35,5 22,7 27 34,1
15 anos e 6 meses 23,8 28,6 35,8 23,1 27,4 34,5
16 anos 24,1 28,9 36,1 23,5 27,9 34,8
16 anos e 6 meses 24,3 29,1 36,2 23,9 28,3 35
17 anos 24,5 29,3 36,3 24,3 28,6 35,2
17 anos e 6 meses 24,6 29,4 36,3 24,6 29 35,3
18 anos 24,8 29,5 36,3 24,9 29,2 35,4
18 anos e 6 meses 24,9 29,6 36,2 25,2 29,5 35,5

27
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

Após estudarmos sobre a definição e ses – considerar 7,5 meses – sempre mento para facilitar o diagnóstico. É

funcionalidade do percentil e escore Z na “arredondar” para baixo. muito importante que todas as infor-

avaliação nutricional de crianças e ado- 3. Identifique o sexo da criança: fe- mações de peso e altura registradas

lescentes, bem como apresentamos as minino ou masculino. no prontuário e na caderneta de saúde

tabelas para ambos os sexos, indicando 4. Com os dados de sexo, idade e da criança e do adolescente.

os valores de IMC para as faixas de es- IMC identifique a classificação do es- O crescimento linear (altura) acon-

core Z e percentil que indicam excesso tado nutricional da criança ou ado- tece durante a infância e a adolescên-

de peso, vamos conhecer como utilizar lescente – uma menina, de 5 anos e cia. Meninos e meninas crescem em

as tabelas. Acompanhe a seguir. 6 meses com IMC= 20,3kg/m2 tem o velocidade e tempos diferentes e, em

1. Calcule o IMC da criança ou adoles- IMC classificado entre +2 e +3 escores ambos os sexos, o pico de crescimento

cente (IMC=Peso (kg)/altura2 (metros) Z, sendo classificada com obesidade. ocorre na adolescência (WHO, 2006).

2. A idade está apresentada em Um menino, com 14 anos e com IMC=

anos inteiros e o ponto médio entre 34,1 kg/m2 tem o IMC classificado Meninas e meninos
crescem em velocidade
os anos (5 anos e 6 meses). Calcule acima de +3 escores Z, sendo classifi-
e tempos diferentes.
a idade – por exemplo, uma criança cado como com obesidade grave.
E, em ambos os sexos,
com 7 anos e 3 meses – considerar 7 Recomenda-se que esta tabela es- o pico de crescimento ocorre
anos, uma criança com 7 anos e 8 me- teja disponível nas salas de atendi- na adolescência. (WHO, 2003)

28
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

cerca de 2 anos, ocorre a menarca. Nos (WHO, 2006) e saber qual o estágio de

meninos o primeiro sinal de puberdade maturação o/a adolescente se encon-

é o aumento do volume testicular, se- tra permite uma intervenção mais efe-

guido pela pubarca e aumento penia- tiva na questão do ganho de peso.

no. A ocorrência de pubarca precoce Na fase que precede o estirão pu-

isolada está associada com excesso bertário ocorre o fenômeno de reple-

de peso em crianças e não comprome- ção, em que indivíduos de ambos os

2.2 Crescimento e maturação sexual na te a estatura final, não havendo neces- sexos têm maior velocidade de ganho
adolescência
sidade de tratamento (ROSENFIELD, de peso como forma de guardar ener-

A adolescência é marcada pela fase LIPTON e DRUM, 2009; LI et al, 2017). gia para ser usada na fase de intenso

de maturação sexual e, em ambos os O monitoramento do crescimento crescimento pubertário. Essa repleção

sexos haverá o desenvolvimento das e a avaliação das fases de maturação deve ser acompanhada e avaliada com

características sexuais secundárias. sexual (estágios de Tanner), para ado- base nas curvas de crescimento a fim

Nas meninas a puberdade inicia-se lescentes, devem ser considerados no de garantir o ganho de peso suficiente

com a telarca (surgimento do broto cuidado da obesidade. A maturação para o estirão e evitar o ganho de peso

mamário), seguida pela pubarca (sur- sexual está diretamente relacionada excessivo. Crianças e adolescentes

gimento dos pelos púbicos) e, após ao crescimento linear do adolescente com obesidade tendem a antecipar o

29
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

crescimento linear, sendo mais altos no. As mamas e os genitais masculinos

que seus pares, o que é acompanhado são avaliados quanto ao tamanho, forma
Na publicação “Proteger e cuidar da
pela maturação da idade óssea (SHA- saúde de adolescentes na Atenção e características; e os pelos púbicos por

LITIN e KIESS, 2017). Básica”, também se encontram os es- suas características, quantidade e distri-
tágios de maturação sexual e outros
Durante a maturação sexual na documentos sobre o tema. Acesse: buição. O estágio 1 corresponde sempre

adolescência há um pico no cresci- https://bvsms.saude.gov.br/bvs/pu- à fase infantil, impúbere, e o estágio 5 à


blicacoes/proteger_cuidar_adoles-
mento, que se estabiliza e ao final centes_atencao_basica.pdf. fase pós-puberal, a adulta. Portanto, são

deste processo os/as adolescentes os estágios 2, 3 e 4 que caracterizam o

atingem a sua altura final. É importante que a avaliação dos in- período puberal. O estirão puberal dura

dicadores antropométricos entre ado- cerca de 3 a 4 anos e representa ga-

lescentes seja contextualizada com o nho de aproximadamente 20% da esta-

estágio de maturação sexual que o ado- tura e 50% do peso adulto do indivíduo

lescente se encontra. O estadiamento (CHIPKEVITCH, 2001). É importante que

da maturação sexual é feito pela avalia- você, profissional de saúde, saiba usar a

ção das mamas e dos pelos púbicos no ferramenta de monitoramento do cresci-

sexo feminino, e do tamanho dos testí- mento e a avaliação das fases de matu-

culos e pelos púbicos no sexo masculi- ração sexual para que melhore a eficácia

30
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 2

e a confiabilidade da autoavaliação.
Metas para o cuidado
Para a avaliação dos estágios de

Tanner pelo profissional de saúde, re-


Para as crianças e adolescentes Para os adolescentes que se
comenda-se: que não passaram pelo estirão do encontram no estágio final de ma-
• Local adequado para atendimento crescimento e que não apresentam turação sexual deve-se intervir
obesidade grave, deve-se garantir de forma a estabilizar o ganho de
aonde garanta-se privacidade, a fim manutenção do crescimento pleno e peso e garantir perda progressiva
de evitar o constrangimento do indi- redução da velocidade do ganho de do peso em excesso. Em meninas,
peso excessivo. Assim, aproveitando atenção deve ser feita aos casos de
víduo avaliado.
a oportunidade do estirão e do cresci- antecipação da menarca pois nes-
• Outra estratégia pode ser a autoa- mento linear, em grande parte dos ca- te período, é possível que a ado-
valiação (quando o adolescente, por sos a curva da evolução do IMC-para- lescente tenha alcançado cerca de
-idade deve reduzir a sua inclinação, 95,5% da estatura final (CASTILHO;
meio de lâminas, se compara aos de- em direção à faixa de normalidade. BARRAS FILHO, 2000).
senhos ou fotos apresentadas).

Além disso, é essencial esclarecer ao


Lembrando que, identificando-se a necessidade de cuidado como
adolescente sobre como o exame ocor- peso e outros comportamentos alimentares, o planejamento e acom-
rerá e garantir-lhe o direito de decidir ter panhamento do crescimento deve ser realizado por um nutricionista
ou equipe multiprofissional qualificada para esta ação.
ou não um responsável junto a ele (FA-

RIA et al, 2013).

31
UN 3
Organizando o cuidado de
crianças e adolescentes com
obesidade na APS
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

A APS tem como um dos seus atributos o cuidado longitudinal

e integral da saúde de todos os indivíduos sob sua responsabilida-

de. Ela se configura como a porta de entrada no sistema de saúde.

A prevenção da obesidade é o primeiro ponto a se destacar no

cuidado de crianças e adolescentes. Os hábitos alimentares sau-

dáveis devem ser incentivados desde o nascimento, com a pro-

moção do aleitamento materno e introdução alimentar adequada.


sobrepeso e obesidade segundo o IMC por idad
Esse material é destinado a apoiar as equipes
processo de saúde
de cuidado deacriança
oferta
cuidado para crianças e adolescentes que já
obesidade naforam
APS. diagnostica
Esse material é destinado a apoiar as equipes de saúde a ofertar o
sobrepeso e obesidade segundo o IMC por idade.
processo
cuidado para crianças e adolescentes 40
que
Até os de cuidado
2jáanos
foram de crianças e com
diagnosticados adolescente

sobrepeso e obesidade segundo


Em função obesidade
o IMC
do rápido nae APS.
por idade.
crescimento desenvolvimento, princi-
palmente no primeiro ano de vida, deve-se investir em ações de
prevenção da obesidade infantil (amamentar até 2 anos ou
processo de cuidado de crianças 40 e adolescentes com sobrepes
mais, oferecendo somente o leite materno aaté 6 meses e
obesidade
oferecer umana APS.
alimentação complementar saudável, priorizando
processo de cuidado de crianças
alimentos in natura e adolescentes
e minimamente com sobrepeso
processados, além do leitee
40 dos 6 meses) pois esta fase se caracteriza
materno, a partir
obesidade na APS.
pela formação dos hábitos alimentares do indivíduo.

33
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

o IMC por idade. viduais, coletivas, no território e na co- Essa unidade é destinada a apoiar as
saúde
dado deacrianças
ofertar oe adolescentes com sobrepesomunidade,
e focando na reabilitação mas equipes de saúde podem ofertar o cui-
am diagnosticados com também nas ações de promoção da saú- dado para crianças e adolescentes que
Após os 2 anos de e prevenção de sobrepeso e obesida- já foram diagnosticados com sobrepeso
s e adolescentes com sobrepeso e
A velocidade de crescimento dimi- de realizando avaliação contínua e sis- e obesidade segundo o IMC por idade.
nui e por meio do monitoramento
temática do perfil alimentar e nutricional
nutricional percebe-se com maior
fidedignidade as tendências da de crianças e adolescentes e garantindo
com sobrepeso e
curva de crescimento da criança, a atenção integral àqueles identificados Em todas as etapas da organização
podemos falar de atenção e cuida- e cuidado de crianças e adolescen-
com sobrepeso e obesidade.
do da obesidade. Figura 1: Fluxograma de organização do processo detes com de
cuidado sobrepeso
crianças eeadolescentes
obesidade, écom
Para tanto é imperativo que as ações imprescindível que profissionais de
saúde se posicionem de maneira não
O cuidado de crianças e adolescentes de vigilância alimentar e nutricional es-
preconceituosa e não reproduzam es-
com obesidade deve levar em conside- tejam em curso, com a correta mensu- tigmas em torno do excesso de peso.
ração a humanização, o acolhimento e a ração e interpretação dos dados a fim de

escuta ativa destes indivíduos e suas fa- se atuar de maneira precoce e oportuna. A seguir, apresentamos o fluxograma

mílias. As estratégias de cuidado devem que orienta a organização do processo


3.1 Fluxo de organização do cuidado
levar em conta a subjetividade de cada de crianças e adolescentes com de cuidado de crianças e adolescentes

caso e se organizar em atividades indi- obesidade com sobrepeso e obesidade na APS.

34
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3
sobrepeso
sobrepeso
e obesidade
e obesidade
na APS.
na APS.
Fluxograma de organização do processo de cuidado de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade na APS

Avaliação de peso e altura 1ª consulta com Equipe APS


(Vigilância Alimentar e Nutricio- • Avaliação antropométrica (peso e altura);
nal) de crianças e Figura
adolescentes Estratificação
1: Fluxograma de organização do risco
do processo de cuidado de crianças e adolescentes com
• Avaliação componentes - alimentação, atividade física,
• Rotina dos serviços de saúde de acordo com IMC-
sobrepeso e obesidade na APS. comportamento sedentário, sono, saúde mental, histórico
• Busca das famílias por atendi- -para-idade e presen-
familiar e presença de comorbidades;
mento ça de comorbidades.
• Práticas parentais/familiares;
Figura
• Ações coordenadas nas escolas 1: Fluxograma de organização do processo de cuidado de crianças e adolescentes com
• Sensibilização do usuário e de sua família;
• Campanhas no território sobrepeso e obesidade naAbordagem
APS. inicial • Avaliação da motivação para mudanças de 41comportamentos;
• outras atividades acolhimento para • Avaliar rotinas e ambientes frequentados pela criança/ado-
o cuidado. lescente.
Figura 1: Fluxograma de organização do processo de cuidado de crianças e adolescentes com

sobrepeso e obesidade na APS.


Mensuração do peso Identificação das Intervenção multi componente: pactuar metas de 41
e altura e classificação possibilidades de alimentação saudável, atividade física, sono, comporta-
NÃO
do estado nutricional cuidado
- de cuidado de crianças e estabele- mento sedentário e saúde mental. Uso de estratégias
ra 1: Fluxograma de organização do processo e adolescentes com
Adequado? cimento de metas. comportamentais e envolvimento de pais e cuidadores.
41
epeso e obesidade na APS.
ganização do processo de cuidado de crianças e adolescentes com Reforço positivo, avaliação dos pontos
Cumpriu
SIM NÃO não alcançados, repactuação das metas
as metas?
anteriores ou escolha de novas metas.
41
Acompanhamento na rotina da unidade SIM
- recomendação de alimentação ade-
41 Acompanhamento Pactuação de
quada, atividade física, comportamento Reforço positivo e das mudanças com- metas durante
sedentário e boas práticas de sono. pactuações de novas. pormentais para além o processo de
da perda de peso cuidado

35
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

Agora que já conhecemos o fluxogra- identificação da criança ou adolescente adolescentes com obesidade. Alguns
ma de organização do processo de cui- com excesso de peso pode ser feita em programas desenvolvidos em parceria
dado de crianças e adolescentes com todas as oportunidades em que ela for entre saúde e educação, já preveem o
sobrepeso e obesidade na APS, vamos à Unidade Básica de Saúde (UBS), nas monitoramento do peso, altura e os há-
nos aprofundar na identificação, abor- consultas programadas de acompanha- bitos alimentares dos escolares, que, ao
dagem, avaliação inicial e estratificação mento do crescimento e desenvolvimen- serem diagnosticados com excesso de
de risco de crianças e adolescentes com to, durante o acompanhamento das con- peso, devem ser encaminhados para a
obesidade. dicionalidades de saúde do Programa APS. Formas mais leves de excesso de

Bolsa Família (PBF) e até na busca ativa peso (sobrepeso) têm melhor evolução
3.2 Identificação das crianças e
adolescentes com sobrepeso e feita pela Equipe Saúde da Família (ESF). para a normalização do estado nutricio-
obesidade A escola também é um espaço im- nal quando a intervenção se inicia em

Para a atenção à criança e adolescen- portante para identificar as crianças e tempo oportuno, o que reforça a neces-

te com sobrepeso e obesidade é neces-

sária uma contínua ação de Vigilância

Alimentar e Nutricional (VAN) para iden-

tificação dos casos, estratificação de ris-

co e organização da oferta de cuidado. A

36
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

sidade do acompanhamento do estado gum desvio que sinalize ganho de peso

nutricional em todas as oportunidades. excessivo ou comportamento não

A adequada aferição das medidas saudável ao longo do tempo e iniciar

aliada ao preenchimento correto das o quanto antes o cuidado qualificado

informações (idade, peso, altura e IMC) para identificação das causas e rever-

na Caderneta da Criança (0 a 10 anos de são do ganho excessivo de peso e do

idade) e do Adolescente (10 a 19 anos) comportamento em tempo oportuno.

e nos sistemas de informações da APS


3.3 Abordagem inicial e acolhimento para culo entre os profissionais da equipe e
(e-SUS APS e módulo do SISVAN), além o cuidado
a criança ou adolescente e sua família,
do monitoramento desse crescimento
O acolhimento é um ponto impor- de modo a garantir que o cuidado seja
ao longo do tempo, é uma oportunidade
tante na organização do cuidado de humanizado, sem a criação de estig-
para prevenir e controlar o problema.
crianças e adolescentes com sobrepe- mas, preconceitos e culpabilização do
Profissionais de saúde, pais e res-
so e obesidade. Durante o acolhimento indivíduo e da família. Reconhecer a
ponsáveis por crianças e adolescentes
é necessária a utilização do aconse- necessidade de trabalhar esses aspec-
devem ficar atentos à curva de cresci-
lhamento, habilidades de comunica- tos é um importante ponto de partida
mento e hábitos de vida para procurar
ção e a criação e manutenção do vín- no tratamento do excesso de peso.
atendimento caso seja observado al-

37
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

As Cadernetas da Criança e do Adolescente estão dispo-


Para a garantia do acolhimento é importante refletir:
níveis no site do Ministério da Saúde. Nelas você encontra
• Como a equipe de saúde reconhece e faz a aborda- as curvas de crescimento que apoiam a vigilância nutricio-
gem inicial dos indivíduos que estão com sobrepeso e
nal e proporcionam a identificação oportuna do ganho de
obesidade (crianças, adolescentes e adultos)?
peso excessivo quando são preenchidas de forma correta
• Como a avaliação contínua do estado nutricional pode
e frequente. O preenchimento dos pontos do gráfico de IMC
resultar no cuidado precoce e oportuno para evitar o
ganho de peso excessivo? para idade devem ser feitos com o acompanhamento das

• A equipe inclui no seu processo de trabalho o cuidado crianças e adolescentes, explicando a trajetória do estado
voltado às crianças e adolescentes identificadas com nutricional.
sobrepeso e obesidade?
Além das curvas de crescimento as cadernetas apresen-
• As Cadernetas de Saúde estão disponíveis para os usuá- tam uma série de informações, entre elas as de alimentação
rios e são utilizadas no acompanhamento das condições
de saúde, nutrição, crescimento e desenvolvimento? adequada e saudável de acordo com cada fase do curso da

vida.Crianças (a partir da alfabetização) e adolescentes de-


• Os profissionais sabem usar as curvas de crescimen-
to e desenvolvimento e prever o surgimento ou agra- vem ser estimulados a ler e conhecer o conteúdo das ca-
vamento de situações como o excesso de peso? dernetas e demais materiais informativos distribuídos pelas
unidades de saúde para que, desde cedo, as práticas de au-

tocuidado se tornem cotidianas.

38
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

portantes para a garantia do retorno nho, mas é importante que os profis-

à unidade de saúde e prosseguimen- sionais busquem formas de envolver a


Para apoiar os profissionais de saú-
de na vigilância alimentar e nutricio- to do processo de cuidado. Entender família. As informações dadas duran-
nal, conheça o Marco de Referência fatores facilitadores e obstáculos da te suas consultas devem ser mantidas
e os Protocolos do SISVAN (http://
aps.saude.gov.br/ape/vigilanciaali- presença do usuário na unidade pode em sigilo e só poderão ser reveladas
mentar). fortalecer o vínculo e aumentar a ade- se o adolescente concordar ou sem-

Para saber mais sobre o estado nu- são ao tratamento proposto. pre que houver danos a sua saúde ou
tricional e consumo alimentar de Crianças dependem de adultos a terceiros.
crianças e adolescente acompa-
nhados pelo SISVAN acesse os rela- para frequentar as atividades, não A distância entre a casa e a unidade
tórios públicos: podendo ser atendidos sozinhos. Os de saúde, o tempo de deslocamento, a
http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/
relatoriopublico/index adolescentes a partir dos 12 anos, tem necessidade de uso de transporte para

direito de ser atendido sozinho, e caso acessar a unidade são fatores cruciais

A formação e o fortalecimento do queira pode ser atendido desacompa- para que o usuário continue acom-

vínculo entre a criança, adolescente e nhado de seus pais ou responsáveis. panhando as ações propostas pelas

sua família e a equipe de saúde é um Abaixo de 12 anos, não deve ser nega- equipes de saúde. Horários alternati-

processo contínuo e são fatores im- do atendimento caso ele esteja sozi- vos podem ser pensados para que os

39
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

responsáveis possam garantir a ida realizadas e de forma que também secundárias, como: doenças gené-

das crianças às unidades, por exemplo. possibilite investigar a época de iní- ticas, endócrinas, lesões do sistema

Pensando no acolhimento e na hu- cio de ganho de peso excessivo ou nervoso central ou ainda causas ia-

manização do cuidado é importante do comportamento não saudável e trogênicas.

avaliar como a criança ou o adoles- como se evoluiu ao longo do tempo e Para conhecer mais sobre as cau-

cente chegou ao serviço ou à consulta como a procura pelo serviço de saúde sas secundárias de obesidade na in-

para tratamento da obesidade, se foi é compreendida pela criança ou ado- fância e adolescência, acompanhe o

encaminhado por outros profissionais lescente. infográfico a seguir:

e se têm ciência do motivo e necessi- Deste modo, a história clínica de-

dade do cuidado. talhada, aliada aos exames físicos e Distúrbios genéticos

bioquímicos, é de grande importância • Deficiência no Receptor


3.4 Avaliação inicial e estratificação de de melanocortina tipo 4
risco de crianças e adolescentes com para se diferenciar causas primárias • Deficiência de leptina
obesidade do problema, se por exemplo, a obe- • Deficiência de receptor
de leptina
A primeira consulta deve ser mais sidade é causada por excesso de ca-
• Deficiência de proopiome-
longa, feita com tempo suficiente lorias ou outros comportamentos e lanocortina
• Pró-hormônio convertase 1
para que todas as avaliações sejam se está relacionada à outras causas

40
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

Psicológicas Neurológicas A seguir, listamos as informações

• Depressão • Lesões cerebrais necessárias para uma avaliação ini-


• Distúrbios alimentares • Tumor cerebral cial completa do diagnóstico de obe-
(transtorno de compulsão • Malformações cerebrais
alimentar periódica, bulimia) sidade na criança ou adolescente:

Causas hipotalâmicas
Induzidas pelo uso de
medicamento • Tumor
• Após cirurgia cerebral/ra-
• Antidepressivos tricíclicos
diação (craniofaringioma)
• Glicocorticóides
• Síndrome de ROHHAD/RO-
• Medicamentos antipsicóticos
ADNET
• Medicamentos antiepilépticos
• Sulfonilureas
Endócrinas
Síndromes • Hipotiroidismo
• Prader-Willi • Excesso de glicocorticóide
• Bardet-Biedl (síndrome de Cushing)
• Cohen • Deficiência no hormônio
• Alström de crescimento
• Albright hereditary • Pseudo-hipoparatireoidismo
• Osteodystrophy
• Beckwith-Wiedemann
• Carpenter

41
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

A história familiar deve incluir informações sobre obesidade, diabetes,


hipertensão, doenças cardiovasculares, dislipidemia nos parentes de 1º
grau. Quando possível montar o genograma da família.

Tratamentos e intervenções realizados previamente para o manejo do peso.

Investigar transtornos alimentares (anorexia, bulimia).

Hábitos alimentares da família.

Prematuridade;

História do Aleitamento Materno e a introdução da Alimentação Comple-


mentar Saudável.

Possíveis distúrbios do sono, como dificuldade respiratória, associados a


déficit de atenção e sonolência durante o dia podem ser sinais de apneia
do sono, representando uma comorbidade do excesso de peso.
No exame físico, avaliar os pontos
Questões de saúde mental como sintomas depressivos, ansiedade e baixa
autoestima estão presentes em indivíduos com obesidade e influenciam a seguir:
no processo de cuidado. • Avaliar a frequência cardíaca e
Avaliar desenvolvimento neurológico. Interação social com outras crianças/ pressão arterial (com instrumentos
adolescentes da mesma idade e o desejo, por exemplo, de não ir à escola.
adequados à idade)
Uso prévio de medicamentos que podem ter como efeito adverso o
• Observar sinais como manchas es-
aumento do peso (antidepressivos tricíclicos, glicocorticóides, medica-
mentos antipsicóticos, medicamentos antiepilépticos, sulfonilureas). curas na pele, com textura grossa e

42
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

avelulada (acantose nigricans), si- mental e pode relacionado à altera- incluem os hábitos alimentares, a prá-

nais de automutilação ou de violên- ções no crescimento linear (estatu- tica regular de atividade física, com-

cia, como hematomas e traumas. ra) e alterações no ganho de peso portamento sedentário, padrão de

• Observar se há estrias violáceas, (déficit ou excesso), caso não ocor- sono, saúde mental e a influência do

acne e outros sinais que possam ra pode-se investigar o hipotireoi- ambiente sobre as condições de vida

sugerir hipercortisolismo. dismo, hipogonadismo e desen- da criança ou adolescente. O cuidado

• Nas adolescentes com sobrepe- volvimento mental com síndromes a partir desse conjunto de componen-

so ou obesidade, investigar sinais genéticas. tes é denominado cuidado multicom-

de hiperandrogenismo, como acne Os exames bioquímicos recomen- ponente.

e hirsutismo (aumento de pelos dados para rastreio de comorbida- Com base nestas informações, é

na mulher em locais normalmen- des nas crianças e adolescentes com feita a estratificação do risco de acor-

te desprovidos de pelos) , além de obesidade devem incluir dosagens de do com a classificação do IMC e pre-

alterações do ciclo menstrual, que glicemia de jejum, colesterol total e sença de comorbidades conforme

podem sugerir a síndrome dos ová- frações, triglicérides, e enzimas hepá- descrito no infográfico a seguir:

rios policísticos. ticas (SBP, 2012).

• Em adolescentes, a avaliação do A avaliação dos componentes

desenvolvimento genital é funda- comportamentais e de estilo de vida

43
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

Criança ou adolescente com peso adequado Criança ou adolescente com sobrepeso

Orientações para abordagem Orientações para abordagem

Acompanhamento do crescimento (peso e estatura) e Acompanhamento do crescimento (peso e estatura) e

IMC-para-idade. IMC-para-idade.

Avaliação dos hábitos de alimentação, atividade física, com- Orientações de alimentação adequada e saudável, ati-

portamento sedentário, sono e aspectos da saúde mental. vidade física, comportamento sedentário, sono, saúde

Orientações de alimentação adequada e saudável, ati- mental e as influências ambientais na formação dos

vidade física, comportamento sedentário, sono, saúde hábitos de vida das crianças e adolescentes.

mental e as influências ambientais na formação dos Orientações de alimentação adequada e saudável, ativida-

hábitos de vida das crianças e adolescentes. de física, comportamento sedentário, sono e saúde mental.

Intervenções focadas na mudança do comportamento

(pactuação de metas).

Manter o acompanhamento e inserção nas atividades

coletivas ofertadas pela unidade de saúde.


Realizar exames para rastreio de comorbidades, como

aferição da pressão arterial e exames bioquímicos de gli-

cemia de jejum, perfil lipídico e marcadores hepáticos.

44
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

Criança ou adolescente com sobrepeso e com comor- (pactuação de metas).


bidade ou com obesidade e sem comorbidades
Organizar o cuidado com consultas individuais e in-
Orientações para abordagem
serção nas atividades coletivas ofertadas pela unida-
A maior parte das crianças e adolescentes com obe-
de de saúde.
sidade estão neste grupo.
Criança ou adolescente com obesidade e presença de
Acompanhamento do crescimento (peso e estatura) comorbidades - OU - Criança ou adolescente com obesi-
e IMC-para-idade. dade grave independente da presença de comorbidades

Realizar exames para rastreio de comorbidades, como Orientações para abordagem

aferição da pressão arterial e exames bioquímicos de Acompanhamento do crescimento (peso e estatura) e

glicemia de jejum, perfil lipídico e marcadores hepáticos. IMC-para-idade.

Avaliação dos hábitos de alimentação, atividade físi- Realizar exames para rastreio de comorbidades, como

ca, comportamento sedentário, sono e aspectos da aferição da pressão arterial e exames bioquímicos de

saúde mental. glicemia de jejum, perfil lipídico e marcadores hepáticos.

Orientações de alimentação adequada e saudável,


 Avaliação dos hábitos de alimentação, atividade física,

atividade física, comportamento sedentário, sono, comportamento sedentário, sono e aspectos da saúde

saúde mental e as influências ambientais na forma- mental.

ção dos hábitos de vida das crianças e adolescentes. Orientações de alimentação adequada e saudável,


Intervenções focadas na mudança do comportamento atividade física, comportamento sedentário, sono,

45
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

saúde mental e as influências Por fim, é importante que se ava- glicêmicas, da pressão arterial e do

ambientais na formação dos lie as percepções e motivações da perfil lipídico), deve-se manter monito-

hábitos de vida das crianças e criança/adolescente e seus pais/cui- ramento contínuo do crescimento na

adolescentes. dadores para as mudanças compor- Caderneta de Saúde e devem ser feitas

Intervenções focadas na mu-


 tamentais necessárias a serem pro- orientações alimentares e de atividade

dança do comportamento gramadas nas ações e metas de cada física, comportamento sedentário, sono

(pactuação de metas). indivíduo. A motivação para adesão a e saúde mental, conforme as necessi-

Organizar o cuidado com con- um modo de vida saudável, principal- dades observadas durante a anamnese

sultas individuais e inserção mente para mudanças de longo prazo, feita na primeira consulta.

nas atividades coletivas oferta- é um grande desafio. Algumas estra- As crianças e adolescentes com

das pela unidade de saúde. tégias, como a entrevista motivacio- diagnóstico de sobrepeso e comorbida-

Construção de Projeto Tera-


 nal, por exemplo, podem auxiliar neste des ou com obesidade (independente da

pêutico Singular para a organi- processo. presença de comorbidades) devem ser

zação do cuidado. Conforme o Fluxograma de Cuida- encaminhados para um cuidado multi-

Avaliar a necessidade e possi- do, para as crianças e adolescentes disciplinar adequado, integral e longitu-

bilidade de encaminhamento identificados com sobrepeso e que não dinal, por meio de abordagens individu-

para especialistas. apresentem comorbidades (alterações ais, coletivas e transversais.

46
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 3

Crianças e adolescentes têm o di-

reito de viver em ambientes protegidos

que proporcionem e estimulem hábitos

e comportamentos saudáveis. Como

exemplo de ambientes protegidos e

saudáveis podemos citar: ambien-

tes livres da publicidade, propagan-

da e venda de alimentos não saudá-


e proteção a fim de orientar e propor devem estar centradas na mudança
veis; ambientes propícios e seguros
alternativas factíveis às condições de de comportamento em relação à ali-
à prática de atividade física; espaços
vida das crianças, adolescentes e suas mentação, atividade física, compor-
protegidos para o brincar e explorar o
famílias. tamento sedentário e sono. Vamos
ambiente; acesso à água potável nas
A atenção à criança e ao adoles- aprofundar os conhecimentos sobre
escolas e; oferta de alimentação esco-
cente com excesso de peso demanda as orientações para abordagem de
lar de qualidade, entre outros. As equi-
a atuação da equipe multiprofissional, crianças e adolescentes com excesso
pes de saúde devem estar atentas ao
com abordagem integral, longitudinal de peso e comorbidades ou obesidade
ambiente nos quais as crianças e ado-
e multicomponente. As intervenções no capítulo a seguir.
lescentes vivem, avaliar locais de risco

47
UN 4
Orientações para abordagem
de crianças e adolescentes
com excesso de peso e
comorbidades ou obesidade
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

Nesta unidade vamos nos aprofundar na abordagem indi-

vidual ou coletiva de crianças e adolescentes com sobrepe-

so e obesidade, sob a perspectiva do cuidado longitudinal.

Estudaremos também sobre a importância do profissio-

nal de saúde conhecer mais sobre o estigma, a culpabiliza-

ção e discriminação de pessoas com excesso de peso, no

sentido de evitar qualquer comportamento que enfatize tais

aspectos.

Para a abordagem de crianças e adolescentes com obe-

sidade, é fundamental que os pais e/ ou responsáveis sejam

envolvidos para a adesão às mudanças comportamentais

e de estilo de vida, fortalecendo o processo de cuidado. Por

fim, vamos conhecer em quais situações o encaminhamen-

to de crianças e adolescentes com obesidade para a aten-

ção especializada deve ocorrer.

49
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

4.1 Orientações para a abordagem a


partir do estado nutricional e • Acompanhamento do crescimento (peso e estatura) e IMC-para-idade.
comorbidades

As ações de prevenção são funda-


• Avaliação dos hábitos de alimentação, atividade física, comportamento
mentais para o enfrentamento da pro-
sedentário, sono e aspectos da saúde mental.
blemática do excesso de peso. Desta

forma, crianças ou adolescente com

peso adequado também devem rece- • Orientações de alimentação adequada e saudável, atividade física,

ber abordagem para manutenção do comportamento sedentário, sono, saúde mental e as influências am-

estado nutricional adequado. Veja a bientais na formação dos hábitos de vida das crianças e adolescentes.

seguir as principais orientações para

abordagem deste grupo:


Considerando as orientações para abordagem citadas acima, para a implemen-

tação dessas ações nas unidades de saúde, a primeira ação que deve ser realizada

nas unidades de saúde é um mapeamento dos recursos da unidade para dar res-

posta à demanda do cuidado.

50
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

Neste momento é importante saber:

• Além do diagnóstico individual, a • Quais as atividades a unidade já • A equipe de saúde sabe quan-
unidade analisa o diagnóstico cole- oferece para crianças e adoles- tas crianças e adolescentes com
tivo de vigilância alimentar e nutri- centes e se há grupo operativos obesidade existem no território?
cional? para essa faixa etária? Se sim, • Qual micro área concentra a
• Existe mapeamento do ambiente quais temáticas abordam? Há no maior parte dessas crianças e
alimentar da comunidade? O diag- território ou na Rede de Atenção adolescentes? Como é o am-
nóstico coletivo do estado nutri- à Saúde um serviço especializado biente alimentar no território?
cional e o mapeamento do ambien- que possa dar suporte aos casos • Qual tipo de alimentação tem
te alimentar são discutidos com a mais graves? sido oferecida pela escola?
equipe? E com a comunidade? • Além da equipe de Atenção Primá- • A equipe de saúde conta com pro-
ria há suporte de equipe multipro- fissional de educação física?
fissional ou outros profissionais • Quais atividades são oferecidas
para ampliar as possibilidades de pela equipe de saúde ou pela se-
cuidado? cretaria de esportes no territó-
• A Unidade tem a Estratégia Ama- rio? Onde as atividades aconte-
menta e Alimenta Brasil imple- cem? Em quais horários? Quais
mentada e ações conjuntas com opções podem ser oferecidas
as escolas como o Programa Saú- para as famílias, dentro desse
de na Escola? contexto?

51
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

Esse levantamento ajudará tanto Integrativas e Complementares em frequente o acompanhamento, melhor

na pronta oferta de cuidado para os Saúde (PICS), apoio psicossocial e será a adesão e o resultado. Além da

usuários que estão com obesidade demais atividades intersetoriais para periodicidade dos encontros, é impor-

como na organização de novas ativi- complementar o cuidado. Elas devem tante fortalecer o vínculo e pensar em

dades para ampliar e qualificar a ação ser longitudinais e acompanhar todo outras estratégias de abordagem que

ofertada para crianças e adolescentes o processo de cuidado, considerando não a atividade presencial nas unida-

com obesidade. também o calendário mínimo de con- des de saúde para encurtar o interva-

A abordagem individual pode ser sultas da criança e do adolescente lo entre as consultas (como ligações,

realizada pelo médico, enfermeiro, para monitoramento do seu cresci- mensagens de texto, grupos de whatt-

nutricionista, psicólogo e profissional mento e desenvolvimento. sapp, teleatendimento, grupos em re-

de educação física, de acordo com a O acompanhamento deve ser a lon- des sociais, etc).

disponibilidade local destes profissio- go prazo e a frequência e o tempo de Nas figuras à seguir temos boxes

nais. A abordagem transversal inclui acompanhamento devem ser adap- com proposta de organização da pe-

a alimentação adequada e saudável, tados à situação e necessidade da riodicidade das atividades de acompa-

a prática de atividade física, Práticas criança ou adolescente. Quanto mais nhamento organizado em 24 meses.

52
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

MÊS 1 MÊS 2 / 3 / 5 / 6 / 8 / 10 / 15/ 18 / 20 / 24 MÊS 12

Consulta inicial de avaliação Consulta individual ou atividade coletiva. Consulta individual e avaliação do peso e
e acolhimento – levanta- altura do estado nutricional e comparação
mento geral de informações. Avaliação do peso e altura. com as medidas anteriores.

Avaliação do estado Comparação com as medidas anteriores. Revaliação do consumo alimentar, ativida-
nutricional (peso e altura), de física regular, comportamento sedentá-
Retomada das orientações e pactuações
classificação do estado rio e sono.
realizadas na consulta anterior (avaliação
nutricional.
da adesão). Reavaliação de questões de saúde mental.
Avaliação do consumo
alimentar, atividade física Reforço positivo – independente da Retomada das orientações e pactuações
regular, comportamento adesão realizadas na consulta anterior (avaliação
sedentário e sono. da adesão).
Conforme a aderência às recomendações
Investigação de questões e pactuações, se: Reforço positivo – independente da
de saúde mental. Sim – avança. Não – retoma, avalia, refor- adesão.
ça ou rever a estratégia. Conforme a aderência as recomendações
Definição e pactuação
de metas com a criança e pactuações, se:
ou adolescente e seus res- Ao final de 24 meses avaliar globalmen- Sim – avança.
ponsáveis. te todas as atividades realizadas e Não – retoma, avalia, reforça ou rever a
avaliação da alta ou reencaminhamento. estratégia.

53
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

4.2 Estigma e discriminação no cuidado de to de outros de que ele possuiu alguma balho, escolas e serviços de saúde.
crianças e adolescentes com obesidade
questão ou inferioridade. Na obesidade Os tipos de estigma estão descritos

No processo de cuidado, devem o estigma está muito presente, desde os a seguir e devem ser compreendidos

ser considerados os determinantes primeiros anos de vida e pode afetar as e superados no cuidado de crianças

e condicionantes do sobrepeso e da pessoas que vivem com obesidade de e adolescentes com obesidade:

obesidade, sem culpabilização, estig- diferentes maneiras. As repercussões

matização e discriminação da pessoa negativas para a pessoa que sofre o

ou sua família. Como já foi falado an- estigma vão desde o sofrimento men-

teriormente, há múltiplos determinan- tal, apartamento social, dificuldade por

tes para a obesidade, e ao contrário do buscar o cuidado nas unidades de saú-

que algumas pessoas pensam, não é de, evasão escolar, entre outros.

um agravo que depende meramente Rubino e colaboradores (2020)

da força de vontade do indivíduo no publicaram uma declaração conjun- O estigma de peso

processo de cuidado. ta de consenso internacional para Refere-se a atribuição de caracterís-

O estigma é um atributo negativo ou acabar com o estigma da obesidade ticas negativas e estereótipos de manei-

que deprecia um indivíduo, tornando-o e apontam para o estigma pratica- ra automática, feitas de maneira incons-

diferente ou inferior pelo entendimen- do pelas famílias, nos locais de tra- ciente, sem percepção de quem o faz.

54
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

Os estereótipos baseados no peso A internalização do viés de peso O cuidado da criança e do adoles-

Incluem generalizações que indi- Ocorre quando os indivíduos com so- cente que está com excesso de peso

víduos com sobrepeso ou obesidade brepeso e obesidade desenvolvem em si requer um cuidado multicomponente

são preguiçosos, glutões, sem força de mesmos a autoculpa e estigma por con- que associe envolvimento da família,

vontade e autodisciplina, incompeten- ta do seu peso. Internalização inclui a estratégias de mudanças comporta-

tes, desmotivados para melhorar sua aceitação e a aplicação desses estereó- mentais e intervenções na alimenta-

saúde, agem em desacordo com o tra- tipos a si mesmo e autodesvalorização. ção e no ambiente em que a criança

tamento médico, e são pessoalmente vive ou permanece, que estimulem o


O viés de peso explícito
culpados por seu excesso de peso. aumento na prática da atividade fí-
Refere-se à evidente consciência
sica, contribuam com a redução do
de atitudes negativas que podem ser
A discriminação de peso comportamento sedentário e melhore
medidas por autorrelato.
Refere-se a formas evidentes de pre- os padrões do sono. Além disso, bus-

conceito e tratamento injusto (compor- ca-se reverter o ganho excessivo de


O viés de peso implícito
tamentos tendenciosos) para com in- peso durante o crescimento e desen-
Consiste em atribuições negativas
divíduos com sobrepeso ou obesidade volvimento da criança ou adolescente
automáticas e estereótipos existentes
baseados no peso corporal. e promover um crescimento e desen-
fora da percepção consciente.
volvimento adequado, promoção do

55
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

bem estar mental e melhora da quali- 4.3 Pais e cuidadores no cuidado de crianças tamento sedentário e de sono) por meio
e adolescentes com obesidade
dade de vida. de seus próprios comportamentos (mo-

A adoção de hábitos saudáveis pre- As metas para as mudanças com- delagem social) e por meio das práticas

cisa ser vista como uma oportunidade portamentais e de estilo de vida devem parentais como controlar a disponibili-

de cuidar de toda a família e deve ser ser realistas, negociadas e factíveis com dade e acessibilidade a alimentos den-

feita por todos da casa e não apenas a realidade das crianças/adolescentes e tro do domicílio (especialmente na res-

pelas crianças/adolescentes que es- suas famílias e visam mudanças grada- trição da disponibilidade de alimentos

tão com obesidade. tivas e sustentáveis a longo prazo. ultraprocessados), monitorar o tempos

Para essas mudanças comporta- de tela (televisão, celular, videogames

mentais e de estilo de vida é importante e computador/tablet) das crianças e


É importante que as medidas de cui- que haja o envolvimento de toda a famí- adolescentes, apoio à realização de ati-
dado reforcem a garantia de melhores
condições de saúde e qualidade de lia no processo de cuidado. vidades físicas extracurriculares e brin-
vida e não na estética/aparência, com Os pais ou responsáveis pelo cuida- cadeiras ao ar livre pela criança, dentre
o objetivo de proteger a percepção da
imagem corporal, autoestima e o com- do da criança ou adolescente podem outros (DAVISON; BIRCH, 2001).
portamento alimentar futuro, desesti- moldar padrões comportamentais re- É fundamental que haja adequação
mulando e coibindo práticas de bullying
e preconceito à criança e adolescente lacionados à obesidade (como hábitos entre comportamento familiar e o cuida-
que está com excesso de peso. alimentares, atividade física e compor- do da criança e do adolescente com so-

56
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

brepeso e obesidade. É necessário que negativas; provocações sobre seu peso;

pais e cuidadores propiciem suporte e ou podem ter sido excluídos de alguma

encorajamento dos comportamentos refeição ou atividade devido ao seu peso,

esperados, com o reforço positivo para e, por isso, devem abordar essa questão

os comportamentos saudáveis que a com as crianças, adolescentes e sua fa-

criança ou adolescente já apresente ou mília (GOLDEN et al., 2016)

a cada mudança que eles consigam re- um ambiente favorável a adoção de uma Por isso, o envolvimento dos pais ou

alizar. Além disso, também os pais ou alimentação saudável, prática regular de cuidadores e de toda a família é fun-

responsáveis devem evitar reproduzir atividade física, redução do compor- damental para a promoção de modos

discriminações no ambiente domiciliar, tamento sedentário e boas práticas de de vida saudáveis. Tanto na prevenção

focando a mensagem em adoção de sono, sem exigir alterações no peso da quanto no tratamento da obesidade en-

modelos de vida mais saudáveis, para criança ou adolescente. tre crianças e adolescentes, os pais são

que crianças e adolescentes não se O profissional de saúde deve consi- vistos como agentes de apoio e pro-

sintam estigmatizados dentro de casa derar que crianças e adolescentes com moção para as mudanças desejadas.

(PFEIFFLÉ et al., 2019). excesso de peso tenham vivenciado Cumpre destacar, que com o aumento

Desse modo, pais e cuidadores de- experiências ruins no âmbito familiar e da idade, há uma redução da influência

vem ser orientados a propiciar em casa social como comentários ou suposições da família e o aumento da influência do

57
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

ambiente externo (escola, amigos, ca- Cabe destacar que o adolescen- mediante dificuldades de acesso aos
racterísticas do bairro em que vivem) te deve ser parte ativa das ações de demais pontos da rede. As situações
(SMITH et al., 2018). saúde, cabendo à equipe atendê-lo que demandam encaminhamento
de forma desprovida de autoritarismo para atenção especializada, são:
e de soluções prontas. Faz parte do

Pais, cuidadores e toda a família acompanhamento resgatar a sua au- Causas secundárias (endócri-
devem ser orientados e reforçar às nas, genéticas)
toestima para que se possa promover
crianças e adolescentes sobre as Obesidade grave
influências do ambiente externo so- o desenvolvimento de sua autonomia
com presença de
bre o comportamento alimentar e (BRASIL, 2014). comorbidades
um estilo de vida mais saudável.

4.4 Quando encaminhar a criança ou o


adolescente com obesidade para a Segundo a Portaria Nº 425, DE 19
Para crianças menores de 5 anos de
atenção especializada? /03/2013 que estabelece regulamen-
idade, as orientações devem ser direcio-
O encaminhamento deve ocor- to técnico, normas e critérios para a
nadas aos pais ou responsáveis (PFEI-
rer sempre que necessário. A rede de Assistência de Alta Complexidade ao
FFLÉ et al., 2019). Crianças maiores e
atenção à saúde deve ser acionada Indivíduo com Obesidade a indicação
adolescentes podem e devem ser agen-
e utilizada, sendo que o encaminha- para encaminhamento para o trata-
tes ativos no cuidado de sua saúde.
mento não deve ser desencorajado mento cirúrgico da obesidade pode

58
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

ser considerado para os jovens entre

16 e 18 anos, quando apresentarem Redução do consumo de alimentos ultraprocessados;

o escore - Z maior que +4 na análise Redução do consumo de bebidas adoçadas;


do IMC por idade, porém o tratamento
Aumento do consumo de água;
cirúrgico não deve ser realizado antes
Aumento da variedade de frutas, legumes e verduras presentes no
da consolidação das epífises de cres- dia a dia;
cimento. Portanto, a avaliação clínica
Aumento da quantidade de frutas, legumes e verduras consumidos
do jovem necessita constar em pron- no dia a dia;
tuário e deve incluir: a análise da idade
Aumento do tempo de mastigação;
óssea e avaliação criteriosa do risco-
Reconhecimento dos sinais de fome e saciedade;
-benefício, realizada por equipe multi-
Redução na frequência da realização de refeições em frente à televi-
profissional com participação de dois
são e outras telas;
profissionais médicos especialistas
Aumento na frequência da realização de refeições em família;
da área clínica e cirúrgica.

A seguir apresentamos alguns des- Melhora da qualidade e tempo de sono;

fechos desejáveis no cuidado da crian- Substituição gradual e constante de tempo sedentário por tempo ativo;
ça e do adolescente com obesidade.

59
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4

Aumento gradual e constante na prática de atividade física;

Estabelecimento da prática de atividade física na rotina, atendendo


às recomendações apropriadas para cada faixa etária;

Manter ou promover boa saúde mental (autoestima, boa relação


com a imagem corporal, associar qualidade de vida com a saúde
e o bem estar);

Diminuição na velocidade de ganho de peso;

Manutenção do peso corporal ou redução gradativa do peso quando


o peso corporal for maior que o esperado para a fase adulta;

Alcançar e manter uma relação peso/altura mais saudável, evitando


o reganho de peso de forma excessiva;

Melhora/resolução de comorbidades associadas à obesidade no


menor tempo possível.

60
UN 5
Cuidado multicomponente:
avaliação, recomendações
e como colocar em prática
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Nesta unidade, estudaremos uma síntese das recomen-

dações para os componentes comportamentais e de estilo

de vida do cuidado de crianças e adolescentes com sobre-

peso e obesidade. Observe na figura a seguir os principais

componentes a serem estudados.

Alimentação

Atividade física

Comportamento sedentário

Sono

Saúde mental

Serão abordadas a seguir, as recomendações de como

avaliar essas questões e quais as condutas a serem realiza-

das para cada uma das intervenções de forma prática.

62
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

5.1 Alimentação o equilíbrio, a moderação e o prazer. 2006, o qual teve sua segunda edição

A promoção da alimentação ade- Ainda, alimentação deve ser acessível publicada em 2014. O guia enfatiza

quada e saudável faz parte da promo- financeiramente, e obtida por meios de a promoção da saúde e a prevenção

ção de saúde e envolve estratégias produção adequados e sustentáveis de doenças, estimulando comporta-

para o incentivo de práticas alimenta- (BRASIL, 2014). Esta definição, ado- mentos alimentares saudáveis e fun-

res saudáveis. tada pelo Ministério da Saúde, está damenta-se em recomendação que

A alimentação adequada e saudável em acordo com a Política Nacional valorizam a autonomia das pessoas

é compreendida como o direito huma- de Segurança Alimentar e Nutricional, sobre suas escolhas alimentares, bem

no básico de ter acesso permanente no que se refere à adequação cultural, como a cultura e os sistemas alimen-

e regular, de forma socialmente justa, social e econômica da alimentação. tares locais. Neste guia é proposta

a uma alimentação adequada. Devem O Ministério da Saúde lançou o Guia uma classificação dos alimentos a

ser considerados os aspectos bioló- Alimentar para População Brasileira partir do seu grau de processamento,

gicos e socioculturais, a quantidade como instrumento de promoção da na qual vamos nos aprofundar mais.

e qualidade suficientes, a variedade, alimentação adequada e saudável em

63
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

5.1.1 Classificação dos alimentos Ressalta-se que o tipo de proces- de processamento dos alimentos.
segundo o Guia Alimentar
samento adotado na produção dos ali- A classificação NOVA estabelece

Para compreendermos as recomen- mentos interfere no perfil de nutrientes quatro categorias de alimentos, se-

dações gerais de alimentação saudá- e no sabor, bem como influenciam o gundo o tipo de processamento uti-

vel, vamos estudar sobre os grupos de conjunto de alimentos que serão con- lizados na produção: alimentos in

alimentos segundo a classificação de sumidos e o contexto, ou sejam em natura e minimamente processados,

acordo com o nível de processamento, qual local, quando e com quem, além de ingredientes culinários, alimentos

proposta pelo Guia Alimentar para Po- influenciar na quantidade de alimento processados e alimentos ultrapro-

pulação Brasileira, também chamada de ingerida. Destaca-se ainda, o impacto cessados. Para conhecer a definição

classificação NOVA. ambiental e social relacionado ao grau e exemplos de cada um dos grupos,

64
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Alimentos in natura e mi- processados com adição de ingre-


nimamente processados Ingredientes culinários
dientes culinários. Exemplos: con-

servas de legumes, de cereais ou de


acompanhe a seguir: sas, café, carnes resfriadas ou conge-
leguminosas; extrato ou concentrado
Os alimentos in natura são obtidos ladas).
de tomate com sal; carnes salgadas,
diretamente de plantas ou animais e São produtos extraídos de alimentos
secas e defumadas; peixe conservado
adquiridos sem que sofram qualquer in natura por processos como moagem,
em óleo ou água e sal; frutas em calda
alteração (por exemplo: frutas, legu- extração e refino e utilizados para tem-
ou cristalizadas; queijos; pães feitos
mes, verduras, ovos, carnes). Os ali- perar e cozinhar alimentos e elaborar
com farinha, levedura, água e sal.
mentos minimamente processados preparações culinárias. Exemplos: sal

são alimentos in natura que antes de de cozinha refinado ou grosso; açúcar Alimentos ultraprocessados
serem adquiridos sofreram mínimas de mesa, mel e rapadura; óleos vegetais

alterações como limpeza, fermentação, São aqueles produzido em fábricas,


pasteurização, remoção de partes não Alimentos processados com uma série de processos e subs-
comestíveis e refrigeração (por exem- tâncias químicas exclusivamente in-
plo: grãos secos ou polidos, farinhas, São produtos fabricados a partir de dustriais, contendo pouco ou nenhum
leite pasteurizado, iogurte, oleagino- alimentos in natura ou minimamente alimento inteiro (sem a matriz alimen-

65
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
DIET
UN 5
LIGH
T

tar). Alimentos ultraprocessados são macarrão e temperos instantâneos; de processamento, vamos aprofundar

ricos em açúcar, gordura, sódio ou pre- molhos prontos; margarina; salgadi- nossos estudos na diferenciação dos

sença de edulcorantes. São exclusivos nhos de pacote; bebidas adoçadas não alimentos processados e ultraprocessa-

dos ultraprocessados a presença de carbonatadas (refrescos) e bebidas dos, bem como nos produtos diet e light.

substâncias alimentares de nenhum adoçadas carbonatadas (refrigeran- Acompanhe a seguir:

ou raro uso culinário (açúcar inverti- tes); iogurtes e outras bebidas lácteas

do, frutose, xarope de milho, glúten, fi- adicionadas de corantes e ou aroma- Alimentos similares
bra solúvel ou insolúvel, maltodextrina, tizantes; produtos congelados e pron- estão sempre na mesma
categoria? (processado
proteína isolada de soja, óleo interes- tos para aquecimento como pratos de x ultraprocessado)
terificado) e ou de aditivos cosméticos massas, pizzas, hambúrgueres e extra-

alimentares (corantes, aromatizantes, tos de carne de frango ou peixe, em- Pães e produtos panificados tornam-

realçadores de sabor, emulsificantes, panados do tipo nuggets, salsichas e -se alimentos ultraprocessados quando,

espessantes, adoçantes). Exemplos: outros embutidos; pães de forma, pães além da farinha de trigo, leveduras, água

biscoitos doces e salgados; sorvetes, para hambúrguer ou cachorro quente. e sal, seus ingredientes incluem subs-

balas, chocolate e guloseimas em ge- Agora que você já conhece a classifi- tâncias como gordura vegetal hidroge-

ral; cereais matinais e barras de cere- cação NOVA e definição de cada um dos nada, açúcar, amido, soro de leite, emul-

al; bolos e misturas para bolo; sopas, grupos de alimentos, segundo o grau sificantes e outros aditivos.

66
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Outros exemplos são o iogurte e o Uma forma prática de distinguir ali- emulsificantes, adoçantes, espessantes,
molho de tomate. Em suas versão pro- mentos ultraprocessados de alimentos agentes antiespuma, de volume, carbo-
cessada, o iogurte leva apenas leite e processados é consultar a lista de in- natantes, espumantes, gelificantes etc)
fermento lácteo, já quando é ultrapro- gredientes que, por lei, deve constar dos indicam que o produto pertence à cate-
cessado, leva açúcar e/ou edulcorantes, rótulos de alimentos embalados que goria de alimentos ultraprocessados.
espessantes, corantes, saborizantes, etc. possuem mais de um ingrediente. Ali-
DIET

O molho de tomate processado, em mentos ultraprocessados possuem lis- E os produtos diet e light?
LIGH
T

geral leva tomates, sal e - em alguns tas de ingredientes muito extensas com
casos - temperos naturais, como alho, nomes pouco familiares. A presença de e gorduras (manteiga, gordura de porco
cebola, orégano, manjericão. Quando substâncias alimentares nunca ou rara- e gordura de coco); féculas e vinagre.
se trata de um produto ultraprocessado, mente usadas em cozinhas domésticas Versões reformuladas desses pro-
pode ser acrescido de espessantes, aro- (xarope de milho rico em frutose, gordu- dutos (ultraprocessados), são às vezes
matizantes, realçadores de sabor, etc. ras hidrogenados ou interesterificados, denominadas light ou diet. Entretanto,

proteínas hidrolisadas) e/ou classes de com frequência, a reformulação não traz


Como diferenciar aditivos com a finalidade de tornar o benefícios claros. Por exemplo, quando
alimentos processados
produto final palatável ou mais atraente o conteúdo de gordura do produto é re-
de ultraprocessados?
(sabores, realçadores de sabor, corantes, duzido à custa do aumento no conteú-

67
DIET
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

do de açúcar ou vice-versa. Ou quando 5.1.2 Avaliação e recomendações para intervir na qualidade da alimentação,
alimentação no cuidado de crianças
se adicionam fibras ou micronutrientes é importante garantir o envolvimento
e adolescentes com sobrepeso e
sintéticos aos produtos, sem a garantia obesidade familiar no processo de mudança e
de que o nutriente adicionado reproduza orientar para práticas parentais que
A intervenção na alimentação tem
no organismo a função do nutriente na- propiciem a formação de hábitos ali-
como objetivo fomentar uma alimen-
turalmente presente nos alimentos. mentares saudáveis.
tação mais saudável, estimulando o
O problema principal com alimen- Para orientar as práticas de alimen-
comer prazeroso, saudável e nutri-
tos ultraprocessados reformulados tação adequada e saudável de crian-
cionalmente equilibrado, a partir da
é o risco de serem vistos como pro- ças e adolescentes, o Ministério da
redução no consumo de alimentos ul-
dutos saudáveis, cujo consumo não Saúde lançou o Guia Alimentar para
traprocessados, e do aumento no con-
precisaria mais ser limitado. A publi- Crianças Menores de 2 anos (BRASIL,
sumo de alimentos in natura e mini-
cidade desses produtos explora suas 2019b) e o Guia Alimentar para Popu-
mamente processados, além de água;
alegadas vantagens diante dos pro- lação Brasileira (BRASIL, 2014) que
ação essa que naturalmente já auxilia
dutos regulares (“menos calorias”, contempla crianças maiores de 2 anos
na redução da velocidade de ganho de
“adicionado de vitaminas e minerais”), de idade e adolescentes. Acompanhe
peso e na redução do risco de desen-
aumentando as chances de que sejam a seguir algumas das recomendações
volver outras comorbidades. Além de
vistos como saudáveis pelas pessoas. gerais publicadas nestes guias.

68
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Crianças menores • Zelar para que a hora da alimenta- dos e preparações culinárias, como
de 2 anos
ção da criança seja um momento de o arroz, feijão, verduras e legumes

• Amamentar até os 2 anos ou mais, experiência positivas, aprendizados no almoço e jantar, e de frutas nos

oferecendo somente leite materno e afeto junto da família. intervalos entre as refeições;

até 6 meses. • Prestar atenção aos sinais de fome • Evitar o consumo de alimentos ul-

• Consumir alimentos in natura ou mi- e saciedade da criança. traprocessados.

nimamente processados, além do lei- • No almoço e jantar, prefira consumir a • Diminuir o consumo de bebidas

te materno, a partir dos 6 meses. combinação brasileira: arroz e feijão; adoçadas.

• Não oferecer alimentos ultrapro- • Aumentar o consumo verduras e le- • Aumentar o consumo de água, frutas

cessados, açúcar nem preparações gumes no almoço e no jantar; e preferir comer as frutas inteiras ao

ou produtos que contenham açúcar • Consuma frutas nos lanches entre o invés de beber sucos de frutas nos in-

até dois anos almoço e o jantar; tervalos entre almoço e jantar.

• Oferecer água própria para o consu- • Nenhum alimento deve ser proibido,

mo à criança em vez de sucos, refri- Crianças maiores de mas deve-se enfatizar que os ultra-

gerantes e outras bebidas açucara- 2 anos e adolescentes processados não devem fazer parte

das e não oferecer sucos de frutas à • Aumentar o consumo de alimentos do consumo alimentar diário.

criança menor de 1 ano. in natura, minimamente processa- • Realizar 5 refeições por dia em ho-

69
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

rários regulares e oportunos (café os alimentos, como lanches, em cessados a fim de ajudar na interven-

da manhã, almoço e jantar e dois quantidades individuais, a partir ção para a melhoria da alimentação da

lanches). Evitar “beliscar” entre as de grandes pacotes (embalagens criança ou adolescente com obesidade.

refeições. grandes) ou alimentos inteiros A avaliação do consumo alimentar

• Mastigar bem os alimentos e co- (como bolos por exemplo), e colo- faz parte da atenção à saúde, no nível

mer devagar, saboreando a comi- cá-las em recipientes menores ou de Atenção Primária à Saúde, e deve

da e prestando atenção aos sinais utilizar a embalagem de porção ser realizada pelas equipes de Saúde da

internos de fome e saciedade. Família (eSF), em conjunto com os nu-

• Reduzir a frequência da realização 5.1.2.1 Marcadores de consumo alimentar tricionistas das eNASF-AP - Equipe do

de refeições em frente à televisão Alguns hábitos alimentares podem Núcleo Ampliado de Saúde da Família

e outras telas. ser avaliados por meio do formulários de e Atenção Primária e demais equipes

• Aumentar a frequência da realiza- marcadores de consumo alimentar do multiprofissionais.

ção de refeições em família. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutri-

• Limitar o tamanho das porções. cional (SISVAN). As perguntas apresen-

As famílias devem ser ensinadas tadas são uma ferramenta para avaliar Para acessar os formulários clique
sobre o tamanho de porções ade- o consumo de alimentos in natura, mi- em: https://sisaps.saude.gov.br/
sisvan/documentos
quadas e incentivadas a porcionar nimamente processados e os ultrapro-

70
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Agora que você acessou e conheceu os formulários de nais da saúde, mas também da sua família, comunidade
marcadores de consumo alimentar do Sistema de Vigilância e da empresa onde trabalha. É preciso que o profissional
Alimentar e Nutricional (SISVAN), conheça os marcadores de identifique as principais dificuldades e barreiras encon-
consumo. Os marcadores de consumo, bem como estraté- tradas pela mãe durante o processo de amamentação.
gias de apoio para colocar as recomendações em prática, Neste sentido, o Guia Alimentar para crianças brasileiras
estão listados a seguir. menores de dois anos (BRASIL, 2019b) é um importante

instrumento para ser trabalhado com a família.

Pratica de Aleitamento Materno


Crianças menores de 6 meses Consumo de alimentos in natura ou minimamente
• A criança ontem tomou leite no peito? processados
• Ontem a criança consumiu: mingau, água/chá, leite de
Crianças entre 6 a 23 meses
vaca, fórmula infantil, suco de fruta, comida de sal (de
• Ontem, a criança consumiu: fruta inteira, em pedaço ou
panela, papa ou sopa), outros alimentos e bebidas?
amassada/ Legumes/ Vegetal ou fruta de cor alaranja-
Crianças entre 6 a 13 meses da ou folhas verdes-escuras/ Verdura de folha/ Carne ou
• A criança ontem tomou leite no peito? Ontem, a crian- ovo/ Feijão/Arroz, batata, inhame, aipim/macaxeira/man-
ça consumiu outro leite que não o leite do peito? dioca, farinha ou macarrão (sem ser instantâneo)?
Crianças com 2 anos ou mais e adolescentes
Como colocar em prática: • Ontem, a criança ou adolescente consumiu: feijão/ Fru-
• É importante que a mãe receba incentivo e suporte para tas frescas (não considerar suco de frutas)/ Verduras
ou legumes?
a prática do aleitamento materno não só dos profissio-

71
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Consumo de alimentos ultra- Como colocar em prática: semanal, etc.), preparo das refeições
processados • Incentivar o ato de preparar e cozi- e organização e limpeza da cozinha.
Crianças com 2 anos ou mais e
nhar refeições em casa usando ma- Os adolescentes podem, inclusive,
adolescentes
• Ontem a criança ou adolescente joritariamente alimentos in natura e ser incentivados a preparar algu-
consumiu:
minimamente processados. A cozi- mas refeições, ampliando a autono-
• Hambúrguer e/ou embutidos
(presunto, mortadela, salame, lin- nha é um espaço de promoção da mia deles para escolhas de opções
guiça, salsicha)? saúde, de fortalecimento das cul- alimentares mais saudáveis.
• Bebidas adoçadas (refrigeran-
turas tradicionais, de reformulação • Orientar as crianças/adolescentes
te, suco de caixinha, suco em pó,
água de coco de caixinha, xaro- das relações familiares e de forta- e suas famílias a identificarem os
pes de guaraná/groselha, suco de
lecimento de vínculos afetivos. Para alimentos ultraprocessados, a se-
fruta com adição de açúcar)?
• Macarrão instantâneo, salgadi- isso, os pais podem envolver as rem evitados, a partir da leitura do
nhos de pacote ou biscoitos sal- crianças e os adolescentes no pla- rótulo e da lista de ingredientes.
gados?
• Biscoito recheado, doces ou gu- nejamento (exemplo: lista de com- Importante destacar que o con-
loseimas (balas, pirulitos, chiclete, pras, levantamento dos insumos da sumo dos ultraprocessados não é
caramelo, gelatina)?
despensa, checagem dos prazos de proibido, partir do segundo ano de
validade dos itens, pesquisa de no- vida, mas deve ser evitado. Assim,

vas receitas, definição de cardápio pode-se negociar com a criança ou

72
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

adolescente e sua família a frequência e a quantidade de • Lembrar sempre que as preferências alimentares da fa-

consumo destes alimentos (não mais que uma porção mília influenciam diretamente no padrão alimentar das

conforme a indicação da embalagem por vez) e como fa- crianças e adolescentes, desse modo, a família deve se

zer escolhas alimentares mais saudáveis. atentar ao exigir, por exemplo, que apenas a criança au-

• Orientar os pais sobre o papel deles como modelo de mente o consumo de frutas e hortaliças enquanto os de-

comportamento alimentar para criança e o adolescente. mais membros da família não seguem essa recomenda-

As crianças aprendem muito assistindo e ouvindo o que ção. O acompanhamento da criança e adolescente com

acontece ao seu redor, e a formação do comportamento excesso de peso deve ser encarado como uma oportuni-

alimentar saudável se inicia desde cedo. dade de aprimorar o padrão alimentar de toda a família.

• Os pais e cuidadores são responsáveis por escolher os

alimentos e quando e onde os alimentos devem ser con-

sumidos, regulando assim a disponibilidade dos alimen-

tos em casa. É importante aumentar a disponibilidade

dos alimentos in natura e minimamente processados em

variedade e reduzir a disponibilidade de alimentos ultra-

processados em casa.

• Incentivar para que as famílias, sempre que possível, dêem

73
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

preferência a compra de alimentos razoável de alimentos como frutas, sair da mesa, mas não ofereça ali-

nas feiras livres e varejões (locais legumes e verduras, ou temperos e mentos ou bebidas alternativas até

que vendam predominantemente ervas frescas. a próxima refeição ou lanche pla-

alimentos in natura e minimamen- • Algumas crianças podem apresen- nejado. Quando estiver com fome,

te processados), além de incentivar tar um padrão de apetite irregular e ofereça a próxima refeição.

que as crianças e adolescentes os exigente quanto às suas preferên- • Orientar e estimular as crianças/

acompanhem nestes momentos. cias. É importante que os adultos adolescentes e suas famílias para

• Avaliar a possibilidade junto com tenham paciência e continuem a que tenham um olhar crítico em re-

os pais e cuidadores da criação de oferecer alimentos que foram recu- lação ao marketing e publicidades

uma horta, mesmo que pequena, sados anteriormente em formas de de alimentos na televisão, na in-

plantada nos quintais das casas preparo diferentes e ofereça novos ternet, em supermercados e outros

ou em vasos pendurados em mu- alimentos junto com alimentos nor- pontos de venda.

ros, paredes ou apoiados em lajes malmente bem aceitos. Defina um • Dar conselhos práticos para as famí-

ou sacadas ou varandas de aparta- limite de tempo de 20 a 30 minutos lias sobre como promover as prefe-

mento. Ter uma pequena horta em para uma refeição. Após esse pe- rências por alimentos in natura ou mi-

casa pode ser uma maneira de ob- ríodo, remova todos os alimentos nimamente processados e a aceitação

ter, a baixo custo, uma quantidade não consumidos e deixe a criança de novos alimentos pelas crianças.

74
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Apresentamos algumas sugestões mentos diferentes, fazendo-as ter e lanches entre as refeições principais.

para pais e cuidadores com o intui- vontade de experimentar e ajudar a • Os adolescentes e as crianças (de-

to de aumentar o consumo de frutas, preparar as refeições. pendendo da idade) podem ajudar a

verduras e legumes de crianças e ado- • Mantenha sempre frutas em um re- limpar, descascar e cortar as frutas,

lescentes, acompanhe. cipiente na mesa à vista da criança verduras e legumes.

ou adolescente. • Decore pratos ou travessas com fa-


Sugestões para pais e cuidadores • Organize os alimentos que com- tias de frutas e/ou vegetais.
de como aumentar o consumo
põem a travessa de salada de forma • Para crianças: faça pratos criativos
de frutas, verduras e legumes da
criança ou adolescente: criativa e atraente. como por exemplo um rosto sorridente

• Coloque pedaços de frutas na salada, com bananas cortadas para os olhos,


• Ao fazerem as compras, deixe as
tais como maçã, abacaxi, manga e uva. passas de um nariz e uma fatia de la-
crianças escolherem uma nova
• Experimente pratos de carne que in- ranja para a boca.
fruta ou um novo vegetal para ex-
corporem frutas, como o frango com Atenção: Alimentos como bolachas,
perimentar mais tarde em casa.
abacaxi ou mangas. bolos e outros doces tendem a desper-
• Leve a criança ou adolescente à
• Sempre que possível, ofereça à crian- tar maior interesse que as frutas e sua
feira, é uma ótima oportunidade
ça ou adolescente uma fruta ou mes- disponibilidade concomitante dificulta-
de expô-la e interessá-la por ali-
mo salada de frutas como sobremesa rá o maior consumo dessas.

75
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Agora que conhecemos as recomendações relacionadas ao Como colocar em prática:


• É importante que pais e cuidadores sejam orientados a
consumo de alimentos saudáveis, vamos abordar o hábito de
estabelecer horários regulares para a realização das re-
realizar refeições em frente às telas. Atualmente, devido a gran-
feições, sem distrações como as telas e evitar que os
de exposição a dispositivos como televisão, celulares, tablets,
filhos “belisquem” e bebam líquidos (exceto água) du-
entre outros, esse é um aspecto importante de ser monitorado
rante e entre as refeições e lanches.
na atenção as crianças e adolescentes com sobrepeso e obesi-
• O hábito de “pular as refeições”, principalmente o café da
dade. Acompanhe a seguir algumas perguntas sobre este tema
manhã, é uma prática muito comum principalmente entre
que podem ser realizadas com crianças maiores de 2 anos e
os adolescentes. Estes devem ser orientados sobre a im-
adolescentes:
portância de realizar, no mínimo, as três principais refeições

regularmente (café da manhã, almoço e jantar).


Hábito de realizar refeições em frente às telas e
quantas refeições são realizadas ao longo do dia • Incentivar as refeições compartilhadas feitas no ambien-
Crianças com 2 anos ou mais e te da casa, onde todos comam a mesma comida, incenti-
adolescentes
• Você tem costume de realizar as refeições assistindo vando e apoiando comportamentos alimentares saudáveis.
à TV, mexendo no computador e/ou celular? As refeições em família são excelentes oportunidades para
• Quais refeições você faz ao longo do dia? (Opções de
que as crianças e os adolescentes adquiram bons hábitos
respostas: Café da manhã/ Lanche da manhã/Almo-
ço/ Lanche da tarde/ Jantar/ Ceia) e valorizem a importância de refeições regulares e feitas

em ambientes apropriados. Além disso, refeições feitas em


76
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

companhia evitam que se coma rapidamente e favorece o biente escolar e o comportamento em relação à alimentação,

prazer durante as refeições. As refeições devem ser momen- tanto dos pais quanto dos filhos, são relevantes e devem ser

tos agradáveis, onde todos possam interagir e comer juntos. investigados pelo profissional de saúde durante o atendimento.

• Orientar sobre a restrição do uso de telas (televisão, apare- Vamos conhecer as principais questões e orientações que po-

lhos celulares, tablets e jogos eletrônicos) durante as refei- dem ser aplicadas no atendimento clínico de crianças e adoles-

ções em família para que todos possam se atentar ao que centes. Acompanhe a seguir.

estão comendo e aos sinais de saciedade além de partilhar

da companhia da família. Lanches/refeições realizadas no ambiente escolar

No próximo item iremos aprofundar os estudos sobre a avalia- Questões:


ção clínica de crianças e adolescente, a partir do uso de ques- • A criança ou adolescente faz refeições na escola?
tões específicas. Além dos marcadores de consumo alimentar • Os alimentos consumidos são oferecidos pela escola são
do SISVAN, vamos explorar outros fatores relacionados à ali- levados de casa ou comprados em cantina/lanchonete?
mentação por questões de avaliação clínica. • Quais são os alimentos comumente consumidos?

Orientação: Observe a alimentação oferecida ou adquirida na


5.1.2.2 Exemplos de questões para avaliação clínica
escola e em outros ambientes que a criança ou adolescente
Na avaliação clínica de crianças e adolescentes com sobre-
frequente. Ela precisa ser adequada e saudável da mesma for-
peso e obesidade, alguns aspectos como a alimentação no am-
ma que a comida feita em casa.

77
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Agora que conhecemos algumas Práticas Parentais


questões e orientações relacionadas
Questões:
à lanches/refeições feitas no ambien-
• A criança ou adolescente pode es- cente que você vai tirar alguma
te escolar e comportamento alimen-
colher o que quer comer dentre os coisa ou alimento dele(a) se ele(a)
tar de crianças e adolescentes, vamos
alimentos saudáveis disponíveis não comer a comida?
conhecer algumas questões e orienta-
para cada refeição? • Você oferece os alimentos favori-
ções relacionadas a praticas parentais.
• A criança ou adolescente é impedi- tos para seu filho(a) em troca de

da de se levantar da mesa até que bom comportamento?

termine toda a comida que está em • Você usa de força física com a

seu prato? Ou é permitido parar de criança para que ela coma (por

comer quando já se sente satisfeita? exemplo, fazendo com que a crian-

• Você estimula a criança ou ado- ça fique na cadeira para comer)?

lescente a comer a comida usando • Você leva a criança ao mercado/

alimentos ou outras coisas como feira para que ela possa conhecer

recompensa? os alimentos e ajudar na escolha

• Você avisa à criança ou adoles- das compras?

78
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Orientação: Não disponibilizar alimentos dife-

• Práticas parentais que devem ser evitadas: práticas de restrição (proibir a rentes para crianças com e sem

criança ou adolescente de comer certos alimentos), controle (quando apenas excesso de peso que coabitam: a

os pais/cuidadores tomam as decisões sobre a alimentação da criança com alimentação deve ser igual para

pouca consideração por suas escolhas e preferências), recompensa/punição todos na casa. Também é impor-

(oferecer/retirar alimentos em troca de bom comportamento) e pressão para tante envolver a criança na compra

comer (forçar a criança a comer determinados alimentos). Estas práticas es- dos alimentos, para que ela conhe-

tressam e podem prejudicar a regulação interna dos sinais de fome e sacie- ça os alimentos e possa participar

dade, ter impacto negativo na formação de hábitos alimentares de crianças/ da escolha dos alimentos a serem

adolescentes, além de poder contribuir para o desenvolvimento de compor- comprados, desde que saudáveis.

tamentos como comer escondido e comer em excesso por medo de não ter

acesso a esses alimentos em outra ocasião. Deve-se permitir que a criança ou

adolescente se sirva, escolhendo o que e quanto vai comer entre os alimen-

tos que estão disponíveis. Ensine que, para uma alimentação saudável, ela(e)

deve consumir alimentos de todos os grupos (frutas, legumes, verduras, feijões,

cereais e tubérculos, carnes, leite e seus derivados), mas ofereça opções den-

tro dos grupos, para que ela(e) possa escolher aqueles que mais a agradam.

79
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Comportamento Alimentar ção, escuta e carinho em vez de comida, e devem ser incen-

tivados a desenvolver maneiras saudáveis de regular emo-


Questões:
ções, não envolvendo comida nesse processo.
• A criança ou adolescente costuma comer mesmo quan-
• Orientar pais e cuidadores a manter uma rotina alimentar
do não está com fome?
equilibrada em casa, mas, ao comer fora de casa ou em
• A criança ou adolescente já apresentou algum episó-
festas, deixe a criança ou adolescente livre para que tome
dio de comer compulsivo (o máximo que podia até não
suas decisões e desenvolva o autocontrole. Se a criança
aguentar mais mesmo sem estar com fome)?
ou adolescente não sente que é proibido, ela ficará mais
• A criança ou adolescente come escondida?
tranquila, sabendo que terão outras ocasiões em que ela
• A criança ou adolescente come durante a madrugada?
comerá aqueles alimentos de novo.
• Você acha que a criança come, pelo menos algumas ve-

zes, em resposta a sentimentos e emoções? 5.1.2.3 Reconhecimento dos sinais de fome e saciedade

Orientação: Na abordagem de crianças e adolescentes com sobrepe-

• Orientar os pais sobre a capacidade das crianças de au- so e obesidade, é fundamental a diferenciação entre a fome

to-regular a ingestão calórica, desestimulando o hábito física e a fome psicológica (comer emocional). A fome psi-

de forçar as crianças a terminar as refeições sem fome. cológica é compreendida pelo desejo de comer causado por

• As crianças/adolescentes devem ser confortados com aten- emoções, como estresse, tédio, tristeza ou felicidade. Há au-

80
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

sência de sinais físicos (estômago cal- nal. Algumas dicas para “driblar” a fome mer com calma, devagar, saboreando

mo) e geralmente, não se passou tanto emocional são, procurar se distrair ao a comida, de preferência à mesa junto

tempo desde a última refeição. Não é sair da cozinha, manter as mãos ocupa- com a família e sem distrações como

específica, mas envolve a necessidade das, deitar, dormir, ler, fazer atividades fí- assistir televisão ou manusear apare-

de comer algo gostoso. A comida não sicas, entre outras. Ou buscar atividades lhos eletrônicos ou ler enquanto come.

sacia e satisfaz totalmente. que tragam conforto, como relaxar, res- Para avaliar a diferença entre a fome

pirar profundamente, desligar os apare- física e a fome emocional ou psicoló-

lhos eletrônicos, dentre outros. gica, foi proposto o instrumento de Es-

A fome física é definida pela presen- cala da Fome. Este instrumento é útil

ça de alguns sinais como o estômago para descrever o nível de fome e ajudar

roncando, por exemplo, e algum tem- o indivíduo a reconhecer quando são

po passou desde a última refeição. A os melhores horários para começar e

fome cresce aos poucos. Qualquer ali- parar de comer durante o dia. Neste
Quando se identificar que a fome é
mento que se tenha disponível e que instrumento de automonitoramento,
emocional, deve-se orientar que pro-
a pessoa goste pode matar a fome. deve ser anotado em qual número da
vavelmente o que a criança ou adoles-
Comer traz saciedade e satisfaz. Na escala que estava antes de se iniciar a
cente precisa não é comida e deve estar
presença de fome física, deve-se co- refeição e em qual número da escala
relacionado a um componente emocio-
81
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

que está após a finalização da refeição. Escala de fome Comer refeições regulares pode tam-

Quando for comer alguma coisa, deve- bém ajudar no reconhecimento dos si-
1 Faminto, fraco, tonto.
-se avaliar a fome em uma escala de 1 a nais de fome e saciedade. Na hora de
Muita fome, irritadiço,
10, sendo 1 fome e 10 tão cheio que você comer, é importante que estejam dis-
2 pouca energia, estômago
se sente mal. O mais adequado seria co- roncando muito. poníveis opções saudáveis e conside-

meçar a comer no estágio 4 e parar de co- Com muita fome, o estômago rando as preferências alimentares das
3
está roncando um pouco.
mer no estágio 5, em algumas ocasiões crianças e adolescentes. Consumir dia-
Começando a sentir
os estágios 3 e 6 são aceitáveis. Não de- 4 riamente alimentos de todos os grupos
um pouco de fome
ve-se esperar comer quando a fome está 5 Satisfeito e confortável. de alimentos in natura ou minimamente

na escala 1 ou 2, pois comer com muita Um pouco cheio, comeu processados é importante para que o
6
fome pode levar a excessos. No meio da um pouco demais. corpo fique realmente satisfeito. Deve-
Começando a se sentir
refeição, uma pausa é sugerida e deve-se 7 -se restringir a disponibilidade de ali-
desconfortável.
verificar o nível de fome novamente. Se mentos ultraprocessados, uma vez que
8 Sentindo-se empanturrado.
continuar com fome, deve-se continuar estes alimentos apresentam maior estí-
Muito desconfortável,
comendo até sentir satisfeito e confortá- 9 mulo ao consumo de grandes porções e
estômago dói.
vel. Deve-se evitar o hábito de “limpar o Absolutamente estufado. Tão marketing mais influente, favorecendo o
10 cheio que você se sente mal.
prato” na ausência de fome física. consumo excessivo e o comer involun-

82
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

tário. Além disso, estes alimentos são formu- As crianças e adolescentes devem ser incentivados a reconhecer os sinais de

lados para serem extremamente saborosos fome física, saciedade e necessidades emocionais, redirecionando a vontade de

e a maior desconstrução da matriz alimentar comer em momentos de tédio, estresse, solidão ou tempo em frente a telas sem

original, que ocorre durante o processamento recorrer à comida. Os pais e cuidadores de crianças menores de dois anos devem

destes produtos, favorecem menor saciedade ser orientados a reconhecer os sinais de fome física e de saciedade do bebê.

e propiciam ingestão excessiva de calorias.


Trabalhando as percepções internas de fome e saciedade com crianças:
IMPORTANTE
Objetivo: Ajudar as crianças a perceberem e entenderem seus sinais de fome e
saciedade.
É importante destacar que nenhum alimen-
to é proibido, o que deve negociar com a Para essa atividade, o profissional ou adulto responsável vai precisar de uma
criança, adolescente e seus pais e cuidado- imagem de bexigas ou de três bexigas (vazia, cheia, estufada). Antes da refeição,
res é a frequência e a quantidade consumi- deverá mostrar para as crianças a imagem ou as bexigas e pedir que ela diga
das destes alimentos. Assim, se a pessoa como se sente em relação a sua fome diante da imagem, ou escolher uma bexiga.
está se alimentando de forma saudável e A criança deve começar a comer e, no meio da refeição, uma pausa é sugerida e o
ouvindo os sinais do seu corpo, o consumo responsável novamente pede que a criança identifique como se sente em relação
ocasional de um pedaço de bolo de aniver- à fome e à satisfação: ainda com fome (bexiga vazia), satisfeito (bexiga cheia) ou
sário ou batata frita pode se encaixar no
cheio/estufado (bexiga estourando). O mesmo deve ocorrer ao final da refeição.
planejamento de uma alimentação saudá-
vel. Ela deve continuar ouvindo os sinais do
Durante a atividade, o adulto deve ajudar a criança a refletir se deve ou não con-
seu corpo e comer apenas o suficiente para
tinuar a comer, e o quanto mais comer diante do seu relato de como se sente.
atingir esse nível de “satisfação”.

83
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Quando a criança é muito pequena, ela ainda não consegue comunicar vontades e necessidades por meio de palavras. Então,

ela utiliza outras formas para se expressar. É importante que as pessoas envolvidas no cuidado da criança menor de dois anos

aprendam a identificar e responder aos sinais fome e saciedade apresentados pela criança conforme descrito no quadro a seguir:

Faixa etária Sinais de fome mais comuns Sinais de saciedade mais comuns
Chora e se inclina para frente quando a colher Vira a cabeça ou o corpo, perde interesse na alimen-
6 meses está próxima, segura a mão da pessoa que está tação, empurra a mão da pessoa que está oferecendo
oferecendo a comida e abre a boca. a comida, fecha a boca e parece angustiada ou chora.
Inclina-se para a colher ou alimento, pega ou Come mais devagar, fecha a boca ou empurra o alimen-
7-8 meses
aponta para a comida. to. Fica com a comida parada na boca sem engolir.
9-11 me- Aponta ou pega alimentos, fica excitada quando Come mais devagar, fecha a boca ou empurra o alimen-
ses vê o alimento. to. Fica com a comida parada na boca sem engolir.
Combina palavras e gestos para expressar vontade
12 meses Balança a cabeça diz que não quer, sai da mesa, brin-
por alimentos específicos, leva a pessoa que cuida
ou mais ca com o alimento, joga-o longe.
ao local onde os alimentos estão, aponta para eles.
Fonte: BRASIL, 2019 Referências: ALVARENGA, M. et al., 2015.; BRASIL, 2019b; HEALTHWISE STAFF, 2019

Para auxiliar na mudança da alimentação, devem ser organizadas refeições adequadas e saudáveis. A seguir citaremos

alguns exemplos de opções de café da manhã e lanches, bem como de almoço e jantar. Acompanhe.

84
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

5.1.2.4 Exemplos de refeições adequadas


e saudáveis Opções de O café da manhã é uma refeição muito
café da manhã e lanches importante e deve fazer parte da rotina diária.
Para exemplificar como são refei- Os lanches também são importantes para a
nutrição de crianças e adolescentes, deven-
ções adequadas e saudáveis, vamos
do ser adequados, saudáveis e não muito
ver alguns exemplos de opções para volumosos, para não atrapalhar a fome no
almoço, jantar, café da manhã e lan- horário das grandes refeições.

ches, onde predominam os alimentos Para que sejam refeições devendo ser ade-
quados, saudáveis e não muito volumosos:
in natura e minimamente processa-

dos. Acompanhe a seguir. Fruta;

Pão ou tapioca ou mandioca/inha-


me/batata doce cozidos ou bolo casei-
ro de frutas, milho, fubá ou mandioca;

Leite, queijos ou ovos.

85
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Algumas ideias de combinação para o • Sanduíche de pão de padaria com: ches, quando é comum o consumo
café da manhã e lanches:
ovo cozido amassado com alface, de bebidas adoçadas, como sucos
• Tapioca ou pão de padaria com pou-
queijo com tomate, frango des- artificiais ou naturais, refrigerantes
ca manteiga e fruta ou vitamina de
fiado com queijo e alface, pasta e bebidas lácteas ultraprocessa-
frutas;
de atum com cenoura; das;
• Bolo caseiro de fruta, ovo mexido
• “Palitos” de vegetais (cenoura, pe- • Se tiverem o hábito de colocar uma
ou cozido e leite;
pino, beterraba) com molho de io- “guloseima” na lancheira da criança
• Mandioca cozida e iogurte natural
gurte, azeite e temperos desidrata- ou do adolescente, como forma de
com frutas e mel;
dos (orégano, manjericão, tomilho); agradá-los, preferir oferecer algo que
• Flocos de aveia com leite e frutas;
• Salada de frutas; não seja comida, como um bilhete ou
• Mingau de aveia com leite, canela e
• Mix de castanha, amendoim sem desenho feito pelos pais/cuidadores;
frutas;
casca e frutas desidratadas (pas-
• Mungunzá, fruta e leite.
sas, banana-passa, etc);
Se a alimentação da criança ou do
• Biscoitos caseiros.
adolescente na escola for levada de
Oriente pais e cuidadores a:
casa, algumas ideias incluem:
• Estimularem o consumo de água,
• Bolo caseiro de frutas, milho, fubá
especialmente no horário dos lan-
ou mandioca;
86
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

• Macarrão com vegetais refogados (abobrinha, berinjela, tomate, pi-


Opções de Para que sejam refeições
almoço e jantar adequadas e saudáveis, é mentão e cebola);
importante que contenham: • Arroz cozido com vegetais (cenoura, vagem e brócolis) e ovo cozido;

Cereais (como arroz, milho, • Macarrão com molho à base de tomate, carne moída ou frango des-
macarrão, cuscuz) ou fiado e vegetais ralados (cenoura, beterraba, chuchu);
tubérculos (como batata,
batata doce, mandioquinha, • Frango assado com batatas, cenoura e cebola;
mandioca, inhame); • Peixe assado com abobrinha e couve-flor servido com arroz;

Leguminosas (feijões, lenti- • Sopa caseira de carne e vegetais mistos;


lha, ervilha, grão de bico); • Sopa caseira de feijão com macarrão e legumes em cubinhos;

• Salada de grão de bico com cenoura, tomate, milho e ovo cozido


Carne, frango, peixe, frutos do
mar, ovo ou substitutos (mais servida com alface;
uma porção de leguminosas); • Cuscuz de milho com espinafre, cenoura, tomate e carne desfiada.

Verduras e legumes; • Se a família tiver o hábito de substituir o jantar por lanches, é im-

portante que sejam sejam orientados a preparar opções adequa-


Fruta (opcional).
das e saudáveis, com predominância de alimentos in natura e mini-

mamente processados. A frequência de substituição das refeições


Algumas ideias de combinação para as refeições:
• Arroz, feijão, verduras e legumes; principais, como o jantar, por lanches, deve ser discutida para que a

87
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

melhor opção seja encontrada de forma a 5.2 Atividade física menda-se que as crianças e adolescen-

não prejudicar o cuidado com a alimenta- Para que as crianças e adolescen- tes sejam fisicamente ativos todos os

ção e a adoção de hábitos saudáveis. tes se mantenham fisicamente ativos, dias. É fundamental que as atividades

Oriente sobre opções mais adequadas e é importante observarmos as reco- sejam prazerosas e adequadas ao es-

saudáveis para essas ocasiões, como por mendações de tempo e intensidade tado individual de crescimento e desen-

exemplo: de atividade física a serem praticados volvimento da criança ou adolescente.

• Pizza de forno, feita com massa caseira por dia. Existe uma variação de acor- A atividade física pode ser estruturada

ou pão de padaria aberto, queijo, ovos, to- do com a idade das crianças e ado- ou não e as brincadeiras ativas como

mate e manjericão fresco; lescentes. Vamos conhecer essas re- pega-pega, esconde-esconde também

• Sanduíche de pão de padaria com: ovo comendações mais detalhadamente. são consideradas como atividade física.

cozido amassado, alface ou outra folha- Acompanhe a seguir.

gem, queijo com tomate, frango desfiado


5.2.1 Recomendações para a prática
com queijo e alface, pasta de atum com de atividade física no cuidado
Para conhecer o Guia de Atividade Fí-
cenoura; de crianças e adolescentes com sica para população brasileira, aces-
sobrepeso e obesidade se o link: http://189.28.128.100/dab/
• Hambúrguer caseiro com uma salada de
docs/portaldab/publicacoes/guia_
alface, cenoura e beterraba raladas para De acordo com o Guia de Atividade atv_populacao.pdf
acompanhar. Física para a população brasileira reco-

88
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Crianças menores de 1 ano Crianças de 1 a 2 anos Crianças de 3 a 5 anos

Devem ser incentivadas a serem Pelo menos 3 horas por dia de ati- Pelo menos 3 horas de atividade por dia,

ativas (pelo menos 30 minutos por vidade física de qualquer intensi- sendo no mínimo 1 hora de atividade de

dia), incluindo oportunidades de dade, incluindo uma variedade de intensidade moderada a vigorosa.

brincadeiras ativas que desenvol- atividades em diferentes ambien- Exemplos: brincadeiras e jogos que en-

vam a coordenação motora e a con- tes (ao ar livre ou em ambientes volvam atividades como caminhar, cor-

fiança nos movimentos. fechados) e que desenvolvam a rer, girar, chutar, arremessar, saltar e atra-

Exemplos: brincadeiras e jogos que coordenação motora e a confiança vessar ou escalar objetos, entre outras.

envolvam atividades que deixem a nos movimentos. Nessa idade, a atividade física também

criança de barriga para baixo (de Exemplos: brincadeiras e jogos que pode ser realizada na aula de educação

bruços) movimentando braços e envolvam atividades como equili- física escolar, natação, ginástica, lutas,

pernas e que estimulem a criança a brar nos dois pés, equilibrar num pé danças e esportes em geral e também

alcançar, segurar, puxar, empurrar, só, girar, rastejar, andar, correr, salti- por meio do deslocamento ativo, como a

engatinhar, rastejar, rolar, sentar e tar, escalar, pular, arremessar, lançar, pé ou de bicicleta, sempre acompanhado

levantar, entre outras; quicar e segurar, entre outras; dos pais ou responsáveis.

89
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

da atividade física que você está praticando, preste atenção em como você se
Crianças e adolescentes de 6 a 17
sente. As intensidades podem ser:

Pelo menos 60 minutos de ativida-

de física de intensidade moderada Níveis de intensidade de atividade física


a vigorosa, incluindo pelo menos
1. Leve: exige mínimo esforço físico e causa pequeno aumento da respiração e
3 vezes/semana atividades para
dos seus batimentos do coração. Numa escala de 0 a 10, a percepção de esfor-
fortalecimento de músculos e os-
ço é de 1 a 4. Você vai conseguir respirar tranquilamente e conversar normal-
sos, como dança, jogos e esportes.
mente enquanto se movimenta ou até mesmo cantar uma música.

2. Moderada: exige mais esforço físico, que faz você respirar mais rápido que o

A intensidade é o grau do esforço físi- normal e que aumenta moderadamente os seus batimentos do coração. Numa

co necessário para fazer uma ativida- escala de 0 a 10, a percepção de esforço é 5 e 6. Você vai conseguir conversar

de física. Normalmente, quanto maior com dificuldade enquanto se movimenta e não vai conseguir cantar.

a intensidade, maior é o aumento dos 3. Vigorosa: exige um grande esforço físico, que faz você respirar muito mais rá-

batimentos do coração, da respiração, pido que o normal e que aumenta muito os seus batimentos do coração. Numa

do gasto de energia e da percepção de escala de 0 a 10, a percepção de esforço é 7 e 8. Você não vai conseguir nem

esforço. Para saber qual a intensidade conversar enquanto se movimenta.

90
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

5.2.2 Avaliação e estabelecimento de As perguntas a seguir foram es- quais os itens estão com menor e
metas para prática de atividade
truturadas para ajudar a entender maior frequencia e organizar a reco-
física da criança e do adolescente
quanto de atividade física a criança mendação de aumento a partir das
Além do estímulo da prática de ati-
ou adolescente pratica no seu coti- possibilidades de aumento pactua-
vidade física no cotidiano de crianças
diano. das com a criança ou adolescente e
e adolescentes, é importante que você
A partir das respostas, avaliar em seus responsáveis.
profissional de saúde, esteja atento

e apto a realizar avaliação do com-

portamento em relação a atividade


física, bem como, seja capaz de es-

tabelecer metas em conjunto com os

usuários e suas famílias.

Para a realização da avaliação da

prática de atividade física, apresen-

tamos um questionário que pode ser

facilmente aplicado na abordagem

de crianças e adolescentes.

91
Em quantos dias a criança ou adolescente teve aulas
de educação física na escola? Durante as aulas de edu-
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
cação física, quanto tempo a criança ou adolescente de
fato praticou exercícios físicos ou esporte proposto? UN 5

Nunca Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo

Sem contar as aulas de educação física da escola, em quantos


Avaliação da prática de atividade física da criança e do dias a criança ou adolescente praticou alguma atividade física,
adolescente nos últimos 7 dias (opções de resposta: como esportes, dança, ginástica, musculação, lutas ou outras
nenhum, 1, 2, 3, 4, 5, 6 ou todos os dias) atividades? Quanto tempo por dia duram essas atividades?

Nunca Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo


Em quantos dias a criança ou adolescente foi e/ou
voltou a pé ou de bicicleta para a escola ou algum Em quantos dias a criança ou adolescente fez ativida-
outro lugar? Quanto tempo foi gasto no trajeto? de física por pelo menos 60 minutos (1 hora) por dia?

Nunca Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo


Nunca Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Qual o tempo total diário gasto em qualquer tipo
de atividade física (em cada dia)?
Em quantos dias a criança ou adolescente teve aulas
de educação física na escola? Durante as aulas de edu- R: ________________________________________________________________
cação física, quanto tempo a criança ou adolescente de
fato praticou exercícios físicos ou esporte proposto? Ao realizar a avaliação da prática de atividade física, observare-

mos que alguns usuários podem exceder ou estarem abaixo das re-

comendações. Acompanhe a seguir, quais recomendações podem


Nunca Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
ser fornecidas em cada situação.

Sem contar as aulas de educação física da escola, em quantos92


dias a criança ou adolescente praticou alguma atividade física,
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Crianças e adolescentes que excederem as recomendações devem manter Em um momento inicial, é importan-
seu nível de atividade e variar os tipos de atividades que realizam para reduzir o te ressaltar que a mudança dos hábitos
risco de atividades excessivas (overtraining) ou lesão. não acontecerá de um dia para o outro,
Crianças e adolescentes que atendem às recomendações devem manter ati- transformar a rotina é um processo e
vidade física moderada a vigorosa todos os dias e, se possível, tornar-se ainda
as alterações devem ser realistas, gra-
mais ativos. Maiores benefícios podem ser alcançados substituindo o tempo de-
duais e respeitando as possibilidades
dicado a comportamentos sedentários (como assistir televisão ou ficar no com-
de cada criança ou adolescente e suas
putador, tablet ou celular) por mais tempo de atividade física de intensidade leve
famílias, lembrando que toda mudança,
ou moderada. Uma alternativa que conjuga atividades de lazer com a prática de
ainda que pareça pequena, traz benefí-
atividade física é a utilização de aplicativos de celular ou vídeo games que pro-
movam o exercício, ou ainda promover a dança por meio de de vídeos no Youtube. cios para a saúde e representa um novo

Crianças e adolescentes que não atingem as recomendações mínimas devem passo para uma vida mais saudável.

aumentar gradativa e lentamente sua prática de atividade física, realizando ati-


vidades que as agradem e que sejam facilmente executadas, garantindo que te-
nham sucesso inicial. Um aumento gradual no número de dias, na duração e na Um outro ponto importante no pro-
intensidade das atividades praticadas é indicado para, aos poucos, atingir às re- cesso é a participação da família: a
mudança na rotina deve ser divertida
comendações, com reduzido risco de lesões. Em indivíduos inativos, mesmo pe-
e não uma sujeição a programas in-
quenos incrementos na prática de atividade física estão associados a resultados tensos de esportes e ginástica contra
positivos para a saúde. a vontade da criança ou adolescente.

93
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

O estabelecimento de metas em que possível - por um profissional de ar livre, e a prática de atividades de

curto prazo e o auto monitoramento educação física, que é o profissional intensidade leve a moderada. Prin-

podem ser bons aliados nesse pro- capacitado para orientar caso a caso. cipalmente no início deve-se dar

cesso por meio de diários de ativida- Veja a seguir o passo a passo de um preferência a atividades de intensi-

de física. Os instrumentos de “Modelo plano de ação para o incentivo da prá- dade leve – para evitar a rejeição –

de diário para automonitoramento do tica de atividade física em diferentes que sejam praticadas diariamente

sono, da prática de atividades físicas, intensidades. e vinculadas a brincadeiras.

comportamentos sedentários e ali-

mentação” e “Calendário mensal de Passo 1 Passo 2


cumprimento de metas” pode auxiliar

neste processo. Comece estimulando a família a Incluir na rotina diária ativida-

Os profissionais de saúde devem adicionar mais movimento ao longo des aeróbicas de intensidade mo-

auxiliar pais/cuidadores e crianças/ do dia, substituindo parte do tempo derada (caminhar rápido, andar de

adolescentes a elaborar juntos um em atividades sedentárias (princi- bicicleta ou skate, dançar, esportes

plano de ação, pactuando metas para palmente em telas) por brincadei- com bola, etc). Começar com 30

aumentar a prática de atividade física, ras ativas, estimulando a troca dos minutos diariamente por uma se-

que deve ser acompanhado - sempre ambientes fechados por tempo ao mana, aumentando 10 minutos a

94
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

cada semana, com um objetivo fi- se o adolescente caminha durante Como ressaltado pela Sociedade

nal de completar 60 minutos todos 60 minutos, pode intercalar alguns Brasileira de Pediatria (2017), é impor-

os dias. Ou ainda, divida a ativida- minutos de corrida com alguns mi- tante considerar que indivíduos com

de em sessões menores que tota- nutos de caminhada, até que em obesidade podem apresentar com fre-

lizem pelo menos 60 minutos por algumas semanas consiga correr a quência: dor nos joelhos; comprome-

dia (por exemplo, caminhar, subir maior parte do tempo. timento da mobilidade; desconfortos

escadas, brincadeiras ativas, jogos articulares e musculoesqueléticos; e

ativos de realidade virtual ou tare- Passo 4 maior prevalência de fraturas.

fas domésticas mais intensas). Levando essas questões em con-

É a hora de inserir na rotina se- sideração, os programas de exercício

Passo 3 manal da criança ou adolescente físico para essas crianças e adoles-

um exercício físico estruturado, que centes devem evitar exercícios que

Uma vez que as atividades ae- fortaleça músculos e ossos, como sobrecarreguem as articulações, ge-

róbicas de intensidade moderada natação, danças, lutas, esportes rando alto impacto (que coloquem

já estejam estabelecidas na rotina, coletivos, entre outras. A meta é que peso constante ou impacto repetido

aumente – aos poucos – a inten- possam dedicar pelo menos 3 dias nas pernas, pés e quadris). A práti-

sidade da mesma. Por exemplo, da semana a essas atividades. ca de natação e outros exercícios na

95
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

água, andar de bicicleta (ou utilizar bi- 5.2.3 Recomendações para a inclusão de atividade física no dia a dia de crianças maiores
e adolescentes
cicleta ergométrica) parecem ser mais

adequados (SBP, 2017; ITÁLIAVALÉ- Além de avaliar e estabelecer metas para a prática de atividade física de crian-

RIO et al, 2018). ças e adolescentes, é fundamental fornecer orientações práticas sobre como a

Durante a transição para a ado- atividade física pode ser incluída no dia a dia. Vamos conhecer mais sobre essas

lescência, a quantidade de atividade recomendações a seguir.

física praticada por meninas tende a

diminuir drasticamente em compara- Recomendações para auxiliar crianças maiores e adoles-


centes a incluírem atividade física no dia a dia
ção à dos meninos. Dados da PeNSE

2015 (BRASIL, 2016) mostraram que Incentive a descer do ônibus uma parada antes e finalizar o percurso caminhan-
do. Inicie a prática uma vez na semana e aumente gradativamente;
44% dos escolares do sexo masculi-
Incentive a substituição de elevadores por escadas;
no, contra pouco mais de 25% do sexo
Incentive a andar de bicicleta, skate ou patinete;
feminino, praticavam 300 minutos ou
Incentive a passear na praia ou em parques com os amigos;
mais de atividade física semanal. Por-
Limite o tempo assistindo TV ou na frente de telas, comece
tanto, o encorajamento às meninas
substituindo por jogos ativos de realidade virtual ou com
precisa ser reforçado, dando apoio e coreografias;
incentivo adicionais para a prática da Considerar sempre as questões relacionadas à segurança
atividade física. inerentes às atividades sugeridas.
96
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Recomendações para auxiliar crianças pequenas a incluírem atividade física no dia a dia

Incentive a brincadeira de montar uma casinha utilizando caixas de papelão ou


cadeiras e lençóis;

Brincadeiras supervisionadas na água são importantes para deixar crianças con-


fiantes e entender os princípios básicos de segurança na água;

Incentive a criança a andar descalço em diferentes texturas, como areia, folhas


secas, grama ou concreto;

Apresente às crianças brincadeiras tradicionais, como amarelinha, esconde-escon-


de, pique bandeira, mestre mandou, gato mia, cabra-cega, dança da cadeira, cinco
marias, bolinha de gude, passa anel, morto-vivo, pião, ioiô, empinar pipa, etc...

Incentive a brincadeira ao ar livre realizando uma caça aos objetos da natureza


(gravetos, pedras, folhas e flores de diferentes formatos e cores);

Incentive brincadeiras como carrinho de mão humano, se balançar nas barras ou


argolas do parquinho, construir castelo de areia;

Sopre bolhas de sabão para que eles possam persegui-las e tentar pegá-las;

Incentive a criança a andar de triciclo, patinete, bicicleta e skate;

Coloque uma música e os coloque para dançar – ou melhor, dance com eles!

Incentive a realização de trabalhos em casa, ensinando que todos que moram na


casa devem ajudar para deixá-la limpa e organizada.

97
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Crianças pequenas podem ser facilmente estimuladas a realizar atividades físicas por meio de comandos positivos inseridos em um

contexto de brincadeiras e descobertas. Pode-se iniciar com perguntas e instruções simples para a realização de certos movimentos,

adicionando tarefas mais desafiadoras ao longo da brincadeira, por exemplo:

A bola vai mais longe quando você a joga com a


mão esquerda, com a direita ou com as duas mãos?
Para mais opções de atividades
Qual bola vai mais longe, uma bolinha de papel,
consulte os materiais: Jogos e brin-
uma bola de festa (bexiga) ou uma bola de futebol?
cadeiras das culturas populares na
É mais fácil jogar a bola muito longe Primeira Infância (http://www.mds.
quando você está parado ou correndo? gov.br/webarquivos/arquivo/crian-
ca_feliz/CartilhaCriancaFeliz_web.
A bola vai mais longe quando você a chuta
pdf)
com a perna esquerda ou com a direita?
Como é mais fácil manter o equilíbrio, pular com os dois Programa Território do Brincar do
pés ou pular com um pé só? E se você levantar os braços? Instituto Alana (https://territoriodo-
brincar.com.br/brincadeiras-pelo-
Pule seguindo uma linha feita no chão com giz.
-brasil/)
Corra em volta de grandes objetos (sofá, cama, mesinha
de centro, etc). Agora faça o mesmo trajeto pulando.
Ande para frente. Agora para a direita. Agora para a esquerda. Agora
para trás. Agora aumente a velocidade. Agora ande na ponta dos pés.
Coloque músicas de ritmos diferentes e faça uma coreografia.

98
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Orientar pais e cuidadores sobre a pre que possível, a utilização de senso que não é simplesmente falta de

alimentação e hidratação na atividade roupas e calçados adequados e, princi- atividade física. Desta forma, se relacio-

física, bem como alguns cuidados na palmente, protetor solar – mesmo nos na às atividades que são realizadas na

prática de atividade física ao ar livre e meses de inverno. Contudo, a falta des- posição deitada, reclinada ou sentada e

sobre prevenção de acidentes e lesões ses itens não deve ser um fator limitante. que não aumentam o dispêndio energé-

é essencial para a melhor adesão das Para a redução do risco de aciden- tico acima dos níveis de repouso.

crianças e adolescentes ao comporta- tes e lesões, sempre que possível, é Algumas atividades relacionadas ao

mento ativo. importante incentivar o uso de equi- comportamento sedentário são ver tele-

Em relação à alimentação, é reco- pamentos de proteção, como capace- visão, usar computador, celular ou tablet,

mendável que sejam feitos lanches leves tes para andar de skate, bicicleta, pati- praticar jogos eletrônicos na posição sen-

antes da atividade física, de preferência nete e patins; joelheiras e cotoveleiras tada, assistir aulas, trabalhar ou estudar

incluindo frutas, e que se tenha atenção para andar de patins; boias/colete de em uma mesa.

especial à hidratação durante a atividade, proteção para atividades na água. Para crianças menores de cinco anos

ingerindo água potável a cada 20 minu- de idade, inclui-se o tempo contido em


5.3 Comportamento sedentário
tos. Bebidas energéticas e repositores hi- cadeirinha, cadeira alta, carrinho de
O comportamento sedentário se re-
droeletrolíticos não são recomendados. bebê, carregadores/sling ou qualquer
fere à exposição a atividades com baixo
Para a realização de atividades fí- dispositivo que restrinja a sua movi-
dispêndio energético, sendo um con-
sicas ao ar livre é importante, sem- mentação.
99
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

O termo “tempo de tela” tem sido estiverem dormindo. O tempo de tela


Crianças de 0 a 2 anos
utilizado como um indicador de ativi- não deve ser superior a 1 hora.
dades sedentárias, sendo considera-
• Não devem permanecer em ativi-
do qualquer tempo gasto em frente à Crianças maiores e adolescentes
dades de baixo gasto energético
televisão, vídeo games, telefones ce-
- ou ter seus movimentos restritos • O tempo de tela recreativo (não conta-
lulares, tablet ou computador.
- por mais de uma hora seguida, bilizando o tempo dedicado às tarefas

5.3.1 Recomendações para redução do exceto quando estiverem dormin- escolares) não deve ser superior a 2
comportamento sedentário no
do. A recomendação é que não se- horas. Deve-se combinar com a crian-
cuidado de crianças e adolescentes
com obesidade jam expostas a telas. ça ou adolescente um limite de tempo,

os tipos de mídia que podem acessar


Para que a redução do comporta- Crianças de 2 a 5 anos
e o período do dia em que podem fa-
mento sedentário em crianças e ado-
zê-lo, lembrando que o tempo de tela
lescentes, são fundamentais algumas • Não devem permanecer em ativida-
não deve substituir comportamentos
recomendações, que variam de acordo des de baixo gasto energético - ou ter
essenciais para a saúde, como ter
com a idade. Vamos conhecê-las mais seus movimentos restritos - por mais
uma boa qualidade de sono e praticar
detalhadamente, acompanhe a seguir. de uma hora seguida, exceto quando
atividade física regularmente.

100
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Independente da idade, o conteú-


Perguntas para avaliar o comportamento sedentário da criança
do da televisão, computador, celular
e do adolescente:
ou tablet e jogos eletrônicos deve ser

sempre monitorado pelos pais. Quanto tempo (horas/min.) o bebê costuma permanecer em dispositivos
que restringem seus movimentos (cadeirinha, carrinho ou carregadores)?
5.3.2 Avaliação do comportamento
Quanto tempo (horas/min.) a criança ou adolescente costuma permanecer
sedentário da criança e do
assistindo aulas/estudando?
adolescente

É fundamental que os pais e respon- Quanto tempo (horas/min.) o bebê/criança ou adolescente costuma per-
manecer assistindo televisão? Em quais períodos do dia?
sáveis, bem como os profissionais da
Quanto tempo (horas/min.) o bebê/criança ou adolescente costuma permane-
saúde durante os atendimentos a crian-
cer utilizando dispositivos portáteis (celular/tablet)? Em quais períodos do dia?
ças e adolescentes estejam atentos aos
Quanto tempo (horas/min.) a criança ou adolescente costuma
hábitos relacionados à atividade física
permanecer utilizando vídeo games? Em quais períodos do dia?
e comportamento sedentário. A seguir,
Quanto tempo (horas/min.) a criança ou adolescente costuma
apresentamos um conjunto de pergun- permanecer utilizando o computador? Em quais períodos do dia?
tas que podem ser utilizadas nos servi-
Quanto tempo total a criança ou adolescente permanece em com-
ços de saúde, de aplicação rápida e fácil, portamento sedentário (somando os comportamentos acima)?
para auxiliar na abordagem da temática.

101
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Para que você profissional de saúde, impondo. Não se pode esquecer que, devem ser priorizados. Por fim, é pre-

possa auxiliar pais e cuidadores a colo- para algumas famílias, a rotina da ciso abordar e explorar quais são as

car em prática as recomendações para vida é difícil e corrida, as adversidades opções que a família possui para su-

o comportamento sedentário de crian- existem, são muitas e distintas. Mu- perar o comportamento sedentário e

ças e adolescentes, pode ser elaborado dar hábitos exige auto-observação e promover um estilo de vida mais sau-

um plano de redução do comportamen- muita reflexão. Mas é importante que dável da criança ou do adolescente.

to sedentário, para promover uma vida a família caminhe junto no processo Pais e cuidadores devem ser orien-

mais ativa e reduzir o tempo de tela. de construção de hábitos e estilos de tados sobre a importância de reduzir o

Este plano deve ser individualizado, vida mais saudáveis para todos. comportamento sedentário de crian-

considerando a rotina de vida da família O plano de redução do comporta- ças e adolescentes.

e o estágio de desenvolvimento da crian- mento sedentário deve contemplar

ça, visando estabelecer regras consis- aspectos como: o limite de tempo do

tentes sobre o tempo de tela e as mídias comportamento sedentário a ser ado-

e conteúdos que podem ser acessados. tado; em que locais e momentos do dia

O plano não precisa ser estático, os eletrônicos podem ser utilizados;

podendo ser adaptado de acordo com para qual finalidade de uso as telas de-

as novas necessidades que vão se vem ser priorizados e quais conteúdos

102
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Alguns aspectos relevantes que de- problemas. As brincadeiras ao ar livre,

vem ser reforçados com pais e cuida- sob supervisão e em locais seguros Recomendações que po-
dem ajudar os pais a incen-
dores são: as crianças são fortemente e adequados, bem como e o contato tivar o brincar em casa.
influenciadas pelos hábitos dos pais e com a natureza devem ser priorizados.

cuidadores; o uso excessivo de apare-


5.3.3 Recomendações para o estímulo de • Manter brinquedos e materiais
lhos eletrônicos deve ser evitado, pois brincadeiras e redução do tempo de
para desenhar e pintar sempre
pode desencadear problemas para es- tela em crianças e adolescentes
acessíveis;
tabelecer limites e regular as emoções; Para auxiliar na mudança de com-
• Manter os materiais esportivos
a construção de novos hábitos é um portamentos sedentários em crianças
(bola, bicicletas, patinetes, skates
processo e exige paciência, porém os e adolescentes, elencamos a seguir
e etc) e equipamentos de segu-
resultados são recompensadores; pro- algumas recomendações voltadas à
rança (capacetes, joelheiras e etc)
porcionar tempo livre para a criança crianças e adolescentes, para o estí-
ao alcance dos olhos e com fácil
brinca estimula a criatividade, a ima- mulo de brincadeiras em casa, redu-
acesso.
ginação, o autoconhecimento, a mo- ção do tempo de tela e do comporta-
• Manter a área dos brinquedos re-
tivação e a capacidade de solucionar mento sedentário. Veja a seguir.
lativamente organizada. Tenha um

103
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

número limitado de brinquedos Recomendações que podem aju- • Programe um passeio de fim de
dar os pais a reduzir o seu tempo
expostos. Faça uma rotação de semana em que ninguém leve ele-
de tela em casa ou quando estão
brinquedos, escondendo alguns com as crianças. trônicos, que seja ao ar livre, em

itens e trazendo outros de volta de contato com a natureza;

tempos em tempos. • Retire as notificações do celular. • Use e abuse de aplicativos que per-

• Ensinar novas brincadeiras. Elas são distrações constantes e, mitam que você programe um tem-

Às vezes as crianças precisam na maioria dos casos, são desne- po máximo do uso das redes sociais

desta ajuda para se interessarem cessárias; que você mais frequenta;

por uma nova atividade. • Deixe o telefone fisicamente longe • Programe e organize atividades

• Ligar o som. Uma música durante a primeira hora que estiver sem eletrônicos com sua família;

legal pode mudar o clima da casa. em casa com as crianças; • Determine um horário, por

As crianças se mexem, a preguiça • Antes de sentar para conversar ou exemplo à noite, para desligar os

vai embora e o ambiente fica mais brincar com as crianças, também dei- eletrônicos e se conectar com a

leve. xe o telefone longe ou guardado. família.

104
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

5.4. Sono
Lista de atividades/ brincadeiras a serem sugeridas e/ou praticadas com as
crianças com o intuito de lidar com o tédio, diminuir o tempo de tela e o Além da alimentação, atividade fí-
comportamento sedentário.
sica e comportamento sedentário,
Montar um quebra Pular corda; anteriormente abordados, o sono é
cabeça;
Pular elástico; uma dimensão relevante da atenção
Criar fantoches
Pular amarelinha;
com meias velhas; de crianças e adolescentes, que deve
Fazer massinha de modelar;
Fazer pulseirinhas; ser abordado no cuidado multicom-
Jogar bola;
Preparar receitas à base de alimen-
tos in natura e minimamente pro- Jogar bingo; ponente. Para que você, profissional
cessados com os familiares; Construir ruas com fita crepe; de saúde, esteja apto a reconhecer e
Caçar e observar insetos; Fazer e decorar aviões de papel; intervir ness sentido, vamos falar mais
Brincar ou passear com o cachorro; Fazer apresentação de dança e
música; sobre a avaliação e recomendações
Andar de patinete, bicicleta ou skate;
Jogar um jogo de tabuleiro; Transformar o quarto em uma lojinha; para a adoção de hábitos saudáveis
Plantar feijão em algodão; Brincar de esconde-esconde; relacionados ao sono.
Escrever e ilustrar o seu próprio livro; Decorar uma camiseta velha;
Encenar uma história de teatro Fazer bola de sabão; 5.4.1 Recomendações para o sono no
Plantar uma árvore; Fazer esconderijos cuidado de crianças e adolescentes
embaixo da mesa com sobrepeso e obesidade
Ler um livro;
com lençóis.
Fazer desenhos com giz no chão; A quantidade adequada de sono é

aquela que faz a criança ou adoles-


105
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

cente acordar sem dificuldades, sem Tempo de sono para crianças e adolescentes

sonolência excessiva durante o dia e


Idade Recomendada Não recomendada
sem afetar suas funções cognitivas
Não menos que 11h/dia.
como memória e atenção. 0 a 3 meses 14-17h/dia
Não mais que 19h/dia
Bebês e crianças pequenas nor- Não menos que 10h/dia.
4 a 11 meses 12-15h/dia
malmente precisam de 10 a 16 horas Não mais que 17h/dia

de sono por dia - a depender da faixa Não menos que 10h/dia.


1 a 2 anos 11-14h/dia
Não mais que 16h/dia
etária (Quadro 7), isso inclui 9 a 12 ho-
Não menos que 8h/dia.
ras de sono por noite e um a quatro 3 a 5 anos 10-13h/dia
Não mais que 14h/dia
cochilos ao longo do dia, que podem
Não menos que 7h/dia.
durar de 30 minutos a 2 horas. 6 a 13 anos 9-11h/dia
Não mais que 12h/dia
Os cochilos vão reduzindo em du-
Não menos que 7h/dia.
14 a 17 anos 8-10h/dia
ração e frequência à medida que se Não mais que 11h/dia

aproximam do início da vida escolar,

e os horários de ir se deitar e acordar Os profissionais da saúde durante os atendimentos a crianças e adolescentes


devem ser constantes. devem se atentar aos hábitos relacionados ao sono. Para auxiliar nesse sentido,

apresentaremos um conjunto de perguntas que podem ser utilizadas nos serviços

106
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

de saúde, de aplicação rápida e fácil, para auxiliar no conhecimento do compor- 5.4.2 Recomendações para hábitos
saudáveis relacionados ao sono
tamento relacionado ao sono da criança e do adolescente, acompanhe a seguir.

A partir da avaliação do sono da


Perguntas para avaliar o sono da criança e do adolescente: criança e do adolescente, é impor-

tante que você profissional de saúde,


• Quanto tempo (horas e min.) a criança ou adoles-
cente dorme durante a noite? E quanto tempo ela(e) forneça aos pais e cuidadores, reco-
cochila durante o dia (horas e min.)?
mendações para colocar em prática
• Qual o horário que a criança ou adolescente
dorme e acorda durante a semana? E nos fins de bons hábitos relacionados ao sono.
semana? Essa prática é regular? Apresentamos algumas orientações
• A criança ou adolescente possui algum
que podem auxiliar, acompanhe.
problema para ir dormir ou pegar no sono?
• A criança ou adolescente acorda
muitas vezes durante a noite? Bebês e crianças pequenas
• A criança ou adolescente possui muita - orientações para pais e
sonolência durante o dia cuidadores
ou tem dificuldade de acordar ou passa o dia sem
atenção, se frustra facilmente ou é superativo?
• A criança ou adolescente apresenta ronco, respi- • Observar os padrões de sono da
ração dificultada na maioria das noites? criança para identificar sinais de so-

107
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

nolência (letargia, “olhos pesados”, pelo menos 1 hora antes do horário Crianças maiores e adoles-
centes - orientações para
irritabilidade); de dormir;
pais e cuidadores
• Manter uma rotina para os cochi- • Tentar manter o ambiente calmo e

los diurnos, evitando os cochilos tranquilo para induzir o sono; • Estimular atividades físicas duran-

no final da tarde; • Colocar a criança sonolenta - mas te o dia, de preferências ao ar livre,

• Desenvolver uma rotina calma e con- ainda acordada - em sua cama, in- em contato com a luz solar;

sistente (porém flexível) que os pre- dicando que é hora de dormir. • Manter horários regulares para dor-

pare para o momento de dormir, po- • Tentar não deixar a criança adorme- mir e acordar, inclusive nos fins de

dendo incluir banho morno, colocar cer vendo televisão ou em outro lu- semanas;

pijamas, escovar os dentes, e ativi- gar que não seja sua própria cama; • Desenvolver uma rotina calma e con-

dades calmas, como ler/contar his- • Responder às necessidades físi- sistente (porém flexível) que os pre-

tórias ou ouvir uma música tranquila; cas e emocionais do bebê/criança pare para o momento de dormir, po-

• Tentar diminuir as luzes do ambiente quando o mesmo chorar durante a dendo incluir banho morno, colocar

e evitar telas (televisão, tablets, ce- noite. Nesses momentos, procurar pijamas, escovar os dentes, e ativi-

lulares, ou qualquer outro aparelho usar uma luz fraca, falar baixo e ser dades calmas, como ler/contar his-

eletrônico) e brincadeiras vigorosas breve o suficiente, sem estimulá-la. tórias ou ouvir uma música tranquila;

108
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

5.5 Saúde mental

• Tentar diminuir as luzes do am- dormir (leite, bolo caseiro simples, A saúde mental é uma das dimen-

biente e evitar telas (televisão, ta- pão de padaria ou queijo branco sões do cuidado multicomponente de

blets, celulares, ou qualquer outro podem ser benéficos, pois estão re- crianças e adolescentes com obesida-

aparelho eletrônico) e brincadeiras lacionados com o metabolismo de de. Para que você, profissional de saú-

vigorosas pelo menos 1 hora an- melatonina e serotonina). de, esteja apto a reconhecer e intervir a

tes do horário de dormir; • Evitar o consumo de bebidas (cho- saúde mental como questão relevante

• Tentar manter o quarto confor- colate, refrigerante, chá mate ou no cuidado de usuários com obesida-

tável, silencioso, escuro e com cafeinados) e medicações que de, vamos nos aprofundar sobre esse

temperatura agradável; contenham estimulantes próximo à conteúdo, abordando mais sobre essa

• Manter horários regulares para hora de dormir; relação, sobre como identificar trans-

as refeições, para que na hora de • Caso a criança ou adolescente dur- tornos mentais e como realizar a abor-

dormir a criança ou adolescen- ma ou acorde muito tarde, mudar dagem familiar e coletiva para promo-

te não esteja com fome ou supe- gradualmente o horário, estimulan- ção e proteção da saúde mental.

ralimentada. O jantar idealmen- do que vá dormir ou que acorde 30


5.5.1. Saúde mental de crianças e
te deve ser mais cedo, podendo minutos antes a cada dia até che- adolescentes com obesidade
inserir um lanche leve antes de gar a um horário mais adequado;
Crianças e adolescentes com obesi-

109
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

dade, em especial os adolescentes, po- sido desencadeada por um agravo ins- pensos a terem um maior sofrimento

dem já ter passado por uma série de inter- talado anteriormente. A obesidade pode emocional e isolamento social, a apre-

venções frustradas para a perda de peso, ser a causa secundária de transtornos sentarem insatisfação com a imagem

sem resposta ou com metas para além mentais mais graves, como depressão corporal, a sofrerem bullying e experi-

das possibilidades de cada indivíduo. ou violência doméstica, por exemplo. ências negativas na escola, nos servi-

Muitas vezes esses episódios são Nesses casos, o tratamento do ços de saúde ou no próprio ambiente

considerados como fracasso e são co- transtorno deve prescindir toda e qual- familiar, a desenvolverem transtornos

locados como baixa força de vontade quer abordagem de saúde, a crianças alimentares, de ansiedade e de humor,

ou comprometimento, como se todas ou adolescentes deve ser encami- depressão, dentre outras comorbidades

as questões relacionadas à obesidade nhada para serviços especializados, psicológicas.

fossem apenas de cunho pessoal e de e assim que a questão relativa à saú- Esse sofrimento emocional pode

escolhas simples, o que não é. de mental for equacionada, planejar o ser um processo de anos e que nunca

A obesidade pode ser resultado de cuidado da obesidade. A escuta ativa foi conscientemente percebido pelos

um sofrimento maior e/ou sua presen- do profissional de saúde deve ser ca- familiares ou externalizado pela crian-

ça pode causar esse sofrimento – em paz de observar esses sinais. ça ou adolescente, e, por este motivo,

alguns casos ela é a causa de um sofri- Crianças e, principalmente, adoles- a saúde mental de pessoas com obe-

mento mental e em outros ela pode ter centes com obesidade são mais pro- sidade requer atenção do profissional,

110
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

da equipe de saúde e da família. Sofrimentos psíquicos são associados especial- têm direito à privacidade e autonomia, e

mente aos ambientes obesogênicos e às pressões por corpos ideiais. a partir dos 12 anos não é necessária a

presença dos responsáveis nas consul-


Perguntas para avaliar o comportamento sedentário tas - BRASIL, 1990) para que se sintam
da criança e do adolescente:
encorajados a expor situações de sofri-

NÃO DEVEM: DEVEM: mento mental que não queiram revelar

diante dos responsáveis.


Culpabilizar o indivíduo pela sua condi- Promover o apoio psico-
ção, ignorar que a autoestima da pessoa lógico e social , promover Outra estratégia interessante para a
pode estar fragilizada, reforçar o estigma a motivação do indivíduo identificação de problemas relaciona-
do ganho de peso por meio de preconcei- para iniciar e manter o
tos tais como: a pessoa com excesso de tratamento e reforçar dos à saúde mental é a abordagem das
peso é deprimida, descontrolada, fracas- uma imagem corporal crianças e adolescentes em atividades
sada e descuidada , considerar um positiva e melhora da
coletivas sem a presença de adultos
fracasso quando não há perda de peso ou autoestima.
continuidade do tratamento, considerar que não sejam da equipe de saúde.Em
que a mudança de hábitos depende tão
todas as ações de cuidado é importan-
somente da criança ou do adolescente.
te um olhar atento às questões de saú-

de mental, em especial, à adesão ao


É recomendável que os adolescentes tenham parte de sua consulta sem os pais e
tratamento e recuperação da autoesti-
responsáveis (segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, os adolescentes
111
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

ma. O foco e a valorização de mudan-


• A criança ou adolescente tem apresentado comportamento diferente no cotidiano?
ças comportamentais e adoção de um
• Como tem sido a regularidade do sono e da alimentação?
estilo de vida mais saudável, para além • Apresenta pesadelos, insônia, falta ou excesso de apetite?
da alteração do peso corporal, ajudam • Solicita com frequência comer em local separado dos outros membros da família?
no processo de cuidado e a evitar o es- • Apresenta enjôo e vômitos com frequência?
tigma da obesidade. • Pratica atividades físicas por mais de duas horas seguidas diariamente?
• Como tem sido a convivência em família?
5.5.2 Identificação de transtornos mentais
• A criança ou adolescente tem mantido suas atividades sociais regularmente?
em crianças e adolescentes com
obesidade • Mantém o interesse em atividades lúdicas e educativas?

É importante que a equipe de saúde • A criança ou adolescente apresenta episódios de medo


exacerbado, alucinações ou confusão mental?
e a família estejam atentas a trans-
• Apresentou nos últimos meses episódios de perda
tornos mentais, tais como depressão de consciência ou desmaios?
e ansiedade. A seguir estão descritos • Demonstra episódios de raiva, irritabilidade,
alguns pontos de atenção para com- descontrole ou choro sem motivo aparente?

preender melhor a situação em que a • Associa alguma das ocorrências acima com
palpitações e sensação de morte iminente?
criança ou adolescente se encontra.
• Passa longas horas fora de casa sem informar sua localização?

112
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

É importante reforçar que nem to- casos que atendem não somente a Com ou sem diagnóstico de trans-

das as situações em que se identifica determinados critérios de diagnóstico torno, algumas metas que a equipe de

sofrimento mental, existe a presença descrito nos manuais médicos (DSM- saúde e a família não podem perder de

de agravamento da saúde mental. O -V, CID-10), mas também à impossi- vista ao longo do acompanhamento

sofrimento mental comum faz parte bilidade momentânea ou permanente da criança ou adolescente. As metas

da vida cotidiana de todo ser humano, de responder a determinados eventos e expectativas estabelecidas devem

em todas as fases do curso da vida. e expectativas sociais, afetivas e bio- ser traçadas de forma individualizada

Tristeza, irritação, agitação, insatisfa- lógicas. e instituídas gradativamente, com a

ção corporal, sono agitado, inseguran- Quando houver dúvidas em relação criança ou adolescente e a sua famí-

ça, medo e ansiedade são sentimen- à presença de transtornos mentais, lia, evitando-se frustrações desneces-

tos característicos de uma sociedade sugere-se atendimento por profissio- sárias. Observe a seguir, alguns des-

que preza pelo bom desempenho de nal da psicologia ou psiquiatria para fechos desejáveis referente as metas

todos os indivíduos, exigência que por avaliação diagnóstica. Após a ava- traçadas.

si só configura um elemento causa- liação individual, é possível trabalhar

dor de sofrimento psíquico. Quando com estratégias para o cuidado em

falamos de transtornos mentais, por saúde mental, por meio de Projeto Te-

outro lado, estamos nos referindo a rapêutico Singular (PTS).

113
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

Tratar os processos psíquicos que sustentam a compulsão alimentar; 5.5.3 Abordagem para a promoção e
proteção da saúde mental de crianças
Manter ou promover saúde mental que se traduz por uma boa e adolescentes com obesidade
autoestima, aceitação do próprio corpo;
O desenvolvimento de estratégias de
Estabelecer a associação da qualidade de vida com a saúde e o
bem estar; proteção da saúde mental de crianças e

adolescentes, assim como de suas fa-


Motivar o indivíduo para ações de autocuidado;
mílias, é também responsabilidade da
Aumentar a adesão de crianças e adolescentes ao cuidado da
APS, independente do diagnóstico de
obesidade;
Facilitar o processo de perda de peso (ou interrupção do ganho de obesidade e sobrepeso, por terem como
peso em excesso); objetivo a promoção de saúde integral.

Diminuir o sofrimento causado pela obesidade; As abordagens familiar e coletiva

para a promoção da saúde auxiliam


Nos casos mais graves - diminuir ou cessar número de episódios de
compulsão alimentar; na proteção da saúde mental de crian-

Prevenir a medicalização precoce; ças e adolescentes com obesidade. A

seguir descrevemos alguns exemplos


Prevenir situações de crise; destas abordagens, acompanhe.

Prevenir o desenvolvimento de transtornos alimentares e o agrava-


mento de outros transtornos de saúde mental.

114
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

bro da família desempenha dentro da


Abordagem Familiar Abordagem Coletiva
casa como, por exemplo, quem é o pro-

As crianças e adolescentes devem vedor, quais são as práticas alimen- Atividades em grupo são um impor-

ser entendidos a partir do contexto em tares da família, como e com quem a tante aliado para lidar com as ques-

que vivem e de suas famílias. É preci- criança ou adolescente se alimenta, tões de saúde mental de crianças e

so realizar intervenções junto a família quem confere suporte emocional nos adolescentes com obesidade.

para possibilitar que a criança ou ado- casos de dificuldades ou, ainda, quan- Grupos de cuidado de crianças e

lescente possa contar com o apoio fa- do a dinâmica familiar contempla a adolescentes com obesidade podem

miliar na atenção das situações gera- culpabilização da criança ou adoles- tratar em suas reuniões de temas di-

doras de sofrimento mental. centes pela obesidade contribuindo versos, e não aqueles apenas volta-

Em algumas situações é no seio para o aumento do sofrimento mental. dos para o consumo alimentar e gasto

da própria família que se articulam os A família e a comunidade podem ser energético. A procura de novas habili-

elementos que levam ao sofrimento um fator tanto de proteção como de ris- dades, novos prazeres e novas manei-

mental e ao agravamento de alguns co no cuidado das crianças e adoles- ras de interação social.

quadros. A abordagem familiar visa centes com obesidade, em especial no Grupos mais organizados e siste-

identificar as funções que cada mem- tocante das questões de saúde mental. máticos, apesar de atingirem um nú-

115
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

mero mais reduzido de participantes, po, com demandas levantadas pelas podem ocorrer em espaços para além

possibilitam, por outro lado, o aprofun- vivências individuais e coletivas, pois da Unidade de Saúde como espaços

damento das discussões, assim como permite um melhor engajamento das comunitários como escolas, univer-

o estreitamento de laços afetivos e crianças e adolescentes na atividade sidades, associações de moradores,

sociais. Pode-se lançar mão de dinâ- proposta, fazendo mais sentido com a igrejas, associações culturais, praças

micas que abordem os sentimentos, vida cotidiana. públicas.

relações entre pares, relações com fa- Em muitos casos é preciso esca- Uma estratégia que pode ser co-

miliares e como se sentem nessa con- lonar as ações de saúde por idades e locada em prática para o cuidado de

dição do excesso de peso possibilitam gravidade da doença e as atividades crianças e adolescentes com obesi-

a exposição de elementos que não são

evidentes, mas que influenciam dire-

tamente na relação que a criança e o

adolescente mantêm com seu corpo e

seu peso. A escolha da temática a ser

abordada pode ser feita de diversas

maneiras, mas é desejável que sejam

sugeridas pelos participantes do gru-

116
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

dade é o Projeto de Saúde no Território outros podem surgir, pensando em 5.6 Avaliação e monitoramento do cuidado
multicomponente
(PST), enquanto estratégia de aborda- todas as possibilidades para tornar o

gem comunitária para o cuidado do território um espaço mais saudável, e O monitoramento do processo de

excesso de peso e saúde mental. O que apoie o crescimento e desenvol- cuidado deve ser feito por meio do

PST é um instrumento potente e pode vimento saudável de crianças e ado- acompanhamento da evolução das

atuar sobre parte dos determinantes lescentes. medidas e indicadores antropomé-

sociais ligados à questão da obesida- tricos, marcadores de comorbidades,


IMPORTANTE

de presentes no território. O PST pode adequação aos marcadores nos com-

envolver diferentes atores da comu- Atividades em espaços fora da uni- ponentes comportamentais: alimen-
dade de saúde podem ter papel te-
nidade como as lideranças locais, a rapêutico superior ao de uma ação tação, atividade física, comportamen-

escola, os conselhos de saúde e edu- realizada apenas na unidade de to sedentário, sono e saúde mental.
saúde. Por se tratar de crianças e
cação além de fomentar e fortalecer adolescentes, sempre é importante Destacam-se também os fatores psi-

o protagonismo juvenil com a partici- ter o conhecimento e o consenti- cossociais e práticas familiares.
mento dos pais e responsáveis bem
pação das crianças e dos adolescen- como assegurar a segurança dos
tes em todas as etapas do PST. Outra participantes da ação.

questão importante é que, uma vez

colocado em prática o primeiro PST,

117
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5

dores, estabeleçam novas metas.


Imagem corporal
Caso haja metas que não foram

Autoestima cumpridas, é importante tentar identi-

ficar as possíveis dificuldades/barrei-


Bem-estar
ras encontradas e fazer repactuação

das metas considerando as estraté-

O cumprimento das metas para a gias de mudanças comportamentais

mudança nos componentes compor- citadas anteriormente neste instrutivo.

tamentais nas consultas individuais No período de manutenção, quando

bem como as possíveis dificuldades/ finalizado o processo de cuidado para

barreiras encontradas devem ser ava- a obesidade, devem ser consideradas

liados. outras formas de suporte para pre-

Em caso de cumprimento de me- servar o vínculo a longo prazo com as

tas, é importante, você, profissional de crianças, adolescentes e suas famílias,

saúde, expresse mensagens de reforço por exemplo, via mensagem de texto,

positivo e, em conjunto com a criança visita domiciliar ou com agendamento

ou adolescente e/ou seus pais cuida- de atividades de abordagem coletiva.

118
UN 6
Principais estratégias
para auxiliar na mudança
de comportamento
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

A seguir, serão abordadas as principais estratégias para traba-

lhar as mudanças comportamentais (alimentação, atividade física,

comportamento sedentário e sono) e sua adesão com as crianças

e os adolescentes e suas famílias. As estratégias podem ser fei-

tas em consultas individuais, interconsultas, atividades coletivas,

podendo ser realizadas por nutricionistas, médicos, enfermeiros e

outros profissionais de saúde envolvidos no processo de cuida-

do bem como teleconsultas/ teleassistência com especialistas,

quando estes não estiverem disponíveis no território, em especial

para a discussão dos casos mais complexos.

Essas estratégias devem ser adaptadas para a idade da crian-

ça ou adolescente e incluem:

120
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

cional para a promoção da alimentação


Educação alimentar e nutricional adequada e saudável.

Entrevista motivacional e técnicas de tera- As experiências das crianças com ali-


pia comportamental (automonitoramento, mentos influenciam preferências e inges-
controle de estímulos, manejo do estresse,
tão (pesquisas sugerem que quanto mais
solução de problemas, reestruturação
cognitiva e estabelecimento de metas) cedo e mais ampla essa experiência, mais

saudável é a alimentação da criança).

Repetidas oportunidades de provar


6.1 Educação alimentar e nutricional todas as fases do curso da vida, etapas
alimentos desconhecidos resultam em
A Educação Alimentar e Nutricional do sistema alimentar e as interações e
maior preferência e consumo (COOKE,
(EAN) visa promover a prática autôno- significados que compõem o comporta-
2007). Oficinas culinárias e cultivo de
ma e voluntária de hábitos alimentares mento alimentar (BRASIL, 2012).
hortas são exemplos de metodologias
saudáveis. A prática de EAN deve fazer Desse modo, ações de EAN, com me-
que podem promover essa maior ex-
uso de abordagens e recursos educa- todologias ativas e que utilizem ativi-
periência com os alimentos, sendo
cionais problematizadores e ativos que dades lúdicas, podem facilitar a adesão
recomendadas para serem utilizadas
favoreçam o diálogo junto a indivíduos das crianças e dos adolescentes às me-
com os adolescentes também.
e grupos populacionais, considerando tas estabelecidas no atendimento nutri-

121
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

Materiais com sugestões de atividades de EAN que podem CADERNO DE ATIVIDADES - Educação Alimentar e Nutri-
ser realizadas tanto por profissionais de saúde, quanto por cional: o direito humano à alimentação adequada e o for-
professores e profissionais do programa saúde na escola. talecimento de vínculos familiares nos serviços socioas-
sistenciais – Material Secretaria Nacional de Segurança
CADERNO DE ATIVIDADES - Promoção da Ali- Alimentar e Nutricional destinado a públicos de diversas
mentação Adequada e SaudávelEducação Infantil: faixas etárias: http://www.mds.gov.br/webarquivos/pu-
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/ blicacao/seguranca_alimentar/cadenodeatividades_ean.
caderno_atividades_educacao_infantil.pdf pdf

CADERNO DE ATIVIDADES - A creche como promotora da COMER BEM E MELHOR, JUNTOS - Cardápio de ferramen-
amamentação e da alimentação adequada e saudável - tas para promover a alimentação saudável entre adoles-
Livreto para gestores: http://189.28.128.199/dab/docs/ centes, junto às suas famílias e comunidades – Material
portalb/publicacoes/a_creche_promotora_amamenta- Unicef destinado a adolescentes: https://www.unicef.org/
cao_livreto_gestores.pdf brazil/media/4901/file/comer_bem_e_melhor_juntos_
pb.pdf
CADERNO DE ATIVIDADES - Promoção da Alimentação
Adequada e Saudável - IDEIAS PARA COLORIR À MESA - http://www.mds.gov.br/
Ensino Fundamental I: http://189.28.128.100/dab/docs/por- webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/caisan/Publi-
taldab/publicacoes/caderno_atividades_educacao_infantil.pdf cacao/Educacao_Alimentar_Nutricional/18_Ideias_para_
Ensino Fundamental II: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ Colorir_a_Mesa.pdf
publicacoes/promocao_alimentacao_saudavel_ensino_
fundamental_II.pdf

122
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

Conheça os principais documentos normativos e orienta-


dores acerca das políticas e ações de EAN:

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-


te à Fome. Marco de referência de educação alimentar e
nutricional para as políticas públicas. Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional,
2012. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarqui-
vos/publicacao/seguranca_alimentar/marco_EAN.pdf

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças


brasileiras menores de dois anos. Brasília: Ministério da 6.2 Entrevista motivacional
Saúde, 2019. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/
docs/portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf A entrevista motivacional é uma forma de conversa cola-

borativa direcionada à consolidação da motivação intrínseca


BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a po-
pulação brasileira. 2. ed. atualizada [versão eletrô- e compromisso com a mudança comportamental. Nesse tipo
nica] Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível: de abordagem, são utilizadas estratégias como a escuta re-
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/
miolo_guia_ajustado2019_2.pdf flexiva, estabelecimento de um clima de apoio, ajudando o

indivíduo a pensar e expressar verbalmente suas razões a fa-

vor e contra as alterações de hábitos (processo de resolução

123
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

de ambivalência), além de permitir que eles querem estar (objetivos) • Promover a autoeficácia. A entre-

eles estabeleçam suas próprias metas Ajude as crianças e adolescentes a vista motivacional é baseada na

(RESNICOW et al., 2006). A prática da perceberem essas discrepâncias. Extraia capacidade existente de mudança

entrevista motivacional segue os se- os valores, ambivalência, a prontidão dos indivíduos

guintes princípios (DILILLO et al, 2003): para mudar e as barreiras percebidas. Ao focar nos sucessos anteriores,

• Use o aconselhamento, demonstre • Acompanhar a resistência de acor- eles se sentirão capazes de alcançar e

empatia do com as prioridades que a criança manter a mudança desejada. O profis-

Faça perguntas abertas e utilize ha- ou adolescente deseja trabalhar sional deve ajudar a criança ou adoles-

bilidades de comunicação, com técni- A resistência pode ocorrer quando cente a construir um plano de ação para

cas de escuta reflexiva para compre- a pessoa percebe a necessidade de a realização de mudanças.

ender e aceitar os sentimentos e as mudança em seus padrões de com- Ademais, compreender, apoiar e fa-

crenças da criança ou adolescente. É portamento. Deve-se evitar a tenta- zer elogios à criança ou adolescente e

importante evitar julgamentos e co- tiva de “consertar” ou resolver cada seus pais ou cuidadores por meio de

mentários de alerta, indignação, cen- problema, quando o indivíduo está afirmações, também é uma estratégia

sura ou acusação e confrontos. ambivalente. O profissional deve pro- relevante na entrevista motivacional.

• Desenvolva discrepância: este prin- curar realizar reflexões com o intuito Para que o indivíduo perceba que o

cípio diz respeito à situação atual de nortear as percepções da criança profissional de saúde está compreen-

das pessoas (hábitos atuais) e onde e do adolescente. dendo o que ele está expressando, é
124
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

importante que sejam feitos resumos a motivação, capacitar os indivíduos a pensamentos ou sentimentos relacio-

do que foi mencionado anteriormen- promover o autocuidado com o obje- nados aos hábitos alimentares, per-

te. O resumo também permite que o tivo de proporcionar mudanças com- mite que as crianças e adolescentes e

indivíduo escute novamente as suas portamentais. As estratégias devem seus pais ou cuidadores acompanhem

ambivalências, mas também suas ser cuidadosamente pensadas e adap- o progresso em direção às metas de

afirmações motivacionais. Um ponto tadas à idade da criança e do adoles- mudança de comportamento.

chave da entrevista motivacional é se cente. Existem várias habilidades e Exemplo:

concentrar no que é importante para estratégias comumente associadas Manter um diário de hábitos ou ca-

a criança ou adolescente e a família. à terapia comportamental incluindo lendário mensal de cumprimento de

À medida que a criança ou adolescen- (ADACHI, 2005; FABRICATORE, 2007): metas do sono, de prática de atividade

te progride, o processo de entrevista • Automonitoramento física, comportamentos sedentários e

muda para identificar novas metas de A prática simples de registrar os da ingestão de alimentos (tipos e quan-

mudança comportamental. hábitos alimentares, as práticas de tidades de alimentos, sentimentos/

atividades físicas realizadas, tempo sensações antes e depois do consumo,


6.3 Terapia cognitivo-comportamental
de tela (assistindo televisão, jogan- percepção de fome e saciedade).
A implementação da terapia cogni-
do no videogame, uso de celular e/ou
tivo-comportamental pode aumentar
tablets), e padrão do sono, bem como

125
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

Exemplo de metas: prática de atividades física e/ou contato


• Praticar 30 minutos de atividade física. com a natureza.
• Dedicar, no máximo, 4 horas ao uso recreativo de telas • Controle de estímulo
(celular, tablet, computador, televisão, vídeo game).
Depois que os indivíduos aprendem
• Deixar o telefone celular, tablet e outros dispositivos
móveis fora do quarto à noite. a identificar os estímulos em seus am-

• Deitar às 21h. bientes comuns que provocam com-


• Realizar o jantar à mesa sem a televisão portamentos incidentais, eles podem
estar ligada oucelulares/tablets ao lado.
modificar o ambiente para limitar sua
• Comer pelo menos 2 porções de fruta no dia.
exposição a esses estímulos.
• Comer pelo menos 3 porções de verduras
e legumes no dia. Exemplos:

• Televisão, laptops, telefones celulares e

• Manejo do estresse outros dispositivos móveis devem ficar

Implementar estratégias saudáveis fora do quarto à noite.


Clique para acessar um modelo de di-
ário e um modelo de calendário men- de controle e redução do estresse. • Pais ou cuidadores e filhos concordam
sal de cumprimento de metas. Exemplo: em não armazenar alimentos ultrapro-

Técnicas de relaxamento que não envol- cessados (exemplo: refrigerantes e gu-

vem comer ou beber, como meditação, loseimas) em casa.

126
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

• Os pais ou cuidadores concordam em solução escolhida e, em seguida, ava- cionais e atitudes positivas a pensa-

ter uma regra familiar sobre realizar o liar o resultado da mudança. mentos negativos.

jantar à mesa sem a televisão estar li- • Reestruturação cognitiva Exemplos:

gada ou celulares/tablets ao lado. Exige que as pessoas mudem ati- • Se as crianças e adolescentes estabe-

• Solução de problemas vamente a maneira de pensar sobre lecerem 4 metas e atingirem 3 delas, eles

Envolve ajudar as crianças e ado- objetivos irrealistas e crenças impre- devem se sentir positivos sobre as con-

lescentes a identificar um comporta- cisas sobre os seus comportamentos, quistas e não se sentirem frustrados por

mento “problema” ou antecipar poten- que geram pensamentos, sentimentos não ter conseguido alcançar todas.

ciais problemas, identificar possíveis e ações autodestrutivos. Essa técnica Ou: uma pessoa que pensa “eu ‘furei’

soluções, planejar e implementar a se refere ao incentivo de respostas ra- as recomendações comendo um bolo

de chocolate esta manhã, como já ‘fu-

rei as recomendações de hoje’ então só

vou comer ‘besteiras’ pelo resto do dia”,

pode ser repensada por “eu comi esse

bolo de chocolate hoje de manhã, mas

ainda posso comer de maneira saudável

no almoço e no jantar”.

127
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 6

metas sobre todos os aspectos que ne- dia para 4 horas por dia no próximo mês”.

cessitam de ajuste para tornar a vida da • Estratégia para atingir a meta:


Cumpre destacar que abordagens
que foquem em dar autonomia para criança ou adolescente mais saudável, “Farei isso colocando meu telefone ce-
que a criança ou adolescente e suas como a alimentação, prática regular de lular para fora do meu quarto à noite
famílias façam melhores escolhas
atividade física, redução do comporta- (colocarei na sala de casa) e concor-
alimentares são propensas a serem
mais sustentáveis em longo prazo mento sedentário e boas práticas de dando em mover meu computador para
do que o uso de abordagens impo-
sono. As estratégias de como colocar a sala da família. Quando eu conseguir
sitivas/restritivas, que apresentam
elevada taxa de abandono (HOELS- a meta em prática devem ser negocia- cumprir esta meta, estabelecerei novas
CHER et al, 2013). das com a criança, adolescente e pais metas sobre o tempo de tela”.

ou cuidadores. É importante que sejam Ao longo desta unidade conhece-


• Estabelecimento de metas
estabelecidas metas realistas, mudan- mos as principais estratégias para au-
As metas devem ser específicas (o
ças gradativas e focadas em como fa- xiliar na mudança de comportamento
quê?), relevantes (por quê?), deve ser
zer escolhas mais saudáveis. das crianças e adolescentes com ex-
traçado um tempo para sua execução
Exemplos: cesso de peso, centradas na mudança
(quando?), devem ser alcançáveis em
• Meta para redução do tempo de tela a de comportamento em relação à ali-
um determinado prazo, e sustentáveis
ser estabelecida junto com o adolescente: mentação, atividade física, comporta-
ao longo do tempo. É importante incluir
“Diminuirei o tempo de tela de 6 horas por mento sedentário e sono.

128
Cuidado da Criança e do Adolescente Encerramento do Curso
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

Encerramento do Curso

Este curso procurou apresentar infor- do excesso de peso realizada na aten- recomendações, formas de avaliação

mações sobre a obesidade em crianças ção primária, o curso descreveu as e de operacionalização destas práti-

e adolescentes, trazendo o panorama etapas de organização do cuidado cas no âmbito da atenção primária.

e repercussões desta problemática em de crianças e adolescentes com obe- Por fim, foram apresentadas re-

saúde pública, tão frequente nos servi- sidade. Foram apresentadas estra- comendações para abordagem do

ços de Atenção Primária à Saúde (APS). tégias para auxiliar na mudança de excesso de peso em crianças e ado-

Para a identificação do problema comportamento, considerando-se a lescentes, sistematizadas a partir da

no cotidiano de trabalho dos profis- educação alimentar e nutricional e a estratificação de risco, além das si-

sionais de saúde da APS, foram apre- entrevista motivacional aliada à técni- tuações em que deve ocorrer encami-

sentados os instrumentos e técnicas cas de terapia comportamental. nhamento do usuário para a atenção

para realização da avaliação antropo- A partir dos principais componentes especializada. Esperamos que este

métrica e do consumo alimentar de comportamentais relacionados ao ex- curso tenha contribuído para a for-

crianças e adolescentes, de acordo cesso de peso, ou seja, a alimentação, mação continuada e tenha sido capaz

com os protocolos do Sistema Nacio- atividade física, comportamento se- de proporcionar uma aprendizagem

nal de Vigilância Alimentar e Nutricio- dentário, sono e saúde mental, que re- significativa, permitindo mudanças e

nal (SISVAN). presentam o cuidado multicomponen- transformações nas práticas cotidia-

Para contribuir com a abordagem te, foram detalhadas e exemplificadas nas dos serviços de saúde

129
Cuidado da Criança e do Adolescente Referências Bibliográficas
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

ADACHI, Y. Behavior therapy for obesi- 2008-2009. Antropometria e estado atenção básica [recurso eletrônico].

ty. Japan Medical Association Journal, nutricional de crianças, adolescentes e Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

v. 48, n. 11, p. 539-544, 2005. JMAJ. adultos. Rio de Janeiro: Instituto Bra-
BRASIL., MINISTÉRIO DA SAÚDE. SE-
2005;48(11):539-544. sileiro de Geografia e Estatística, 2010.
CRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE.

ALVARENGA, M. et al. Nutrição com- BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSI-

portamental. 1 ed. São Paulo: Editora de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da CA. Caderno de Atenção Básica n°38.

Manole, 2015. 576p. Criança e do Adolescente e dá outras Estratégias para o cuidado da pessoa

providências. Diário Oficial da União, com doença crônica: obesidade. –


BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE
Poder Executivo, Brasília, DF, 16 jul. Brasília: Ministério da Saúde, 2014a.
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).
1990. Seção 1, p. 13563. Retificada em
Pesquisa Nacional de Saúde do Esco- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SE-
27 set. 1990. Seção 1, p. 18551.
lar: 2015. Rio de Janeiro: Instituto Bra- CRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE.

sileiro de Geografia e Estatística, 2016. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SE- DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁ-

CRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. SICA. Guia alimentar para a popu-


BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE
DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRA- lação brasileira. 2. ed. atualizada
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).
MÁTICAS E ESTRATÉGICAS. Proteger [versão eletrônica] Brasília: Minis-
Pesquisa de Orçamentos Familiares
e cuidar da saúde de adolescentes na tério da Saúde, 2014b. Disponível:

130
Cuidado da Criança e do Adolescente Referências Bibliográficas
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

http://189.28.128.100/dab/docs/por- TRO BRASILEIRO DE ANÁLISE E PLANE- e Nutricional. Marco de referência de

taldab/publicacoes/miolo_guia_ajus- JAMENTO. Pesquisa Nacional de Demo- educação alimentar e nutricional para

tado2019_2.pdf grafia e Saúde da Criança e da Mulher as políticas públicas. – Brasília, DF:

– PNDS 2006: dimensões do processo Ministério do Desenvolvimento So-


BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SE-
reprodutivo e da saúde da criança., Cen- cial e Combate à FomeMDS; Secreta-
CRETARIA DE ATENÇÃO PRIMARIA À
tro Brasileiro de Análise e Planejamen- ria Nacional de Segurança Alimentar
SAÚDE. DEPARTAMENTO DE PROMO-
to.– Brasília: Ministério da Saúde, 2009. e Nutricional, 2012. Disponível em:
ÇÃO DA SAÚDE. Guia alimentar para
http://www.mds.gov.br/webarquivos/
crianças brasileiras menores de 2 anos. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Re-
publicacao/seguranca_alimentar/
Brasília: Ministério da Saúde, 2019b. latórios públicos do SISVAN 2019.
marco_EAN.pdf
Brasília: Ministério da Saúde, 2019a.
BRASIL. Guia de Atividade Física para a
Disponível em: http://sisaps.saude. CASTILHO, SILVIA S. D.; BARRAS FI-
população brasileira (versão em consul-
gov.br/sisvan/relatoriopublico/index. LHO, ANTONIO A. A. Crescimento pós-
ta pública): http://189.28.128.100/dab/
Data de extração: 20/07/2020. -menarca. Arquivos Brasileiros de En-
docs/portaldab/documentos/Guia_Ati-
docrinologia & Metabologia, v. 44, n. 3,
vidade_Fisica_Consulta_Publica.pdf BRASIL. Ministério do Desenvolvimen-
p. 195-204, 2000.
to Social e Combate à Fome. Secreta-
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. CEN-
ria Nacional de Segurança Alimentar

131
Cuidado da Criança e do Adolescente Referências Bibliográficas
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

CHIPKEVITCH, EUGENIO. Avaliação dhood Obesity Requires New Stra- FARIA, E.LIANE R.ODRIGUES de et al.

clínica da maturação sexual na ado- tegies for Prevention, Advances in Methodological and ethical aspects of

lescência. J Pediatr (Rio J), v. 77, n. Nutrition, nmaa040[s.v.], [s.n.], 2020. the sexual maturation assessment in

Supl 2, p. S135-S142, 2001. doi: https://doi.org/10.1093/advan- adolescents. Revista Paulista de Pe-

ces/nmaa040 diatria, v. 31, n. 3, p. 398-405, 2013.


COOKE, L. The importance of exposure

for healthy eating in childhood: a re- DILILLO, V. ET AL., SIEGFRIED NJ, SMI- GOLDEN, N. H. ET AL., SCHNEIDER

view. J Hum Nutr Diet. 2007;v. 20, n.( TH WEST DS. Incorporating motivatio- M, WOOD C; COMMITTEE ON NUTRI-

4), p.: 294-301, 2007. nal interviewing into behavioral obesi- TION; COMMITTEE ON ADOLESCEN-

ty treatment. Cogn Behav Pract,. 2003; CE; SECTION ON OBESITY. Preventing


DAVISON, K.K.;, BIRCH, L. L. Childhood
v. 10, n. (2):, p. 120-130, 2003. Obesity and Eating Disorders in Ado-
overweight: a contextual model and
lescents. Pediatrics,. 2016; v. 138, n.
recommendations for future research. FABRICATORE, A. N. Behavior thera-
(3), 2016:e20161649. doi:10.1542/
Obes Rev,. 2001;v. 2, n. (3):, p. 159- py and cognitive-behavioral therapy
peds.2016-1649
171, 2001. of obesity: is there a difference? J Am

Diet Assoc,. 2007; v. 107, n.( 1):, p. 92- HEALTHWISE STAFF. Healthy Eating:
DEAL, J. B. ET AL., HUFFMAN MD, BIN-
99, 2007. Recognizing Your Hunger Signals.
NS H, STONE NJ, Perspective: Chil-
2019. Disponível em: https://www.

132
Cuidado da Criança e do Adolescente Referências Bibliográficas
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

uwhealth.org/health/topic/actionset/ HOELSCHER, DEANNA M. et al. Posi- to clinical assessment and treatment.

healthy-eating-recognizing-your- tion of the Academy of Nutrition and In: Mayo Clinic Proceedings. Elsevier,

-hunger-signals/zx3292.html Dietetics: interventions for the pre- 2017. p. 251-265.

vention and treatment of pediatric


HIRSHKOWITZ, M.ax et al. National LI, W.ENYAN et al. Association betwe-
overweight and obesity. Journal of the
Sleep Foundation’s updated sleep du- en obesity and puberty timing: a sys-
Academy of Nutrition and Dietetics, v.
ration recommendations. Sleep heal- tematic review and meta-analysis. In-
113, n. 10, p. 1375-1394, 2013.
th, v. 1, n. 4, p. 233-243, 2015. ternational Jjournal of eEnvironmental

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRA- Rresearch and Ppublic hHealth, v. 14,


HOELSCHER, D. M. et al. Position of
FIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa n. 10, p. 1266, 2017.
the Academy of Nutrition and Diete-
de Orçamentos Familiares 2008-2009.
tics: Interventions for the Prevention Ministério da Saúde. Relatórios públi-
Antropometria e estado nutricional de
and Treatment of Pediatric Overweight cos do Sisvan disponíveis em:. Data
crianças, adolescentes e adultos. Rio
and Obesity. Journal of the Academy de extração: 20/07/2020.
de Janeiro, 2010.
of Nutrition and Dietetics, v. 113, n. 10,
MONTEIRO, C. A. et al. Ultra-proces-
p. 1375-1394, 2013. KUMAR, S.EEMA; KELLY, A.ARON S.
sed foods: what they are and how to
Review of childhood obesity: from epi-

demiology, etiology, and comorbidities

133
Cuidado da Criança e do Adolescente Referências Bibliográficas
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

identify them. Public Health Nutr, 2019 Menarche Attainment in Children With ght among Brazilian preschool chil-

v. 22, n. 5, p. 936-941, 2019. Normal and Elevated Body Mass In- dren: PNSN-1989, PNDS-1996, and

dex. Pediatrics, v. 123, n. 84, 2009. doi: 2006/07. J Pediatr (Rio J), v. 90, [s.n.],
PFEIFFLÉ, S. , Pellegrino F, Kruseman
10.1542/peds.2008-0146 p.258-266, 2014.
M, et al. Current Recommendations for

Nutritional Management of Overwei- RUBINO, F.rancesco et al. Joint inter- SMITH, J. D. , Egan KN, Montaño Z, et

ght and Obesity in Children and Ado- national consensus statement for en- al. A developmental cascade perspec-

lescents: A Structured Framework. Nu- ding stigma of obesity. Nature medici- tive of paediatric obesity: a concep-

trients,. 2019; v. 11, n. (2), p.:362, 2019. ne, p. 1-13, 2020. tual model and scoping review. Heal-

th Psychol Rev., 2018; v. 12, n. (3):, p.


RESNICOW, K.; DAVIS, R.; ROLLNICK, SHALITIN, S.; KIESS, W. Putative Ef-
271-293, 2018.
S. Motivational interviewing for pe- fects of Obesity on Linear Grow-

diatric obesity: Conceptual issues and th and Puberty. Horm Res Paedia- SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIA-

evidence review. J. Am. Diet. Assoc., v. tr, v. 88, [s.n.], p.101-110, 2017. doi: TRIA (SBP). Manual de orientação

106, n. 12, p. 2024-2033, 2006. 10.1159/000455968 para a alimentação do lactente, do

pré-escolar, do escolar, do adolescen-


ROSENFIELD, R. L.; LIPTON, R. B.; SILVEIRA, J. A. et al. Secular trends
te e na escola. 3ª. ed. Rio de Janeiro:
DRUM, M. L. Thelarche, Pubarche, and and factors associated with overwei-
SBP, 2012. 148 p.

134
Cuidado da Criança e do Adolescente Referências Bibliográficas
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIA- trition, and Climate Change: The Lancet WORLD HEALTH ORGANIZATION

TRIA (SBP). Manual de orientação: Commission report. The Lancet,. 2019; (WHO). Overweight and obesity. Gene-

Promoção da atividade física na in- v. 393, n. (10173):, p. 791-846, 2019. va: WHO, 2020. Disponível em: https://

fância e adolescência. Rio de Janeiro: www.who.int/news-room/fact-sheets/


VALERIO, G. et al. Diagnosis, treatment
SBP, 2017. 14 p. detail/obesity-and-overweight
and prevention of pediatric obesity:

ST GEORGE, S. M. et al., Agosto Y, Ro- consensus position statement of the WORLD HEALTH ORGANIZATION

jas LM, Soares M, Bahamon M, Prado Italian Society for Pediatric Endocri- (WHO). Physical status: the use and

G, Smith JD. A developmental casca- nology and Diabetology and the Italian interpretation of anthropometry (WHO

de perspective of paediatric obesity: Society of Pediatrics. Italian Journal of Technical Report Series, 854). Geneva:

A systematic review of preventive in- Pediatrics, v. 44, n. 1, p. 88-109, 2018. WHO, 1995.

terventions from infancy through late


WORLD HEALTH ORGANIZATION WORLD HEALTH ORGANIZATION
adolescence. Obes Rev,. 2020 Feb; v.
(WHO). Guidelines on physical activi- (WHO). WHO child growth standards:
21, n. (2, p.):e12939, 2020.
ty, sedentary behaviour and sleep for length/height-for-age, weight-for-age,

SWINBURN, B. A. , Kraak VI, Allender S, children under 5 years of age. Geneva: weight-for-length, weight -for-height

Atkins VJ, Baker PI, Bogard JR, et al. The WHO, 2019. and body mass index-for-age: methods

Global Syndemic of Obesity, Undernu- and development. Geneva: WHO, 2006.

135

Você também pode gostar