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UFSC 2021
Cuidado da Criança e do Adolescente Expediente
com Sobrepeso e Obesidade Ficha Técnica
na Atenção Primária à Saúde Ficha Catalográfica
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
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Cuidado da Criança e do Adolescente Apresentação do Curso
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
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Cuidado da Criança e do Adolescente Apresentação do Curso
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
vel, aliadas à uma vida mais ativa, cui- da situação e formas práticas de cui-
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
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Obesidade: magnitude,
principais causas
e repercussões em
crianças e adolescentes
Cuidado da Criança e do Adolescente
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Globalmente,
cerca de 40 milhões de
crianças e adolescentes
de 5 a 19 anos apresentam
sobrepeso ou obesidade.
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2006, a Pesquisa Nacional de Demo- que, nos 34 anos decorridos de 1974- 15,9% dos
menores
grafia e Saúde/2006 (BRASIL, 2009) 1975 a 2008-2009, houve incremen-
de 5 anos
mostrou uma prevalência de excesso to significativo das prevalências de
de peso em menores de cinco anos obesidade de 2,9% para 16,6% entre 31,8% das
crianças
igual a 7,3%. No grupo de crianças meninos, e de 1,8% para 11,8% entre
entre 5 e 9 anos
com idade entre 5 e 9 anos, a Pesquisa meninas de 5 a 9 anos de idade. En-
madamente, uma em cada três crian- zes no sexo masculino (de 3,7% para 7,4% dos menores de 5 anos
15,9% dos entre 5 e 9 anos
ças apresentava excesso de peso. 21,7%) e em quase três vezes no sexo
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Individuais Comunitário
31,9% tinham
Escolar
excesso de peso Comportamentais
Social e político
Ambientais
12,0% tinham obesidade Atuam em múltiplos contextos
Considerando todas as crianças brasileiras menores de especial na infância. Crianças com ambos os pais com obe-
dez anos, estima-se que 6,4 milhões tinham excesso de sidade, apresentam cerca de dez vezes mais chances de de-
peso e 3,1 milhões tinham obesidade. Ao considerar todos senvolverem obesidade quando comparadas à crianças com
os adolescentes brasileiros, estimou-se que 11,0 milhões ti- pais que apresentam peso adequado (WHITAKER, 2010).
nham excesso de peso e 4,1 milhões tinham obesidade. A base genética dessa associação refere-se a atuação do
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Acompanhe no infográfico a seguir Dentre os fatores ambientais, cha- agricultura, transporte, planejamento
alguns fatores comportamentais e in- mamos de ambiente obesogênico urbano, meio ambiente, processamen-
dividuais relacionados à obesidade aquele promotor ou facilitador de es- to, distribuição e comercialização de
(DEAL et al.,2020). colhas alimentares não saudáveis e alimentos e não apenas ao comporta-
de comportamentos sedentários, os mento das crianças, de adolescentes
Fatores individuais e quais dificultam a adoção e manuten- e de seus pais e responsáveis.
comportamentais
ção de hábitos alimentares saudáveis Para o cuidado da obesidade, além
associados à obesidade
e a prática regular de atividade física. do apoio aos indivíduos por meio de
A ausência ou curta duração
1 do aleitamento materno; abordagens educativas/comporta-
2 O consumo excessivo de Sabe-se que o principal elemento políticas intersetoriais para reverter a
alimentos ultraprocessados para o aumento da prevalência da natureza obesogênica dos locais onde
densamente calóricos, ricos obesidade nas populações é o am-
em gorduras, açúcares e sódio; biente cada vez mais obesogênico, as crianças, os adolescentes e suas fa-
e não as mutações genéticas. mílias vivem (SWINBURN et al., 2019).
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de suas complicações.
capacidade na idade adulta. enças cardiovasculares, resistência à criança e do adolescente e podem per-
Mas, além de aumentar os riscos insulina, câncer e efeitos psicológicos, manecer a curto, médio e longo prazo.
futuros, crianças e adolescentes com como baixa autoestima, isolamento As principais consequências da obe-
obesidade podem apresentar dificul- social e transtornos alimentares, den- sidade em crianças e adolescentes ao
dades respiratórias, aumento do ris- tre outros (WHO, 2020). longo da vida são de diversas ordens,
co de fraturas e outros agravos ósteo Deste modo, as repercussões da englobando fatores psicológicos e bio-
articulares, hipertensão arterial sis- obesidade acontecem em toda a fase lógicos. Conheça a seguir alguns des-
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• Pseudotumor cerebral • Doença articular degenerativa/artrite
Cuidado da Criança e do Adolescente • Gota
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária Pulmonar
à Saúde
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Reprodutivo
• Asma
• Apneia obstrutiva do sono • Síndrome do ovário policístico
• Infertilidade
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Lazer Urbanismo
Educação Transportes
Cultura Esportes
Abastecimento
Políticas de proteção à maternidade/paternidade (licen-
ça, horário especial reduzido para pais de < de 2 anos)
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tecimento, transportes e a economia, Agora que você já conheceu os principais aspectos sobre a magnitude, causas
de acordo com a figura ao lado. e repercussões do excesso de peso para a saúde das crianças e adolescentes.
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crianças e adolescentes, foi publicado dados com o sono e à saúde mental. Para conhecer o instrutivo, acesse
o link: https://aps.saude.gov.br/bi-
o Instrutivo para o Cuidado da crian- As recomendações aqui apresentadas blioteca/visualizar/MjA1OA==
ça e do adolescente com sobrepeso e podem beneficiar todas as crianças
obesidade no âmbito da APS. O ma- e os adolescentes que frequentam Vamos estudar a seguir, como deve
terial é destinado a apoiar e qualificar as unidades de saúde, assim como o ser feito o diagnóstico do excesso de
o trabalho desenvolvido pelas equi- monitoramento do crescimento e de- peso nesta faixa etária.
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Diagnóstico do sobrepeso
e da obesidade em
crianças e adolescentes
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Caderneta
Perímetro
Peso/Altura da criança e do
Cefálico
adolescente
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ça da classificação do estado nutricio- da OMS, publicadas em 2006 e 2007, e • A linha verde corresponde a um pa-
nal, mas também à velocidade do ganho que estão disponíveis na caderneta da drão ou escore Z igual a 0. A curva
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O percentil é a posição do indivíduo avaliado quando com- nóstico do estado nutricional, é necessário marcar o valor de
parado com a população de referência que foi organizada do IMC (eixo y) e a idade (eixo x), cruzar os valores e fazer a inter-
menor para o maior valor e dividida em 100 partes iguais. Os pretação do estado nutricional. A marcação no gráfico ajuda
percentis variam de zero a 100, sendo o percentil 50 o ponto a mostrar para o indivíduo onde ele está alocado e como vem
O escore-Z situa o indivíduo baseado no ponto médio (me- anos, a classificação com peso acima do adequado contem-
diana da população). Ele indica o quanto aquele indivíduo pla as categorias de risco de sobrepeso até obesidade e para
está distante da maioria. Diferente do percentil, o escore-Z as crianças com idade entre 5 e 10 anos e adolescentes (na
se inicia com valores negativos (-5, -4, -3) até chegar ao zero adolescência também é classificada a obesidade grave).
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Meninas Meninos
Idade >+1 escore Z >+2 escore Z >+3 escore Z >+1 escore Z >+2 escore Z >+3 escore Z
> Percentil 85 > Percentil 97 > Percentil 99,9 > Percentil 85 > Percentil 97 > Percentil 99,9
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Meninas Meninos
Idade >+1 escore Z >+2 escore Z >+3 escore Z >+1 escore Z >+2 escore Z >+3 escore Z
> Percentil 85 > Percentil 97 > Percentil 99,9 > Percentil 85 > Percentil 97 > Percentil 99,9
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Após estudarmos sobre a definição e ses – considerar 7,5 meses – sempre mento para facilitar o diagnóstico. É
funcionalidade do percentil e escore Z na “arredondar” para baixo. muito importante que todas as infor-
avaliação nutricional de crianças e ado- 3. Identifique o sexo da criança: fe- mações de peso e altura registradas
tabelas para ambos os sexos, indicando 4. Com os dados de sexo, idade e da criança e do adolescente.
os valores de IMC para as faixas de es- IMC identifique a classificação do es- O crescimento linear (altura) acon-
core Z e percentil que indicam excesso tado nutricional da criança ou ado- tece durante a infância e a adolescên-
de peso, vamos conhecer como utilizar lescente – uma menina, de 5 anos e cia. Meninos e meninas crescem em
as tabelas. Acompanhe a seguir. 6 meses com IMC= 20,3kg/m2 tem o velocidade e tempos diferentes e, em
1. Calcule o IMC da criança ou adoles- IMC classificado entre +2 e +3 escores ambos os sexos, o pico de crescimento
cente (IMC=Peso (kg)/altura2 (metros) Z, sendo classificada com obesidade. ocorre na adolescência (WHO, 2006).
anos inteiros e o ponto médio entre 34,1 kg/m2 tem o IMC classificado Meninas e meninos
crescem em velocidade
os anos (5 anos e 6 meses). Calcule acima de +3 escores Z, sendo classifi-
e tempos diferentes.
a idade – por exemplo, uma criança cado como com obesidade grave.
E, em ambos os sexos,
com 7 anos e 3 meses – considerar 7 Recomenda-se que esta tabela es- o pico de crescimento ocorre
anos, uma criança com 7 anos e 8 me- teja disponível nas salas de atendi- na adolescência. (WHO, 2003)
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cerca de 2 anos, ocorre a menarca. Nos (WHO, 2006) e saber qual o estágio de
é o aumento do volume testicular, se- tra permite uma intervenção mais efe-
2.2 Crescimento e maturação sexual na te a estatura final, não havendo neces- sexos têm maior velocidade de ganho
adolescência
sidade de tratamento (ROSENFIELD, de peso como forma de guardar ener-
A adolescência é marcada pela fase LIPTON e DRUM, 2009; LI et al, 2017). gia para ser usada na fase de intenso
sexos haverá o desenvolvimento das e a avaliação das fases de maturação deve ser acompanhada e avaliada com
características sexuais secundárias. sexual (estágios de Tanner), para ado- base nas curvas de crescimento a fim
Nas meninas a puberdade inicia-se lescentes, devem ser considerados no de garantir o ganho de peso suficiente
com a telarca (surgimento do broto cuidado da obesidade. A maturação para o estirão e evitar o ganho de peso
mamário), seguida pela pubarca (sur- sexual está diretamente relacionada excessivo. Crianças e adolescentes
gimento dos pelos púbicos) e, após ao crescimento linear do adolescente com obesidade tendem a antecipar o
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que seus pares, o que é acompanhado são avaliados quanto ao tamanho, forma
Na publicação “Proteger e cuidar da
pela maturação da idade óssea (SHA- saúde de adolescentes na Atenção e características; e os pelos púbicos por
LITIN e KIESS, 2017). Básica”, também se encontram os es- suas características, quantidade e distri-
tágios de maturação sexual e outros
Durante a maturação sexual na documentos sobre o tema. Acesse: buição. O estágio 1 corresponde sempre
atingem a sua altura final. É importante que a avaliação dos in- período puberal. O estirão puberal dura
estágio de maturação sexual que o ado- tura e 50% do peso adulto do indivíduo
da maturação sexual é feito pela avalia- você, profissional de saúde, saiba usar a
sexo feminino, e do tamanho dos testí- mento e a avaliação das fases de matu-
culos e pelos púbicos no sexo masculi- ração sexual para que melhore a eficácia
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e a confiabilidade da autoavaliação.
Metas para o cuidado
Para a avaliação dos estágios de
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Organizando o cuidado de
crianças e adolescentes com
obesidade na APS
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o IMC por idade. viduais, coletivas, no território e na co- Essa unidade é destinada a apoiar as
saúde
dado deacrianças
ofertar oe adolescentes com sobrepesomunidade,
e focando na reabilitação mas equipes de saúde podem ofertar o cui-
am diagnosticados com também nas ações de promoção da saú- dado para crianças e adolescentes que
Após os 2 anos de e prevenção de sobrepeso e obesida- já foram diagnosticados com sobrepeso
s e adolescentes com sobrepeso e
A velocidade de crescimento dimi- de realizando avaliação contínua e sis- e obesidade segundo o IMC por idade.
nui e por meio do monitoramento
temática do perfil alimentar e nutricional
nutricional percebe-se com maior
fidedignidade as tendências da de crianças e adolescentes e garantindo
com sobrepeso e
curva de crescimento da criança, a atenção integral àqueles identificados Em todas as etapas da organização
podemos falar de atenção e cuida- e cuidado de crianças e adolescen-
com sobrepeso e obesidade.
do da obesidade. Figura 1: Fluxograma de organização do processo detes com de
cuidado sobrepeso
crianças eeadolescentes
obesidade, écom
Para tanto é imperativo que as ações imprescindível que profissionais de
saúde se posicionem de maneira não
O cuidado de crianças e adolescentes de vigilância alimentar e nutricional es-
preconceituosa e não reproduzam es-
com obesidade deve levar em conside- tejam em curso, com a correta mensu- tigmas em torno do excesso de peso.
ração a humanização, o acolhimento e a ração e interpretação dos dados a fim de
escuta ativa destes indivíduos e suas fa- se atuar de maneira precoce e oportuna. A seguir, apresentamos o fluxograma
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sobrepeso
sobrepeso
e obesidade
e obesidade
na APS.
na APS.
Fluxograma de organização do processo de cuidado de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade na APS
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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Agora que já conhecemos o fluxogra- identificação da criança ou adolescente adolescentes com obesidade. Alguns
ma de organização do processo de cui- com excesso de peso pode ser feita em programas desenvolvidos em parceria
dado de crianças e adolescentes com todas as oportunidades em que ela for entre saúde e educação, já preveem o
sobrepeso e obesidade na APS, vamos à Unidade Básica de Saúde (UBS), nas monitoramento do peso, altura e os há-
nos aprofundar na identificação, abor- consultas programadas de acompanha- bitos alimentares dos escolares, que, ao
dagem, avaliação inicial e estratificação mento do crescimento e desenvolvimen- serem diagnosticados com excesso de
de risco de crianças e adolescentes com to, durante o acompanhamento das con- peso, devem ser encaminhados para a
obesidade. dicionalidades de saúde do Programa APS. Formas mais leves de excesso de
Bolsa Família (PBF) e até na busca ativa peso (sobrepeso) têm melhor evolução
3.2 Identificação das crianças e
adolescentes com sobrepeso e feita pela Equipe Saúde da Família (ESF). para a normalização do estado nutricio-
obesidade A escola também é um espaço im- nal quando a intervenção se inicia em
Para a atenção à criança e adolescen- portante para identificar as crianças e tempo oportuno, o que reforça a neces-
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informações (idade, peso, altura e IMC) para identificação das causas e rever-
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• A equipe inclui no seu processo de trabalho o cuidado crianças e adolescentes, explicando a trajetória do estado
voltado às crianças e adolescentes identificadas com nutricional.
sobrepeso e obesidade?
Além das curvas de crescimento as cadernetas apresen-
• As Cadernetas de Saúde estão disponíveis para os usuá- tam uma série de informações, entre elas as de alimentação
rios e são utilizadas no acompanhamento das condições
de saúde, nutrição, crescimento e desenvolvimento? adequada e saudável de acordo com cada fase do curso da
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Para saber mais sobre o estado nu- são ao tratamento proposto. pre que houver danos a sua saúde ou
tricional e consumo alimentar de Crianças dependem de adultos a terceiros.
crianças e adolescente acompa-
nhados pelo SISVAN acesse os rela- para frequentar as atividades, não A distância entre a casa e a unidade
tórios públicos: podendo ser atendidos sozinhos. Os de saúde, o tempo de deslocamento, a
http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/
relatoriopublico/index adolescentes a partir dos 12 anos, tem necessidade de uso de transporte para
direito de ser atendido sozinho, e caso acessar a unidade são fatores cruciais
A formação e o fortalecimento do queira pode ser atendido desacompa- para que o usuário continue acom-
vínculo entre a criança, adolescente e nhado de seus pais ou responsáveis. panhando as ações propostas pelas
sua família e a equipe de saúde é um Abaixo de 12 anos, não deve ser nega- equipes de saúde. Horários alternati-
processo contínuo e são fatores im- do atendimento caso ele esteja sozi- vos podem ser pensados para que os
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responsáveis possam garantir a ida realizadas e de forma que também secundárias, como: doenças gené-
das crianças às unidades, por exemplo. possibilite investigar a época de iní- ticas, endócrinas, lesões do sistema
Pensando no acolhimento e na hu- cio de ganho de peso excessivo ou nervoso central ou ainda causas ia-
avaliar como a criança ou o adoles- como se evoluiu ao longo do tempo e Para conhecer mais sobre as cau-
cente chegou ao serviço ou à consulta como a procura pelo serviço de saúde sas secundárias de obesidade na in-
para tratamento da obesidade, se foi é compreendida pela criança ou ado- fância e adolescência, acompanhe o
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Causas hipotalâmicas
Induzidas pelo uso de
medicamento • Tumor
• Após cirurgia cerebral/ra-
• Antidepressivos tricíclicos
diação (craniofaringioma)
• Glicocorticóides
• Síndrome de ROHHAD/RO-
• Medicamentos antipsicóticos
ADNET
• Medicamentos antiepilépticos
• Sulfonilureas
Endócrinas
Síndromes • Hipotiroidismo
• Prader-Willi • Excesso de glicocorticóide
• Bardet-Biedl (síndrome de Cushing)
• Cohen • Deficiência no hormônio
• Alström de crescimento
• Albright hereditary • Pseudo-hipoparatireoidismo
• Osteodystrophy
• Beckwith-Wiedemann
• Carpenter
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Prematuridade;
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avelulada (acantose nigricans), si- mental e pode relacionado à altera- incluem os hábitos alimentares, a prá-
nais de automutilação ou de violên- ções no crescimento linear (estatu- tica regular de atividade física, com-
cia, como hematomas e traumas. ra) e alterações no ganho de peso portamento sedentário, padrão de
• Observar se há estrias violáceas, (déficit ou excesso), caso não ocor- sono, saúde mental e a influência do
acne e outros sinais que possam ra pode-se investigar o hipotireoi- ambiente sobre as condições de vida
• Nas adolescentes com sobrepe- volvimento mental com síndromes a partir desse conjunto de componen-
e hirsutismo (aumento de pelos dados para rastreio de comorbida- Com base nestas informações, é
na mulher em locais normalmen- des nas crianças e adolescentes com feita a estratificação do risco de acor-
te desprovidos de pelos) , além de obesidade devem incluir dosagens de do com a classificação do IMC e pre-
alterações do ciclo menstrual, que glicemia de jejum, colesterol total e sença de comorbidades conforme
podem sugerir a síndrome dos ová- frações, triglicérides, e enzimas hepá- descrito no infográfico a seguir:
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IMC-para-idade. IMC-para-idade.
Avaliação dos hábitos de alimentação, atividade física, com- Orientações de alimentação adequada e saudável, ati-
portamento sedentário, sono e aspectos da saúde mental. vidade física, comportamento sedentário, sono, saúde
Orientações de alimentação adequada e saudável, ati- mental e as influências ambientais na formação dos
vidade física, comportamento sedentário, sono, saúde hábitos de vida das crianças e adolescentes.
mental e as influências ambientais na formação dos Orientações de alimentação adequada e saudável, ativida-
hábitos de vida das crianças e adolescentes. de física, comportamento sedentário, sono e saúde mental.
(pactuação de metas).
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Avaliação dos hábitos de alimentação, atividade físi- Realizar exames para rastreio de comorbidades, como
ca, comportamento sedentário, sono e aspectos da aferição da pressão arterial e exames bioquímicos de
atividade física, comportamento sedentário, sono, comportamento sedentário, sono e aspectos da saúde
ção dos hábitos de vida das crianças e adolescentes. Orientações de alimentação adequada e saudável,
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saúde mental e as influências Por fim, é importante que se ava- glicêmicas, da pressão arterial e do
ambientais na formação dos lie as percepções e motivações da perfil lipídico), deve-se manter monito-
hábitos de vida das crianças e criança/adolescente e seus pais/cui- ramento contínuo do crescimento na
adolescentes. dadores para as mudanças compor- Caderneta de Saúde e devem ser feitas
dança do comportamento gramadas nas ações e metas de cada física, comportamento sedentário, sono
(pactuação de metas). indivíduo. A motivação para adesão a e saúde mental, conforme as necessi-
Organizar o cuidado com con- um modo de vida saudável, principal- dades observadas durante a anamnese
sultas individuais e inserção mente para mudanças de longo prazo, feita na primeira consulta.
nas atividades coletivas oferta- é um grande desafio. Algumas estra- As crianças e adolescentes com
das pela unidade de saúde. tégias, como a entrevista motivacio- diagnóstico de sobrepeso e comorbida-
Avaliar a necessidade e possi- do, para as crianças e adolescentes disciplinar adequado, integral e longitu-
bilidade de encaminhamento identificados com sobrepeso e que não dinal, por meio de abordagens individu-
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Orientações para abordagem
de crianças e adolescentes
com excesso de peso e
comorbidades ou obesidade
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aspectos.
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peso adequado também devem rece- • Orientações de alimentação adequada e saudável, atividade física,
ber abordagem para manutenção do comportamento sedentário, sono, saúde mental e as influências am-
estado nutricional adequado. Veja a bientais na formação dos hábitos de vida das crianças e adolescentes.
tação dessas ações nas unidades de saúde, a primeira ação que deve ser realizada
nas unidades de saúde é um mapeamento dos recursos da unidade para dar res-
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• Além do diagnóstico individual, a • Quais as atividades a unidade já • A equipe de saúde sabe quan-
unidade analisa o diagnóstico cole- oferece para crianças e adoles- tas crianças e adolescentes com
tivo de vigilância alimentar e nutri- centes e se há grupo operativos obesidade existem no território?
cional? para essa faixa etária? Se sim, • Qual micro área concentra a
• Existe mapeamento do ambiente quais temáticas abordam? Há no maior parte dessas crianças e
alimentar da comunidade? O diag- território ou na Rede de Atenção adolescentes? Como é o am-
nóstico coletivo do estado nutri- à Saúde um serviço especializado biente alimentar no território?
cional e o mapeamento do ambien- que possa dar suporte aos casos • Qual tipo de alimentação tem
te alimentar são discutidos com a mais graves? sido oferecida pela escola?
equipe? E com a comunidade? • Além da equipe de Atenção Primá- • A equipe de saúde conta com pro-
ria há suporte de equipe multipro- fissional de educação física?
fissional ou outros profissionais • Quais atividades são oferecidas
para ampliar as possibilidades de pela equipe de saúde ou pela se-
cuidado? cretaria de esportes no territó-
• A Unidade tem a Estratégia Ama- rio? Onde as atividades aconte-
menta e Alimenta Brasil imple- cem? Em quais horários? Quais
mentada e ações conjuntas com opções podem ser oferecidas
as escolas como o Programa Saú- para as famílias, dentro desse
de na Escola? contexto?
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na pronta oferta de cuidado para os Saúde (PICS), apoio psicossocial e será a adesão e o resultado. Além da
usuários que estão com obesidade demais atividades intersetoriais para periodicidade dos encontros, é impor-
como na organização de novas ativi- complementar o cuidado. Elas devem tante fortalecer o vínculo e pensar em
dades para ampliar e qualificar a ação ser longitudinais e acompanhar todo outras estratégias de abordagem que
ofertada para crianças e adolescentes o processo de cuidado, considerando não a atividade presencial nas unida-
com obesidade. também o calendário mínimo de con- des de saúde para encurtar o interva-
A abordagem individual pode ser sultas da criança e do adolescente lo entre as consultas (como ligações,
realizada pelo médico, enfermeiro, para monitoramento do seu cresci- mensagens de texto, grupos de whatt-
de educação física, de acordo com a O acompanhamento deve ser a lon- des sociais, etc).
disponibilidade local destes profissio- go prazo e a frequência e o tempo de Nas figuras à seguir temos boxes
nais. A abordagem transversal inclui acompanhamento devem ser adap- com proposta de organização da pe-
a alimentação adequada e saudável, tados à situação e necessidade da riodicidade das atividades de acompa-
a prática de atividade física, Práticas criança ou adolescente. Quanto mais nhamento organizado em 24 meses.
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Consulta inicial de avaliação Consulta individual ou atividade coletiva. Consulta individual e avaliação do peso e
e acolhimento – levanta- altura do estado nutricional e comparação
mento geral de informações. Avaliação do peso e altura. com as medidas anteriores.
Avaliação do estado Comparação com as medidas anteriores. Revaliação do consumo alimentar, ativida-
nutricional (peso e altura), de física regular, comportamento sedentá-
Retomada das orientações e pactuações
classificação do estado rio e sono.
realizadas na consulta anterior (avaliação
nutricional.
da adesão). Reavaliação de questões de saúde mental.
Avaliação do consumo
alimentar, atividade física Reforço positivo – independente da Retomada das orientações e pactuações
regular, comportamento adesão realizadas na consulta anterior (avaliação
sedentário e sono. da adesão).
Conforme a aderência às recomendações
Investigação de questões e pactuações, se: Reforço positivo – independente da
de saúde mental. Sim – avança. Não – retoma, avalia, refor- adesão.
ça ou rever a estratégia. Conforme a aderência as recomendações
Definição e pactuação
de metas com a criança e pactuações, se:
ou adolescente e seus res- Ao final de 24 meses avaliar globalmen- Sim – avança.
ponsáveis. te todas as atividades realizadas e Não – retoma, avalia, reforça ou rever a
avaliação da alta ou reencaminhamento. estratégia.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4
4.2 Estigma e discriminação no cuidado de to de outros de que ele possuiu alguma balho, escolas e serviços de saúde.
crianças e adolescentes com obesidade
questão ou inferioridade. Na obesidade Os tipos de estigma estão descritos
No processo de cuidado, devem o estigma está muito presente, desde os a seguir e devem ser compreendidos
ser considerados os determinantes primeiros anos de vida e pode afetar as e superados no cuidado de crianças
e condicionantes do sobrepeso e da pessoas que vivem com obesidade de e adolescentes com obesidade:
ou sua família. Como já foi falado an- estigma vão desde o sofrimento men-
que algumas pessoas pensam, não é de, evasão escolar, entre outros.
O estigma é um atributo negativo ou acabar com o estigma da obesidade ticas negativas e estereótipos de manei-
que deprecia um indivíduo, tornando-o e apontam para o estigma pratica- ra automática, feitas de maneira incons-
diferente ou inferior pelo entendimen- do pelas famílias, nos locais de tra- ciente, sem percepção de quem o faz.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4
Incluem generalizações que indi- Ocorre quando os indivíduos com so- cente que está com excesso de peso
víduos com sobrepeso ou obesidade brepeso e obesidade desenvolvem em si requer um cuidado multicomponente
são preguiçosos, glutões, sem força de mesmos a autoculpa e estigma por con- que associe envolvimento da família,
vontade e autodisciplina, incompeten- ta do seu peso. Internalização inclui a estratégias de mudanças comporta-
tes, desmotivados para melhorar sua aceitação e a aplicação desses estereó- mentais e intervenções na alimenta-
saúde, agem em desacordo com o tra- tipos a si mesmo e autodesvalorização. ção e no ambiente em que a criança
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4
bem estar mental e melhora da quali- 4.3 Pais e cuidadores no cuidado de crianças tamento sedentário e de sono) por meio
e adolescentes com obesidade
dade de vida. de seus próprios comportamentos (mo-
A adoção de hábitos saudáveis pre- As metas para as mudanças com- delagem social) e por meio das práticas
cisa ser vista como uma oportunidade portamentais e de estilo de vida devem parentais como controlar a disponibili-
de cuidar de toda a família e deve ser ser realistas, negociadas e factíveis com dade e acessibilidade a alimentos den-
feita por todos da casa e não apenas a realidade das crianças/adolescentes e tro do domicílio (especialmente na res-
pelas crianças/adolescentes que es- suas famílias e visam mudanças grada- trição da disponibilidade de alimentos
tão com obesidade. tivas e sustentáveis a longo prazo. ultraprocessados), monitorar o tempos
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4
esperados, com o reforço positivo para e, por isso, devem abordar essa questão
a cada mudança que eles consigam re- um ambiente favorável a adoção de uma Por isso, o envolvimento dos pais ou
alizar. Além disso, também os pais ou alimentação saudável, prática regular de cuidadores e de toda a família é fun-
responsáveis devem evitar reproduzir atividade física, redução do compor- damental para a promoção de modos
discriminações no ambiente domiciliar, tamento sedentário e boas práticas de de vida saudáveis. Tanto na prevenção
focando a mensagem em adoção de sono, sem exigir alterações no peso da quanto no tratamento da obesidade en-
modelos de vida mais saudáveis, para criança ou adolescente. tre crianças e adolescentes, os pais são
que crianças e adolescentes não se O profissional de saúde deve consi- vistos como agentes de apoio e pro-
sintam estigmatizados dentro de casa derar que crianças e adolescentes com moção para as mudanças desejadas.
(PFEIFFLÉ et al., 2019). excesso de peso tenham vivenciado Cumpre destacar, que com o aumento
Desse modo, pais e cuidadores de- experiências ruins no âmbito familiar e da idade, há uma redução da influência
vem ser orientados a propiciar em casa social como comentários ou suposições da família e o aumento da influência do
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4
ambiente externo (escola, amigos, ca- Cabe destacar que o adolescen- mediante dificuldades de acesso aos
racterísticas do bairro em que vivem) te deve ser parte ativa das ações de demais pontos da rede. As situações
(SMITH et al., 2018). saúde, cabendo à equipe atendê-lo que demandam encaminhamento
de forma desprovida de autoritarismo para atenção especializada, são:
e de soluções prontas. Faz parte do
Pais, cuidadores e toda a família acompanhamento resgatar a sua au- Causas secundárias (endócri-
devem ser orientados e reforçar às nas, genéticas)
toestima para que se possa promover
crianças e adolescentes sobre as Obesidade grave
influências do ambiente externo so- o desenvolvimento de sua autonomia
com presença de
bre o comportamento alimentar e (BRASIL, 2014). comorbidades
um estilo de vida mais saudável.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4
fechos desejáveis no cuidado da crian- Substituição gradual e constante de tempo sedentário por tempo ativo;
ça e do adolescente com obesidade.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 4
60
UN 5
Cuidado multicomponente:
avaliação, recomendações
e como colocar em prática
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
Alimentação
Atividade física
Comportamento sedentário
Sono
Saúde mental
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
5.1 Alimentação o equilíbrio, a moderação e o prazer. 2006, o qual teve sua segunda edição
A promoção da alimentação ade- Ainda, alimentação deve ser acessível publicada em 2014. O guia enfatiza
quada e saudável faz parte da promo- financeiramente, e obtida por meios de a promoção da saúde e a prevenção
ção de saúde e envolve estratégias produção adequados e sustentáveis de doenças, estimulando comporta-
para o incentivo de práticas alimenta- (BRASIL, 2014). Esta definição, ado- mentos alimentares saudáveis e fun-
res saudáveis. tada pelo Ministério da Saúde, está damenta-se em recomendação que
A alimentação adequada e saudável em acordo com a Política Nacional valorizam a autonomia das pessoas
é compreendida como o direito huma- de Segurança Alimentar e Nutricional, sobre suas escolhas alimentares, bem
no básico de ter acesso permanente no que se refere à adequação cultural, como a cultura e os sistemas alimen-
e regular, de forma socialmente justa, social e econômica da alimentação. tares locais. Neste guia é proposta
a uma alimentação adequada. Devem O Ministério da Saúde lançou o Guia uma classificação dos alimentos a
ser considerados os aspectos bioló- Alimentar para População Brasileira partir do seu grau de processamento,
gicos e socioculturais, a quantidade como instrumento de promoção da na qual vamos nos aprofundar mais.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
5.1.1 Classificação dos alimentos Ressalta-se que o tipo de proces- de processamento dos alimentos.
segundo o Guia Alimentar
samento adotado na produção dos ali- A classificação NOVA estabelece
Para compreendermos as recomen- mentos interfere no perfil de nutrientes quatro categorias de alimentos, se-
dações gerais de alimentação saudá- e no sabor, bem como influenciam o gundo o tipo de processamento uti-
vel, vamos estudar sobre os grupos de conjunto de alimentos que serão con- lizados na produção: alimentos in
acordo com o nível de processamento, qual local, quando e com quem, além de ingredientes culinários, alimentos
proposta pelo Guia Alimentar para Po- influenciar na quantidade de alimento processados e alimentos ultrapro-
pulação Brasileira, também chamada de ingerida. Destaca-se ainda, o impacto cessados. Para conhecer a definição
classificação NOVA. ambiental e social relacionado ao grau e exemplos de cada um dos grupos,
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
são alimentos in natura que antes de de cozinha refinado ou grosso; açúcar Alimentos ultraprocessados
serem adquiridos sofreram mínimas de mesa, mel e rapadura; óleos vegetais
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
DIET
UN 5
LIGH
T
tar). Alimentos ultraprocessados são macarrão e temperos instantâneos; de processamento, vamos aprofundar
ricos em açúcar, gordura, sódio ou pre- molhos prontos; margarina; salgadi- nossos estudos na diferenciação dos
sença de edulcorantes. São exclusivos nhos de pacote; bebidas adoçadas não alimentos processados e ultraprocessa-
dos ultraprocessados a presença de carbonatadas (refrescos) e bebidas dos, bem como nos produtos diet e light.
ou raro uso culinário (açúcar inverti- tes); iogurtes e outras bebidas lácteas
do, frutose, xarope de milho, glúten, fi- adicionadas de corantes e ou aroma- Alimentos similares
bra solúvel ou insolúvel, maltodextrina, tizantes; produtos congelados e pron- estão sempre na mesma
categoria? (processado
proteína isolada de soja, óleo interes- tos para aquecimento como pratos de x ultraprocessado)
terificado) e ou de aditivos cosméticos massas, pizzas, hambúrgueres e extra-
alimentares (corantes, aromatizantes, tos de carne de frango ou peixe, em- Pães e produtos panificados tornam-
realçadores de sabor, emulsificantes, panados do tipo nuggets, salsichas e -se alimentos ultraprocessados quando,
espessantes, adoçantes). Exemplos: outros embutidos; pães de forma, pães além da farinha de trigo, leveduras, água
biscoitos doces e salgados; sorvetes, para hambúrguer ou cachorro quente. e sal, seus ingredientes incluem subs-
balas, chocolate e guloseimas em ge- Agora que você já conhece a classifi- tâncias como gordura vegetal hidroge-
ral; cereais matinais e barras de cere- cação NOVA e definição de cada um dos nada, açúcar, amido, soro de leite, emul-
al; bolos e misturas para bolo; sopas, grupos de alimentos, segundo o grau sificantes e outros aditivos.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
Outros exemplos são o iogurte e o Uma forma prática de distinguir ali- emulsificantes, adoçantes, espessantes,
molho de tomate. Em suas versão pro- mentos ultraprocessados de alimentos agentes antiespuma, de volume, carbo-
cessada, o iogurte leva apenas leite e processados é consultar a lista de in- natantes, espumantes, gelificantes etc)
fermento lácteo, já quando é ultrapro- gredientes que, por lei, deve constar dos indicam que o produto pertence à cate-
cessado, leva açúcar e/ou edulcorantes, rótulos de alimentos embalados que goria de alimentos ultraprocessados.
espessantes, corantes, saborizantes, etc. possuem mais de um ingrediente. Ali-
DIET
O molho de tomate processado, em mentos ultraprocessados possuem lis- E os produtos diet e light?
LIGH
T
geral leva tomates, sal e - em alguns tas de ingredientes muito extensas com
casos - temperos naturais, como alho, nomes pouco familiares. A presença de e gorduras (manteiga, gordura de porco
cebola, orégano, manjericão. Quando substâncias alimentares nunca ou rara- e gordura de coco); féculas e vinagre.
se trata de um produto ultraprocessado, mente usadas em cozinhas domésticas Versões reformuladas desses pro-
pode ser acrescido de espessantes, aro- (xarope de milho rico em frutose, gordu- dutos (ultraprocessados), são às vezes
matizantes, realçadores de sabor, etc. ras hidrogenados ou interesterificados, denominadas light ou diet. Entretanto,
67
DIET
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
do de açúcar ou vice-versa. Ou quando 5.1.2 Avaliação e recomendações para intervir na qualidade da alimentação,
alimentação no cuidado de crianças
se adicionam fibras ou micronutrientes é importante garantir o envolvimento
e adolescentes com sobrepeso e
sintéticos aos produtos, sem a garantia obesidade familiar no processo de mudança e
de que o nutriente adicionado reproduza orientar para práticas parentais que
A intervenção na alimentação tem
no organismo a função do nutriente na- propiciem a formação de hábitos ali-
como objetivo fomentar uma alimen-
turalmente presente nos alimentos. mentares saudáveis.
tação mais saudável, estimulando o
O problema principal com alimen- Para orientar as práticas de alimen-
comer prazeroso, saudável e nutri-
tos ultraprocessados reformulados tação adequada e saudável de crian-
cionalmente equilibrado, a partir da
é o risco de serem vistos como pro- ças e adolescentes, o Ministério da
redução no consumo de alimentos ul-
dutos saudáveis, cujo consumo não Saúde lançou o Guia Alimentar para
traprocessados, e do aumento no con-
precisaria mais ser limitado. A publi- Crianças Menores de 2 anos (BRASIL,
sumo de alimentos in natura e mini-
cidade desses produtos explora suas 2019b) e o Guia Alimentar para Popu-
mamente processados, além de água;
alegadas vantagens diante dos pro- lação Brasileira (BRASIL, 2014) que
ação essa que naturalmente já auxilia
dutos regulares (“menos calorias”, contempla crianças maiores de 2 anos
na redução da velocidade de ganho de
“adicionado de vitaminas e minerais”), de idade e adolescentes. Acompanhe
peso e na redução do risco de desen-
aumentando as chances de que sejam a seguir algumas das recomendações
volver outras comorbidades. Além de
vistos como saudáveis pelas pessoas. gerais publicadas nestes guias.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
Crianças menores • Zelar para que a hora da alimenta- dos e preparações culinárias, como
de 2 anos
ção da criança seja um momento de o arroz, feijão, verduras e legumes
• Amamentar até os 2 anos ou mais, experiência positivas, aprendizados no almoço e jantar, e de frutas nos
oferecendo somente leite materno e afeto junto da família. intervalos entre as refeições;
até 6 meses. • Prestar atenção aos sinais de fome • Evitar o consumo de alimentos ul-
nimamente processados, além do lei- • No almoço e jantar, prefira consumir a • Diminuir o consumo de bebidas
• Não oferecer alimentos ultrapro- • Aumentar o consumo verduras e le- • Aumentar o consumo de água, frutas
cessados, açúcar nem preparações gumes no almoço e no jantar; e preferir comer as frutas inteiras ao
ou produtos que contenham açúcar • Consuma frutas nos lanches entre o invés de beber sucos de frutas nos in-
• Oferecer água própria para o consu- • Nenhum alimento deve ser proibido,
mo à criança em vez de sucos, refri- Crianças maiores de mas deve-se enfatizar que os ultra-
gerantes e outras bebidas açucara- 2 anos e adolescentes processados não devem fazer parte
das e não oferecer sucos de frutas à • Aumentar o consumo de alimentos do consumo alimentar diário.
criança menor de 1 ano. in natura, minimamente processa- • Realizar 5 refeições por dia em ho-
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
rários regulares e oportunos (café os alimentos, como lanches, em cessados a fim de ajudar na interven-
da manhã, almoço e jantar e dois quantidades individuais, a partir ção para a melhoria da alimentação da
lanches). Evitar “beliscar” entre as de grandes pacotes (embalagens criança ou adolescente com obesidade.
• Mastigar bem os alimentos e co- (como bolos por exemplo), e colo- faz parte da atenção à saúde, no nível
mer devagar, saboreando a comi- cá-las em recipientes menores ou de Atenção Primária à Saúde, e deve
da e prestando atenção aos sinais utilizar a embalagem de porção ser realizada pelas equipes de Saúde da
• Reduzir a frequência da realização 5.1.2.1 Marcadores de consumo alimentar tricionistas das eNASF-AP - Equipe do
de refeições em frente à televisão Alguns hábitos alimentares podem Núcleo Ampliado de Saúde da Família
e outras telas. ser avaliados por meio do formulários de e Atenção Primária e demais equipes
As famílias devem ser ensinadas tadas são uma ferramenta para avaliar Para acessar os formulários clique
sobre o tamanho de porções ade- o consumo de alimentos in natura, mi- em: https://sisaps.saude.gov.br/
sisvan/documentos
quadas e incentivadas a porcionar nimamente processados e os ultrapro-
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
Agora que você acessou e conheceu os formulários de nais da saúde, mas também da sua família, comunidade
marcadores de consumo alimentar do Sistema de Vigilância e da empresa onde trabalha. É preciso que o profissional
Alimentar e Nutricional (SISVAN), conheça os marcadores de identifique as principais dificuldades e barreiras encon-
consumo. Os marcadores de consumo, bem como estraté- tradas pela mãe durante o processo de amamentação.
gias de apoio para colocar as recomendações em prática, Neste sentido, o Guia Alimentar para crianças brasileiras
estão listados a seguir. menores de dois anos (BRASIL, 2019b) é um importante
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
Consumo de alimentos ultra- Como colocar em prática: semanal, etc.), preparo das refeições
processados • Incentivar o ato de preparar e cozi- e organização e limpeza da cozinha.
Crianças com 2 anos ou mais e
nhar refeições em casa usando ma- Os adolescentes podem, inclusive,
adolescentes
• Ontem a criança ou adolescente joritariamente alimentos in natura e ser incentivados a preparar algu-
consumiu:
minimamente processados. A cozi- mas refeições, ampliando a autono-
• Hambúrguer e/ou embutidos
(presunto, mortadela, salame, lin- nha é um espaço de promoção da mia deles para escolhas de opções
guiça, salsicha)? saúde, de fortalecimento das cul- alimentares mais saudáveis.
• Bebidas adoçadas (refrigeran-
turas tradicionais, de reformulação • Orientar as crianças/adolescentes
te, suco de caixinha, suco em pó,
água de coco de caixinha, xaro- das relações familiares e de forta- e suas famílias a identificarem os
pes de guaraná/groselha, suco de
lecimento de vínculos afetivos. Para alimentos ultraprocessados, a se-
fruta com adição de açúcar)?
• Macarrão instantâneo, salgadi- isso, os pais podem envolver as rem evitados, a partir da leitura do
nhos de pacote ou biscoitos sal- crianças e os adolescentes no pla- rótulo e da lista de ingredientes.
gados?
• Biscoito recheado, doces ou gu- nejamento (exemplo: lista de com- Importante destacar que o con-
loseimas (balas, pirulitos, chiclete, pras, levantamento dos insumos da sumo dos ultraprocessados não é
caramelo, gelatina)?
despensa, checagem dos prazos de proibido, partir do segundo ano de
validade dos itens, pesquisa de no- vida, mas deve ser evitado. Assim,
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
adolescente e sua família a frequência e a quantidade de • Lembrar sempre que as preferências alimentares da fa-
consumo destes alimentos (não mais que uma porção mília influenciam diretamente no padrão alimentar das
conforme a indicação da embalagem por vez) e como fa- crianças e adolescentes, desse modo, a família deve se
zer escolhas alimentares mais saudáveis. atentar ao exigir, por exemplo, que apenas a criança au-
• Orientar os pais sobre o papel deles como modelo de mente o consumo de frutas e hortaliças enquanto os de-
comportamento alimentar para criança e o adolescente. mais membros da família não seguem essa recomenda-
As crianças aprendem muito assistindo e ouvindo o que ção. O acompanhamento da criança e adolescente com
acontece ao seu redor, e a formação do comportamento excesso de peso deve ser encarado como uma oportuni-
alimentar saudável se inicia desde cedo. dade de aprimorar o padrão alimentar de toda a família.
processados em casa.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
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UN 5
preferência a compra de alimentos razoável de alimentos como frutas, sair da mesa, mas não ofereça ali-
nas feiras livres e varejões (locais legumes e verduras, ou temperos e mentos ou bebidas alternativas até
alimentos in natura e minimamen- • Algumas crianças podem apresen- nejado. Quando estiver com fome,
te processados), além de incentivar tar um padrão de apetite irregular e ofereça a próxima refeição.
que as crianças e adolescentes os exigente quanto às suas preferên- • Orientar e estimular as crianças/
acompanhem nestes momentos. cias. É importante que os adultos adolescentes e suas famílias para
• Avaliar a possibilidade junto com tenham paciência e continuem a que tenham um olhar crítico em re-
os pais e cuidadores da criação de oferecer alimentos que foram recu- lação ao marketing e publicidades
uma horta, mesmo que pequena, sados anteriormente em formas de de alimentos na televisão, na in-
plantada nos quintais das casas preparo diferentes e ofereça novos ternet, em supermercados e outros
ou em vasos pendurados em mu- alimentos junto com alimentos nor- pontos de venda.
ros, paredes ou apoiados em lajes malmente bem aceitos. Defina um • Dar conselhos práticos para as famí-
ou sacadas ou varandas de aparta- limite de tempo de 20 a 30 minutos lias sobre como promover as prefe-
mento. Ter uma pequena horta em para uma refeição. Após esse pe- rências por alimentos in natura ou mi-
casa pode ser uma maneira de ob- ríodo, remova todos os alimentos nimamente processados e a aceitação
ter, a baixo custo, uma quantidade não consumidos e deixe a criança de novos alimentos pelas crianças.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
Apresentamos algumas sugestões mentos diferentes, fazendo-as ter e lanches entre as refeições principais.
para pais e cuidadores com o intui- vontade de experimentar e ajudar a • Os adolescentes e as crianças (de-
verduras e legumes de crianças e ado- • Mantenha sempre frutas em um re- limpar, descascar e cortar as frutas,
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
companhia evitam que se coma rapidamente e favorece o biente escolar e o comportamento em relação à alimentação,
prazer durante as refeições. As refeições devem ser momen- tanto dos pais quanto dos filhos, são relevantes e devem ser
tos agradáveis, onde todos possam interagir e comer juntos. investigados pelo profissional de saúde durante o atendimento.
• Orientar sobre a restrição do uso de telas (televisão, apare- Vamos conhecer as principais questões e orientações que po-
lhos celulares, tablets e jogos eletrônicos) durante as refei- dem ser aplicadas no atendimento clínico de crianças e adoles-
ções em família para que todos possam se atentar ao que centes. Acompanhe a seguir.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
termine toda a comida que está em • Você usa de força física com a
seu prato? Ou é permitido parar de criança para que ela coma (por
alimentos ou outras coisas como feira para que ela possa conhecer
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
• Práticas parentais que devem ser evitadas: práticas de restrição (proibir a rentes para crianças com e sem
criança ou adolescente de comer certos alimentos), controle (quando apenas excesso de peso que coabitam: a
os pais/cuidadores tomam as decisões sobre a alimentação da criança com alimentação deve ser igual para
pouca consideração por suas escolhas e preferências), recompensa/punição todos na casa. Também é impor-
(oferecer/retirar alimentos em troca de bom comportamento) e pressão para tante envolver a criança na compra
comer (forçar a criança a comer determinados alimentos). Estas práticas es- dos alimentos, para que ela conhe-
tressam e podem prejudicar a regulação interna dos sinais de fome e sacie- ça os alimentos e possa participar
dade, ter impacto negativo na formação de hábitos alimentares de crianças/ da escolha dos alimentos a serem
adolescentes, além de poder contribuir para o desenvolvimento de compor- comprados, desde que saudáveis.
tamentos como comer escondido e comer em excesso por medo de não ter
tos que estão disponíveis. Ensine que, para uma alimentação saudável, ela(e)
cereais e tubérculos, carnes, leite e seus derivados), mas ofereça opções den-
tro dos grupos, para que ela(e) possa escolher aqueles que mais a agradam.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
Comportamento Alimentar ção, escuta e carinho em vez de comida, e devem ser incen-
zes, em resposta a sentimentos e emoções? 5.1.2.3 Reconhecimento dos sinais de fome e saciedade
• Orientar os pais sobre a capacidade das crianças de au- so e obesidade, é fundamental a diferenciação entre a fome
to-regular a ingestão calórica, desestimulando o hábito física e a fome psicológica (comer emocional). A fome psi-
de forçar as crianças a terminar as refeições sem fome. cológica é compreendida pelo desejo de comer causado por
• As crianças/adolescentes devem ser confortados com aten- emoções, como estresse, tédio, tristeza ou felicidade. Há au-
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
sência de sinais físicos (estômago cal- nal. Algumas dicas para “driblar” a fome mer com calma, devagar, saboreando
mo) e geralmente, não se passou tanto emocional são, procurar se distrair ao a comida, de preferência à mesa junto
tempo desde a última refeição. Não é sair da cozinha, manter as mãos ocupa- com a família e sem distrações como
específica, mas envolve a necessidade das, deitar, dormir, ler, fazer atividades fí- assistir televisão ou manusear apare-
de comer algo gostoso. A comida não sicas, entre outras. Ou buscar atividades lhos eletrônicos ou ler enquanto come.
sacia e satisfaz totalmente. que tragam conforto, como relaxar, res- Para avaliar a diferença entre a fome
A fome física é definida pela presen- cala da Fome. Este instrumento é útil
fome cresce aos poucos. Qualquer ali- parar de comer durante o dia. Neste
Quando se identificar que a fome é
mento que se tenha disponível e que instrumento de automonitoramento,
emocional, deve-se orientar que pro-
a pessoa goste pode matar a fome. deve ser anotado em qual número da
vavelmente o que a criança ou adoles-
Comer traz saciedade e satisfaz. Na escala que estava antes de se iniciar a
cente precisa não é comida e deve estar
presença de fome física, deve-se co- refeição e em qual número da escala
relacionado a um componente emocio-
81
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
que está após a finalização da refeição. Escala de fome Comer refeições regulares pode tam-
Quando for comer alguma coisa, deve- bém ajudar no reconhecimento dos si-
1 Faminto, fraco, tonto.
-se avaliar a fome em uma escala de 1 a nais de fome e saciedade. Na hora de
Muita fome, irritadiço,
10, sendo 1 fome e 10 tão cheio que você comer, é importante que estejam dis-
2 pouca energia, estômago
se sente mal. O mais adequado seria co- roncando muito. poníveis opções saudáveis e conside-
meçar a comer no estágio 4 e parar de co- Com muita fome, o estômago rando as preferências alimentares das
3
está roncando um pouco.
mer no estágio 5, em algumas ocasiões crianças e adolescentes. Consumir dia-
Começando a sentir
os estágios 3 e 6 são aceitáveis. Não de- 4 riamente alimentos de todos os grupos
um pouco de fome
ve-se esperar comer quando a fome está 5 Satisfeito e confortável. de alimentos in natura ou minimamente
na escala 1 ou 2, pois comer com muita Um pouco cheio, comeu processados é importante para que o
6
fome pode levar a excessos. No meio da um pouco demais. corpo fique realmente satisfeito. Deve-
Começando a se sentir
refeição, uma pausa é sugerida e deve-se 7 -se restringir a disponibilidade de ali-
desconfortável.
verificar o nível de fome novamente. Se mentos ultraprocessados, uma vez que
8 Sentindo-se empanturrado.
continuar com fome, deve-se continuar estes alimentos apresentam maior estí-
Muito desconfortável,
comendo até sentir satisfeito e confortá- 9 mulo ao consumo de grandes porções e
estômago dói.
vel. Deve-se evitar o hábito de “limpar o Absolutamente estufado. Tão marketing mais influente, favorecendo o
10 cheio que você se sente mal.
prato” na ausência de fome física. consumo excessivo e o comer involun-
82
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
tário. Além disso, estes alimentos são formu- As crianças e adolescentes devem ser incentivados a reconhecer os sinais de
lados para serem extremamente saborosos fome física, saciedade e necessidades emocionais, redirecionando a vontade de
e a maior desconstrução da matriz alimentar comer em momentos de tédio, estresse, solidão ou tempo em frente a telas sem
original, que ocorre durante o processamento recorrer à comida. Os pais e cuidadores de crianças menores de dois anos devem
destes produtos, favorecem menor saciedade ser orientados a reconhecer os sinais de fome física e de saciedade do bebê.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
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Quando a criança é muito pequena, ela ainda não consegue comunicar vontades e necessidades por meio de palavras. Então,
ela utiliza outras formas para se expressar. É importante que as pessoas envolvidas no cuidado da criança menor de dois anos
aprendam a identificar e responder aos sinais fome e saciedade apresentados pela criança conforme descrito no quadro a seguir:
Faixa etária Sinais de fome mais comuns Sinais de saciedade mais comuns
Chora e se inclina para frente quando a colher Vira a cabeça ou o corpo, perde interesse na alimen-
6 meses está próxima, segura a mão da pessoa que está tação, empurra a mão da pessoa que está oferecendo
oferecendo a comida e abre a boca. a comida, fecha a boca e parece angustiada ou chora.
Inclina-se para a colher ou alimento, pega ou Come mais devagar, fecha a boca ou empurra o alimen-
7-8 meses
aponta para a comida. to. Fica com a comida parada na boca sem engolir.
9-11 me- Aponta ou pega alimentos, fica excitada quando Come mais devagar, fecha a boca ou empurra o alimen-
ses vê o alimento. to. Fica com a comida parada na boca sem engolir.
Combina palavras e gestos para expressar vontade
12 meses Balança a cabeça diz que não quer, sai da mesa, brin-
por alimentos específicos, leva a pessoa que cuida
ou mais ca com o alimento, joga-o longe.
ao local onde os alimentos estão, aponta para eles.
Fonte: BRASIL, 2019 Referências: ALVARENGA, M. et al., 2015.; BRASIL, 2019b; HEALTHWISE STAFF, 2019
Para auxiliar na mudança da alimentação, devem ser organizadas refeições adequadas e saudáveis. A seguir citaremos
alguns exemplos de opções de café da manhã e lanches, bem como de almoço e jantar. Acompanhe.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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ches, onde predominam os alimentos Para que sejam refeições devendo ser ade-
quados, saudáveis e não muito volumosos:
in natura e minimamente processa-
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
Algumas ideias de combinação para o • Sanduíche de pão de padaria com: ches, quando é comum o consumo
café da manhã e lanches:
ovo cozido amassado com alface, de bebidas adoçadas, como sucos
• Tapioca ou pão de padaria com pou-
queijo com tomate, frango des- artificiais ou naturais, refrigerantes
ca manteiga e fruta ou vitamina de
fiado com queijo e alface, pasta e bebidas lácteas ultraprocessa-
frutas;
de atum com cenoura; das;
• Bolo caseiro de fruta, ovo mexido
• “Palitos” de vegetais (cenoura, pe- • Se tiverem o hábito de colocar uma
ou cozido e leite;
pino, beterraba) com molho de io- “guloseima” na lancheira da criança
• Mandioca cozida e iogurte natural
gurte, azeite e temperos desidrata- ou do adolescente, como forma de
com frutas e mel;
dos (orégano, manjericão, tomilho); agradá-los, preferir oferecer algo que
• Flocos de aveia com leite e frutas;
• Salada de frutas; não seja comida, como um bilhete ou
• Mingau de aveia com leite, canela e
• Mix de castanha, amendoim sem desenho feito pelos pais/cuidadores;
frutas;
casca e frutas desidratadas (pas-
• Mungunzá, fruta e leite.
sas, banana-passa, etc);
Se a alimentação da criança ou do
• Biscoitos caseiros.
adolescente na escola for levada de
Oriente pais e cuidadores a:
casa, algumas ideias incluem:
• Estimularem o consumo de água,
• Bolo caseiro de frutas, milho, fubá
especialmente no horário dos lan-
ou mandioca;
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
Cereais (como arroz, milho, • Macarrão com molho à base de tomate, carne moída ou frango des-
macarrão, cuscuz) ou fiado e vegetais ralados (cenoura, beterraba, chuchu);
tubérculos (como batata,
batata doce, mandioquinha, • Frango assado com batatas, cenoura e cebola;
mandioca, inhame); • Peixe assado com abobrinha e couve-flor servido com arroz;
Verduras e legumes; • Se a família tiver o hábito de substituir o jantar por lanches, é im-
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
melhor opção seja encontrada de forma a 5.2 Atividade física menda-se que as crianças e adolescen-
não prejudicar o cuidado com a alimenta- Para que as crianças e adolescen- tes sejam fisicamente ativos todos os
ção e a adoção de hábitos saudáveis. tes se mantenham fisicamente ativos, dias. É fundamental que as atividades
Oriente sobre opções mais adequadas e é importante observarmos as reco- sejam prazerosas e adequadas ao es-
saudáveis para essas ocasiões, como por mendações de tempo e intensidade tado individual de crescimento e desen-
• Pizza de forno, feita com massa caseira por dia. Existe uma variação de acor- A atividade física pode ser estruturada
ou pão de padaria aberto, queijo, ovos, to- do com a idade das crianças e ado- ou não e as brincadeiras ativas como
mate e manjericão fresco; lescentes. Vamos conhecer essas re- pega-pega, esconde-esconde também
• Sanduíche de pão de padaria com: ovo comendações mais detalhadamente. são consideradas como atividade física.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
Devem ser incentivadas a serem Pelo menos 3 horas por dia de ati- Pelo menos 3 horas de atividade por dia,
ativas (pelo menos 30 minutos por vidade física de qualquer intensi- sendo no mínimo 1 hora de atividade de
dia), incluindo oportunidades de dade, incluindo uma variedade de intensidade moderada a vigorosa.
brincadeiras ativas que desenvol- atividades em diferentes ambien- Exemplos: brincadeiras e jogos que en-
vam a coordenação motora e a con- tes (ao ar livre ou em ambientes volvam atividades como caminhar, cor-
fiança nos movimentos. fechados) e que desenvolvam a rer, girar, chutar, arremessar, saltar e atra-
Exemplos: brincadeiras e jogos que coordenação motora e a confiança vessar ou escalar objetos, entre outras.
envolvam atividades que deixem a nos movimentos. Nessa idade, a atividade física também
criança de barriga para baixo (de Exemplos: brincadeiras e jogos que pode ser realizada na aula de educação
bruços) movimentando braços e envolvam atividades como equili- física escolar, natação, ginástica, lutas,
pernas e que estimulem a criança a brar nos dois pés, equilibrar num pé danças e esportes em geral e também
alcançar, segurar, puxar, empurrar, só, girar, rastejar, andar, correr, salti- por meio do deslocamento ativo, como a
engatinhar, rastejar, rolar, sentar e tar, escalar, pular, arremessar, lançar, pé ou de bicicleta, sempre acompanhado
levantar, entre outras; quicar e segurar, entre outras; dos pais ou responsáveis.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
da atividade física que você está praticando, preste atenção em como você se
Crianças e adolescentes de 6 a 17
sente. As intensidades podem ser:
2. Moderada: exige mais esforço físico, que faz você respirar mais rápido que o
A intensidade é o grau do esforço físi- normal e que aumenta moderadamente os seus batimentos do coração. Numa
co necessário para fazer uma ativida- escala de 0 a 10, a percepção de esforço é 5 e 6. Você vai conseguir conversar
de física. Normalmente, quanto maior com dificuldade enquanto se movimenta e não vai conseguir cantar.
a intensidade, maior é o aumento dos 3. Vigorosa: exige um grande esforço físico, que faz você respirar muito mais rá-
batimentos do coração, da respiração, pido que o normal e que aumenta muito os seus batimentos do coração. Numa
do gasto de energia e da percepção de escala de 0 a 10, a percepção de esforço é 7 e 8. Você não vai conseguir nem
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
5.2.2 Avaliação e estabelecimento de As perguntas a seguir foram es- quais os itens estão com menor e
metas para prática de atividade
truturadas para ajudar a entender maior frequencia e organizar a reco-
física da criança e do adolescente
quanto de atividade física a criança mendação de aumento a partir das
Além do estímulo da prática de ati-
ou adolescente pratica no seu coti- possibilidades de aumento pactua-
vidade física no cotidiano de crianças
diano. das com a criança ou adolescente e
e adolescentes, é importante que você
A partir das respostas, avaliar em seus responsáveis.
profissional de saúde, esteja atento
de crianças e adolescentes.
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Em quantos dias a criança ou adolescente teve aulas
de educação física na escola? Durante as aulas de edu-
Cuidado da Criança e do Adolescente
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cação física, quanto tempo a criança ou adolescente de
fato praticou exercícios físicos ou esporte proposto? UN 5
mos que alguns usuários podem exceder ou estarem abaixo das re-
Crianças e adolescentes que excederem as recomendações devem manter Em um momento inicial, é importan-
seu nível de atividade e variar os tipos de atividades que realizam para reduzir o te ressaltar que a mudança dos hábitos
risco de atividades excessivas (overtraining) ou lesão. não acontecerá de um dia para o outro,
Crianças e adolescentes que atendem às recomendações devem manter ati- transformar a rotina é um processo e
vidade física moderada a vigorosa todos os dias e, se possível, tornar-se ainda
as alterações devem ser realistas, gra-
mais ativos. Maiores benefícios podem ser alcançados substituindo o tempo de-
duais e respeitando as possibilidades
dicado a comportamentos sedentários (como assistir televisão ou ficar no com-
de cada criança ou adolescente e suas
putador, tablet ou celular) por mais tempo de atividade física de intensidade leve
famílias, lembrando que toda mudança,
ou moderada. Uma alternativa que conjuga atividades de lazer com a prática de
ainda que pareça pequena, traz benefí-
atividade física é a utilização de aplicativos de celular ou vídeo games que pro-
movam o exercício, ou ainda promover a dança por meio de de vídeos no Youtube. cios para a saúde e representa um novo
Crianças e adolescentes que não atingem as recomendações mínimas devem passo para uma vida mais saudável.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
curto prazo e o auto monitoramento educação física, que é o profissional intensidade leve a moderada. Prin-
podem ser bons aliados nesse pro- capacitado para orientar caso a caso. cipalmente no início deve-se dar
cesso por meio de diários de ativida- Veja a seguir o passo a passo de um preferência a atividades de intensi-
de física. Os instrumentos de “Modelo plano de ação para o incentivo da prá- dade leve – para evitar a rejeição –
de diário para automonitoramento do tica de atividade física em diferentes que sejam praticadas diariamente
Os profissionais de saúde devem adicionar mais movimento ao longo des aeróbicas de intensidade mo-
auxiliar pais/cuidadores e crianças/ do dia, substituindo parte do tempo derada (caminhar rápido, andar de
adolescentes a elaborar juntos um em atividades sedentárias (princi- bicicleta ou skate, dançar, esportes
plano de ação, pactuando metas para palmente em telas) por brincadei- com bola, etc). Começar com 30
aumentar a prática de atividade física, ras ativas, estimulando a troca dos minutos diariamente por uma se-
que deve ser acompanhado - sempre ambientes fechados por tempo ao mana, aumentando 10 minutos a
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
cada semana, com um objetivo fi- se o adolescente caminha durante Como ressaltado pela Sociedade
nal de completar 60 minutos todos 60 minutos, pode intercalar alguns Brasileira de Pediatria (2017), é impor-
os dias. Ou ainda, divida a ativida- minutos de corrida com alguns mi- tante considerar que indivíduos com
de em sessões menores que tota- nutos de caminhada, até que em obesidade podem apresentar com fre-
lizem pelo menos 60 minutos por algumas semanas consiga correr a quência: dor nos joelhos; comprome-
dia (por exemplo, caminhar, subir maior parte do tempo. timento da mobilidade; desconfortos
Uma vez que as atividades ae- fortaleça músculos e ossos, como sobrecarreguem as articulações, ge-
róbicas de intensidade moderada natação, danças, lutas, esportes rando alto impacto (que coloquem
já estejam estabelecidas na rotina, coletivos, entre outras. A meta é que peso constante ou impacto repetido
aumente – aos poucos – a inten- possam dedicar pelo menos 3 dias nas pernas, pés e quadris). A práti-
sidade da mesma. Por exemplo, da semana a essas atividades. ca de natação e outros exercícios na
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
água, andar de bicicleta (ou utilizar bi- 5.2.3 Recomendações para a inclusão de atividade física no dia a dia de crianças maiores
e adolescentes
cicleta ergométrica) parecem ser mais
adequados (SBP, 2017; ITÁLIAVALÉ- Além de avaliar e estabelecer metas para a prática de atividade física de crian-
RIO et al, 2018). ças e adolescentes, é fundamental fornecer orientações práticas sobre como a
Durante a transição para a ado- atividade física pode ser incluída no dia a dia. Vamos conhecer mais sobre essas
2015 (BRASIL, 2016) mostraram que Incentive a descer do ônibus uma parada antes e finalizar o percurso caminhan-
do. Inicie a prática uma vez na semana e aumente gradativamente;
44% dos escolares do sexo masculi-
Incentive a substituição de elevadores por escadas;
no, contra pouco mais de 25% do sexo
Incentive a andar de bicicleta, skate ou patinete;
feminino, praticavam 300 minutos ou
Incentive a passear na praia ou em parques com os amigos;
mais de atividade física semanal. Por-
Limite o tempo assistindo TV ou na frente de telas, comece
tanto, o encorajamento às meninas
substituindo por jogos ativos de realidade virtual ou com
precisa ser reforçado, dando apoio e coreografias;
incentivo adicionais para a prática da Considerar sempre as questões relacionadas à segurança
atividade física. inerentes às atividades sugeridas.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
Recomendações para auxiliar crianças pequenas a incluírem atividade física no dia a dia
Sopre bolhas de sabão para que eles possam persegui-las e tentar pegá-las;
Coloque uma música e os coloque para dançar – ou melhor, dance com eles!
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
Crianças pequenas podem ser facilmente estimuladas a realizar atividades físicas por meio de comandos positivos inseridos em um
contexto de brincadeiras e descobertas. Pode-se iniciar com perguntas e instruções simples para a realização de certos movimentos,
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
Orientar pais e cuidadores sobre a pre que possível, a utilização de senso que não é simplesmente falta de
alimentação e hidratação na atividade roupas e calçados adequados e, princi- atividade física. Desta forma, se relacio-
física, bem como alguns cuidados na palmente, protetor solar – mesmo nos na às atividades que são realizadas na
prática de atividade física ao ar livre e meses de inverno. Contudo, a falta des- posição deitada, reclinada ou sentada e
sobre prevenção de acidentes e lesões ses itens não deve ser um fator limitante. que não aumentam o dispêndio energé-
é essencial para a melhor adesão das Para a redução do risco de aciden- tico acima dos níveis de repouso.
crianças e adolescentes ao comporta- tes e lesões, sempre que possível, é Algumas atividades relacionadas ao
mento ativo. importante incentivar o uso de equi- comportamento sedentário são ver tele-
Em relação à alimentação, é reco- pamentos de proteção, como capace- visão, usar computador, celular ou tablet,
mendável que sejam feitos lanches leves tes para andar de skate, bicicleta, pati- praticar jogos eletrônicos na posição sen-
antes da atividade física, de preferência nete e patins; joelheiras e cotoveleiras tada, assistir aulas, trabalhar ou estudar
incluindo frutas, e que se tenha atenção para andar de patins; boias/colete de em uma mesa.
especial à hidratação durante a atividade, proteção para atividades na água. Para crianças menores de cinco anos
5.3.1 Recomendações para redução do exceto quando estiverem dormin- escolares) não deve ser superior a 2
comportamento sedentário no
do. A recomendação é que não se- horas. Deve-se combinar com a crian-
cuidado de crianças e adolescentes
com obesidade jam expostas a telas. ça ou adolescente um limite de tempo,
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
sempre monitorado pelos pais. Quanto tempo (horas/min.) o bebê costuma permanecer em dispositivos
que restringem seus movimentos (cadeirinha, carrinho ou carregadores)?
5.3.2 Avaliação do comportamento
Quanto tempo (horas/min.) a criança ou adolescente costuma permanecer
sedentário da criança e do
assistindo aulas/estudando?
adolescente
É fundamental que os pais e respon- Quanto tempo (horas/min.) o bebê/criança ou adolescente costuma per-
manecer assistindo televisão? Em quais períodos do dia?
sáveis, bem como os profissionais da
Quanto tempo (horas/min.) o bebê/criança ou adolescente costuma permane-
saúde durante os atendimentos a crian-
cer utilizando dispositivos portáteis (celular/tablet)? Em quais períodos do dia?
ças e adolescentes estejam atentos aos
Quanto tempo (horas/min.) a criança ou adolescente costuma
hábitos relacionados à atividade física
permanecer utilizando vídeo games? Em quais períodos do dia?
e comportamento sedentário. A seguir,
Quanto tempo (horas/min.) a criança ou adolescente costuma
apresentamos um conjunto de pergun- permanecer utilizando o computador? Em quais períodos do dia?
tas que podem ser utilizadas nos servi-
Quanto tempo total a criança ou adolescente permanece em com-
ços de saúde, de aplicação rápida e fácil, portamento sedentário (somando os comportamentos acima)?
para auxiliar na abordagem da temática.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
Para que você profissional de saúde, impondo. Não se pode esquecer que, devem ser priorizados. Por fim, é pre-
possa auxiliar pais e cuidadores a colo- para algumas famílias, a rotina da ciso abordar e explorar quais são as
car em prática as recomendações para vida é difícil e corrida, as adversidades opções que a família possui para su-
o comportamento sedentário de crian- existem, são muitas e distintas. Mu- perar o comportamento sedentário e
ças e adolescentes, pode ser elaborado dar hábitos exige auto-observação e promover um estilo de vida mais sau-
um plano de redução do comportamen- muita reflexão. Mas é importante que dável da criança ou do adolescente.
to sedentário, para promover uma vida a família caminhe junto no processo Pais e cuidadores devem ser orien-
mais ativa e reduzir o tempo de tela. de construção de hábitos e estilos de tados sobre a importância de reduzir o
Este plano deve ser individualizado, vida mais saudáveis para todos. comportamento sedentário de crian-
e conteúdos que podem ser acessados. tado; em que locais e momentos do dia
podendo ser adaptado de acordo com para qual finalidade de uso as telas de-
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
vem ser reforçados com pais e cuida- sob supervisão e em locais seguros Recomendações que po-
dem ajudar os pais a incen-
dores são: as crianças são fortemente e adequados, bem como e o contato tivar o brincar em casa.
influenciadas pelos hábitos dos pais e com a natureza devem ser priorizados.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
número limitado de brinquedos Recomendações que podem aju- • Programe um passeio de fim de
dar os pais a reduzir o seu tempo
expostos. Faça uma rotação de semana em que ninguém leve ele-
de tela em casa ou quando estão
brinquedos, escondendo alguns com as crianças. trônicos, que seja ao ar livre, em
tempos em tempos. • Retire as notificações do celular. • Use e abuse de aplicativos que per-
• Ensinar novas brincadeiras. Elas são distrações constantes e, mitam que você programe um tem-
Às vezes as crianças precisam na maioria dos casos, são desne- po máximo do uso das redes sociais
por uma nova atividade. • Deixe o telefone fisicamente longe • Programe e organize atividades
• Ligar o som. Uma música durante a primeira hora que estiver sem eletrônicos com sua família;
legal pode mudar o clima da casa. em casa com as crianças; • Determine um horário, por
As crianças se mexem, a preguiça • Antes de sentar para conversar ou exemplo à noite, para desligar os
vai embora e o ambiente fica mais brincar com as crianças, também dei- eletrônicos e se conectar com a
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
5.4. Sono
Lista de atividades/ brincadeiras a serem sugeridas e/ou praticadas com as
crianças com o intuito de lidar com o tédio, diminuir o tempo de tela e o Além da alimentação, atividade fí-
comportamento sedentário.
sica e comportamento sedentário,
Montar um quebra Pular corda; anteriormente abordados, o sono é
cabeça;
Pular elástico; uma dimensão relevante da atenção
Criar fantoches
Pular amarelinha;
com meias velhas; de crianças e adolescentes, que deve
Fazer massinha de modelar;
Fazer pulseirinhas; ser abordado no cuidado multicom-
Jogar bola;
Preparar receitas à base de alimen-
tos in natura e minimamente pro- Jogar bingo; ponente. Para que você, profissional
cessados com os familiares; Construir ruas com fita crepe; de saúde, esteja apto a reconhecer e
Caçar e observar insetos; Fazer e decorar aviões de papel; intervir ness sentido, vamos falar mais
Brincar ou passear com o cachorro; Fazer apresentação de dança e
música; sobre a avaliação e recomendações
Andar de patinete, bicicleta ou skate;
Jogar um jogo de tabuleiro; Transformar o quarto em uma lojinha; para a adoção de hábitos saudáveis
Plantar feijão em algodão; Brincar de esconde-esconde; relacionados ao sono.
Escrever e ilustrar o seu próprio livro; Decorar uma camiseta velha;
Encenar uma história de teatro Fazer bola de sabão; 5.4.1 Recomendações para o sono no
Plantar uma árvore; Fazer esconderijos cuidado de crianças e adolescentes
embaixo da mesa com sobrepeso e obesidade
Ler um livro;
com lençóis.
Fazer desenhos com giz no chão; A quantidade adequada de sono é
cente acordar sem dificuldades, sem Tempo de sono para crianças e adolescentes
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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de saúde, de aplicação rápida e fácil, para auxiliar no conhecimento do compor- 5.4.2 Recomendações para hábitos
saudáveis relacionados ao sono
tamento relacionado ao sono da criança e do adolescente, acompanhe a seguir.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
nolência (letargia, “olhos pesados”, pelo menos 1 hora antes do horário Crianças maiores e adoles-
centes - orientações para
irritabilidade); de dormir;
pais e cuidadores
• Manter uma rotina para os cochi- • Tentar manter o ambiente calmo e
los diurnos, evitando os cochilos tranquilo para induzir o sono; • Estimular atividades físicas duran-
• Desenvolver uma rotina calma e con- ainda acordada - em sua cama, in- em contato com a luz solar;
sistente (porém flexível) que os pre- dicando que é hora de dormir. • Manter horários regulares para dor-
pare para o momento de dormir, po- • Tentar não deixar a criança adorme- mir e acordar, inclusive nos fins de
dendo incluir banho morno, colocar cer vendo televisão ou em outro lu- semanas;
pijamas, escovar os dentes, e ativi- gar que não seja sua própria cama; • Desenvolver uma rotina calma e con-
dades calmas, como ler/contar his- • Responder às necessidades físi- sistente (porém flexível) que os pre-
tórias ou ouvir uma música tranquila; cas e emocionais do bebê/criança pare para o momento de dormir, po-
• Tentar diminuir as luzes do ambiente quando o mesmo chorar durante a dendo incluir banho morno, colocar
e evitar telas (televisão, tablets, ce- noite. Nesses momentos, procurar pijamas, escovar os dentes, e ativi-
lulares, ou qualquer outro aparelho usar uma luz fraca, falar baixo e ser dades calmas, como ler/contar his-
eletrônico) e brincadeiras vigorosas breve o suficiente, sem estimulá-la. tórias ou ouvir uma música tranquila;
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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• Tentar diminuir as luzes do am- dormir (leite, bolo caseiro simples, A saúde mental é uma das dimen-
biente e evitar telas (televisão, ta- pão de padaria ou queijo branco sões do cuidado multicomponente de
blets, celulares, ou qualquer outro podem ser benéficos, pois estão re- crianças e adolescentes com obesida-
aparelho eletrônico) e brincadeiras lacionados com o metabolismo de de. Para que você, profissional de saú-
vigorosas pelo menos 1 hora an- melatonina e serotonina). de, esteja apto a reconhecer e intervir a
tes do horário de dormir; • Evitar o consumo de bebidas (cho- saúde mental como questão relevante
• Tentar manter o quarto confor- colate, refrigerante, chá mate ou no cuidado de usuários com obesida-
tável, silencioso, escuro e com cafeinados) e medicações que de, vamos nos aprofundar sobre esse
temperatura agradável; contenham estimulantes próximo à conteúdo, abordando mais sobre essa
• Manter horários regulares para hora de dormir; relação, sobre como identificar trans-
as refeições, para que na hora de • Caso a criança ou adolescente dur- tornos mentais e como realizar a abor-
dormir a criança ou adolescen- ma ou acorde muito tarde, mudar dagem familiar e coletiva para promo-
te não esteja com fome ou supe- gradualmente o horário, estimulan- ção e proteção da saúde mental.
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Cuidado da Criança e do Adolescente
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UN 5
dade, em especial os adolescentes, po- sido desencadeada por um agravo ins- pensos a terem um maior sofrimento
dem já ter passado por uma série de inter- talado anteriormente. A obesidade pode emocional e isolamento social, a apre-
venções frustradas para a perda de peso, ser a causa secundária de transtornos sentarem insatisfação com a imagem
sem resposta ou com metas para além mentais mais graves, como depressão corporal, a sofrerem bullying e experi-
das possibilidades de cada indivíduo. ou violência doméstica, por exemplo. ências negativas na escola, nos servi-
Muitas vezes esses episódios são Nesses casos, o tratamento do ços de saúde ou no próprio ambiente
considerados como fracasso e são co- transtorno deve prescindir toda e qual- familiar, a desenvolverem transtornos
locados como baixa força de vontade quer abordagem de saúde, a crianças alimentares, de ansiedade e de humor,
ou comprometimento, como se todas ou adolescentes deve ser encami- depressão, dentre outras comorbidades
fossem apenas de cunho pessoal e de e assim que a questão relativa à saú- Esse sofrimento emocional pode
escolhas simples, o que não é. de mental for equacionada, planejar o ser um processo de anos e que nunca
A obesidade pode ser resultado de cuidado da obesidade. A escuta ativa foi conscientemente percebido pelos
um sofrimento maior e/ou sua presen- do profissional de saúde deve ser ca- familiares ou externalizado pela crian-
ça pode causar esse sofrimento – em paz de observar esses sinais. ça ou adolescente, e, por este motivo,
alguns casos ela é a causa de um sofri- Crianças e, principalmente, adoles- a saúde mental de pessoas com obe-
mento mental e em outros ela pode ter centes com obesidade são mais pro- sidade requer atenção do profissional,
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Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
da equipe de saúde e da família. Sofrimentos psíquicos são associados especial- têm direito à privacidade e autonomia, e
mente aos ambientes obesogênicos e às pressões por corpos ideiais. a partir dos 12 anos não é necessária a
preender melhor a situação em que a • Associa alguma das ocorrências acima com
palpitações e sensação de morte iminente?
criança ou adolescente se encontra.
• Passa longas horas fora de casa sem informar sua localização?
112
Cuidado da Criança e do Adolescente
com Sobrepeso e Obesidade
na Atenção Primária à Saúde
UN 5
É importante reforçar que nem to- casos que atendem não somente a Com ou sem diagnóstico de trans-
das as situações em que se identifica determinados critérios de diagnóstico torno, algumas metas que a equipe de
sofrimento mental, existe a presença descrito nos manuais médicos (DSM- saúde e a família não podem perder de
de agravamento da saúde mental. O -V, CID-10), mas também à impossi- vista ao longo do acompanhamento
sofrimento mental comum faz parte bilidade momentânea ou permanente da criança ou adolescente. As metas
da vida cotidiana de todo ser humano, de responder a determinados eventos e expectativas estabelecidas devem
em todas as fases do curso da vida. e expectativas sociais, afetivas e bio- ser traçadas de forma individualizada
ção corporal, sono agitado, inseguran- Quando houver dúvidas em relação criança ou adolescente e a sua famí-
ça, medo e ansiedade são sentimen- à presença de transtornos mentais, lia, evitando-se frustrações desneces-
tos característicos de uma sociedade sugere-se atendimento por profissio- sárias. Observe a seguir, alguns des-
que preza pelo bom desempenho de nal da psicologia ou psiquiatria para fechos desejáveis referente as metas
todos os indivíduos, exigência que por avaliação diagnóstica. Após a ava- traçadas.
falamos de transtornos mentais, por saúde mental, por meio de Projeto Te-
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Tratar os processos psíquicos que sustentam a compulsão alimentar; 5.5.3 Abordagem para a promoção e
proteção da saúde mental de crianças
Manter ou promover saúde mental que se traduz por uma boa e adolescentes com obesidade
autoestima, aceitação do próprio corpo;
O desenvolvimento de estratégias de
Estabelecer a associação da qualidade de vida com a saúde e o
bem estar; proteção da saúde mental de crianças e
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As crianças e adolescentes devem vedor, quais são as práticas alimen- Atividades em grupo são um impor-
ser entendidos a partir do contexto em tares da família, como e com quem a tante aliado para lidar com as ques-
que vivem e de suas famílias. É preci- criança ou adolescente se alimenta, tões de saúde mental de crianças e
so realizar intervenções junto a família quem confere suporte emocional nos adolescentes com obesidade.
para possibilitar que a criança ou ado- casos de dificuldades ou, ainda, quan- Grupos de cuidado de crianças e
lescente possa contar com o apoio fa- do a dinâmica familiar contempla a adolescentes com obesidade podem
miliar na atenção das situações gera- culpabilização da criança ou adoles- tratar em suas reuniões de temas di-
doras de sofrimento mental. centes pela obesidade contribuindo versos, e não aqueles apenas volta-
Em algumas situações é no seio para o aumento do sofrimento mental. dos para o consumo alimentar e gasto
da própria família que se articulam os A família e a comunidade podem ser energético. A procura de novas habili-
elementos que levam ao sofrimento um fator tanto de proteção como de ris- dades, novos prazeres e novas manei-
mental e ao agravamento de alguns co no cuidado das crianças e adoles- ras de interação social.
quadros. A abordagem familiar visa centes com obesidade, em especial no Grupos mais organizados e siste-
identificar as funções que cada mem- tocante das questões de saúde mental. máticos, apesar de atingirem um nú-
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mero mais reduzido de participantes, po, com demandas levantadas pelas podem ocorrer em espaços para além
possibilitam, por outro lado, o aprofun- vivências individuais e coletivas, pois da Unidade de Saúde como espaços
damento das discussões, assim como permite um melhor engajamento das comunitários como escolas, univer-
sociais. Pode-se lançar mão de dinâ- proposta, fazendo mais sentido com a igrejas, associações culturais, praças
relações entre pares, relações com fa- Em muitos casos é preciso esca- Uma estratégia que pode ser co-
miliares e como se sentem nessa con- lonar as ações de saúde por idades e locada em prática para o cuidado de
dição do excesso de peso possibilitam gravidade da doença e as atividades crianças e adolescentes com obesi-
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dade é o Projeto de Saúde no Território outros podem surgir, pensando em 5.6 Avaliação e monitoramento do cuidado
multicomponente
(PST), enquanto estratégia de aborda- todas as possibilidades para tornar o
gem comunitária para o cuidado do território um espaço mais saudável, e O monitoramento do processo de
excesso de peso e saúde mental. O que apoie o crescimento e desenvol- cuidado deve ser feito por meio do
PST é um instrumento potente e pode vimento saudável de crianças e ado- acompanhamento da evolução das
envolver diferentes atores da comu- Atividades em espaços fora da uni- ponentes comportamentais: alimen-
dade de saúde podem ter papel te-
nidade como as lideranças locais, a rapêutico superior ao de uma ação tação, atividade física, comportamen-
escola, os conselhos de saúde e edu- realizada apenas na unidade de to sedentário, sono e saúde mental.
saúde. Por se tratar de crianças e
cação além de fomentar e fortalecer adolescentes, sempre é importante Destacam-se também os fatores psi-
o protagonismo juvenil com a partici- ter o conhecimento e o consenti- cossociais e práticas familiares.
mento dos pais e responsáveis bem
pação das crianças e dos adolescen- como assegurar a segurança dos
tes em todas as etapas do PST. Outra participantes da ação.
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Principais estratégias
para auxiliar na mudança
de comportamento
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ça ou adolescente e incluem:
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Materiais com sugestões de atividades de EAN que podem CADERNO DE ATIVIDADES - Educação Alimentar e Nutri-
ser realizadas tanto por profissionais de saúde, quanto por cional: o direito humano à alimentação adequada e o for-
professores e profissionais do programa saúde na escola. talecimento de vínculos familiares nos serviços socioas-
sistenciais – Material Secretaria Nacional de Segurança
CADERNO DE ATIVIDADES - Promoção da Ali- Alimentar e Nutricional destinado a públicos de diversas
mentação Adequada e SaudávelEducação Infantil: faixas etárias: http://www.mds.gov.br/webarquivos/pu-
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/ blicacao/seguranca_alimentar/cadenodeatividades_ean.
caderno_atividades_educacao_infantil.pdf pdf
CADERNO DE ATIVIDADES - A creche como promotora da COMER BEM E MELHOR, JUNTOS - Cardápio de ferramen-
amamentação e da alimentação adequada e saudável - tas para promover a alimentação saudável entre adoles-
Livreto para gestores: http://189.28.128.199/dab/docs/ centes, junto às suas famílias e comunidades – Material
portalb/publicacoes/a_creche_promotora_amamenta- Unicef destinado a adolescentes: https://www.unicef.org/
cao_livreto_gestores.pdf brazil/media/4901/file/comer_bem_e_melhor_juntos_
pb.pdf
CADERNO DE ATIVIDADES - Promoção da Alimentação
Adequada e Saudável - IDEIAS PARA COLORIR À MESA - http://www.mds.gov.br/
Ensino Fundamental I: http://189.28.128.100/dab/docs/por- webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/caisan/Publi-
taldab/publicacoes/caderno_atividades_educacao_infantil.pdf cacao/Educacao_Alimentar_Nutricional/18_Ideias_para_
Ensino Fundamental II: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ Colorir_a_Mesa.pdf
publicacoes/promocao_alimentacao_saudavel_ensino_
fundamental_II.pdf
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de ambivalência), além de permitir que eles querem estar (objetivos) • Promover a autoeficácia. A entre-
eles estabeleçam suas próprias metas Ajude as crianças e adolescentes a vista motivacional é baseada na
(RESNICOW et al., 2006). A prática da perceberem essas discrepâncias. Extraia capacidade existente de mudança
guintes princípios (DILILLO et al, 2003): para mudar e as barreiras percebidas. Ao focar nos sucessos anteriores,
• Use o aconselhamento, demonstre • Acompanhar a resistência de acor- eles se sentirão capazes de alcançar e
Faça perguntas abertas e utilize ha- ou adolescente deseja trabalhar sional deve ajudar a criança ou adoles-
bilidades de comunicação, com técni- A resistência pode ocorrer quando cente a construir um plano de ação para
cas de escuta reflexiva para compre- a pessoa percebe a necessidade de a realização de mudanças.
ender e aceitar os sentimentos e as mudança em seus padrões de com- Ademais, compreender, apoiar e fa-
crenças da criança ou adolescente. É portamento. Deve-se evitar a tenta- zer elogios à criança ou adolescente e
importante evitar julgamentos e co- tiva de “consertar” ou resolver cada seus pais ou cuidadores por meio de
mentários de alerta, indignação, cen- problema, quando o indivíduo está afirmações, também é uma estratégia
sura ou acusação e confrontos. ambivalente. O profissional deve pro- relevante na entrevista motivacional.
• Desenvolva discrepância: este prin- curar realizar reflexões com o intuito Para que o indivíduo perceba que o
cípio diz respeito à situação atual de nortear as percepções da criança profissional de saúde está compreen-
das pessoas (hábitos atuais) e onde e do adolescente. dendo o que ele está expressando, é
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importante que sejam feitos resumos a motivação, capacitar os indivíduos a pensamentos ou sentimentos relacio-
do que foi mencionado anteriormen- promover o autocuidado com o obje- nados aos hábitos alimentares, per-
te. O resumo também permite que o tivo de proporcionar mudanças com- mite que as crianças e adolescentes e
indivíduo escute novamente as suas portamentais. As estratégias devem seus pais ou cuidadores acompanhem
ambivalências, mas também suas ser cuidadosamente pensadas e adap- o progresso em direção às metas de
concentrar no que é importante para estratégias comumente associadas Manter um diário de hábitos ou ca-
À medida que a criança ou adolescen- (ADACHI, 2005; FABRICATORE, 2007): metas do sono, de prática de atividade
muda para identificar novas metas de A prática simples de registrar os da ingestão de alimentos (tipos e quan-
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• Os pais ou cuidadores concordam em solução escolhida e, em seguida, ava- cionais e atitudes positivas a pensa-
ter uma regra familiar sobre realizar o liar o resultado da mudança. mentos negativos.
gada ou celulares/tablets ao lado. Exige que as pessoas mudem ati- • Se as crianças e adolescentes estabe-
• Solução de problemas vamente a maneira de pensar sobre lecerem 4 metas e atingirem 3 delas, eles
Envolve ajudar as crianças e ado- objetivos irrealistas e crenças impre- devem se sentir positivos sobre as con-
lescentes a identificar um comporta- cisas sobre os seus comportamentos, quistas e não se sentirem frustrados por
mento “problema” ou antecipar poten- que geram pensamentos, sentimentos não ter conseguido alcançar todas.
ciais problemas, identificar possíveis e ações autodestrutivos. Essa técnica Ou: uma pessoa que pensa “eu ‘furei’
soluções, planejar e implementar a se refere ao incentivo de respostas ra- as recomendações comendo um bolo
no almoço e no jantar”.
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metas sobre todos os aspectos que ne- dia para 4 horas por dia no próximo mês”.
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Cuidado da Criança e do Adolescente Encerramento do Curso
com Sobrepeso e Obesidade
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Encerramento do Curso
Este curso procurou apresentar infor- do excesso de peso realizada na aten- recomendações, formas de avaliação
mações sobre a obesidade em crianças ção primária, o curso descreveu as e de operacionalização destas práti-
e adolescentes, trazendo o panorama etapas de organização do cuidado cas no âmbito da atenção primária.
e repercussões desta problemática em de crianças e adolescentes com obe- Por fim, foram apresentadas re-
saúde pública, tão frequente nos servi- sidade. Foram apresentadas estra- comendações para abordagem do
ços de Atenção Primária à Saúde (APS). tégias para auxiliar na mudança de excesso de peso em crianças e ado-
no cotidiano de trabalho dos profis- educação alimentar e nutricional e a estratificação de risco, além das si-
sionais de saúde da APS, foram apre- entrevista motivacional aliada à técni- tuações em que deve ocorrer encami-
sentados os instrumentos e técnicas cas de terapia comportamental. nhamento do usuário para a atenção
para realização da avaliação antropo- A partir dos principais componentes especializada. Esperamos que este
métrica e do consumo alimentar de comportamentais relacionados ao ex- curso tenha contribuído para a for-
crianças e adolescentes, de acordo cesso de peso, ou seja, a alimentação, mação continuada e tenha sido capaz
com os protocolos do Sistema Nacio- atividade física, comportamento se- de proporcionar uma aprendizagem
nal de Vigilância Alimentar e Nutricio- dentário, sono e saúde mental, que re- significativa, permitindo mudanças e
Para contribuir com a abordagem te, foram detalhadas e exemplificadas nas dos serviços de saúde
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com Sobrepeso e Obesidade
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