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CURURU

O Cururu é um canto primordial do folclore mato-grossense. A cantoria do cururu se classifica em sacra e


profana. A sacra, também chamada de função ou porfia, tem função religiosa e foi criada por fiéis.
Geralmente acontece após as orações aos santos de devoção popular, na casa de amigos ou comunidade da
igreja, e tem o objetivo de louvar ou homenagear aquele determinado santo. A profana é aquela
acompanhada pelos desafios e versos dos trovadores, por trovas de amor, declarações e desabafos ou desafio
a alguém que roubou uma mulher amada e uma variada coreografia totalmente masculina. Os cururueiros
fazem roda caminhando no sentido horário, inicia a dança com passo simples de pé esquerdo, pé direito, e
vice-versa. “Fazem frô”, floreiam à vontade, que é o movimento de ajoelhar-se até dar rodopios completos,
ou seja, embelezar a dança. Os instrumentos da cantoria são viola-de-cocho e um ganzá ou cracachá. O Siriri
e o Cururu são estratos inerentes da cultura mato-grossense. Há cerca de três séculos essa herança vem
resistindo fortemente às barreiras impostas pela contemporaneidade. Atualmente o maior desafio de todas as
culturas folclóricas são aquelas provocadas pelos hábitos e valores cultuados pela comunicação de massa nos
jovens, fato que, na contemporaneidade, se tornou o maior problema dos agentes da cultura popular. A
valorização e reconhecimento da cultura local pela sociedade é a solução que vem sendo buscada para que
não se percam os vínculos entre a história e o seu povo.

RASQUEADO CUIABANO
O Rasqueado cuiabano é um estilo de música e de dança regional do centro-oeste brasileiro, mais
precisamente de Cuiabá onde se localiza a capital do estado de Mato Grosso.
O ritmo folclórico do rasqueado e sua respectiva dança — também marcantes em cidades e regiões
ribeirinhas da Bacia do rio Paraguai como Cáceres, Barra do Bugres e Corumbá (hoje no Mato Grosso do
Sul) —, ainda muito presentes na cultura popular ribeirinha cuiabana, receberam influência da polca
paraguaia — quando prisioneiros paraguaios ficaram confinados na margem direita do rio Cuiabá, hoje
município de Várzea Grande, durante a Guerra do Paraguai — e do siriri mato-grossense. Desse contato dos
refugiados com a população ribeirinha e da mistura do violão paraguaio com a viola-de-cocho surgiria o
rasqueado.
O rasqueado cuiabano em Mato Grosso tem origem em fins do século XIX, com influência do período pós-
Guerra do Paraguai. Os paraguaios remanescentes da guerra começaram a se integrar junto com os
ribeirinhos mato-grossenses para o convívio do dia-a-dia. Nessa interação entre a viola-de-cocho e o violão
paraguaio começaram a tocar uma nova música, mistura de siriri mato-grossense e polca paraguaia.
O rasqueado é formado por três ritmos que estão na base da formação do povo brasileiro, ou seja, o negro, o
índio e o europeu: Lundu - canto e dança populares no Brasil durante o século XVIII, introduzidos,
provavelmente, pelos escravos de Angola, o cateretê - dança de origem ameríndia e habanera - ritmo
antiquíssimo hispano-árabe (séc. X).
Os instrumentos utilizados na execução do tradicional rasqueado são o ganzá, o mocho ou adufo (espécie de
tambor em forma de banquinho), o violino fone e a imprescindível viola-de-cocho. Novos instrumentos,
principalmente os eletrônicos, são empregados por bandas ditas da região urbana.
Nas composições do rasqueado, nas letras estão sobrepostas diversas práticas sociais mato-grossenses e
cuiabanas, como a culinária, linguajar, festejos e danças. 

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