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verdade. Se eu reforçar
excessivamente algo, ocultar
alguma coisa, ou ainda der pouco
destaque em
Beto Rockfeller
Niterói, Rio de
Janeiro
20 de agosto de 2011
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mal-encarados quebrando os
orelhões, arrancando placas,
derramando lixo, enfim, praticando
Logo me arremessaram no
chiqueirinho e me trancaram. Ainda
pude ver o verdadeiro vândalo
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Eu odiava skinheads!
eu apaguei...
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pedaços.
tínhamos na faculdade, eu o
ajudava, passando cola nas provas.
Olha só, ele me contou que na
por ano.
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fumar.
— Sou uma moça séria! Não é
porque estou conversando e
fumando com você, que eu quero
fazer
sexo!
— Sim, claro!
— É brincadeirinha...
— Um olhar no horizonte, e a
esperança se esconde. O sangue
jorra no Vietnã, e os burgueses se
boa!
amigos.
iremos?
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A placa indicava que já estávamos
em Cambuí, terras mineiras. Yakult
continuava dirigindo o
anos.
em mais um plebeu.
cumprimentar pessoalmente, eu me
senti um pop star. O dono nos
convidou a fazer novas
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da turma.
encantador...
desanimador também.
— E...
um café, vê se pode?
— Boa sorte.
Peguei a mochila e saí. Mesmo
usando casaco, eu sentia frio. Não
era à toa que São Thomé era a
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louco!
— A energia não, mas que este
lugar é muito louco, ah, isso eu
sinto — disse eu.
ocultam.
automaticamente a cerveja
escorregou da minha mão e se
espatifou no chão. Ao longe, bem
longe, eu
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ocorrido.
mundo.
Ao me aproximar da cruz de
madeira, avistei um hippie sentado
e cantando:
conhecesse.
muito séria.
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T irei a última fornada de pães,
peguei minhas coisas e saí. O
sábado só estava começando.
não!
— Claro! — respondemos.
trás.
LSD!
no rosto.
— Que bom rever você. Parou de
misturar bebida com erva?
até quando.
ninfeta...
Levantei-me, coloquei um LP do
The Doors na vitrola e peguei mais
duas cervejas. Santiago
acordou e murmurou:
lábios rubros.
chegando e a abraçando. Eu já
ouvira aquela frase em algum
lugar...
abriu a porta.
costas.
senti um careta.
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Pisquei e me vi em um mundo de
céus de marmelada, flores de
celofane, e muitos, mas muitos
merda, claro.
Abriguei-me debaixo de um
cogumelo fluorescente. Ao longe,
eu avistei Yakult nadando com
A enfermeira me conduziu ao
quarto. Quando entrei, vi Anita
pálida e triste na cama, mas ela
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de cartão-postal. Desci me
segurando nas samambaias, pulei
alguns galhos, escorreguei numa
rocha e
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Y akult e eu conversávamos
enquanto o sol ia embora. Nós
tínhamos acabado de sair da Gruta
do
— Pode crer.
lábios rubros.
— Mas...
Allan Poe.
melancólica.
— Estou com leucemia aguda. E
caso eu precise de transplante, terei
poucas chances, pois não
soltou também.
temia.
gostasse de mim...
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A riponga e eu organizamos um
mutirão na cidade para encontrar
possíveis doadores, conseguimos
compatibilidade.
comigo.
que me pediu:
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pegamos as bateias.
voltamos ao trabalho.
disse:
uma...
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sorriu diabolicamente.
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desconfiou da proposta de
Humberto, tanto que o considerava
um santo pelo nobre gesto de doar a
medula.
ou enlouquecendo. E o maldito
corvo me encarava... E Anita se
virava na cama... E eu me sentia
cada
— Quem é você?
— Nevermore! — grasnou me
observando com deboche.
era a morte...
enfermeira!
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aqui.
Fiquei em silêncio enquanto a
encarava. Nós nos amávamos com a
mesma intensidade. Sentei-me
encarou e perguntou:
— Sim.
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— Quem é?
— Estou a caminho.
patrão.
— Beleza!
— Bicho, você vacilou... Por que
roubou o banco? — perguntou a
riponga.
voz:
muletas.
e a afastei de mim.
abraçando em seguida. — Eu o
amo. Pelo amor de Deus, não me
abandone! Eu preciso de você! Eu
preciso!
vida.
histérica.
— Eu tenho outra, a minha vizinha,
ela sim é boa de cama — menti
encarando-a; infelizmente eu
precisei apelar.
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Entrei no pavilhão...
conhecê-la.
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grossa.
— E Santiago? Gringo?
lo sozinho.
o veria novamente.
— O quê?! — gritei.
— Isso mesmo... Infelizmente, seus
tios me avisaram somente hoje e o
enterro já aconteceu na
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muito mesmo.
meses.
dar merda.
Sanguilândia me cercaram.
lembra?
aqui?!
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uma visita.
— Nevermore...
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interior, merda!
aí...
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na sala.
— Acompanha-me? — questionou
ao acender um baseado, lógico que
não recusei. — Bom...
casou!
— Faz tempo?
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mais...
rápido possível.
próprio pesadelo.
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— Scarlett? — perguntei.
sozinha?
— Ainda não.
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incalculável.
escrivaninha.
você ler.
— É romance?
— Exato! É um romance
psicológico. Minha mãe gostava de
Poe, meu pai gostava de Machado
de
mesma!
— Gostava...
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— Yakult?
— E Santiago? Lolita?
— Santiago mora em São Paulo,
virou gerente de banco, mas
continua mulherengo. Lolita foi
ouvido:
maldição.
movimentos e vi o corvo
estraçalhando o meu peito. Pisquei
duas vezes e notei que tudo não
passara
de alucinações.
Respirei fundo, aliviado. Mas,
subitamente, a cama se levantou e
começou a girar em si mesma no
quarto.
— Rock?! O que está acontecendo?
Está tudo bem?
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aproximou.
sorriso sapeca.
— Você, menina... Acabou com a
minha diversão. — Enchi o copo.
— Mas vai ter troco. —
— É...
então... — Concentrando-me,
concentrando-me... Agora sim!
Então, Rock, você amou a minha
mãe,
certo? Mas, e agora? O que
pretende? Vai virar padre? Acho
que já está velhinho pra isso... — E
acordando.
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boa.
completamente.
peças.
Assenti e me sentei. Scarlett deu a
volta na cama e foi mexer no
armário que ficava atrás de mim,
— E a roupa de baixo? —
perguntou Scarlett arrancando o
vestido. Puta merda! Ela estava
apenas
mais...
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S carlett me seduziu naquela
oportunidade. A partir disso, nós
passamos a transar quase todos os
Yakult e eu colocávamos os
assuntos em dia na Livraria da
Travessa, isso acontecia quase
quinzenalmente. Ele estava se
dando muito bem como professor e
sua mulher já fazia até algumas
Gringo.
para a cama.
tragada.
— Nevermore... Nevermore...
Nevermore...
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Beijamo-nos e...
parto.
— O quê?!
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crescendo... Scarlett
sobrevivendo... Minhas esperanças
aumentando... E o tempo
passando...
Aproximei-me da janela. De
repente, eu vi um clarão perto de
um jequitibá, parecia um vulto, era
e fui à escola.
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alguns dias.
e...
— Três.
acontecera há tempos.
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Augusto?
pôr-do-sol, simplesmente
maravilhoso, ainda mais com ela ao
meu lado. Trocamos juras de amor
e
clientes se espantaram e me
encararam. Ela me amava, eu não
tinha dúvidas, mas meu pai insistia
em
trabalhar.
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P assaram-se semanas, mas eu
ainda não tivera provas de que
Scarlett me traía. Aquilo me tirava
ano.
cama...
curiosidade.
— Por quê?
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mas...
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momento.
tocando. Aproximei-me e,
estranhamente, a canção não vinha
do nosso quarto. Abri a porta, mas
não
cabeça e...
ele.
janela.
embora...
Posfácio
esquizofrênico. Poderiam me
chamar de consciente louco, ou
talvez de louco consciente, mas
jamais
nem Poe.
Frequentemente me lembro da
promessa de Anita: “Vou esperá-lo
o tempo que for preciso”. Será
Beto Rockfeller
Niterói, Rio de
Janeiro
30 de agosto de 2011
Posfácio do posfácio
ouvir.
Alexandre Apolca
Paraty, Rio de
Janeiro
30 de dezembro de
2011
Nota do Autor
bicho!”
redes sociais.
30 de agosto de 2014
Biografia
A LEXANDRE APOLCA nasceu
em 1985 na cidade de Porangaba.
Atualmente mora em Tatuí,