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Achei o culpado!

Júlio Verve
A curiosidade tem movido a humanidade desde os primórdios da
civilização. Óbvio, diriam os mais curiosos. Graças a esta característica, nós
humanos, desenvolvemos a escrita, descobrimos novos mundos e agora
estamos desvendando os confins do universo conhecido.
Às vezes o ser humano é acometido pela curiosidade aguda, em alguns
casos envolvendo riscos de morte. Há vários tipos de curiosidade, entre elas a
mórbida, que julgo um tipo de curiosidade deplorável. Tem a curiosidade que
gera fofocas, aquela das pessoas que querem sempre saber da vida alheia.
Esta também pode levar à morte, ou nos casos mais brandos, à perda de
amizades ou fim de casamentos.
Sendo o humano curioso por natureza, sendo eu humano, logo existe a
curiosidade em mim. Não sou cientista, não sou pesquisador, não tenho
pretensões de ganhar um Nobel, mas meus genes da curiosidade insistem em
me empurrar para o lado das ciências. Sempre a título de curiosidade, fique
bem claro.
Ao ler novidades sobre quarks, hádrons, matéria escura, grafeno,
fotônica, me deparo com o tal de nervo vago. Depois de muitos anos, depois de
ter deixado para trás as aulas de biologia no ensino fundamental aprendendo
sobre anatomia básica dos humanos; depois de décadas lendo revistas de
curiosidades, após anos fuçando na internet em busca de novidades de
interesse científico, surge na minha frente esta parte do corpo humano. Dizem
os pesquisadores que este nervo vago pode estar ligado a muitas questões
que envolvem o ser humano, desde a consciência, até mesmo a prosaicas
doenças como diabetes, obesidade e males relacionados ao coração.
Vago. Que nome para dar a um nervo. Segundo um dos pesquisadores
autores do estudo intitulado “A função do nervo vago superior (medida e
indexada pela variabilidade da frequência cardíaca) suporta a capacidade de
uma pessoa para a regulação emocional, engajamento social e função
cognitiva”. Poxa! Este nervinho até então desconhecido (por mim, ao menos)
pode ser a chave para questões de ordem emocional das pessoas. Agora já sei
em quem colocar a culpa se eu estiver com as emoções à flor da pele ou
estiver com o emocional comprometido, como dizem algumas pessoas. É culpa
do vago. É tudo meio vago, bem sei, mas e se a pesquisa se confirmar e o
nervo vago for o motivo da falta de engajamento social das pessoas que não
estão nem aí para o que acontece ao seu redor? Simples: culpa o vago; pode
até ser uma desculpa meio vaga, mas esse nervinho deve ter um pouco de
culpa, sim.
Porém o bicho pega mesmo é quando se refere à condição cognitiva do
vivente. Se este vago nervo influencia a cognição de uma pessoa, seriam
alguns seres humanos desprovidos do tal nervo ou teriam este componente
atrofiado? É o que me parece, agora que eu sei da existência do
importantíssimo nervo vago. Sim, por conta própria já alcei o nervo à condição
de importante. Um pedaço da gente que pode influenciar das doenças ao
saber, só pode ter uma importância muito grande em nossas vidas.
Outro fato da pesquisa que me chamou a atenção foi quando se referiram
ao nervo vago como nervo vagal. Conheço muita gente que tem problema de
vagal. Explico. Aqui nos pampas, onde resido, algumas pessoas chamam
quem não faz nada na vida de vagal; traduzindo, vagabundo. Agora desconfio
que o problema destas pessoas possa ter alguma implicação com o nervo
vago, o nervo vagal.

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