1) O documento discute espectros atômicos de átomos polieletrônicos, explicando como defeitos quânticos, estados singleto e tripleto, e acoplamento spin-orbital afetam os níveis de energia.
2) Estados tripleto geralmente possuem menor energia do que estados singleto devido aos spins paralelos.
3) O acoplamento spin-orbital depende do momento angular total e da orientação dos momentos de spin e orbital, afetando a estrutura fina dos espectros atômic
1) O documento discute espectros atômicos de átomos polieletrônicos, explicando como defeitos quânticos, estados singleto e tripleto, e acoplamento spin-orbital afetam os níveis de energia.
2) Estados tripleto geralmente possuem menor energia do que estados singleto devido aos spins paralelos.
3) O acoplamento spin-orbital depende do momento angular total e da orientação dos momentos de spin e orbital, afetando a estrutura fina dos espectros atômic
1) O documento discute espectros atômicos de átomos polieletrônicos, explicando como defeitos quânticos, estados singleto e tripleto, e acoplamento spin-orbital afetam os níveis de energia.
2) Estados tripleto geralmente possuem menor energia do que estados singleto devido aos spins paralelos.
3) O acoplamento spin-orbital depende do momento angular total e da orientação dos momentos de spin e orbital, afetando a estrutura fina dos espectros atômic
Átomos polieletrônicos 3ª parte Profs. Diego Guedes Sobrinho Thiago N. M. Cervantes 25 de janeiro de 2020 CQ 115 – Química Quântica
ESPECTROS* DE ÁTOMOS COMPLEXOS
Os espectros atômicos rapidamente se tornam muito complicados a medida que mais elétrons são adicionados; Entretanto, há algumas considerações e alguns recursos simples que nos permitem utilizar a espectroscopia atômica para átomos polieletrônicos; A ideia geral é a seguinte: linhas no espectro (na emissão ou absorção) ocorre quando um átomo passa por uma transição com variação de energia ΔE; CQ 115 – Química Quântica
Nesta(s) transição(ões), há emissão ou absorção de um fóton de
frequência n = |ΔE |/ h ou n = |ΔE |/ hc, onde h é a constante de Planck e c é a velocidade da luz no vácuo; Portanto, podemos esperar que os espectros (ou seja, o registro “gráfico” destas transições) nos dê informações a respeito das energias dos elétrons no átomo;
Entretanto, os níveis de energia
não são fornecidos apenas pelas energias dos orbitais, porque os elétrons interagem entre si de várias formas; CQ 115 – Química Quântica
a) Defeitos quânticos e limites de ionização
Uma das aplicações da espectroscopia atômica é determinar as energias de ionização; Porém, não podemos utilizar de maneira indiscriminada como quando temos átomos hidrogenóides, pois, o nível de energia, em geral, não varia como 1/n2; Se pensarmos a respeito dos elétrons mais externos no átomo, lembraremos que, como resultado da penetração/blindagem, eles experimentam uma carga nuclear um pouco maior que 1 e; Isto ocorre pois, no átomo neutro, os outros Z – 1 elétrons “cancelam” toda a carga nuclear (exceto 1 unidade); CQ 115 – Química Quântica
Desta forma, valores de Zeff são um pouco maiores que 1, então
espera-se que a blindagem, dada pelo termo - hcR/n2 para o hidrogênio, seja um pouco menor do que esta fórmula prediz; Com o intuito de se realizar uma correção nesta fórmula (para aplicá-la para átomos polieletrônicos), introduz-se a expressão uma constante empírica – o defeito quântico (d); O termo - hcR/n2, portanto, se torna - hcR/(n - d )2 :
ΔE = - hc = - hcR (1) = - hcR (1) para hidrogênio e polieletrônicos
n2 (n-d )2 Em alguns casos os estados de energia são tão espaçados, que a expressão para o hidrogênio é válida – são os estados de Rydberg; CQ 115 – Química Quântica
b) Estados singleto e tripleto
Vamos supor que estejamos interessados nos níveis de energia do átomo de He (que tem Z =2); A configuração do Hélio é 1s2 (no estado fundamental) porém pode assumir configuração 1s12s1 caso seja excitado; No estado excitado, os elétrons hn não precisam estar pareados ou (↑↓) pois não ocupam o mesmo orbital;
De acordo com a regra de máximo de multiplicidade de Hund, os
spins paralelos (↑↑) se encontram em um estado de energia menor que se estivessem emparelhados (↑↓); CQ 115 – Química Quântica
Ambos os estados (paralelos e antiparalelos) são permitidos e
podem contribuir para o espectro do átomo; Estes dois estados tem momento angular de spin total diferentes: • Quando estão emparelhados, os dois momentos de spin se cancelam (+½ + -½ = 0) e o spin total é igual a zero (Ms = 0) • Este arranjo descrito acima é denominado de singleto; • A partir da discussão do princípio de Pauli (aula 1) lembramos que havia uma combinação s- permitida : CQ 115 – Química Quântica
• Entretanto, podemos, em um sistema, apresentar um arranjo onde
Ms ≠ 0 (vetorialmente) – este estado é denomiado de tripleto; • Nota-se que temos três casos onde os vetores são diferentes de zero (no segundo caso eles tem valores contrários mas direções que não são opostas); • Os três spins totais representados na figura são os seguintes:
• Detalhe: para singleto – uma forma de
alcançá-lo; para tripleto – há três formas; CQ 115 – Química Quântica
Podemos redefinir o que dissemos anteriormente e dizermos que,
por apresentar spins paralelos, os estados tripleto possuem menor energia que os estados singleto; Esta é uma conclusão geral que pode ser aplicada a outros átomos (e moléculas), onde, considerando estados oriundos da mesma configuração, o estado tripleto (geralmente) possui menor energia que o estado singleto; A diferença nestes estados de energia são oriundas do acoplamento spin entre os elétrons (que é uma interação Coulômbica); Ela é muito significativa e gera grandes diferenças de energia (no caso do elétron é de 6421 cm-1 ou 0,80 eV); CQ 115 – Química Quântica Acoplamento spin-orbital Um elétron tem momento magnético que se origina de seu spin; De maneira similar, um elétron com momento angular de orbital (com l > 0) é um efeito de circulação de corrente e possui momento magnético que surge do momento de orbital; A interação do momento magnético de spin e o campo magnético (oriundo do momento angular do orbital) é denominado de acoplamento spin-orbital; A força deste acoplamento e os seus efeitos de energia no átomo depende da orientação relativa do spin e dos momentos magnéticos do orbital e, portanto, das duas orientações relativas destes dois momentos angulares (spin e orbital); CQ 115 – Química Quântica “Ilustrações para entendimento”: Para um elétron, o momento magnético (m) é antiparalelo em relação ao momento angular do orbital (l) e proporcional ao mesmo; Para o momento angular de spin (s) “há um fator de 2”, ou seja, o momento magnético (m) tem “o dobro” do valor do momento angular de spin; Acoplamento spin orbital: a) Momentos angulares paralelos - desfavorável Diferença de b) Momentos angulares níveis de energia antiparalelos - favorável CQ 115 – Química Quântica a) Momento angular total Uma maneira de expressar a dependência entre a interação spin- orbital e a orientação relativa dos momentos de spin e orbital, é dizer que o acoplamento spin-orbital depende momento angular total do elétron (j); Portanto, quando o momento angular de spin e do orbital são, aproximadamente, paralelos, o momento total é alto (elevado); Por sua vez, quando os dois momentos são opostos, o momento angular é pequeno; O momento angular do elétron é descrito pelos números quânticos j e mp, sendo j = l + ½ (quando os dois momentos têm a mesma direção) ou j = l - ½ (quando os dois momentos têm direções opostas; CQ 115 – Química Quântica
Diferentes valores de j podem surgir de um determinado valor de l:
Para l = 0, o único valor permitido é j = ½ (pois o momento angular total é o mesmo do momento angular de spin); 3 Para l = 1, entretanto, j = (se o momento angular de spin e do 2 orbital tem o mesmo sentido) ou ½ (se o momento angular e o de spin tem sentidos opostos); • Para l = 1: A fórmula que traduz os 3 j=l+½=1+½= ;j=l–½=½ níveis de energia 2 considerando s, l e j: Onde A é a constante de acoplamento spin-orbital (dada em número de onda) CQ 115 – Química Quântica
A força do acoplamento spin-orbital depende da carga nuclear;
Para entender isto, podemos imaginar que estamos cavalgando em um elétron e vendo a carga nuclear aparentemente nos orbitando (como vemos o sol se pondo e amanhecendo); Como resultando, estaríamos no centro de uma corrente circular; A medida que a carga nuclear aumenta, maior fica a corrente e maior será o campo magnético que iremos detectar; Porque o momento de spin magnético e o elétron interagem com o campo do magnético do orbital, quanto maior for a carga nuclear, maior será a interação spin-orbital; CQ 115 – Química Quântica b) Estrutura fina Duas linhas espectrais são observadas quando elétrons p de um metal alcalino eletroquimicamente excitado é submetido a uma transição e decai a um orbital s de menor energia; 3 Uma linha é devido a transição iniciando em j = , e outra é devida 2 a transição iniciada em j = ½; As duas linhas são exemplos de estruturas finas do espectro (devido ao acoplamento spin-orbital); As estruturas finas podem ser claramente vistas em espectros de emissão do vapor de sódio excitado por descargas elétricas; CQ 115 – Química Quântica Símbolos (termos) 3 Nós utilizamos o termo j = , de nível de “configuração”; 2 O termo simbólico para expressar esta configuração como 2P3/2 ou 3D para representar esta configuração de maneira mais sucinta; 2
O termo nos dá 3 informações básicas:
• A letra (P ou D, no caso do exemplo) indica o número quântico de momento angular total de orbital (L); • A parte esquerda sobrescrita no termo (o 2 na configuração 2P3/2) é a multiplicidade; 𝟑 • A parte a parte a direita subscrita no termo (o na configuração 𝟐 2P ) é o valor do número quântico do momento angular total (J); 3/2 CQ 115 – Química Quântica a) Momento angular total do orbital (pg 352) Quando inúmeros elétrons estão presentes, é necessário julgar como os momentos angulares individuais do orbital se unem ou se opõem; O número quântico do momento angular total do orbital (L) nos informa sobre a magnitude dos momentos angulares através de [L(L+1)]1/2 ; Ele tem orientações 2L+1 distintas pelo número quântico ML, cujo valor possui valores L, L-1, …, - L; Similarmente, podemos aplicar esta relação ao número quântico total de spin (S), o número quântico MS, o número quântico total do momento angular (J), o número quântico MJ; CQ 115 – Química Quântica
O valor de L (em módulo) é obtido pelo acoplamento dos
momentos angulares individuais de orbital a partir da série de Clebsch-Gordan:
O sinal do módulo são fixados de l1 - l2, porque é não negativo;
O valor máximo, L = l1 + l2, é obtido quando dois momentos angulares de orbital tem a mesma direção; o menor valor, │ l1 - l2│, é obtido quando eles estão em direções opostas; Valores intermediários representam orientações possíveis de dois momentos; CQ 115 – Química Quântica
Para dois elétrons p (cujo l1 = l2 = 1), por exemplo, L = 2, 1, 0.;
A forma de converter os orbitais s, p, d, f, ... para o número
quântico L é a mesma que para l;
Portanto, uma configuração p2 dá origem a termos D (L=2), P (L=1),
S (L=0); Os termos diferem em energia por consistirem em diferentes distribuições espaciais dos elétrons e, por consequência, apresentarem diferentes repulsões entre si; CQ 115 – Química Quântica
Uma camada fechada, ou seja, que tem configuração semelhante a
um gás nobre, tem momento angular total igual a zero pois a soma dos momentos orbitais individuais é igual a zero; Portanto, quando estamos utilizando termos, precisamos nos preocupar apenas com elétrons de camadas que não estejam “totalmente preenchidas”; Exemplo: o Na ([Ne]3s1) dá origem apenas ao termo S; CQ 115 – Química Quântica b) Multiplicidade Quando inúmeros elétrons estão presentes, é necessário utilizar o número quântico angular de spin total (S), que pode assumir valores inteiros ou meio inteiros; Mais uma vez, utilizaremos as series de Clebsch-Gordan para determiner o valor:
Notemos que, como s = ½, dois elétrons irão originar S = 1, 0;
𝟑 Com três elétrons, teríamos, S = , ½; 𝟐 Dizemos, então, que a multiplicidade do termo tem valor de 2S+1; CQ 115 – Química Quântica
Quando temos S = 0 (para camada completa, ex: 1s2) temos todos
os elétrons estão emparelhados e não ná spin total – este arranjo fornece um termo apenas, singleto, (1S); Um único elétron tem S = s = ½ , como na configuração [Ne]3s1, dá origem a um termo dupleto (2S), pois 2S + 1 = 2 (neste caso); Outra configuração, por exemplo [Ne]3p1, forneceria um dupleto, mas o termo 2P; Para obtermos um tripleto, seria necessário a presença de 2 elétrons desemparelhados, que daria origem a um termo, por exemplo, 3D, pois S = 1, 2S + 1 = 3 (neste caso); CQ 115 – Química Quântica c) Momento angular total Como já vimos, o número quântico j nos fornece a orientação relativa de spin e do momento angular de um único elétron; O número quântico de momento angular total (J), é um número não negativo e inteiro ou meio-inteiro; O número quântico de momento angular total (J), faz o mesmo papel do número j mas, para um grande número de elétrons; Em uma configuração [Ne]3s1, por exemplo, J = j = ½ (neste caso J = j pois só há um elétron “fora” da camada preenchida), (porque l = 0 e s = ½), então o termo 3s1 tem o termo 2S1/2 ; CQ 115 – Química Quântica
Em uma configuração [Ne]3p1, por exemplo, J = j = ½ e 3/2 pois l = 1
(j = l + ½ ou l – ½), o que gera dois termos com 2P (S = s = ½; logo 2S + 1 = 2), que são 2P3/2 ou 2P1/2; Estas diferenças nos termos, 2P3/2 ou 2P1/2, representam as diferenças nos níveis de energia oriundas da interação magnética spin-orbital (medido pelo valor de J); Se há inúmeros elétrons que não se encontram em uma camada totalmente preenchida, temos que considerer o acoplamento de todos os spins e de todos momentos angulares de orbital; Este problema complexo pode ser resolvido quando o acoplamento spin-orbital é fraco (para átomos de baixo peso molecular, logo terá carga nuclear baixa); CQ 115 – Química Quântica
Neste casos, podemos utilizar o esquema do acoplamento de
Russel-Saunders; Este esquema considera que, quando o acoplamento é fraco, ele será efetivo apenas quando todos os momentos angulares cooperam positivamente; Desta maneira, consideramos que todos os momento angulares de orbital acoplam e fornecem um dado L e todos os spins realizam a mesma coisa e nos fornecem um S; Por fim, podemos utilizar a série de Clebsch-Gordan para obter J: CQ 115 – Química Quântica
Exemplo, para termo 3D, de configuração [Ne]2p13p1, os valores
permitidos de J são 3, 2 e 1 (pois 3D tem L =2 e S = 1), então, há três níveis, 3D3, 3D2, 3D1. Quando, L ≥ S, a multiplicidade é igual ao número de níveis (ex: 2P, que tem 2 níveis, 2P3/2 ou 2P1/2); Entretanto, quando L < S, a multiplicidade não é igual ao número de níveis (ex: 2S, que tem 1 nível, 2S1/2);
O acoplamento de Russel-Saunders falha quando temos átomo
mais pesados (forte acoplamento spin-orbital); CQ 115 – Química Quântica
Nestes casos, átomos pesados, os spins e momentos de orbitais
dos elétrons são acoplados em valores individuais de j; Depois, todos estes j são combinados para gerar J (o total) – este esquema é denominado de acoplamento jj; Ex: no caso de uma configuração p2 (que tem j= 3/2 e ½): Apesar do fato que o acoplamento jj deva ser utilizado para átomos pesados, os termos derivados do acoplamento de Russell-Saunders ainda pode ser utilizado como níveis energéticos;