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Curitiba
2020
RESUMO
Neste trabalho é mostrado o avanço da Educação Especial ao longo dos tempos até o atual
Decreto nº 10.502, de 30 de Setembro de 2020. Nele fica instituída a Política Nacional de
Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, que
implementa programas e ações com vistas à garantia dos direitos à educação e ao atendimento
educacional especializado aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Esse Decreto contém medidas
retrocessivas e de cunho preconceituoso, pois além das medidas que atropelaram a Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, algumas palavras usadas no decreto são ultrapassadas e hoje consideradas
antipáticas. Neste trabalho é feito um estudo de oposição ao Decreto nº 10.502 afim de
mostrar ao Estado Brasileiro que diferenciar para excluir é discrimicação.
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1 Marcos históricos
apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do
currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologos.
Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva: direito à
diversidade, para apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais
inclusivos, promovendo um amplo processo de formação de gestores e educadores nos
municípios brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, à oferta do
atendimento educacional especializado e à garantia da acessibilidade.
Em 2004, o Ministério Público Federal publica o documento ‘O Acesso de Estudantes
com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular’, com o objetivo de disseminar
os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da
escolarização de estudantes com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.
Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, que tem como
objetivo a formação de professores para a educação especial, a implantação de salas de recursos
multifuncionais, acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso e a permanência das
pessoas com deficiência na educação superior e o monitoramento do acesso à escola dos
favorecidos pelo Beneficio de Prestação Continuada – BPC. No documento do MEC, é
reafirmada a visão que busca superar a oposição entre educação regular e educação especial.
Na resolução CNE/CEB n°04/2010, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica, em seu artigo n° 29, os sistemas de ensino devem matricular os estudantes
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas
classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado - AEE,
complementar ou suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos multifuncionais
ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou
filantrópicas sem fins lucrativos.
Pelo Decreto nº 10.502, de 30 de Setembro de 2020, Art. 1º fica instituída a Política
Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida,
por meio da qual a União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
implementará programas e ações com vistas à garantia dos direitos à educação e ao atendimento
educacional especializado aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Incluso nesse decreto, a educação
especial, a educação bilíngue de surdos, a política educacional equitativa, a política educacional
inclusiva, a política de educação com aprendizado ao longo da vida, as escolas e classes
especializadas, as escolas e classes bilingues de surdos e o plano de desenvolvimento individual
e escolar.
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2.1 PRINCÍPIOS
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem
como princípios:
I - educação como direito para todos em um sistema educacional equitativo e inclusivo;
II - aprendizado ao longo da vida;
III - ambiente escolar acolhedor e inclusivo;
IV - desenvolvimento pleno das potencialidades do educando;
V - acessibilidade ao currículo e aos espaços escolares;
VI - participação de equipe multidisciplinar no processo de decisão da família ou do educando
quanto à alternativa educacional mais adequada;
VII - garantia de implementação de escolas bilíngues de surdos e surdocegos;
VIII - atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação no território nacional, incluída a garantia da oferta de
serviços e de recursos da educação especial aos educandos indígenas, quilombolas e do
campo;
IX - qualificação para professores e demais profissionais da educação.
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2.2 OBJETIVOS
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem
como objetivos:
I - garantir os direitos constitucionais de educação e de atendimento educacional
especializado aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação;
II - promover ensino de excelência aos educandos da educação especial, em todas as etapas,
níveis e modalidades de educação, em um sistema educacional equitativo, inclusivo e com
aprendizado ao longo da vida, sem a prática de qualquer forma de discriminação ou
preconceito;
III - assegurar o atendimento educacional especializado como diretriz constitucional, para
além da institucionalização de tempos e espaços reservados para atividade complementar ou
suplementar;
IV - assegurar aos educandos da educação especial acessibilidade a sistemas de apoio
adequados, consideradas as suas singularidades e especificidades;
V - assegurar aos profissionais da educação a formação profissional de orientação equitativa,
inclusiva e com aprendizado ao longo da vida, com vistas à atuação efetiva em espaços
comuns ou especializados;
VI - valorizar a educação especial como processo que contribui para a autonomia e o
desenvolvimento da pessoa e também para a sua participação efetiva no desenvolvimento da
sociedade, no âmbito da cultura, das ciências, das artes e das demais áreas da vida;
VII - assegurar aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação oportunidades de educação e aprendizado ao longo da vida,
de modo sustentável e compatível com as diversidades locais e culturais.
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4 A PROPOSIÇÃO
respeitar o direito à mesma igualdade em pessoas e situações tão diferentes entre si, podemos
praticar a ‘igualdade autêntica’ aplicando a equidade, ou seja, um julgamento justo na medida
das necessidades singulares de cada caso.
O tema ‘Aprendizado ao Longo da Vida’, tirado da LBI, diz: “Compete ao poder
publico garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida” , garantinodo
a dignidade da pessoa com deficiência. Já no Decreto, não há nenhum artigo explicando como
e quando será realizado o “aprendizado do aluno ao longo da sua vida”. O artigo n°2 diz:
“política de educação com aprendizado ao longo da vida: conjunto de medidas planejadas e
implementadas para garantir oportunidades de desenvolvimento e aprendizado ao longo da
existência do educando, com a percepção de que a educação não acontece apenas no âmbito
escolar, e de que o aprendizado pode ocorrer em outros momentos e contextos, formais ou
informais, planejados ou casuais, em um processo ininterrupto”. Dependendo de como e onde
será realizado o aprendizado, o dito “em outros momentos e contextos” será simultâneos com
a vida escolar? Ou será posteriormente a ela? Além disso, extrapola o tempo de duração da
vida escolar.
Também no artigo n°2 diz: “classes especializadas - classes organizadas em escolas
regulares inclusivas, com acessibilidade de arquitetura, equipamentos, mobiliário, projeto
pedagógico e material didático, planejados com vistas ao atendimento das especificidades do
público ao qual são destinadas, e que devem ser regidas por profissionais qualificados para o
cumprimento de sua finalidade”. A adoção de um sistema educacional inclusivo pressupõe
que todas as classes são inclusivas, não havendo necessidade ou justificativa para a instalação
de classes especializadas, sendo assim o Decreto mostra que não está entendendo
corretamente a diferença entre uma sala de aula e o espaço ocupado pelo AEE.
Outro equívoco do Decreto é sobre o termo “escola regular inclusiva”, onde é escrito 8
vezes no artigo n°2, sendo aquela que oferta o atendimento educacional especializado. Essa
visão é totalmente equivocada sobre a Educação Inclusiva, pois toda escola deve ser inclusiva,
levando em consideração as especificidades de cada aluno, por isso que a Educação Especial é
um campo de conhecimento fundamental para que a Educação Incluiva realmente aconteça, e
que não seja um processo paralelo.
O documento publicado contraria todos os esforços empreendidos por diversos
grupos de pessoas com deficiência e suas famílias, bem como o de organizações de pessoas
com deficiência, a fim de que em nosso país, os estudantes público alvo da Educação Especial
não sofressem discriminação e violação de seus direitos. Estudantes com e sem deficiência
têm ritmos diferentes, como qualquer pessoa em processo de ensino, de aprendizagem e de
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REFERÊNCIAS