Você está na página 1de 100

C U R S O D E

O
Volume
1
MARCENARIA

I C A Ç Ã
QUALIF NA L
S I O
PROFIS

a r c e n a r i a
m o de
s
ç ã
i
r a
e
a u
v
e res t
o
mtrimônios em
e pa
m a d e i r a

instituto de tecnologia social

Marcenaria Vol 1.indd 1 10/6/2015 9:00:26 AM


Marcenaria Vol 1.indd 2 10/6/2015 9:00:27 AM
U R S O D E
C ÃO
F I C A Ç
QUALI NA L
I S S I O
PROF

e n a r i a
marc ão de
s
ç
i
r a
e
a u
v
e re s t
o
mtrimônios em
e pa
mad e i r a
Volume
MARCENARIA
1
Instituto de Tecnologia Social - ITS Brasil (Org.)

_________________________
São Paulo - SP - Brasil
ITS BRASIL
2015

Marcenaria Vol 1.indd 3 10/6/2015 9:00:47 AM


Projeto “Centro de Formação de Artesãos de Parelheiros – Capacitação por intermédio do curso de
Restauração de Móveis e Patrimônio em Madeira e Atividades de Pré – incubação de Empreendimento
Econômico Solidário – Convênio nº: 021/SMDTE/2014; Processo nº: 2014-0.250.472-8.

Prefeitura de São Paulo


Fernando Haddad

Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE)


Artur Henrique da Silva Santos

Secretaria Adjunta
Sandra Faé

Coordenadoria do Trabalho
José Trevisol

INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL - ITS BRASIL

CONSELHO DELIBERATIVO Equipe


Maria Vilma Roberto, Carlos Henrique Ferreira Carvalho,
Presidente Edilma Maria de Sousa, Jackeline Aparecida Ferreira Romio,
Marisa Gazoti Cavalcante de Lima José Ozias Siqueira, Maria Aparecida Souza

Primeiro vice-presidente Equipe de Produção de Conteúdo


Pascoalina J. Sinhoretto Irma R. Passoni, Jesus Carlos Delgado García, Luiz Otávio de Alencar Miranda,
Paublo Gomez Picco, Samuel Paixão Oliveira.
Segundo vice-presidente
Laércio Gomes Lage Equipe Docente
Armelindo Passoni, Luiz Otávio de Alencar Miranda, Samuel Paixão Oliveira
Membros Ficha Catalográfica
Alcely Strutz Barroso, Maria Lúcia Barros Arruda Luiz Otávio de Alencar Miranda
Gerente executiva Edição e Revisão de Textos
Suely Aparecida Ferreira Maurício Ayer

CONSELHO FISCAL Edição de arte e diagramação


Alfredo de Souza, Maria Lúcia Bastos Padilha, Tadeu Araújo | Hortelã Design
Hamilton da Silva Guimarães
Pesquisa de imagens
Samuel Paixão Oliveira e Luiz Otávio de Alencar Miranda

Gráfica
Gráfica Xamã

Ficha Catalográfica

I47e INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL


Curso de Qualificação Profissional Marcenaria e Restauração de Móveis e Patrimônios
em Madeira.- / [Instituto de Tecnologia Social, Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e
Empreendedorismo-SDTE]. — São Paulo: Instituto de Tecnologia Social / PMSP-SDTE, 2015.

286 p. (em 3 volumes): il. 20,5 X 30 cm


Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-64537-17-0

1. Marcenaria 2. Restauração de Móveis e Patrimônios em Madeira 3. Empreendedorismo


4. Educação Profissional I. Título, II. ITS BRASIL, III. Secretaria de Desenvolvimento,
Trabalho e Empreendedorismo (SDTE).

CDD 370

Copyright © ITS BRASIL, 2015


Permitida reprodução total ou parcial com menção expressa da fonte

Rua Rego Freitas, 454, cj. 73 | República | CEP: 01220-010 | São Paulo | SP
instituto de tecnologia social Tel./fax (11) 3151-6499 | e-mail: its@itsbrasil.org.br | www.itsbrasil.org.br

Marcenaria Vol 1.indd 4 10/6/2015 9:00:48 AM


Curso de
Qualificação Profissional

Marcenaria e restauração
de móveis e patrimônios
em madeira

Instituto de Tecnologia Social - ITS Brasil (Org.)

_________________________
São Paulo - SP - Brasil
ITS BRASIL
2015

Marcenaria Vol 1.indd 5 10/6/2015 9:00:48 AM


índice
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................................................................................................... 11

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................................................................................................ 12

1ª AULA
Formação Humana e Cidadã: O Ser Humano ..................................................................................................................................................................... 16
Formação Técnica: Profissões da Madeira .............................................................................................................................................................................. 17
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 22

2ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Diversidade Humana ..................................................................................................................................................... 23
Formação Técnica: Segurança no Trabalho........................................................................................................................................................................... 24
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 26

3ª AULA
Formação Humana e Cidadã: A Humanidade .................................................................................................................................................................... 27
Formação Técnica: Aspectos Gerais da Madeira Maciça - Parte 1 ................................................................................................................... 28
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 29

4ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Trabalho e Sociedade.................................................................................................................................................... 30
Formação Técnica: Aspectos Gerais da Madeira Maciça - Parte 2..................................................................................................................... 30
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 31

5ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Expectativas e Responsabilidade ....................................................................................................................... 32
Formação Técnica: Aspectos de Corte e Secagem da Madeira ........................................................................................................................... 33
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 35

6ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Arte e Trabalho.................................................................................................................................................................... 36
Formação Técnica: Principais Defeitos da Madeira ........................................................................................................................................................ 37
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 38

7ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Os Jovens e o Trabalho ................................................................................................................................................ 39
Formação Técnica: Densidade e Fio da Madeira (Veio) .............................................................................................................................................. 40
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 43

8ª AULA
Formação Humana e Cidadã: O Trabalho e a Técnica .................................................................................................................................................. 44
Formação Técnica: Resistência da Madeira ........................................................................................................................................................................... 44
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 46

Marcenaria Vol 1.indd 6 10/6/2015 9:00:48 AM


9ª AULA
Formação Humana e Cidadã: A Finalidade do Trabalho: Para que Serve .................................................................................................. 48
Formação Técnica: Classificação Comercial – Parte 1 .................................................................................................................................................. 48
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 50

10ª AULA
Formação Humana e Cidadã: O Trabalho como Realização .................................................................................................................................. 51
Formação Técnica: Classificação Comercial – Parte 2 .................................................................................................................................................. 52
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 56

11ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Qualidade de Vida e Qualidade no Trabalho ........................................................................................... 57
Formação Técnica: Madeiras de Reflorestamento – Parte 1 .................................................................................................................................. 57
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 59

12ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Relações de Trabalho..................................................................................................................................................... 61
Formação Técnica: Madeiras de Reflorestamento – Parte 2 .................................................................................................................................. 62
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 66

13ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Técnica, Tecnologia e Ciência ................................................................................................................................. 67
Formação Técnica: Madeiras Maciças Comerciais........................................................................................................................................................... 68
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 71

14ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Necessidade da Técnica .............................................................................................................................................. 72
Formação Técnica: Madeiras Industrializadas – Parte 1............................................................................................................................................. 73
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 83

15ª AULA
Formação Humana e Cidadã: Transformações Sociais e o Trabalho............................................................................................................... 84
Formação Técnica: Madeiras Industrializadas – Parte 2............................................................................................................................................. 85
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 86

16ª AULA
Formação Empreendedora: O Caminho Adiante ............................................................................................................................................................ 86
Formação Técnica: Degradação da Madeira – Parte 1 ................................................................................................................................................ 87
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 92

17ª AULA
Formação Empreendedora: Acertando o Passo ............................................................................................................................................................... 93
Formação Técnica: Degradação da Madeira – Parte 2 ................................................................................................................................................ 94
Formação Prática .......................................................................................................................................................................................................................................... 97

Marcenaria Vol 1.indd 7 10/6/2015 9:00:48 AM


Marcenaria Vol 1.indd 8 10/6/2015 9:00:48 AM
Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Apresentação

Prezados alunos e alunas! Construtor de Móveis, b) Montador de Móveis,


c) Restaurador de Móveis e Patrimônios
A Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho em Madeira e c) Empreendedorismo, além
e Empreendedorismo (SDTE/PMSP), em da Incubação de Empreendimentos. São
parceria com o Instituto de Tecnologia Social atendidos cerca de 128 jovens e adultos por
(ITS BRASIL), tem a satisfação de oferecer ao ano no CFAP.
público a apostila do Curso de Qualificação Ao elaborar este curso, houve a
Profissional em Marcenaria e Restauração preocupação em proporcionar infra-estrutura
de Móveis e Patrimônios em Madeira, e ambiente adequados à aprendizagem e ao
viabilizada graças à cooperação desenvolvida desenvolvimento de competência profissional
entre o Ministério da Ciência e Tecnologia no setor produtivo e econômico da marcenaria
(MCT&I), a SDTE/PMSP, a Subprefeitura de e da restauração de móveis e patrimônios
Parelheiros (SPPA/PMSP) e o ITS BRASIL, para em madeira, visando à ampliação de 9
implementação em Parelheiros do Centro de oportunidades de geração de trabalho e renda,
Formação de Artesãos de Parelheiros (CFAP) a promoção do desenvolvimento e a inclusão
que funciona desde 2008. social dos beneficiários.

APRESENTAÇÃO
O CFAP já formou 24 turmas entre os anos O Curso de Qualificação Profissional
de 2009 e 2015. Foram inscritos 541 jovens e em Marcenaria e Restauração de Móveis e
adultos, destes, 332 alunos iniciaram o curso e Patrimônios em Madeira tem duração de 420
320 foram certificados. Destes 320 certificados, horas-aula. Ao final, os beneficiários recebem
221 estão empregados, cinco empresas foram o certificado de qualificação profissional.
formalizadas e 14 estão em processo de Esperamos que todos vocês participem
formalização, empresas estas que empregam ativamente, frequentando as aulas, realizando
em média três trabalhadores. O Instituto de as atividades e se empenhando, tanto
Tecnologia Social vem garantido anualmente quanto possível, a fim de obter excelente
a oferta de quatro cursos, são eles: a) aproveitamento.

Bom estudo!

Artur Henrique
Secretário de Desenvolvimento,
Trabalho e Empreendedorismo - SDTE/PMSP

Marcenaria Vol 1.indd 9 10/6/2015 9:00:48 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Introdução Este manual do Curso de Qualificação Profissional em


Marcenaria e Restauração de Móveis e Patrimônios em
Madeira é composto de 3 volumes. Eles estão divididos
da seguinte forma: Volume 1: Marcenaria; Volume 2:
Marcenaria (continuação) e Volume 3: Restauração
de Móveis e Patrimônios em Madeira. Neste Volume 1
estão as primeiras 17 aulas do Curso de Marcenaria.

A
artesão e do marceneiro e na leitura do mundo do
trabalho, descobrir, vantagens e desvantagens, de
trilhar este caminho profissional.
O Centro de Formação de Artesãos de
Parelheiros forma para quê? É uma pergunta
frequente no cotidiano escolar, pois pensamos
em um caminho gerador de possibilidades
metodologia de ensino praticada no Centro reais para a comunidade. Ou seja, não há o que
de Formação de Artesãos de Parelheiros foi esperar para gerar trabalho e renda para a região
desenvolvida em conjunto com a comunidade de Parelheiros. No entanto a urgência não nos
local, com o objetivo de o ensino proposto estar o deve tirar o dever de sempre fazer mais quanto
mais próximo possível da realidade do educando. à formação de pessoas problematizadoras da
10
Ela se compõe de quatro aspectos: a) Formação sociedade. “Quem forma se forma e re-forma ao
humana e cidadã; b) Formação técnica; c) formar e quem é formado forma-se e forma ao
Formação prática; e d) Formação empreendedora. ser formado” (FREIRE, 1998, p.25). Essa dinâmica
O educando deve sentir-se incluído e convidado a de ensino-aprendizagem, presente na obra de
INTRODUÇÃO

refletir sobre cada tema trabalhado. Paulo Freire, orienta nossas ações educativas,
Paulo Freire, quando fala da possibilidade de pois acreditamos em empreendedores, pessoas
aprendizado negado pela “escola burocrática” que podem transformar a sociedade a partir da
que ensina uma “educação bancária”, refere-se a profissionalização, gerando emprego para os
esta troca de experiência de mundo. Pois a leitura familiares e para a região. Ensinar valores, como a
dos signos é precedida da leitura do mundo, e a preservação do meio ambiente, não em uma visão
leitura dos signos não pode ser neutra, é sempre egoísta, de preservar para garantir o “meu” futuro,
apoiada em uma visão e caminho de construção mas para garantir o futuro de todos, ou seja, com o
de si mesmo e da sociedade. Quem aprende valor humano de viver em comunidade, com ética.
sempre aprende para um porquê, o ato de Para que este processo de ensino-
aprender nunca é isolado. “Quem ensina aprende aprendizagem possa verdadeiramente acontecer,
ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” é necessário que o educando, trilhe um caminho
(FREIRE, 1998, p.25). Não há desafio que não seja de descoberta pessoal, de assumir-se como ser
ao mesmo tempo estímulo, pois todo ser humano social. Não de comodismo pessoal, desinteressado
é convidado a superar seus próprios limites. pelo seu próprio desenvolvimento profissional
Assim o aprendizado é uma lida constante entre ou educacional, como se dissesse: “eu sou assim
dons e limitações, na busca de objetivos. Somos e ninguém pode fazer nada”, ou mesmo crente
convidados a conhecer o universo profissional do dos ditados populares que dizem: “pau que nasce

Marcenaria Vol 1.indd 10 10/6/2015 9:00:48 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

torto, morre torto”, “quem é bom já nasce feito”. A desde sua origem com o desenvolvimento local.
descoberta do assumir-se é melhor compreendida A formação humana e cidadã vai levar-nos a
quando Paulo Freire diz: pensar o ser humano e a sociedade como primeiro
passo da capacitação profissional. Abrange a
Outro sentido mais radical tem a assunção importância do aprendizado e dos valores éticos
ou assumir quando digo: uma das tarefas para todas as atividades do ser humano como
mais importantes da prática educativo- cidadão. Como membro de um grande corpo,
crítica é propiciar as condições em que os cada um tem função e obrigações dentro deste
educandos em suas relações uns com os complexo sistema, que não pode deixar de
outros e todos com o professor ou professora funcionar para garantir a vida social.
ensaiam a experiência profunda de assumir-se. A capacitação profissional, além de ser
Assumir-se como ser social e histórico, como ferramenta de acesso ao mercado de trabalho, deve
11
ser pensante, comunicante, transformador, contribuir para o educando conhecer o universo
criador, realizador de sonhos, capaz de ter profissional do artesão e na leitura do mundo do
raiva porque capaz de amar. Assumir-se trabalho, descobrir, vantagens e desvantagens de
como sujeito porque capaz de reconhecer-se trilhar este caminho profissional.

INTRODUÇÃO
como objeto. A assunção de nós mesmos não Num projeto de desenvolvimento pessoal e
significa a exclusão dos outros. É a “outredade” social, tendo como objetivo geral a construção
do “não eu”, ou do tu, que me faz assumir a da cidadania, é preciso definir que mulher e
radicalidade de meu eu.1 homem queremos formar. Dentro da visão do ser
humano autônomo e solidário, algumas atitudes e
Esta experiência de assumir-se é certamente características devem ser desenvolvidas para que
a primeira etapa do processo de capacitação essas qualidades possam ser atingidas. A formação
profissional do Centro de Formação de Artesãos. É a humana e cidadã trilha este caminho metodológico
partir deste passo que o educando pode relacionar- no desenvolvimento do conteúdo das aulas.
se com a sociedade. A formação técnica quer refletir a importância
É um processo de ensino-aprendizagem, da técnica, com uma apresentação minuciosa,
educativo enfim, comprometido com o paciente e detalhada de todos os aspectos do
desenvolvimento social, político e econômico da exercício da profissão do artesão e do marceneiro.
comunidade. Quando falamos em “econômico” O homem sempre fez experiências, buscando
queremos apontar para aquela economia que gera encontrar aquilo que precisa para satisfazer suas
trabalho e renda para a região, comprometida necessidades. Aprendeu lidando diretamente

(1) FREIRE,Paulo, PEDAGOGIA DA AUTONOMIA Saberes


Necessários à Prática Educativa. 25ª edição. Ed. Paz e Terra.
1998, p.18 e 19.

Marcenaria Vol 1.indd 11 10/6/2015 9:00:48 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Introdução

com a natureza. Mais recentemente, passou linguagem da aprendizagem técnica, própria da


a usar os conhecimentos científicos. Assim, ciência, e não o contrário.
foi inventada a roda, a bicicleta, a carroça e Também existe a fase da formação
a carruagem, o automóvel, o avião etc. Essas empreendedora, quando substituem as aulas
invenções possibilitam um deslocamento cada vez de formação humana e cidadã, elas acontecem
mais rápido de pessoas e de coisas. As invenções todos os dias na primeira hora, das quatro horas
humanas surgem da necessidade e são frutos da diárias de curso.
criatividade e da observação. Nesta fase da formação empreendedora
Com a formação prática, propomos aprender o educando está conhecendo a profissão e
na prática, aspecto educativo que ocupa o maior descobre a importância da marcenaria no mundo.
tempo das aulas. São três horas, das quatro diárias Descobre que a beleza do artesanato e dos móveis
de curso, dedicadas exclusivamente à prática. O fabricados na marcenaria podem ser de grande
12
Centro de Formação de Artesãos de Parelheiros valor econômico. E que isso, ao mesmo tempo que
está equipado com máquinas e equipamentos traz grande prazer como profissional, pode trazer
de primeira qualidade, o que possibilita uma o sustento da família. Afinal ter uma profissão traz
qualificação profissional de alto nível. reconhecimento e inclusão social, ser “ajudante
INTRODUÇÃO

O diferencial desta unidade de ensino pode geral” não é profissão, pois seria impossível
ser completamente simbolizada com a frase, dominar todas as técnicas para ser realmente um
uma vez dita pelo ex-aluno Oscar Vicente Vieira: ajudante geral. Na verdade um ajudante geral é
“aqui se aprende fazendo”. O método consiste em uma qualificação dada para o profissional sem
escolher produtos que são inovadores e de fácil qualificação, que normalmente vai trabalhar na
comercialização no mercado, traça-se então a linha limpeza e no auxílio superficial aos profissionais de
de produção de acordo com o perfil da turma, que uma seção ou setor de uma empresa.
pode ser muito diferente de uma turma para outra. Esta é uma etapa muito importante da
Então cria-se uma ordem de aplicação das técnicas metodologia pois é neste momento que o
da marcenaria e do artesanato1 em madeira nas empreendedor define a organização estrutural da
etapas de construção do artefato em madeira. empresa. É fundamental preparar a empresa com
Experienciar as técnicas no fazer é muito mais princípios organizacionais básicos, garantindo
eficiente. Por que é assim que acontece em toda assim o crescimento. A falta de organização pode,
a nossa vida. Primeiro lemos o mundo, a vida e além de dar prejuízo, impedir o crescimento da
suas necessidades e depois lemos os signos de empresa.

(1) Nesta descrição das atividades de capacitação, serão citadas sempre em conjunto: marcenaria e artesanato em madeira. Pois o
Centro de Formação de Artesão de Parelheiros capacita em marcenaria tradicional. O ramo da atividade profissional que usa
máquinas elétricas estacionárias e portáteis, no entanto, prioriza o trabalho artesanal, o que garante um acabamento muito
procurado no mercado. Pensamos que assim a inclusão no mercado de trabalho seja mais garantida.

Marcenaria Vol 1.indd 12 10/6/2015 9:00:49 AM


E N Ç ÃO ,
AT
A N E TA E
C
PAPEL

V a m os à s
au l a s !

Marcenaria Vol 1.indd 13 10/6/2015 9:00:59 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

1
Formação Humana e Cidadã:
O ser humano

OBJETIVO
Propiciar aos participantes a identificação das características da existência humana, e a valorização do
trabalho como ferramenta essencial de interação e crescimento. Por meio do trabalho o ser humano desen-
volve suas potencialidades, ao mesmo tempo em que recebe e expressa solidariedade; o trabalho deve ser
reconhecido como um direito de todo ser humano e um dever social a ser exercido em condições justas.

CONTEÚDO
O Ser Humano, seu trabalho
e suas responsabilidades
A maior riqueza
do homem Estamos sempre aprendendo com tudo
14 é sua incompletude. que nos cerca. Quando crianças aprendemos
Nesse ponto nas brincadeiras, na escola e na família; quan-
sou abastado. do adulto percebemos a organização da socie-
Palavras que me aceitam dade e o trabalho é fundamental nessa organi-
como sou zação. Apredemos que com o trabalho somos
— eu não aceito.
AULA - 1

incluidos na sociedade, e muito do que somos


Não aguento ser apenas é definodo pelo trablaho que escolhemos.
um sujeito que abre Somos incompletos, é na aprendizagem
portas, que puxa em sociedade que sobrevivemos, somos seres
válvulas, que olha o sociais. Toda pessoa precisa de alguém para
relógio, que compra pão falar, trocar ideias e experiências, dar e rece-
ber afeto, amar e sentir-se amada, ou seja, o
às 6 da tarde, que vai convívio social é condição necessária para
lá fora, que aponta lápis, que possamos viver com dignidade. Somente
que vê a uva etc. etc. a convivência democrática pode assegurar as
Perdoai. Mas eu mesmas possibilidades a todos: para que os
preciso ser Outros. direitos à vida, saúde, educação e trabalho em
Eu penso condições justas não sejam reduzidos a privi-
renovar o homem légios de poucos.
usando borboletas.

Fonte: Manoel de Barros. Retrato do Artista Quando Coisa. Ed.


Record. São Paulo, 1998.

Marcenaria Vol 1.indd 14 10/6/2015 9:00:59 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
1 Profissões da madeira

Marcenaria tomatizado), especialmente com o uso de chapas


A marcenaria é o ofício que trabalha a madeira industrializadas. Porém, mesmo que no presente
a fim de transformá-la em objeto útil ou decorati- momento haja menor quantidade de madeiras ma-
vo, por exemplo: mesas, cadeiras, gamelas, brindes, ciças disponíveis, ainda sim veremos a marcenaria
molduras etc. A marcenaria evoluiu da carpintaria e, moderna fazer uso deste material bruto, sobretudo
na atualidade, além de continuar a utilizar madeiras em madeiras provenientes de demolição (recicla-
maciças, começa a trabalhar também com materiais das), que se transformam todas em objetos úteis e
mais modernos, como madeiras industrializadas e decorativos, com excelência em acabamento e mui-
componentes afins, como laminados de madeira e to bem confeccionados.
melamínicos decorativos, chapas de compensado,
aglomerados, MDF e ferragens, entre outros. Carpintaria
O profissional marceneiro deve desenvolver sua Considerada a primeira arte de trabalhar a ma-
criatividade a partir do material trabalhado, sobre- deira, a carpintaria é o ofício que tem o objetivo de
tudo neste momento que a variedade de materiais transformar a madeira em objetos diversos, como
se amplia. Juntamente com o domínio técnico, sua móveis, ferramentas, artigos para construção civil,
criatividade, ou seja, seu talento, fará toda diferença estruturas e construção naval, entre outros.
na confecção do produto final. Diferente da marcenaria, que tem o objetivo
O marceneiro completo, afora a criatividade, principal de dar forma à madeira na busca de valor
deve saber geometria, matemática e desenho em estético e útil, a carpintaria foca a utilização da ma-
perspectiva, além de ter amplo domínio do uso das deira para trabalhos ditos “brutos”, centrados muito
ferramentas e materiais relacionados à sua área. Seu mais na resistência estrutural do que na forma do ar-
trabalho está relacionado a um espaço físico, a ofi- tefato. Assim, o carpinteiro coloca-se como grande 15
cina, equipado com variadas ferramentas, desde as especialista no reconhecimento das mais variadas
manuais e portáteis elétricas até as estacionárias, espécies de madeira maciças para quaisquer finali-
por exemplo: serra circular, tupia, formão, plaina, dades, já que ele continua a fazer o uso de madeiras
desempenadeira etc. maciças, especialmente na fabricação de produtos
A marcenaria tradicional envolve principalmen- como portas, janelas, deques, assoalhos e elemen-

AULA - 1
te a fabricação de móveis por meio do trabalho tos estruturais, como tesouras, treliças, pérgolas,
artesanal (mecanizado), e não tanto industrial (au- corrimãos, guarda-corpos etc. Para estes fins, é ne-

Imagens: Google Imagens, 2015. Centro de Formação de Artesãos e Artefatos em Madeira: Projeto Artes Nascentes, 2011.

Marcenaria Vol 1.indd 15 10/6/2015 9:01:01 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Fotos: Google Imagens, 2015.


cessário usar madeiras específicas, com resitência
mecânica para o que terão de suportar.
A carpintaria moderna, como a marcenaria, tam-
bém utiliza chapas especiais de produção industrial,
e está voltada principalmente a trabalhos de cons-
trução civil, como a confecção de caixaria para vigas,
pilares, colunas e sapatas de concreto armado.
O profissional desta área deve ter boas noções Antes
de geometria e matemática. Ter moderada força e
resistência físicas fará grande diferença, pois 90%
16
dos serviços do carpinteiro serão realizados em am-
biente externo, exposto às condições climáticas, e
com o manejo de ferramentas portáteis elétricas,
como a serra circular manual, e de peças estruturais
de madeira.
AULA - 1

Restauração ou restauro Depois


A restauração ou restauro é a atividade respon-
sável pela conservação, reparo, manutenção e o
próprio restauro de objetivos confeccionados em
madeira, desde pequenos artefatos a grandes estru-
turas em madeira.
As regras estabelecidas por conselhos e outras
entidades profissionais públicas e privadas, como
as entidades de arquitetura, determinam condições
mínimas para a prática do restauro, restringindo-a
aos profissionais diretamente ligados a este ofício. Antes
A vocação do restaurador é zelar por ou recuperar
aquilo que se apresenta degradado, sendo o único
profissional capaz de realizar tal tarefa.
O restauro como técnica de se trabalhar a ma-
deira apresenta um forte componente de susten-
tabilidade, pois evita a construção de um artefato
completamente novo, não exigindo a utilização de
novas madeiras e outros materiais. Além disso, o res-
tauro deve ser entendido como o conjunto de técni- Depois
cas que assegura o resguardo do desenvolvimento Fotos: Centro de Formação de Artesãos e Artefatos em Madeira: Projeto Artes Nascentes, 2011

Marcenaria Vol 1.indd 16 10/6/2015 9:01:14 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

detalhes e tamanhos variados, como ornamentos,


móveis, elementos construtivos e estruturas. Assim,
é preciso saber que o profissional restaurador deve
também dominar outras técnicas para o trabalho
com madeira e com outros materiais, como carpin-
taria, entalhe, marcenaria, marchetaria, torneria, fer-
ramentaria e serralheria. O conhecimento do con-
junto de todas essas técnicas forma um profissional
mais completo, capaz de utilizar sua visão precisa e
delicada para restaurar peças e torná-las novamente
úteis em suas finalidades prática e cultural.

Marchetaria
Marchetaria é a arte de ornamentar superfícies
planas de móveis, painéis, pisos, tetos, através da téc-
nica de incrustação ou colagem de lâminas a partir de
materiais diversos, tais como: madeira, madrepérola,
metais, marfim, pérola e plásticos. De acordo com a
modalidade da técnica utilizada, pode-se construir
relevos tridimensionais, esculturas, joias, utensílios
etc., e também obter superfícies ornamentadas com
formas geométricas, desenhos artísticos, imagens tri-
dimensionais ilusórias, entre outros.
A marchetaria tem origem na técnica da incrus-
tação, que consiste em entalhar a madeira para em-
butir na cava uma peça confeccionada com outra
espécie. Inicialmente, a técnica era utilizada não
apenas como elemento de ornamentação ou deco-
ração, mas também como forma de unir peças por 17
meio de encaixe por sobreposição. Com a volumo-
sa disponibilidade de acabamentos de folheados,
a marchetaria se desenvolveu juntamente com a
técnica da colagem, principalmente com lâminas de
madeiras naturais (formas), possibilitando composi-

AULA - 1
ções refinadas com formas e cores únicas.
Imagens: Centro de Formação de Artesãos e Artefatos em Madeira: Projeto Artes Nascentes,
2012. Fonte Imagens: Google Imagens, 2015.
Luteria
Palavra de origem francesa (lutherie), a luteria
é a arte da construção, manutenção e restauro de
cultural de um indivíduo, sociedade ou nação, pela instrumentos de cordas. O lutier é o profissional es-
recuperação ou manutenção de adereços, móveis pecializado na construção e no reparo desses instru-
ou edificações, entre outros. Pois o restaurador, com mentos, tais como viola, violão, cavaquinho, violino,
suas técnicas associadas a seu repertório histórico- violoncelo, contrabaixo e guitarra, entre outros.
-cultural, identifica qual a melhor intervenção a ser Além de ser extremamente caprichoso, este
realizada no artefato degradado sem que faça mo- profissional carrega consigo aperfeiçoada habilida-
dificações que comprometam seu aspecto original, de de audição e tato, sendo capaz de reconhecer a
ou seja, sem descaracterizá-lo de sua forma inicial. melhor madeira também por suas qualidades acús-
O restaurador deve ser um excelente conhece- ticas, de maneira a propiciar a construção do instru-
dor de madeiras e dominar técnicas apuradas, que o mento ideal.
tornam capaz de reparar o artefato em seu contexto Trata-se de um ofício muito antigo, que existe
total, estrutural e estético, seja por meio de decapa- desde o aparecimento dos primeiros instrumen-
gem (raspagem), pequenas cirurgias (incrustações), tos de corda, seja na Mesopotâmia, Egito, Grécia e
aplicações de tingimento e acabamentos diversos. Roma, e que permanece até hoje. Ao longo dos mi-
Além disso, como a madeira é altamente moldável, lênios, houve inúmeros artesãos lutiers, mas alguns
encontraremos inúmeros artefatos com formas, se tornaram renomados, pois foram responsáveis

Marcenaria Vol 1.indd 17 10/6/2015 9:01:16 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Fotos: Google Imagens, 2015.


18

por aperfeiçoar instrumentos, levando-os a níveis de


AULA - 1

qualidade sonora únicos. Alguns desses lutiers his-


tóricos são: Antonio Stradivari ou Stradivarius (1644-
1737), Nicolò Amati (1596-1684), Clarence Leonidas Entalhe em madeira é o trabalho artesanal com
Fender (1909-1991), Orville H. Gibson (1856-1918). o propósito de dar vida a um determinado  dese-
nho, transformando-a em  alto ou baixo relevo. As
Entalhe espécies  mais usadas são as madeiras moles de
O entalhe é a arte amplamente conhecida, de baixa a média densidade, que apresentam melhor
cortar ou esculpir/ lavrar a madeira, tendo atual- manuseio com ferramentas cortantes. Usa-se para a
mente sua melhor expressão no continente Africa- confecção do trabalho ferramentas como formões e
no e Oceania. Na Europa pouco sobrou das obras da goivas, mas muitas vezes o artesão precisa fabricá-
antiguidade, sobretudo do período da Idade Média, -las, a partir de lâminas de aço ou ferramentas como
onde no interior das igrejas medievais, a habilidade limas já cegas (sem poder de desbaste), isso confor-
dos artesãos entalhadores era apresentada nas ela- me a necessidade do desenho.
boradas e belíssimas cadeira de coro, bancos, telas,
púlpitos, estantes de leitura, altar mor e capelas. No Tornearia
Brasil esta arte é mais conhecida através de um ca- O torneiro em madeira, além de ser um ótimo co-
tivo vulgarmente chamado de Alejadinho (Antônio nhecedor das mais variadas madeiras, é um domina-
Francisco Lisboa), negro, nascido em Minas Gerais – dor nato do uso de goivas e possui vasta técnica na
Ouro Preto, foi grande responsável por grande parte arte de ferramentaria, pois em muito de seus traba-
das ornamentações das igrejas barrocas do período lhos há a necessidade de se elaborar desenhos úni-
colonial, obras de esculturas de sacras e arquitetura. cos. Para isso, este profissional precisa não somente

Marcenaria Vol 1.indd 18 10/6/2015 9:01:16 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Artesão
Quando falamos que um objeto foi construído
de forma artesanal, pensamos diretamente em um
artesão, porém devemos entender que o artesão é
um profissional que não domina apenas uma área,

Foto: Centro de Formação de Artesãos e Artefatos em Madeira: Projeto Artes Nascentes, 2011.
podendo se desenvolver em vários outros segui-
mentos, unindo variadas técnicas na confecção de
pequenas peças sem o uso de maquinário pesado,
usando exclusivamente técnicas manuais, com o
auxílio de ferramentas elétricas portáteis em algu-
mas das etapas. Assim, através do uso da madeira,
juntamente com a união de outros materiais, como
couro, tecidos, pedras, cordas e ferragens o artesão
confecciona os mais variados produtos, que de acor-
do com sua criatividade e técnica garante valoriza-
ção a cada construída manualmente.

FFoto: Google Imagens, 2015.


ter habilidade com a ferramenta desbastadora, mas
também forjar o formato do corte que deseja em
19
sua ferramenta.
Conforme o uso da madeira, o torneiro é capaz
de criar não só objetos decorativos como castiçais e
peças de tabuleiro, mas também objetos úteis como
vasilhames, pequenos pilões, mancebos, ferramen-

AULA - 1
tas e brinquedos diversos. Contudo, é importante
lembrar que o torneiro aparece também em traba-
lhos de marcenaria e carpintaria, na confecção de
cadeiras, tamboretes, corrimãos, balaustres, camas,
colunas, etc.

Atividade Prática:
Responda: Qual a importância da marcenaria para o ser humano?

Marcenaria Vol 1.indd 19 10/6/2015 9:01:18 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

1 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)

Construção de caixa de ferramentas em madeira. Etapas 1 e 2

1) Desenho (utilize uma folha em branco):

2) Orçamento:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

20
ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)
Construção de caixa de ferramentas em madeira. Etapas 3 e 4.

3) Seleção de material:
AULA - 1

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

4) Corte da madeira:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 20 10/6/2015 9:01:18 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

2
Formação Humana e Cidadã:
Diversidade humana

OBJETIVO Certas pessoas dizem que:


As pessoas são diferentes, cada uma tem o seu
jeito próprio de ser, de ver e de sentir as coisas.  A PESSOA JÁ NASCE FEITA. AS PESSOAS JÁ TRA-
Contudo, nenhuma pessoa vale mais nem vale ZEM DENTRO DE SI TUDO O QUE VÃO SER. O
menos que a outra. O que faz algumas pessoas MEIO CONTA MUITO POUCO.
pensarem que podem ser mais que os outros?
Ninguém tem o direito de escravizar e explorar Mas há outro modo de pensar nessas coisas que
outros seres humanos. Os direitos fundamentais diz o seguinte:
são iguais para todos!
 AS PESSOAS SÃO O QUE O MUNDO FAZ DELAS.
CONTEUDO O MEIO AMBIENTE VAI DECIDIR TUDO.
21
A sabedoria popular, se metendo nesta história,
Veja como o cantador se diria com prudência:
espanta com esta realidade:
 NEM TANTO AO MAR NEM TANTO À TERRA.
“Ó Deus, meu Deus, tenha pena

AULA - 2
Dessa pobre humanidade
Do humilde, injustiçado
Que sofre perversidade Discussão em grupo
Dos Poderosos impunes (*)
Com farsas e crueldade”. Vocês acham que sempre foi assim? Vocês
(Abraão Batista, cantador de viola) acham que isso é da “natureza” do homem?

ou
Vejamos como as coisas acontecem em nossa
vida. Será que tudo já vem construído dentro da gen- O homem pode mudar esse jeito de ser, tão
te? Ou será que adquirimos conhecimento a partir do prejudicial para a maioria das pessoas?
relacionamento com o meio em que vivemos?

Marcenaria Vol 1.indd 21 10/6/2015 9:01:18 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
2 Segurança no trabalho

Para cada tipo de trabalho, são diferentes as si-  Calçado (bota): confeccionado com material
tuações que podem ser causas de acidentes. Para resistente a impactos e a corrosões, este EPI é
eliminar os riscos devemos analisar a tarefa a ser de extrema importância para integridade física
executada e a forma de prever o acidente. Porém, do trabalhador.
os acidentes ocorrem em situações inesperadas e  Capacete: utilizado para proteção da cabeça
muitas vezes imprevistas, daí a necessidade do uso em trabalhos a céu aberto ou em local confina-
constante dos EPIs e EPCs. Vejamos: do, protegendo contra impactos provenientes
de queda ou projeção de objetos, queimadu-
EPI – Equipamento de ras, choque elétrico e irradiação solar.
Proteção Individual  Luvas: utilizadas para proteção das mãos e
Conforme a Norma Regulamentadora n.º 6 (NR6) punhos contra agentes abrasivos e cortantes e
o Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo também usadas no transporte de peças (mó-
dispositivo ou produto de uso individual utilizado veis, chapas e pranchas de madeira).
pelo trabalhador, destinado à proteção contra riscos  Óculos de proteção: utilizado para proteção
capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde. dos olhos contra impactos mecânicos e partí-
O uso deste tipo de equipamento só deverá ser culas volantes, evitando acidentes com farpas
feito quando não for possível tomar medidas que de madeira, pó de serra, produtos químicos e
permitam eliminar os riscos do ambiente em que se raios ultravioletas.
desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas  Protetor auditivo (auricular): utilizado para
de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes proteção dos ouvidos em atividades com equi-
22 e suficientes para a redução dos acidentes, e não pamentos elétricos manuais e estacionários
oferecerem completa proteção contra os riscos no que apresentam ruídos excessivos, tanto a
trabalho e/ou de doenças profissionais causadas no céu aberto quanto em ambientes confinados,
exercício da função. como obras ou espaços fabris e residenciais.
 Máscara respiratória: utilizada para proteção
respiratória das vias nasais em atividades e lo-
AULA - 2

INFORME-SE: as Normas Regulamentadoras, cais que apresentem tal necessidade, como a


também conhecidas como NRs, regulamen- presença de pó excessivo ou na aplicação de
tam e fornecem orientações sobre procedi- produtos químicos como vernizes, lacas, thin-
mentos obrigatórios relacionados à segurança ner, aguarrás, etc.
e medicina do trabalho no Brasil. Neste caso
refere-se especificamente às Normas Regula- EPC – Equipamento de
mentadoras do Capítulo V, Título II, da Conso- Proteção Coletiva
lidação das Leis do Trabalho (CLT), relativas à
Segurança e Medicina do Trabalho. Aprovadas Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs)
pela Portaria n.° 3.214 de 8 de junho de 1978, são dispositivos utilizados no ambiente de trabalho
são de observância obrigatória por todas as com o objetivo de proteger os trabalhadores dos
empresas brasileiras regidas pelas CLT. prováveis riscos cotidianos da atividade exercida. Os
EPCs consistem no reforço ao combate de possíveis
acidentes que o local de trabalho possa oferecer,
Principais equipamentos de proteção podendo auxiliar nas atividades coletivas dos de-
individual para marcenaria e restauro mais trabalhadores ou não. Locais confinados, com
pouca ventilação, com calor excessivo e pouco oxi-
- Avental ou jaleco: confeccionado com tecido gênio, equipamentos e máquinas industriais, obras
rígido e pouco poroso, é utilizado para prote- de manutenção, construção civil e áreas de carga e
ção do corpo do trabalhador, evitando impac- descarga são bons exemplos de ambientes que re-
tos e contatos com produtos químicos. cebem este apoio de segurança. A correta utilização

Marcenaria Vol 1.indd 22 10/6/2015 9:01:18 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

dos EPCs é de responsabilidade do empregador e  Equipamentos de iluminação de emergência.


não depende da vontade do trabalhador para aten-  Quadros de proteção e comando elétrico.
der suas finalidades. Cabe ao empregado zelar pela  Maca, estojo e equipamentos de primeiros so-
utilização dos EPCs, a fim de colaborar com os pro- corros. 23
cedimentos de proteção minimizando os efeitos ne-  Isolamento da área de máquinas da área de
gativos de um ambiente de trabalho que apresenta bancadas e restrição do acesso.
diversos riscos.

Imagem: Google Imagens, 2015.


Principais equipamentos de proteção

AULA - 2
coletiva (EPCs)

 Sinalização adequada no espaço de trabalho.


 Sistemas de detecção e combate a incêndio.
 Extintores de incêndio.
 Rede pressurizada ou canalizada de água.
 Saídas de emergência e sinalizações de aviso.

Atividade Prática:

A partir desta aula, reflita com os demais colegas a importância dos equipamentos de segurança a partir do seu
mínimo conhecimento da atividade da marcenaria.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 23 10/6/2015 9:01:18 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

2 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)

Construção de caixa de ferramentas em madeira. Etapas 5 e 6.

5) Montagem da caixa de ferramentas: (utilize uma folha em branco)

6) Elaboração do corte interno:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

24
ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)

Construção de caixa de ferramentas em madeira. Etapas 7 e 8 (finalização).


AULA - 2

7) Instalação das ferragens:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

8) Acabamento:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 24 10/6/2015 9:01:18 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

3
Formação Humana e Cidadã:
A humanidade

OBJETIVO remos negando a ideia de que estamos permanen-


Ninguém se educa da noite para o dia. A educa- temente aprendendo; dessa forma, não crescemos,
ção é um processo contínuo de aprendizagem que logo, não nos educamos.
propicia o aperfeiçoamento espiritual e intelectual
das pessoas. A educação torna as pessoas mais pre- Estes, na arrogância de seu autoritarismo,
paradas para a vida e também para a convivência. na cegueira de seu cientificismo ou na
Cada ser humano pode receber conhecimentos ob- insensibilidade de seu sectarismo, não
tidos por outros seres humanos, assim como pode percebem que ninguém nasce feito, que
dar apoio ao desenvolvimento interior de outras ninguém nasce marcado para ser isto ou
pessoas. Afinal, cada pessoa organiza as informa- aquilo. Pelo contrário, nos tornamos isso
ções, os sentimentos do mundo de um jeito único e ou aquilo. “Somos programados, mas, para
ativo. Mas a educação de cada um interessa a todos! aprender”. A nossa inteligência se inventa 25
e se promove no exercício social de nosso
CONTEÚDO corpo consciente. Se constrói. Não é um
Tudo isso que acabamos de dizer importa muito dado que, em nós, seja um a priori da nossa
para quem educa, tanto quanto para quem é educa- história individual e social.3
do. (E nós estamos nos educando sempre, uns aos

AULA - 3
outros, em nosso conviver.)
ATIVIDADE EM GRUPO

Se você é uma pessoa que acredita no Em que situações da vida vocês se veem dizendo
provérbio: ou ouvindo dizer:

“Pau que nasce torto morre torto...”,


Você vai achar que a vida não tem jeito; “Pau que nasce torto, morre torto”
Quem afirma que “a educação vem do “Quem é bom já nasce feito”
berço”, já está reforçando isso: que não “O que é bom vem do berço”
adianta o resto do mundo fazer nada
pela pessoa.  Vocês acham que este modo de pensar influen-
Se ela tiver um “berço” bom, está feita; do cia nosso modo de agir?
contrário, azar dela.
 Tentem recordar situações da vida em que vo-
cês já tenham passado por isso (procurem ob-
Se a gente permanecer acreditando nesse modo servar de que modo essa maneira de pensar
de pensar, estaremos negando o valor da vida; esta- influencia nossa ação no mundo).

(3) (FREIRE, Paulo. Política e educação: ensaios. 5. Ed. (Coleção Questões de Nossa Época). São Paulo: Cortez, 2001.)

Marcenaria Vol 1.indd 25 10/6/2015 9:01:18 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
3 Aspectos gerais da madeira maciça - Parte 1

A madeira é um material produzido a partir do postos orgânicos para a produção, por exemplo, de
tecido formado pelas plantas ditas “lenhosas”, sendo medicamentos e cosméticos.
um material natural, resistente e relativamente leve. Seu uso na indústria madeireira ocorre na pro-
A partir destas, é frequentemente utilizado para fins dução de dezenas de produtos e subprodutos,
estruturais em construção, além de outras diversas como pranchas de madeira maciças e chapas in-
finalidades. Composta de material orgânico, sólido, dustrializadas (por exemplo: compensados, MDFs,
de composição complexa, isso de acordo com sua OSBs, entre outros), produzidas para as fábricas de
espécie, encontraremos em suas fibras a celulose e marcenaria, dentre as quais as que confeccionam
hemicelulose, unidas por lenhina (sustância de plan- móveis estão entre as mais numerosas. Seu uso
tas terrestres). também está ligado diretamente à construção ci-
Por sua disponibilidade e características, a ma- vil, com a carpintaria, para a confecção de diversas
deira foi um dos primeiros materiais a serem utiliza- estruturas, incluindo navais, com uso direto na ar-
dos pela humanidade, mantendo-se em constante quitetura e engenharia civil.
uso até os dias de hoje. Mesmo após o aparecimen- Entretanto, é importante sabermos que a indús-
to de materiais industrializados, sua extração é tria madeireira ocupa vastas áreas de terra e que a
mantida, pois é utilizada em produtos diretos e in- exploração de madeira em florestas naturais conti-
diretos, servindo para inúmeras funções. É também nua a ser uma das causas do desmatamento e da
uma importante fonte de energia, em termelétricas, destruição do habitat de muitas espécies, ameaçan-
além da tradicional utilização de lenha para fogo. do severamente a biodiversidade em âmbito mun-
Sua utilização na indústria, está na origem da pro- dial. A exploração indevida e descontrolada é feita
dução papeleira e de algumas indústrias químicas, principalmente pela agropecuária e por madeireiros
26
nas quais é utilizada como fonte de diversos com- ilegais, não raro associados entre si.
AULA - 3

Imagens: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 26 10/6/2015 9:01:19 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

3 Formação prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)

Construção de um armário para ferramentas em madeira maciça. Etapas 1 e 2.

1) Desenho:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

2) Orçamento:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________
27
______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)

AULA - 3
Construção de um armário para ferramentas em madeira maciça. Etapas 3 e 4.

3) Corte da madeira:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

4) Montagem do armário:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 27 10/6/2015 9:01:19 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

4
Formação Humana e Cidadã:
Trabalho e sociedade

OBJETIVO
O ser humano cultivou infinitas possibilidades “O caminho da vida pode ser o da liberdade e
de transformar sua realidade. Ser inquieto e insatis- da beleza, porém, desviamo-nos dele.
feito permanentemente são características únicas A cobiça envenenou a alma dos homens,
do ser humano, que lhe confere a vontade necessá- levantou no mundo as muralhas do ódio e
ria para modificar, transformar e pensar a socieda- tem-nos feito marchar a passo de ganso para
de onde vive. Para isso a organização do trabalho é a miséria e os morticínios.
fundamental nesse processo. Pois é utilizando-se de Criamos a época da produção veloz, mas nos
instrumentos, artefatos e técnicas e desenvolvendo sentimos enclausurados dentro dela.
tecnologias que o ser humano vai transformando a A máquina, que produz em grande escala,
sociedade. tem provocado a escassez. Nossos conheci-
28 mentos fizeram-nos céticos; nossa inteligên-
cia, empedernidos e cruéis. Pensamos em
demasia e sentimos bem pouco. Mais do que
máquinas, precisamos de humanidade; mais
do que de inteligência, precisamos de afeição
Agora, vamos pensar em grupo! e doçura! Sem essas virtudes, a vida será de
AULA - 4

Qual a importância do trabalho na sociedade? violência e tudo estará perdido.”

ATIVIDADE (Charles Chaplin, em discurso proferido


Anote suas observações e compartilhe em grupo. no final do filme O grande ditador.)

AULA
Formação Técnica:
4 Aspectos gerais da madeira maciça - Parte 2

Característica estrutural – material lenhoso características físicas e químicas. Numa análise mais
As árvores crescem em média cerca de 12  cm detalhada, podemos diferenciar as seguintes partes
por ano, desta forma, podemos considerar que a do lenho: 1. medula; 2. cerne; 3. borne ou alburno;
madeira é um produto gerado de forma lenta, num 4. nós. Na planta viva, esta estrutura, recoberta ex-
processo que, em geral, dura dezenas ou centenas teriormente pelo “súber” (a casca), formam o tronco
de anos. Sendo a madeira um produto vegetal, tem da árvore. Assim, com um corte transversal em um
uma estrutura complexa, composta de uma estru- tronco de árvore, podemos observar a formação de
tura celular própria de cada espécie, o que resulta vários anéis circulares que correspondem ao cresci-
numa diferenciação radial e longitudinal das suas mento da árvore e que organizam a sua estrutura:

Marcenaria Vol 1.indd 28 10/6/2015 9:01:19 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Fonte Imagens: Google Imagens, 2015

 Casca: a parte exterior, correspondente ao sú-  Alburno: a zona mais clara que transporta a sei-
ber, responsável pela proteção do tronco. va bruta das raízes para as folhas.
 Floema/Cambium: tecidos superficiais do tron-  Cerne: a parte mais escura da madeira e que
co, responsáveis pelo transporte de seiva. lhe dá mais resistência.
 Xilema (Lenho): é a parte do tronco da qual se  Medula: corresponde ao tecido mole e espon-
extrai a madeira, compreendida entre a casca e joso na parte central do tronco.
a medula e dividida em duas zonas:

AULA

4 Formação Prática 29

ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)

AULA - 4
Construção de um armário para ferramentas em madeira maciça. Etapas 5 e 6.

5) Instalação de prateleiras:

______________________________________________________________________________________________________________________

6) Instalação da porta:

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2hs:30 min.)


Construção de um armário para ferramentas em madeira maciça. Etapas 7 e 8 (finalização).

7) Revisão:

______________________________________________________________________________________________________________________

8) Acabamento:

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 29 10/6/2015 9:01:20 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

5
Formação Humana e Cidadã:
�pectativas e responsabilidade

OBJETIVO Ri
Nesta aula entenderemos que viver, requer nos- Goza
sa intensa participação, pois em todos os momentos Deseja
tomamos decisões e interferimos nos rumos de nos- Estuda e aprende com o estudo
sa própria vida. Estas decisões e interferências são Conhece com a ciência
reflexos do que pensamos e somos. Elas mudam o Sente e pensa com a arte
mundo, transformam nossa vida e nossa sociedade. Alegra-se
Mas também podemos escolher não participar, não Desenvolve seu lado espiritual
interferir. Essa decisão pode ser inserida na educa- Pensa e narra sua experiência
ção dos jovens. A pergunta que fica é a seguinte: Ama
teríamos assim uma sociedade melhor? Qual nossa Sente dor, raiva e pensa sobre isso
30 expectativa sobre o futuro da sociedade? Qual nos- Tem um corpo
sa responsabilidade com ela? Quer conviver e ajudar
Aperfeiçoa seu senso moral
CONTEÚDO Conversa
Afinal, que tipo de pessoa queremos ser? Qual Passeia e canta
ser humano queremos construir? Toca, pinta, canta e dança
AULA - 5

A preservação da vida é uma necessidade de to- Cuida da terra, planta


das as pessoas. Por isso, é nossa responsabilidade Cuida dos filhos
preservá-la. Mas não é só isso, as pessoas têm ou- E às vezes cuida de outros que não são seus
tras necessidades que também são fundamentais: filhos
a alimentação, a saúde, a moradia, a educação e o Escreve e lê
trabalho. Cura
Trabalha
Como dizia o poeta:

“Sem trabalho eu não sou nada,


Não tenho dignidade,
Não sinto o meu valor,
Agora, vamos pensar em grupo!
Não tenho identidade” (Renato Russo)
 O que devemos fazer para desenvolvermos no-
ATIVIDADE vas capacidades?
O ser humano é um sujeito que:
 As dificuldades existem, são comuns a todos
________________________________________________________
os trabalhadores. Como podemos superá-las e
dar conta de desenvolver nossas capacidades?
________________________________________________________  O que podemos fazer de nossa vida, sozinhos
ou com os outros, para nos desenvolvermos de
________________________________________________________ modo mais integral? Discutam as questões.

Marcenaria Vol 1.indd 30 10/6/2015 9:01:20 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
5 Aspectos de corte e secagem da madeira

rais, através de um corte feito próximo à casca,


Desdobro é o processo utilizado para ser- retificando e aplainando as mesmas paralela-
rar uma tora, transformando-as em seções mente, possibilitando a fabricação de pran-
quadrangulares. Procedimento usado em chas e tabuados com mais facilidade, onde ao
marcenarias de grande porte (serrarias). mesmo tempo se produz as costaneiras com
espessuras regulares, finas e iguais em toda a
sua extensão.
Para a concepção de pranchas e tabuados, den-
tre outras tipologias de madeiras comerciais, a téc-  Corte em função dos anéis de crescimento
nica de desdobro/corte permite o maior aproveita- ao eixo longitudinal: observando os anéis de
mento da tora, com o objetivo principalmente de crescimento, procura-se fazer o corte levando-
manter suas propriedades físico-mecânicas, preser- -se em conta a quantidade de anéis “em função
vando a sua resistência após finalizada. A partir do do crescimento da tora”, ou seja, consideran-
corte tradicional, feito ao longo do eixo longitudinal do o estágio de desenvolvimento da tora. Por
do tronco (sentido do veio) é possível, por meio do meio desta técnica é possível obter madeiras
desdobro, determinar dois tipos de corte da madei- com maior resistência, por uma distribuição
ra bruta. Este corte pode ser distribuído de três for- mais inteligente, para madeiramentos de pri-
mas sobre a tora para melhor aproveitamento: meira linha.

 Corte paralelo à casca ao eixo longitudinal:  Corte radial: neste corte a serra passa na
com esta técnica de corte procura-se eliminar transversal ao eixo da tora, gerando cortes de
31
a diferença entre os diâmetros a partir das late- formas cilíndricas ou orgânicas, sendo larga-

Corte
Transversal

AULA - 5
Sentido axial
ou
Corte Longitudinal
Fonte Imagens: Google Imagens, 2015.

tangencial

Paralelo Tangencial Radial

Marcenaria Vol 1.indd 31 10/6/2015 9:01:20 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

mente utilizado para espécies de madeiras que influenciar radicalmente neste processo, já que há
apresentam desenhos diferenciados, com a fi- madeiras com quantidade de umidade superior a
nalidade de fabricar objetos decorativos e até outras, que misturada à seiva e à resina naturais do
instrumentos musicais. lenho gera condição desfavorável a uma secagem
rápida. Para isto, ao longo da história e com o avan-
Esquema de corte com projeção do ço da tecnologia, surgiram métodos que foram
empeno pelo tempo de secagem. aprimorando a secagem, beneficiando ainda mais
a madeira e principalmente acelerando um proces-
so antes demorado, que não garantia em sua tota-
Secagem da madeira lidade um material de alta qualidade. Vejamos as
principais técnicas:
A remoção do excesso de água da madeira reduz
seu peso e consequentemente o custo de transpor-  Secagem ao ar livre: este método consiste
te e manuseio, minimizando o efeito de contração e no lançamento e permanência por tempo
inchamento em condições normais de uso. A madei- determinado das madeiras ao ar livre, com
ra seca possibilita melhor colagem e revestimento contato direto de sol e chuva. Porém este mé-
com maior eficiência, além de evitar o aparecimento todo só deve ser utilizado com quantidades
de fungos manchadores ou apodrecedores. consideravelmente grandes de madeira, para
Os fatores que influenciam na durabilidade da que não haja problemas de envergamento
madeira está diretamente ligado à secagem da entre elas. Em todo caso, pratica-se o controle
mesma, levando em conta depois o local de uso e a e previsão de virada das madeiras para banho
finalidade, sobretudo as condições térmicas e mecâ- solar das outras faces, que possibilita a estabi-
nicas a que ela será submetida durante a utilização, lização uniforme da estrutura da madeira em
tanto no processo de fabricação quanto depois do sua extensão total, devido ao peso de umas
produto já pronto. Desta maneira, conhecer suas sobre as outras.
propriedades físicas naturais poderá fazer grande
diferença. Por exemplo, a parte externa do tronco,  Secagem forçada ao ar: este método tem o
o “alburno”, geralmente a parte mais clara da madei- objetivo de lançar as madeiras em um ambien-
32 ra, se decompõe com mais facilidade do que a parte te coberto em temperatura ambiente (21º a
interna o “cerne”, geralmente mais escura. Por isso, 23ºC), sob a condução de ventilação natural ou
para uma boa secagem ou simples armazenamen- artificial, promovendo uma secagem mais ace-
to, é essencial saber a maneira correta de se estocar lerada. Mas importante ficar atento à umidade
madeira maciça, para assim evitar grandes proble- do espaço para não promover o crescimento
mas em sua estrutura, como empenos, rachaduras, de fungos e mofos.
AULA - 5

nós, miolo, e até mesmo xilófagos (cupins), causa-


dos por um mau armazenamento.  Secagem em estufa: esta técnica necessita de
um espaço bem projetado, com fino controle
Madeira e a umidade de temperatura, onde a madeira só será posta
se estiver semisseca, ou seja, com ciclo avança-
Toda árvore em crescimento contém quantidade do de pelo o menos 1 (um) mês de secagem, já
considerável de água. A maior parte deste líquido que a madeira pode dilatar excessivamente em
deve ser removida da madeira para que apresente função da alta temperatura.
desempenho satisfatório. Toda madeira ganha ou
perde umidade de acordo com o ambiente, por isso  Processos especiais de secagem (Autoclave):
o método de secagem é de importância crucial para esta última técnica baseia-se em um método
que tenhamos um material de boa qualidade. que utiliza equipamento de superaquecimen-
to e resfriamento que dão um choque estáti-
Tempo de secagem co térmico, garantindo uma madeira tratada,
com maior resistência a cupins, mofos e fun-
O método de secagem natural pode levar de gos, além de resistência à umidade e radiação
três a seis meses, podendo chegar até mesmo a solar. Muito embora pareça ser a melhor saída
1 (um) ano, até que a madeira adquira a umida- para a aquisição de madeiras mais resistentes,
de adequada para sua utilização. Dependendo de deve-se considerar o seu alto custo, que pode
sua densidade e espécie, o período de desenvolvi- superar em até 80% o custo de mesma madeira
mento em que a tora foi abatida (cortada) poderá tratada com outras técnicas.

Marcenaria Vol 1.indd 32 10/6/2015 9:01:20 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Como armazenar madeiras para secagem ou armazenamento.

Fotos: Google Imagens, 2015.


Atividade Prática:
Responda: Qual a importância de se obter madeiras devidamente secas e bem armazenadas?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA 33

5 Formação Prática

AULA - 5
ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)
Início das atividades de restauração de móvel: porte médio.
Etapa 1 – Avaliação da peça

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE 1 (Tempo estimado: 2hs:30 min.)


Construção de uma mesa tradicional em madeira maciça. Etapas 1 e 2.
Etapa 1 – construção da estrutura

1) Desenho:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

2) Orçamento:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 33 10/6/2015 9:01:20 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

6
Formação Humana e Cidadã:
Arte e trabalho

OBJETIVO
Com esta aula pretendemos estudar as ligações en-
tre a arte e o trabalho.

CONTEÚDO
Observe com atenção a figura abaixo. Ela foi criada
pela dupla de grafiteiros Os Gêmeos. A figura retrata
uma imagem comum nas grandes cidades.

Título: O gigante; local: Londres, Reino Unido. Os ir-


mãos Otavio e Gustavo Pandolfo, 34 anos, conheci-
dos como a dupla de grafiteiros Os Gêmeos, pinta-
ram em maio de 2008 uma figura de 20 metros na

Imagem: Google Imagens, 2009.


34
imponente fachada da Tate Modern (Museu Interna-
cional de Arte Moderna e Contemporânea). A ação
fez parte da mostra Street Art e levou pela primeira
vez esse tipo de manifestação artística ao museu –
considerado um dos mais importantes da Europa.
AULA - 6

ATIVIDADE

 O que mais chamou a sua atenção nesta obra dos grafiteiros?


 Qual terá sido a intenção dos autores ao escreverem as palavras que estão no desenho?

Anote suas observações


__________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 34 10/6/2015 9:01:21 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
6 Principais defeitos da madeira

As madeiras são classificadas de acordo com as dos galhos, que geralmente são mais intensos em
suas características. Conhecer bem estas caracterís- espécies mais resinosas. Se houver em grande
ticas é tarefa indispensável para um bom profissio- quantidade sobre um madeirado, isso compro-
nal, afinal, como trabalhar uma matéria-prima que meterá sua estabilidade e resistência.
não se conhece? Leia com atenção sobre as princi-
pais características da madeira e observe as precau-  A madeira não pode conter rachaduras: caso
ções e dicas de manutenção. a madeira esteja com rachaduras em destaque,
rejeite-a. As madeiras rachadas não oferecem
Como escolher madeiras grande aproveitamento. Mesmo se tentarmos
Para que possamos fazer uma boa compra de contornar as rachaduras podem ocorrer novas
madeiras maciças, é preciso ter em mente selecio- ou ainda o agravamento de outras. Geralmen-
ná-las da melhor forma possível, pois para fabrica- te quando adquirimos madeiras como tábuas,
ção de qualquer objeto em madeira, em nosso caso pranchas, sarrafos, portaletes, todas em aspecto
“móveis e carpintaria”, cada característica que verifi- bruto, elas poderão apresentar em suas extre-
caremos a seguir será importante para o desempe- midades de pequenas a grandes fissuras, que se
nho final da madeira no momento de trabalhá-la. não receberem o mínimo cuidado se transforma-
rão em rachaduras. Desta maneira, caso a ma-
 Observe as bordas da madeira: caso as bordas deira apresente qualquer rachadura que avance
estejam “peludas”, rejeite a madeira. Madeiras mais de 10 cm, rejeite-a.
com “pelos” nas bordas, também conhecidos
35
como “miolo” ou “bica”, são muito ruins para se  Preste muita atenção com a umidade da ma-
trabalhar. Além de não terem estabilidade, esfare- deira: as madeiras vendidas no comércio ma-
lam e empenam muito, causando problemas no deireiro devem estar minimamente secas, com
acabamento e alinhamento da superfície. baixa umidade, para evitar empenos, rachadu-
ras, fungos, mofos e também xilófagos (cupins

AULA - 6
 Observe o alinhamento da madeira: caso haja e brocas). Madeiras que apresentam umidade
um empeno muito grande, rejeite a madeira. excessiva não apresentam boa trabalhabilida-
Madeiras empenadas quase sempre apresentam de, prejudicando o corte, acabamento e aplica-
problemas mesmo após o seu aplainamento na ção de produtos sintéticos. Deste modo, caso
desempenadeira ou plaina manual. Algumas ve- não encontre a espécie destinada ao seu tra-
zes elas voltam a empenar, principalmente quan- balho devidamente seca, armazene-a em local
do cortadas na serra estacionária. O empeno se ventilado para secar e estabilizar até o momen-
deve ao processo de secagem, em que ocorre a to correto, quando o nível de umidade chegou
dilatação da fibras da madeira. Por isso, é impor- a um bom patamar.
tante saber que para cada espécie de madeira há
um comportamento diferente, com intensidade  Preste muita atenção para não levar “gato por
maior ou menor de envergamento. lebre”: algumas madeiras são muito parecidas
umas com as outras, por isso, cuidado com a es-
 Certifique-se de que a madeira não tenha mui- colha que fará e fique atento ao encomendar via
tos nós: caso apresente, rejeite a madeira. Madei- sistemas móveis, pois a melhor forma de verificar
ras que apresentam “nós”, quando trabalhadas, a autenticidade do produto é estando frente a
costumam rachar e até mesmo perder o nó, dei- frente, para que não haja surpresas ou tentativas
xando um buraco no lugar. Os nós são projeções de golpe por parte do estabelecimento comercial.

Marcenaria Vol 1.indd 35 10/6/2015 9:01:21 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Madeira com nó Madeira


ressecado empenada

Fotos: Google Imagens, 2015.


Madeira com
Madeira com
degradação por
rachadura e nó
bica/miolo/peluda

Atividade Prática:
Através das madeira dadas pelo professor idenfique os principais defeitos ocacionados por má condução e
armanagem das madeiras vista nesta aula.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA

36 6 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Continuação das atividades de restauração de móvel: porte médio.
AULA - 6

Etapa 2 – Retirada das ferragens

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2hs:30 min.)


Construção de uma mesa tradicional em madeira maciça. Etapas 3 e 4.

3) Seleção do material:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

4) Desdobro do material:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 36 10/6/2015 9:01:22 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

7
Formação Humana e Cidadã:
Os jovens e o trabalho

Na comunidade do complexo da Mangueira, no nais nas áreas de limpeza urbana e jardinagem, na


Rio de Janeiro, existem projetos sociais interessan- própria Vila Olímpia da Mangueira.
tes que envolvem gente da comunidade e de outras O projeto Faz Tudo é formado de jovens da co-
comunidades vizinhas. munidade que estudam na escola pública e partici-
O projeto Cidadão do Futuro trabalha com os pam de cursos de qualificação técnico-profissional.
jovens que já estiveram em situação de risco e, ago- Desenvolve habilidades de carpintaria, marcenaria,
ra estudam e/ou desenvolvem atividades profissio- instalações elétricas e hidráulicas.

Alguns desses jovens discutiram o que pensam sobre o significado do trabalho:

Sérgio: “Trabalho é parte daquilo que fazemos Walace: “O melhor é arrumar um emprego de 37
no dia-a-dia para que possamos ter um futuro carteira assinada, porque trabalho assim, quan-
melhor.” do for mandado embora, tem direito de receber
alguma coisa. Quando ficar doente, tem direito
Rosivaldo: “Na minha idade, ter um trabalho é de receber auxílio doença.”
criar independência financeira e poder ajudar na
renda familiar.” Rosivaldo: “Hoje não vem, mas amanhã vem

AULA - 7
uma bala perdida e tu tá lá, de boberão, tu mes-
Cínthia: “No mercado de trabalho, quem tem mo se revolta: tu não trabalha, não estuda, tu vai
mais chance é o jovem que pode ter mais estudo meter a mão!”
e pode se profissionalizar.”
Carlos: “É que um amigo seu convida a fazer
Carlos: “O estudo é importante, porque para tra- aquele ‘breguete’ que não presta. Mas se você é
balhar em uma empresa pede-se escolaridade.” um jovem cidadão do futuro não vai fazer isso e
nem entrar na ideia destes moleques.”
Walace: “O meu trabalho neste projeto mudou
minha vida: agora eu sou uma pessoa mais séria, Walace: “Além de ter mais conhecimento, tenho
tenho compromisso comigo e uma profissão a uma profissão, sou eletricista.”
zelar. Sou mais mente.”
Thiago: “É melhor ter minha vida ocupada aqui
Carlos: “Se não tem nenhuma experiência em no complexo da Mangueira do que ficar de bobei-
nenhuma profissão, você só pode trabalhar em ra na comunidade.”
auxiliar de serviços gerais, é obrigado a fazer
qualquer coisa.”

Marcenaria Vol 1.indd 37 10/6/2015 9:01:22 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

ATIVIDADE
Compare seu ponto de vista pessoal sobre o trabalho com as declarações dos jovens da comunidade do com-
plexo da Mangueira.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA
Formação Técnica:
7 Densidade e fio da madeira (veio)

O Brasil, por ser rico em florestas diversas, como brocas), dependendo exclusivamente do desdo-
a mata amazônica, a caatinga, o cerrado e a mata bro e principalmente do armazenamento, evi-
atlântica, nos proporciona grande diversidade de tando umidade e os defeitos da madeira, como
madeiras de alta qualidade. Contudo, devemos no- vimos na aula anterior.
tar que as diferentes espécies de madeira apresen-
tam diferentes densidades, afetando fortemente o  Média densidade: a madeira com esta densi-
seu peso, o que indicará a finalidade para a qual a dade é considerada por muitos profissionais da
madeira é mais adequada. marcenaria a melhor para se trabalhar, pois não
Na marcenaria, de acordo com a espécie da é excessivamente dura nem mole demais, o que
38
madeira, temos três classificações: baixa densi- proporciona um excelente manuseio, facilidade
dade, média densidade e alta densidade, cada de corte e usinagem. Também proporciona um
qual adequada a um tipo de utilização. Para que ótimo acabamento, pois permite trabalhar a ma-
possamos entender essas densidades, é preciso deira buscando as formas e encaixes mais criati-
compreender as características do fio (veio da vos, como entalhes, torneados, abaulados, etc.
AULA - 7

madeira), que irão nos revelar a real densidade da Madeiras como cerejeira, pinho de riga, imbuia,
madeira estudada. canela, cedro rosa e pinho do paraná são espécies
que possuem o veio meio fino e por isso acumu-
lam maior quantidade de material lenhoso entre
Atente-se as classificações abaixo: as seções dos veios. A maioria das madeiras que
possuem esta densidade são consideradas resis-
 Baixa densidade: a madeira que apresenta esta tentes a xilófagos, porém um bom preservante
densidade comumente tem os veios médios, o nunca é dispensável.
que caracteriza uma madeira leve e mole, com
baixo acúmulo de material lenhoso entre as se-  Alta densidade: estas madeiras são chamadas de
ções dos veios. Apresenta baixa resistência me- madeiras duras e são difíceis de trabalhar, prin-
cânica para trabalhos que exijam grandes esfor- cipalmente no corte, usinagem e acabamento.
ços concentrados (como vigas, portas, estruturas Isso porque possuem um veio fino a extra fino,
etc.). Por suas características físicas, estas madei- com grande acúmulo de material lenhoso entre
ras geralmente não garantem resistência ao uso seções dos veios. As madeiras de alta densidade
externo, tendo grande facilidade e adquirir fun- são consideradas as mais resistentes a xilófagos,
gos e mofos, mesmo com o uso de imunizante e sendo as mais conhecidas: ipê, cumaru, angelim
preservante (verniz e stain). Dentre estas madei- pedra, pau-roxo, peroba rosa, etc. Por serem natu-
ras, podemos destacar: pinus, cedrinho, caxeta, ralmente resistentes, são próprias para trabalhos
balsa e paricá. Contudo, é importante sabermos que requerem durabilidade e resistência (como
que em alguns casos não será a densidade fator estruturas de telhado, pergolados, móveis exter-
de possíveis infestações de xilófagos (cupins e nos, deques, assoalhos, etc.).

Marcenaria Vol 1.indd 38 10/6/2015 9:01:22 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Fotos: Google Imagens, 2015.


Exemplos: Toras com demonstração do corte radial para verificação da densidade por meio do fio da madeira: (1)
madeira pinus, baixa densidade; (2) madeira cerejeira, média densidade; (3) madeira peroba rosa, alta densidade.

39
Diagrama do fio (veio) da madeira por densidade específica a partir do corte transversal. Observe que a
abertura dos anéis de crescimento de cada madeira, apresenta característica diferentes, revelando as suas
densidades. Lembre-se que os anéis de crescimento carregam o material lenhoso que forma o cerne e o
alburno, ou seja, o próprio lenho. Desta maneira, quanto mais espaçados os anéis, mais porosa a madeira
será, devido a uma menor compactação do lenho, neste caso revelando-se de baixo peso, pelo pouco
acúmulo de material lenhoso. Assim diminuindo essa distância entre anéis, teremos uma madeira de médio

AULA - 7
a alto peso, justamente pela maior compactação entre anéis de crescimento. Por meio disso, teremos a
separação por densidades de madeira.
Fotos: Google Imagens, 2015.

Exemplo de tora de madeira Exemplo de tora de madeira Exemplo de tora de madeira


balsa em corte transversal, sendo canela em corte transversal, canafístula em corte transversal,
uma espécie de baixa densidade, sendo uma espécie de média sendo uma espécie de alta
com demarcação dos anéis de densidade, com demarcação densidade, com demarcação dos
crescimento (veio) com nítido dos anéis de crescimento (veio) anéis de crescimento (veio) com
espaçamento, caracterizando com nítida abertura, porém mais pouca visibilidade, isto devido à
uma madeira leve. fechadas, caracterizando uma mínima abertura entre as seções
madeira com moderado peso. de anéis, caracterizando uma
madeira com peso elevado.

Marcenaria Vol 1.indd 39 10/6/2015 9:01:23 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Exemplos de artefatos confeccionados com madeira a partir de cada


densidade: (1) madeira pinus, baixa densidade; (2) madeira cerejeira,
média densidade; (3) madeira peroba rosa, alta densidade.

40
AULA - 7

3
Fotos: Google Imagens, 2015.

Atividade Prática:

Através das várias densidades apresentadas, escreva pelo o menos 4 especies de madeira para cada den-
sidade citada acima.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 40 10/6/2015 9:01:24 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

7 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)

Continuação das atividades de restauração de móvel: porte médio.

Etapa 3 – Retirada das ferragens

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2hs:30 min.)


Construção de uma mesa tradicional em madeira maciça. Etapas 5 e 6.

5) Marcação para encaixe:

______________________________________________________________________________________________________________________
41

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA - 7
______________________________________________________________________________________________________________________

6) Furação para encaixe:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 41 10/6/2015 9:01:24 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

8
Formação Humana e Cidadã:
O trabalho e a técnica

Todo trabalho exige uma maneira organizada e  Nos diferentes lugares do planeta, as técnicas
eficiente de fazer. A eficiência das atividades dos vão passando de geração em geração; algu-
profissionais depende do saber fazer. A esse “saber mas foram sendo aperfeiçoadas e tornaram-se
fazer” denominamos TÉCNICA. conhecidas de outros povos. Atualmente, o in-
Existem muitas maneiras de desenvolver a técni- tercâmbio de técnicas e saberes tem um ritmo
ca: pode ser aprendida com alguém; pode ser apren- muito mais acelerado e atinge o mundo todo,
dida estudando sozinho; pode ser inventada, porém, devido às facilidades de comunicação.
deve ser aprovada para fazer parte da CULTURA.

ATIVIDADE

42 Converse com seus colegas e resuma o que você entendeu por técnica:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________
AULA - 8

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA
Formação Técnica:
8 Resistência da madeira

Observando a madeira em relação à posição em tora é serrada em seu eixo (sentido) maior. Além dis-
que ela foi cortada, é possível obter dois sentidos so, o corte no eixo longitudinal serve para manter a
de veios: transversal e longitudinal. Os veios são ga- resistência da madeira, já que ao serrá-la neste senti-
rantia de permanência ou não da estrutura natural do, sua resistência natural a mantém sempre firme e
da madeira, pois dependendo do sentido escolhido sólida. Entretanto, se o corte for feito na direção con-
para o corte da mesma é que se manterá ou se elimi- trária (corte transversal), a madeira correrá sério risco
nará a resistência mecânica. Deste modo ao cortar de quebra por sua perda de força, ou seja, haverá a
uma madeira é preciso analisar qual utilidade terá quebra da continuidade do veio no sentido maior da
para que após o corte ela não enfraqueça e se torne mesma, comprometendo sua estrutura e propriedade
suscetível de quebra. física natural. Observe a diferença entre as imagens
Analisando a aula de desdobro, aprendemos que, abaixo com a representação de uma tábua cortada no
para melhor aproveitando do material lenhoso, a eixo longitudinal (caso A) e no eixo transversal (caso B).

Marcenaria Vol 1.indd 42 10/6/2015 9:01:25 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Entendendo o corte

Caso A

Caso B

Imagens: Centro de Formação de Artesãos e Artefatos em Madeira: Projeto Artes Nascentes, 2015.
43

AULA - 8
Além deste importante ponto que sempre deve
ser respeitado, há também duas especificações de
veios para a superfície da madeira, partes estas que
servem apenas para finalidade estética: após fabri-
cação do artefato, a madeira apresentará o veio ra-
dial e tangencial.
Vale ressaltar também que, para cada tipologia
estética de veio, o profissional marceneiro deverá
conhecer as espécies ofertadas que garantam essas
variações para os dois tipos de veio. A escolha final
da madeira poderá dar ou não destaque ao produto
confeccionado, o valorizando ou simplesmente pas-
sando por despercebido. Vejamos:

 Radial: neste caso predominam veio longos e re-


tos, com poucas curvas geralmente encontrados
nas laterais de pranchas, tábua e laminados de ma-
Fotos: Google Imagens, 2015.

deira pré-compostos (industrializados). Espécies


de madeira de alta densidade comumente apre-
sentam esta tipologia de veio, disposta não ape-
nas na laterais da madeira, mas com frequência
no centro, a depender do seu desenvolvimento.

Marcenaria Vol 1.indd 43 10/6/2015 9:01:25 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Fotos: Google Imagens, 2015.


 Tangencial: neste caso predominam veios curtos e curvos, formando uma espécie de “V”. Note que este
tipo de veio normalmente é encontrado no centro da madeira. Laminados de madeira compostos (naturais)
geralmente carregam nitidamente esta tipologia de veio estético, uma vez que não há modificações para
a fabricação das laminas, como acontece na pré-composta. Este veio prevalece em espécies de madeira de
baixa a média densidade, com desenhos bem demarcados e uniformes, porém uma madeira de alta densi-
dade como o pau-ferro também pode apresentar desenhos bem destacados.

Atividade Prática:
Responda: A partir da sua compreensão, por que não devemos executar o corte da madeira no sentido trans-
versal em relação ao veio?

______________________________________________________________________________________________________________________

44
AULA

8 Formação Prática
AULA - 8

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Continuação das atividades de restauração de móvel: porte médio.
Etapa 3: Limpeza - retirada de resíduos:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2hs:30 min.)


Construção de uma mesa tradicional em madeira maciça. Etapas 7 e 8.
7). Ensambles para montagem:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

8) Colagem dos pés:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 44 10/6/2015 9:01:25 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Atividade Prática: .
Responda: Indefique o sentido Radial e Tangencial nas imagens das madeiras abaixo.

45

AULA - 8

FIQUE ATENTO: Temos aqui quatro espécie de madeiras, itaúba, pau-roxo, taxi e amapá, onde cada
uma apresenta os dois tipo de veio estético, a esquerda radial e a direita tangencial. Essa forma pode
variar de espécie a outra, mas é comum termos formas orgânicas no veio tangencial e centa lineari-
dade no veio radial.

Marcenaria Vol 1.indd 45 10/6/2015 9:01:26 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

9
Formação Humana e Cidadã:
A finalidade do trabalho:
para que serve

Toda técnica é desenvolvida a partir de sua finalidade. Por isso, é importante que o trabalhador e
a trabalhadora saibam identificar para quê o trabalho deve ser feito, ou seja, qual a sua finalidade?

ATIVIDADE
Junto com os colegas, escolham duas ocupações e relacionem os saberes necessários à finalidade desses trabalhos.

OCUPAÇÃO TÉCNICAS FINALIDADE

46

AULA
Formação Técnica:
9 Classificação comercial - Parte 1
AULA - 9

Foto: Google Imagens, 2015.

A madeira talvez tenha sido a matéria mais ver- novos utensílios domésticos, móveis, estruturas e
sátil e mais utilizada pelo homem ao longo de sua até armas mais sofisticadas. Atualmente, o proces-
história. Pouco a pouco os artefatos foram se tor- so de exploração da madeira envolve diferentes
nando mais aprimorados, o que está relacionado atividades e produtos, organizados de tal maneira
ao desenvolvimento de ferramentas que ajudaram que o desperdício se torna inexistente ou mínimo.
os profissionais do passado a aperfeiçoar e criar Dessa maneira temos:

Marcenaria Vol 1.indd 46 10/6/2015 9:01:26 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Produtos extrativos: frutos, folhas, cascas e castanhas.


 Madeira beneficiada: pranchões, tábuas, peças estruturais e madeiramentos diversos.
 Madeira industrializada: chapas de aglomerado e chapas de fibras.
 Produtos de transformação mecânica: madeira laminada, madeira compensada e folheados.
 Produtos de transformação química: celulose para a indústria química e celulose para a fabricação de papel.

Tipos de madeiras beneficiadas

Existem inúmeras espécies de madeiras, cada qual com diferentes tonalidades e peso (densidade), caracte-
rizando sua resistência e qualidade para a finalidade a que será destinada. Para que possamos realizar uma
compra de madeira adequada, além de estarmos conscientes da quantidade de espécies ofertadas, deve-
mos ficar atentos para a classificação comercial, pois há um padrão estabelecido principalmente nas regiões
sul e sudeste para o corte/desdobro de madeiras maciças nobres ou não. Porém, importante ficarmos aten-
tos à questão das densidades das madeiras, pois para cada uma é dado um beneficiamento diferente para
o padrão comercial final, já que as madeiras são cortadas nos tamanhos padronizados, sendo classificadas
e codificadas independentemente da espécie e levando-se em conta sua utilização futura. Vejamos os prin-
cipais tipos de corte encontrados nas madeireiras: caibro, cruzeta, dormente, prancha, pilar, pontalete, ripa,
sarrafo, viga e tábua.

47

Fotos: Google Imagens, 2015.

AULA - 9

INFORME-SE: Saiba que as madeiras comerciais beneficiadas foram desenvolvidas a partir de um pré-
-dimencionamento para suportar esforços de carga distribuída, isto é, para estruturas de telhado. Ou
seja, suas dimensões são prioritariamente pensadas para este uso, sem que haja um cálculo prévio da
estrutura. Mas além disto, esta diversidade de medidas é muito utilizada para outros fins na marcenaria,
agilizando confecções de móveis e afins.

Atividade Prática:

Responda: Identifique o sentido Radial e Tangencial nas imagens das madeiras acima.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 47 10/6/2015 9:01:28 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

9 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Continuação das atividades de restauração de móvel: porte médio.
Etapa 3: Limpeza - retirada de resíduos:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2hs:30 min.)


Construção de uma mesa tradicional em madeira maciça. Etapas 9 e 10.
9) Seleção das tábuas:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________
48
______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________
AULA - 9

10) Aparelhamento da madeira:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 48 10/6/2015 9:01:28 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

10
Formação Humana e Cidadã:
O trabalho como real�ação

“Injustiça em qualquer lado é uma ameaça à justiça em todo o lado.”


(Martin Luther King Jr., 1963)

Homens e mulheres sempre transformam a natureza por intermédio do trabalho, que pode ser visto de mui-
tas maneiras:

 Como a forma pela qual conseguem garantir sua subsistência e sobrevivência.


 Como uma atividade que inclui as pessoas na vida social e permite que adquiram novos conhecimentos
e amizades.
 Como a forma de cada pessoa desenvolver seus talentos e habilidades.
 Como um meio de as pessoas se sentirem necessárias e úteis.
 Deve ser valioso para quem o faz e também para a sociedade.

Mas certos trabalhos também têm aspectos e consequências negativos como o trabalho infantil. Vejamos ou- 49
tras situações em que o trabalho pode se tornar uma atividade opressiva:

 É desvalorizada e mal paga.


 Sem os benefícios legais e em ocupações que fazem mal à saúde;
 Sem qualquer tipo de pagamento e em que a pessoa é impedida de ir e vir. Neste caso, a pessoa está sub-

AULA - 10
metida ao trabalho escravo, proibido no Brasil e no mundo.

ATIVIDADE

Refletir sobre a brincadeira das crianças e conversar em


grupo sobre a importância do bem-estar no trabalho.

________________________________________________________

________________________________________________________

Joaquín Salvador Lavado – artista argenti-


no que criou, em 1964, a personagem Mafalda.
Ela é uma menina que detesta sopa e ques-
tiona o mundo à sua volta, preocupando-se
com a humanidade e a paz.
Com aguda visão crítica, questiona os pro-
blemas políticos e científicos, reflete sobre os
conflitos humanos, a mudança dos costumes e
o uso da tecnologia no quotidiano.

Marcenaria Vol 1.indd 49 10/6/2015 9:01:28 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
10 Classificação comercial - Parte 2

 Caibro: o caibro é um elemento do madeiramento mesas, estruturas de armários maciços, etc. A seção
da estrutura do telhado, localizado sobre as terças transversal mais utilizada na confecção das madei-
e abaixo das ripas; juntos, estes elementos agem ras para um caibro é de 5 x 6 cm e 6 x 8 cm, porém
na distribuição das cargas (peso) sobre todo o ma- encontra-se também com as medidas: 5 x 6,5 cm e
deiramento. O caibro atua no sentido longitudinal 5 x 7,5 cm; com média de 2,5 m de comprimento.
da queda d’água do telhado, mas seu uso não se As madeiras mais utilizadas para beneficiamento
restringe apenas à estrutura, sendo largamente são: cedrinho, pinus, eucalipto, cedro arana, cedro
usado para movelaria, na confecção de cadeiras, rosa, tauari, peroba rosa e cambara.

50  Cruzeta: este elemento nada mais é que 1/3 (um caiu em desuso, sendo substituído por cruzetas
terço) de um caibro, e é utilizado na estrutura fi- de concreto e aço galvanizado. Desta forma as
nal em postes de energia elétrica, fixando várias demolidoras especializadas em madeiras reci-
amarras de fios de grande bitola e de enorme cladas estão interessadas neste tipo de material,
tensão de um poste a outro. A cruzeta foi pensa- pois tem ótima resistência e bom valor comer-
AULA - 10

da inicialmente em madeira por ser um material cial. As madeiras mais comuns encontradas nes-
de baixa condução elétrica, sendo portanto pou- te tipo de material são: peroba rosa, pau-ferro,
co vulnerável a raios. Este material atualmente pau-roxo e eucalipto vermelho.
Fotos: Google Imagens, 2015.

 Dormentes ou travessas: são peças de madeira, metal ou concreto colocadas transversalmente à via férrea,
servindo de suporte para os trilhos que são fixados. As travessas desempenham a função de transmissão dos
esforços ao balastro ou lastro (terra com brita compactada) mantendo a distância entre os trilhos. Da mesma
maneira que houve uma supervalorização das cruzetas de madeira substituídas pelas de concreto, ocorreu
o mesmo com o dormente, comercializados também pelas demolidoras, tendo bastante procura por profis-
sionais da área da marcenaria rústica, transformando-os em móveis, assoalhos, pergolados, etc. As madeiras
mais comuns encontradas neste tipo de material são: peroba rosa, pau-ferro, pau-roxo e eucalipto vermelho.

Marcenaria Vol 1.indd 50 10/6/2015 9:01:29 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Principais tipos de dormentes c) Dormente de duas faces


a) Dormente roliço d) Dormente prismático
b) Dormente semirroliço

 Pilar: elemento utilizado na vertical, com a fina- que raramente encontraremos este tipo de ele-
lidade de receber cargas. Parecido com a coluna mento com madeiras de baixa densidade, pois o
de seção circular, a diferença está exatamente em objetivo principal é receber altas cargas concen-
sua forma, que é quadrangular. O pilar de madeira tradas. As principais madeira utilizadas são: ange-
é usado em diferentes trabalhos, como a constru- lim pedra, angelim vermelho, cambara, cumaru,
ção de casas, alpendres, pergolados, varandas e eucalipto vermelho, garapeira, ipê, pau-roxo, pe-
terraços. Muitas vezes é possível fabricá-lo com roba rosa, peroba do norte e sucupira.
duas vigas caso não encontre o pilar com as me- Comprimento médio: 4,00 m
didas necessárias ou simplesmente caso se queira Principais dimensões: 15 x 15 cm – 20 x 20 cm – 25 x
abaixar os custos da obra. É importante lembrar 25 cm – 30 x 30 cm.

51

AULA - 10
 Pontalete: feito normalmente de madeira pinus, largamente utilizado em movelaria, com estru-
eucalipto, cedro e cambara, tem a função de es- turas, pernas, montantes, molduras, etc.
cora para suportar cargas por terminado tempo,
por exemplo, em uma concretagem de laje, no Comprimento médio: 5,00 m
escoramento de uma estrutura de telhado como Principais dimensões: 5 x 5 cm – 7,5 x 7,5 cm –
as tesouras estruturais e em andaimes. Porém é 10 x 10 cm.
Fotos: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 51 10/6/2015 9:01:30 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Prancha: geralmente confeccionada a partir de presentes para esta tipologia são: angelim pedra,
espécies de alta e média densidade, já que neces- angelim vermelho, cambara, cumaru, eucalipto
sitam ter resistência a torção e principalmente em- vermelho, garapeira, ipê, pau-roxo, peroba rosa,
penamento. As pranchas apresentam dimensões peroba do norte e sucupira.
volumosas, o que possibilita diversos trabalhos,
sobretudo ligados à construção de estruturas de Principais dimensões:
madeira, mas também em artefatos a partir do Comprimento médio: 7,00 m
corte, transformando-os em caibros, pontaletes, Prancha: 3,5 x 30 cm – 4 x 20 cm – 4 x 30 cm – 5 x 20
sarrafos e ripas. Possuem espessuras que podem cm – 5 x 30 cm – 6 x 30 cm.
variar de 3,5 a 6 cm; peças que ultrapassam es- Pranchões: 8 x 40 cm – 10 x 30 cm – 15 x 23 cm – 10 x
sas medidas são nomeadas pranchões, podendo 20 cm – 7,5 x 23 cm.
chegar a até 15 cm. As espécies de madeira mais

 Ripa: a ripa é um elemento estrutural do telhado, estruturas para assentamento de telhas, venezia-
armado acima dos caibros, sendo o último com- nas, pequenas guarnições, além de excelente ar-
ponente para construção do telhado. Possui uma mação para móveis, formando estruturas rígidas
52 seção transversal pequena, se comparada com porém leves na união de montantes por seções.
uma terça ou caibro, e serve para melhor distri- As espécies de madeira de baixa a média densida-
buir as cargas geradas pela cobertura. Em telha- de são as mais utilizadas para a fabricação deste
dos de palha, comumente utilizados em regiões elemento. São elas: araucária, cambara, cedrinho,
praianas, as ripas servem para fixar as palhas no eucalipto grandis, pinus e tauari.
telhado, uma vez que a carga gerada pela mes- Comprimento médio: 5,00 m
AULA - 10

ma é muito pequena em relação à telha cerâmi- Principais dimensões: 5 x 1,2 cm – 3,8 x 1,6 cm – 5 x
ca. As ripas de madeira têm inúmeras aplicações: 2,5 cm – 5 x 2 cm – 5 x 1,5 cm – 4 x 2 cm.
Fotos: Google Imagens, 2015.

 Sarrafo: esta tipologia de madeira muitas vezes podem variar de 10  a  25  mm. Com os sarrafos
é confundida com a ripa e vice-versa; para que são fabricados revestimentos de paredes com o
se reconheça corretamente o sarrafo, observe tradicional encaixe de lambri, forros para teto,
atentamente a seção transversal, sendo mais assoalhos, deques, painéis decorativos, tampos
larga em relação à ripa e com espessuras que diversos e portas. Na fabricação dos sarrafos, a

Marcenaria Vol 1.indd 52 10/6/2015 9:01:31 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

separação das espécies de madeira se dá pela nárias como a plaina de desengrossadeira e a


função estrutural de resistência, exigindo assim, serra circular de bancada.
para cada situação, uma madeira ou espécies de Comprimento médio: 5,00 m
madeira com densidades específicas. Em muitos Principais dimensões: 1,5 x 9,0 cm – 1,5 x 10 cm – 2,0
casos, o próprio marceneiro fabrica este elemen- x 10 cm – 2,2 x 7,5 cm – 2,5 x 7 cm – 2,5 x 7,5 cm – 2,5
to a partir de tábuas, usando máquinas estacio- x 10 cm – 2,0 x 12 cm – 2,5 x 12 cm

 Tábua: confundida com a prancha por suas di- taria na concretagem de vigas e pilares. Por não
mensões longitudinal e transversal serem pare- exigir grande resistência, mesmo em estruturas
cidas, a tábua possui uma espessura mais fina, de concretagem, as espécies utilizadas para este
enquanto a prancha é mais grossa. Isto define fim são geralmente de baixa a média densidade:
suas utilidades estruturais, classificando-as para araucária, cedrinho, cedro rosa, cedro arana, eu-
determinados usos com maior ou menor busca calipto grandis e pinus.
de resistência. Assim, com esta tipologia é possí- Principais dimensões:
vel fabricar objetos diversos, como móveis, brin- Comprimento médio: 3,00 m
quedos, elementos decorativos e artesanatos; Tábuas aparelhadas: 2 x 15 cm – 2 x 20 cm – 2 x 30
ela tem também grande utilidade na construção cm – 2,5 x 15 – 2,5 x 20 cm – 2,5 x 25 cm – 2,5 x 30 cm.
53
civil, na área da carpintaria, para caixaria/caixo- Tábuas brutas: 3 x 20 cm – 3 x 25 cm – 3 x 30 cm.

AULA - 10

 Viga: sendo um elemento estritamente es- uso na fabricação de portas, janelas, pergola-
trutural, esta tipologia de madeira é usada no dos, móveis rústicos, etc.
sistema conhecido como laje-viga-pilar, tendo
a função de receber altas cargas e distribuí-las Principais dimensões:
para os pilares. A viga de madeira bruta é muito Comprimento médio: 5,00 m
utilizada na construção civil, principalmente em 6 x 12 cm – 6 x 16 cm – 5 x 20 cm – 7,5 x 15.
estruturas de telhados para o madeiramento,
formando as treliças ou tesouras, as “terças”, so-
bre as quais são lançados os caibros e ripas. Por
Fotos: Google Imagens, 2015.

ser um elemento estrutural, uma viga em boas


condições deve ter sido abatida há mais de seis
meses, não possuir nós ou fendas e ter passado
pelo devido processo de secagem para se ver
livre de defeitos e xilófagos (cupins). Além da
tesoura e treliças de telhado, a viga tem intenso

Marcenaria Vol 1.indd 53 10/6/2015 9:01:32 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Atividade Prática:

Dinâmica: junto com os colegas, encontre cada tipologia com as madeiras trazidas pelo professor.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA

10 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Continuação das atividades de restauração de móvel: porte médio.
Etapa 3: Limpeza - retirada de resíduos.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________
54

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2hs:30 min.)


AULA - 10

Construção de uma mesa tradicional em madeira maciça. Etapas 11 e 12.


> Construção do tampo
11) Canaletas:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

12) Colagem:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 54 10/6/2015 9:01:32 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

11
Formação Humana e Cidadã:
Qualidade de vida e qualidade
no trabalho

A qualidade de vida também depende da qualidade no


trabalho. Qualidade no trabalho significa trabalhar com
saúde, segurança, eficiência e conforto.

Nos trabalhos que se repetem muitas vezes a cada dia, nosso cor-
po ou mente é exigido de um modo especial. O trabalho repeti-
tivo causa doenças que podem limitar as pessoas, impedindo-as
de trabalhar e de viver com qualidade. O trabalho deve ser reco-
nhecido como direito individual e um dever social, que deve ser
exercido em condições justas.
55

ATIVIDADE

Com base em sua experiência ou de familiares, relate no espaço abaixo uma situação relacionada à qualidade
no trabalho.

AULA - 11
______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA
Formação Técnica:
11 Madeiras de reflorestamento - Parte 1

Em vista do desaparecimento das madeiras ma- gerar avanços significativos para as indústrias de
ciças consideradas “nobres” para a fabricação geral celulose/papeleiras, madeiras maciças e madeiras
de artefatos, devido à intensa extração e exploração industrializadas. Há também a importante preocu-
nas grandes florestas, as indústrias do setor madei- pação com o meio ambiente, uma vez que a conti-
reiro passaram a enxergar grande benefício no plan- nuidade dessa exploração excessiva das matas pre-
tio de madeiras de menor valor agregado. Surgem judica nascentes, a flora e a fauna, afetando o ciclo
então as árvores de reflorestamento que buscam das chuvas, entre outros impactos ambientais.

Marcenaria Vol 1.indd 55 10/6/2015 9:01:32 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Diferente das madeiras de lei, que têm maior ren- Desmatamento na região Norte do Brasil na flo-
tabilidade por tora, com quantidade generosa de le- resta amazônica, onde além da exploração ilegal de
nha (material lenhoso) para a fabricação de madeiras madeira há a abertura de hectares para agropecuá-
comerciais, as árvores de reflorestamento são consi- ria e para carvoarias ilegais.
deradas e classificadas em espécies de crescimento
acelerado, e por isso proporcionam um rendimento
ainda maior. Ou seja, se comparadas com as madei-
ras maciças tradicionais elas se mostram mais ágeis
56
para o abate, com períodos mais curtos de desenvol-
vimento, com média de 20 anos para sua extração.
Se analisarmos o tempo de crescimento das ár-
vores nobres, tanto no diâmetro quanto no compri-
mento, concluiremos que elas são inviáveis para o
AULA - 11

plantio em larga escala, já que sua perspectiva de


corte é de longo prazo, em média de 60 anos.
A série de beneficiamentos que as indústrias de
madeira realizam permite fabricar diferentes pro-
dutos, aproveitando quase 100% da tora da árvore.
Dessa forma, fabricam-se não só madeiras comer-
ciais – como tábuas e pranchas, entre outras – mas
também chapas diversas industrializadas, para
variadas aplicações, seja no setor moveleiro ou na
construção civil, por exemplo: MDFs, compensados,
Fotos: Google Imagens, 2015.

aglomerados e chapatex.
Algumas espécies de madeiras nobres continu-
am a ser exploradas, porém de maneira mais con-
trolada, no chamado “manejo sustentável”, em que
o Ibama concede permissão a empresas regulamen-
tadas para seguir atuando neste campo. Contudo, a
principal utilidade destas madeiras nobres está na Extração ilegal de madeira nativa (angelim pedra),
industrialização de madeira laminada (folhas), para na qual são utilizados equipamentos como motos-
o revestimento de chapas, proporcionando maior serras para o corte e o desdobro da tora no próprio
aproveitamento da tora por metro linear ao eixo local. Entretanto, a prática mais comum é a do trans-
longitudinal da mesma, processadas a partir de um porte ilegal para serrarias clandestinas, que destinam
torno laminador ou por faqueamento. tais madeiras para comércios fraudulentos.

Marcenaria Vol 1.indd 56 10/6/2015 9:01:34 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Fontos: Google Imagens, 2015.


Adquirir madeiras certificadas de extração le- Madeiras de reflorestamento e madeiras maciças
gal, além de ser importante para a preservação de manejo sustentável apresentam grandes benefí-
das florestas, é garantia da qualidade da madeira cios ao meio ambiente, garantindo também empre-
57
como produto final inteiramente preparado para go, renda e desenvolvimento local, com indústrias
se trabalhar. do setor madeireiro.

Atividade Prática:

AULA - 11
Responda: Qual a importância destas árvores para o meio ambiente?
Qual o sentido destas espécies serem a melhor opção para este beneficiamento?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA

11 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Continuação das atividades de restauração de móvel: porte médio.
Etapa 3: Limpeza - retirada de resíduos.

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 57 10/6/2015 9:01:34 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2hs:30 min.)

Construção de uma mesa tradicional em madeira maciça. Etapas 13, 14 e 15.

> Construção do tampo

13) Prensagem das peças:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

14) Polimento:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________
58

15) Montagem final do tampo:


AULA - 11

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 58 10/6/2015 9:01:34 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

12
Formação Humana e Cidadã:
Relações de trabalho

Trabalhava-se, pois, nove horas por dia, inclusive aos sábados. E quando havia muitas encomendas,
também aos domingos (...). O ambiente era o pior possível. Calor intolerável, dentro de um barracão
coberto de zinco, sem janelas nem ventilação (...). Os meninos deviam estar na fábrica quase uma hora
antes dos oficiais (...). Assim, em dias normais, as horas de trabalho dos meninos eram 10 e, quando a
fusão do vidro retardava, aumentavam para 11, 12 e até 15 (...). Os meninos sempre foram indispensá-
veis nas fábricas de vidro. Muitas tarefas auxiliares só eles podiam executar, sem contar que represen-
tavam mão-de-obra, a preços dos mais vis (...).

(MACIEL, Laura Antunes. Trajetória do movimento operário. In: Matemática. Caderno do Aluno, Programa In-
tegrar. São Paulo: Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, 2001.)

59

O depoimento fala de relações de trabalho e tal- Foram muitos anos de luta e reivindicações,
vez ajude a explicar por que, desde que surgiram as com os movimentos operários sendo duramente
indústrias no Brasil, começaram a se formar entida- reprimidos pelos patrões e pelo governo. As rei-
des de defesa do trabalhador, como a Liga Operária vindicações e negociações com os patrões e os

AULA - 12
(1870) e a União Operária (1880). governos tinham sempre três pontos principais: as
A partir de 1910, o número de indústrias cresceu condições de trabalho, a jornada de trabalho e a
muito rapidamente, aumentando também a quanti- remuneração do trabalho.
dade de operários. E as entidades de trabalhadores
foram ganhando força. Nessa época não havia qual-
quer lei regulamentando os contratos de trabalho.

 O que é trabalho escravo?


Escravidão contemporânea é o trabalho degradan-
te que envolve cerceamento da liberdade.

“Ninguém será mantido em escravidão ou ser-


vidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão
proibidos em todas as suas formas.”
Fotos: Google Imagens, 2015.

Artigo IV da Declaração universal dos direitos huma-


nos, proclamada pela da Assembleia Geral das Na-
ções Unidas em 10 de dezembro de 1948.

Marcenaria Vol 1.indd 59 10/6/2015 9:01:34 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

ATIVIDADE

Destaque do texto anterior as condições de trabalho no início da industrialização brasileira e registre suas
observações.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA
Formação Técnica:
12 Madeiras de reflorestamento - Parte 2

PRINCIPAIS ÁRVORES DE REFLORESTAMENTO

60

Araucária ou pinheiro do Paraná


AULA - 12

Madeira de média densidade, veios bem demarcados e resistência


moderada, a araucária é uma das espécies preferidas pelos profissio-
nais do ramo moveleiro, por ser de fácil usinagem e assim proporcio-
nar ótimo acabamento. Seu crescimento é relativamente lento (entre
Fotos: Google Imagens, 2015.

15 a 25 anos para o abate) se comparado às demais árvores de reflo-


restamento, mesmo em plantações bem conduzidas. Suas plantações
concentram-se no oeste do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul, e atualmente seu principal beneficiamento está para madeira co-
merciais, como: tábuas, ripas, sarrafos, pontaletes e pranchas.
Considerada uma das madeiras mais nobres do Brasil, a araucária
foi largamente explorada no fim do século XIX e no começo do século
XX, e esteve próxima de entrar na lista de árvores com risco de extin-
ção. Isso porque foi uma das espécies mais exportadas para países da
Europa para uso geral em marcenaria e carpintaria. Importante des-
tacar que, além do tradicional uso na indústria de móveis, a araucária
também gera como frutos os pinhões, que são alimento de grande
valor nutritivo. Apesar do baixíssimo cultivo desta espécie, atualmen-
te o comércio madeireiro volta a oferecer esta madeira, uma vez que
se trata de uma espécie altamente protegia pela legislação ambien-
tal, mesmo para árvores de reflorestamento. Podemos encontrar esta
madeira na forma de tábuas, pranchas, sarrafos e pontaletes, além de
lâminas naturais para revestimentos e compensados especiais.

Marcenaria Vol 1.indd 60 10/6/2015 9:01:35 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Fotos: Google Imagens, 2015.


Eucalipto
É a árvore mais plantada e mais estudada atualmente sob todos os aspectos. Originária da Austrália, foi
introduzia no Brasil no início do século XX. Nos últimos anos, estima-se que somente no Espírito Santo cerca
de 80.000 metros cúbicos são produzidos, sem contar ainda a produção do Paraná, de Minas Gerais e de São
Paulo. Contudo, na região Norte do Brasil, estados como Pará e Amapá começam a entrar com força no plantio
de eucalipto para produção de MDF, pois os altos índices pluviométricos desses estados fizeram que muitas
indústrias do setor enxergassem neles um grande potencial.
Das espécies de eucalipto produzidas no Brasil, a mais favorável para a confecção de móveis e carpintaria
é o eucalipto grandis, de cor rosa-clara e média densidade. Já o eucalipto vermelho, de tom escuro e alta
densidade, é uma madeira de difícil trabalhabilidade, principalmente em seu desdobro e corte, sendo por
isso mais utilizada para madeiramento de estruturas. Seu desenvolvimento varia para cada espécie. O euca-
lipto grandis entra no plano de corte em menos de 20 anos, sendo manejada imediatamente para serralherias
que confeccionam tabuados, e também para fábricas de compensado e MDF, além de madeireiras especializa-
das em toras tratadas para o uso de estacas e colunas estruturais.

Paricá
Árvore nativa, encontrada em toda a floresta amazô-
nica com maior ênfase nas matas de terra firme. Possui
coloração branca a levemente amarelada, fibras grandes
de diâmetro e comprimento relativamente grande, que 61
pelo diâmetro do tronco possui um alto grau de aprovei-
tamento na indústria de laminado. O aproveitamento na
laminação é de 90%, sendo utilizada para confecção de
compensado de 4, 10, 15 e 20 mm. A grande vantagem
em relação ao compensado de eucalipto é que o paricá

AULA - 12
possui um peso praticamente 50% menor e tem cresci-
mento por volta de 8 a 12 anos.
O atual mercado de compensado é ótimo tanto para
a comercialização interna como para a exportação. No
Brasil, o eucalipto e o pinus ocupam quase 99% da área
total de florestas plantadas, restando apenas pouco mais
de 1% para todas as outras madeiras juntas. O paricá co-
meça a apresentar bons níveis de plantio, impulsiona-
do pelos atuais estudos que demonstram ser altamente
rentável e lucrativo, além de incentivar o cultivo de mais
espécies nativas. Assim, o paricá, pelas suas qualidades,
pode se tornar a primeira espécie brasileira a disputar
novos espaços num setor tão competitivo.
Fotos: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 61 10/6/2015 9:01:36 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Pinus: Originário da América do Norte e pioneiro porém com pouca expressividade de produção. Ou-
entre as madeiras de reflorestamento usadas pela tras subformas são comuns também para o apareci-
indústria moveleira, representa cerca de 30% da mento destas espécies de madeiras no Brasil, como:
madeira serrada produzida no Brasil, em especial paletes e caixotes para o transporte de cargas im-
nas regiões Sudeste portadas.
e Sul. No mercado A madeira de pinus é considerada uma das espé-
há várias espécies cies de reflorestamento mais rápidas no crescimento
disponíveis, nas for- para o plano de corte de tabuados, necessitando ape-
mas sólidas e lâmi- nas entre 13 a 17 anos para o abate, apresentando a
nas. A espécie mais partir daí ótimo rendimento, excelente acabamento
tradicional é elliotti, e fácil usinagem. No entanto, tem pouca resistência
com largo cultivo no mecânica. Desta forma, ao trabalhá-la é preciso to-
Brasil, mas é possí- mar os devidos cuidados, principalmente com seus
vel encontrar outras nós, já que podem variar sua quantidade indepen-
espécies de pinus dentemente da espécie. Por ser uma madeira leve
como a caribaea, ta- e muito resinosa, são necessários certos cuidados
dea, oocarpa, vindas para mantê-la longe de cupins e fungos causadores
da América Central de manchas (mofos), tanto em tabuados quanto em
e América do Norte, compensados.

 Pinus elliottii: com plantações concentradas nos empenos. Com isso, pode ser utilizada na constru-
estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa ção até mesmo de estruturas de madeiramento de
Catarina, esta madeira de cor amarelo claro e resi- telhados e, pela facilidade de usinagem, proporciona
noso é caracterizada por ser de baixa densidade e ótimo acabamento a móveis.
por conter anéis de crescimento bem demarcados.
Após passar pelo processo de desdobro, formando  Pinus taeda: com plantios no Planalto Catarinense
tabuados, pontaletes, caibros, sarrafos e ripas, a ma- e Serra Gaúcha, esta madeira apresenta uma colora-
62 deira pinus é largamente utilizada para fabricação de ção das mais claras entre as espécies de pinus culti-
móveis em geral, artesanatos, forros, molduras e cai- vadas em território brasileiro. Não apresenta muitos
xarias para concretagem de estruturas. Porém este nós, porém por conter pouca resina estes tendem a
pinus, por não apresentar boa resistência a fungos ressecar com facilidade, deixando a madeira com pou-
e mofos causadores de manchas, além de xilófagos ca resistência mecânica. Mesmo de baixa densidade,
(cupins e brocas), necessita de tratamento adequado se respeitado seu tempo de secagem e o adequado
AULA - 12

para manter-se firme e sólido. Contudo, plantios bem controle de armazenamento, proporciona madeiras
conduzidos para formação de madeiras selecionadas de boa qualidade, usada para móveis em geral.
podem garantir produtos de ótima qualidade.
 Pinus oocarpa: cultivada em zonas quentes do
 Pinus caribaea: com tímida expansão no sul do Brasil, sobretudo nas regiões Sudeste e Centro-O-
Brasil, sobretudo em Santa Cataria, suas plantações este, sua madeira possui coloração branca, com de-
ainda representam baixíssimos níveis em relação a marcações bem amareladas e com pouquíssimos
espécie Elliottii. Contudo, esta madeira de cor ama- nós. Tem resistência de média densidade e pode ser
relo escuro e pouco resinoso pode variar entre bai- utilizada na serraria, principalmente para a produção
xa e média densidade e apresenta maior resistência de caixas, mas também tem utilidade para a extração
a fungos e defeitos tradicionais como rachaduras e de resina.

Pinus elliottii Pinus caribaea Pinus taeda Pinus oocarpa


Imagens: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 62 10/6/2015 9:01:36 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Madeira Não-Desramada Madeira Não-Desramada


(menor valor agregado) (menor valor agregado)

INFORME-SE: A desramação consiste na técnica de poda de galhos para controle das árvores de
reflorestamento que terão a utilidade futura para o beneficiamento de madeiras comerciais, como tá-
buas, pranchas, vigas, etc. Com o uso desta técnica é possível controlar o desenvolvimento da árvore,
com uma poda adequada, a fim de adquirir uma tora limpa, livre de galhos causadores de nós sobre
a casca, favorecendo uma madeira de alta qualidade, livre de defeitos naturais.

Exemplos de toras de pinus já abatidas, a partir de uma plantação bem conduzida por processo de desrama- 63
ção que permite o controle dos galhos sobre as toras para garantir maior qualidade e aproveitamento.

 Teca: Madeira nobre e nativa do sul e sudeste


da Ásia, a teca é classificada como de média den-

AULA - 12
sidade, com boa resistência e estabilidade. Após
seu desdobro, permite secagem rápida, o que
possibilita ótima usinagem e acabamento. Cul-
tivada em média escala no Mato Grosso, região
Centro-Oeste, o plano de corte desta espécie é
por volta de 20 anos. Atualmente, começa a ser
cultivada também na região Sudeste, no sul de
Minas Gerais, com produção de madeiramento,
Fotos: Google Imagens, 2015.

como tábuas, pranchas, portaleles e sarrafos. É


encontrada na forma de painéis industrializados
para fins diversos, como a fabricação de móveis,
portas e objetos decorativos, conferindo um
maior valor agregado aos artefatos.

Atividade Prática:
Juntamente com o professor conheça cada tipologia de madeira industrializada e suas características através
do mostruário e apostila.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 63 10/6/2015 9:01:37 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

12 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Início das atividades de restauração de móvel: porte médio.

Etapa 4: Escolha do acabamento.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2hs:30 min.)


Construção de uma mesa tradicional em madeira maciça. Etapas 15 e 16.
64
> Construção do tampo (finalização)

15) Montagem final do tampo:


AULA - 12

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

16) Acabamento final:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 64 10/6/2015 9:01:37 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

13
Formação Humana e Cidadã:
Técnica, tecnologia e ciência

TÉCNICA: conjunto de processos de uma arte, ci-


ência ou ofício.
O mundo de hoje começou a ser formado pelo tra-
balho de nossos antepassados: o homem primitivo. A
primeira grande vitória do homem foi quando ele con-
seguiu obter o fogo.
Ao longo do tempo, eles desenvolveram numero-
sas técnicas para garantir a sobrevivência e melhorar a
qualidade de vida de seus povos. Essas técnicas foram
sendo modificadas por cada povo, ao longo dos sécu-
los, usando os conhecimentos acumulados em cada
cultura e a troca entre elas.
65
E A TECNOLOGIA? Muitos estudiosos não veem di-
ferença entre técnica e tecnologia. Outros, porém, con-
sideram tecnologia apenas as técnicas que utilizam os
saberes formais da ciência.

AULA - 13
O QUE É CIÊNCIA? Os saberes da ciência são dife-
rentes dos saberes comuns, porque a ciência procura
explicar o mundo por meio de uma observação siste-
mática e organizada. Ela procura provar que certos fa-
tos, numa mesma situação, se repetem. ATIVIDADE

Observe como a criança expõe seu pensa-


mento sobre como ela pode usar os benefí-
cios do avanço científico.

 Agora, vamos discutir em grupo o tema


desta aula. Conversem e procurem expor
suas ideias em forma de rimas.

Marcenaria Vol 1.indd 65 10/6/2015 9:01:37 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
13 Madeiras maciças comerciais

Conforme vimos na aula anterior, para frear a  As lâminas faqueadas, de melhor aparência e qua-
extração de madeira maciça de espécies nobres, lidade são exclusivamente utilizadas para revesti-
foram realizados estudos para o cultivo de madei- mento de superfícies de madeira (compensados,
ras de crescimento acelerado, conhecidas popular- aglomerados ou MDF) para a fabricação de móveis
mente como madeiras sustentáveis ou madeiras gerais, sobretudo mesas de jantar, mesas de escri-
de reflorestamento. Contudo, ainda há uma singela tórios, painéis decorativos e roupeiros. A peça roliça
extração de madeiras nativas para o comércio ma- é dividida normalmente ao centro da tora e depois
deireiro, por meio de manejo sustentável, solicitadas muito bem aplainada, com o objetivo especial de
por oficinas de carpintaria, marcenaria e decoração se obter os desenhos mais agradáveis e destacados
em geral. Desta forma, teremos espécies que pela dos veios da madeira. A espessura é determinada
expressiva quantidade de reserva, apresentam boa pela natureza da madeira, ou seja, por sua densida-
demanda em caráter bruto (madeira maciça). Ou- de. A partir disso, podem-se conseguir lâminas finas
tras espécies, por terem baixo índice de reserva, são de madeiras como cabreúva, pinho de riga, imbuia
encaminhadas para as indústrias responsáveis pela e cerejeira ou lâminas mais grossas de madeiras
fabricação de laminados de madeira. como sucupira, ipê, pau-roxo e pau-marfim.

Tipos de lâminas de madeira


INFORME-SE: Para o processo de laminação, as
toras selecionadas tanto para a fabricação de  Lâminas seriadas:  utilizadas para trabalhos de
lâminas para construção de chapas de com- grande qualidade, as lâminas são comercializadas
pensado quanto para lâminas especiais para na mesma sequência em que foram obtidas na fá-
66
revestimento, são sujeitas a uma etapa de co- brica e numeradas, ou seja, os veios de todas as lâ-
zimento a vapor para amolecer levemente as minas seguem uma sequência gradual em relação
fibras da madeira, a fim de facilitar o processo ao desenvolvimento da tora, quase todos idênticos,
de laminação. Desta maneira, é possível adqui- estabelecidos assim por meio do corte um a um.
rir lâminas de madeira de alta qualidade.  Radica:  são lâminas obtidas da parte da árvore
AULA - 13

denominada “nó vital”, que está compreendida


entre o tronco e a raiz. Caracterizam-se por ser
Laminação de madeira maciça lâminas com desenhos únicos e grande expressi-
vidade estética.
A laminação é um processo de desdobramento  Lâminas tangenciais:  estas lâminas de madei-
da madeira maciça com fins industriais, para a fabri- ra apresentam pouco brilho, mas têm veios com
cação de painéis ou na obtenção de lâminas utili- desenhos muito expressivos, como a maioria das
zado na marcenaria e na decoração. As lâminas têm madeiras nobres de média densidade. As lâminas
geralmente de 1 a 3 mm de espessura e são obtidas são obtidas obedecendo aos anéis de crescimen-
por dois processos conhecidos como: torneamento to da árvore, buscando evidenciar o aspecto na-
ou faqueamento. tural da madeira.
 Lâminas radiais: São obtidas efetuando um cor-
 Lâminas torneadas são obtidas por desenrola- te perpendicular aos anéis de crescimento da ár-
mento contínuo, isto é, a tora semirroliça é coloca- vore. Apresentam pouco valor comercial, porém
da entre as ponteiras de fixação de uma máquina em móveis de linhas retas ganham bom destaque
semelhante a um torno. Ao entrar em rotação, fa- e uniformidade.
cas altamente afiadas nivelam a tora para dar iní-  Lâminas pré-compostas. Estas lâminas são obti-
cio ao processo de laminação. Após isso, o método das por faqueamento de blocos formados de cen-
entra em operação e a lâmina contínua é retirada, tenas de lâminas tingidas, sobrepostas e coladas
semelhante a uma bobina de papel. O torneamen- umas às outras. As madeiras utilizadas são obti-
to é utilizado principalmente na fabricação lâminas das de áreas reflorestadas ou sobras de madeiras
para construção de chapas de compensado. nobres (de lei).

Marcenaria Vol 1.indd 66 10/6/2015 9:01:37 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

As lâminas de madeira são geralmente utilizadas para revestimento de chapas industrializadas, e atualmente
duas tipologias são muito empregadas na marcenaria: na imagem à esquerda temos um trabalho com lâmi-
na pré-composta, caracterizada por apresentar veios radiais ao sentido longitudinal da madeira. À direita, a
imagem revela a utilização da lâmina composta, onde a mesma se caracteriza por ser totalmente extraída do
lenho natural e por isso contém o veio conforme o desenvolvimento da tora, com fibras tangenciais.

67
Exemplos de lâminas compostas: cabreúva vermelha e cerejeira

AULA - 13

Exemplos de lâminas pré-compostas: mogno e freijó


Fotos: Google Imagens, 2015.

Exemplo de lâmina composta do tipo rádica

Marcenaria Vol 1.indd 67 10/6/2015 9:01:39 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Imagem: Google Imagens, 2015.


Representação esquemática do processo industrial para a fabricação de lâminas de madeira
Laminação por torneamento [esquerda] e por faqueamento [direita]

 Amendoim  Carvalho Brasileiro  Figueira  Marupá

 Amesclão  Carvalho Americano  Freijó  Mogno


68  Andiroba  Castanheira  Garapeira  Muiracatiara

 Angelim-Pedra  Caviúna  Goiabão  Nogueira

 Angelim Vermelho  Caxeta  Guariúba  Pau-Brasil

 Angico Preto, Branco,  Cedrinho  Imbuia  Pau-Amarelo

Roxo e Vermelho  Cedro-Arana  Ipê  Pau-Marfim


AULA - 13

 Araracanga  Cedro-Rosa  Itaúba  Pau-Roxo

 Aroeira  Cerejeira  Jacarandá  Pau-Ferro

 Bacuri  Copaiba  Jaqueira  Pequiá

 Braúna  Cumaru  Jarana  Peroba Rosa

 Balsa  Cupiúba  Jatobá  Peroba do Norte

 Cabreúva  Curupixá  Jequitibá  Peroba do Campo

 Cajuaçu  Faieira  Louro Pardo e  Pinho de Riga

 Cambará  Fava-Amargosa Vermelho  Sucupira

 Canafistola  Faveira Bolota  Louro Faia  Tauari

 Canela  Faveira Branca  Maçaranduba  Virola

 Madeira em extinção
 Madeira reciclada (maciça de demolição)
 Madeira em lâmina (folha)
 Madeira nobre estrangeira (virgem ou de demolição)
 Madeira nativa (virgem)

Marcenaria Vol 1.indd 68 10/6/2015 9:01:39 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

13 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Início das atividades de restauração de móvel: porte médio.

Etapa 5: Limpeza das ferragens:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2 horas)


Finalização das atividades de restauração de móvel: porte médio.

Etapa 6 - Remontagem das peças 69

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA - 13
______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE 2 (Tempo estimado: 30 min.)

Pesquise e responda: Quais são as principais características das madeiras transformadas?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 69 10/6/2015 9:01:39 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

14
Formação Humana e Cidadã:
Necessidade da técnica

OBJETIVO: O acervo de conhecimentos que possibilitou


a empresa de produção colonial portuguesa
Com esta aula, vamos estudar as diferentes téc- no Brasil é majoritariamente africano. Embora
nicas presentes na execução de um trabalho. A ma- muitas culturas coloniais sejam pensadas de
neira como é desenvolvido um trabalho pode envol- forma errada como portuguesas, a exemplo da
ver diversas técnicas. cultura do couro e do gado, isto se deu devido
ao desconhecimento pelos historiadores e inte-
CONTEUDO: lectuais brasileiros do passado e do desenvolvi-
mento civilizatório africano. Devemos também
A técnica, faz parte da tradição cultural dos po- acrescentar que muitas regiões do continente
vos. Cada povo pode, por exemplo, desenvolver africano foram destruídas pelos europeus du-
técnicas diferentes de cultivar a terra. Os incas, que rante 400 anos de guerras para imposição da
construíram uma grande civilização no Peru antes dominação ocidental, política, cultural e eco-
70
da chegada dos espanhóis, tinham uma técnica nômica. A imposição do comércio europeu de
bem avançada de cultivar o solo. Como viviam na produtos africanos e do comércio de seres hu-
Cordilheira dos Andes faziam terraços nas encostas manos, cativos africanos transformados em
das altas montanhas. Esses terraços eram compos- escravizados nas Américas, foi a que produziu
tos de degraus largos e compridos, onde podiam maior devastação no continente africano. Hoje
plantar. Também construíram canais para as águas existe uma desigualdade social e econômica
AULA - 14

das chuvas não arrastarem suas plantações monta- entre a África e a Europa em razão de o euro-
nha abaixo. Povos que moram em planícies desen- peu ter subdesenvolvido o continente africano.
volvem outros tipos de técnicas. O Brasil, diferente de outros países, como os
Essas técnicas passaram de geração em geração, Estados Unidos ou o Peru, teve como única for-
foram sendo aperfeiçoadas e tornaram-se conhe- ma de trabalho o escravismo criminoso, e reali-
cidas de outros povos. Exatamente como acontece zado quase apenas com mão de obra africana.
hoje. Só que, atualmente, o intercâmbio de técnicas e Assim, os africanos ocuparam muitos dos cam-
saberes tem um ritmo muito mais acelerado e atinge pos da produção, como fonte de conhecimento
o mundo todo, devido às facilidades de comunicação. da base técnica e tecnológica. As imigrações for-
çadas de africanos para o trabalho compulsório,
As culturas africanas transplantadas para o no escravismo criminoso, foram realizadas du-
Brasil e as experiências históricas de sociedades rante um período de mais de 300 anos, tendo va-
agrárias e urbanas africanas são resultantes de riado de regiões, segundo as épocas, e também
milênios de aprimoramentos diversos vindos variado os ciclos de produção no Brasil. Estas
desde mais de 4 mil anos antes da era cristã, variações fizeram com que o Brasil tenha recebi-
das civilizações da antiguidade da região do do uma imensa diversidade de conhecimentos
vale do Rio Nilo, de povos como os núbios, os contidos na mão de obra africana de diferentes
egípcios e os etíopes, chegando aos reinos condições geográficas. Todos os ciclos de produ-
dos séculos 12 ao 15 na região do vale do Rio ção do Brasil eram de domínio de conhecimento
Níger, onde encontramos exemplos como os de diversas regiões africanas.4
do Gana, Mali e Songai, ou em outras regiões
(CUNHA JÚNIOR, Henrique. Tecnologia africana na formação
como o reino do Congo, na África Central, e os brasileira. Rio de Janeiro, 2010. http://www.ifrj.edu.br/
almorovitas, no norte africano. webfm_send/268.)

Marcenaria Vol 1.indd 70 10/6/2015 9:01:39 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

ATIVIDADE:

AGORA, VAMOS PENSAR EM GRUPO!


A partir do texto proposto vamos refletir sobre a construção do conhecimento técnico das profissões:

 No Brasil podemos dizer que fomos influenciados culturalmente por quais povos?
 A técnica é uma herança cultural?
 Posso melhorá-la?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA
Formação Técnica:
14 Madeiras industrial�adas - Parte 1

Primeiramente é importante saber que as madeiras industrializadas são provenientes de manejo susten-
tável, ou seja, de árvores de reflorestamento. Dentre as espécies mais comuns estão o pinus e o eucalipto,
porém há outras que começam a se destacar na indústria de madeiras, como o paricá, a virola, a virolinha
e outras madeiras tropicais. A fabricação destas madeiras é indispensável para a preservação do meio am- 71
biente, já que com uma árvore é possível confeccionar em média até 10 (dez) chapas de compensado.
Contudo, o profissional que adquire este produto deve ficar muito atento, observando se há o selo verde na
chapa dizendo: “madeira certificada/legal” e exigindo informações sobre a origem da mesma.

AULA - 14

Selos mais utilizados conforme a certificação de qualidade ambiental,


regulamentadas pelo IBAMA e FSC – Conselho de Gestão Florestal.

De acordo com o tipo de madeira industrializada utilizado, encontraremos grandes vantagens.


A partir de uma classificação geral, podemos considerar que em sua maioria proporcionam:

 Fácil manuseio e praticidade. acabamentos distintos (laminados de madeira,


 Rapidez na confecção de qualquer artefato. laminados decorativos sintético, tingimentos,
 Ótimo custo benefício em relação a madeira maciça. vernizes, pinturas e lacas).
 Menor investimento em maquinário.  Podem ser pregadas, parafusadas e até mesmo
 Variedades de chapas e possibilidade de encaixadas.

Marcenaria Vol 1.indd 71 10/6/2015 9:01:39 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Foto: Google Imagens, 2015.


Fábrica de madeiras de industrializadas Duratex, uma das maiores do Brasil.

Reconhecendo os materiais

– Aglomerado multissarrafeado
– Chapatex – MDF: comum e verde
– Compensado: flexível, laminado, – HDF
multilaminado, naval, resinado, – MDP
plastificado, sarrafeado e – OSB

 Aglomerado cru
É uma chapa com composto de resíduo de serragem e pó de madeira
misturados com resina e cola que, após passar por processo de prensa, se
transforma em um grande painel de madeira. Não possui acabamento,
72 portanto, pode receber qualquer tipo de revestimento, isto após uma boa
retificação da superfície.
Utilizada na fabricação de móveis de baixa qualidade, devido à fragili-
dade que a madeira apresenta contra forças de tração, para sua montagem
utiliza-se cavilha e cola, e para fixação final, um parafuso especial denomi-
nado Mitoffix, que dá maior resistência e melhor aperto entre os módulos.
AULA - 14

Desta maneira, não é recomendado o uso de pregos devido ao risco de


provocarem rachaduras, uma vez que a chapa não é perfeitamente sólida.
Tamanho padrão: 2,75  m x 1,83  m. Espessuras: 6  mm, 8  mm, 10  mm,
12 mm, 15 mm, 18 mm, 20 mm, 25 mm e 30 mm.

 Aglomerado folheado
Suas características estruturais são idênticas às do aglomerado tradicio-
nal, porém esta chapa possui revestimento com lâminas de diversos ma-
deirados, como mogno, cerejeira, sucupira, imbuia e pau-marfim, entre
outros, inclusive acabamentos sintéticos.
Fotos: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 72 10/6/2015 9:01:40 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Chapatex
Conhecida popularmente por Eucatex e Duratex, a chapatex é assim denominada por serem estes os seus
principais fabricantes. Esta madeira é feita da mistura de pó de serra com colas especiais e depois prensada,
formando uma chapa delgada. Muito utilizada como fundos de guarda-roupas, fundo de gavetas, paletes,
forros, divisórias de ambientes e artesanatos gerais, pode ser pregado ou parafusado. É possível encontrá-la
crua ou com acabamento, seja em lacas e madeirados e seu tamanho geralmente vem de um pré-corte com
as dimensões de 1,20 x 1,00 m para chapas simples, mas existem chapas maiores, com espessuras variadas
de 4 a 10 mm. Apesar de fina, esta madeira apresenta ótima resistência à compressão, evitando deformações.

Fotos: Google Imagens, 2015.


73

 Compensado os outros 40% sejam produzidos com madeiras de


Durante muitos anos o compensado foi o painel florestas plantadas (reflorestamento) nas regiões

AULA - 14
de madeira mais produzido e consumido no Brasil. Sul e Sudeste (particularmente o pinus e eucalipto).
Com instalação inicial no sul do país por volta dos Importante lembrar que em níveis atuais as chapas
anos 40, a indústria deste setor baseava-se nas flo- de compensado construídas com madeiras de reflo-
restas naturais de araucária, embora tenha atingido restamento começam a se tornar frequentes e alta-
níveis significativos de produção apenas na déca- mente lucrativas, devido a uma exploração mais efi-
da de 1970. Os compensados surgiram em escala ciente, acelerada e ecologicamente correta. Assim,
industrial após o desenvolvimento de um sistema este quadro do uso de florestas tropicais começa a
capaz de laminar ou folhear a madeira. Atualmente, baixar, não só por este importante avanço tecnoló-
existem dois métodos para a produção de lâminas, gico, mas também pelas novas demandas de prote-
como vimos na aula anterior. ção ambiental.
A chapa de compensado é composta por três ou As chapas de compensados apresentaram um
mais lâminas torneadas, unidas uma perpendicular- acentuado declínio em seu consumo nos anos 2000,
mente (cruzada) à outra com resina ou cola, sempre provocado pela perda de mercado para o MDF e
em número ímpar (pois em número par tende a em- para o aglomerado. O crescimento da produção foi
penar a chapa). Desta forma, as propriedades físicas absorvido pelas exportações, uma vez que o produ-
e mecânicas da chapa se tornam superiores às de to brasileiro tem expressiva participação no merca-
madeira original maciça, pois a força de contração, do mundial.
por exemplo, é praticamente eliminada, além de As razões para se usar a madeira compensada
ser mais leve em relação as demais chapas também em vez da madeira maciça está em sua resistência
industrializadas. Quanto à matéria-prima utilizada, a rachaduras, ao encolhimento, à torção e seu alto
estima-se que 60% do compensado nacional sejam nível de força. Por estas e outras qualidades, o com-
produzidos com madeira tropical, enquanto que pensado substitui com louvor muitos outros tipos de

Marcenaria Vol 1.indd 73 10/6/2015 9:01:41 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

madeira para diversas aplicações, até mesmo estru- as espécies tradicionais para a fabricação das chapas.
turais. No mercado atual há produtos tanto para uso Chapas finas de compensado apresentam al-
interno, com colagem a base de resina ureia-formol, gumas vantagens sobre as demais madeiras indus-
utilizados pela indústria moveleira; quanto exter- trializadas, sobretudo o fato de que são maleáveis e
no, com colagem à base de fenol-formol, utilizados podem ser curvadas. Na confecção de móveis, são
normalmente na construção civil. Entretanto, vale normalmente empregadas na produção de fundos
lembrar que normalmente as chapas de maior resis- de gaveta, armários, roupeiros, tampos de mesa, la-
tência podem receber lâminas de duas espécies dife- terais de móveis, braços de sofá, fundos de armários,
rentes, seja em eucalipto ou virola, juntamente com prateleiras, pisos e portas residenciais.

Estoque de matéria prima Setor de cozimento das toras Torno Laminador

74
Torno Laminador Setor de classificação das lâminas Secagem de lâminas

Desenho ilustrativo do torno laminador para fabricação de lâminas de madeira.


AULA - 14

Fotos: Google Imagens, 2015.

Torno laminador no processo de laminação da tora de madeira para fabricação de chapas de compensado
Rolos de lâminas de madeira formadas a partir do torno laminador.

Marcenaria Vol 1.indd 74 10/6/2015 9:01:42 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Compensado flexível
Este tipo de compensado destaca-se por proporcionar
médias a longas curvaturas com ótimo acabamento. Isto
se deve a ele trabalhar com o sentido do veio na direção
transversal em relação ao comprimento da chapa, po-
dendo assim se moldar conforme a estrutura de assenta-
mento, onde será pregado ou parafusado. Utilizado em
trabalhos especiais – como tambores, encostos e assen-
tos de cadeira, palcos, balcões e cenários, entre outros
–, apresenta ótima resistência a trincas e deformações.
Importante lembrar que a forma é dada pelo construtor
marceneiro, assim, sua criatividade associada ao domínio
técnico permitirá a confecção de peças únicas, de bom
gosto e alto valor agregado.
Tamanho padrão: 2,50 m x 1,60 m
Espessuras: 3 mm, 4 mm, 6 mm, 8 mm e 10 mm.

 Compensado laminado e multilaminado móveis sob medida, proporcionando produtos de 75


São feitos com lâminas de madeira – em geral médio a alto nível de acabamento. A diferença entre
de pinus, virola, paricá e eucalipto. Após a seleção, a chapa laminada e a chapa multilaminada está na
as lâminas são coladas e prensadas para formar cha- espessura e na quantidade das lâminas, sendo que
pas com diferentes espessuras. Podem ser pregados primeira é feita com mais lâminas de espessura mais
e parafusados, revestidos e pintados, e apresentam fina, enquanto que a segunda é feita com menos lâ-

AULA - 14
ótima resistência mecânica. Além do compensado minas, só que mais grossas.
cru, também encontram-se chapas revestidas com Tamanho padrão: 2,20 m x 1,60 m – 2,50 m x 1,60 m
lâminas de madeira naturais (compostas). Espessuras: 4 mm, 6 mm, 8 mm, 10 mm, 15 mm, 18
Estes compensados são usados na confecção de mm, 20 mm, 22 mm e 25 mm
Fotos: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 75 10/6/2015 9:01:44 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Compensado naval moveleiro


Contendo em sua construção uma resina altamente forte,
esta chapa mostra-se altamente resistente à água e ao acú-
mulo de umidade. É utilizado para confeccionar pequenos
barcos, móveis de embarcações, móveis de cozinha e de ba-
nheiros em áreas molhadas. Dentre os compensados, o naval
é o que apresenta resistência mais elevada a um conjunto de
ações, como empeno, deformação, compressão, tração, além
da resistência à umidade. Seu preço, porém, é elevado.
Tamanho padrão: 2,20 m x 1,60 m – 2,50 m x 1,60 m
Espessuras: 4 mm, 6 mm, 10 mm, 15 mm, 18 mm, 20 mm,
22 mm, 25 mm e 30 mm

76
AULA - 14

 Compensado resinado comum ou “madeirite”


Este tipo de compensado é desenvolvido exclusiva-
mente para a construção civil, relacionado ao cantei-
ro de obras, na construção de alojamentos, tapumes,
andaimes e pequenas caixotarias para concreto. Sua
cor é característica marcante e por ser uma madeira
de descarte, não é indicada para confeccionar mó-
veis, somente para obras e pequenos alojamentos in-
ternos, já que esta madeira não foi desenvolvida para
suportar a umidade por muito tempo.
Fotos: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 76 10/6/2015 9:01:46 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Compensado resinado naval e plastificado


Parecida com o “madeirite comum”, pode ser facilmente confundida
com ela por sua coloração rosa ou avermelhada; entretanto, esta ma-
deira possui importante diferença em sua trabalhabilidade, proporcio-
nando maior resistência à umidade. O compensado resinado está dis-
ponível em dois tipos: naval e plastificado. O naval permite a utilização
em estruturas externas com maior tempo de permanência sob intem-
péries, permitindo menor preocupação em relação ao descolamento e
acúmulo de umidade. Assim, é possível construir alojamentos, tapumes,
grandes caixotes de concreto, etc. A chapa plastificada não mudou tanto
em relação ao madeirite, mas por ter recebido um revestimento plástico
sobre as duas faces tornou-se mais versátil, garantindo mais economia
para pequenas obras na construção de caixarias para concretagem, ofe-
recendo mais acabamento e menos perda de material ao final da obra.

77

Compensado super-resinado

AULA - 14
naval plastificado
Contraplacado especial usado exclusi-
vamente na construção civil na montagem
de fôrmas para concretagem. Diferente
dos “madeirites” que não são resistentes à
umidade, este tipo de compensado tende
a durar mais tempo, já que em sua fabrica-
ção recebe uma resina altamente durável,
mesmo em contato com água. Por ter re-
vestimento plastificado e ser fabricada com
lâminas de madeiras selecionadas, cada
face pode ser utilizada até 10 (dez) vezes,
mesmo após o uso de concreto. O resulta-
do é uma obra mais limpa, com pouco des-
perdício, garantindo mais economia em
grandes construções. Importante destacar
que este material apresenta ótimo desem-
Fotos: Google Imagens, 2015.

penho contra deformações, inchaços por


força de tração, trincas, descolamento e
empeno. Assim, torna-se o material mais
completo para grandes caixarias para con-
cretagem de superestruturas.

Marcenaria Vol 1.indd 77 10/6/2015 9:01:47 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Compensado sarrafeado e multissarrafeado


Chapa construída a partir de grandes ripas de pequena espessura,
geralmente de pinus, formando um sarrafo contínuo. É caracteriza-
do por ser um material superespecial, que permite manipulação rá-
pida e com ótimo acabamento, garantindo a confecção de móveis
finos (de luxo). Isso porque este compensando já vem folheado em
ambas as faces e está disponível em vários padrões de lâminas na-
turais (compostas) de madeiras nobres. Assim, é necessário apenas
revestir as bordas usando a mesma madeira da superfície. Pode ser
pregado e parafusado, sendo largamente utilizado para confecção
de tampos, painéis, home theaters, portas, home offices, etc.
Tamanho padrão: 2,50 m x 1,60 m – 2,75 m x 1,60 m
Espessuras: 15 mm, 18 mm, 20 mm, 22 mm, 25 mm e 30 mm

78  MDF – chapa de madeira de Fibra de Média Densidade – comum e verde


O MDF, da sigla em inglês Medium Density Fiberboard, é um painel de mé-
dia densidade produzido a partir de madeira reflorestada pinus ou eucalipto, co-
nhecida mundialmente como ecologicamente correta. Tem ótima resistência e
possui alta capacidade de usinagem, sendo possível encontrar grande variedade
desta madeira, em chapas cruas, laqueadas e folheadas em padrões de madeira-
AULA - 14

dos sintéticos. Por ser uma chapa provida de minúsculas partículas compactadas,
é nitidamente solida, com baixíssima porosidade, de modo que não trinca nem
racha se bem usinada. Porém, não aceita prego, somente parafusos e sistemas de
montagem. Outras características do MDF são seu peso elevado e sua fragilidade
à umidade, não sendo indicado para confecções de móveis externos ou internos
de ambientes como banheiros, cozinhas e lavanderias. Entretanto, atualmente o
mercado oferece um novo material: o MDF verde, com maior resistência à umida-
de acumulada ou não, impedindo automaticamente o inchaço gradual da chapa.
Fotos: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 78 10/6/2015 9:01:49 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Atualmente o MDF é o
material mais empregado na
indústria moveleira e em mar-
cenarias de pequeno a médio
porte, principalmente nas fábri-
cas de modulados, tendo como
resultado móveis de excelente
qualidade. Por ser versátil, tem
amplo uso na cenografia para
usinagens diversas, molduras
e rodapés, colocando-se desta
maneira como a boa saída de-
pois da madeira maciça, além
de ser perfeito para laqueação
e para receber revestimentos.
Tamanho padrão: 2,75 m x
1,85. Espessuras: 3 mm, 4 mm, 6
mm, 10 mm, 15 mm, 18 mm, 20
mm, 25 mm e 30 mm

 HDF – chapa de madeira de Fibra de Alta Densidade


Embora seja muito parecido com o MDF, esta chapa apresenta
uma superior resistência a torção, inchaço, empeno, trincas e ra-
chaduras. Contudo, continua a manter as características tradicio-
nais do MDF, com enorme peso, a não recomendação do uso de
pregos e, apesar de uma ligeira melhoria na resistência à umida-
de, deve-se tomar os devidos cuidados para que se mantenha du-
rável. É usado na fabricação de móveis residenciais e corporativos 79
em fundos de armários e gavetas, painéis decorativos, embala-
gens de produtos, artesanatos em geral e brinquedos. Na cons-
trução civil é utilizado em pisos laminados, divisórias e portas.

AULA - 14
Fotos: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 79 10/6/2015 9:01:50 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 MDP – painel de Partículas de Média Densidade


Parecido com o aglomerado, por conter farelo de serragem compacta-
do, ao entrar no mercado de madeiras, logo se estabeleceu frente ao
concorrente. Por conter finas camadas de MDF em ambas as faces, ob-
teve moderada melhora na resistência da chapa, principalmente no ato
de parafusar – já que o aglomerado comumente espanava ao intenso
aperto do parafuso; como o MDP apresentou ligeira melhoria neste as-
pecto, acabou substituindo o aglomerado que há décadas era utilizado
pela indústria de magazine. Esta chapa também proporcionou facilidade
em trabalhos de revestimento, assim como trouxe novos padrões de ma-
deirados sintéticos. Os móveis confeccionados são considerados simples
e de média qualidade, feitos em série, geralmente por máquinas CNC
(Comando Numérico Computadorizado), e mesmo utilizando sistemas de
montagem e parafusos são considerados móveis estacionários.
Tamanho padrão: 2,75 m x 1,85
Espessuras: 4 mm, 6 mm, 8 mm, 10 mm, 15 mm, 18 mm e 20 mm

80

 OSB – painel de fibras orientadas


O OSB é uma chapa especial, firme e resistente, feita de
AULA - 14

grandes cavacos de madeira com cola fenólica prensados.


Por conter uma resina especial, torna-se resistente à umi-
dade e aceita pregos, parafusos e revestimentos. É usado
para fazer móveis, revestimentos de parede, pisos, tapu-
mes, e até mesmo nas construções de casas. Confundida
com o aglomerado, a diferença está no tamanho das fi-
bras do OSB, maiores que as do aglomerado, e no quesito
resistência mecânica, no qual são incomparáveis.
Fotos: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 80 10/6/2015 9:01:54 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

14 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Início das atividades de restauração de móvel: porte médio.

Etapa 5: Limpeza das ferragens:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 2 horas)


Finalização das atividades de restauração de móvel: porte médio.
81

Etapa 6 - Remontagem das peças

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA - 14
______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)

Pesquise e responda: Quais são as principais características das madeiras transformadas?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 81 10/6/2015 9:01:54 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

15
Formação Humana e Cidadã:
Transformações socias
e o trabalho

OBJETIVO:
Com esta aula, pretendemos refletir um pouco so-
bre as transformações da sociedade e suas consequ-
ências no mundo do trabalho.
“A liberdade, que é uma conquista, e não
CONTEÚDO: uma doação, exige permanente busca. Bus-
Com a ajuda destes fragmentos do pensamento de ca permanente que só existe no ato respon-
Paulo Freire, vamos refletir sobre a importância de sável de quem a faz. Ninguém tem liberda-
cada um nesse processo de intensa transformação: de para ser livre: pelo contrário, luta por ela
precisamente porque não a tem. Ninguém
liberta ninguém, ninguém se liberta sozi-
82 “Se, na verdade, não estou no mundo para nho, as pessoas se libertam em comunhão.”6
simplesmente a ele me adaptar, mas para
transformá-lo; se não é possível mudá-lo “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É
sem um certo sonho ou projeto de mundo, preciso compreender qual a posição que
devo usar toda possibilidade que tenha Eva ocupa no seu contexto social, quem
para não apenas falar de minha utopia, mas trabalha para produzir a uva e quem lucra
AULA - 15

participar de práticas com ela coerentes.” 5 com esse trabalho.”7

ATIVIDADE:

Agora, vamos pensar em grupo!


 O trabalho que desenvolvo, exerce qual transformação sobre a sociedade?
 Quem mais lucra com meu trabalho?
 Como posso melhorar o resultado do meu trabalho? Discutam as questões.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

(5) FREIRE Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática escolar, 29º. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
(6) FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, v. 3, 1987.
(7) Freire, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991.)

Marcenaria Vol 1.indd 82 10/6/2015 9:01:54 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
15 Madeiras industrial�adas - Parte 2

Cuidados no armazenamento para proteção. Esta primeira, placa localizada sob


a lona, serve como início da sequência para que
A maneira de armazenar as chapas de madeira as demais chapas possam ser lançadas umas sobre
industrializadas é diferente do modo como arma- as outras, até se colocar a última placa para cobrir
zenamos madeiras maciças. As madeiras maciças a seção. Também é importante colocar calços no
nós depositamos em forma de grade, em várias piso para evitar que umidade proveniente do solo
seções horizontais, empilhando umas às outras afete as placas, mesmo que a chance de haver
com espaçamentos verticais para que o ar circule umidade seja mínima. Se for armazenar grande
e possa secar as madeiras, evitando acúmulo de quantidade de painéis, recomenda-se colocá-los
umidade em peças como pranchas, caibros, vigas, deitados uns sobre os outros evitando o empeno.
etc., evitando assim fungos e até mesmo xilófagos. No ambiente em que se estoca a matéria-prima,
No caso das chapas de madeira industrializadas, podem ser construídos grandes gavetões para ar-
em pouca quantidade, como acontece em marce- mazenar as chapas deitadas, que serão lançadas
narias de pequeno a médio porte, o ideal é deixá- umas após as outras sem nenhum tipo de espaça-
-las encostadas sobre uma lona em um ambiente dor, pois o objetivo principal é manter as chapas
coberto e muito bem arejado, com contrapiso em totalmente retas, sem nenhum tipo de ondulação,
concreto, muito bem impermeabilizado, envol- empeno ou deformação nas extremidades, causa-
vidas por duas placas que irão servir unicamente das por umidade.

83

AULA - 15
Imagens: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 83 10/6/2015 9:01:55 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

15 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Pesquise e responda: Qual a importância do estudo da tipologia de um móvel?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Pesquise e responda: Qual a importância do estudo da estrutura de um móvel?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

84

AULA

16
Formação Empreendedora:
AULA - 16

O caminho adiante

Prezados alunos e alunas! Conteúdo


Na aula anterior encerramos os conteúdos de forma-
ção humana e cidadã. Esperamos que o respeito pela Vivemos atualmente sob as ameaças do aquecimen-
dignidade da pessoa humana e a solidariedade nos to global e suas terríveis consequências: incêndios
acompanhem em todas as etapas de nossa vida. A florestais de difícil controle; alteração nos regimes
partir de hoje iniciamos novo processo de aprendiza- das chuvas; avanço do mar sobre os rios e o litoral;
gem, desta vez visando à formação empreendedora. escassez de água potável, destruição de habitats e a
consequente perda de biodiversidade (acentuada ex-
Objetivo tinção espécies afetando ecossistemas); perdas agrí-
colas, aumento da fome, migrações de comunidades
Consolidar o desenvolvimento da consciência cida- vulneráveis (problemas sociais) e ameaças à saúde
dã no compromisso ético de mudanças produtivas das pessoas (dengue, malária, desnutrição, doenças
para o processo de preservação ambiental. por contato com água contaminada). Portanto, o des-

Marcenaria Vol 1.indd 84 10/6/2015 9:01:55 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

tino comum nos conclama a buscar um novo começo Para construir uma comunidade global sustentá-
e tal renovação é a promessa dos princípios da Carta vel, as nações do mundo devem renovar seu com-
da Terra. Para cumpri-la, temos que nos comprometer promisso com as Nações Unidas, cumprir com suas
a adotar e promover os valores e objetivos da Carta. obrigações, respeitando os acordos internacionais
Isto requer mudança na mente e no coração; re- existentes e apoiar a implementação dos princípios
quer um novo sentido de interdependência global e da Carta da Terra com um instrumento internacional
de responsabilidade universal. Devemos desenvol- legalmente unificador quanto ao ambiente e ao de-
ver e aplicar com imaginação a visão de um modo senvolvimento.
de vida sustentável em nível local, nacional, regional Que o nosso tempo seja lembrado pelo desper-
e global. Nossa diversidade cultural é uma herança tar de uma nova reverência face à vida, pelo com-
preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas pró- promisso firme de alcançar a sustentabilidade, a
prias e distintas formas de realizar esta visão. Deve- intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a
mos aprofundar e expandir o diálogo global gerado alegre celebração da vida.
pela Carta da Terra, porque temos muito que apren-
der a partir da busca permanente e conjunta por ATIVIDADE
verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valo- Dividir os participantes em novos grupos, designan-
res importantes. Isto pode significar escolhas difí- do o tema (sugestão: “aquecimento global”) para
ceis; porém, necessitamos encontrar caminhos para discussão. Deverão construir um poema, uma letra
harmonizar a diversidade com a unidade, o exercí- de música ou qualquer produção escrita para ex-
cio da liberdade com o bem comum, os objetivos de pressar a visão de suas atuações no futuro. Abrir os
curto prazo com metas de longo prazo. Todo indi- resultados para a discussão coletiva.
víduo, família, organização e comunidade têm um
papel vital a desempenhar. Metodologia
As artes, as ciências, as religiões, as instituições Exposição dialogada acompanhada de dinâmicas
educativas, os meios de comunicação, as empresas, em grupo.
as organizações não-governamentais e os governos
são todos chamados a compor uma liderança criati- Avaliação
va. A parceria entre governo, sociedade civil e em- Observação qualitativa de participação e interação
85
presas é essencial para uma governabilidade efetiva. de aluno(a)s.

AULA
Formação Técnica:
16
AULA - 16
Degradação da madeira - Parte 1

Matéria-prima de origem biológica (natural), a ma- Há produtos que retardam passivamente o possível
deira é degradada não apenas por microrganismos, alastramento da chamas, com tempo de resistência
como fungos e xilófagos diversos, mas também por que fica entre 30 a 60 min. De acordo com o am-
outros fatores não-biológicos. Todos estes desgas- biente e com o local onde se encontra a construção,
tes levam o nome de patologias. recomenda-se aplicação de um produto específico,
que pode ser atuante somente na própria madeira
Causas não-biológicas ou juntamente com outros materiais. Assim, a es-
colha da madeira para alguns casos é muito impor-
INFORME-SE: Combustão – a madeira é al- tante, pois algumas que são muito úmidas emitem
tamente combustível (inflamável), e para um partículas com creosoto-carregado, substância que
melhor uso, o ideal é ser utilizada seca. No Bra- promove a rápida queima do material lenhoso em
sil, muito pouco se faz em relação à proteção ambientes confinados.
ou ao retardamento de chamas. Muitas vezes,
passam despercebidos locais onde a madeira Intemperismo
utilizada pode ter contato com ambientes pre-
cariamente confinados com pouca circulação A madeira utilizada em ambientes externos está
de ar e com alto grau de calor. sujeita há vários tipos de degradação, o que exige
dois cuidados essenciais: 1) adequada aplicação; e

Marcenaria Vol 1.indd 85 10/6/2015 9:01:55 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

2) tratamento de preservante eficiente.


Para madeiras que terão contato direto com raios solares é necessário conhecer as patologias que elas podem
sofrer, pois o sol emite duas ondas impossíveis de serem vistas a olho nu, uma chamada raio ultravioleta e outra
raio infravermelho. Os raios ultravioletas trabalham de forma superficial na madeira, ou seja, não há penetração;
contudo, são capazes de destruir a pigmentação da camada mais externa, dando-lhe um aspecto cinza-ruço
(desbotado). Em casos de extensa permanência ao sol sem manutenção alguma, podem surgir pequenas fendas
permitindo a entrada de umidade. Já os raios infravermelhos penetram ainda mais, aquecendo e evaporando
extrativos, resina, óleos essenciais etc., provocando o colapso da superfície da madeira (apodrecimento).

Agente Efeito
Raios solares (ultravioleta) Retração (perda de umidade) superficial
Descoloramento (aspecto acinzentado)
Raios solares (infravermelho) Retração, perda de extrativos em profundidade, colapso
Chuva Umidade (água doce) - Degradação pelo ácido carbônico
Variação térmica e de umidade relativa do ar Fendilhamento da superfície, empenamento e o
aprofundamento das fendas, colapso

Além desses fatores não-biológicos, a madeira exposta também sofre a ação de fungos em cantos
abrigados e nas superfícies de contato entre peças nuas (cruas). Vejamos nas imagens a seguir:

86

Viga de madeira em processo de colapso pelo


excesso de exposição ao tempo, com variação Porta de madeira em processo de descoloração
térmica, umidade relativa do ar, juntamente com e descolagem do acabamento sintético, causado
raios solares infravermelhos, causando perda de por retração da madeira devido à exposição
AULA - 16

extrativo, retração e fendas. excessiva aos raios solares ultravioletas, dando o


aspecto acinzentado sobre toda a superfície da
madeira que estiver exposta aos raios solares.
Fotos: Google Imagens, 2015.

Caixilharia de madeira em processo gradual de


colapso, por uma exposição contínua aos raios
solares ultravioletas e infravermelhos, juntamente
com chuva e variação térmica litorânea do ar Edificação de madeira em processo gradual de
(maresia), aprofundando o problema, causando colapso, a partir de um longo período de exposição
descoloração da superfície da madeira, fendas, ao tempo, com variação térmica, umidade relativa
acúmulo de umidade e infestação por fungos do ar, chuva, juntamente com raios solares
– patologias biológicas, entrando em efeito ultravioletas e infravermelhos, causando perda
irreversível de apodrecimento caso não haja de extrativo, retração em profundidade, fendas e
nenhum tipo de intervenção com preservantes, descolamento, levando ao apodrecimento parcial
antimofos e resinas. de alguns trechos das madeiras.

Marcenaria Vol 1.indd 86 10/6/2015 9:01:56 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

FATORES BIOLÓGICOS

Em nosso clima tropical ou subtropical, a ação dos


agentes biológicos é muito mais intensa do que
em países de clima frio. Por isso leve em considera-
ção a região onde mora para saber se a localidade
é propensa à proliferação de xilófagos.

 Bactérias
As bactérias gram-positivas são as únicas com ca-
pacidade enzimática, ou seja, têm a faculdade de
decompor materiais que contêm celulose e hemi-
celulose, no nosso caso, a madeira. Ao penetrar na
madeira, este agente, por meio de suas enzimas,
acaba manchando a superfície adentro e se não Evolução do fungo:
houver intervenção sobre as bactérias elas são ca-
pazes de provocar o apodrecimento da madeira. 0 = sem crescimento;
As bactérias podem atuar como agentes auxiliares 1 = crescimento em até 10% da área da madeira;
dos fungos, sendo estes os maiores apodrecedo- 2 = 11 a 50% da área da madeira;
res. Observe na imagem abaixo o processo gradu- 3 = 51% a 100% da madeira infestada.
al da infestação de uma peça de madeira.

 Insetos
Os agentes insetívoros são classificados tradicio-
nalmente pelos profissionais da madeira em bro-
cas e cupins. Estes podem ser diferenciados pelos
resíduos (fezes) que produzem. As brocas produ-
zem um pó claro e fino, enquanto que os cupins 87
produzem fezes granuladas e escuras. Desta ma-
neira, se torna mais eficiente o reconhecimento do
agente agressor que está penetrado na madeira,
podendo ser superficial ou em grande profundida-
de, causando maiores danos.

AULA - 16
Imagens: Google Imagens, 2015.

Fezes de broca

Casos comuns de acúmulo de fungos e crosta


de musgo, que intensificam a umidade sobre a
madeira, comprometendo a estrutura física da
madeira, que pode entrar em colapso total caso não
haja um controle do agente e restauração da peça. Fezes de cupim

Marcenaria Vol 1.indd 87 10/6/2015 9:01:57 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Brocas as bactérias e os fungos, eles também conseguem


Conhecidas também como “carunjo”, são insetos digerir a celulose. Tais besouros se assemelham aos
denominados besouros, da ordem dos Coleópteros. gorgulhos que atacam o milho e outros cereais ar-
Essa ordem engloba milhares de espécies, algumas mazenados (arroz, feijão, grãos em geral). São essas
das quais atacam árvores vivas, geralmente no al- brocas que deixam cair um finíssimo e claro pó dos
burno, cavando galerias, onde vivem as larvas; em móveis, portas sarrafeadas e esquadrias atacadas.
árvores jovens o ataque pode alcançar o cerne. Não apreciam a madeira seca, atacando preferen-
cialmente o alburno e madeira semiúmidas.
Importante destacar que as brocas são insetos
Curiosidade: as larvas de broca e cupim são
solitários que vivem sem a necessidade de colônias
os principais alimentos de pica-paus.
para se alimentar e sobreviver. São, por isso, menos
agressivas do que os cupins. É durante o período ini-
Outras espécies, coleópteros pequenos, em ge- cial de vida que se alojam na madeira, como larvas,
ral de carapaças negras, atacam a madeira depois e ali se alimentam até atingir a fase adulta. Então,
de serrada, pois precisam de açúcares primários e percorrem galerias aleatórias pela madeira a fim de
amidos simples, seus principais alimentos. Como chegar à superfície e levantar voo.

88

 Cupins
São insetos da ordem Isóptera, sendo os únicos que não pos-
AULA - 16

suem asas. A exceção é feita apenas aos reprodutores na época


do voo nupcial, mas estes perdem as asas após o acasalamento
e a construção do ninho. Dentre os insetos e demais animais
que degradam a madeira, os cupins podem ser considerados os
maiores destruidores, prejudicando artefatos independente da
espécie de madeira utilizada. Vale destacar que os cupins, dife-

Ao lado e na próxima página exemplos de infestações


de cupins de solo e madeira seca (na página anterior) em
diferentes artefatos em graus de proliferação avançadas.
Cupins em formação de colônias podem se tornar uma
enorme dor de cabeça. Pela falta de alimento, buscam
celulose em todas as formas encontradas na natureza, os
tornando assim muito mais agressivos e combatentes não
importa onde esteja a fonte de alimento. Após penetrar
Imagens: Google Imagens, 2015.

no objeto, móveis, estruturas, rodapés, pisos, forros, livros


e caixões perdidos de concreto armado, são organizados
e inteligentes e mantêm geralmente uma capa superficial
enganadora, dando a ligeira impressão de que o objeto
está intacto. Porém suas fezes revelam a infestação.

Marcenaria Vol 1.indd 88 10/6/2015 9:01:58 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

rentemente das brocas, vivem em grandes colônias, que a partir das castas (ciclo evolutivo) ganham funções
e denominações, sendo guiados pela rainha e pelo rei. Assim atuando em conjunto, tornam-se muito mais
agressivos, podendo se alastrar rapidamente de uma pequena área afetada para um área mais extensa, tendo
o potencial de degradar por completo o artefato ou conjunto de peças.

89

 Espécie Térmitas va, sua preferência não é por atacar madeiras de


Cupins da terra ou do solo (subterrâneos), da fa- construção, pois vivem da celulose das plantas e
mília Termitidae, vivem preferencialmente no solo, árvores recém-caídas na mata. O principal cuidado
onde formam imensas colônias (cupinzeiros) e se na construção civil reside em evitar madeiras aban-

AULA - 16
alimentam de celulose em todas as formas encon- donadas nos pavimentos térreos e subsolos como
tradas na natureza. Por não possuírem quitina (subs- em lajes de “caixão-perdido”, onde estes tipos de
tância que endurece a pele dos insetos), não supor- pragas serão encontradas. Entretanto, cupins urba-
tam a luz solar e a maioria dos indivíduos é cega. nos podem atacar materiais de natureza bastante
Movimentam-se para fora do cupinzeiro em galerias diversa como: gesso, plástico, couros, tijolos, arga-
estruturadas com restos de alimentos, fezes e saliva. massa, mantas impermeabilizantes, etc., a fim de
Embora sejam de grande capacidade destruti- alcançar a madeira.

Esquerda: Cupim subterrâneo (operário). Centro e direita: Colônia de cupim subterrâneo


em caixa de distribuição de fiação elétrica e colônia em tronco de árvore.
Imagens: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 89 10/6/2015 9:01:59 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

 Espécie Cryptotermes Brevis


Cupins de madeira seca, da família Kalotermitidae, vivem exclusivamente no interior da madeira devorando-a
através de longas galerias (túneis). Delas saem apenas os imagos, reprodutores alados de asas efêmeras, com
objetivo de formar novos ninhos em outras madeiras. Esses cupins são um pouco menores, menos numerosos
e não tão devastadores quanto as térmitas, tendo seu período de revoadas de imagos no final da primavera.
As galerias possuem pequenos furos para aeração e despejo dos excrementos, que são granulados alaranja-
dos escuros, formando montículos no piso onde caem. Interessante observar que em muitos dos casos a su-
perfície externa da madeira não revela a presença dos cupins, apenas os excrementos ou pequenos furos são
deixados. Desta forma, é importante analisar bem a madeira infestada, pois as galerias abertas pelos cupins já
podem ter comprometido toda a estrutura da peça, deixando uma capa superficial enganadora.

Fotos: Google Imagens, 2015.


Imago: Forma na qual se define o sexo do cupim a partir do terceiro
e último estágio de metamorfose de sua vida (forma alada).

90 AULA

16 Formação Prática
AULA - 16

ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)


Construção de uma cadeira em madeira maciça.
Etapas 1 e 2.

1) Desenho:

______________________________________________________________________________________________________________________

2) Orçamento:

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)

Com base nas imagens abaixo, pesquise sobre o assunto, converse com os colegas e responda criticamente:

Qual tem sido o emprego das madeiras extraídas da Amazônia? Cite alguns exemplos de uso dessas madeiras:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 90 10/6/2015 9:01:59 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA

17
Formação Empreendedora:
Acertando o passo

Objetivo:
Discutir com os participantes o “perfil” de uma pessoa empreendedora enquanto princípio para viabilização
de seus objetivos, a partir do processo de desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes, na ca-
racterização de seu comportamento.

Conteúdo:
Para que possamos bem desenvolver nossas atividades, é importante que nós saibamos o que esperar do
processo de aprendizado sobre o empreendedorismo.
Para que possamos desenvolver nossas atividades com qualidade e sucesso, é importante que nós saibamos
o que esperar, afinal, do processo de aprendizado sobre o empreendedorismo.

ATIVIDADE
91
 O que esperamos desse tempo que estamos convivendo juntos?
Agora vamos pensar sobre o que esperamos desses próximos meses em que trabalharemos juntos.

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA - 17
______________________________________________________________________________________________________________________

 Para melhor organizar nossa discussão, vamos primeiro escrever na cartela que o educador vai dar a vocês a
resposta à pergunta: Qual a expectativa de vocês quanto ao aprendizado empreendedor?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Lembre-se que a sua resposta deve ser curta (para caber na cartela), mas também deve expressar uma opinião
clara, permitindo que os seus colegas compreendam o que você quis dizer.

Após todos concluírem a atividade, o educador recolherá as cartelas para ler cada uma em voz alta. Em segui-
da serão fixadas em um local em que todos possam vê-las para que vocês possam debater.

Considerações...

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 91 10/6/2015 9:01:59 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

AULA
Formação Técnica:
17 Degradação da madeira - Parte 2

CICLO DE VIDA DOS CUPINS

Rei e rainha
O rei e a rainha são os mais importantes membros da colô-
nia. Suas únicas funções são o acasalamento e a postura de
ovos. Os demais cupins alimentam e cuidam da rainha, capaz
de produzir um ovo a cada 28 segundos, no período de ferti-
lização, num total de até três milhões por ano durante o seu
período de vida que pode variar entre 25 a 50 anos.
Rei Rainha

Ovos, larvas e ninfas


Milhões de ovos são produzidos anual-
92 mente pela rainha e são cuidados pelos
operários. Dos ovos nascem larvas que se
tornam rapidamente ninfas. Alimentadas
por substância regurgitada pelos operá-
rios, estas passam por uma série de está-
gios de crescimento antes de pertencerem
AULA - 17

Ovos Larva Ninfa a uma das castas ao lado.

Operário
Estéreis e cegos, buscam material ce- Soldado
lulósico para alimentar toda a colônia. Em seu estágio final, os soldados
Alguns cuidam da rainha, dos ovos, dos apresentam uma cabeça grande
soldados e das ninfas. Trabalham sem com fortes mandíbulas. São ge-
descanso, sendo os principais respon- neticamente programados para
sáveis pela total degradação causada proteger a colônia contra o ataque
adentro da madeira, com capacidade e de inimigos externos como as for-
agilidade de desgastar o material. migas. Em situações de risco para
a colônia, os soldados são os pri- Subterrâneo
meiros a interagir com o problema,
seja ele qual for, desde um animal
procurando por cupins para se ali-
Imagens: Google Imagens, 2015.

mentar até o ataque humano no


controle de pragas, como a injeção
de veneno. São os soldados que
irão tentar de alguma maneira pro-
teger a colônia, mesmo que seja
Subterrâneo Madeira Seca totalmente em vão. Madeira Seca

Marcenaria Vol 1.indd 92 10/6/2015 9:02:00 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Reprodutor
Considerado “herdeiro do trono”, o reprodutor tem a
função natural de substituir a rainha ou rei em caso
de morte. Este inseto tem uma particularidade em re-
lação às demais castas da colônia, pois é um inseto
hermafrodita. Desta maneira, sua genética se adapta-
rá à situação que encontrar, podendo substituir tanto
o rei como a rainha.

Alado
Ocorre quando os reprodutores com asas (siriris) dei-
xam a colônia ajudados por operários a percorrer os tú-
neis até a saída. Não conseguem voar grandes distân-
cias e caem rapidamente no solo, arrancam suas asas
e formam casais. Apesar da imensa quantidade destes
insetos, pouquíssimos conseguem formar o casal, de
modo que ainda precisam percorrer variada distân-
cia até o local onde será estabelecida a nova colônia.
Por consequência, somente os casais que abateram
seu voo nupcial próximo do futuro ninho terão maior
chance de formar uma nova e forte colônia.

Casal
O casal recém-formado encontra um local apropriado
para formar sua própria colônia como rei e rainha. O 93
ciclo de vida dos cupins se repete quando a rainha co-
meça a postura de ovos que se tornarão ninfas, ope-
rários, soldados e demais castas. Porém, vale ressaltar
que as formas aladas de cupins reprodutores são curio-
samente distribuídas de um modo não igualitário, ou

AULA - 17
seja, há muito mais insetos do sexo masculino em re-
lação ao feminino, o que transforma a disputa em uma
verdade guerra ao encontro para o acasalamento final.

Ciclo de vida e características fisiológicas


Imagens: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 93 10/6/2015 9:02:00 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Regras básicas para a proteção da madeira Entretanto, é importante saber que para impedir
 Use a madeira adequada. uma provável infestação de xilófagos, existem pro-
 Proteja-a contra a chuva e os raios solares. dutos preservantes como vernizes e stain que con-
 Facilite a secagem das peças úmidas, garantindo têm em sua composição essas bases para a proteção
rápido escoamento das águas. da madeira. Por isso é indispensável o uso destes
 Imunize com preservantes que contêm duplo fil- produtos para maior longevidade dos artefatos de
tro solar e hidrorrepelente. madeira. Vejamos os principais tipos de tratamentos
 Utilize preservantes – vernizes e stain – que apre- usados no mercado para controle desses agentes:
sentam ótimo desempenho, tendo em sua com-
posição além do filtro solar e hidrorrepelente, o  Descupinização com tratamento em madeira-
cupinicida, bactericida e fungicida, que juntos mento: são feitas furações estratégicas para in-
irão combater e proteger a madeira contra agen- jeção do inseticida no madeiramento. Após este
tes não-biológicos e biológicos, como o efeito de procedimento, realiza-se uma pulverização exter-
intempéries, xilófagos e fungos manchadores. na, criando uma camada de proteção. Esta téc-
 Execute e estabeleça uma manutenção da madei- nica pode ser utilizada em qualquer artefato de
ra periodicamente. madeira. Em móveis, para maior efeito, utiliza-se
um plástico para envolver a peça para uma ação
Tipos de tratamento: descupinização ainda mais intensa do produto, produzindo maior
bloqueio e penetração.

 Descupinização com barreira química: pare-


des de alvenaria ou lajes de concreto são fura-
das com brocas especificas, onde o inseticida é
injetado impedindo a invasão e circulação dos
cupins nas áreas tratadas.

 Descupinização com tratamento de conduítes:


a aplicação é feita com bloqueio com pó químico
94 por meio de povilhadeiras.

 Descupinização com tratamento de solo: é feita


pelo encharcamento do solo com inseticidas em
uma trincheira de aproximadamente 30  cm de
profundidade ou com lanças que penetram o solo
AULA - 17

em todo o perímetro da área infestada.


A descupinização é um tipo de tratamento especí-
fico que utiliza técnicas especiais e equipamentos  Descupinização localizada: consiste em aplicar
apropriados, como pulverizadores de alta pressão, cupinicida diretamente no local afetado por in-
trados e agulhas injetoras. Solventes de baixo odor jeção, tratando cada ponto separadamente. Esta
e de maior penetração são um dos tipos de produ- técnica é mais utilizada em móveis, porém so-
tos mais utilizados na madeira, conhecidos como mente após uma apuração e análise precisa dos
cupinicida, fungicida e bactericida, todos possuindo pontos e áreas infestadas. O inseticida pode ser
maior efeito residual, choque e poder desalojante. aplicado com seringa, borrifadores e sprays.
Imagens: Google Imagens, 2015.

Marcenaria Vol 1.indd 94 10/6/2015 9:02:01 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Atividade Prática:

Encontre nas madeiras trazidas pelo professor as degradações apresentadas em aula.

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA

17 Formação Prática

ATIVIDADE (Tempo estimado: 3 horas)


Construção de uma cadeira em madeira maciça. Etapas 3 e 4.

3) Seleção do material:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________ 95

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

AULA - 17
4) Corte da madeira:

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

ATIVIDADE (Tempo estimado: 30 min.)


Pesquise e responda: Qual a importância de conhecermos a nomenclatura técnica comercial das madeiras?

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________

Marcenaria Vol 1.indd 95 10/6/2015 9:02:01 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

Referências Bibliográficas

ARCO OCUPACIONAL – Madeira e Móveis. Coleção ProJovem Guia de Estudo – Programa Nacional de
Inclusão de Jovens, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5462. Rio de Janeiro, 1994.
BASSANI, Jorge. São Paulo: cidade e arquitetura – um guia. São Paulo: Editora São Paulo, 2014.
BOITO, Camillo. Os Restauradores. Cotia–SP: Ateliê Editorial, Artes & Ofícios 3, 2008.
BORGES, Adélia. Maurício Azeredo: a construção da identidade brasileira no mobiliário. São Paulo: Instituto
Lina Bo e P. M. Bardi, 1999.
BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. Cotia–SP: Ateliê Editorial, Artes & Ofícios 5, 2004.
BRASIL, Ministério da Cultura. Sítios históricos e conjuntos de monumentos nacionais: norte, norteste e cen-
tro–oeste. Brasília: Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.
98
BRASIL, Ministério da Cultura. Sítios históricos e conjuntos de monumentos nacionais: Sudeste e Sul. Brasília:
Ministério da Cultura, Programa Monumenta, 2005.
CALADO, Margarida. & PAIS DA SILVA, Jorge Henrique. Dicionário de termos da arte e arquitectura. Lisboa:
Editorial Presença, 2005.
REFERÊNCIAS

CANTI, Tilde. O móvel do século XIX no Brasil. Rio de Janeiro: CGPM, 1989.
CANTI, Tilde. O móvel no Brasil: Origens, Evolução e Características. Rio de Janeiro: CGPM, 1980.
COTTINO, Alberto. Mobiliário do Século XVII: França, Espanha, Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 1989.
DAL FABRO, Mário. Como construir móveis práticos. Mem Martins: Cetop, 1996.
ENCICLOPÉDIA DE CONSTRUÇÃO. Vol. 2. Técnica de construção. São Paulo: Editora Hemus, 1979.
ENCICLOPÉDIA E DICIONÁRIO NOVÍSSIMO DELTA LAROUSSE. Vol. 4. Rio de Janeiro: Delta S. A., 1974.
ESPÓSITO, Sidnei Sérgio. O uso da madeira na Arquitetura: Séculos XX e XXI. São Paulo: Programa de Pós
Graduação Stricto Sensu – Universidade São Judas Tadeu, 2007.
ESAU, Katherine. Anatomia das plantas com sementes. Tradução por Berta Lange de Morretes. São Paulo:
Edgard Blucher, 1989.
ESAU, Katherine. Anatomia vegetal. Tradução por José Pons Rosell. Barcelona: Omega, 1985.
FOELKEL, C. E. B. & BARRICHELO, L. E. G. Relações entre características da madeira e propriedades da celulose
e papel. Trabalhos Técnicos do 8º Congresso Anual da ABCP, Brasília, setembro de 1975, p. 49-53.
GERBER, Michael E. Empreender fazendo a diferença. São Paulo: Fundamento Educacional, 2004.

Marcenaria Vol 1.indd 98 10/6/2015 9:02:01 AM


Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil

GONZAGA, Armando Luiz. Madeira: Uso e Conservação. Brasília. IPHAN/Monumenta, 2006.


IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Catálogo de Madeiras Brasileiras para a
Construção Civil. São Paulo: IPT, 2013.
KOCH, Wilfried. Dicionário dos Estilos Arquitetônicos. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
LEITE, Emanuel. O fenômeno do empreendedorismo: criando riquezas. Recife: Bagaço, 2000.
LEMOS, Carlos A. C. O que é patrimônio histórico. São Paulo: Brasiliense, 2010.
LINS, Barbara. Madera, Madeira, Wood. Germany: H.F. Ullmann, 2009.
LIMA NETO, Pedro Antonio de. A participação. São Paulo: Editora do Brasil, 1989.
MACIEL, Laura Antunes. Trajetória do movimento operário. In: Matemática. Caderno do Aluno, Programa
Integrar. São Paulo: Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, 2001.
99
MAYUMI, Lia. Taipa Canela–preta e Concreto: estudo sobre o restauro de casas bandeiristas. São Paulo: Ro-
mano Guerra Editora. 2008.
MIRÓ, Eva Pascul i. O Restauro de Madeira. Lisboa: Editorial Estampa, 1999.

REFERÊNCIAS
MIRÓ, Eva Pascul i. A decoração de Madeira. Lisboa: Editorial Estampa, 2002.
OLIVEIRA, Jô. & GARCEZ, Lucília. Explicando a arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
PAULA, J. E. de. & ALVES J. L. de H. Madeiras nativas: anatomia, dendrologia, dendrometria, produção e uso.
Brasília: Editora MDA, 1997.
PAULA, J. E. de. & SILVA JR., F. G. Estudo da anatomia de madeiras indígenas com vistas à produção de ener-
gia e papel. Pesquisa Agropec. Brasileira, Brasília, v. 29, n. 12, p. 1807-1821, dez.1994.
PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio Cultural: consciência e preservação. São Paulo: Brasiliense, 2009.
SCIACCA, Michele Federico. L'uomo: questo "squilibrato": saggio sulla condizione umana. Bocca, 1956.
TELES, A. A. & PAULA, J. E. Estudo de madeiras da Amazônia visando ao seu aproveitamento para polpa e
papel. In: Brasil Florestal, ano 10, n. 42, p. 25-34, 1980.
SELVAFOLVA, Ornella. Mobiliário Europeu: Arte Nova. Lisboa: Editorial Presença, 1989.
STAMATO, Guilherme Corrêa; GÓES, Jorge Luís Nunes de. A madeira como material estrutural (Estruturas
de Madeiras).
TOLEDO, Benedito Lima de. Esplendor do Barroco Luso–Brasileiro. Cotia–SP: Ateliê Editorial, 2012.
VIOLLET–LE–DUC, Eugène Emmanuel. Restauração. Cotia–SP: Ateliê Editorial, Artes & Ofícios 1, 2006.

Marcenaria Vol 1.indd 99 10/6/2015 9:02:01 AM


Instituto de Tecnologia Social - ITS Brasil (Org.)

_________________________
São Paulo - SP - Brasil
ITS BRASIL
2015

Marcenaria Vol 1.indd 100 10/6/2015 9:02:01 AM


Marcenaria Vol 1.indd 101 10/6/2015 9:02:01 AM
E
CURSO D ÃO

QUALIFIC NAL
IO
PROFISS

a r c e n a r ia
m uração de
e resta
m o vô
e
n i
i
os
s
em
t r i m
e pa
ma d e i r a

instituto de tecnologia social

Marcenaria Vol 1.indd 102 10/6/2015 9:02:14 AM

Você também pode gostar