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Importância Importância dos íons

no diagniióstico de patologias
em cães e gatosiOs íons, ou eletrólitos, têm
participação na regulação da pressão osmótica, equilíbrio eletrolítico e
ácido-base. Possuem papel fundamental na manutenção da
homeostase do organismo, sendo esta essencial para processos
metabólicos fundamentais à vida. Os eletrólitos são oriundos da
alimentação e não são totalmente absorvidos no trato gastrointestinal,
tendo seu excesso excretado através da urina, fezes, suor, saliva e
bile. Quando em excesso ou deficiente, ocasiona distúrbios como
arritmias cardíacas, insuficiência renal e hepática e na atividade
óssea. Por isso é importante compreender a mudança no equilíbrio
ácido básico para obter um melhor diagnóstico e tratamento clínico
adequado, baseado no quadro clínico do animal e exames
laboratoriais.

Atuação dos íons no equilíbrio eletrolítico e ácido-


base:
Cálcio (Ca): principal ânion extracelular. Está presente no sangue
ligado a proteínas plasmáticas, principalmente albumina, ou sob a
forma livre. Ambas as formas estão em equilíbrio e sua distribuição
final depende do pH, concentração de albumina e relação ácido-base.
A manutenção do cálcio é realizada pelo sistema endócrino e envolve
a vitamina D, paratormônio (PTH) e calcitonina. O cálcio ionizado pode
ser afetado por acidose e alcalose metabólica sem alterar a
concentração sérica de cálcio.

Hipocalcemia: quando ocorre acidose há tendência em elevar o cálcio


ionizado, enquanto diminui a concentração de albumina e cálcio
sanguíneo. Causas: relação Ca:P nos alimentos, deficiência de
proteína nas dietas, ingestão excessiva de magnésio ou dietas
deficientes deste, suplementação excessiva de vitamina D (aumenta
absorção de Ca e pode causar calcificação de tecidos moles).
Hipercalcemia: raro acontecer, leva ao hiperparatireoidismo primário.
Causas: intoxicação por vitamina D, neoplasias, dieta rica em Ca.

Cloro (Cl): essencial no equilíbrio hídrico, regulação da pressão


osmótica e equilíbrio ácido-base, desempenhando papel no sangue
pela ação do desvio de cloretos. Participa da produção do ácido
clorídrico no suco gástrico. Tem sua excreção intensificada e absorção
reduzida nos túbulos renais pela ação do hormônio antidiurético
(ADH). Está inversamente relacionado com o bicarbonato e
diretamente relacionado com o sódio, porém há alterações que
ocorrem independentes deste.

Hipocloremia: redução nos cloretos que ocorre simultaneamente a


hiponatremia e hipocalemia. Causas: hidratação excessiva, vômito,
perdas induzidas por exercício, acidose respiratória compensatória,
administração de diuréticos ou bicarbonato de sódio.

Hipercloremia: excesso de cloretos. Causas: desidratação grave,


quando relacionado ao sódio; falha renal, hemólise, acidose
metabólica por acúmulo de ácidos orgânicos, acidose, vômito
contínuo, diarreia, doença renal. Sinais: assintomáticos; em casos
graves pode ter hipertensão, fraqueza, sede intensa, irritação
gastrointestinal, anorexia, perda de peso, letargia e hiperventilação
persistente.

Fósforo (P): fornece energia para atividades celulares. Ocorre


alterações na proporção de Ca:P quando da redução da taxa de
filtração glomerular pelo excesso de excreção de fosfato.

Hipofosfatemia: pode ocasionar crescimento retardado, osteoporose


progressiva. Uma redução leva a depravação do apetite.

Hiperfosfatemia: dietas ricas em carne para cães e gatos levam ao


aumento deste.

Hidrogênio (H): sua concentração é expressa pelo valor do pH, tendo


sua concentração no meio intra e extracelular rigidamente controlada
pelos mecanismos de sistema tampão dos líquidos, sistema
respiratório e sistema renal. Os eritrócitos também auxiliam no
tamponamento dos íons H.

Potássio (K): principal cátion intracelular. Fisiologicamente filtrado


nos glomérulos, reabsorvido nos túbulos contorcidos proximais e
excretado pelos túbulos distais. Sua concentração varia com a dieta e
é encontrado na saliva, suco pancreático, bile, suco gástrico e líquidos
intestinais.

Hipocalemia: Causas: ingestão reduzida, alcalose, perda excessiva via


gastrointestinal ou urinária, mineralocorticoides em excesso,
hepatopatia crônica.  Sinais: assintomático ou pode apresentar
fraqueza muscular, arritmia cardíaca, paralisia do músculo esquelético
e alterações na musculatura lisa, tendo como consequência
diminuição do débito cardíaco e contratilidade reduzida do miocárdio.

Hipercalemia: Causas: hipoadrenocorticismo, ingestão excessiva de


potássio ou reduzida de sódio, ruptura vesical, tratamento com
espironolactona, excreção deficiente na urina. Sinais: assintomático,
porém pode causar arritmias e apresentar alterações na função
muscular, pois afeta transporte de O2 e CO2 pela hemoglobina.

Sódio (Na): principal cátion extracelular. Seus níveis são mantidos


nas células pela membrana impermeável e pela bomba de Na/K e são
influenciados pelo hormônio ADH.

Hiponatremia: Causas: secreção inapropriada do ADH, sudorese


intensa, desidratação grave, diarreia, vômito, doenças renais,
hemorragia, polidipsia psicogênica. Sinais: normalmente
assintomático, inespecíficos e neurológicos. Ocorre aumento da
pressão sanguínea e redução na pressão osmótica. Animais podem
apresentar atraso no crescimento, incoordenação motora, fraqueza e
arritmias.

Hipernatremia: O aumento pode causar danos graves ao sistema


nervoso central devido ao desvio de água do meio intra para o
extracelular, gerando hipertonicidade e causando rupturas e
hemorragias. Causas: febre, perda excessiva ou ingestão inadequada
de água, insuficiência renal, ingestão excessiva de sódio. Sinais:
podem apresentar paralisia, irritabilidade, confusão e convulsão.

Atuação dos íons no pâncreas:


A função do pâncreas é manter o equilíbrio nutricional do organismo
através da ação da insulina e glucagon. Outra de suas funções é
reduzir os níveis séricos de cetona, ácido graxo, fosfato, potássio e
aminoácidos.

Cálcio: atua como indicativo de pancreatite aguda devido ao aumento


de ácidos graxos pela ação da lipase, que ao se combinar com o
cálcio, torna-o insolúvel no plasma.

Atuação dos íons na função plaquetária:


Cálcio: auxilia na primeira fase da coagulação sanguínea. As etapas
de hemostasia incluem adesão, agregação e liberação. A etapa de
agregação é formada em resposta à liberação de ADP na presença de
íons cálcio, sendo mediada pelo fibrinogênio presente no plasma. A
redução da concentração de cálcio leva à uma desordem na cascata
de coagulação, aumentando seu tempo e ocasionando o
desenvolvimento de coagulopatias. A avaliação do cálcio auxilia a
determinar o tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa), sendo
este o tempo que o plasma leva para formar coágulo de fibrina.

Atuação dos íons na eritropoeise:


Para adequada eritropoiese há o requerimento de suprimento
continuado de nutrientes como vitaminas e minerais. A deficiência de
qualquer um destes leva à anemia, sendo a causa mais comum a
deficiência de ferro.

Ferro (Fe): constituinte essencial do grupo heme da hemoglobina. Em


sua forma ferrosa se liga ao O2, efetuando seu transporte aos tecidos.
Após degradação da hemoglobina é armazenado no baço, fígado e
medula óssea sob a forma de ferritina e hemossiderina.

Causas de redução: anemia, uremia, deficiência na dieta, problemas


de má absorção, infecção crônica, síndrome nefrótica.

Causas de aumento: anemia hemolítica, doenças hepáticas, leucemia


aguda, transfusão sanguínea, nefrite, excesso de ferro na dieta.

Indicadores de insuficiência renal:


Cálcio e fósforo: quando há uma queda da concentração de fósforo,
há redução no cálcio circulante, devido a formação de complexos
entre esses minerais que se depositam nos tecidos e reduz a relação
Ca:P, ocasionando o hiperparatireoidismo secundário renal. Em uma
doença renal crônica, há aumento da concentração de P com
diminuição ou normalidade das concentrações de cálcio e animal
apresenta fragilidade óssea.

Potássio: o rim funcional excreta íons H e reabsorve bicarbonato.


Quando ocorre insuficiência renal, o rim não excreta esses íons,
havendo acúmulo no sangue, provocando acidose metabólica. O
potássio é trocado com o hidrogênio na tentativa de compensar essa
acidose, resultando em hipercalemia. A dosagem sérica do potássio é
indicadora da severidade da acidose.

Transtornos ósseos:
Hiperparatireoidismo secundário renal (osteodistrofia
renal): quando relação Ca:P encontra-se reduzida (hipocalcemia com
hiperfosfatemia), há aumento da atividade da paratireoide, que
mobiliza o cálcio das reservas esqueléticas para o fluído extracelular
para manter a homeostase sanguínea, resultando em hipercalcemia
com consequente hipofosfatemia.

Hiperparatireoidismo secundário nutricional (osteodistrofia


fibrosa): conhecida como “mandíbula de borracha”, ocorre devido a
ingestão de dieta rica em fosfato e pobre em cálcio ou vitamina D. Há
estímulo excessivo do PTH, levando à reabsorção óssea na tentativa
de corrigir essa dieta. O cálcio geralmente se encontra dentro dos
valores de referência.

Raquitismo e osteomalácia: acontece em animais jovens e velhos,


respectivamente. Ocorre devido deficiência de vitamina D, cálcio e
fósforo essenciais para a mineralização do osteoide. Cães e gatos não
sintetizam o colicalciferol na pele ao serem expostos à luz ultravioleta,
portanto repõem esses minerais através da dieta. Causas:
hipovitaminose D, erro no metabolismo, redução na quantidade de
minerais na dieta.

dos íons no diagnóstico de


patoloELETRÓLITOS
Os eletrólitos são importantíssimos para o processo de equilíbrio de várias composições e

funções químicas do corpo (homeostase). Caso haja falha para equilibrar os eletrólitos de

forma correta na célula, as vias metabólicas não serão capazes de funcionar bem.

No campo da medicina veterinária, as enfermidades que causam desidratação nos pets

também causam alterações nos equilíbrios eletrolíticos e de ácido-básico. O desequilíbrio

eletrolítico acontece quando o nível de algum eletrólito não está no nível normal.

Os mais graves distúrbios eletrolíticos envolvem faixas anormais em níveis de potássio,

cálcio e sódio. O exame mostra as concentrações de eletrólitos no sangue e investiga se

há anormalidades; caso sim, o veterinário vai iniciar o tratamento e fazer mais exames

desse para acompanhar o quadro do animal.

Como o funcionamento de todo organismo do seu pet depende do equilíbrio dos

eletrólitos, é importante falar com um especialista e ver se será necessário esse exame.
Considerações gerais sobre eletrólitos
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FATOS RÁPIDOS

Bem mais da metade do peso do corpo é composto por água. Os


médicos consideram que a água do corpo fica confinada em vários
espaços, denominados compartimentos de líquidos. Os três
compartimentos principais são

 Líquido no interior das células

 Líquido no espaço em torno das células

 Sangue

Para funcionar normalmente, o corpo deve evitar que os níveis de


líquido variem muito nessas áreas.

Alguns minerais – principalmente os macrominerais (minerais de que


o corpo precisa em quantidades relativamente grandes) – são
importantes, tais como os eletrólitos. Eletrólitos são minerais que
carregam uma carga elétrica quando estão dissolvidos em um líquido
como o sangue. Os eletrólitos do sangue – sódio, potássio, cloreto e
bicarbonato – ajudam a regular as funções dos nervos e músculos e
manter um equilíbrio ácido-base e um equilíbrio hídrico.
Os eletrólitos, sobretudo o sódio, ajudam o corpo a manter os níveis
de líquido normais nesses compartimentos de líquidos, uma vez que
a quantidade de líquido contida em um compartimento depende da
quantidade (concentração) de eletrólitos contida nele. Se a
concentração de eletrólitos for alta, o líquido se move para este
compartimento (um processo chamado osmose). Do mesmo modo,
se a concentração de eletrólitos for baixa, o líquido se move para fora
deste compartimento. Para ajustar os níveis de líquidos, o corpo
pode mover ativamente os eletrólitos para dentro ou para fora das
células. Assim, ter eletrólitos nas concentrações corretas (um estado
denominado equilíbrio eletrolítico) é importante para manter o
equilíbrio líquido entre os compartimentos.
Os rins ajudam a manter as concentrações de eletrólitos através da
filtragem de eletrólitos e água do sangue, devolvendo alguns para o
sangue e excretando qualquer excesso pela urina. Assim, os rins
ajudam a manter um equilíbrio entre o consumo diário e a excreção
de eletrólitos e água.

Alguns distúrbios podem surgir se esse equilíbrio de eletrólitos for


perturbado. Por exemplo, um desequilíbrio eletrolítico pode ser
causado por:

 Ficar desidratado ou hiperidratado
 Tomar certos medicamentos

 Distúrbios específicos do coração, rim ou fígado

 Recebimento de hidratação ou alimentação por via intravenosa


em quantidades inadequadas

gias em cães e gatos

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