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A Primeira Fase da Historiografia Latino-Americana e a

Construção da Identidade das Novas Nações (resenha)


Nome: Daniel Arthur Cravo Barata; N° de matrícula: 201979240018
O artigo foi escrito por Claudia Wasserman, graduada em História pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1981), mestre em História pela UFRGS
(1991) e doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela
possui ampla experiência em história, incluindo: história contemporânea do Brasil e da
América Latina, identidade nacional, historiografia latino-americana, questões raciais,
história intelectual e movimentos sociais na América Latina e no Brasil. Publicou
artigos e capítulos de livros em revistas internacionais e coleções de organizações
estrangeiras.
O objetivo do artigo, segundo a autora, é examinar as propostas e as afirmações
a respeito da identidade nacional na historiografia do século XIX, principalmente a
partir dos processos de Independência da América Latina. Os autores abordados são,
geralmente, atores da emancipação que tiveram participação ativa nos processos de seus
países, tais como militares, diplomatas e líderes políticos, e também, posteriormente,
outros autores, certos historiadores de centros e de institutos de história. Um dos pontos
recordados por Wasserman é que a amplitude da abordagem e abrangência do recorde
permite compreender a região como totalidade articulada, para além das especificidades
de cada nação. No entanto, uma das principais características mais marcantes é o fato de
que, grande parte do contingente populacional latino-americano "transplantado”, ou
seja, são originárias de diversas regiões diferentes a depender da nação.
A autora ainda diz que as primeiras discussões sobre a nacionalidade surgiram
no contexto da Independência, e que a primeira historiografia latino-americana
considera as identidades nacionais como sendo dados ontológicos, e nações, como
entidades sociais originárias, isto é, algo que existe por si e que não precisa, portanto, de
uma construção artificial e que as próprias ações existiriam antes mesmo do domínio
hispânico do continente. Ela ainda diz que essas ideias de existência prévia de
identidade nacionais emanavam de um desejo de que existissem nações e
nacionalidades nesses territórios, mais do que fruto da observação empírica objetiva
destes políticos e autores. Portanto, a existência ontológica de nações, a atração por
modelos estrangeiros, principalmente norte-americanos, a identificação de desvios e
deformações no processo de formação das nações e as ideias de incompletude e de
frustrações, geralmente atribuídas à responsabilidade dos “inimigos da nação”. Eis as
características principais desta historiografia latino-americana do século XIX.
“A história é uma construção instauradora de sentido, cujo agente, o historiador,
desempenha um papel na criação da narrativa, conferindo ao passado uma identidade
que não existia antes da produção historiográfica” (WASSERMAN, 2011). A partir
desta citação importante da autora, podemos observar que, de fato, a história serviu para
legitimar a identidade nacional de diversas nações emergentes durante o século XIX na
América Latina. No entanto, vale destacar que houve resistência por parte das elites
dessas nações, pois não queriam perder a segurança política e econômica que haviam
alcançado com o governo da metrópole. Autora no entanto cita diversos documentos do
início do século XIX tais como o Plano Revolucionários de Operações, de 1810,
atribuído a Mariano Moreno, e o Manifesto de Cartagena e a Carta de Jamaica, de
Simón Bolívar, de 1812 e 1815 respectivamente, que atestam, segundo Wasserman, a
adoção de ideias anti hispânicas e o forte desejo de transpor a experiência norte-
americana ao sub continente latino-americano. Segundo esses mesmos autores, é
possível observar na cultura de diversos países que compõem a América Latina certos
elementos que atestariam a existência prévia das nações nesta região. Os elementos
apontados normalmente são a origem, a língua, os costumes e a religião.
Desse modo é possível observar o no meio da produção historiográfica latino-
americana do século XIX, uma tentativa de legitimação através da história, ou seja, o
estudo do passado, as condições presentes ou almejadas para o futuro da nação. A
história, desse modo, torna-se um instrumento político na mão deste ou daquele
historiador, o que, infelizmente, pode acarretar muitas vezes também para legitimar
discursos políticos racistas e/ou eugenistas, como ocorreu, por exemplo, com os
pensadores influenciados pela corrente positivista do pensamento de Augusto Comte,
que viam nos fatores raciais e nos fenômenos da natureza as causa dos problemas de
seus países, o que acabou por culminar na oposição à miscigenação e na teoria do
branqueamento, na superioridade do que seria uma raça branca em detrimento da raça
negra ou mestiça.

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