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Resumo – O presente trabalho tem o objetivo de estimar o consumo de água per capta no campus
sede da Universidade Estadual de Maringá e distribuí-lo na rede principal de uma das áreas de
abastecimento da universidade, onde se tem os dados da rede existente. Para tanto foram utilizadas
uma série de leituras mensais do consumo de água no campus sede ao longo de quase quatro anos e
o número de usuários fornecidos pela instituição. Após obtido o consumo per capta para uma
população equivalente, foi realizada uma esqueletização do sistema de abastecimento para que
fossem agrupados os consumidores em áreas de influência, de acordo com os blocos e
departamentos existentes no campus. Este estudo chegou a resultados de consumo per capta com
valores próximos a 50 litros de água consumidos por cada pessoa durante o dia, valor esperado em
estabelecimentos como escolas e escritórios. Não há registros dos vazamentos que ocorreram na
instituição no período analisado, porém sabe-se que é importante tal registro para refinamento dos
resultados.
Palavras-Chave – Abastecimento de água; Consumo per capta de água; Demanda por água.
Muitos métodos são usados para simular o fluxo nas redes de distribuição de água, como
métodos gráficos, de analogias físicas e modelos matemáticos (ORMSBEE, 2006). Al-Omari e
Abdulla (2009) citam que antes dos modernos computadores, os fluxos e pressões no abastecimento
de água eram simulados com base na analogia entre as redes de distribuição de água e os circuitos
elétricos ou por cálculos manuais utilizando o método Hardy Cross. O desenvolvimento dos
computadores tornou possível aos engenheiros simular o comportamento do abastecimento de água.
No entanto, Al-Omari e Abdulla (2009) ressaltam que a previsão precisa de pressões, fluxos e
parâmetros de qualidade da água dependem fortemente da qualidade dos dados de entrada.
Quando se têm dados de medição do consumo de água, as demandas podem ser distribuídas
ao longo dos nós nas redes pelo método da área de influência. Este método consiste na delimitação
em planta da área de influência de cada nó da rede, contabilizando dentro desta área o número de
consumidores e o seu consumo médio. Por ser um método aproximado, dele pode se esperar
resultados em ordens de grandeza e não exatos. É um método aproximado, utilizado para
planejamento, dimensionamento ou expansão do sistema e fornece estimações sobre o sistema de
abastecimento de água, que podem ser válidas quando as informações são escassas (COELHO et
al., 2006).
O presente trabalho tem como objetivo caracterizar o consumo de água total ao longo da rede
principal de abastecimento do campus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM), estado do
Paraná. Para tanto, será contabilizada uma população equivalente e calculado um consumo base per
capita de água. Estes valores devem ser condizentes com as leituras do consumo de água mensal
nos micromedidores instalados no campus ao longo de quase quatro anos. Os consumos serão
distribuídos na rede utilizando o método das áreas de influência e a esqueletização da rede.
XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2
METODOLOGIA
Foram classificados os diferentes tipos de usuários e foi atribuído peso relativo a cada um. Os
alunos foram classificados em: estudantes em período integral; estudantes em período único
(matutino, vespertino ou diurno); e estudantes de pós-graduação (especialização, mestrado ou
doutorado). Docentes e servidores foram considerados usuários em tempo integral. Para obtenção
do peso relativo a cada classe, considerou-se a quantidade de horas permanecidas na instituição
durante cinco dias da semana.
Nas três áreas consideradas, calculou-se a média dos consumos de água de janeiro de 2011 a
outubro de 2014. Este valor foi dividido pela população consumidora equivalente da área
considerada, obtendo-se três consumos base de água, no campus novo, campus velho e garagem. Na
garagem, sabe-se que a maior parte da água é utilizada para lavagem de veículos oficiais da
universidade. Como se trata de um consumo pontual, que independe do número de usuários na área,
ele foi considerado separadamente. Em uma estimativa fornecida pelos funcionários do local,
considerou-se que 65 veículos sejam lavados a cada dia trabalhado.
Por fim, na área do campus novo, onde se têm disponíveis as características físicas da rede
como diâmetros e profundidades, foram nomeados 23 nós e delimitadas suas áreas de influência
abrangendo todas as construções existentes. Dentro de cada área somou-se a população equivalente
referente às construções. Esta soma, multiplicada pelo consumo base de água calculado, forneceu a
demanda por água em cada nó.
Com os dados de consumo de água contidos nas faturas fornecidas pela instituição, foi
possível montar as séries constantes na Figura 2, representando a soma dos consumos mensais nos
medidores considerados de janeiro de 2011 até outubro de 2014.
19.000
Consumo (m³·mês-1)
17.000
15.000
13.000
11.000
9.000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Figura 2 - Consumo mensal total nos medidores considerados
Pode-se inferir a ocorrência de alguns vazamentos na rede como, por exemplo, em agosto de
2013, em que houve um consumo consideravelmente maior entre os quatro anos observados. No
mês de junho, ao longo dos quatro anos, foi possível observar um consumo médio de 15.000 m³, o
que torna possível prever que nos próximos anos o consumo se manterá semelhante neste mês.
O consumo médio mensal, referente aos medidores instalados nas três áreas, foi de 13.940 m³,
considerando as quatro séries disponíveis, de 2011 a 2014. Os resultados são apresentados na
Tabela 2, onde o consumo base diário foi calculado considerando-se 22 dias úteis no mês.
CONCLUSÃO
O estudo permitiu conhecer a demanda base per capita por água no campus sede da UEM em
três áreas que são abastecidas por redes independentes. Os resultados foram 46,48, 55,66 e 44,91
L·hab-1·dia-1 nas áreas do campus novo, campus velho e garagem, respectivamente. Como na rede
do campus não há medidores individuais nas entradas dos blocos, não foi possível validar os
resultados encontrados. Porém, o balanço hídrico ou balanço de massa foi respeitado, ou seja, toda a
água que chega à instituição e passa pelos medidores foi distribuída ao longo da rede.
Os três consumos per capita encontrados apresentaram valores próximos ao que estabelece a
SANEPAR (2010) em seu Manual de Projetos Hidrossanitários, onde sugere que escolas e
No projeto da rede principal de água do campus novo foram traçadas áreas de influência ao
redor dos nós, agrupadas as construções e totalizada a população equivalente em cada nó. Com o
consumo per capita calculado, pôde-se atribuir a demanda de água nos nós, procedimento que será
utilizado na modelação do sistema em software específico para auxílio na tomada de decisões
futuras.
Na análise dos dados, o comportamento singular das séries anuais levou a conclusões de
possíveis vazamentos ao longo dos anos analisados. As informações sobre a ocorrência de
vazamentos são importantes na simulação da rede, porém não se dispunha de nenhum registro a
respeito nas secretarias consultadas. Para a efetiva modelação do sistema, é importante que sejam
realizados registros de perdas de água, já que os dados de entrada do modelo se baseiam
principalmente nas leituras mensais da água distribuída no campus da universidade.
REFERÊNCIAS
AL-OMARI, A. S.; ABDULLA, F. A. (2009). A model for the determination of residential water
demand by the use of tracers. Advances in Engineering Software v. 40, n. 2, pp. 85-94.
ORMSBEE, L. E. The History of Water Distribution Network Analysis: The Computer Age. In
Anais do 8th Annuall Water Distribution Systems Analysis Symposium, Ohio, Ago, 2006, pp. 1-6.
QUININO, U.C.; CAMPOS, L.F.; GADELHA, C.L. (2000). Avaliação da qualidade das águas
subterrâneas na bacia do rio Gramame no Estado da Paraíba. In Anais do V Simpósio de Recursos
Hídricos do Nordeste, Natal, Nov. 2000, 1, pp. 162-176.