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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA ARQUITETURA E ESTÉTICA DO PROJETO

AUH0337 – O Brasil condenado ao moderno

I semestre de 2022

OBJETIVOS:

O curso aborda o cruzamento entre arquitetura, urbanismo, artes visuais, cinema, teatro e
música popular no Brasil, em um espectro temporal que vai do início do modernismo (anos
1920) até os dias atuais. O título do curso é baseado em uma célebre formulação de Mário
Pedrosa, que vê na falta de tradições sólidas no país uma base para nossa aptidão às
formas modernas.

DESENVOLVIMENTO:

O curso constará de aulas expositivas, projeções de filmes, e realização de seminários dos


alunos. Eventualmente incorporará também visitas a exposições.

EMENTA:

Se até a construção de Brasília as artes visuais e a arquitetura pareciam andar juntas no


Brasil, sob o signo da “síntese das artes”, tal como formulado por Mário Pedrosa, a partir
dos anos 1960 – e sobretudo após o golpe militar de 1964 – abre-se um fosso entre essas
produções. Pois se a arquitetura brutalista da Escola Paulista mantém uma produção ligada
aos ideais desenvolvimentistas que marcaram o ciclo anterior, e a um firme projeto de
Estado, as demais vanguardas artísticas se aliam ao espírito negativo da contracultura,
mirando um Brasil trágico e carnavalesco, cuja potência está em sua “pobreza”. E se o elo
perdido entre esses dois polos é a obra e o pensamento de Lina Bo Bardi, os ataques de
Artigas às artes abstratas, de um lado, e de Oiticica à arquitetura oficial, por outro, revelam
uma situação de antagonismo que convém analisar e refletir.
Horário: Terça-feira das 08h00 às 12h00

Professores Responsáveis: Agnaldo Farias e Guilherme Wisnik

CRONOGRAMA

15/3 – Semana dos Calouros

22/3 – Semana de Atividades Integradas

29/3 – Aula 1: Apresentação do curso

05/4 – Aula 2: O modernismo antropofágico: Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral

12/4 – Não haverá aula. Feriado da Semana Santa

19/4 – Aula 3: A busca da identidade: Lucio Costa e Mário e Oswald de Andrade

26/4 – Aula 4: Brasília, “síntese das artes” e o caso Athos Bulcão

03/5 – Aula 5: Burle Marx e a paisagem dos trópicos

Seminário 1: A colonização e a visão de natureza na América

10/5 – Aula 6: Os Concretismos em São Paulo e no Rio de Janeiro

Seminário 2: Bossa Nova, música popular e arquitetura

17/5 – Aula 7: A casa é o corpo: Lygia Clark

Seminário 3: A revolução do Cinema Novo

24/5 – Aula 8: Brasil-diarreia: Hélio Oiticica e Cildo Meireles

Seminário 4: A “geleia geral” tropicalista

31/5 – Aula 9: Tempos de grossura: Lina Bo Bardi e a cultura popular

Seminário 5: O Teatro Oficina e destruição do palco


07/6 – Aula 10: Reflexões sobre o pós-modernismo

Seminário 6: Mário Pedrosa, o “exercício experimental da liberdade” o pós-modernismo

14/6 – Aula 11: A pop brasileira e o sertanejo Dias

Seminário 7: “Arquitetura Nova” em São Paulo e o pós-modernismo mineiro

21/6 – Aula 12: Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e a Escola Paulista

Seminário 8: Flávio Motta: o salão caramelo e os “espaços sem nome”

28/6 – Aula 13: Tunga, Beatriz Milhazes, Adriana Varejão e o neobarroco

Seminário 9: Os novos coletivos, e o horizonte profissional pós-crise de 2008

05/7 – Semana de atendimento aos trabalhos finais

12/7 – Entrega dos trabalhos finais

19/7 – Semana de Bancas de TFG e TCC

AVALIAÇÃO

A avaliação se dará por meio de um seminário em grupo ou 3 fichamentos de seminário


(40% da nota) e uma monografia individual (60% da nota) sobre algum dos temas
abordados no curso. A monografia tem caráter ensaístico, e deverá cruzar os temas de arte
e arquitetura no Brasil.

BIBLIOGRAFIA GERAL

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