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DAVID HARVEY
Aula 10/05/12
Mã o de obra global: requer reflexã o, pois temos populaçõ es que migram muito,
há uma grande mobilidade geográ fica dos povos que vivem em regiõ es mais
pobres ou subdesenvolvidos ou, ainda, que tem conflitos políticos internos. Nã o
existe mã o de obra global; a forca de trabalho global corresponde a um numero
bastante pequeno, se considerarmos o numero de pessoas que emigram; os mais
qualificados, flexível, adaptá vel e geograficamente mó vel (sã o os que constituem
trabalhadores essenciais para as empresas técnicos de níveis superiores,
essenciais para as empresas e que circulam pelo mundo e que fazem parte
daquilo que se chama de forca de trabalho global. No BR nã o há essa força de
trabalho, porque as pessoas falam apenas o português, a grande maioria nã o fala
inglês e os países que pode migrar nã o apresentam ascensã o social. A maioria
dos brasileiros sã o analfabetos funcionais; um numero muito pequeno de
brasileiros, que se formaram nas melhores escolas e faculdades, que vã o se
tornar os trabalhadores para assumir os cargos mais importantes globais. Nã o
existe força de trabalho internacional.
Há uma elite profissional no Brasil e é ela que viaja pelo mundo. O CAPITAL é
global, a FORÇA DE TRABALHO nã o; ela é LOCAL. Toda vez que há terceirizaçã o
do trabalho internacional, desmonta essa força de trabalho local. O capitalismo
desfaz uma série de cargos e profissõ es e, em grande parte, recria outros; no
entanto, a globalizaçã o gerou diversos empregos de baixa qualificaçã o e permitiu
o nível de renda de milhõ es de pessoas; ao mesmo tempo, ela gerou muito
sofrimento porque DESTRUTURA OS MERCADOS LOCAIS DE TRABALHO. Ela
melhora o mercado de vá rias partes do mundo, mas cada vez que uma empresa
terceiriza internacionalmente sua produçã o, ela desestrutura a empresa local.
Vale ressaltar que alguns dos cargos destruídos pela globalizaçã o NÃ O se refaz.
p. 197 Como se forma esse juízo? Eu invisto o dinheiro em bois, por exemplo.
Eu vou investir meu dinheiro especulando que a arroba do boi vai custar 110
reais (custava 100 originalmente); por acaso, tem o problema da vaca louca, por
exemplo. Ninguém mais comprará a carne e, dessa forma, eu vou perder meu
dinheiro das açõ es que foram investidos primeiramente. Tem que ter um
conhecimento fantá stico do mercado, do governo dos países, uma forte intuiçã o e
a capacidade de arriscar seu dinheiro.
Taxa CELIC: a taxa alta atrai capitais (e muitos capitais sã o produtivos, que vem
para ficar; a maioria é especulativo, em busca de altas taxas) e controle da
inflaçã o (aumenta a taxa para impedir a alta da inflaçã o, se a taxa diminui, quem
vive na situaçã o de demanda reprimida, as pessoas procuram consumir mais;
diminuir a taxa de juros e aumento de crédito estimula o consumo desenfreado,
que causa inflaçã o). No Plano Real, tinha uma flutuaçã o da moeda dentre valores
estabelecidos (atualmente, o cambio é livre); se a minha moeda é muito
valorizada, tenho um superá vit primá rio, minha moeda tem lastro com a
minha tecnologia rudimentar e atrasada, nã o vendo no exterior, apenas na China.
Se a China diminuir seus investimentos drasticamente, ela comprará menos
commodities do Brasil Entã o, a Dilma (em um país que tem dificuldade para
vender para a Europa, EUA, os juros continuam alto e entram mais dó lares,
valorizando a moeda e dificultando ainda mais a exportaçã o) diminui a taxa
CELIC (significa que o Banco Central nã o é independente, o governo “comanda”
essa taxa); diminui os juros bancá rios; está apostando no crescimento do
consumo interno e do crescimento econô mico com base no consumo interno
(mas que pode elevar a inflaçã o e, assim, todos os ganhos acabam se perdendo).
De qualquer forma, no Brasil há um crescimento do mercado interno (nenhum
país do mundo desenvolvido cresceu dessa forma sem antes priorizar o seu
mercado interno; para isso, tem que ter uma indú stria que seja capaz de suprir o
mercado interno e conseguir impedir que a importaçã o da China domine o
mercado, já que seus produtos sã o bem mais baratos).
Por que as açõ es tem o preço que tem? Elas nã o sã o valorizadas como
mercadorias; ele é determinado fundamentalmente pela especulaçã o. Claro que
há um estudo sobre o que a empresa produz, sua lucratividade e seu ramo
econô mico, mas é fundamentalmente especulaçã o. A questã o nã o é só saber a
saú de da empresa, há uma especulaçã o sobre a procura ou nã o do produto por
ela fabricado. É volá til, nunca se sabe o real valor; só pessoas muito profissionais
conseguem ganhar o dinheiro na bolsa.
Aula 24/05/12
No BR há uma industrializaçã o considerá vel no campo (um país que desenvolveu
muito a tecnologia no campo) faz com que diminua a populaçã o rural. O
emprego industrial tende a diminuir consideravelmente (os postos que
desaparecem nessa modernizaçã o, nã o serã o repostos no futuro, pelo menos nã o
a grande maioria na destruiçã o criativa, os postos de trabalhos nã o sã o
gerados na mesma quantidade em que sã o destruídos). Novos serviços sã o
gerados sempre (exemplo bem ilustrativo: o serviço de seguro; aqui, geralmente
sã o carros, vida e casa, porque no BR nã o há capacidade de fazer seguro de
navios, por exemplo) seguradoras, bancos, concessioná rias, hotéis,
restaurantes, oficinas mecâ nicas, etc. É uma cadeia considerá vel de prestaçã o de
serviços e essa preocupaçã o é facilmente entendida: as industrias que passam
por reestruturaçã o produtiva acabam demitindo seus empregados e essas
pessoas vã o ser absorvidas pelo setor de serviços, que geralmente está em
crescimento toda vez que um carro sai da concessionaria, ele necessita de
serviços, que vai movimentar esse mercado e gerar empregos. Nó s (BR) nã o
somos uma economia de serviços (como EUA, Inglaterra e Canadá neles é mais
difícil a geraçã o de empregos). O modelo de produz industrial continua sendo
Japã o e Alemanha; o BR continua sendo o agronegó cio, commodities e o setor
industrial (em algumas regiõ es de SP e RJ, há predominâ ncia de serviços).
Acompanhar dos anos 2000 até agora o que aconteceu no emprego: até
2009/2010 as taxas de desemprego eram enormes; elas diminuíram, mas a
tendências é de haver nova taxa alta de desemprego (vendo as taxas do governo,
há uma tendência a um menor crescimento da economia e, portanto, menor
geraçã o de empregos); mas também houve uma reduçã o do emprego informal,
porque houve aumento da fiscalizaçã o e, com isso, a maioria das pessoas se
legalizou há formalizaçã o do trabalho. É preciso saber quantos trabalhavam
no ano 2000 no emprego informal, quantos trabalham agora (grande numero de
empresas que saíram da informalidade), quais os setores que mais crescem no
BR, a reduçã o do numero de trabalhadores no campo, a reduçã o de
trabalhadores na empresa. A crise fecha mais postos de trabalho que a
modernizaçã o das empresas. A populaçã o que tinha emprego no campo perdeu
isso, mas vá rias cidades do interior de SP, por exemplo, se tornaram polos
tecnoló gicos, que absorveram essas pessoas há uma industrializaçã o dessas
cidades.
O Modelo de Competência
Aula – 31/05/12
No Brasil. Antes dos anos 1930, houve a greve de 1917 em SP (paralisou SP)
ela é importante; ela era anarquista e era uma greve organizada por
trabalhadores espanhó is, portugueses e italianos, da regiã o da Mooca/Brá s;
durou meses e foi uma dos mais importantes movimentos grevistas de SP (os
sindicatos nã o existiam, mas existia uma organizaçã o política operá ria vivendo
na clandestinidade). A partir de GV que o movimento sindical é
institucionalizado (um ano depois da criaçã o do trabalho (hoje, do trabalho e
emprego), criado por GV em 1930, que foi instituído o modelo sindical do Brasil)
Lindolfo Collor, pelo Decreto-Lei 19770/31, foi instituído o modelo sindical
no Brasil (já começa errado esse movimento, porque ele começa por decreto-lei;
em nenhuma parte do mundo ele existe ou foi criado assim, pois é uma org. livre
e espontâ nea; a estrutura sindical instituída por Lindolfo é a mesma que existe
até hoje, sofreu algumas pequenas alteraçõ es – sobretudo a partir de 1988 – mas
o modelo sindical é o mesmo, com as mesmas características do modelo de
1931). Nó s qualificamos e essa é a sua característica principal o sindicalismo
brasileiro corporativista (Felipe Schmiter corporativismo é um sistema de
representaçã o de interesses no qual as unidades constituintes sã o organizadas
num nú mero limitado de categorias singulares compulsó rias, nã o competitivas e
hierarquicamente arrumadas [... -> texto Noêmia]). Segundo essa conceituaçã o o
sindicalismo brasileiro é corporativista; as características que a transformam
nisso: 1. Foram criados pelo Estado por decreto-lei; 2. A sua estrutura
corresponde exatamente como corporativismo porque existe um sindicato por
cada categoria profissional com base territorial – o trabalhador nã o pode
escolher a qual sindicato quer se afiliar (no BR, há mais de 17mil sindicatos)
GV quis esta estrutura para FRAGMENTAR a classe trabalhadora, impedindo a
uniã o de interesses comuns de milhõ es de pessoas (por isso no BR nã o há uma
greve que surta efeito, de fato todos estã o preocupados com os interesses
pró prios; além disso, o Brasil é enorme e com diferenças regionais profundas,
sendo que cada categoria profissional faz reinvindicaçõ es bem especificas; 3. o
corporativismo também vem da obrigatoriedade do reconhecimento do sindicato
pelo ministério do trabalho e emprego (somente o sindicato reconhecido pelo
Estado tem o direito de representar os interesses de uma determinada categoria
de trabalho social); 4. filiaçã o voluntaria e indicativa dos voluntá rios (reduzir a
influencia dos sindicatos ao deixar de fora milhõ es de trabalhadores reduz
espontaneamente o poder dos sindicatos porque uma pessoas sendo ou nã o
sindicalizada, a vitó ria das reinvindicaçõ es também serã o extensivas a quem nã o
participa os trabalhadores sã o free-riders, caronistas). A intençã o é deixar pra
fora milhares de trabalhadores que nã o se sindicalizam e nã o pagam
contribuiçã o espontâ nea (porque se paga o imposto sindical; ele é recolhido pelo
governo federal e que é distribuído pelos sindicatos de acordo com o numero de
trabalhadores daquele setor; algumas categorias, como os trabalhadores
metalú rgicos do ABC nã o recolhem impostos porque quase a totalidade dos
trabalhadores estã o no sindicato – em vez de imposto sindical, atualmente se diz
recolhimento compulsó rio sindical; logo, mesmo quem nã o está afiliado sustenta
o sindicato porque o governo federal exige 1 dia do salá rio); 5. todos os conflitos
entre trabalhadores e patrõ es sã o resolvidos pela justiça do trabalho (Brasil é o
ú nico país que tem justiça do trabalho [além disso também tem as confederaçõ es
– representa no plano nacional, sem menor expressã o (os sindicatos nã o podem
sofrer intervençã o do governo federal – antes ele podia derrubar a diretoria,
nomear um interventor e mandar prender os sindicalistas; nomear o presidente
de uma lista tríplice; nenhum dos líderes sindicais fez lobby para mudar a
estrutura sindical brasileira pois uma vez líder sindical, pro resto da vida líder
sindical – há mortes nos sindicatos e aonde tem mais é no sindicato de
motoristas e cobradores de ô nibus – enquanto líder sindical, tem estabilidade de
4 anos de emprego; é um trampolim para a vida política, sobretudo quando o
setor é forte, como o dos metalú rgicos do ABC; mudar a estrutura sindical e a
justiça do trabalho é quase impossível atualmente porque ela emprega milhares
de juízes do trabalho – só existe no BR; milhares de funcioná rios das juntas de
conciliaçã o – existem em todos os municípios com mais de 50mil habitantes;
grande quantidade de escritó rios de advogados trabalhistas; como se acaba com
a justiça do trabalho nessas condiçõ es? Nã o é possível, seria uma
desestruturaçã o no mercado de trabalho, com milhares de desempregos) e as
federaçõ es – estadual]; nenhum país tem o absurdo de leis trabalhistas que
existem no Brasil – mais de 1000; sã o tantos encargos nas empresas que se
pagam os salá rios mais baixos do mundo; a legislaçã o brasileira, em vez de
proteger, desprotege; a empresa tudo faz para nã o registrar, violar a legislaçã o,
tudo se revolve via acordo, além de dificultar a admissã o e a demissã o; a média
de trabalhadores que entram na justiça é de dois milhõ es e meio por ano). Os
conflitos sã o resolvidos entre os sindicatos dos patrõ es, trabalhadores e patrõ es
no resto do mundo; o governo interfere na greve como Ú LTIMO recurso; a
central que tem todo o poder de negociaçã o (o sindicato representa como porta-
voz da central) e se ela nã o resolve, a pró pria justiça comum resolve o problema.
Nos anos 1970 tem um enfrentamento com o governo militar dos metalú rgicos
do ABC; em 1970 houve greves em 15 diferentes locais do Brasil e em todas elas
queria a reposiçã o salarial de acordo com os altos índices de inflaçã o; lutava-se
pela representaçã o dos trabalhadores dentro das empresas, pela participaçã o
nas politicas publicas para a melhoria das condiçõ es. Em 1979 foram mais de
400 greves, envolvendo mais de 3 milhõ es de trabalhadores que inauguraram o
“novo sindicalismo” porque o sindicato passou a ter voz (mesmo sem voto),
em todas as esferas do governo (municipal, estadual e federal) e em 1983 foram
criadas as centrais sindicais (elas nã o servem para nada até hoje; só foram
reconhecidas no ú ltimo ano do governo Lula que deu a elas 10% do total
arrecadado do imposto sindical, sem a prestaçã o de contas; elas nã o tem poder
pois, embora tramite desde 1983 no senado a reforma completa da vida sindical,
pela legislaçã o, quem negocia salario só sã o os sindicatos; elas nã o podem
negociar salario, como as comissõ es de fabrica também nã o podem negociar
salario (nã o haveria mais sindicato em nenhum dos casos, a nã o ser para reunir
os trabalhadores daquele setor); a comissã o de fabrica resolve alguns problemas,
mas a empresa esta submetida ao poder do sindicato; como as centrais nã o
podem negociar isso, elas nã o tem poder elas nã o fazem nada, ainda mais no
governo do PT.