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Os três pilares da economia criativa de Catalão

Marcos Bueno*

Assim como a implantação de uma Incubadora de Empresas irá alavancar


substancialmente a economia, o emprego e renda de Catalão e região, as chamadas
Indústrias Criativas, podem conseguir um enorme crescimento econômico local, regional
e nacional.
As Indústrias Criativas são atividades relacionadas às políticas públicas de
cultura, teatro, design de moda, softwares interativos para lazer, música, indústria
editorial, rádio, TV, museus, galerias de arte e as atividades vinculadas ás tradições
culturais. A importância econômica das Indústrias Criativas é reconhecida mundialmente.
Elas têm participação relevante no PIB Brasileiro e Mundial e crescem a taxas superiores
àquelas do conjunto da economia conforme cita o professor Pedro Bendassolli da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte em seu livro As Indústrias Criativas no
Brasil.
Uma produção que valoriza a singularidade, o simbólico e aquilo que é
intangível: a criatividade. Esses são os três pilares da economia criativa. A Economia
Criativa é uma opção de desenvolvimento viável. Também para na erradicação da
pobreza nos países em desenvolvimento, transforma a Criatividade Brasileira em recurso
Econômico inteligente e saudável. Desenvolve tecnologia e cultura para um
Desenvolvimento integral do país. A Economia Criativa atua como estratégia para o
Crescimento sócio-econômico. Todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento
estão apostando nesse tipo de indústria.
Essas indústrias criativas apresentam-se hoje como um novo e promissor campo
econômico. Seu potencial de crescimento, sua contribuição na geração de renda dos
países e na composição do emprego vêm sendo atestados em diversos estudos,
governamentais e acadêmicos, ao redor do mundo nestas últimas décadas.
As indústrias criativas referem-se à convergência de três campos anteriormente
mantidos separados: as artes, as indústrias culturais e as novas tecnologias digitais de
informação. Tais Indústrias Criativas estão relacionadas à “virada cultural”, uma
transformação de valores sociais e culturais ocorrida no final do século passado. Essa
virada veio associada a originalidade e a criatividade e reforça o culto às mudanças, às
rupturas e a inovação de produtos e serviços no mundo todo. Os fazeres no mundo está
rápido, numa velocidade próxima da Internet e muitos países e cidades não perceberam
ainda essa mudança. As pessoas, os consumidores gostam e querem produtos
customizados, que tenham um toque de arte, da estética e da qualidade e com preço
justo. O mundo do trabalho está mudando rapidamente, os indivíduos estão se afastando
de modelos tradicionais de comportamento, tais como salário pelo salário, consumo
padronizado, trabalho duro e não querem mais sofrimento e adoecimento e assédio
moral no trabalho, submissão e resignação e adotando atitudes e comportamentos que
refletem um desejo de controlar de forma integral e mais saudável a proporia vida. Tem
muitos gestores que já perceberam e mudaram seus estilos de gerenciar pessoas e
organizações. Esses gestores é os que fazer história.

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Só para se ter uma idéia aproximada do impacto das Indústrias Criativas no PIB
veja o que diz Pedro Bendassolli em seu livro As industrias criativas no Brasil: Estima-se
que tais indústrias tenham agregado à economia mundial um valor de aproximadamente
US$ 2,2 trilhões, tomando o ano de 1999 como referência. Isso implica em uma
participação de 7,5% do PIB mundial. E a estimativa futura de crescimento deste setor é
de 10% ao ano. No Brasil, embora não haja estudos consolidados sobre o tema, estima-
se que tais indústrias respondam por algo em torno de 1% do PIB brasileiro que
totalizou R$ 3.675 trilhões em 2010.
Nos Estados Unidos, há uma estimativa de que, em 2001, tais indústrias tenham
contribuído com 7,75% do PIB do país, por 5,9% do número nacional de empregos, e por
US$ 88,97 bilhões em exportações. Em cidades como Londres, as indústrias criativas
agora surgem como um setor econômico-chave, com mais de meio milhão de londrinos
nelas diretamente trabalhando ou em ocupações em indústrias correlatas. Ainda no
Reino Unido, vistas em conjunto, as indústrias criativas são responsáveis por £112.5
bilhões das riquezas do país, ou seja, 5% do PIB, e por empregar 1,3 milhões de
pessoas. Em exportação, contribuem com £ 10,3 bilhões da balança comercial.
Já as Indústrias criativas no Brasil, voltando agora para o cenário nacional, podem
observar que os dados seguem uma tendência discretamente distinta da dos indicadores
apresentados anteriormente em relação a outros países. O Ministério da Cultura (MinC,
2005) encomendou à Fundação João Pinheiro para diagnosticar os principais
indicadores da economia cultural do país. Os resultados dessa pesquisa revelam que a
produção cultural brasileira movimentou, em 1997, cerca de R$ 6,5 bilhões, o que
corresponde a aproximadamente, 1% do PIB brasileiro. Segundo o relatório do MinC,
para cada milhão de reais gasto em cultura, o país gerou 160 postos de trabalhos,
diretos e indiretos. Neste ponto o relatório reconhece uma espécie de “dimensão oculta”
na política brasileira em relação ao setor, que não consegue capitalizar (ou ao menos
não conseguia) o potencial de geração de empregos contido nesta área.
Ainda em relação a empregos, em 1994 havia 510 mil pessoas empregadas na
produção cultural no país (MinC, 2005). Destas, 76,7% estavam no setor privado do
mercado cultural, 13,6% como autônomos e 9,7% na administração pública. Este
número de empregos é 90% maior do que o observado em setores como o de fabricação
de equipamentos e material elétrico e eletrônico; 53% superior ao da indústria
automobilística – quase um “ícone nacional” do emprego – e 78% maior do que o
empregado em empresas ligadas a serviços de utilidade pública.
Outro dado que chama a atenção refere-se a quem investe em cultura no país. De
acordo com a pesquisa do MinC, entre 1985 e 1995, a despesa total com cultura do
Estado brasileiro, envolvendo todos os níveis de governo, alcançou a média de R$ 725
milhões/ano. De uma amostra de 111 empresas, representativas do universo de grandes
empresas que investem em cultura no país, analisadas no período de 1990 a 1997, 53%
optaram pelo marketing cultural como meio preferencial de ação de comunicação,
totalizando R$ 604 milhões, em grande medida impulsionados pelas leis de incentivo à
cultura criadas no âmbito do governo federal (por exemplo, Lei Rouanet).
No caso de Catalão em termos das Indústrias Criativas tem praticamente todas as
atividades a elas relacionadas para criar uma nova Economia criativa e promissora para

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o município e região e se destacar no cenário nacional. Já tivemos grandes nomes no
teatro, na musica, no folclore, na cultura, na pintura, na literatura, atualmente somos um
dos grandes pólos de confecção e moda intima do estado e do país. Temos aqui dois
cursos de Computação/Informática que pode desenvolver um pólo de softwares
interativos com jovens talentosos na área de TI, temos dois Centros de Cultura de bom
nível, o museu Cornélio Ramos, várias rádios, TV, vários jornais, uma Academia de
Letras com destaque nacional, muitos escritores, um Programa de apoio a Literatura
“Catalão Prosa e Verso” criado em 2008 por um Decreto Municipal que aproveitamos
para sugerir o nome do escritor Cornélio Ramos o fundador da Academia de Letras que
deixou grande legado histórico e literário para Catalão, Goiás e Brasil. Temos o Campus
da UFG que está entre os sete maiores do Brasil, com vinte e um cursos e quase 3000
estudantes, mais de 200 professores, entre eles, muitos com doutorado, quase 100
técnicos administrativos, temos o Cesuc, uma ótima faculdade com mais de 25 anos na
cidade.
Precisamos fazer o que outros estados e cidades como Minas Gerais fazem,
somam esforços políticos. Quando políticos levam a política para o lado pessoal quem
perde é a cidade e o estado, infelizmente. Minas têm 11 Universidades Federais e Goiás
tem uma, por esse indicador já vemos a distância educacional pública. Porque é na
educação que se produz conhecimento, tecnologia e desenvolvimento social e
econômico, não há outro caminho possível e ético. Precisamos com urgência ter um
pouco mais de ousadia em acreditar nos talentos que já temos e buscar somar esforços
e recursos escolhendo equipes e profissionais competentes em prol da cidade e deixar
as vaidades de lado, onde todos perdem. Vamos aprender com os erros dos outros e
usar nossa inteligência em beneficio do social e não do individual.

*Texto utilizado no mini curso Gestão de Pessoas nas Indústrias Criativas no Brasil, ministrado
pelo autor no Encontro Regional da SBPC na UFG- Campus Catalão nos dias 04 e 05 de maio.

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