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CHINA: POTENCIALIDADES REAIS E IMAGINÁRIAS


Autor: Prof. M.Sc. Diógenes Lima Neto
Brasília – DF – Brasil
Abril – 2010

Quando falamos de NEGÓCIOS ESTRATÉGICOS, sobretudo no mundo


globalizado que temos hoje, não podemos deixar de falar na China.
Até bem pouco tempo, as análises econômicas sobre mercados
competidores externos e pesos pesados da economia mundial não incluíam a
China. Hoje, esta importante nação se impôs como a segunda economia mundial.
Que a China é um país continental, com potencial enorme de recursos
naturais, bem como de recursos humanos, isto todos nós sabemos. No entanto,
exatamente pelos mesmos motivos, trata-se de um país com demandas as mais
variadas e em níveis nunca antes vistos.
Nos últimos anos, temos visto a China apresentar índices altíssimos de
crescimento econômico. Países tradicionalmente economicamente mais
poderosos, como EUA, Inglaterra e França, entre tantos outros, não têm sido
páreo para o “Dragão Chinês”. Observemos o gráfico a seguir:

Figura 1 - Crescimento do PIB Chinês – Desenvolvimento Sustentado (Fonte: CCIBC, 2009)

É bem verdade que o nível de confiança nas informações oriundas


daquelas terras é bastante discutível, dado o fato de que tudo naquele país é
fortemente controlado pelo Estado, sobrando pouco (ou nenhum) espaço para
fontes imparciais de dados e análises.
Atrelado a todos estes aspectos, há ainda a questão ambiental, que, mais
uma vez, dada a imensa população chinesa e suas necessidades, trata-se de um
desafio gigantesco: como atender a toda esta demanda reprimida sem arruinar
seu meio ambiente?
De qualquer forma, há perguntas mais ou tão sérias a serem respondidas:
 Como pode (se é que pode) este rápido crescimento econômico ser
mantido?
 O que pode ser feito para diminuir a distância entre o desenvolvimento
social da China e o do resto do mundo?
 Por quanto tempo conseguirá o governo chinês manter uma abordagem
ditatorial sobre sua população e, ao mesmo tempo, manter um
desenvolvimento social tão baixo?
 Será que a população chinesa quer, ou algum dia vai querer, mudanças
democráticas como as entendemos?
 Tendo em vista que as redes de comunicação, especialmente aquelas
apoiadas na internet, propiciam alavancagens espantosas de conhecimento
e negócios, conseguirá o governo chinês conter a “terceira onda” antevista
por Alvin Tofler, ainda em 1980?

São perguntas difíceis, sem dúvida nenhuma, mas suas respostas


influenciarão o mundo, e os negócios, por pelo menos 100 anos. De qualquer
forma, ignorar um movimento estratégico em direção à China é renegar o próprio
futuro da empresa.

7.1 BREVES ASPECTOS CULTURAIS


Antes de adentrarmos no mundo dos negócios,
vamos discorrer um pouco, e ainda que muito
brevemente, sobre os costumes, símbolos e tradições
da maior potência do planeta, depois dos Estados
Unidos da América.
Figura 2 - Grande Muralha da China
 Dentro do território chinês existem, na realidade, diversas nações. Algumas
inteiras, como é o caso do Tibete, e algumas minorias, como os mongóis,
tibetanos e turcos, entre outros, perfazendo um total de 55 grupos
diferentes;
 Por causa da superpopulação, cada casal só pode ter um filho. Mas, se o
primeiro for menina, pode-se tentar de novo;
 Consta que a superstição chinesa é algo fora do comum. Por exemplo, o
ideograma do número “4” é parecido com o da “morte”, e por esse motivo
os andares terminados com o número “4” de muitos prédios não existem.
Da mesma forma, os celulares cujos números possuem tal algarismo
custam muito mais barato, sendo, em geral, utilizados por estrangeiros. O
oposto ocorre com o número “8”, que tem ideograma parecido com o da
“prosperidade”;
 As ruas são extensões da casas. Ali eles comem, dormem, cortam o cabelo
e fazem massagem, entre outras atividades;
 É relativamente comum, de tempos em tempos, as autoridades chinesas
alardearem uma nova campanha governamental contra o crime, realizando
execuções sumárias. Por exemplo, desde o início de abril de 2001, num
período de dez dias, mais de 100 acusados de assassinato, roubo, estupro,
corrupção, formação de quadrilha, narcotráfico, entre outros crimes
menores, como falsificação de documentos e emissão de cheques sem
fundos, foram condenados à morte, sendo a maioria executada no dia
seguinte; e
 Culturalmente, os chineses não costumam aceitam gorjeta. Aliás, se você
deixar um troco para o garçom e for embora, por exemplo, ele sai correndo
para lhe devolver o dinheiro.
Conforme se vê, pelo pouco aqui apresentado, nossas culturas são
extremamente diferentes, o que requer cuidados especiais para não se ferir
vicissitudes.
7.2 POTENCIAIS DE NEGÓCIOS
As possibilidades de negócios com a China são
inúmeras e a força negocial desse país é enorme. Mesmo na
relação direta com a superpotência que são os EUA, a China
continental (que exclui Hong Kong, Macau e Taiwan)
continua ganhando. Entre os anos de 1996-2003, por
exemplo, o superávit comercial da China continental com os

EUA aumentou mais de 246%, saltando de US$ 50,13


O presidente da China, Hu
Jintao, em visita à São milhões, para US$ 123,7 milhões.
Paulo
(Fonte:CCIBC,2009)
Um ponto interessante nesse dado estatístico é o que
ele não revela: os itens que compunham essa relação comercial com os norte-
americanos era, em sua grande maioria, composta de itens de baixo valor
agregado, como têxteis, vestuário (juntos) e sapatos. No entanto, já em 2003, era
composta mais por itens com maior valor agregado e tecnologicamente
associadas, como artigos manufaturados, máquinas de escritório e equipamentos
de processamento automático de dados, telecomunicações e aparelhos de
gravação de som e, ainda, máquinas elétricas (Shenkar, 2005).
Alguns fatos sobre a economia chinesa, já em 2007, segundo a Câmara de
Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC):
 PIB Paridade Poder Aquisitivo: U$ 11 trilhões / 2º do mundo;
 PIB: U$ 3,43 trilhões / 3º do mundo;
 PIB per Capita PPA: U$ 7.600;
 PIB per Capita: U$ 2.200; e
 Crescimento PIB: 11,4 % .
Fonte: Economist, Banco Mundial, MOFCOM, apud CCIBC

Quanto ao PIB chinês, por setor, também em 2007, temos:


 Agricultura: 11 %;
 Indústria: 49,5 % (Manufaturados: 40 %);
 Serviços: 39,3 %%.
Fonte: Economist, Banco Mundial, MOFCOM, apud CCIBC
Os maiores países parceiros da China, segundo a CCIBC, no período Jan-
Nov 2005, foram:

Quanto à evolução do fluxo comercial entre Brasil-China, ou seja, o trânsito


de exportações e importações entre os dois países, segundo o MDIC, no período
1991-2005, temos:

Figura 6 – Gráfico da relação comercial Brasil – China, período 1991-2005 (Fonte: MDIC, Brasil)

Como se vê, o mercado chinês é, de fato, forte e cheio de oportunidades. O


volume de quase US$ 7 bilhões importados por eles, do Brasil, nos dá bem a
dimensão das possibilidades.
No entanto, conforme já adiantava o Dr. Tom Chung em seu livro “Negócios
com a China” (Chung, 2005), desde a entrada da China na Organização Mundial
de Comércio – OMC – o “mercado chinês está mais aberto, e em contrapartida
muito mais competitivo do que antes”.
Ao que parece, há quatro fatores estratégicos responsáveis pelo sucesso
ou fracasso dos empreendimentos ocidentais na China, a saber:
1. “Compreensão profunda das diferenças culturais.
2. Compreensão das diferenças estruturais e valores dos negócios chineses.
3. Compreensão dos estilos de negociação dos chineses.
4. Características e vantagens competitivas dos seus produtos ou tecnologia (preço e
qualidade)”.(Chung, 2005)
O Dr. Chung, em sua obra já citada, também destaca uma série de fatores
específicos para o sucesso comercial na China. No entanto, listamos a seguir
apenas aqueles que, do nosso ponto de vista, realmente os diferenciam em
relação a um negociador ocidental:
 “Atitude das empresas ocidentais (preparação, paciência e boa intenção
com a China, baseados no bom conhecimento da cultura e dos costumes
sociais chineses).
 Sinceridade e integridade de intenções por parte da equipe de
negociadores ocidentais.
 Nível e qualidade de capacitação da equipe para um bom relacionamento
pessoal (Guanxi).
 Exclusividade do produto.
 Conhecimento da situação política e econômica chinesa.
 Disposição em financiar as operações na China.
 Uso eficaz de representantes e intermediários na China.
 Nossa disposição de comprar ou trocar produtos chineses
(buyback)”.(Chung, 2005)

Como nem tudo são flores, o Dr. Chung também destaca alguns fatores de
fracasso, dos quais apontamos aqueles que nos parecem mais importantes, a
saber:
 “Incapacidade em baixar os custos (em razão da grande competição internacional
no mercado chinês).
 Produtos oferecidos com muitos competidores fortes no mercado chinês.
 Falta de confiança e sinceridade dos representantes do governo chinês. Parte
disso está relacionada com a deficiência de um bom relacionamento com
membros certos no governo, parte pela ausência de sinceridade dos chineses com
os contratos firmados, e parte pela desconfiança gerada pela corrupção.
 Falta de habilidade na resolução de conflitos (diferenças e conflitos entre os estilos
de negociação).
 Falta de paciência da equipe para lidar com as idiossincrasias chinesas.
 Problemas de compreensão entre diferentes línguas”. (Chung, 2005)

Mas, afinal, o quê os chineses importam do mundo? Apuramos esta


informação e, segundo a CCIBC (CCIBC, 2009), as principais importações da
China em 2004, com valor em milhões de dólares e variação percentual em
relação ao ano anterior, foram:

PRODUTO VALOR (US$ MILHÃO) % SOBRE 2003


Maquinaria e aparelhos elétricos 301.897,39 +34,2%
Produtos de alta tecnologia 161.432,42 +35,3%
Circuitos integrados e módulos 60.800,23 +47,9%
microeletrônicos
Petróleo cru 33,912.47 +71,4%
Aço 20.787,23 +4,4%
Produtos plásticos 20.671,89 +31,5%
Minério de ferro 12.711,95 +161,8%
Produtos de petróleo refinado 9.248,35 +57,7%
Produtos de cobre 7.727,26 (+37,9%
Peças de automóvel 7.326,32 +17,5%
Soja 6.979,44 +28,8%

Tabela 1 – Principais importações chinesas em 2004 (Fonte: CCIBC, 2009)

Por outro lado, os principais produtos exportados pela China em 2004,


segundo a revista Análise Editorial (Análise Editorial, 2009) foram:

PRODUTO VALOR (US$ MILHÃO)(1) PARTICIPAÇÃO NO TOTAL (2) em %


Equipamentos de informática 59.911 10,1
Aparelhos elétricos 51.960 8,8
Têxteis 50.405 8,5
Telefonia 44.122 7,4
Imagem e som 22.976 3,9
Brinquedos 16.360 2,8
Calçados 15.202 2,6
Móveis 12.618 2,1
Veículos e autopeças 12.275 2,1
Plásticos 9.176 1,5
Outros 298.320 50,2
(1) FOB; (2) Participação no total das exportações chinesas, dados relativos a 2004

Tabela 2 – Principais exportações chinesas em 2004 (Fonte: Análise Editorial, 2009)

Entendemos que a China, com um mercado consumidor gigantesco, nos


oferece muitas oportunidades, principalmente nas áreas de matérias-primas e
alimentos.
Além disso, a capacidade brasileira no setor de geração de energia
também é de especial interesse chinês. Também é digno de nota o atual nível
de desenvolvimento da China, o qual permite a empresas brasileiras que instalem
parques industriais de baixo custo naquele país.

Dada a demanda de preservação ambiental, especialmente tratada no


recente encontro COP-15, em Copenhague, um dos setores onde novas
oportunidades devem ser criadas é o de energia alternativa. Não por acaso, a
China é hoje um dos mercados mais interessados na tecnologia do álcool
brasileiro, que certamente auxiliará no desenvolvimento de motores e veículos
mais eficientes e baratos, além de manter os níveis de emissão de poluentes
conforme o acordado no protocolo de Kyoto.

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