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O mercado pode permanecer irracional por mais tempo

do que você pode permanecer solvente.


(John Maynard Keynes)

Edição 2 . 02.08.2021 — 06.08.2021

SST.TRADE SPECIAL SQUAD TRADERS


ANTIPIRATARIA
O leitor do SST REPORT não pode, sob pena de responder ci-
vil e criminalmente, utilizar identificação de terceiro ou permitir que
terceiros utilizem sua identificação. É expressamente proibida a
reprodução e distribuição, no todo ou em parte, do relatório, a qual-
quer terceiro, sem prévia e expressa autorização do Special Squad
Traders S.A. A distribuição e/ou compartilhamento de informações
contidas em nosso relatório caracteriza penalidade gravíssima, fa-
to típico penal de violação do direito do autor e ao que lhe são co-
nexos, conforme prevê o artigo 184 do Código Penal, sujeito à pe-
na de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
INTRODUÇÃO
O SST REPORT é uma publicação semanal que tem como
objetivo capacitar o investidor em sua atuação no mercado fi-
nanceiro tanto nas operações de curto prazo (daytrade e swing
trade), na gestão de portfólio próprio, na gestão de risco, como
também no aspecto psicológico e emocional.

Abordaremos o mercado brasileiro, o mercado americano,


FOREX, CFD's, fundamentos e cenários macros.
ÍNDICE
05. Overview

07. Mercados Globais

11. Comportamento no Mercado

14. Visão do Confluence

22. Piskelines

25. Visão de Mercado do Mangueira

32. Portfólios

53. Analisando os fatos

57. Fatos e curiosidades

60. Educacional

Como dirigir uma mercearia e umas


65. coisinhas que aprendi sobre pescaria

71. Disclaimer
OVERVIEW
Aqui nos encontramos, pela terceira vez desde nossa versão
beta.

Assim como nas outras versões, revivemos fatos passados


de mercado, trazemos histórias nossas, analisamos ativos, cartei-
ras e relações entre países, e não tinha como ser diferente. O SST
Report vem novamente recheado de conteúdo de mercado, pronto
para acrescentar conhecimento e experiência pra você.

Vamos crescer! É o que dizem analistas de empresas, presi-


dentes de países e nós no mercado. Entender e acreditar em cres-
cimentos exponenciais sem fim, e que “foguete não da ré”, é uma
tarefa complicada em um mundo onde somos bombardeados com
informações e notícias que impactam nosso desempenho e o do
mercado. Isso tudo, comumente, nos faz achar um gatilho escondi-
do e tomar uma decisão errada. Manter a calma, ter premissas e
elaborar análises de qualidade é o que nos faz crescer, entre altos
e baixos.

As movimentações no mercado e na vida são iguais a um ele-


trocardiograma, com topos e fundos, altos e baixos, e nessa cami-
nhada só não podemos deixar o gráfico como uma linha reta,

05
OVERVIEW
porque daí, já sabe... ou pelo menos assim consegue esperar em
paz aquele investimento que tem um tempo de retorno de 100
anos se pagar.

Toda semana mobilizamos nosso time quase inteiro para,


com muito orgulho, suor e verdade escrever esse Report que, para
mim, é a leitura preferida da semana. Espero que para vocês tam-
bém.

Até o próximo!

06
MERCADOS GLOBAIS

COM RODRIGO BEDIN

O QUE É?
A seção Mercados Globais tem por finalidade trazer os acontecimentos mais
relevantes da semana no mercado financeiro, incorporando análises, gráficos e
fatos para melhorar e aprofundar o entendimento.

SOBRE O RODRIGO BEDIN


Grande entusiasta do mercado financeiro, Rodrigo desde pequeno ouvia os números da
Bolsa de São Paulo e Rio de Janeiro divulgados no Jornal Nacional e fantasiava sobre o que
seria a vida de um operador de bolsa. A entrada na faculdade de economia não veio por
acaso, mas foi ao conseguir fazer a fotocópia da famosa apostila de análise técnica do
Márcio Noronha no início dos anos 2000 que ele encontrou uma porta de entrada para valer
para o mundo especulativo. O resto é história... de Trader a Sales, do varejo ao institucional,
front e back office, são 18 anos respirando e vivendo o mercado financeiro todos os dias. O
que ele conseguiu concluir por enquanto é que tudo se resume ao ser humano e sentimento
e que nunca devemos ignorar o elemento aleatório sempre presente.

activetrades.portugal rlima@activetrades.com

07
EUA, CHINA E A GLOBALIZAÇÃO!

O acordo comercial EUA-China Fase 1 foi assinado no dia 15 de Janeiro de 2020, poucos
dias antes de tomarmos conhecimento do novo vírus identificado na cidade de Wuhan, na Chi-
na, e que viria a transformar tudo o que vinha dali em diante.

O que veio depois todos sabemos, pandemia, bazooka fiscal e monetária de países e
bancos centrais pelo mundo e a realidade que estamos vivendo atualmente.

Naquele momento, no entanto, o acordo foi muito celebrado pois era um caminho que se
abria para apaziguar a guerra comercial que ganhava força entre as 2 maiores potências eco-
nômicas globais, a qual transformava não só a relação comercial entre ambos países mas, por
consequência, entre todos os demais.

A globalização estava sob forte ameaça depois de vários anos sendo fomentada pelas
principais economias do mundo.

Mais de um ano e meio depois e vemos que o comércio entre EUA e China, apesar da re-
tórica que se mantém de desencontros entre os governos de ambos países em várias áreas de
discussão, atinge níveis pré-guerra comercial.

A verdade é que existe uma discrepância enorme entre aquilo que é dito e discutido na
mídia e por vias diplomáticas e o que de fato acontece no dia a dia dos negócios, principal-
mente quando falamos de EUA.

Um bom exemplo disto é notarmos que entre 2019 e 2020 a relação comercial entre Chi-
na e EUA passou de 558,1 bilhões de dólares para 571,5 bilhões de dólares. Veja a primeira ta-
bela mostrada mais abaixo.

Isso porque estamos falando de 2020, o ano da Pandemia. E não foi a Fase 1 do acordo
comercial entre os 2 países o responsável por isto.

08
Muito ao contrário daquilo que imaginamos, houve várias mudanças na relação comerci-
al entre EUA e vários países do mundo, principalmente com a China, e mudanças que não se
resumem às quotas acordadas na compra de grãos e chips.

Boa parte dessas mudanças se justifica pela continuidade do processo de integração


das cadeias de produção globais. Sim, ainda vemos giga-factory da Tesla em Berlin, Iphones
sendo produzidos pela Foxxcon em Shanghai e por aí vai, o que é sem dúvida muito interes-
sante visto que a própria Pandemia fez governos do mundo inteiro repensarem sobre a neces-
sidade de internalização de certas cadeias produtivas de setores estratégicos.

Ou seja, apesar de muitos discursos contrários nos últimos anos, a Globalização não é
um processo que se interrompe de um dia para o outro, e nem uma guerra comercial ou a im-
posição de tarifas conseguem criar obstáculos à integração econômica global, como pensado
por muitos.

Os EUA em 2020 aumentaram sua participação no comércio global, diferentemente da-


quilo que discursos políticos nos fazem pensar.

Gráfico Total Trade EUA em 2020

Fonte: Bloomberg Terminal: ECTR <GO>; Dados extraídos em 28/07/2021

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Ainda mais interessante é perceber que os EUA fecharam o ano de 2020 como o maior
comprador de petróleo da Rússia. Logo a Rússia, seu arqui-inimigo e fonte de manipulação de
suas eleições, segundo dizem os próprios norte-americanos. E sem nenhuma surpresa vemos
na tabela a seguir os americanos posicionados como terceiro maior parceiro comercial da
Rússia em 2020, depois da China e Alemanha.

Gráfico Total Trade Rússia em 2020

Fonte: Bloomberg Terminal: ECTR <GO>; Dados extraídos em 28/07/2021

Muito pode mudar nos próximos anos nesse sentido. Ainda assim, é fundamental termos
em conta que, enquanto a geopolítica e a diplomacia são discutidas em público, negócios para
valer se mantêm à parte de toda essa retórica.

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COMPORTAMENTO NO
MERCADO

COM ANDRÉ PORTO

O QUE É?
A seção Comportamento no Mercado é destinada a tratar de um tema que im-
pacta diversas pessoas no Mercado, o comportamento.

SOBRE O ANDRÉ PORTO


Psicólogo, Psicanalista, futuro Neurologista e Trader de dólar futuro na B3. Traba-
lhou com atendimento clínico particular e a grupos vulneráveis no SUS, com mais
de 600 pacientes atendidos em clínica. Detém vários estudos no eixo das psico-
ses, ciúme patológico e transtornos obsessivos. Atualmente é Psicólogo Clínico,
Institucional e trader no SST.

andreportopsi andreporto@sst.trade

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ESTAFA MENTAL

Sabe aqueles dias em que você não tem ânimo para nada. Você sente um cansaço que
não se explica e toda a atividade habitual fica mais enfadada que o normal?

Esse é comumente um sintoma de estafa, seja ela física ou mental, e se caracteriza por
uma sensação de cansaço que torna qualquer atividade rotineira muito desgastante. É muito
comum a confusão entre estafa e estresse, mas ela é apenas um dos sintomas do estresse e,
quando não tratada, pode muito bem evoluir para uma estafa física ou mental. A estafa física
pode muito bem ser causada pelo excesso de atividades que demandam esforço físico, ou
ocasionada também pelo não tratamento da estafa mental. Os principais sintomas são apatia,
dores corporais, baixa resistência imunológica e distensões musculares.

A evolução desse quadro se dá a partir de um cansaço mental intenso. O cérebro abarro-


tado para de funcionar da maneira adequada, comprometendo a memória, o foco e a concen-
tração. Além disso, o nosso sistema nervoso se desregula e o cérebro passa a produzir muito
mais cortisol (hormônio clássico do estresse) e, por consequência, uma série de funções cere-
brais passam a ficar comprometidas.

Os efeitos da estafa mental resultam em baixíssimo rendimento profissional, além de


afetar significativamente todas as outras áreas, como por exemplo a vida social e afetiva.
Nem preciso falar de como isso afeta a performance e os resultados de quem trabalha no
mercado financeiro, não é?

Quando esse estado ou condição mental não é tratado, pode se transformar em vários
problemas de saúde considerados ainda mais graves. Para quaisquer tipos de estafa, é usual
ver a evolução deste quadro para problemas biológicos, tais como: diarreia, constipação, que-
das frequentes de cabelo, hipertensão arterial, crises fortes de ansiedade ou pânico, gastrites,
úlceras, arritmia e, até mesmo em casos mais graves, infartos. O empilhamento das tensões e
do cansaço faz com que nosso organismo trabalhe cada vez mais sob uma pressão que não
diminui, sobrecarregando e agravando várias das nossas funções corporais.

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Então... Como tratar os dois tipos de estafa?

O tratamento é praticamente o mesmo para tratamentos de estresse: relaxar. O descan-


so e a boa alimentação são imprescindíveis para evitar problemas mais graves relacionados à
saúde. As práticas de atividades físicas, ou o retorno a elas, é muito importante, porém o pro-
cesso deve ser gradual, respeitando nossos limites biológicos e sendo suportado por uma ali-
mentação mais leve e saudável.

Para o tratamento eficaz deste transtorno, é necessário afastar-se das tarefas que te dei-
xam exausto, dedicando, na medida do possível, mais tempo ao lazer e diversão. Para que vo-
cê não desenvolva esse transtorno no futuro, você precisa mudar o seu estilo de vida, reduzin-
do principalmente os sintomas de estresse.

É aí que entra o tratamento psicológico. Uma orientação junto ao acompanhamento psi-


canalítico pode ser uma ótima opção para manter a sua mente cada vez mais saudável. A psi-
coterapia é o mais apropriado tratamento para a estafa mental. Ela previne a sua evolução pa-
ra o burnout, auxiliando os pacientes a fazerem as mudanças necessárias em suas vidas.

Você já apresentou algum dos sintomas citados? Acha que pode estar sofrendo de algu-
ma maneira dos quadros apresentados? Respire! Relaxe! Diminua o ritmo e consulte um psicó-
logo de confiança.

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VISÃO DO CONFLUENCE

COM EDUARDO GARUFI

O QUE É?
Essa seção traz a análise gráfica de um ativo pela ótica do Confluence, uma for-
ma de entender e operar o mercado desenvolvida pelo Garufi.

SOBRE O EDUARDO GARUFI


Trader e Investidor há 6 anos, é especialista em gestão de risco e resultado.
Criador do maior EAD da Bolsa Brasileira, é reconhecido por ter criado o primeiro
conteúdo completo e de base para o trader e investidor sério.
Lidera o projeto BMAX dentro do SST, mentorando centenas de alunos que bus-
cam se especializar no mercado financeiro.

eduardo_garufi eduardo@sst.trade

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ANTES DE MAIS NADA...

Esta é minha visão pessoal, e se baseia única e exclusivamente em como enxergo o mer-
cado. Minha visão parte dos gráficos, "quase" exclusivamente.

Mas uma carteira que “preste” não deveria ter fundamentos que sustentem a decisão do
investimento? Depende.

Depende, antes de mais nada, do que você busca em seus investimentos. Minha escola
nos mercados vem dos gráficos, e partem deles as minhas decisões. Estou seguro que não
será assim por toda a minha carreira, mas nossos resultados hoje acontecem a partir de deci-
sões que tomamos ontem, e só continuarão a acontecer pelas decisões que tomaremos ama-
nhã. Então, hoje sempre será o dia de avaliar o que estamos fazendo e nos preparar para o que
faremos no futuro.

Pondo um fim em meu momento filosófico, o fato é que não há decisões erradas quando
elas são provadas por resultado. Isso é um pouco mais complexo de avaliar uma vez que a ruí-
na sempre está acenando para nós, e a vigilância eterna sempre será necessária. Tudo pode
ruir da noite para o dia se nós não tivermos um controle vigilante de nosso risco.

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PUT YOUR MONEY WHERE YOUR MOUTH IS...

Em tradução livre, “Coloque seu dinheiro onde está sua boca”. Ou seja, o termo Skin in the
Game é mais necessário do que nunca nos dias de hoje. Ter a pele no jogo é mais profundo do
que se possa imaginar ou do que propagandeia-se por aí.

Eu tenho o privilégio de poder arriscar meu próprio dinheiro e observar o resultado de mi-
nhas decisões. Muito inspirado no livro sobre o qual, por sinal, fiz uma excelente resenha em
nosso canal do YouTube, chamado Unknown Market Wizards e escrito por Jack Schwager, meu
estilo de operar baseia-se em assimetrias, onde quer que elas estejam.

Não é minha intenção dar o call para que você entre em uma ação ou tome uma decisão
ao mesmo tempo que eu. Esta prática está reservada para os Analistas CNPI certificados.

Posso, no entanto, compartilhar com você, caro leitor, meu sentimento, minhas decisões
e principalmente como anda meu estômago. Não acredito que más decisões venham da cabe-
ça, mas sim do estômago. É ele que devemos manter em xeque.

Com a possibilidade de compartilhar minha jornada nas ações americanas, você poderá
participar ativamente da jornada de um trader e investidor que sente na pele o preço de cada
decisão. Espero que você aproveite essa jornada comigo.

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CONFLUENCE

O Confluence é uma estratégia que busca encontrar pontos confluentes com diferentes
visões técnicas. Dentre os pontos que mais observamos estão:

• Pivot Point
• Retrações
• Médias
• VWAPs ancoradas

Ele tem como fundamento primário estar a favor de uma tendência bem definida, e nosso
ponto de entrada será uma correção saudável em confluência com mais de um ponto técnico.

Visão Fractal de Volatilidade com o Grid


Há muitos anos atrás, eu criei um conceito de olhar os gráficos com base na divisão dos
níveis de preço pela minha análise de volatilidade. Eu chamo de Grade, ou Grid em inglês.

Essa leitura sempre foi útil para me ajudar a encontrar pontos extremos no gráfico que
me dariam algum tipo de entrada, seja ele no curto prazo ou mesmo em trades mais longos,
no caso meus Swing Trades.

O Confluence, como estrutura operacional, pode usar do benefício da Grade para, em


conjunto com seus pontos importantes, achar oportunidades para operações longas ou curtas,
os chamados Scalps.

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INSIGHT DA SEMANA

Nessa semana eu pude compartilhar um pouco de minha experiência em gestão e falar


de um assunto pouco entendido pelos traders como um todo: o MEN e o MEP.

O MEN, que significa “Máxima Excursão Negativa” ou “Máxima Exposição Negativa”, é


simplesmente o quanto o mercado se movimentou contrário à sua posição, desde o momento
de sua entrada até o encerramento da posição.

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Gráfico Diário Activision Blizzard

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 04/08/2021

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Veja o exemplo acima, da Activision (ATVI). Os motivadores dessa compra eu deixo para
outra edição do Report. O que importa agora é mostrar o MEN atual da operação. Ela está em
aberto, com o Stop Loss na região dos $76,00. O MEN, nesse caso, são os 77 centavos que a
posição foi contrária à minha entrada (que foi em $78,58).

Apesar de um stop de $2,50 para esta oportunidade, apenas 77 centavos foi o MEN ATU-
AL. Ou seja, se eu encerrar esta operação agora, o mercado não foi sequer em 30% do tama-
nho do meu risco.

Mas para que serve isso, Garufi?

Serve especialmente para você começar a olhar para seus próprios trades e buscar iden-
tificar oportunidades de ajuste de risco:retorno. Ou seja, talvez seu stop esteja muito maior
que o necessário para o tipo de trade que você busca, ou até mesmo o contrário, muito curto
para o estilo de operação que você constrói.

Fazendo um exercício de entender o quanto o mercado anda contrário à sua posição, tan-
to nos bons trades como nos trades ruins, você poderá ser capaz de achar oportunidade de ter
um risco técnico muitas vezes menor do que pensa.

Mas cuidado! Olhar o MEN e fazer conta de padaria, que só bastava reduzir seu stop para
ficar rico rápido, pode ser uma grande pegadinha.

Sempre que olharmos o nosso histórico de trade, vamos ver que as boas operações ge-
ralmente andaram pouco contra a nossa posição, PORÉM é importante olhar para o meio,
aquelas operações médias, que andaram um tanto contra a gente mas deram algum lucro.

Imagine um cenário onde você tem um stop loss no índice futuro de, por exemplo, 500
pontos. Ao olhar suas últimas 100 operações, você percebe que os melhores trades não an-
dam mais do que 100 pontos contrários à sua posição.

Seu primeiro pensamento será: “Vou mudar meu stop para 100 pontos”. Certo? Errado!

Existirá sempre o que eu chamo de “trades do meio”. São eles que definirão se é possível
otimizar ou não seu gerenciamento.

Os “trades do meio” são aqueles que, por exemplo, andaram 250 pontos contra sua posi-
ção mas eventualmente te deram lucro.

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Se você só olhar para os campeões, todos os outros automaticamente passam a ter os
100 pontos de loss.

Por isso, é importante, sempre que olhar o MEN, lembrar que em qualquer simulação que
você faça, haverá um sacrifício em operações que antes foram vencedoras e que se transfor-
mam em um stop. Nesse caso, esses novos stops têm que ir para a conta para, no final, definir
se de fato a otimização vale a pena.

É um exercício de tentativa e erro, em uma boa e velha planilha, para quem sabe achar
uma maneira de otimizar sua gestão.

Na próxima edição, eu vou falar do MEP, para que nós, juntos, possamos definir se o seu
stop está curto demais ou eventualmente se o seu alvo não faz sentido.

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PISKELINES

COM ALEX PISKE

O QUE É?
Essa seção traz a análise gráfico de um ativo pela ótica das Piskelines, uma for-
ma de entender e operar o mercado desenvolvida pelo Piske.

SOBRE O ALEX PISKE


Membro do SST desde o ano de 2017, com sistema operacional baseado em leitu-
ra gráfica fractal com linhas de canais, tanto em day trade quanto em swing trade.
É professor e tutor BMAX desde o final do ano de 2019.

alexpiske

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PISKELINES (UMA VISÃO FRACTAL SOBRE GRÁFICOS)

Análise de trade: venda na primeira barra do dia.

Segue abaixo um trade realizado por uma barra de sinal:

Gráfico 5 minutos Mini Índice Futuro

Fonte: MetaTrader; Dados extraídos em 03/08/2021

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Sempre observo o leilão para ver se ele está muito volátil ou em alguma região importan-
te.

O mercado abriu em uma região que poderia ser um teste de um ponto rompido, um pou-
co abaixo, como está na imagem.

Eu estava esperando um pouco mais acima, pois apesar da região ser interessante, ela
também pode ser traiçoeira, principalmente se eu considerar o mercado tentando ir acima de
uma região de 50% em um contexto maior sem direção. Fico atento em dobro nesses casos.

O preço não chegou no ponto que eu esperava para uma possível entrada de ordem li-
mit.

O fechamento da primeira barra foi muito bom pra me mostrar uma possível falha na re-
gião.

Muitas vezes não entro em um primeiro sinal de operação, principalmente no início do


dia, mas julguei a barra boa o suficiente para uma primeira entrada válida.

Alvo 1 da operação bem viável pela distância do mesmo ser menor que a mínima do mo-
vimento anterior.

Pela natureza da operação ser de ordem stop (venda abaixo da barra), tinha um alvo pos-
sível de 2 a 3 vezes o tamanho da mesma, isso é muito bom pra esse trade.

O preço desenvolveu bem após a entrada no trade, porém optei por não entrar com o res-
tante da mão possível, pois tinha um bom trade em tamanho, o que me daria um resultado fi-
nanceiro bom para poder parar o dia com apenas essa operação.

O preço desenvolveu até o primeiro alvo com uma boa força vendedora, então optei por
realizar ele no alvo de 2 vezes o tamanho do stop, e realmente essa acabou sendo a única ope-
ração do dia no índice, tirando uma operação perdedora no início do dia no S&P fechei o dia
com 2/3 do objetivo, menos do que gostaria, mas depois me dispersei com outros afazeres e
preferi esperar o próximo dia.

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VISÃO DE MERCADO DO
MANGUEIRA

COM RENAN MANGUEIRA

O QUE É?
Esta seção vai trazer análises de mercado para o Índice e o Dólar, no diário e
semanal, dando uma visão macro de mercado, e que também pode ser aplicada
na leitura intraday.

SOBRE O RENAN MANGUEIRA


Engenheiro e técnico em Mecânica formado, ingressou no mercado em 2017,
quando decidiu se profissionalizar e rentabilizar o próprio capital. Desde então,
tem passado os anos desenvolvendo a sua visão e o seu operacional, e a partir de
2019 vem ensinando tudo isso na BMAX.

renanmangueira

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VISÃO DE MERCADO DO MANGUEIRA

Introdução
Trazendo a minha personalidade para o meu trabalho, e refletindo sobre a forma que eu
vejo o mercado e como eu gerencio os meus diversos trades pelo dia: esse sempre foi o meu
objetivo, principalmente desde que decidi me profissionalizar.

Em relação à minha personalidade, eu sou uma pessoa muito objetiva e, por conta disso,
nunca consegui aceitar as faltas de respostas no mercado. E isso é algo que mantenho até
hoje. Pelo fato de nunca achar que o que eu queria no mercado viria apenas “com o tempo”, eu
decidi realmente mergulhar as mãos na lama e cavar até encontrar. Fazendo isso, eu descobri
que realmente alguns entendimentos necessitam de tempo sim, mas muito mais do que ima-
ginei pode ser aprendido através de literalmente milhares de horas em frente à uma tela de
computador. Esse tempo em horas quase ninguém fala, afinal todos querem ir pro céu, mas
ninguém quer morrer. Com tantas horas gastando a vista em frente a uma tela, e com a perso-
nalidade que já citei, acabei procurando motivos concretos pras coisas acontecerem, ao invés
de apenas justificar com um “nesse caso, estava claro”. Comecei a planilhar cada caso e, com
a ajuda dos experts da BMAX, fizemos mais de 50 mil operações com diversos gerenciamen-
tos e com diversas visões de mercado aplicadas.

Com isso, acabei desenvolvendo uma forma de leitura que se aplica não só ao Índice e
ao Dólar no intraday, mas também pode ser aplicado em qualquer tempo gráfico ou qualquer
outro ativo.

Essa é uma introdução que será permanente, para que novos leitores possam entender,
caso você já acompanhe o Report, pode pular.

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Gráfico Diário Mini Dólar Futuro

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 30/07/2021

Começando pelo Dólar, e como eu havia comentado antes, a probabilidade maior após o
pullback profundo da barra 128 até a 133 era que, após um teste da máxima, a ponta vendedo-
ra tentasse algum tipo de topo duplo ou topo mais baixo, após a quebra de micro canal e o fe-
chamento da barra 136. A probabilidade era de algum tipo de novo teste na média, e foi o que
tivemos na barra 139. Sequência vendedora dominante, forte o suficiente para o teste de um
suporte anterior. Nesse caso, teríamos a mínima da barra 132, a mínima da barra 123 ou a mí-
nima da barra 119. Como em consolidações os suportes e resistências se tornam pontos de
realização dominantes, com a barra 142 não demonstrando dominância, a ponta contrária to-
ma o controle.

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Desde a pernada até a 128, tivemos 3 barras que romperam acima: a primeira acima da
133, a segunda após a 137, e agora a terceira quebra de micro canal acima da 142. Portanto,
estou aguardando mais informações e, no mínimo, uma sequência dominante compradora pa-
ra termos alguma inércia. Porém, assim como os suportes foram pontos de realização, as re-
sistências também se tornam pontos de realização para a ponta compradora.

Gráfico Semanal Mini Dólar Futuro

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 30/07/2021

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Ainda no Dólar, e analisando a nova informação que tivemos no semanal, o rompimento
abaixo da 29 ativou o micro topo duplo. Porém, mesmo assim, o suporte abaixo da 29 foi um
ponto de realização dominante. O cenário então se confirmou para um contexto mais consoli-
dado, principalmente por não demonstrar inércia para nenhuma ponta desde então. Um motivo
de eu gostar de ver as barras fecharem, não só no intraday mas quanto em qualquer gráfico, é
a mudança que ocorre nos últimos momentos de decisão daquela barra. No exemplo acima,
temos a barra 30 que, apesar de ser uma barra semanal, até quinta feira era uma barra vende-
dora fechando na mínima.

Gráfico Diário Mini Índice Futuro

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 30/07/2021

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Agora, analisando o Índice no diário. Tivemos um pullback mais profundo da barra 134
até a 137, e a probabilidade de um teste na média era alta. Não houve esse teste na barra 138,
que foi uma outside, porém a pernada foi forte o suficiente para, no mínimo, uma segunda per-
nada, que ocorreu da mínima da 140 até a máxima da 142. Com o nosso teste na média e a
barra 142 se tornando uma outside vendedora, houve a formação de um topo duplo, e a segun-
da tentativa de rompimento de micro canal após o pullback (a primeira tentativa abaixo da 137
e a segunda abaixo da 141). Nesse contexto, é a situação perfeita para a ponta a favor de se
tornar dominante. Essa situação não ocorreu no gráfico semanal, mostrado mais abaixo. Nor-
malmente quando um topo duplo ou fundo duplo dessa forma falha, o contexto tende a ser
consolidado pelas próximas barras.

Gráfico Semanal Mini Índice Futuro

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 30/07/2021

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Como havia comentado, no semanal tivemos um pullback mais profundo após a barra
23. Então, na semana 30, com o rompimento acima da 29, foi criado um ponto de possível
inércia para a ponta compradora. Porém, como a ponta compradora não teve força suficiente
para continuar o movimento, a maior probabilidade passou a ser de algum tipo de consolida-
ção.

Em consolidações, os suportes e resistências tendem a ser testados, tal como o suporte


da mínima da 18, ou da mínima da 12. Porém, a barra 30 foi uma outside, e isso não é sinal de
força. Para irmos mais abaixo, ainda é necessária uma sequência dominante de barras fechan-
do após a metade, ou algum tipo de mercado colapsando. Por enquanto, ainda espero mais
informações no semanal dos dois ativos.

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PORTFÓLIOS

EDUARDO GARUFI JOÃO HOMEM ALEX PISKE

O QUE É?
Essa seção vai trazer maiores informações e análises dos portfólios MAN11
(João Homem), Piskelines (Alex Piske) e Selection USA (Eduardo Garufi), cria-
dos e geridos com toda a experiência e o conhecimento de cada um.

SOBRE O GRUPO
João, Garufi e Piske, especialistas do SST, possuem visões e interpretações pró-
prias do Mercado. Na composição de seus portfólios são aplicadas análises
baseadas na filosofia de investimentos de cada um.

sst.trade contato@sst.trade

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PISKELINES PORTFOLIO por Alex Piske

Introdução
Contextualizando aqui minha visão e objetivo com operações de swing trade:

Chamar de carteira não é algo que seja natural no meu pensamento. Penso mais na ideia
de carteira como sendo algo pra longo prazo, porém são detalhes que, no final das contas, não
vão fazer diferença. É mais sobre o que você faz e não sobre como você chama. Dito isto, va-
mos para alguns detalhes que merecem ser mencionados aqui.

Na minha visão, swing trade é como um animal diferente dentro do zoológico do merca-
do financeiro, um animal diferente do day trade. Passamos muito tempo estudando coisas que
foram e são pensadas com gráficos diários, semanais e até mensais. Num tempo não tão dis-
tante, não tínhamos a velocidade de acesso aos dados de negociação e, por isso, não podía-
mos contar com essa velocidade a nosso favor. Isso impossibilitava muito a realização de
operações intra-diárias. Não que não fosse possível, mas a consistência e constância de ope-
rações era algo limitado e difícil de se obter.

Tudo era muito incerto!

Com a entrada de computadores e, mais além, da inteligência artificial, comandando ro-


bôs de alta frequência e aumentando gradativamente a liquidez de vários ativos, tornou-se
possível operações de day trade.

Mas onde quero chegar é no fato de que o day trade tem, na sua essência, coisas que
não são tão latentes no swing trade. Não só no fato de potencializar ações, alavancagem, po-
der gerar mais ansiedade e por aí vai...

Técnicas diferentes das “tradicionais” foram e continuarão surgindo ao longo do tempo.


O olhar apurado do operador deu um salto na questão de possibilidades num nível impensável
tempos atrás.

33
Penso que sim, é possível adaptar técnicas utilizadas em day trade para as operações de
swing trade, talvez com leves alterações. Mas sim, é bem provável que se você consegue ob-
ter lucros no day trade, você terá algo a mais que uma pessoa que vai diretamente para swing
trade não terá. Isso é apenas uma constatação pessoal e talvez temporária. Não leve como
verdade absoluta, apenas reflita!

Sobre a técnica
Resolvi, ao invés de ir buscar estratégias novas ou mais clássicas para as operações em
gráficos diários e/ou semanais, buscar no que eu já fazia e tinha intimidade para “adaptar” pa-
ra esse novo momento.

A mesma visão fractal que busco no day trade, busco no swing trade, mas com algumas
nuances próprias.

A busca pelo contexto: O mercado de ações tem algumas diferenças fundamentais em


relação ao mercado de futuros. A principal delas, no meu modo operacional, é a volatilidade,
que está muito mais presente nos mercados futuros que no acionário. Isso não muda a forma
como eu analiso antes de tomar uma decisão, mas reflete uma característica fundamental.
Por isso, optei por buscar operações predominantemente no lado comprador, porém sem dei-
xar de lado a possibilidade de operar vendido.

A mesma visão fractal é aplicada, mas dando foco em correções de movimentos ou fun-
dos de movimentos com características de consolidação.

Seguindo a ideia de apresentar para você o que é mais próximo da realidade, não seria
justo e nem honesto chegar e dizer: ah, teve tal operação, tal acerto miraculoso ou mostrar um
resultado totalmente fora da realidade de um trader de verdade.

Sim, existem aqueles trades lindos, que se contar ninguém acredita, mas são poucos, ra-
ros e não são um objetivo, pois sempre que se persegue um objetivo raro e difícil (mais do que
já é por natureza) as chances de você ficar pelo caminho aumentam exponencialmente, ainda
mais se seu dinheiro for finito!

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Os passos para a escolha de uma operação são relativamente simples quando já se sabe
o que buscar, mas a disciplina de entrar ou não em uma operação, seguir o seu planejamento
e não agir por impulso têm que ser maiores que qualquer vontade.

Como minhas operações se dão na casa do gráfico semanal, é natural que não existam
operações abertas a todo tempo. E quem dita esse ritmo não sou eu, é o próprio mercado.

“Mas, no que respeita ao universo, ainda


não adquiri a certeza absoluta.”
(Albert Einstein)

Estou com algumas posições em aberto que assim que concluídas compartilho com vo-
cês o resultado, mas aproveito esse momento para compartilhar o que aconteceu comigo es-
sa semana, apesar de ter sido no day trade, para lembrarem todos os dias de estar alerta.

Partindo da incerteza absoluta, eu diria que existem duas coisas em que não se pode
confiar, a primeira é no mercado e a segunda é em vocês mesmo. Se estão só você e o merca-
do no dia a dia, logo, desconfie de tudo, mas primeiramente de você!

Nada tem o potencial destrutivo no mercado maior do que você mesmo!

Bom, com essas ponderações nada animadoras eu quero te mostrar uma coisa tão sim-
ples quanto difícil de se fazer, abandonar uma operação... dar um tempo... sair da frente da
tela por um tempo.

Quando estou no mercado, ou esperando que algo aconteça, é importante que se apre-
sente as condições de um trade ser realizado, não apenas eu “sentir que”. Mas esse é um sen-
timento que vem, ele aparece quando você menos espera e não encontrei até hoje uma forma
de eliminar ele, provavelmente não há!

Mas assim como as premissas operacionais são de suma importância, as “premissas


emocionais” também são. São elas que seguram as pontas de muitos gatilhos que acionamos

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ao sentar na frente do computador.

Não vou nem me dar ao trabalho de tentar explicar as entradas no S&P abaixo, pois seria
algo inútil, pois elas não tem uma clara relação com o que eu busco analisar para poder entrar
em uma operação.

Mas então por que eu as fiz? Eis a pergunta de mais de um milhão!

Mais importante do que saber o motivo de ter feito elas é saber que não deveriam ter si-
do feitas. Com essa premissa, que parece operacional, até pode considerar, mas o fim é o que
importa: “ao reconhecer o erro, pule do barco antes que ele esteja muito longe”.

Raio-X do evento: por algum motivo achei que seria um movimento forte de baixa e entrei
vendido, o mercado estava estranho, com o spread maior que o habitual e isso me chamou a
atenção.

Acabei perdendo um pouco o racional e ao ver uma falha saí da operação e entrei na pon-
ta compradora, mesmo vendo que a localização para um trade comprador estava ruim e aliada
a um spread alto para o momento.

Lembro que busquei diversos motivos para permanecer no trade, até que me dei conta
do óbvio: eu não deveria estar no trade.

Em um lapso de consciência saí do trade, chateado e contrariado, mas saí... do trade, da


cadeira, da sala...

Essa decisão é sempre difícil e esses momentos voltarão a acontecer, sei que o que me
resta é lembrar deles, não a ponto de travar minhas operações, mas a ponto de ter a atitude
correta que o momento exige!

É complicado falar de algo assim, que não pode ser eliminado, apenas controlado, e se
você descuidar isso volta! O mercado realmente exige muito, mas mais que a técnica em si,
exige controle, atenção, desconfiança na medida certa, coragem e atitude. Não é fácil, mas
quando o resultado do todo aparece como positivo, você se sente realizado de uma forma in-
descritível. Quando você chegar nesse ponto, cuidado com o ego, um monstro realmente de-
vastador no mercado, mas ele eu deixo pra outra resenha...

Deixo abaixo a ilustração, tão breve quanto intensa!

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Gráfico 5 minutos S&P500 Futuro

Fonte: MetaTrader; Dados extraídos em 03/08/2021

Início da Carteira Piskelines Portfolio: 10 de Maio de 2021

Rentabilidade Acumulada Brasil: 18,57%

Rentabilidade Acumulada Exterior: 3,63%

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MAN11 PORFOLIO por João Homem

Prólogo
O “Fundo MAN11” não é na verdade um Fundo de Investimento devidamente registrado e
certificado.

Trata-se apenas de uma conta de investimentos, direcionada exclusivamente para a ges-


tão de um portfólio próprio de ativos.

Sendo assim, não se trata de um Fundo aberto ao público e não tem como comprar cotas
ou fazer parte desse Fundo.

O objetivo da exposição deste “Fundo” é de quebrar as barreiras psicológicas que exis-


tem no varejo do Mercado Financeiro brasileiro, onde gurus ditam o que é verdade, o que é
possível, o que funciona e vice-versa.

O Fundo MAN11 tem visão de longo prazo na aquisição de seus ativos, enquanto as pre-
missas e fundamentos destes forem mantidos, com o objetivo de performar acima do bench-
mark (Stock Picking). Investimos ou especulamos também em moeda estrangeira, ativos anti-
cíclicos e em ativos de baixa volatilidade. Por outro lado, com a intenção de uma performance
mais alfa, especulamos nos Mercados Futuros brasileiros e em índices diversos nos Mercados
Internacionais.

Temos como filosofia de investimentos estarmos sempre atentos aos fundamentos e


indicadores macroeconômicos, com o objetivo de nos situarmos em qual ciclo e em qual fase
deste ciclo estamos. Além disso, buscamos assimetrias, confluências e divergências, nos
mais diferentes mercados e nos mais diversos ativos.

Visamos o acúmulo de ativos de valor nas fases em que aumentam-se as margens de


segurança de cada um deles. Adicionalmente, visando a performance, especulamos no curto
ou curtíssimo prazo com uma gestão de risco baseada no histórico dessas operações e na
fatia de capital destinada a essa especulação.

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Seria uma bela lâmina num Hedge Fund de verdade hein?!

Nesta seção, pretendo expor os relatórios do meu portfólio, abordar estratégias, experi-
ência prática e teorias referentes à gestão de portfólio.

Enxergar meus investimentos como se fossem um Hedge Fund aberto ao público me fez
buscar mais, tanto em conhecimento quanto em performance e responsabilidade.

Sendo assim, o objetivo aqui é te motivar, te dar ferramentas teóricas e práticas, e te ins-
pirar a fazer o mesmo com seus próprios investimentos.

Sim, a Gente Investe e Especula.


Bom, já falei que às vezes essa seção será mais parada que um Marea Turbo na oficina,
mas algumas coisas vêm movimentando um pouco isso aqui.

Temporada de resultados nos mercados é sempre tiro, porrada e bomba pra tudo quanto
é lado. Não dá pra antecipar. Você precisa analisar os resultados e esquecer a oscilação, seja
ela boa ou ruim. É bem difícil executar a cartilha quando no circo você é bombardeado por he-
adlines criadas exatamente para chamar sua atenção. Afinal de contas, a atenção paga bem
ao bolso do dono da headline.

Mas vamos lá…

Desde o IPO do Banco Modal que eu desejava de alguma forma participar das negocia-
ções desse ativo, a quem já ajudei tanto em sua evolução e desenvolvimento. Nós que vive-
mos mercado financeiro 24h por dia, podemos entender muito bem do negócio das corretoras
e bancos, e creio que isso ajuda bastante a enxergar oportunidades. Durante muito tempo, eu
tinha como hobby: ir na Modal à tarde, só pra passear. Vi tudo acontecer ali e dei meus pitacos
em muitas decisões deles.

O próprio Peter Lynch falava pra gente se atentar aos negócios em que fôssemos consu-
midores e que conseguíssemos entender como tudo funcionava. Acho que eu entendo um
pouquinho sobre como funciona a Modal.

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Porém, o preço do IPO não se encaixava na filosofia de investimentos da MAN11 e, por
isso, eu fiquei ali cercando o MODL11, até ver uma oportunidade especulativa no dia 03/08, e
assim comprei um cadim pra chamar de meu.

Gostaria de ter comprado mais, porém preciso de liquidez nesse momento e não pude
me dar a esse luxo. A intenção é de que seja apenas um trade, mas se tiver algum galho pra
me pendurar esses lotes no decorrer do trade, mantenho a posição.

É isso! Provavelmente nada acontecerá na próxima semana, ou não...

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CARTEIRA SELECTION USA por Eduardo Garufi

Introdução
A Carteira Selection USA foi criada por mim com um objetivo principal: aumentar a minha
exposição em renda variável com menos risco, porém com um alto potencial de assimetria po-
sitiva.

O que isso significa? Imagine a cotação de uma moeda versus outra moeda. Euro versus
o Dólar Americano, por exemplo. Imagina-se que em economias relativamente estáveis nor-
malmente a cotação não tenha grandes variações ao longo do tempo. Existe uma faixa que
historicamente o preço está. Neste sentido, buscar uma exposição nestes ativos pode ser uma
estratégia interessante para proteção de carteira ou para diversificação, mas quando falamos
de alta assimetria positiva, a conversa é outra.

Chamo de alta assimetria positiva o fato de uma ação saltar de US$70,00 para
US$560,00 em 10 meses (Vide caso do Zoom, cujo ticker é ZM, entre Janeiro e Outubro de
2020). Isso acontece em poucos ativos, e o principal deles são as ações, as americanas em
especial, pelo número de oportunidades existentes.

Minha ideia de ir para o mercado de ações americano busca atingir, além da alta assime-
tria positiva, outro importante objetivo: exposição em moeda forte, neste caso, o Dólar Ameri-
cano.

Warren Buffett disse: “Do not bet against America”. Em português, “Não aposte contra a
América”. É fato que ele tem histórico e uma fortuna acumulada para ter certeza do que está
falando. Mas o futuro sempre será incerto. O fato é que o investidor deve buscar encontrar
dentro de si as razões fundamentais para qualquer decisão, e hoje minha crença é forte no
sentido de que, por mais que haja uma forte ameaça da China, a América ainda é a América.

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Na Carteira Selection USA, as operações são exclusivamente na ponta compradora. As-
sim, em ciclos baixistas mais fortes, é muito provável que fiquemos com mais caixa do que
posições abertas, justamente pela natureza de rápida reação que as estratégias possuem.

Como minha carteira é formada


A carteira é composta por 2 estratégias distintas. A primeira é baseada em meu operaci-
onal chamado “Road Runner”, que tem como base operar padrões a partir da ótica de VWAPs
Ancoradas. A segunda estratégia é baseada no já conhecido Confluence, que tem como base
fundamental buscar oportunidades em preços que confluem com diversas escolas de análise
técnica. Uso também as VWAPs Ancoradas no Confluence para sustentar a decisão de entra-
da.

VWAPs Ancoradas
Não posso deixar de dar o devido crédito ao Bran Shannon, trader americano que difun-
diu o conceito de Anchored VWAPs nos EUA, já há alguns anos.

Do que se trata a VWAP Ancorada? Se você não conhece a VWAP, comecemos por aí.

VWAP é o acrônimo de Volume Weighted Average Price, ou Preço Médio Ponderado pelo
Volume. É uma média que não só utiliza o preço, como nas médias tradicionais, mas também
considera em seu cálculo o volume em cada um dos períodos.

O mais interessante da VWAP é que ela é “quase” indiferente ao tempo gráfico, ou seja, é
apresentada basicamente no mesmo preço, independentemente de qual tempo gráfico você
esteja observando. A palavra “quase” à qual me referi se deve à pequena variação que as pla-
taformas poderão ter em seus cálculos.

Diferentemente das médias tradicionais, que precisam de um número de períodos para


seu cálculo, a VWAP utiliza o ponto de ancoragem para um cálculo contínuo e ponderado.

Isto significa que desde o “nascimento” da VWAP em seu gráfico, a plataforma calcula
continuamente seu preço ponderado utilizando o volume.

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VWAP Diária no Mini Índice Futuro

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 25/06/2021

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Na imagem acima, o que os traders comumente chamam de VWAP é, na verdade, uma
VWAP ancorada no primeiro minuto do pregão. Também tem o nome de VWAP Diária.

Todas as VWAPs são ancoradas em algo. Na ordem de preferência dos traders, observa-
mos as VWAPs diárias, semanais e mensais.

Mas não para por aí. Criei uma maneira minha, totalmente minha, de encontrar outros
pontos que me auxiliam a encontrar pontos de entrada e saída eficientes.

Road Runner e os padrões em VWAPs Ancoradas


Este é um dos operacionais que utilizo para minhas decisões na Carteira Selection USA.
Com esta visão técnica, busco oportunidades em ações Small Caps ou Micro Caps que via de
regra têm os seguintes filtros fundamentais:

• Preço inferior a US$5,00


• Volume médio nos últimos 90 dias superior a US$1 milhão por dia
• Padrões gráficos com confirmações de VWAPs ancoradas
• Sub-filtros de volume de 10 dias, se necessário

O número de papéis disponíveis no mercado americano, com estes filtros, é enorme. Se


considerarmos as ações abaixo de 5 dólares, estamos falando de cerca de milhares de ações.
Mas não seria suficiente para o sucesso do operacional apenas olhar o preço. Ser barato não é
tudo para uma estratégia lucrativa.

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Confluence
O Confluence é uma estratégia que busca encontrar pontos confluentes com diferentes
visões técnicas. Dentre os pontos que mais observamos estão:

• Pivot Point
• Retrações
• Médias
• VWAPs ancoradas
• Separação fractal com a visão da Grade (recém integrado)

Ele tem como fundamento primário estar a favor de uma tendência bem definida, e nosso
ponto de entrada será uma correção saudável em confluência com mais de um ponto técnico.

Balanceamento e diversificação
Para cada uma das estratégias, busco me posicionar em 10 papéis, totalizando 20 ações
na Carteira Selection USA.

As ações Road Runner não utilizam alavancagem, sendo as posições montadas à vista.
Para o Confluence, trabalho com 5x de alavancagem.

E por esta razão, 66,6% do capital está alocado para os papéis Road Runner e os 33,3%
restantes estão alocados no Confluence. Desta forma, eu crio ao mesmo tempo uma assime-
tria de alocação, dando ao Road Runner a oportunidade de buscar resultados significativos em
oportunidades de grande valorização, enquanto o Confluence, com o poder da alavancagem,
está olhando para ações com preços mais altos e com oportunidades gráficas mais claras.

O risco sistêmico é bastante controlado, uma vez que as ações alocadas para o Road
Runner não sofrem com fortes oscilações do mercado, se comparadas com ações mais con-
solidadas que normalmente indexam os principais índices de mercado.

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Um agradecimento…
Aos meus Experts BMAX, meus alunos que mais se destacaram, e hoje me apoiam tanto
na seleção como no controle da carteira, assim como nos trades do dia-a-dia.

Status: 01 de Agosto de 2021


Essa carteira está em contínua formação e gerenciamento, uma vez que as piores opor-
tunidades são encerradas em questão de poucos dias, enquanto as alocações mais rentáveis
podem durar semanas ou meses.

Início da Carteira Selection USA: 09 de Junho de 2021

Rentabilidade Acumulada Total: -4,12%

Rentabilidade Acumulada Road Runner: -10,12%

Rentabilidade Acumulada Confluence: 5,53%

Esta semana, passei totalmente líquido, o que significa que estou com meu capital dispo-
nível para novas operações.

Algumas oportunidades no Confluence que venho observando são em Adobe, HP e Whirl-


pool.

Ao buscar oportunidades pelo Confluence, eu gosto de ver o mercado formando 2 cená-


rios: tendência clara ou correção profunda em bandeira.

No primeiro cenário, vejo a ação em uma tendência clara, fazendo correções pouco pro-
fundas e logo retomando o movimento. Nesse caso, olho para a média mais rápida, nesse ca-
so, a de 20 períodos no gráfico diário. Busco neste caso observar quando houve uma correção
mais complexa ou mesmo uma lateralização, para criar então na minha cabeça a ideia de uma
forte tendência. Mas, Garufi, pode a qualquer hora cair forte, não é? Sim, pode sim. É para isso
que serve nosso stop de proteção. Eu acredito muito na inércia que o mercado tem, e busco
explorar ao máximo esse conceito a meu favor.

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Gráfico Diário Adobe

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 04/08/2021

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A Adobe, como muitos sabem, é um fabricante de softwares, famoso por fazer as pesso-
as parecerem diferentes do que são, com o seu famoso Photoshop (piada ácida aqui…).

Além do Photoshop, a Adobe conta com uma infinidade de softwares voltados para edi-
ção, arte etc. É a queridinha dos donos de Mac que trabalham com edição.

Em 17 de Junho, a empresa declarou rendimentos acima do esperado pelo mercado,


com um EPS (Earnings Per Share - Lucro por Ação) de $3,03, versus a expectativa de mercado
de $2,81.

Olhando para o gráfico fica bastante clara a tendência que a Adobe vem firmemente de-
senhando. Estou buscando um ponto de entrada nessa pequena lateralização que ela forma
no topo. Claro, observo também se eventualmente este não será o ponto que ela irá corrigir
mais forte. Se for o caso, esperarei um pouco mais.

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Gráfico Diário HP

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 04/08/2021

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O segundo cenário que mencionei é o de correção profunda. Podemos somente chamar
algo de correção profunda, e não de reversão, quando, ao observarmos o gráfico, identificar-
mos antes de tudo uma tendência clara. No caso acima, da HP, desde outubro do ano passado
ela vem desenvolvendo um movimento forte e definido.

Qualquer coisa entre 40% e 50% de correção da pernada não deveria, ainda, ser visto co-
mo uma reversão, e sim como uma possível correção profunda com realizações. Especialmen-
te ao olharmos a média de 200 períodos, que no gráfico diário tem um significado especial.

Espero na HP uma quebra desse movimento de baixa, que me mostra um tipo de 3 pus-
hes, ou seja, um movimento em 3 puxadas, que geralmente me instiga a plotar a minha grade
de volatilidade e comprar bem baixo. Mas isso fica para outro Report.

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Gráfico Diário Whirlpool

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 04/08/2021

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Já ouviu falar da Brastemp e Consul? Pois é, foram compradas há muitos anos atrás pela
gigante americana Whirlpool, marca essa que está na cabeça de todos os americanos que al-
guma vez compraram uma geladeira ou máquina de lavar roupas.

Dia 20 de Julho a empresa declarou rendimentos 10% acima do consenso de mercado,


mostrando que busca uma recuperação depois de uma profunda correção graças à pandemia.

O mercado não reage necessariamente às boas notícias subindo, ou às más notícias des-
cendo. A dinâmica nem sempre é essa (muito poucas vezes é assim, pra falar a verdade).

Os investidores que colocam seu rico dinheirinho em uma ação buscam ficar
“antenados” aos acontecimentos das empresas que investem. Por isso, muitas vezes uma de-
claração de rendimentos só serve para que esse ativo se torne mais líquido, permitindo redu-
ção ou o movimento facilitado da posição dos grandes e bem informados (melhor informados
que a maioria, claro) investidores.

Graficamente falando, o cenário é o pior dos 3 que trago neste Report, porém um padrão
que gosto muito se apresenta na ação: um fundo duplo, próximo da média de 200 períodos,
após uma correção de um movimento recente.

Apesar de ter bastante “confusão” no preço até março deste ano, podemos ver uma ten-
tativa de recuperação do papel seguido de uma correção bem profunda. Mas o que me instiga
a buscar uma oportunidade nela é o fato que o padrão que ela constrói me mostra a possível
oportunidade de uma operação com risco bem curto, porém com assimetria bem positiva, bus-
cando um alvo próximo das máximas anteriores.

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ANALISANDO OS FATOS

COM FILIPE MANO

O QUE É?
Essa seção tem por finalidade abordar uma notícia, um acontecimento, um per-
sonagem de mercado ou uma referência bibliográfica, trazendo análises e infor-
mações complementares e que vão além do senso comum.

SOBRE O FILIPE MANO


Filipe é empresário, fez a sua primeira operação em bolsa nos idos de 1999, e se
considera um membro devoto do SST. Entrou na comunidade em 2017, opera atra-
vés de análise técnica, lê menos do que gostaria (e vai morrer achando isso),
aprende muito no SST e não tem qualquer verdade absoluta pra contar.

lfrmano

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A GUERRA DOS MUNDOS

Desde a adolescência, tenho um fascínio por bibliotecas. As intermináveis obrigações


profissionais e até as restrições impostas pela pandemia me deixaram mais longe do prazer
de andar vagarosamente pelos corredores estreitos de uma biblioteca, ler o título e o autor de
cada livro ordenadamente guardado nas estantes, escolher alguns para folhear ali mesmo no
corredor e decidir pela leitura mais longa de um deles. Limitações que eu não tinha na metade
do ano 2000.

Na virada do século, eu realizava compras esporádicas de ações na bolsa. Havia decidi-


do pragmaticamente que só assumiria riscos maiores com mais estudo e mais tempo de ob-
servação do mercado (vou logo avisando que toda essa sensatez no início não me livrou de
erros marcantes mais tarde). A escola fundamentalista era soberana e já contava com inúme-
ras referências nacionais e internacionais. A análise técnica, como é até hoje, era sedutora por
conta do seu apelo visual, mas tinha poucas referências no país. Não era fácil achar material
de estudo, quase todo em inglês naquela época. Além disso, existia uma constante desconfi-
ança por parte da turma da escola fundamentalista em relação à análise gráfica. As duas es-
colas praticamente não se falavam, em uma guerra de narrativas de parte a parte que não le-
vava a conclusão alguma.

Bem, tinha que decidir por onde começar, e é aqui que entra uma biblioteca nessa histó-
ria. Com uma poupança que o salário havia permitido fazer, lá fui eu estudar inglês em Toronto
(Canadá) durante um curto período daquele ano de 2000. As aulas eram na parte da manhã, e
os estudantes aproveitavam o resto do dia pra fazer turismo pela cidade. Exceto eu. Saía da
aula, comia num fast food qualquer e seguia para a Biblioteca Pública de Toronto, que ficava a
apenas duas quadras da escola de inglês. Nos primeiros dias, influenciado pelas narrativas
mais contundentes da escola fundamentalista, buscava livros de finanças e alguma biografia
de personagens dessa área. Não demorou muito, porém, para achar uma fila de livros de análi-
se técnica em uma das estantes da biblioteca. Para quem só contava, à época, com a apostila
de análise técnica clássica escrita pelo Márcio Noronha - desbravador desse tema no Brasil - ,
aquela estante era uma verdadeira loja de doces, e eu era uma criança olhando pra ela e

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salivando. Análise técnica clássica e Ondas de Elliott eram os assuntos mais tratados ali, mas
acabei atraído por um livro maior (não me refiro à espessura do livro, mas à sua altura mesmo)
e com enormes caracteres japoneses na capa. Era a 1ª edição do livro Japanese Candlestick
Charting Techniques. O livro tinha certa fama, pois o seu autor, Steve Nison, havia trazido os
gráficos de candlestick (uma criação japonesa do século XVIII) para o Ocidente.

A partir dali, após as aulas matinais dos dias de semana (e também nos sábados, dia em
que a biblioteca estava aberta), eu só pensava em chegar logo naquela estante, pegar o livro e
entender mais sobre aquelas velas mágicas. Meu maior medo era chegar ali um dia e ser infor-
mado que o livro havia sido emprestado, o que nunca aconteceu. Ele estava sempre ali me es-
perando, e foi assim que iniciei os meus estudos de forma mais dedicada: pela análise técnica
e através dos padrões de candlesticks.

Aposto que na cabeça de alguns leitores deve estar passando algo como “Puxa, começou
mal ... padrões de candle não funcionam!”. Durante todos esses anos de observação do merca-
do, e ouvindo muito mais do que falando, já presenciei inúmeros embates entre as mais varia-
das escolas de análise. No início, vi a arrogância fundamentalista zombando dos grafistas. De-
pois, adeptos de diferentes abordagens na análise técnica puxando convenientemente a sardi-
nha para o seu lado. Há poucos anos, vi também leitores de fluxo ressuscitando o desdém dos
fundamentalistas de outrora, em relação à análise gráfica, e ouvi de grafistas a desconfiança
em relação à real eficiência da Leitura de Fluxo.

A guerra de torcidas sempre irá existir. Não me peçam para gostar do time do Flamengo.
Também já fiz cara feia para padrões de candle, uma inaceitável descortesia a quem esteve
comigo lá nos primeiros dias de estudo. Mas o tempo passa, e ele é sempre o senhor da ra-
zão. De forma gradual, passei a entender que a melhor escola para mim seria a da informação
e a da construção eficiente do conhecimento, sem bairrismos. Não temos tempo a perder com
essa briga e, também com o tempo, você irá identificar cada vez mais rápido as reais inten-
ções de muitos midiáticos que estão por aí e que “perdem tempo” alimentando essas rixas.
Esqueça esses caras, largue mão dessas discussões, e mire a masterização daquilo que você
se propôs a dominar. Lembre-se que, independentemente da escola, da técnica ou da aborda-
gem, o mercado é o palco das incertezas e, assim, você terá sempre que (i) entender, reconhe-
cer e controlar o risco, e (ii) testar as suas premissas. Portanto, o gerenciamento de risco e a
utilização eficiente de backtests são temas onipresentes na vida de todos os traders e investi-
dores.

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Não adie o estudo desses temas. Não há vida fácil para o profissional de mercado pre-
guiçoso.

Em outubro de 1938, uma estação de rádio americana dramatizou um trecho do livro de


ficção científica A Guerra dos Mundos, do escritor Herbert George Wells. A narração, na voz do
então desconhecido Orson Welles, descrevia uma invasão da Terra por marcianos e, de tão
realista, causou pânico e terror em várias cidades dos EUA. Ao longo de sua trajetória (que,
vale dizer, será única, pois você e o acaso formam um par único), algumas pessoas te conta-
rão ficções que parecerão verdades, te trarão remédios mágicos para todos os males do tra-
ding e eventualmente vão usar o bordão “Mas isso não funciona...”. Não corra em pânico. Tes-
te e, se decidir fazer isso na conta real, respeite o seu dinheiro.

Para corroborar o meu apreço pelo conhecimento e o desprezo por essa discussão sobre
quem tem a abordagem que funciona, nada melhor do que citar uma referência no mercado.
André Jakurski é um dos maiores traders que o país já produziu. Fundou em 1983 a corretora
Pactual, juntamente com outros 3 sócios (um deles o atual Ministro da Economia, Paulo Gue-
des), que viria a se tornar o Banco Pactual pouco tempo depois. Além de trader, também é um
dos mais respeitados gestores do país, e há 22 anos toca a sua própria asset, a JGP, entregan-
do uma rentabilidade invejável. O livro Fora da Curva, compilado de entrevistas com 10 investi-
dores, organizadas por Florian Bartunek, Giuliana Napolitano e Pierre Moreau, traz uma curta
mas ótima entrevista com o André Jakurski. Sempre com tom de absoluto respeito ao merca-
do, ele nos mostra uma verdadeira paixão pela informação e pelo conhecimento, sem verda-
des definitivas. No final de cada entrevista, o entrevistado é estimulado a indicar um ou mais
livros que lhe foram marcantes na trajetória. Enquanto os livros sobre Warren Buffett e Charlie
Munger, e outros livros sobre investimentos, são os que mais aparecem nas listas, André faz
questão de mencionar o livro Technical Analysis of the Financial Markets, de John Murphy, um
dos mais importantes livros-texto sobre análise técnica já editado (ao escrever esse texto, des-
cobri que a versão em português foi recentemente lançada) no topo de sua lista, juntamente
com o icônico Security Analysis, de Benjamin Graham e David Dodd. Nas palavras de Jakurski:
“Esses dois livros ajudam a formar a base fundamentalista e técnica que todo investidor precisa
antes de começar a aplicar seu dinheiro.”. Jakurski começou a fazer história há 38 anos e deci-
diu usar tudo a seu favor. E esse ótimo livro de entrevistas é a minha indicação nessa edição
do Report.

Boas leituras e ótimos estudos!

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FATOS & CURIOSIDADES

RODRIGO EDUARDO JOÃO FILIPE ALEX RENAN ANDRÉ


BEDIN GARUFI HOMEM MANO PISKE MANGUEIRA PORTO

O QUE É?
Essa seção traz fatos, dados, informações e acontecimentos históricos sobre
Mercado.

SOBRE O GRUPO
Todos os especialistas do SST juntos, unindo conhecimentos e vivências.

sst.trade contato@sst.trade

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NOTÍCIAS E O MERCADO

Notícias. Aqui está uma variável que faz parte do cotidiano no mercado financeiro. Uma
variável que, não raras vezes, causa enorme impacto no movimento dos ativos, gerando enor-
mes prejuízos ou lucros memoráveis em poucos minutos.

Ao mesmo tempo, as notícias são tratadas por muitos traders e investidores com des-
dém. Alguns traders que seguem a análise técnica as ignoram, alegando que o price action já
repercute tudo o que precisam saber e entender. E diversos investidores alegam que notícias
são, muitas vezes, apenas ruídos de curto prazo e que em nada alteram os fundamentos das
teses de investimento baseadas nas quais têm suas posições.

Porém, dos tweets de Donald Trump até comentários de membros do banco central nor-
te-americano, passando por gravações feitas pelo Joesley Batista, a reação dos mercados tem
se mostrado cada vez mais avassaladora. O gráfico do Bitcoin é uma prova em tempo real, ao
lermos mais um tweet do Elon Musk sobre esse cripto ativo. E a reação dos mercados está
cada vez mais rápida, com um número crescente de algoritmos monitorando as redes sociais
e tomando posições em frações de milissegundos.

A irracionalidade, como não poderia deixar de ser, é participante ativa nos momentos que
se seguem a notícias de alto impacto.

Richard Thaler, laureado com o prêmio Nobel de Economia em 2017 por seus trabalhos
na área da economia comportamental, em um paper escrito em 2016, narrou o seguinte episó-
dio que ilustra muito bem o quão irracionais podemos ser após uma notícia inesperada:

Em dezembro de 2014, o presidente dos EUA à época, Barack Obama, anunciou a inten-
ção do governo norte-americano em flexibilizar as medidas restritivas que o país impunha a
Cuba, a ilha do Caribe palco recente de manifestações a favor de maior liberdade de expres-
são. A reação foi imediata: um fundo chamado Herzfeld Caribbean Basin Fund, com ações lis-
tadas na Nasdaq sob o ticker “CUBA” viu as suas ações sofrerem uma procura abrupta, o que
levou o preço dessas ações de cerca US$7 para mais de US$14 em um curtíssimo espaço de
tempo.

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A peculiaridade desse evento é que esse fundo não tinha (e não tem até hoje) qualquer
ativo naquele país caribenho. Os seus ativos se resumiam a participações em empresas dos
EUA e em algumas empresas mexicanas. Cuba (o país) sequer possuía ativos negociáveis em
bolsa de valores e entidades norte-americanas eram proibidas de ter negócios naquele país
desde 1960. Como se toda essa irracionalidade não fosse o bastante, o preço das ações do
fundo americano só voltaram à sua média histórica um ano depois daquele evento! Estava cla-
ro que a notícia não se relacionava ao ativo e, assim mesmo, causou um impacto muito além
do que o bom senso nos permitiria entender.

Além disso, não se trata de um fenômeno que passou a ocorrer apenas nos dias de hoje.
Há casos muito anteriores à criação do Twitter, das redes sociais e da disponibilidade de notí-
cias na palma da nossa mão.

Um desses eventos aconteceu em 02/08/1926, envolvendo a General Motors, que na


época dominava o mercado automotivo americano vendendo 1 em cada 3 carros no país. Nes-
se dia, um sócio do J.P. Morgan, Thomas Cochran, deu uma entrevista a um repórter dizendo
que as ações da General Motors estavam baratas, e que elas deveriam “estar pelo menos 100
cents acima do preço atual”.

O repórter anotou isso em seu caderno e voltou para casa entusiasmado, ansioso para
divulgar aquela entrevista e ver como isso iria se desdobrar, o que poderia acontecer com a
ação e como as pessoas iriam reagir.

Após a divulgação da entrevista, que ocorreu às 11h55 da manhã e em pleno horário de


pregão, a irracionalidade reinou no pit nº 5 do chão da bolsa de valores de Nova York e a movi-
mentação das ações da GM foi intensa. Assim que a notícia foi recebida pelo mercado o preço
das ações começou a disparar e, em poucos minutos, saltou de US$189,50 para US$201.

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EDUCACIONAL

RODRIGO EDUARDO JOÃO FILIPE ALEX RENAN ANDRÉ


BEDIN GARUFI HOMEM MANO PISKE MANGUEIRA PORTO

O QUE É?
Essa seção procura trazer conteúdos educacionais para aprofundar o conheci-
mento do investidor em assuntos de Mercado.

SOBRE O GRUPO
Todos os especialistas do SST juntos.

sst.trade contato@sst.trade

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EDUCACIONAL

Essa é uma sessão que procura trazer informações e conhecimentos sobre o Mercado e
investimentos. Para isso, precisamos começar do básico para assim conseguirmos evoluir,
saindo do básico para chegar na análise de ações. Vale lembrar que toda informação, ainda
que básica, pode ter algum detalhe perdido ao longo do tempo. Portanto, sugerimos fortemen-
te que não deixe de ler também, mesmo rapidamente, essa parte do Report.

Payout
É a fração ou percentual do lucro líquido da empresa que é distribuído aos acionistas na
forma de dividendos e/ou juros sobre capital próprio.

Normalmente, essa fração ou percentual consta no estatuto social das empresas, o qual
indica o valor mínimo dos lucros a serem distribuídos aos acionistas.

Para calculá-lo, a fórmula é simples: proventos distribuídos/lucro líquido. Imagine uma


empresa que tenha R$100.000,00 de lucro líquido disponíveis a seus acionistas, e distribua em
favor deles R$50.000,00. Ela, portanto, tem um payout de 0,5 ou 50%.

Ao analisar essa informação nas empresas, irá reparar que esse valor varia de 0% até
percentuais superiores a 100%. E quanto mais melhor, certo? Não necessariamente.

O payout deve estar de acordo com a característica de cada sociedade ou da fase na


qual ela se encontra. Empresas de alto crescimento - tais como as empresas de tecnologia da
informação em mercados de grande concorrência - tendem a pagar poucos proventos e a rein-
vestir boa parte de seus lucros, a fim de manter o seu crescimento e inovação naquele ambi-
ente de grande competitividade. Por isso, estas empresas normalmente tem um payout baixo.

Por outro lado, as empresas já maduras ou aquelas que têm a sua atividade econômica
baseada em concessões públicas - tais como empresas do setor elétrico - tendem a distribuir

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grande parte de seu lucro, uma vez que a necessidade de reinvestimento é menor. Nestas em-
presas, o payout será maior.

DY
Junto com o payout surge um outro indicador bastante conhecido, o Dividend Yield (DY).
Muitos investidores analisam somente esse indicador para escolher uma ação, o que é um
equívoco.

O Dividend Yield, em tradução livre, significa "rendimento de dividendos". É uma forma de


calcular o retorno que uma ação dá ao investidor em relação ao seu preço de mercado.

Usualmente, esse indicador é calculado com base nos últimos 12 meses, e a sua fórmula
é a seguinte: [soma dos proventos pagos em 12 meses / preço da ação] * 100

Em um exemplo, uma empresa que distribuiu proventos aos acionistas que totalizaram
R$1,00 por ação nos últimos 12 meses, e tem a ação cotada no preço de R$12,30, tem um DY
de 8,13%.

Vale ressaltar que o DY é impactado diretamente pelo preço da ação. Se imaginarmos


um dividendo fixo, se o valor da ação cair, o DY aumentará, e vice-versa.

Ao analisar esse indicador procure entender de onde veio o dinheiro que foi distribuído,
pois às vezes a empresa gerou um resultado não recorrente - por exemplo, a venda de um imó-
vel - e distribuiu dividendos com base nesse resultado que tende a não se repetir, gerando um
aumento temporário e enganoso do seu DY.

Ao analisar esse indicador, vale avaliar se o histórico da empresa é constante, como es-
tão as outras empresas desse setor, e é válido até comparar o DY com indicadores de infla-
ção.

Uma empresa com DY baixo ou até zero, não necessariamente é ruim. Pelos motivos já
descritos no texto sobre payout, podemos ver uma empresa que necessita do capital para in-
vestir em novos projetos que podem ter um retorno maior, e isso geraria um DY baixo, apesar
de caracterizar uma decisão provavelmente acertada por parte da empresa.

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Também é importante ressaltar sempre que o lucro passado não é garantia de lucro futu-
ro, e é por isso que o DY não deve ser analisado isoladamente.

Lote Padrão e Lote Fracionário


Ao olhar uma ação, cada ação tem um preço. Por exemplo, cada ação preferencial de Pe-
trobras no mercado padrão (PETR4) custa R$20,00. Porém, para comprar PETR4 você precisa-
rá de R$2.000,00. Isso ocorre porque no Brasil o lote padrão de uma ação é de 100 ações. Ain-
da assim, é possível comprar entre 1 e 99 ações preferenciais da mesma Petrobras, mas para
isso você terá que recorrer ao mercado fracionário, e o ticker (código da ação) muda e passa a
ter a letra “F” ao final. No caso das ações preferenciais da Petrobras, o código para a ser PE-
TR4F. Vale lembrar que as ações no mercado fracionário têm menos negociação, e então é
comum o preço nesse mercado apresentar uma pequena diferença em relação ao lote padrão
cotado no mercado padrão.

Caso você compre ações no mercado fracionário e elas somem 100 ações, você pode
realizar a venda no mercado padrão.

Isso só é válido para ações, na bolsa de valores brasileira. No mercado de futuros, essa
opção não existe, se você operar esses futuros diretamente na bolsa local. O mini índice futu-
ro, por exemplo, possui um lote mínimo de 1 contrato e, ao operar esse ativo na B3 através de
uma corretora local, não haverá mercado fracionário que permita fracionar esse lote.

Spread
É a diferença entre a melhor oferta de compra e a melhor oferta de venda para um ativo.
Podemos dizer que quanto menor for esse spread, maior o interesse naquele ativo e, assim,
maior tende a ser a sua liquidez.

Vamos a um exemplo: em PETR4, o spread é de R$0,01, ou seja, considerando o preço


dela em cerca de R$20,00, existem pessoas querendo vender a R$20,00 e pessoas querendo
comprar a R$19,99.

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Ações de menor interesse, que possuem um menor volume de negociação. No caso das
ações da Comgás, CGAS5, podemos ter um spread de R$1,00, com pessoas querendo vender
a R$150,00 e pessoas querendo comprar a R$149,00.

Obviamente, isso deve sempre ser visto em termos relativos, e não devemos concluir que
somente as ações com spread mínimo (R$0,01) são aquelas que possuem grande liquidez.
Uma ação que possui um preço unitário muito alto poderá ter altíssima liquidez ainda que seja
negociada com um spread de alguns poucos centavos.

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COMO DIRIGIR UMA MERCEA-
RIA E UMAS COISINHAS QUE
APRENDI SOBRE PESCARIA

COM JOÃO HOMEM

O QUE É?
Uma carta visceral, com conteúdo de Mercado, escrita por alguém que faz na
real, ama o que faz e se diverte aprendendo cada vez mais.

SOBRE O JOÃO HOMEM


Trader e investidor, apaixonado pelo Mercado Financeiro onde atua desde 2006. É
também o criador da maior e mais bem estruturada comunidade do Mercado Fi-
nanceiro, disposta a dar suporte a traders e investidores de forma gratuita, o Speci-
al Squad Traders.

joaohomem joaohomem@sst.trade

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GRÔUFF! DIGO, GROWTH

Prólogo
Ok, lá vem o João com um título de conteúdo completamente sem sentido. E pior, come-
çando o texto com um ok, sendo a primeira frase algo que talvez estaria em minha mente, e
não na dele.

Sim, a frase acima veio de sua cabeça! Porém, quanto a fazer sentido, saiba que o senti-
do das e nas coisas depende mais de nossa percepção do que de nossa interpretação de tex-
tos. Aliás, a interpretação depende da percepção.

Creio que todos que venham a consumir este espartano conteúdo são pessoas que gos-
tam muito do Mercado e querem muito evoluir profissionalmente nisso. Sendo assim, eu per-
gunto:

Por que não ligaram o título da minha série de cartas ao talvez maior investidor de todos
os tempos?

Sim, o título é quase uma homenagem ao nosso querido velhinho Warren Buffett.

Esse é o título que seu avô Ernest Buffett deu a um protótipo de um livro de sua autoria, o
qual fazia questão de ditar algumas páginas todas as noites para o jovem Warren, quando seu
neto veio morar com ele.

Você saberia disso se tivesse lido o relatório anual da Berkshire Hathaway de 1985.

Entendeu a questão da percepção?

“Quando eu tinha 12 anos, morei com meu avô por aproximadamente quatro meses. Um
merceeiro de profissão, ele também estava trabalhando em um livro e todas as noites ele ditava
algumas páginas para mim. O título era “How to Run a Grocery Store and a Few Things I Have Le-
arned About Fishing”. Meu avô tinha certeza que o interesse por estes dois assuntos era univer-
sal e que o mundo aguardava suas opiniões. Você pode concluir a partir do título e dos conteú-

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dos desta seção que fui superexposto ao estilo literário (e à personalidade) do vovô.”

(Warren Buffett)

O título da seção mencionada por Buffett era "Three Very Good Businesses (and a Few
Thoughts About Incentive Compensation)".

Sim, aquele guruzão que te ensinará a ser o próximo Buffett nunca mencionou isso. Ele
precisa fazer o trabalho dele, de ficar na superficialidade sexy das histórias, o que certamente
é mais comercial.

Compre ações de boas empresas, mantenha-as e em breve será um bilionário gente boa!

Por isso a pergunta: O quão fundo você deseja entrar na Toca do Coelho?

Até onde você quer ir em seu entendimento?

Acha que realmente o mercado é apenas uma questão matemática?

Pior, acha que basta seguir as indicações que seguirá rumo aos bilhões?

Vejo muita gente falando de mim como se eu fosse um cara fora da curva na questão de
entender o mercado, como se fosse um mago ou até mesmo um gênio. Porém, a única coisa
que vejo de diferente em mim é que sempre quero ir mais fundo. Na época da escola, muitos
professores me odiavam por isso.

Ah, tenho outra característica...

Eu me divirto muito lendo conteúdos viscerais de Mercado! Aprender se divertindo é algo


mágico mesmo! Está aí a magia mencionada no parágrafo acima.

É exatamente isso que posso te prometer nessa minha série no SST REPORT, algo visce-
ral, de alguém que faz na real, ama o que faz e estará cada vez indo mais fundo na Toca do
Coelho.

Grôuff! Digo, Growth


Investir numa empresa de Growth em resumo é: Investir em uma empresa abrindo mão da

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margem de segurança, pilar fundamental do value investing, acreditando no crescimento expo-
nencial e na consistência dos resultados ao longo dos anos.
(João Homem)

Agora que você já sabe a definição do que é, pode correr todo o Google lendo definições
mais enfeitadas e cheias de tecnicalidades.

De certa forma, a galera do growth acredita que existe uma margem de segurança em
suas decisões. Embora eu não concorde, preciso dizer que na visão deles existe sim. Daí a di-
ferença entre o value e o growth no que tange a margem de segurança. É que no value inves-
ting ela é baseada em ativos tangíveis e resultados apurados. Já no growth essa margem se
baseia em ativos intangíveis e resultados futuros.

O pai do Value Investing abordou o tema de forma bem prática e didática, em uma pales-
tra realizada para a Sociedade dos Analistas Financeiros do Mercado de Ações em 1958:

“Se a empresa A ganha 4 dólares por ação sobre um valor escritural de 20 dólares, e a em-
presa B também ganha 4 dólares por ação sobre um valor escritural de 100 dólares, é quase cer-
to que a empresa A seja negociada por um fator multiplicador mais alto e, consequentemente,
por um preço mais alto que a empresa B - digamos 60 dólares por ação para a empresa A e 35
dólares pelas ações da empresa B. Assim, não seria inexato declarar que os 80 dólares por ação
de maiores ativos da empresa B são responsáveis pelos 25 dólares por ação a menos no preço
de mercado, uma vez que foram assumidos iguais ganhos por ação.

Porém, mais importante que o acima mencionado é o relacionamento geral entre a mate-
mática e a mais nova abordagem dos valores das ações. Dados os três ingredientes: (a) hipóte-
ses otimistas como a taxa de crescimento dos ganhos; (b) uma projeção suficientemente longa
desses ganhos para o futuro; (c) o milagroso trabalho dos juros compostos - então o analista de
investimentos estará munido de uma nova espécie de pedra filosofal que pode produzir ou justifi-
car qualquer avaliação desejada para uma ação realmente boa.”

(Benjamin Graham)

É incrível o quanto um discurso de 1958 pode fazer tanto sentido para os mercados atu-
ais. Esse tal de Ben Graham era bom mesmo! Só não foi melhor em performance porque, de
fato, não tinha o foco em performar.

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O sentido de suas palavras, caso você não tenha entendido, é que sob a ótica dessa
“nova abordagem”, os ativos tangíveis tornaram-se um entrave na média do valor de mercado
em vez de fonte.

- Ah, mas isso foi na era industrial e não se aplica aos mercados de hoje!

Concordo em partes.

Vivemos uma era um tanto diferente da era industrial, onde os ativos tangíveis eram de
fato a fonte para se produzir lucro. Hoje em dia, a informação e o capital intelectual cumprem
esse papel, mas há uma mensuração exagerada de valores que sempre acontece em merca-
dos de alta. Neste ponto é que precisamos nos atentar na parte em que Graham cita: “...que
pode produzir ou justificar qualquer avaliação desejada para uma ação…”

O investidor precisa sempre estar atento ao que é bom pra se comprar e ao que o merca-
do quer nos vender.

Não sou totalmente value investing, mas também não acredito no growth que vendem
por aí. O futuro é incerto, por mais certo que possa parecer, e nossa expectativa de vida é limi-
tada, assim como a demanda para qualquer coisa. Como já dizia meu sábio avô:

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Nessa mesma edição do SST REPORT, você ainda verá a respeito de uma compra espe-
culativa pro meu portfólio e lá também você pode ver minha amada WIZS3, totalmente no sen-
tido contrário de Graham.

Quero performance, não quero bandeira.

E pra finalizar, mais uma do velho mestre:

“Considera-se que matemática comumente produz resultados precisos e confiáveis, mas,


no mercado de ações, quanto mais elaborada e obscura for a matemática, mais incertas e espe-
culativas são as conclusões que extraímos dela.”

(Benjamin Graham)

Um excelente final de semana!

João Homem

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DISCLAIMER
Este material é de cunho estritamente educacional e informativo, não
tem como objetivo ser considerado como previsão, análise ou aconse-
lhamento de investimento, e não é uma recomendação ou oferta de
compra ou venda de quaisquer títulos ou valores mobiliários, nem re-
comendação de adotar qualquer estratégia de investimento. A infor-
mação e as opiniões aqui contidas são derivadas de fontes proprietá-
rias e não-proprietárias consideradas pela Special Squad Tradres S.A.
como confiáveis, as quais não necessariamente contém todos os da-
dos necessários e não são garantidas quanto à exatidão e/ou preci-
são. Não há garantias de que qualquer previsão se tornará verdade. O
uso das informações aqui contidas é de exclusivo critério do leitor. De-
sempenho passado não é garantia de resultados futuros.

A informação aqui disponibilizada não constitui assessoramento jurídi-


co ou tributário. Investidores devem consultar seus próprios assesso-
res jurídicos ou tributários sobre sua situação legal e/ou fiscal. Todos
os investimentos financeiros envolvem algum elemento de risco. Por-
tanto, o valor de seu investimento e a renda dele obtida irão variar e
seu investimento inicial não pode ser garantido. Investimentos interna-
cionais envolvem riscos, incluindo aqueles relacionados com flutuação
de taxas de câmbio entre moedas, liquidez limitada, menor regulamen-
tação governamental, bem como a possibilidade de níveissubstanciais
de volatilidade por conta de ocorrências adversas de caráter político,
econômico ou outro. Tais riscos são frequentemente maiores em mer-
cados emergentes ou em mercados de capitais menos expressivos.
SST.TRADE SPECIAL SQUAD TRADERS

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