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Você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as

consequências de ignorar a realidade.


(Ayn Rand)

Edição 3 . 09.08.2021 — 13.08.2021

SST.TRADE SPECIAL SQUAD TRADERS


ANTIPIRATARIA
O leitor do SST REPORT não pode, sob pena de responder ci-
vil e criminalmente, utilizar identificação de terceiro ou permitir que
terceiros utilizem sua identificação. É expressamente proibida a
reprodução e distribuição, no todo ou em parte, do relatório, a qual-
quer terceiro, sem prévia e expressa autorização do Special Squad
Traders S.A. A distribuição e/ou compartilhamento de informações
contidas em nosso relatório caracteriza penalidade gravíssima, fa-
to típico penal de violação do direito do autor e ao que lhe são co-
nexos, conforme prevê o artigo 184 do Código Penal, sujeito à pe-
na de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
INTRODUÇÃO
O SST REPORT é uma publicação semanal que tem como
objetivo capacitar o investidor em sua atuação no mercado fi-
nanceiro tanto nas operações de curto prazo (daytrade e swing
trade), na gestão de portfólio próprio, na gestão de risco, como
também no aspecto psicológico e emocional.

Abordaremos o mercado brasileiro, o mercado americano,


FOREX, CFD's, fundamentos e cenários macros.
ÍNDICE
05. Overview

07. Mercados Globais

11. Comportamento no Mercado

13. Visão do Confluence

22. Piskelines

29. Visão de Mercado do Mangueira

35. Portfólios

57. Analisando os fatos

60. Fatos e curiosidades

65. Educacional

Como dirigir uma mercearia e umas


70. coisinhas que aprendi sobre pescaria

77. Disclaimer
OVERVIEW
Como dizia Dino em Família Dinossauro: Querida, cheguei!

Completamos mais uma semana de conteúdo exclusivo. Obri-


gado a você que nos acompanha e bem-vindo a quem está chegan-
do.

Analisar o passado é uma das ferramentas mais poderosas


que temos para nos preparar para possíveis acontecimentos futu-
ros. Aprender é a chave para qualquer negócio, projeto ou decisão
que tomamos. Sem aprender com os mais experientes e com os
nossos próprios erros, a chance de fracasso é muito maior.

Voltamos sempre ao tripé Risco x Retorno X Probabilidade, e


assim fazemos trades, investimentos e decisões na vida.

Entre análises gráficas, seja de ativos como mini índice e mini


dólar, passando por ações e até Bitcoin, essa edição traz algumas
novidades que irão permanecer nas próximas edições e agregar
novos conhecimentos.

Mas nem só de gráfico vivemos. Vamos aprender um pouco


mais sobre um ativo referência no mercado, que é a base para a
precificação de diversos outros ativos. Falaremos também de tra-
de. Precisamos aprender e dominar uma técnica, mas muitas ve-
zes o desafio maior não é aí.

05
OVERVIEW
Devore esse conteúdo e se mantenha faminto por conheci-
mento, ou será extinto.

Até o próximo!

06
MERCADOS GLOBAIS

COM RODRIGO BEDIN

O QUE É?
A seção Mercados Globais tem por finalidade trazer os acontecimentos mais
relevantes da semana no mercado financeiro, incorporando análises, gráficos e
fatos para melhorar e aprofundar o entendimento.

SOBRE O RODRIGO BEDIN


Grande entusiasta do mercado financeiro, Rodrigo desde pequeno ouvia os números da
Bolsa de São Paulo e Rio de Janeiro divulgados no Jornal Nacional e fantasiava sobre o que
seria a vida de um operador de bolsa. A entrada na faculdade de economia não veio por
acaso, mas foi ao conseguir fazer a fotocópia da famosa apostila de análise técnica do
Márcio Noronha no início dos anos 2000 que ele encontrou uma porta de entrada para valer
para o mundo especulativo. O resto é história... de Trader a Sales, do varejo ao institucional,
front e back office, são 18 anos respirando e vivendo o mercado financeiro todos os dias. O
que ele conseguiu concluir por enquanto é que tudo se resume ao ser humano e sentimento
e que nunca devemos ignorar o elemento aleatório sempre presente.

activetrades.portugal rlima@activetrades.com

07
10 YEAR TREASURY… O YIELD QUE REALMEN-
TE INTERESSA.

Pensamos na precificação de ativos o tempo inteiro no mercado financeiro.

Acompanhamos compradores e vendedores se digladiarem na arena das finanças no dia


a dia, para definir o preço justo para diversas classes de ativos.

Notícias, análises, especuladores, quants, HFTs, macro, geopolítica...tudo à nossa volta


influencia a formação contínua dos preços e respectiva manutenção da liquidez nas platafor-
mas de negociação.

Ainda assim, temos hierarquias de preços com a cotação de alguns ativos influenciando
diretamente a precificação dos demais ativos no mercado.

E o Rei Leão da selva financeira, benchmark na precificação de ativos ao redor do mundo,


são os Treasuries norte-americanos e os 22 trilhões de dólares em valor de mercado que gi-
ram em torno destes.

Sim, a precificação dos Treasuries e consequente juros oferecidos aos detentores da dí-
vida norte-americana são tidos como parâmetro global na precificação de ativos por ainda
constarem em muitos modelos como referência de um ativo com baixo risco de crédito e liqui-
dez, permitindo precificar todos os demais instrumentos financeiros ao agregar o componente
extra de risco dos mesmos.

E é por esse papel que exercem no nosso dia a dia que os Treasuries dos EUA, principal-
mente os Notes de 10 anos, devem ser monitorados de perto.

Ou seja, acompanharmos a oscilação de preços e yields desses ativos é fundamental,


mesmo para quem nunca operou Treasuries e nem nunca irá operar.

Estamos vivendo uma mudança de sentimento muito forte nos Treasuries, com conse-
quências diretas nos preços de outras classes de ativos. E nós podemos acompanhar tudo
isto em tempo real.

08
Dados macro recentes, como o US CPI (consumer price index) e NFP (non-farm payroll),
corroboram que a economia dos EUA está vivendo um momento de aceleração do crescimen-
to e de pressão sobre os preços dos bens e serviços.

Posições em contratos futuros divulgados pela CFTC (Commodity Futures Trading


Commission) apontam para especuladores aumentando posições compradas em Treasuries, e
com o volume das últimas semanas de negociação superando em muito o volume diário dos
últimos 4 meses.

Nos aproximamos do momento em que essa guinada de um FED dovish para hawkish
deverá se consolidar, e veremos os Treasuries oscilarem forte com o tapering e o aumento de
juros que estão por vir.

Grandes migrações e rotações de carteira serão observadas ao longo deste movimento,


principalmente o mercado de ações, SPACs e ativos de maior risco.

Entender as correlações permitirá mapear da melhor forma o sobe e desce do preço dos
Treasuries e dos yields.

Sooner than later, o mercado visualiza o primeiro reajuste dos juros nos EUA vindo a
acontecer. E o mais importante neste momento é seguir o desempenho dos Treasuries e as
expectativas dos agentes para os juros futuros, pois todo mundo terá que se adaptar nova-
mente a um mundo onde deixar o dinheiro fora do Treasury terá um custo de oportunidade ca-
da vez maior, sendo ele um ativo financeiro imbatível na categoria baixo risco.

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Gráfico 10 year US Treasury

Fonte: Bloomberg Terminal: USGGT10Y <GO>; Dados extraídos em 09/08/2021

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COMPORTAMENTO NO
MERCADO

COM ANDRÉ PORTO

O QUE É?
A seção Comportamento no Mercado é destinada a tratar de um tema que im-
pacta diversas pessoas no Mercado, o comportamento.

SOBRE O ANDRÉ PORTO


Psicólogo, Psicanalista, futuro Neurologista e Trader de dólar futuro na B3. Traba-
lhou com atendimento clínico particular e a grupos vulneráveis no SUS, com mais
de 600 pacientes atendidos em clínica. Detém vários estudos no eixo das psico-
ses, ciúme patológico e transtornos obsessivos. Atualmente é Psicólogo Clínico,
Institucional e trader no SST.

andreportopsi andreporto@sst.trade

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A SOLUÇÃO ESTÁ ONDE VOCÊ MENOS IMAGI-
NA, DENTRO DE VOCÊ.

A maioria dos traders que perde dinheiro operando acredita piamente que dominar o mer-
cado de alguma forma ou com alguma estratégia super eficiente é a chave para vencer. Eles
dificilmente enfrentam a dura e determinante realidade de que o mercado não pode ser sim-
plesmente dominado.

Nem eu e nem você podemos controlar minimamente o mercado, seus movimentos e


seus eventos. O que podemos controlar somos nós mesmos, em relação àquilo que fazemos
e aos comportamentos face às nossas operações. Os traders experientes e que já adquiriram
uma boa performance perceberam rapidamente esse fato e se esforçam mais a cada dia para
dominar cada vez mais a si mesmos e entender as emoções que sentem durante as negocia-
ções, ao invés de tentar dominar a análise de mercado ou as estratégias empregadas neste.

Mas calma, isso não quer dizer de forma alguma que uma boa análise de mercado não
seja útil. O que geralmente acontece é que a quantidade de informações disponíveis a serem
consideradas, bem como o gigantesco número de indicadores técnicos ou fundamentalistas,
são quase infinitos. Além disso, o que é significativo em determinado período pode ser total-
mente insignificante em outros momentos. É muita informação para absorver e filtrar e, em
última análise, humanamente impossível de se lidar com perfeição.

Moral da história: o tempo de um trader é mais bem aproveitado em dominar a si mesmo,


controlar seus comportamentos, exercitar a disciplina e a paciência, entender as emoções que
sente e suas habilidades como trader.

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VISÃO DO CONFLUENCE

COM EDUARDO GARUFI

O QUE É?
Essa seção traz a análise gráfica de um ativo pela ótica do Confluence, uma for-
ma de entender e operar o mercado desenvolvida pelo Garufi.

SOBRE O EDUARDO GARUFI


Trader e Investidor há 6 anos, é especialista em gestão de risco e resultado.
Criador do maior EAD da Bolsa Brasileira, é reconhecido por ter criado o primeiro
conteúdo completo e de base para o trader e investidor sério.
Lidera o projeto BMAX dentro do SST, mentorando centenas de alunos que bus-
cam se especializar no mercado financeiro.

eduardo_garufi eduardo@sst.trade

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ANTES DE MAIS NADA...

Esta é minha visão pessoal, e se baseia única e exclusivamente em como enxergo o mer-
cado. Minha visão parte dos gráficos, "quase" exclusivamente.

Mas uma carteira que “preste” não deveria ter fundamentos que sustentem a decisão do
investimento? Depende.

Depende, antes de mais nada, do que você busca em seus investimentos. Minha escola
nos mercados vem dos gráficos, e partem deles as minhas decisões. Estou seguro que não
será assim por toda a minha carreira, mas nossos resultados hoje acontecem a partir de deci-
sões que tomamos ontem, e só continuarão a acontecer pelas decisões que tomaremos ama-
nhã. Então, hoje sempre será o dia de avaliar o que estamos fazendo e nos preparar para o que
faremos no futuro.

Pondo um fim em meu momento filosófico, o fato é que não há decisões erradas quando
elas são provadas por resultado. Isso é um pouco mais complexo de avaliar uma vez que a ruí-
na sempre está acenando para nós, e a vigilância eterna sempre será necessária. Tudo pode
ruir da noite para o dia se nós não tivermos um controle vigilante de nosso risco.

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PUT YOUR MONEY WHERE YOUR MOUTH IS...

Em tradução livre, “Coloque seu dinheiro onde está sua boca”. Ou seja, o termo Skin in the
Game é mais necessário do que nunca nos dias de hoje. Ter a pele no jogo é mais profundo do
que se possa imaginar ou do que propagandeia-se por aí.

Eu tenho o privilégio de poder arriscar meu próprio dinheiro e observar o resultado de mi-
nhas decisões. Muito inspirado no livro sobre o qual, por sinal, fiz uma excelente resenha em
nosso canal do YouTube, chamado Unknown Market Wizards e escrito por Jack Schwager, meu
estilo de operar baseia-se em assimetrias, onde quer que elas estejam.

Não é minha intenção dar o call para que você entre em uma ação ou tome uma decisão
ao mesmo tempo que eu. Esta prática está reservada para os Analistas CNPI certificados.

Posso, no entanto, compartilhar com você, caro leitor, meu sentimento, minhas decisões
e principalmente como anda meu estômago. Não acredito que más decisões venham da cabe-
ça, mas sim do estômago. É ele que devemos manter em xeque.

Com a possibilidade de compartilhar minha jornada nas ações americanas, você poderá
participar ativamente da jornada de um trader e investidor que sente na pele o preço de cada
decisão. Espero que você aproveite essa jornada comigo.

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CONFLUENCE

O Confluence é uma estratégia que busca encontrar pontos confluentes com diferentes
visões técnicas. Dentre os pontos que mais observamos estão:

• Pivot Point
• Retrações
• Médias
• VWAPs ancoradas

Ele tem como fundamento primário estar a favor de uma tendência bem definida, e nosso
ponto de entrada será uma correção saudável em confluência com mais de um ponto técnico.

Visão Fractal de Volatilidade com o Grid


Há muitos anos atrás, eu criei um conceito de olhar os gráficos com base na divisão dos
níveis de preço pela minha análise de volatilidade. Eu chamo de Grade, ou Grid em inglês.

Essa leitura sempre foi útil para me ajudar a encontrar pontos extremos no gráfico que
me dariam algum tipo de entrada, seja ele no curto prazo ou mesmo em trades mais longos,
no caso meus Swing Trades.

O Confluence, como estrutura operacional, pode usar do benefício da Grade para, em


conjunto com seus pontos importantes, achar oportunidades para operações longas ou curtas,
os chamados Scalps.

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VAMOS FALAR DE CRIPTO?

Pois é, não podemos negar que um dos assuntos mais quentes dos últimos tempos são
as criptomoedas. Existem 2 maneiras de aprender sobre algo: A maneira certa e a maneira er-
rada.

E penso ser errado aprender sobre as criptomoedas, ou melhor, os cripto ativos, sem en-
tender mais a fundo a história toda.

Cripto ativos? Como assim?

Segundo a Receita Federal, um cripto ativo é... “a representação digital de valor denomina-
da em sua própria unidade de conta, cujo preço pode ser expresso em moeda soberana local ou
estrangeira, transacionado eletronicamente com a utilização de criptografia e de tecnologias de
registros distribuídos, que pode ser utilizado como forma de investimento, instrumento de trans-
ferência de valores ou acesso a serviços, e que não constitui moeda de curso legal […]”

E essa história vem recheada de tecnologia, coisas “nerds” e por aí vai. Simplesmente
saber quanto o Bitcoin está cotado e decidir comprar ou vender, mesmo que seja para uma
operação curta, me parece um tanto temerário.

Tenho bem guardado meu Cold Storage há uns bons anos e fico protelando o inevitável
fato de que tenho que me aprofundar no assunto.

Bem, digo ao povo que comecei! Em passos lentos, porém firmes, venho me aprofundan-
do no assunto da maneira que considero certa, que é basicamente “começar do começo”, des-
de entender melhor a tecnologia do blockchain assim como toda a dinâmica por trás da cria-
ção das criptomoedas, até o recente cenário de cripto ativos de todo o tipo, como por exem-
plo, os modernos “ativos tokenizados”.

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Tomei 2 importantes passos nessa jornada. O primeiro foi selecionar uma leitura de fon-
tes que considero críveis (nenhuma em português). Comecei pelo curso de Bitcoin e Tecnolo-
gias de Criptomoedas oferecido pela Princeton University. O curso é gratuito e bastante denso.
Talvez mais denso do que o necessário para um trader em cripto, porém acredito que será im-
portante na minha jornada, assim como tudo que consumi ao longo dos anos foi.

Um outro passo que já fiz foi abrir uma conta em uma corretora que permite operar crip-
to, bem como ativos tokenizados. Darei mais detalhes em breve sobre como está minha expe-
riência neste campo.

Em cada edição trarei para vocês novidades e progresso nesse universo vasto e moderno
dos cripto ativos.

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INSIGHT DA SEMANA

Na semana passada, comecei um assunto pouco compreendido mas muito interessante,


que era como otimizar uma estratégia no trade. O MEN e MEP podem ser grandes aliados na
otimização de sua estratégia.

O MEP, ou “Máxima Exposição Positiva”, representa o quanto (normalmente, em pontos


para ativos do mercado futuro e em centavos nos demais ativos) o mercado foi a favor de sua
posição. Ou seja, quantos pontos ou centavos o mercado moveu além de seu ponto de entra-
da.

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Gráfico 5 minutos Bitcoin

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 06/08/2021

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Vamos analisar juntos esta operação teórica em Bitcoin. Neste estudo, a compra teria
como fundamento um teste de mínima do dia em um nível de frequência da grade abaixo. O
que dá confiança para executar esta operação é a fina linha amarela um ponto acima do ponto
de entrada, que se trata do ponto pivot diário.

O ponto pivot diário ainda não havia sido testado e o mercado fazia há um bom tempo
um tipo de movimento em canal, sugerindo realizações em novas mínimas.

Se nós tivéssemos decidido buscar um alvo em $38718,90, como sugere a faixa verde
(que é o caminho entre a entrada e o alvo), não teríamos lucrado nessa operação, porque por
apenas pouquíssimos ticks o mercado não atingiu o nosso tão desejado alvo.

A operação tinha como objetivo um movimento de $921,80 no Bitcoin, porém o máximo


que ele se movimentou a favor de nossa operação foi $904,75. Esse movimento máximo que
ele fez ao nosso favor é o MEP.

Mas, Garufi, você deixaria essa operação “voltar” toda na sua cara, e não garantiria lucro
algum? Bem, essa operação é teórica e eu nem buscaria esse alvo, para início de conversa.
Mas supondo que fosse esse meu alvo, eu buscaria fazer algum tipo de proteção por níveis de
frequência da grade. Assunto pra outro papo.

O importante nesse nosso exercício é que devemos procurar documentar qual foi o MEP
que tivemos em nossas operações, e fazer o mesmo exercício que sugeri na edição anterior.
As operações que atingem o alvo, claro, terão o MEP máximo, que é o alvo, mas com certeza
você observará um número de trades que poderiam ter sido transformados em algum tipo de
lucro ou eventualmente em um prejuízo menor.

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PISKELINES

COM ALEX PISKE

O QUE É?
Essa seção traz a análise gráfico de um ativo pela ótica das Piskelines, uma for-
ma de entender e operar o mercado desenvolvida pelo Piske.

SOBRE O ALEX PISKE


Membro do SST desde o ano de 2017, com sistema operacional baseado em leitu-
ra gráfica fractal com linhas de canais, tanto em day trade quanto em swing trade.
É professor e tutor BMAX desde o final do ano de 2019.

alexpiske

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PISKELINES (UMA VISÃO FRACTAL SOBRE GRÁFICOS)

Gráfico 5 minutos Mini Índice Futuro

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 09/08/2021

Bom, logo no início do dia, por considerar uma região de possível interesse comprador,
efetuei uma compra logo na primeira barra do dia, porém tomei a decisão de “abandonar” o
trade no fechamento da barra 2 do dia, uma vez que essa configuração não me trás uma boa
expectativa de o mercado ir mais abaixo ou mais acima. Havia muito equilíbrio e dúvida. Como
a expectativa não era de um trade demorado, com várias barras, a possível falta de volatilida-
de me fez sair da posição (ver a imagem abaixo, que contém o trade).

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Apesar do bom tamanho da barra 1, a barra 6 me deu a expectativa de um padrão conso-
lidado, em uma possível região de compra. Optei por esperar algum possível rompimento do
dia e, pela região que o mercado se encontrava graficamente, melhor se fosse na ponta com-
pradora, pois facilitaria calcular o risco e o possível retorno da operação.

Barra 14 foi a barra que fez o rompimento propriamente dito, mas eu preferi esperar uma
barra de pausa ou uma que “confirmasse” o provável rompimento, o que acabou ocorrendo
com a barra 15.

Como se vê na imagem, há várias linhas de canal passando nessa região, com uma logo
acima da barra 15 mesmo. Por isso, optei pela entrada com uma ordem stop, ou seja, quando
a barra 16 viesse um tick acima da 15, eu entraria numa compra. E assim aconteceu.

Compra pela barra 16, com bom potencial de alvos na região anterior. Optei pela saída na
linha traçada a partir da barra 91 e passando pela barra 100 do dia anterior, por ser uma região
alta entre a mínima que tinha no dia operado até a máxima do dia anterior.

É um trade um pouco agressivo pelo que gosto de operar, mas pelo tamanho do dia estar
pequeno frente ao que normalmente o mercado faz, um trade de rompimento pode se tornar
mais atrativo.

Abaixo, segue a tela com o trade feito (existe uma diferença de plotagem, por conta de
um pequeno atraso da plataforma operacional em relação à imagem de cima, que é extraída
de outra plataforma):

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Gráfico 5 minutos Mini Índice Futuro

Fonte: Meta Trader; Dados extraídos em 09/08/2021

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REFLEXÃO SOBRE PERFORMANCE: O PARADO-
XO DO DAY TRADE

Creio que não seja nenhuma novidade pra você que o day trade é um animal diferente
dentro da fauna que é o mercado financeiro. Um animal mais arisco, sedutor e provavelmente
um dos mais ferozes com aqueles que não o respeitam.

Você deve ter ouvido falar (não cansamos de repetir) que o “dia” não é o que é realmente
importante. O que importa é o longo prazo, mas aí entra o paradoxo: ao mesmo tempo, a única
coisa que importa no dia é ele próprio. O que o torna o menos importante e ao mesmo tempo
o mais importante!

Alguns caminhos comuns a quem realmente opera o intraday são reconhecíveis a quilô-
metros de distância, mesmo com operacionais opostos, técnicas que nada têm em comum, ao
menos aparentemente. Um Trader enxerga as nuances entre quem opera e passa pelo cami-
nho espinhoso do daytrade e quem apenas esbanja técnica, arrota sabedoria, facilidades ou
forças que parecem sobrenaturais, que na verdade escondem o mar de lama no qual normal-
mente está inserido!

Bom, mas a ideia era falar sobre performance e o paradoxo, então vamos lá!

Abaixo, está um gráfico de performance de uma semana de daytrade (02/08 a


06/08/2021), o qual foi positivo em valor equivalente a “apenas” 1 dia e meio de objetivo finan-
ceiro. Parece pouco, mas nem sempre é.

Uma semana, um mês, um ano, não importa, tudo acaba se resumindo a um dia. Isso
mesmo, mas não pense que isso facilita as coisas!

Por mais que eu saiba que o longo prazo é que importa, a construção ou destruição do
dia é o tijolo que vai construindo o castelo. Alguns se quebram, mas é preciso evitar que a pa-
rede inteira caia, pois normalmente você só consegue repor um tijolinho a cada dia.

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Estou sempre buscando me analisar antes do pregão, durante e mesmo dentro de uma
operação. E isso além da parte técnica. É muito fácil mentir para você mesmo, por isso é e
sempre será um exercício constante!

Veja se você está bem, focado, sem distrações maiores ou qualquer outra coisa que afe-
te o seu raciocínio.

Relatório de performance 02/08/2021—06/08/2021

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 06/08/2021

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É difícil saber lidar com essa dinâmica entre ganhos e perdas no mercado, mas o prazo
mais próximo que você pode controlar é o dia. Evitar as perdas excessivas e saber o que real-
mente você é capaz de fazer são pontos-chave!

“Saber o tamanho do tijolo te dará a noção de qual o tamanho da parede!”

A forma como eu opero engloba tanto trades nos quais inicialmente o risco financeiro é
maior que o retorno, quanto aqueles nos quais o risco é bem positivo. Porém, geralmente,
mesmo nos trades com risco inicial negativo, ao longo de várias operações e devido ao geren-
ciamento, essa conta tende a equilibrar o valor financeiro por igual.

A clareza sobre as operações que deveriam ou não ser feitas é algo importante para con-
trolar e saber se aquele dia em que não estão ocorrendo operações ou em que estão ocorren-
do operações com resultados não tão bons são erros ou apenas “algo do mercado”.

Independentemente disso, existe um limite financeiro para cada dia, e ele deve ser sagra-
do, mesmo que eu, como ser humano, cometa alguns erros, mas isso não pode se tornar roti-
neiro, de forma alguma.

“Nossas decisões se limitam a: entrar ou não, um objetivo e um limite. O resultado disso


depende do mercado, não de nós!”

Você sempre terá uma distância muito grande entre o que consegue analisar e o que
consegue efetivamente operar, conforme o analista que está em você se desenvolve ele pode
levar o operador junto, porém os dois nunca vão estar lado a lado em termos de performance.

O analista sempre vence, mas se você melhorar e der mais clareza para ele, ele pode le-
var junto o operador, não no mesmo ritmo, mas o ajudará, principalmente a ter maior clareza
na hora de tomar uma decisão. Lembre-se: ser um excelente analista jamais irá te capacitar
em ser um bom operador, mas todo operador é um excelente analista, mesmo que seja so-
mente para si!

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VISÃO DE MERCADO DO
MANGUEIRA

COM RENAN MANGUEIRA

O QUE É?
Esta seção vai trazer análises de mercado para o Índice e o Dólar, no diário e
semanal, dando uma visão macro de mercado, e que também pode ser aplicada
na leitura intraday.

SOBRE O RENAN MANGUEIRA


Engenheiro e técnico em Mecânica formado, ingressou no mercado em 2017,
quando decidiu se profissionalizar e rentabilizar o próprio capital. Desde então,
tem passado os anos desenvolvendo a sua visão e o seu operacional, e a partir de
2019 vem ensinando tudo isso na BMAX.

renanmangueira

29
VISÃO DE MERCADO DO MANGUEIRA

Introdução
Trazendo a minha personalidade para o meu trabalho, e refletindo sobre a forma que eu
vejo o mercado e como eu gerencio os meus diversos trades pelo dia: esse sempre foi o meu
objetivo, principalmente desde que decidi me profissionalizar.

Em relação à minha personalidade, eu sou uma pessoa muito objetiva e, por conta disso,
nunca consegui aceitar as faltas de respostas no mercado. E isso é algo que mantenho até
hoje. Pelo fato de nunca achar que o que eu queria no mercado viria apenas “com o tempo”, eu
decidi realmente mergulhar as mãos na lama e cavar até encontrar. Fazendo isso, eu descobri
que realmente alguns entendimentos necessitam de tempo sim, mas muito mais do que ima-
ginei pode ser aprendido através de literalmente milhares de horas em frente à uma tela de
computador. Esse tempo em horas quase ninguém fala, afinal todos querem ir pro céu, mas
ninguém quer morrer. Com tantas horas gastando a vista em frente a uma tela, e com a perso-
nalidade que já citei, acabei procurando motivos concretos pras coisas acontecerem, ao invés
de apenas justificar com um “nesse caso, estava claro”. Comecei a planilhar cada caso e, com
a ajuda dos experts da BMAX, fizemos mais de 50 mil operações com diversos gerenciamen-
tos e com diversas visões de mercado aplicadas.

Com isso, acabei desenvolvendo uma forma de leitura que se aplica não só ao Índice e
ao Dólar no intraday, mas também pode ser aplicado em qualquer tempo gráfico ou qualquer
outro ativo.

Essa é uma introdução que será permanente, para que novos leitores possam entender,
caso você já acompanhe o Report, pode pular.

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Gráfico Diário Mini Dólar Futuro

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 06/08/2021

Começando pelo Dólar, no diário tivemos um fundo duplo entre a barra 132 e a 142, com
a quebra de micro canal e a pernada forte até a 146. A probabilidade era que o movimento fos-
se forte o suficiente para ter no mínimo uma segunda perna, e isso se formou na outside 147.
Porém, em algum momento do dia, a outside era uma barra fechando na mínima, e depois vi-
rou uma barra fechando na máxima. Outsides são sinais de fraqueza, não de força, e sinais de
um mercado consolidado. Desde a pernada da 119 até a 128, tivemos 4 tentativas de uma no-
va máxima na pernada, sendo a primeira na quebra de micro canal acima da 133, a segunda
acima da 137, a terceira acima da 142, e a quarta agora após a outside. Em uma quarta tentati-
va de alta, eu normalmente estaria evitando ir contra, pois normalmente forma um fundo duplo
em outro tempo gráfico maior.

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Gráfico Semanal Mini Dólar Futuro

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 06/08/2021

Olhando o semanal, conseguimos ver o micro fundo duplo entre a 28 e a 30, e também
uma segunda tentativa de alta de pernada maior, com o rompimento acima da 28 sem ter uma
nova máxima, e agora o rompimento após a 30. Pode levar a uma inércia, porém o contexto
ainda é uma consolidação, e provável realização em resistências acima.

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Gráfico Diário Mini Índice Futuro

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 06/08/2021

Analisando o diário do Índice, tivemos um mercado bem confuso após o rompimento


com continuidade na 144. A barra 145 falhando de fechar na mínima e, então, com a 147 sen-
do uma variação de Outside, a probabilidade aumenta para algum tipo de realização. Por isso,
marquei a linha verde, que seria o próximo ponto de realização. Com a formação agora da 148,
temos uma variação de pré-rompimento, e caso rompa acima pode haver grande inércia. O
mercado se afastou da média, porém não teve dominância abaixo dela, o que aumenta a pro-
babilidade de um mercado lateral com uma pernada até a média, ou a média até o preço.

33
Gráfico Semanal Mini Índice Futuro

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 06/08/2021

No semanal, eu continuo esperando mais informação. A outside 30 trouxe confusão para


a pernada vendedora, e com a 31 falhando de fechar na mínima. Isso demonstra que houve
interesse de realização vendedora próximo de sua mínima.

Caso haja alguma quebra de micro canal, a probabilidade é que fiquemos em consolida-
ção por algum tempo nessa região. No entanto, caso haja sequência de barras vendedoras, é
possível que fundos anteriores sejam testados, como abaixo da 18 e abaixo da barra 12. Com
a formação das próximas semanas, vamos ver o que o mercado vai decidir.

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PORTFÓLIOS

EDUARDO GARUFI JOÃO HOMEM ALEX PISKE

O QUE É?
Essa seção vai trazer maiores informações e análises dos portfólios MAN11
(João Homem), Piskelines (Alex Piske) e Selection USA (Eduardo Garufi), cria-
dos e geridos com toda a experiência e o conhecimento de cada um.

SOBRE O GRUPO
João, Garufi e Piske, especialistas do SST, possuem visões e interpretações pró-
prias do Mercado. Na composição de seus portfólios são aplicadas análises
baseadas na filosofia de investimentos de cada um.

sst.trade contato@sst.trade

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PISKELINES PORTFOLIO por Alex Piske

Introdução
Contextualizando aqui minha visão e objetivo com operações de swing trade:

Chamar de carteira não é algo que seja natural no meu pensamento. Penso mais na ideia
de carteira como sendo algo pra longo prazo, porém são detalhes que, no final das contas, não
vão fazer diferença. É mais sobre o que você faz e não sobre como você chama. Dito isto, va-
mos para alguns detalhes que merecem ser mencionados aqui.

Na minha visão, swing trade é como um animal diferente dentro do zoológico do merca-
do financeiro, um animal diferente do day trade. Passamos muito tempo estudando coisas que
foram e são pensadas com gráficos diários, semanais e até mensais. Num tempo não tão dis-
tante, não tínhamos a velocidade de acesso aos dados de negociação e, por isso, não podía-
mos contar com essa velocidade a nosso favor. Isso impossibilitava muito a realização de
operações intra-diárias. Não que não fosse possível, mas a consistência e constância de ope-
rações era algo limitado e difícil de se obter.

Tudo era muito incerto!

Com a entrada de computadores e, mais além, da inteligência artificial, comandando ro-


bôs de alta frequência e aumentando gradativamente a liquidez de vários ativos, tornou-se
possível operações de day trade.

Mas onde quero chegar é no fato de que o day trade tem, na sua essência, coisas que
não são tão latentes no swing trade. Não só no fato de potencializar ações, alavancagem, po-
der gerar mais ansiedade e por aí vai...

Técnicas diferentes das “tradicionais” foram e continuarão surgindo ao longo do tempo.


O olhar apurado do operador deu um salto na questão de possibilidades num nível impensável
tempos atrás.

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Penso que sim, é possível adaptar técnicas utilizadas em day trade para as operações de
swing trade, talvez com leves alterações. Mas sim, é bem provável que se você consegue ob-
ter lucros no day trade, você terá algo a mais que uma pessoa que vai diretamente para swing
trade não terá. Isso é apenas uma constatação pessoal e talvez temporária. Não leve como
verdade absoluta, apenas reflita!

Sobre a técnica
Resolvi, ao invés de ir buscar estratégias novas ou mais clássicas para as operações em
gráficos diários e/ou semanais, buscar no que eu já fazia e tinha intimidade para “adaptar” pa-
ra esse novo momento.

A mesma visão fractal que busco no day trade, busco no swing trade, mas com algumas
nuances próprias.

A busca pelo contexto: O mercado de ações tem algumas diferenças fundamentais em


relação ao mercado de futuros. A principal delas, no meu modo operacional, é a volatilidade,
que está muito mais presente nos mercados futuros que no acionário. Isso não muda a forma
como eu analiso antes de tomar uma decisão, mas reflete uma característica fundamental.
Por isso, optei por buscar operações predominantemente no lado comprador, porém sem dei-
xar de lado a possibilidade de operar vendido.

A mesma visão fractal é aplicada, mas dando foco em correções de movimentos ou fun-
dos de movimentos com características de consolidação.

Seguindo a ideia de apresentar para você o que é mais próximo da realidade, não seria
justo e nem honesto chegar e dizer: ah, teve tal operação, tal acerto miraculoso ou mostrar um
resultado totalmente fora da realidade de um trader de verdade.

Sim, existem aqueles trades lindos, que se contar ninguém acredita, mas são poucos, ra-
ros e não são um objetivo, pois sempre que se persegue um objetivo raro e difícil (mais do que
já é por natureza) as chances de você ficar pelo caminho aumentam exponencialmente, ainda
mais se seu dinheiro for finito!

37
Os passos para a escolha de uma operação são relativamente simples quando já se sabe
o que buscar, mas a disciplina de entrar ou não em uma operação, seguir o seu planejamento
e não agir por impulso têm que ser maiores que qualquer vontade.

Como minhas operações se dão na casa do gráfico semanal, é natural que não existam
operações abertas a todo tempo. E quem dita esse ritmo não sou eu, é o próprio mercado.

Estou com algumas posições em aberto que assim que concluídas compartilho com vo-
cês o resultado.

Início da Carteira Piskelines Portfolio: 10 de Maio de 2021

Rentabilidade Acumulada Brasil: 18,57%

Rentabilidade Acumulada Exterior: 3,63%

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MAN11 PORFOLIO por João Homem

Prólogo
O “Fundo MAN11” não é na verdade um Fundo de Investimento devidamente registrado e
certificado.

Trata-se apenas de uma conta de investimentos, direcionada exclusivamente para a ges-


tão de um portfólio próprio de ativos.

Sendo assim, não se trata de um Fundo aberto ao público e não tem como comprar cotas
ou fazer parte desse Fundo.

O objetivo da exposição deste “Fundo” é de quebrar as barreiras psicológicas que exis-


tem no varejo do Mercado Financeiro brasileiro, onde gurus ditam o que é verdade, o que é
possível, o que funciona e vice-versa.

O Fundo MAN11 tem visão de longo prazo na aquisição de seus ativos, enquanto as pre-
missas e fundamentos destes forem mantidos, com o objetivo de performar acima do bench-
mark (Stock Picking). Investimos ou especulamos também em moeda estrangeira, ativos anti-
cíclicos e em ativos de baixa volatilidade. Por outro lado, com a intenção de uma performance
mais alfa, especulamos nos Mercados Futuros brasileiros e em índices diversos nos Mercados
Internacionais.

Temos como filosofia de investimentos estarmos sempre atentos aos fundamentos e


indicadores macroeconômicos, com o objetivo de nos situarmos em qual ciclo e em qual fase
deste ciclo estamos. Além disso, buscamos assimetrias, confluências e divergências, nos
mais diferentes mercados e nos mais diversos ativos.

Visamos o acúmulo de ativos de valor nas fases em que aumentam-se as margens de


segurança de cada um deles. Adicionalmente, visando a performance, especulamos no curto
ou curtíssimo prazo com uma gestão de risco baseada no histórico dessas operações e na
fatia de capital destinada a essa especulação.

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Seria uma bela lâmina num Hedge Fund de verdade hein?!

Nesta seção, pretendo expor os relatórios do meu portfólio, abordar estratégias, experi-
ência prática e teorias referentes à gestão de portfólio.

Enxergar meus investimentos como se fossem um Hedge Fund aberto ao público me fez
buscar mais, tanto em conhecimento quanto em performance e responsabilidade.

Sendo assim, o objetivo aqui é te motivar, te dar ferramentas teóricas e práticas, e te ins-
pirar a fazer o mesmo com seus próprios investimentos.

Ouro, Petrobrás e Modal


Bom, começaremos a parte do portfolio dessa semana falando do Flash Crash do ouro
no início da semana. Tivemos uma forte correção na sexta para a commodity, seguida por
uma queda forte e rápida no início da segunda-feira, o tal Flash Crash.

Flash Crash na definição Trader de Rua: Aconteceu alguma coisa, o povo ficou com medo,
uns venderam e outros tiraram suas ordens de compra do book. Dá aquele buraco e cai de uma
vez, até o pessoal se ligar que não era nada pra tanto. Então começam a comprar de novo.

Um fato que deve ser salientado é que desde 2020 os gestores vieram diminuindo sua
exposição no ouro, e agora estão começando a aumentar suas posições novamente, porém
em patamares muito baixos ainda. Sendo assim, temos mais um indício da provável continui-
dade do ciclo de alta.

No caso do Flash Crash, foi uma janela de oportunidade, dificílima de ter estômago pra
comprar e muito rápida. Piscou, perdeu. Nada a se fazer.

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Gráfico Semanal Ouro em dólares

Fonte: ProfitPro; Dados extraídos em 06/08/2021

Bom, já a Petrobrás surpreendeu na divulgação de seus resultados, anunciando um baita


lucro, aumento de caixa, redução de dívidas e dividendos aos acionistas, ou seja, os resultados
dos sonhos de qualquer investidor.

E pra finalizar os assuntos relevantes, vem minha querida Modal, que até que enfim virou
“minha”, depois de ter visto uma oportunidade nos R$16,00. A empresa também apresentou
um ótimo resultado, digno inclusive da seguinte nota do Merril Lynch, que recomendou a com-
pra do papel:

“A solid beat in 2Q21 on better revenue growth and margin expansion.”

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É engraçado que aqui no Brasil os veículos de informação se calam quanto a essa em-
presa, pelo menos os veículos que pertencem aos concorrentes do Banco Modal. Isso é, de
certa forma, bom para os investidores mais atentos, pois gera divergências (oportunidades).
Modal continua “Under the Radar”.

A propósito, isso não é um call. Eu realmente posso estar afetado pelo carinho que tenho
pela empresa.

Enfim, é o que temos pra acrescentar sobre o MAN11 nessa semana.

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CARTEIRA SELECTION USA por Eduardo Garufi

Introdução
A Carteira Selection USA foi criada por mim com um objetivo principal: aumentar a minha
exposição em renda variável com menos risco, porém com um alto potencial de assimetria po-
sitiva.

O que isso significa? Imagine a cotação de uma moeda versus outra moeda. Euro versus
o Dólar Americano, por exemplo. Imagina-se que em economias relativamente estáveis nor-
malmente a cotação não tenha grandes variações ao longo do tempo. Existe uma faixa que
historicamente o preço está. Neste sentido, buscar uma exposição nestes ativos pode ser uma
estratégia interessante para proteção de carteira ou para diversificação, mas quando falamos
de alta assimetria positiva, a conversa é outra.

Chamo de alta assimetria positiva o fato de uma ação saltar de US$70,00 para
US$560,00 em 10 meses (Vide caso do Zoom, cujo ticker é ZM, entre Janeiro e Outubro de
2020). Isso acontece em poucos ativos, e o principal deles são as ações, as americanas em
especial, pelo número de oportunidades existentes.

Minha ideia de ir para o mercado de ações americano busca atingir, além da alta assime-
tria positiva, outro importante objetivo: exposição em moeda forte, neste caso, o Dólar Ameri-
cano.

Warren Buffett disse: “Do not bet against America”. Em português, “Não aposte contra a
América”. É fato que ele tem histórico e uma fortuna acumulada para ter certeza do que está
falando. Mas o futuro sempre será incerto. O fato é que o investidor deve buscar encontrar
dentro de si as razões fundamentais para qualquer decisão, e hoje minha crença é forte no
sentido de que, por mais que haja uma forte ameaça da China, a América ainda é a América.

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Novas maneiras de rentabilizar minha carteira estarão sendo introduzidas nas próximas
semanas, por isso minha visão “somente compradora” da carteira deixará de ser totalmente
verdadeira, uma vez que estarei trabalhando com posições em opções que apostam na queda.

Como minha carteira é formada


Nesta nova fase da gestão da carteira, farei uma “fusão” do conceito das VWAPs ancora-
das em minha estratégia central, o Confluence. Desta maneira, olharei de maneira consolidada
as oportunidades utilizando meu arsenal de ferramentas de análise técnica para tomar as me-
lhores decisões.

O rol de ações americanas que vou monitorar irá aumentar, uma vez que tomarei posi-
ções com opções em algumas oportunidades.

Minha estrutura escolhida, inicialmente, serão as famosas Travas, sendo elas a Trava de
Alta ou Trava de Baixa, dependendo do viés que tenho. Isso me permitirá 2 coisas que, para
mim, são muito importantes. A primeira é, antes de tudo, a proteção, já que meu prejuízo é li-
mitado. Ou seja, pode vir o gap que for contra mim, ou pode até vir o Armagedom, que o meu
risco é determinado no momento que montarei a estrutura, e ponto final. Isso permite que eu
tome posições baseadas no risco em R de maneira mais assimétrica com a volatilidade ao in-
vés de me limitar a um percentual do capital, que muitas vezes limita o potencial de ganho.

O segundo motivo é poder operar na ponta vendedora, apostando em situações de queda


do mercado. Sim, o mercado cai às vezes (ironia detectada…). Em situações onde observo
bons pontos de realização de lucro da ponta compradora, poderei me posicionar apostando
em quedas que não são necessariamente uma reversão do mercado, mas uma correção de
curto ou médio prazo.

No caso das opções, o que mais preciso cuidar é do TEMPO, uma vez que o Theta das
opções poderá transformar minha posição em pó. Opções são contratos que têm data para
vencer, e nessa data você terá ou alguma coisa nas suas mãos, como por exemplo o direito de
exercer o seu contrato, ou você terá literalmente pó, o que significa que o contrato que você
tem na mão, ou seja, a opção não vale mais nada, pois o seu preço de exercício é pior que o
atual preço do ativo subjacente. É como se você quisesse vender um carro semi-novo mais

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caro que o carro zero KM na concessionária. Não faz sentido.

Uma opção só vale algo se o valor de seu exercício é mais vantajoso do que o preço do
ativo subjacente. E isso tudo porque estou descrevendo as características básicas de uma
simples opção. Ir para o mundo das complexas estruturas fica para outra conversa.

VWAPs Ancoradas
Não posso deixar de dar o devido crédito ao Bran Shannon, trader americano que difun-
diu o conceito de Anchored VWAPs nos EUA, já há alguns anos.

Do que se trata a VWAP Ancorada? Se você não conhece a VWAP, comecemos por aí.

VWAP é o acrônimo de Volume Weighted Average Price, ou Preço Médio Ponderado pelo
Volume. É uma média que não só utiliza o preço, como nas médias tradicionais, mas também
considera em seu cálculo o volume em cada um dos períodos.

O mais interessante da VWAP é que ela é “quase” indiferente ao tempo gráfico, ou seja, é
apresentada basicamente no mesmo preço, independentemente de qual tempo gráfico você
esteja observando. A palavra “quase” à qual me referi se deve à pequena variação que as pla-
taformas poderão ter em seus cálculos.

Diferentemente das médias tradicionais, que precisam de um número de períodos para


seu cálculo, a VWAP utiliza o ponto de ancoragem para um cálculo contínuo e ponderado.

Isto significa que desde o “nascimento” da VWAP em seu gráfico, a plataforma calcula
continuamente seu preço ponderado utilizando o volume.

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VWAP Diária no Mini Índice Futuro

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 25/06/2021

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Na imagem acima, o que os traders comumente chamam de VWAP é, na verdade, uma
VWAP ancorada no primeiro minuto do pregão. Também tem o nome de VWAP Diária.

Todas as VWAPs são ancoradas em algo. Na ordem de preferência dos traders, observa-
mos as VWAPs diárias, semanais e mensais.

Mas não para por aí. Criei uma maneira minha, totalmente minha, de encontrar outros
pontos que me auxiliam a encontrar pontos de entrada e saída eficientes.

Confluence
O Confluence é uma estratégia que busca encontrar pontos confluentes com diferentes
visões técnicas. Dentre os pontos que mais observamos estão:

• Pivot Point
• Retrações
• Médias
• VWAPs ancoradas
• Separação fractal com a visão da Grade (recém integrado)

Ele tem como fundamento primário estar a favor de uma tendência bem definida, e nosso
ponto de entrada será uma correção saudável em confluência com mais de um ponto técnico.

Balanceamento e diversificação
Nesta nova fase da carteira, vou rebalancear meu capital, mantendo 66% do capital dis-
ponível para estruturar posições em opções, e o remanescente para posições diretas nas
ações via CFDs na ActivTrades.

Nas posições via CFD eu utilizo uma alavancagem máxima de 5x, ou seja, meu stop esta-
rá sempre em uma queda de 20% do papel. Acredito ser uma boa proteção em caso de situa-
ções de alta volatilidade como, por exemplo, um evento dramático nos mercados.

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Ainda falando dos CFDs, procuro me posicionar em até 10 papéis. Portanto, não há situa-
ção onde me posicione em uma ação com mais que 10% do capital disponível para este tipo
de operação.

A diferença entre as operações com opções e as operações em CFDs de ações é basica-


mente o tipo de alavancagem que uso (sempre baixo em ambas), principalmente nas ações
que tenho disponíveis em cada estratégia. Para opções, tenho à disposição cerca de 200
ações com bom volume em suas opções, e nas quais conseguirei me posicionar sem grandes
problemas. Nos CFDs, são pouco mais de 130 papéis que monitoro, e que também permitem
um nível confortável de alavancagem e liquidez.

Um agradecimento…
Aos meus Experts BMAX, meus alunos que mais se destacaram, e hoje me apoiam tanto
na seleção como no controle da carteira, assim como nos trades do dia-a-dia.

Status: 08 de Agosto de 2021


Essa carteira está em contínua formação e gerenciamento, uma vez que as piores opor-
tunidades são encerradas em questão de poucos dias, enquanto as alocações mais rentáveis
podem durar semanas ou meses.

Início da Carteira Selection USA: 09 de Junho de 2021

Rentabilidade Acumulada Total: -4,12%

Rentabilidade Acumulada Road Runner: -10,12%

Rentabilidade Acumulada Confluence: 5,53%

Nessa semana, passei totalmente líquido, o que significa que estou com meu capital dis-
ponível para novas operações.

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Como ainda estou aguardando o processo de autorização para operar opções nos EUA
(sim, é uma papelada interminável, mas que nos dá um acesso a um outro universo de possibi-
lidades), trago para esta edição um estudo mais profundo sobre a Apple (APPL).

Não há necessidade de grandes apresentações sobre esta empresa que, de uma maneira
ou outra, faz parte da vida das pessoas na atualidade.

Gráfico Diário Apple (APPL)

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 08/08/2021

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O primeiro ponto a observar neste papel é o dado dos rendimentos, ou seja, o EPS
(Earnings per Share), que representa o lucro por ação. Esse dado é importante para determinar
se a empresa segue lucrando conforme a expectativa do mercado (expectativa essa que se
mostra muitas vezes errada).

O mercado erra mais do que gostaria nas expectativas, mas quando acerta, não necessa-
riamente temos um movimento de preço que represente tal fato.

Gráfico Diário Apple (APPL)

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 08/08/2021

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Poderíamos imaginar que após um dado 28% acima da expectativa, e que já era otimista,
a ação eventualmente tivesse uma reação positiva. Não é sempre assim. Outros fatores, mui-
tos deles distantes de nossa compreensão ou ciência, afetam como o preço se comporta.

Um triângulo que se forma desde julho sugere algum tipo de movimento climático acima,
buscando o topo de um canal que se forma desde outubro de 2020.

Na primeira imagem, podemos ver um canal de alta bem claro, e recentemente o merca-
do tem se mantido na região superior desse canal, justamente formando um triângulo. Vai su-
bir então, Garufi? Isso eu não posso afirmar, mas o que definitivamente sei dizer é o que eu fa-
rei caso isto ocorra.

Gráfico Diário Apple (APPL)

Fonte: Trading View; Dados extraídos em 08/08/2021

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Na imagem acima eu marco com uma linha azul pontilhada o ponto onde minha platafor-
ma me enviará um alerta de uma possível oportunidade. Claro que não deixarei de rastrear a
Apple nas próximas semanas para eventuais novos estudos e mudanças de planos, mas hoje
acredito fortemente que a região dos $158,00 será um ponto importante de realização.

Sempre lembre que tudo pode mudar, inclusive minha atual convicção. O Peter Brandt,
entrevistado por Jack Schwager no livro Unknown Market Wizards, comenta que muitas vezes
expressou sua opinião sobre se um ativo subiria ou não, especialmente no Twitter, e sofreu
forte repressão, especialmente porque o Twitter é uma rede repleta de “especialistas” de plan-
tão que têm, por muitas vezes, o hobby de criticar opiniões que “se tornaram erradas”.

Se tornar “errado” é muito longe da realidade de um trader que realmente opera e compra
risco.

Imagine a situação onde alguém que leia esta edição do Report daqui a 1 ano, olhe para
esta mesma ação e diga: “Nossa Garufi, você estava muito errado!”

O fato é o seguinte: Muitas coisas podem acontecer no preço dos ativos. Neste exemplo
acima, o mercado pode chegar ao meu ponto de interesse e seguir em frente subindo como
um foguete, ou então nem sequer chegar lá pelos próximos meses. Outra possibilidade é ele
se comportar como eu previa.

Caso ele suba como um foguete, vou comprar um risco limitado, e seguir a vida, tranquilo
porque arrisquei dentro do perfil de risco certo. Se ele nunca mais chegar nesse preço (olha eu
aqui exagerando…), eu terei que fazer novos estudos e me preparar para outras oportunidades,
comprado ou vendido.

Mas eu posso também estar certo. Lembre-se sempre que um trader e investidor irá ren-
tabilizar sua grana simplesmente ganhando mais dinheiro do que perde. Simples assim. Não é
o jogo de estar certo ou errado.

Eu costumo acertar o suficiente para fazer uma boa grana. É isso que importa. E é isso
que faço aqui para vocês, caros leitores deste respeitável e Skin in The Game SST Report.

Vamos juntos seguir nessa jornada de erros e acertos, buscando cada vez ler e compre-
ender melhor o mercado, buscando oportunidades assimétricas de lucro, que nos coloquem

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em uma posição de rentabilizar muitas vezes mais que qualquer produto ou oferta de pratelei-
ra que temos por aí.

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ANALISANDO OS FATOS

COM FILIPE MANO

O QUE É?
Essa seção tem por finalidade abordar uma notícia, um acontecimento, um per-
sonagem de mercado ou uma referência bibliográfica, trazendo análises e infor-
mações complementares e que vão além do senso comum.

SOBRE O FILIPE MANO


Filipe é empresário, fez a sua primeira operação em bolsa nos idos de 1999, e se
considera um membro devoto do SST. Entrou na comunidade em 2017, opera atra-
vés de análise técnica, lê menos do que gostaria (e vai morrer achando isso),
aprende muito no SST e não tem qualquer verdade absoluta pra contar.

lfrmano

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TE MOSTRO 95% DE TAXA DE ACERTO E TRA-
GO A PESSOA AMADA EM 3 DIAS

Sem o incentivo do meu pai, eu não teria começado tão cedo no universo bursátil. Entusi-
asta da bolsa de valores, ele era aquele investidor "da velha guarda": tinha um corretor de con-
fiança e operava com base nas dicas que recebia daquele corretor. Como o trabalho e a corre-
tora ficavam no mesmo bairro, o Centro do Rio de Janeiro, ele ia com frequência até a correto-
ra e gostava de passar horas ao lado do seu corretor-amigo-confidente, ouvindo atentamente
as indicações mais quentes do momento. Ao chegar em casa, quase sempre me contava com
um certo brilho nos olhos sobre a atividade frenética daqueles profissionais na corretora, co-
mo eles ganhavam fortunas em poucos dias e como ele próprio havia ganhado um bom di-
nheiro com as indicações recebidas ali. Vez ou outra, porém, o humor do meu pai se mostrava
bem diferente dos outros dias. É como se a alegria acumulada em vários dias se perdesse em
apenas um dia. E eu sabia do que se tratava: meu pai havia tido uma operação perdedora na
bolsa.

Diversos estudos já mostraram que a dor gerada por uma perda é sentida com muito
mais intensidade do que o prazer criado por um ganho. A atribuição de maior importância às
perdas do que aos ganhos é um viés comportamental com enorme impacto nas decisões de
investidores e traders, e que certamente acompanhou a longa história do meu pai com a bolsa
de valores. Em 1979, Daniel Kahneman e Amos Tversky propuseram uma teoria, a qual chama-
ram de Teoria da Perspectiva ou Teoria do Prospecto, em contraposição ao entendimento até
então amplamente difundido de que as pessoas decidiam sempre da forma estatisticamente
mais racional possível. Através de estudos controlados, demonstraram que uma pessoa tenta-
rá evitar uma perda com mais afinco do que tentará obter um ganho, ainda que essa perda e
esse ganho sejam de igual magnitude. Eu e você não gostamos de perder, e isso não é o pro-
blema. O nosso viés de aversão à perda é que pode nos levar a tomar atitudes pouco racio-
nais, e esse sim é um problema.

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Sair cedo de uma operação vencedora, segurar demais uma operação perdedora, fazer
médio irracional esperando que o mercado nos dê alguma chance de sair no zero a zero. É
possível que você já saiba que cada uma dessas ações não te dará vantagem estatística ao
longo do tempo. Ainda assim, a nossa mente estará sempre a postos para cair numa dessas
armadilhas. Um coach moderninho, ao aconselhar sobre o que você pode fazer nessa situa-
ção, te diria que "o preço da liberdade é a eterna vigilância". Mas é o "aceita que dói menos" que
tem me guiado nesses anos, mitigando essa importância desmedida que dou à perda.

Operacionais com alta taxa de acerto são naturalmente atraentes para uma mente aves-
sa a perdas. O título provocativo - embora completamente non sense - que escolhi para este
texto é da espécie de títulos cujos autores já sabem que atrai um monte de gente. A maioria
prefere ganhar um número maior de vezes, e isso é razoável. Porém, a taxa de acerto não con-
ta toda a história. Há mais duas variáveis nessa equação: o risco e o retorno. E a combinação
histórica entre a taxa de acerto, o risco assumido e o retorno esperado tem nos mostrado que
o trader que consegue uma alta taxa de acerto normalmente opera com uma baixa relação re-
torno/risco. Em outras palavras, é natural que, ao querer acertar muito mais vezes do que erra,
o trader tenha que estar pronto para sofrer perdas médias maiores em relação à média de su-
as operações vitoriosas, quando aquelas perdas ocorrem. Todo mundo quer ser capaz de
combinar as frases-clichê "Quando perder, perca pouco, e quando ganhar, ganhe muito" e "Opere
como um sniper, e só faça as melhores entradas" num único operacional, e que isso funcione
pra sempre e em todos os ciclos de mercado. Com o tempo, somos sempre obrigados a reco-
nhecer que não há uma grande tacada ou um Santo Graal, e sim um processo contínuo (e mui-
to mais lento do que sonhávamos em nossos devaneios de iniciante) de construção de conhe-
cimento que aumentará o muro atrás de nós e que, assim, evitará grandes retrocessos.

A taxa de acerto que propus no título é perfeitamente possível de obter (gostaria que al-
gum trader que opera com base em Martingale estivesse aqui pra confirmar isso, mas infeliz-
mente estão todos mortos…). E é aí que mora o perigo: o trader que se acostuma a ver muitas
barrinhas verdes no seu relatório de performance deve estar psicologicamente preparado para
aceitar a barra vermelha, pois ela virá. Renegar a barra vermelha será o seu fim, e não diga que
Kanehman e Tversky não te avisaram isso antes. No final, eu gosto de pensar na atividade de
trading (vale também para a gestão de portfólio) como algo saudável a longo prazo se for ins-
tigante na preparação, mas monótono na execução. Ao contribuir com alguns comentários du-
rante a ótima resenha em vídeo que o Edu Garufi fez para o livro Unknown Market Wizards, do

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do Jack Schwager, vi com satisfação que TODOS os traders entrevistados ali amavam o pro-
cesso acima de tudo. Apertar o botão de compra ou de venda, ao final, era apenas uma etapa
de um método que envolvia a observação do mercado, a escolha do ativo, a construção das
premissas, backtest etc. Se eles gostassem apenas da adrenalina gerada pela abertura de
uma posição, poucos (ou nenhum deles) estariam ali pra contar a sua história.

Ah, mas Filipe, eu vi várias operações vencedoras com base em um setup mostrado por
um guru nas redes sociais! Cuidado com o viés da confirmação. Peraí, Mano, mas depois que
assisti diversos vídeos do famoso do Instagram demonstrando as entradas que fazia com seu
operacional matador, comecei a ver entradas iguais e estou animado! Atenção para o viés da
disponibilidade. Vieses cognitivos são erros sistemáticos de nossos pensamentos, e eles es-
tão aí para afetar a nossa interpretação do mundo. Tente entendê-los ou busque um especia-
lista que o ajude com isso.

Como eu já disse no meu texto da semana passada, a Teoria da Perspectiva deu um prê-
mio Nobel de Economia a Daniel Kahneman em 2002 (Amos Tversky também seria laureado,
mas infelizmente já havia falecido). Recomendar a leitura do livro Rápido e Devagar: Duas For-
mas de Pensar, escrito por Kahneman e publicado em 2011, é o que se espera de alguém que
pretende indicar qualquer referência sobre finanças comportamentais e os inúmeros vieses
presentes na atividade do trader/investidor. Mas antes de ler as 600 páginas de um livro es-
crito por um brilhante acadêmico, vou propor que leia O Projeto Desfazer: A amizade que mu-
dou a nossa forma de pensar. Em cerca de metade do número de páginas da obra-prima de
Kahneman, o escritor Michael Lewis (autor de Flash Boys e A Jogada do Século, que deu ori-
gem ao filme A Grande Aposta) conta como dois acadêmicos com personalidades quase opos-
tas uniram os seus talentos e montaram as bases da economia comportamental moderna.
Uma amizade improvável que revolucionou tudo. Qualquer semelhança com a dupla João Ho-
mem-Garufi pode não ser mera coincidência.

Boa leitura e uma ótima semana!

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FATOS & CURIOSIDADES

RODRIGO EDUARDO JOÃO FILIPE ALEX RENAN ANDRÉ


BEDIN GARUFI HOMEM MANO PISKE MANGUEIRA PORTO

O QUE É?
Essa seção traz fatos, dados, informações e acontecimentos históricos sobre
Mercado.

SOBRE O GRUPO
Todos os especialistas do SST juntos, unindo conhecimentos e vivências.

sst.trade contato@sst.trade

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NÃO SEI SE É DE MASLOW OU DO EGITO, MAS
AMBAS TEM ALGO EM COMUM

Nos anos 1920, não existia WhatsApp e nem e-mail. As pessoas se comunicavam por
cartas ou telefone.

Enviar uma carta para outro país era algo caro e complicado. Para facilitar a resposta de
uma carta internacional, existia um Cupom de Resposta Internacional. Quando recebia uma
carta de outro país usava esse cupom para responder a carta. Esses cupons eram precifica-
dos no país onde foi comprado, mas poderiam ser convertidos em selos.

Com a Primeira Guerra Mundial, houve uma alta inflação em diversos países da Europa, o
que desvalorizou a moeda local frente ao dólar, ou seja, com 1 dólar poderia comprar mais se-
los nesses países do que com 1 dólar nos EUA.

Então, um cidadão chamado Charles, que morava em Boston (EUA), teve a ideia de fazer
uma arbitragem com os cupons, comprando em países da Europa e enviando para os EUA, pa-
ra depois convertê-los em selos americanos e vendê-los, tendo assim um possível lucro.

Essa operação poderia gerar lucros de 400%.

Após um empréstimo recusado pelo banco, Charles começou a captar recursos de tercei-
ros, prometendo ganhos de 50% em 45 dias e 100% em 90 dias. As primeiras pessoas que in-
vestiram na empresa tiveram seu dinheiro prontamente devolvido e acrescido do lucro.

Essa “oportunidade maravilhosa” foi se espalhando e atingindo mais e mais pessoas. No-
vos investidores surgiam de todos os lugares. Pessoas hipotecavam suas casas, sacavam
poupanças, heranças, todo dinheiro que tinham disponível. Chegou a captar US$1.000.000 por
dia no auge.

Charles Ponzi comprou carros de luxo, mansões e chegou a ser o homem mais rico de
Boston.

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Mas, como dizem, o que é bom dura pouco, e as coisas começaram a sair dos eixos.
Com todo o “barulho” feito, chamou atenção de diversas pessoas e o jornal The Boston Post
começou a investigar o negócio e as promessas de retorno.

Investigaram e levantaram o passado de Ponzi, que já tinha sido preso no passado por
fraude e também por contrabando. Questionaram qual seria o motivo do próprio Ponzi não in-
vestir em sua empresa, e talvez o mais impactante: para o negócio acontecer com o montante
envolvido, deveria haver mais de 160 milhões de cupons em circulação, mas na verdade não
passavam de 27 mil.

Com essas revelações, Ponzi teve que pagar US$2.000.000 em apenas 3 dias para uma
multidão de pessoas que iam ao escritório sacar o dinheiro, mas ele acalmou as pessoas e
disse para não se preocuparem. Algumas pessoas mudaram de ideia e continuaram com o
dinheiro “investido”.

Com esses acontecimentos, ele contratou um jornalista para “ajudar” na imagem da em-
presa, mas William McMasters começou a desconfiar do negócio de Ponzi e, após analisar e
ter diversos documentos incriminatórios, chegou à conclusão de que a empresa “roubava de
Pedro para dar a Paulo”. Ou seja, não havia investimento, o dinheiro de uma pessoa servia para
pagar outra, caso esta última decidisse sacar. Essa notícia foi publicada no jornal The Post no
dia 2 de agosto de 1920, que, além dessas conclusões, declarou que a empresa era insolvente
com uma dívida de milhões de dólares.

No dia 12/08/1920, Ponzi finalmente se declarou culpado e foi preso.

Depois de solto, tentou outros esquemas, mas foi preso novamente e deportado para a
Itália, seu país de origem. Já sem dinheiro, conseguiu um emprego como agente da compa-
nhia aérea Ala Littoria, que fazia o trajeto entre o Rio de Janeiro e Roma. Após a Segunda Gran-
de Guerra, a empresa encerrou as operações e Ponzi ficou no Brasil, já com a saúde debilitada.
Morreu em 1949 no Rio de Janeiro.

Charles Ponzi, com todos esses acontecimentos eternizou seu nome na história, ficando
famoso pelo Esquema Ponzi, também conhecido aqui no Brasil como Pirâmide. Nesse tipo de
crime, o “lucro” do investimento vem de uma outra pessoa que aplicou o seu capital naquele
investimento inexistente. No momento em que a pirâmide deixa de ter novos ingressos, ou
uma parte significativa dos investidores resolve sacar, o esquema vai à ruína e todos

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descobrem que o dinheiro não existe.

Essa história já tem mais de 100 anos, mas poderia ter aparecido no Jornal Nacional de
ontem, não é mesmo?

A história nos ensina muita coisa, porém muitas vezes não aprendemos com ela e até
hoje é comum assistirmos histórias de pessoas que perderam tudo o que têm - poupança, car-
ro, casa, herança - nesses esquemas. Desde “fundos de investimento”, “investimentos em
Bitcoin e criptomoedas”, “investimento em avestruz”, todos prometem ganhos altos e rápidos.

Mais um fato curioso de toda essa história: o esquema leva o nome de Ponzi até hoje e
muitos acreditam que ele de fato foi o pioneiro, mas há relatos que em 1879 já existiam as fa-
mosas pirâmides.

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”

(Albert Einstein)

64
EDUCACIONAL

RODRIGO EDUARDO JOÃO FILIPE ALEX RENAN ANDRÉ


BEDIN GARUFI HOMEM MANO PISKE MANGUEIRA PORTO

O QUE É?
Essa seção procura trazer conteúdos educacionais para aprofundar o conheci-
mento do investidor em assuntos de Mercado.

SOBRE O GRUPO
Todos os especialistas do SST juntos.

sst.trade contato@sst.trade

65
EDUCACIONAL

Essa é uma sessão que procura trazer informações e conhecimentos sobre o Mercado e
investimentos. Para isso, precisamos começar do básico para assim conseguirmos evoluir,
saindo do básico para chegar na análise de ações. Vale lembrar que toda informação, ainda
que básica, pode ter algum detalhe perdido ao longo do tempo. Portanto, sugerimos fortemen-
te que não deixe de ler também, mesmo rapidamente, essa parte do Report.

Liquidez
A liquidez é uma parte muito importante em seus investimentos. Resumidamente, ela de-
nota a facilidade de transformar um ativo em dinheiro, e é aplicável para todos os tipos de in-
vestimentos.

Um imóvel é considerado um ativo de baixa liquidez pois para vendê-lo demora um certo
tempo, e caso queira acelerar a venda é necessário colocar um preço abaixo do preço de mer-
cado.

A poupança é um ativo de alta liquidez, pois em questão de segundos você consegue co-
locar o valor da poupança na conta corrente e no valor exato que tinha.

Trata-se, portanto, de um fator muito importante na alocação do seu patrimônio. Cada


ativo pode ter uma liquidez diferente, e a necessidade urgente de vendê-lo ou resgatá-lo pode
causar um impacto negativo no patrimônio total do investidor.

Por conta disso, usualmente, ativos com menor liquidez devem apresentar um retorno
maior. A baixa liquidez traz um risco maior decorrente do prazo para a venda ou o resgate, e
isso fica muito claro em investimentos de renda fixa nos quais quanto maior o prazo maior a
rentabilidade.

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Existem diferentes níveis de liquidez dentro de uma mesma classe de ativo, como por
exemplo nas ações. A ação da Petrobras possui uma alta liquidez, um volume de negociações
muito alto (atualmente na casa dos R$2,8 bilhões/por dia). Já as ações da Comgás possuem
uma baixa liquidez, com volume de negociações na casa de R$123 mil/dia. O aumento do
spread (o conceito de spread está no SST Report da semana passada) é uma característica
natural de uma ação com baixa liquidez. Com spread maior, com frequência o investidor/
trader que deseja comprar a ação terá que estar disposto a pagar um preço mais alto do que o
último negócio realizado, e para vender terá que aceitar um preço mais baixo.

Categorias de ações
Atualmente, existem mais de 300 empresas listadas na B3.

Existem algumas classificações para essas empresas, com vistas a permitir ao investi-
dor ser mais assertivo em suas escolhas e, de alguma forma, diferenciar tais ações. Uma des-
sas classificações é feita com base no valor total de mercado da empresa (o chamado market
cap). Com base nessa variável, as ações são divididas basicamente em 4 categorias: Blue
Chips, Mid Caps, Small Caps e Micro Caps.

Não há um consenso geral, nem no Brasil e muito menos internacionalmente, de qual se-
ria o intervalo de valor de capitalização para enquadrarmos a ação de uma empresa em deter-
minada categoria. Muitas vezes, inclusive, a inclusão de ações em uma dessas categorias não
leva em consideração apenas o seu market cap, mas também outras características relaciona-
das à liquidez e frequência de negociações em pregões regulares.

Portanto, vamos utilizar abaixo os conceitos mais gerais e intervalos de referência, para
diferenciar as 4 categorias.

Blue Chips costumam ser as empresas mais conhecidas e mais negociadas na Bolsa de
Valores, e também as maiores. O termo Blue Chips vem do jogo de Poker, onde as fichas azuis
são as que possuem o maior valor. São empresas que costumam ter valor de mercado acima
de R$10 bilhões.

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Mid Caps são empresas que possuem valor de mercado entre R$2 bilhões e R$10 bi-
lhões.

As Small Caps possuem market cap entre R$300 milhões e R$2 bilhões.

Finalmente, as Micro Caps são aquelas que estão abaixo de R$300 milhões.

Como já dito, a classificação acima é apenas indicativa, por não haver uma regra rígida
sobre o assunto.

Como forma alternativa de pensar nisso, considere que as empresas Blue Chip costu-
mam ter maior liquidez, tempo na Bolsa, transparência e resultados mais consistentes e, por
esses motivos, acabam sendo mais buscadas pelos investidores. As demais, por sua vez, cos-
tumam ter uma menor liquidez e maior volatilidade.

Desdobramento de ações (Split)


O desdobramento, ou split, ocorre quando uma empresa, em um dado momento de sua
existência, decide aumentar a quantidade de suas ações no mercado, porém sem aumentar o
seu capital social.

Vamos a um exemplo: uma certa empresa de capital aberto tem 100.000 ações emitidas
e cada ação está cotada a R$100,00 na bolsa de valores. Ela, então, decide fazer um desdobra-
mento na proporção 1 para 5 (1:5). Isso significa que cada ação atual se converterá em 5 no-
vas ações. As atuais 100.000 ações hoje existentes virarão, portanto, 500.000 ações, e o preço
unitário dessas ações, imediatamente após esse desdobramento, passará dos atuais
R$100,00 para R$20,00. Note que não houve alteração nos fundamentos da empresa e tão
pouco aumento ou diminuição de seu capital social, cabendo aí a explicação de vermos o pre-
ço unitário das ações ser reduzido na mesma proporção do desdobramento. É como se você
decidisse trocar uma cédula de R$10,00 por 5 cédulas de R$2,00. No final, não houve alteração
no valor de seu patrimônio.

A empresa normalmente costuma tomar essa decisão para aumentar a liquidez de suas
ações. Com um valor unitário menor, mais investidores conseguirão comprar e mais ações se-
rão negociadas diariamente.

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Há pessoas que tendem a acreditar que ações que sofrem desdobramento voltarão a ser
negociadas no preço anterior ao seu desdobramento, pois agora estão “baratas”. Pelo exposto
acima, fica claro que, se isso ocorrer, será decorrente dos sólidos fundamentos da sociedade,
e não por outro motivo. Caso contrário, estamos diante de uma euforia irracional.

Grupamento de ações (Inplit)


É o contrário do split. Acontece quando a empresa decide reunir várias ações em uma, e
essa decisão ocorre normalmente porque a empresa entende que o valor de suas ações está
muito baixo e que, por isso, o baixo preço gera uma indesejada alta volatilidade às cotações e
não traz confiança aos investidores.

Vale lembrar também que quando a ação é cotada a menos de R$1,00 por mais de 30 di-
as, ela recebe uma notificação da B3 para realizar o grupamento. Caso não cumpra, pode ter
sérias consequências, que vão até a suspensão das negociações.

Em um exemplo, uma ação que está sendo cotada a R$2,00 e possui 10.000 ações, deci-
de então fazer o grupamento na proporção 10 para 1 (10:1). Portanto, ela passa a ter 1.000
ações em circulação cotadas a R$20,00. Assim como no split, há apenas um ajuste no preço
unitário de cada nova ação, sem alteração nos fundamentos ou no capital social da empresa.

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COMO DIRIGIR UMA MERCEA-
RIA E UMAS COISINHAS QUE
APRENDI SOBRE PESCARIA

COM JOÃO HOMEM

O QUE É?
Uma carta visceral, com conteúdo de Mercado, escrita por alguém que faz na
real, ama o que faz e se diverte aprendendo cada vez mais.

SOBRE O JOÃO HOMEM


Trader e investidor, apaixonado pelo Mercado Financeiro onde atua desde 2006. É
também o criador da maior e mais bem estruturada comunidade do Mercado Fi-
nanceiro, disposta a dar suporte a traders e investidores de forma gratuita, o Speci-
al Squad Traders.

joaohomem joaohomem@sst.trade

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O SUCESSO É UM ERRO, OU PODE SER

Prólogo
Ok, lá vem o João com um título de conteúdo completamente sem sentido. E pior, come-
çando o texto com um ok, sendo a primeira frase algo que talvez estaria em minha mente, e
não na dele.

Sim, a frase acima veio de sua cabeça! Porém, quanto a fazer sentido, saiba que o senti-
do das e nas coisas depende mais de nossa percepção do que de nossa interpretação de tex-
tos. Aliás, a interpretação depende da percepção.

Creio que todos que venham a consumir este espartano conteúdo são pessoas que gos-
tam muito do Mercado e querem muito evoluir profissionalmente nisso. Sendo assim, eu per-
gunto:

Por que não ligaram o título da minha série de cartas ao talvez maior investidor de todos
os tempos?

Sim, o título é quase uma homenagem ao nosso querido velhinho Warren Buffett.

Esse é o título que seu avô Ernest Buffett deu a um protótipo de um livro de sua autoria, o
qual fazia questão de ditar algumas páginas todas as noites para o jovem Warren, quando seu
neto veio morar com ele.

Você saberia disso se tivesse lido o relatório anual da Berkshire Hathaway de 1985.

Entendeu a questão da percepção?

“Quando eu tinha 12 anos, morei com meu avô por aproximadamente quatro meses. Um
merceeiro de profissão, ele também estava trabalhando em um livro e todas as noites ele ditava
algumas páginas para mim. O título era “How to Run a Grocery Store and a Few Things I Have Le-
arned About Fishing”. Meu avô tinha certeza que o interesse por estes dois assuntos era univer-
sal e que o mundo aguardava suas opiniões. Você pode concluir a partir do título e dos conteú-

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dos desta seção que fui superexposto ao estilo literário (e à personalidade) do vovô.”

(Warren Buffett)

O título da seção mencionada por Buffett era "Three Very Good Businesses (and a Few
Thoughts About Incentive Compensation)".

Sim, aquele guruzão que te ensinará a ser o próximo Buffett nunca mencionou isso. Ele
precisa fazer o trabalho dele, de ficar na superficialidade sexy das histórias, o que certamente
é mais comercial.

Compre ações de boas empresas, mantenha-as e em breve será um bilionário gente boa!

Por isso a pergunta: O quão fundo você deseja entrar na Toca do Coelho?

Até onde você quer ir em seu entendimento?

Acha que realmente o mercado é apenas uma questão matemática?

Pior, acha que basta seguir as indicações que seguirá rumo aos bilhões?

Vejo muita gente falando de mim como se eu fosse um cara fora da curva na questão de
entender o mercado, como se fosse um mago ou até mesmo um gênio. Porém, a única coisa
que vejo de diferente em mim é que sempre quero ir mais fundo. Na época da escola, muitos
professores me odiavam por isso.

Ah, tenho outra característica...

Eu me divirto muito lendo conteúdos viscerais de Mercado! Aprender se divertindo é algo


mágico mesmo! Está aí a magia mencionada no parágrafo acima.

É exatamente isso que posso te prometer nessa minha série no SST REPORT, algo visce-
ral, de alguém que faz na real, ama o que faz e estará cada vez indo mais fundo na Toca do
Coelho.

O Sucesso É Um Erro, Ou Pode Ser


Todos os coaches e influencers deste planeta falam bem dos erros, dos fracassos, enfim,

72
que você não deve ter medo de errar ou fracassar. Por essas e outras dou tanto mais valor a
fazedores do que a faladores. Falar isso do alto de sua vida de sucesso nas redes sociais é
fácil. O difícil é viver isso!

Quando eu comecei a fazer operações de daytrade lá em 2014, usei todas as minhas


economias e, pra complicar, um tanto mais, usando todas as economias da minha esposa
(namorada na época). Na boa, coach, eu não conseguiria enxergar que fracassar numa em-
preitada dessas seria de alguma forma favorável.

Eu comecei um negócio no ano passado e, até então, já colocamos quase duas milhas de
dinheiro nisso. Na boa influencer-guru-todo-poderosão, eu não consigo enxergar que fracassar
nisso seria de alguma forma favorável.

Eu sei o quanto um fracasso dessa magnitude pode impactar nossas vidas negativamen-
te. Eu sei o quanto dói! Já tive vários empreendimentos profissionais e pessoais que fracassa-
ram, e sim, eles me ensinaram muito, mas a relação custo/benefício não foi assim tão vantajo-
sa.

Em todas essas situações, seria melhor ter buscado mais conhecimento e aprendido
com os mais experientes antes.

Encerro aqui minhas acusações contra os erros e fracassos.

Você já sabe que eu sei o sabor das derrotas, dos fracassos e dos erros. É assim que a
humildade é construída.

Agora veja bem, se eu tivesse medo de errar, será que eu teria a vida que tenho hoje?

Sei que pensaram em um sonoro “NÃO”, mas a verdade é que não temos o poder de sa-
ber as consequências das decisões que não tomamos. Talvez minha vida poderia ser melhor…

Porém, desde pequeno, eu sempre escolhi o caminho mais desafiador, mais visceral,
mais “quase impossível”, o caminho em que eu pudesse fazer da minha vida uma verdadeira
saga, e não apenas mais uma vida.

Eu já sabia que ia doer.

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Sendo assim, eu poderia até estar numa situação melhor na vida, se tivesse medo de fra-
cassar, porém não seria uma vida digna de quem eu sou!

O mercado foi e continua sendo mais uma guerra em minha vida, batalhada dia após dia.
A diferença é que o mercado tem muitas vantagens perante as demais guerras da minha vida.
Ela depende só de mim, as derrotas nas batalhas não me levam ao fracasso absoluto e eu
aprendi muito bem como guerrear. Se provando a cada dia, você pode sim usar seus fracas-
sos como moeda de evolução para se ganhar batalhas maiores no futuro. Esses fracassos
não são algo bom no momento em que acontecem, mas mesmo com o gosto de sangue na
boca, você sabe que evoluirá com aquilo.

Assim deveriam ser todos os traders, e sim, creio que todos os que sobrevivem ao longo
do tempo são assim. Há tempos, o mercado, ou seja, as melhores performances do mercado
não são dos ultraconservadores donos de rios de dinheiro, que apenas compram pedaços de
grandes empresas e guardam pra sempre.

Durante muito tempo, a comunidade financeira dizia ser impossível superar os mercados
no longo prazo, e veio Buffett.

Durante muito tempo, essa mesma comunidade viu Buffett como uma aberração estatís-
tica, mas daí vieram muitos outros discípulos de Graham e Buffett.

Então, os holofotes foram para os “especuladores”, ou melhor, traders. Disseram que era
impossível traders manterem performances de longo prazo. Inclusive, as próprias vítimas das
afirmações anteriores, agora eram acusadores enérgicos. Daí veio Edward Thorp, George So-
ros e uma legião de traders até hoje, culminando na maior performance de todos os tempos, a
do grande Jim Simons.

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“Cometer alguns tipos de erros é a coisa
mais racional a fazer, quando os erros são
de baixo custo, pois eles levam a desco-
bertas. Por exemplo, a maioria das desco-
bertas médicas é acidental. Um mundo li-
vre de erros não teria penicilina, nem qui-
mioterapia… quase nenhum medicamen-
to, e muito provavelmente nenhum huma-
no.
É por isso que tenho sido contra o Estado
nos ditando o que deveríamos estar fa-
zendo: somente a evolução sabe se a coi-
sa errada está realmente errada, desde
que estejamos arriscando a própria pele
para permitir a seleção.”
(Nassim Nicholas Taleb)

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Agora, o impossível está em nossas mãos. É impossível um trader pessoa física superar
os mercados no longo prazo. Pior ainda se tiver o daytrade em suas operações.

Você consegue seguir em frente usando pequenos fracassos como novas descobertas?

Você consegue fazer com que nenhum de seus fracassos no trading seja um fracasso
absoluto?

Você aceita este desafio de ser o que o “Estado” diz ser impossível?

A seleção é feita dia a dia.

Nós somos a evolução!

Um excelente final de semana!

João Homem

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DISCLAIMER
Este material é de cunho estritamente educacional e informativo, não
tem como objetivo ser considerado como previsão, análise ou aconse-
lhamento de investimento, e não é uma recomendação ou oferta de
compra ou venda de quaisquer títulos ou valores mobiliários, nem re-
comendação de adotar qualquer estratégia de investimento. A infor-
mação e as opiniões aqui contidas são derivadas de fontes proprietá-
rias e não-proprietárias consideradas pela Special Squad Tradres S.A.
como confiáveis, as quais não necessariamente contém todos os da-
dos necessários e não são garantidas quanto à exatidão e/ou preci-
são. Não há garantias de que qualquer previsão se tornará verdade. O
uso das informações aqui contidas é de exclusivo critério do leitor. De-
sempenho passado não é garantia de resultados futuros.

A informação aqui disponibilizada não constitui assessoramento jurídi-


co ou tributário. Investidores devem consultar seus próprios assesso-
res jurídicos ou tributários sobre sua situação legal e/ou fiscal. Todos
os investimentos financeiros envolvem algum elemento de risco. Por-
tanto, o valor de seu investimento e a renda dele obtida irão variar e
seu investimento inicial não pode ser garantido. Investimentos interna-
cionais envolvem riscos, incluindo aqueles relacionados com flutuação
de taxas de câmbio entre moedas, liquidez limitada, menor regulamen-
tação governamental, bem como a possibilidade de níveissubstanciais
de volatilidade por conta de ocorrências adversas de caráter político,
econômico ou outro. Tais riscos são frequentemente maiores em mer-
cados emergentes ou em mercados de capitais menos expressivos.
SST.TRADE SPECIAL SQUAD TRADERS

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