Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gestão de Projetos
Uma abordagem global
2ª edição
Rua Henrique Schaumann, 270
Pinheiros – São Paulo – SP – CEP: 05413-010
Fone PABX: (11) 3613-3000 • Fax: (11) 3611-3308
Televendas: (11) 3613-3344 • Fax vendas: (11) 3268-3268
Site: http://www.saraivauni.com.br
Filiais
AMAZONAS/RONDÔNIA/RORAIMA/ACRE
Rua Costa Azevedo, 56 – Centro
Fone/Fax: (92) 3633-4227 / 3633-4782 – Manaus
BAHIA/SERGIPE
Rua Agripino Dórea, 23 – Brotas
Fone: (71) 3381-5854 / 3381-5895 / 3381-0959 – Salvador
BAURU/SÃO PAULO (sala dos professores)
Rua Monsenhor Claro, 2-55/2-57 – Centro
Fone: (14) 3234-5643 – 3234-7401 – Bauru
CAMPINAS/SÃO PAULO (sala dos professores)
Rua Camargo Pimentel, 660 – Jd. Guanabara
Fone: (19) 3243-8004 / 3243-8259 – Campinas
CEARÁ/PIAUÍ/MARANHÃO
Av. Filomeno Gomes, 670 – Jacarecanga
Fone: (85) 3238-2323 / 3238-1331 – Fortaleza
DISTRITO FEDERAL
SIA/SUL Trecho 2, Lote 850 – Setor de Indústria e Abastecimento
Fone: (61) 3344-2920 / 3344-2951 / 3344-1709 – Brasília
GOIÁS/TOCANTINS
Av. Independência, 5330 – Setor Aeroporto
Fone: (62) 3225-2882 / 3212-2806 / 3224-3016 – Goiânia
MATO GROSSO DO SUL/MATO GROSSO
Rua 14 de Julho, 3148 – Centro
Fone: (67) 3382-3682 / 3382-0112 – Campo Grande
MINAS GERAIS
Rua Além Paraíba, 449 – Lagoinha
Fone: (31) 3429-8300 – Belo Horizonte
PARÁ/AMAPÁ
Travessa Apinagés, 186 – Batista Campos
Fone: (91) 3222-9034 / 3224-9038 / 3241-0499 – Belém
PARANÁ/SANTA CATARINA
Rua Conselheiro Laurindo, 2895 – Prado Velho
Fone: (41) 3332-4894 – Curitiba
PERNAMBUCO/ ALAGOAS/ PARAÍBA/ R. G. DO NORTE
Rua Corredor do Bispo, 185 – Boa Vista
Fone: (81) 3421-4246 / 3421-4510 – Recife
RIBEIRÃO PRETO/SÃO PAULO
Av. Francisco Junqueira, 1255 – Centro
Fone: (16) 3610-5843 / 3610-8284 – Ribeirão Preto
RIO DE JANEIRO/ESPÍRITO SANTO
Rua Visconde de Santa Isabel, 113 a 119 – Vila Isabel
Fone: (21) 2577-9494 / 2577-8867 / 2577-9565 – Rio de Janeiro
RIO GRANDE DO SUL
Av. A. J. Renner, 231 – Farrapos
Fone: (51) 3371- 4001 / 3371-1467 / 3371-1567 – Porto Alegre
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SÃO PAULO (sala dos professores)
Av. Brig. Faria Lima, 6363 – Rio Preto Shopping Center – V. São José
Fone: (17) 3227-3819 / 3227-0982 / 3227-5249 – São José do Rio Preto
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SÃO PAULO (sala dos professores)
Rua Santa Luzia, 106 – Jd. Santa Madalena
Fone: (12) 3921-0732 – São José dos Campos
SÃO PAULO
Av. Antártica, 92 – Barra Funda
Fone PABX: (11) 3613-3666 – São Paulo
351.378.002.001
ISBN 9788502180345
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
K38g
2. ed.
Keeling, Ralph
Gestão de projetos : uma abordagem global / Ralph Keeling, Renato Henrique Ferreira Branco ; tradução: Cid Knipel Moreira ;
revisão técnica: Orlando Cattini Jr.. - 2. ed. - São Paulo : Saraiva, 2012.
288 p. : 24 cm
Tradução de: Project management : an international perpective
ISBN 9788502180345
1. Administração de projetos I. Branco, Renato Henrique Ferreira. I. Título.
12-7936 CDD-658.404
16.10.12 05.11.12 CDU-005.8
040302
Ralph Keeling
Sumário
Capítulo 1 A natureza de um projeto
1.1 O que constitui um projeto?
1.2 Quem são os interessados (stakeholders)?
1.3 Gerenciamento de projetos
1.4 Duração do projeto
1.5 Programa
1.6 Planejamento em ondas sucessivas e séries de projetos
1.7 Transferência de tecnologia e projetos de administração do conhecimento
1.8 Gestão de projetos em ambientes multiculturais
1.9 Vulnerabilidade à fraude
1.10 A atividade de projeto e a igualdade de oportunidades
1.11 O ciclo de vida do projeto
1.12 Comparação entre as características do ciclo de vida
1.13 O ciclo de vida do produto
Revisão e Discussão
Exercício de Planejamento
Exercícios
1.1.2 Projetos
Os projetos contemporâneos apresentam-se em muitas formas e tamanhos. Alguns são de curta
duração, empreendimentos baratos que duram apenas alguns dias e necessitam de recursos mínimos.
Há projetos que precisam ser executados em poucas horas ou não farão sentido. Por exemplo, um
projeto de troca dos semáforos de uma cidade, de lâmpada convencional para lâmpadas em LED,
deve ser executado de forma rápida e, de preferência, em horários de baixo movimento, com o
objetivo de causar a menor interferência possível no trânsito da cidade.
Projetos de médio ou longo prazo, por outro lado, podem representar empreendimentos
ambiciosos que chegam a se estender por muitos anos. Eles requerem grandes recursos financeiros e
materiais, altos níveis de habilidade técnica e científica e estruturas de administração complexas.
Todos os projetos, porém, apresentam as seguintes características comuns:
• são empreendimentos independentes;
• possuem propósito e objetivos específicos;
• têm duração limitada (início e fim bem definidos);
• entregam um resultado único;
• recursos próprios (incluindo financeiros e humanos); e
• administração e estrutura administrativa próprias.
O trabalho em um projeto permanece separado das operações rotineiras embora seu resultado
possa ser uma contribuição direta ao plano de longo prazo. Um projeto é planejado, financiado e
administrado como uma atividade distinta e, se for tratado em separado do trabalho de rotina, é mais
fácil de ser planejado, monitorado e controlado, o que evita a necessidade de sobrecarregar aqueles
que respondem pelo trabalho do dia a dia. É mais fácil contratar ou distribuir pessoal, know-how
especializado, recursos financeiros e materiais, atender custos e avaliar resultados sem as
complicações de envolvimento em operações de longo prazo.
O encerramento de um projeto se dá quando:
• as metas são alcançadas;
• por decisão o projeto não é mais viável (ex: tecnicamente ou economicamente); e
• as necessidades que o motivaram não existirem mais.
Quadro 1.1 Comparação entre as características das atividades em curso e as dos projetos
Apesar das diferentes durações, podem existir projetos complexos e dispendiosos com prazos
curtos ou médios (por exemplo, a concepção, o desenvolvimento e o lançamento de um novo
smartphone) ou então projetos simples e baratos com um longo prazo de implementação (por
exemplo, a reforma da igreja do seu bairro).
1.5 Programa
Programa pode ser definido como um grupo de projetos que apresentam relação e que são
gerenciados de forma coordenada, com o objetivo de alcançar benefícios e resultados que não seriam
conseguidos se fossem desenvolvidos individualmente. Também apresentam elementos de controle
integrado que aumentam as chances de ter um melhor resultado global (como, por exemplo,
gerenciamento de riscos do programa).
Muitas organizações, como agências de ajuda internacionais, instituições de pesquisa ou as forças
de defesa e agências espaciais administram programas prolongados de projetos afins para realizar
amplos objetivos gerais ou de longo alcance em um determinado campo. Certos programas
apresentam-se na forma de uma série de projetos; outros podem ser projetos modulares autônomos –
destinados a obter um resultado independente, mas complementar, que é frequentemente integrado ao
trabalho de outras agências com interesses na mesma área de operações ou campo de atividade.
Estudo de Caso
Programa de Aceleração do Crescimento Brasileiro (PAC)
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma iniciativa do governo brasileiro
promover o desenvolvimento do país por meio de um grande investimento em projetos e
programas de baixa infraestrutura.
Lançado em 2007 e com investimentos na ordem de R$ 650 bilhões até 2010, o programa
tinha como principal meta um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 4.9% ao ano,
por meio de ações em que o objetivo eram projetos de infraestrutura. Também foram
realizadas medidas de estimulação do crédito e financiamento, melhorias nas legislações
ambientais, desoneração tributária e medidas fiscais de longo prazo.
O programa se dividiu em três grandes grupos:
• Infraestrutura logística: com projetos de rodovias, ferrovias, portos, hidrovias e
aeroportos;
• Infraestrutura energética: com projetos relacionados à geração e transmissão de energia
elétrica, petróleo e gás natural, refino e indústrias petroquímicas, combustíveis
renováveis e revitalização da indústria naval (este último com foco especial para
embarcações relacionadas à exploração de petróleo e gás natural); e
• Infraestrutura urbana e social: com projetos de metrôs, recursos hídricos, habitação,
saneamento e o programa “Luz Para Todos”, que, por meio de projetos menores, busca
levar as redes de distribuição elétrica para a população ainda sem acesso, com custos
extremamente reduzidos para o beneficiado.
Segundo dados oficiais,3 o crescimento do PIB nos quatro primeiros anos foi, em média,
de 4,6% ao ano, contra os 4.9% esperados inicialmente. Dos R$ 657,4 bilhões
originalmente previstos, foram concluídos R$ 541,8 bilhões, representando um cumprimento
das metas orçamentárias em 82,4%.
Em 2010, com investimentos na ordem de R$ 1,5 trilhões até 2014, foi lançado o PAC 2,
com o objetivo de continuar o investimento em projetos de infraestrutura e eliminar os
gargalos para o crescimento do Brasil.
Os projetos deste novo programa se dividem, em 6 grandes frentes:
• Cidade melhor: com projetos relacionados à saneamento, prevenção de ocupação em
áreas de risco, pavimentação e mobilidade urbana;
• Comunidade cidadã: com projetos de unidades básicas de saúde, unidades de pronto
atendimento, creches e pré-escolas, quadras esportivas nas escolas e praças dos
esportes e da cultura;
• Minha casa minha vida: com projetos de urbanização de assentamentos precários e o
programa de mesmo nome, que busca facilitar o crédito para financiamento imobiliário;
• Água e luz para todos: com projetos relacionados a recursos hídricos, distribuição de
água em áreas urbanas e a continuação do programa Luz Para Todos;
• Transportes: com projetos de rodovias, ferrovias, portos, hidrovias e aeroportos; e
• Energia: com projetos relacionados à geração e distribuição de energia elétrica,
petróleo e gás natural, combustíveis renováveis, geologia e mineração e revitalização
da indústria naval.
Diversas críticas ao desempenho na gestão do programa foram feitas, devido ao não
cumprimento das metas estipuladas. O primeiro ano do PAC 2 (2011) teve o pior
desempenho relativo4 da história do programa, desde 2007, quando considerado o
percentual de dinheiro investido versus o previsto para o ano. Do total de R$ 40,3 bilhões
previsto para 2011, somente R$ 7,2 bilhões foram efetivamente pagos, totalizando 17,8% do
orçamento esperado para o ano.
De toda forma, ganhos em geração de emprego e infraestrutura instalada são apresentados
pelo governo brasileiro,5 mostrando que o conceito original do programa está sendo
buscado.
1.5.1 Portfólio
Portfólio pode ser entendido como o agrupamento de projetos, programas e porfólios menores que
estão alinhados com a estratégia organizacional. Diferentemente dos programas, os projetos e
programas dentro de um portfólio não estão necessariamente relacionados. O alinhamento às metas
do negócio vai definir se o projeto ou programa será aceito para execução ou se será rejeitado.
Geralmente, o gerenciamento do portfólio fica a cargo de um gerente sênior, com significativa
vivência em gerenciamento de projetos e programas.
Uma das atividades deste gerenciamento é a avaliação do retorno real ou potencial do projeto
com os objetivos estratégicos da empresa. Também verifica o equilíbrio do portfólio dentro dos
investimentos da empresa e se preocupa com o uso eficiente dos recursos.
Estudo de Caso
Dois gestores em um
A divisão de carnes de um importante conglomerado do setor alimentício decidiu
projetar, construir e operar “a última palavra” em matéria de abatedouro.
O gerente geral era um executivo esclarecido cuja experiência era respaldada por sua
formação em Agronomia e um MBA. Em sua concepção, o projeto devia tornar-se um
modelo e exemplo para a empresa. Qualidade e higiene deveriam seguir os mais altos
padrões nacionais e internacionais e uma característica essencial de sua capacidade de
exportação era a inclusão de instalações separadas para processar carne e satisfazer as
exigências dos mercados islâmico e judeu.
A fábrica seria administrada por um executivo altamente conceituado de classe
internacional, que seria alguém chave no gerenciamento do projeto, construção e
credenciamento da fábrica.
Com a ajuda da área de RH, desenvolveu-se o perfil do cargo, estipularam-se salário e
condições de trabalho e os procedimentos de recrutamento foram iniciados em uma base
mundial. Isso resultou na elaboração de uma pequena lista dos seis melhores candidatos
entrevistados por uma equipe de altos executivos da matriz.
Todos os candidatos pareciam bem qualificados e a equipe esperava encontrar alguma
dificuldade em selecioná-los. Entretanto, os resultados das entrevistas foram
decepcionantes.
A equipe foi unânime em sua avaliação da alta qualidade de todos os candidatos, mas
não conseguiu concordar em relação à escolha satisfatória para preencher as necessidades
do cargo. Tentativas adicionais de recrutamento mostraram-se igualmente improdutivas.
À medida que a questão ia-se tornando urgente, foi solicitado o parecer de um consultor
de renome que havia concluído outras tarefas para a matriz. A esperança era de que ele
traria seu toque pessoal para a escolha da pessoa para o cargo.
Antes de entrevistar novamente os candidatos selecionados, o consultor examinou as
especificações de recrutamento e em seguida deu seu parecer com certa dose de diplomacia.
Ele expressava a opinião de que pediram características pessoais basicamente
conflitantes. Na prática, essa especificação não poderia ser cumprida. Essa pessoa era
alguém impossível de existir. O problema simplesmente consistia em serem necessários
dois gerentes com perfis diferentes, podendo cada um deles ser recrutado dentre os
candidatos selecionados.
O melhor gerente para a fase de construção e equipamentos da instalação era um
candidato sul-africano com qualificações em engenharia, construção e experiência em
refrigeração, aplicadas à indústria de carne, conjugadas com uma personalidade forte e
atitude um pouco autocrática. A razão de seu fracasso em atender os critérios iniciais de
seleção foi a preocupação da equipe de executivos quanto ao seu estilo gerencial, que
parecia conflitar com o da empresa e com as expectativas da força de trabalho.
Com base em seu currículo em marketing de carnes, administração comercial, liderança e
relações industriais, um candidato com experiência em abatedouros, mas com experiência
limitada em projeto e engenharia, foi selecionado para gerenciar produção e operações
correntes.13
Estudo de Caso
O tapete tribal
Para os nômades balúchis, a posse familiar mais valorizada é um tapete artesanal
ricamente colorido. Os balúchis levam uma vida errante, geralmente com pouco dinheiro e
poucas posses. O desenho e a tecelagem de um tapete é uma atividade de grande significado
familiar nesta paisagem árida e inóspita. Ele provavelmente será tecido em um grande
cercado próximo a um amontoado de habitações e, de tempos em tempos, transportado por
distâncias consideráveis até que a tarefa seja carinhosamente concluída. O procedimento
acompanha as seguintes fases:
Fase conceitual
Depois de um noivado ou algum outro evento familiar importante, uma discussão dá
inicio ao projeto. O chefe da família comanda a discussão e os mais velhos expressam suas
ideias sobre o desenho, custo e fonte de finanças, antes de se tomar a decisão final de
prosseguir.
Fase de planejamento
Um desenhista profissional é pago para preparar uma seleção de projetos adequados para
apreciação, seguindo-se uma discussão animada até chegar à escolha final do desenho e da
cor.
Fase de implementação (execução)
Aprovisionamento de recursos
Quando se chega a um acordo quanto ao desenho e o preço é negociado, o passo seguinte
é a seleção dos materiais – lã, cânhamo, algodão ou algum outro material para a urdidura e a
trama, lã para as felpas do tapete e corante para produzir as ricas cores do complicado
desenho.
O desenhista acompanhará os aldeões ao mercado para selecionar a lã e o algodão. Os
materiais são comprados sem que estejam tingidos e quando o processo de pechincha é
concluído os grupos vão até o tintureiro, onde são discutidos os tons exatos. A primeira fase
de confecção consiste no processo de tingimento, que leva muito tempo. Corantes vegetais
ou à base de anilina são misturados e a quantidade necessária de lã é colorida em cada um
dos vários tons para completar o desenho. O tingimento de lã é uma arte antiga que exige
considerável habilidade. É importante que a quantidade correta de lã seja tingida em cada
cor, ou o custo se elevará e a qualidade será prejudicada, pois pode não ser possível
alcançar o tom com precisão suficiente para produzir mais lã de um determinado tom e
qualquer excesso em uma cor resultará em escassez em outra.
Confecção
O tapete é feito numa grande armação de madeira (tear) na qual a urdidura e a trama são
esticadas durante o processo de amarração manual. A madeira não é abundante e as
circunstâncias determinam se para o trabalho esse equipamento essencial será construído,
pedido emprestado ou negociado com outra família. Outras ferramentas incluem a tika – uma
pequena navalha semelhante a uma faca, um pente especial, tesouras e recipientes nos quais
a lã será tingida.
O trabalho de confecção de tapetes é uma arte antiga praticada por povos nômades
durante milhares de anos. A aprendizagem começa na infância e cada felpa de lã é
cuidadosamente inserida e amarrada a mão. Quando o tapete está terminado, ele é lavado em
água corrente limpa e levado a um fornecedor para que a penugem seja raspada resultando
em um acabamento uniforme.
Fase de conclusão
O tapete acabado é passado a ferro e deixado nos becos e ruelas da aldeia tribal para que
o passar de pés possa realçar sua beleza. Depois, ele é entregue à pessoa para quem foi
feito.
Esse empreendimento simplicíssimo tem o mesmo ciclo de vida e segue a sucessão básica de um
projeto grande e complexo.
A familiaridade com o ciclo de vida do projeto capacita os envolvidos a entender a sequência
lógica dos eventos, a reconhecer limites ou “marcos”, e a saber em que ponto se encontra o projeto
no continuum de atividades que se sucedem desde o início até o fim. Ela ajuda o gerente a prever as
mudanças de estilo e ritmo, o aumento da pressão à medida que as despesas se acumulam e o tempo e
os recursos se reduzem, a reconhecer quando se devem fazer inspeções especiais, revisões ou
reavaliações de prioridade e a entender as necessidades de cada fase. Ela também fornece pontos de
referência a partir dos quais os membros da equipe podem avaliar o andamento e perceber o que
ainda é preciso acontecer durante o tempo de vida do projeto. Um executivo que ingressa num
projeto depois de seu início pode ver para onde exatamente ele está “avançando” e rever a atividade
anterior. Se um passo na sucessão lógica for omitido ou inadequadamente executado, ou se a
informação for insuficiente, o problema pode ser retificado antes que passos adicionais sejam dados.
Esta é uma proteção importante, porque um projeto é uma estrutura monolítica, e cada fase é
construída sobre a base de sua antecessora. Problemas maiores são inevitáveis quando uma fase
anterior fornece base insegura para a que vem a seguir.
1.11.1 O ciclo de vida e a qualidade do projeto
O ciclo de vida também se torna um instrumento da qualidade. Isso se aplica à condução do
projeto em si, já que as requisito são estabelecidos entre uma fase e outra, e às entregas
(deliverables) ou produtos, onde o ciclo de vida fornece pontos de referência para confirmação da
qualidade do produto.
Muitos problemas de qualidade de projeto podem ser previstos por uma sólida avaliação de
viabilidade e de risco na fase conceitual, e por um planejamento cuidadoso e especificações precisas
na fase de planejamento. A correção de falhas de qualidade torna-se progressivamente dispendiosa à
medida que o ciclo de vida avança.
O ciclo de vida impacta a qualidade.14 Com o passar do tempo e à medida que as datas de
conclusão se aproximam, diminui a incerteza quanto ao resultado do projeto, correções de monta
tornam-se mais difíceis e há uma escalada no custo para aceleração da atividade.15
O PMI mostra um gráfico (apresentado na Figura 1.4 a seguir) que correlaciona a capacidade que
as partes interessadas têm de efetuar mudanças no projeto em uma correlação com o tempo. No início
do trabalho, as partes interessadas conseguem realizar grandes mudanças, uma vez que o projeto
ainda está em sua concepção. Já no final do projeto, as possíveis mudanças são escassas, já que
muito do trabalho foi desenvolvido e restam poucos pontos a serem definidos e executados. Outro
fator que decai ao longo do ciclo de vida do projeto são os riscos aos quais o projeto está exposto
pois conforme o projeto avança, os potenciais eventos vão deixando de existir.
O mesmo gráfico também apresenta uma correlação dos custos das mudanças avaliados ao longo
do ciclo de vida do projeto. As mudanças realizadas no início da jornada custam muito pouco, uma
vez que pouco trabalho já foi realizado. Por outro lado, uma mudança no final do projeto terá grande
impacto, pois muito trabalho já foi desenvolvido e possivelmente um retrabalho grande será
demandado.
Figura 1.4 Capacidade de influência das partes interessadas e custo da mudança ao longo do
projeto
Figura 1.5 Volume e intensidade de atividades no ciclo de vida do projeto em relação ao tempo e
aos recursos financeiros
1.11.2 Conceituação
Este é o ponto de partida, começando com a semente de uma ideia, uma consciência da
necessidade ou um desejo de algum desenvolvimento ou melhoria importantes.
É possível não haver nenhuma perspectiva consciente de utilização do método de projeto como
meio para alcançar o resultado pretendido podendo tornar-se claro o desejo de montar um projeto à
medida que as ideias se desenvolvem.
Consideram-se as metas preliminares e ideias sobre custos benefícios potenciais, viabilidade e
perspectivas recebem avaliação inicial, eventualmente com ideias sobre as áreas problemáticas,
abordagens alternativas e modos de superar a dificuldade.
1.11.5 Planejamento
O planejamento formal começa quando se tomou a decisão de prosseguir. Chegada esta fase, as
ideias sobre objetivos e alguns aspectos do plano já terão recebido as considerações iniciais. Devem
agora ser revistos e os objetivos do projeto devem ser esclarecidos.
A estrutura e a administração do projeto serão planejadas e, provavelmente, serão selecionados
um gerente e uma equipe de especialistas.
Tão logo se fixem os fundamentos sobre os quais será baseada a hierarquia do planejamento, os
objetivos para a missão do projeto, seu escopo de produto e projeto e as atividades componentes
devem ficar claros e ser mensuráveis. Planos de atividades, custos e recursos serão desenvolvidos e
integrados com o plano de comunicação, riscos, normas de qualidade, segurança e administração.
1.11.8 Conclusão
Esta fase inclui a preparação para a conclusão e para entrega, atribuição de deveres e
responsabilidades de acompanhamento, tais como descarte do maquinário e equipamentos,
encerramento de contas bancárias ou fechamento de instalações de desenho, avaliação de
desempenho e transferência de pessoal de projeto, visitas de cortesia e formalidades semelhantes,
análise e avaliação de projeto, preparo e apresentação do relatório de encerramento. Em alguns
casos pode haver uma avaliação posterior para calcular a continuidade dos efeitos do projeto depois
que seus resultados estiverem em prática por um período razoável de tempo.
Figura 1.7 O ciclo de vida do projeto, gastos cumulativos e recursos financeiros restantes
Figura 1.9 Sequência típica de eventos durante o ciclo de vida do projeto Conclusão
Figura 1.10 Sequência típica de eventos durante o ciclo de vida de um projeto administrado pelo
proprietário utilizando fornecedores
Figura 1.11 Sequência típica de eventos no ciclo de vida de um projeto de ajuda internacional
1.13 O ciclo de vida do produto
Os projetos, ao atingirem sua meta, entregam um produto, seja ele um bem ou serviço. Os
produtos, por sua vez, possuem seu ciclo de vida que vai desde a concepção, passando por
crescimento, maturidade, declínio finalizando na retirada do produto do mercado.
Destaque especial deve ser dado à retirada do produto do mercado. Vários setores (como, por
exemplo, a indústria de baterias) devem pensar em como será realizado o descarte do produto e a
retirada do mercado. A preocupação em atender estes requisitos deve estar presente desde os
estágios inicias da concepção do produto, o que denota a importância de se levar em conta todo ciclo
de vida do produto no desenvolvimento de seu projeto de lançamento.
Ao longo de todo este ciclo de vida do produto, projetos são realizados, visando o seu
lançamento, melhorias, correções e ações para retirada do mercado, conforme ilustrado na Figura
1.12 a seguir.
Pesquisas recentes realizadas9 mostram quais os tipos de estrutura administrativa adotadas pelas
organizações no Brasil. Segundo os dados levantados, a distribuição é:
• 38,8% são de estruturas funcionais ou departamentalizadas – o gerente funcional exerce a
responsabilidade sobre o projeto;
• 28,8% são em estruturas matriciais balanceadas – em que os gerentes de projetos têm influência
semelhante aos gerentes funcionais;
• 22,6% são em estruturas projetizadas – orientadas para projetos ou clientes; e
• 9,8% são em estruturas matriciais fortes – em que os gerentes de projeto têm mais influência que
os gerentes funcionais.
Fonte: PROJECT Management Institute (PMI). Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK). 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.
Neste tipo de organização é importante reconhecer a linha de comando, pois, dependendo do caso,
culturas fortes podem existir, como, por exemplo, na comunicação entre os envolvidos (no exemplo
anterior, um colaborador não pode falar com o gerente ou o diretor diretamente – deve sempre passar
pelo supervisor).
Os profissionais que estão alocados em cada uma das áreas apresentam várias características em
comum, principalmente técnicas. É interessante a possibilidade de gerenciar pessoas com
habilidades, conhecimentos e experiências de mesma natureza. O fato de ficarem agrupadas permite
um compartilhamento bem efetivo dos conhecimentos adquiridos e gerados. Outra característica é
que, geralmente, os líderes tem um conhecimento técnico aprofundado nas áreas que coordenam.
Mas nem tudo são flores. Gerentes de projeto em organizações funcionais têm pouco poder e
autoridade – os executantes sempre irão respeitar as tarefas programadas pelo seu superior funcional
direto, sejam elas relacionadas ou não ao projeto.
Este tipo de organização apresenta uma série de vantagens e desvantagens, conforme apresentado
a seguir:10
Vantagens:
• Existe uma grande flexibilidade no uso dos recursos humanos necessários ao projeto;
• Especialistas em determinado assunto podem ser utilizados em diferentes projetos;
• Os especialistas de um determinado departamento podem ser facilmente reunidos para
compartilhar conhecimentos e experiências;
• O departamento funcional é a base para a continuidade do conhecimento tecnológico, quando
um indivíduo deixa o projeto ou mesmo a empresa;
• O departamento funcional proporciona um caminho natural para o crescimento dos indivíduos
cuja especialidade está na área funcional;
• Existe facilidade de controle do orçamento e dos custos do projeto;
• Possibilidade de um melhor controle técnico;
• Flexibilidade no uso da mão de obra;
• Grande disponibilidade de mão de obra;
• Possibilidade de um grande controle sobre os funcionários, uma vez que cada funcionário
possui somente uma pessoa a quem se reportar;
• Os canais de comunicação são verticais e bem estabelecidos; e
• Rápida possibilidade de reação, mas pode ser dependente das prioridades dos gerentes
funcionais.
Desvantagens:
• O cliente não é o foco das atividades do departamento que gerencia o projeto;
• O departamento funcional tende a ser orientado em direção às suas atividades particulares;
• A responsabilidade total do projeto não é delegada a nenhum funcionário em específico;
• As respostas as necessidade dos clientes são lentas;
• Existe uma tendência de subestimar o projeto;
• A motivação das pessoas alocadas no gerenciamento do projeto tende a ser pequena em
relação ao mesmo;
• Este tipo de estrutura não facilita uma abordagem holística em relação ao projeto;
• Esta estrutura não prevê uma ênfase orientada a projetos necessária para acompanhar as
atividades de projeto;
• A coordenação torna-se complexa e é necessário um lead time adicional para a aprovação das
decisões;
• As decisões normalmente são tomadas em favor dos grupos funcionais mais fortes;
• A inovação é decrescente; e
• As novas ideias tendem a ser orientadas às funções.
Neste tipo de organização é possível que até mesmo as funções de apoio administrativo, como
contabilidade, jurídico e recursos humanos estejam subordinadas ao gerente do projeto. Ele também
tem autonomia para solicitar de outras áreas, alocar e contratar recursos humanos. As decisões são,
na sua maioria, tomadas por ele (desde que esteja dentro dos limites que foram estabelecidos).
A equipe, geralmente, fica co-localizada, o que facilita e potencializa as comunicações entre os
membros do projeto.
O final do projeto pode representar uma ameaça para a equipe, uma vez que existe uma
insegurança natural relacionada ao fato de não existirem outros projetos e que demissões podem
acontecer.
A seguir são apresentadas uma série de vantagens e desvantagens deste tipo de organização:11
Vantagens:
• O gerente do projeto tem total autoridade sobre o mesmo;
• Todos os membros do projeto encontram-se sob a responsabilidade do gerente do mesmo;
• As comunicações são facilitadas em comparação à estrutura funcional;
• Os membros do time do projeto possuem uma forte identidade própria e, com isso, tendem a
desenvolver um alto nível de comprometimento com o projeto;
• A possibilidade de se tomar decisões rápidas é maior;
• Existe uma unidade de comando dentro do projeto;
• Estruturas projetizadas são estruturalmente simples e flexíveis, e relativamente fáceis de
compreender e implementar;
• A estrutura organizacional tende a permitir uma abordagem holística ao projeto;
• Os canais de comunicação são fortes;
• A gerência pode manter o conhecimento em um projeto sem a necessidade de
compartilhamento das pessoas chave;
• Uma rápida resposta aos clientes é proporcionada;
• Os funcionários demonstram lealdade para com o projeto;
• Existe flexibilidade na determinação de tempo, custo e desempenho;
• A interface com a alta administração torna-se mais fácil, uma vez que o tamanho da unidade é
diminuído; e
• A alta gerência possui mais tempo livre para a tomada de decisões executivas.
Desvantagens:
• Quando a organização tem vários projetos, é comum que vários novos grupos sejam criados,
isto pode ocasionar duplicidade de trabalho;
• As pessoas com conhecimentos específicos sobre determinados assuntos tendem a serem
alocadas aos projetos quando elas estão disponíveis e não quando elas são necessárias para o
projeto;
• Para projetos de alta tecnologia, o fato dos especialistas “pertencerem” aos setores funcionais
é um grande problema para o gerente de projetos, pois ele precisa do trabalho destes
especialistas constantemente;
• Estruturas projetizadas tendem a apresentar certa inconsistência na maneira pela qual as
políticas e procedimentos internos da empresa são cumpridos;
• Existe uma considerável incerteza sobre o que irá acontecer com os membros da equipe do
projeto quando o mesmo terminar;
• O custo de manter esta estrutura pode ser proibitivo devido à duplicação de esforços,
facilidades e pessoal;
• Existe uma tendência de reter os funcionários em um projeto para um tempo maior que o
necessário;
• O controle dos especialistas funcionais requer a coordenação da alta gerência;
• Há uma falta de oportunidades para o intercâmbio técnico entre os diferentes projetos; e
• Há uma falta de continuidade de carreira e oportunidades para as pessoas que trabalham em
projetos.
Heldman12 apresenta uma comparação entre os três tipos de organização matricial, conforme
apresentado na Quadro 2.1 a seguir.
A Figura 2.4 ilustra uma estrutura matricial fraca e a Figura 2.5 representa uma estrutura matricial
balanceada.
Existem casos em que é designado um gerente do projeto. Embora este possa ter algum pessoal
empregado em tempo integral no trabalho que administra, ele precisa recorrer aos funcionários
permanentes da empresa e contar com suas instalações departamentais para grande e importante parte
do trabalho do projeto em áreas nas quais ele necessita de assistência especializada.
As estruturas híbridas são comuns em projetos internos em que a escala das operações não parece
garantir o uso de instalações externas e, em sua montagem, os gerentes patrocinadores tendem a
recorrer a esses arranjos na expectativa de que oferecerão uso econômico de departamentos
funcionais dentro da organização.
Não há nada errado nessas estruturas em projetos internos ou no âmbito da empresa, mas os
resultados dependem da disponibilidade de serviços e dos níveis e extensão da cooperação entre os
gerentes.
O sucesso de projetos que utilizam tais estruturas depende muito da disposição dos gerentes
funcionais em cooperar e aceitar os encargos referentes a sua eventual contribuição ao projeto da
empresa, da qualidade de sua cooperação e do grau de autoridade delegada ao gerente de produtos
para determinar o desempenho adequado dos departamentos envolvidos.
As dificuldades de cooperação são parcialmente superadas quando se concede ao gerente do
projeto liberdade de ação e pleno controle dos gastos. Esse empreendimento pode, dessa forma,
funcionar como um “cliente” de departamentos internos selecionados que contratam a administração
de atividades em troca de pagamento contra especificações, tempo e custo dentro do combinado.
As estruturas matriciais são amplamente utilizadas, mas acarretam alguns problemas que podem
gerar dificuldades, a menos que sejam equacionados já na etapa inicial do desenvolvimento do
projeto.
Os problemas mais comuns em um ambiente de múltiplos projetos são aqueles suscitados por
conflito de prioridades e pela disponibilidade de equipamentos especiais, experiência profissional e
mão de obra qualificada. Restrições financeiras também podem resultar em atraso na implementação
se a organização tiver excesso de compromissos ou carecer dos recursos para apoiar vários projetos
em sua passagem por ciclos de desenvolvimento ou produção de alto custo.
Estudo de Caso
Um dia na vida de um gerente de projeto
William Howe era Consultor Técnico e Coordenador de um Projeto de Desenvolvimento
da Aviação no Paquistão. O projeto da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO)
é financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O projeto
possui alto conteúdo tecnológico relacionado ao Sistema de Navegação Aérea,
Procedimentos de Segurança da Aviação Civil e técnicas de Administração da Aviação. A
implementação depende do trabalho de vinte e um especialistas, que incluem um consultor
em administração do espaço aéreo, engenheiros de aeroportos, um consultor em auxílio à
navegação e um consultor em administração e organização.
Bill Howe é engenheiro aeroviário profissional, com qualificações de pós-graduação em
administração e economia de transporte aéreo. Sua língua nativa é o inglês; fala um pouco
de francês e entende um pouco de urdu.
O projeto está sediado em Karachi. O pessoal do projeto recrutado em nível local inclui
um assistente executivo e dois motoristas. Outros funcionários burocráticos e de manutenção
são fornecidos pelo governo do Paquistão por meio do Departamento de Aviação Civil, em
cujas dependências o projeto está instalado. Três automóveis e um ônibus de passageiros
foram adquiridos com fundos do projeto.
Após um estudo de viabilidade, transcorreu certo tempo antes que os recursos se
tornassem disponíveis e o acordo para o projeto fosse concluído entre o governo, o PNUD e
a ICAO. Algumas alterações foram feitas para atualizar escopo, objetivos, estrutura e
especificações técnicas do projeto.
Outras considerações incluíram o efeito dos novos avanços na tecnologia dos sistemas de
navegação aérea, crescimento do tráfego aéreo regional entre o Paquistão e os Estados da
Ásia Central e o impacto do novo terminal Jinnah no Aeroporto Quaid-E-Azam.
O projeto cuidadosamente planejado para um período de três anos forneceria assessoria
e reequipagem para ajuda aos doze mil membros do Departamento da Aviação Civil do
Paquistão (CAA), que define padrões de navegação aérea e segurança em conformidade
com critérios mundiais. O trabalho de cada especialista foi escalonado em um cronograma
concebido e acordado pelo escritório sede da ICAO e os especialistas paquistaneses do
CAA.
Os consultores do projeto foram recrutados internacionalmente pela ICAO, em Montreal,
aprovados pelo país proponente e alocados no projeto de acordo com a duração de suas
tarefas. Alguns foram requisitados para períodos de dois ou três meses; outros, como
William Howe, permaneceram no cargo por vários anos.
Especialistas alocados a tarefas de curto prazo normalmente ficavam alojados num dos
excelentes hotéis locais; os profissionais alocados a atividades de médio e longo prazo,
acompanhados por suas esposas e famílias, alugavam casas para o período de sua estada.
Felizmente o projeto foi bem planejado, porque o Coordenador do Projeto desempenha
um duplo papel; como consultor técnico do Diretor da Aviação Civil e outros funcionários
superiores, ele deve servir de ligação com as autoridades do PNUD em Islamabad, abordar
aspectos internacionais do projeto, fornecer assessoria a fornecedores de material técnico,
administrar o projeto e seus fundos, além de fornecer constante liderança e apoio (incluindo
administração e introdução de especialistas no projeto).
Este é um dia de trabalho típico de Howe:
• 05h00 – O expediente começa quando Bill Howe é acordado por um telefonema de
Montreal esclarecendo detalhes de sistema de editoração eletrônica a ser obtido
mediante aquisição local para uso pelo Setor de Desenvolvimento de Recursos
Humanos do CAA.
• 07h20 – Dirigindo seu carro a caminho do escritório, ele enfrenta o trânsito de Karachi
passando por hotéis da cidade para dar carona a dois especialistas alocados a tarefas
de curto prazo que não dispõem de transporte pessoal.
• 07h30 – “Orações matinais” – Reunião com especialistas do projeto – discussão
informal sobre planos, progresso, tática e necessidades dos especialistas precedidas
pela apresentação de um Consultor de Segurança de Vôo recentemente integrado.
• 08h00 Apresentação, instruções e administração para novo especialista.
• 08h40 – Administração – atualização diária, verificação e encaminhamento de e-mail e
respostas.
• 09h21 – Apresentação de novo consultor ao Diretor Geral, diretores e funcionários de
nível superior; organização de visitas de familiarização ao Aeroporto Internacional e
outros postos-chave; inicia pesquisa para acomodação da família.
• 10h00 – Discussão, pelo telefone, com o encarregado de orçamentos do UNDP,
escritório de Islamabad, sobre revisão do projeto.
• 10h20 – Visita ao fornecedor local para compra de software, solicitação de hardware
para o projeto.
• 10h55 – Cuida da correspondência internacional e local, rascunhando respostas a
questões urgentes.
• 11h20 – Entrevista motorista sobre acidente de trânsito envolvendo carro do projeto. O
motorista, que parecia não ter culpa no acidente, passara a noite detido em local remoto
e foi liberado por intervenção do Diretor Jurídico do CAA. Organiza representação
legal para audiência do motorista no tribunal.
• 11h50 – Recebe informações de internato indiano sobre problema relacionado aos
filhos de um consultor; conversa com o consultor, providencia licença e passagem aérea
de emergência.
• 12h40 – Visita de especialista norte-americano em aviação.
• 13h10 – Encontra-se com Diretor de Segurança do CAA para providenciar novos
passes para área de pouso e decolagem para consultores especialistas.
• 14h45 – Viagens ao aeroporto para o diretor, conferência sobre testes não destrutivos
de aeronavegabilidade.
• 15h55 – Preside (provisoriamente) reunião do Comitê de Segurança de Pessoal das
Nações Unidas em Karachi, para discutir um assalto e roubo de veículo de uma
funcionária contratada por outra agência das Nações Unidas.
• 17h50 – Visita de aconselhamento a consultor financeiro do projeto, residente em um
hotel de Karachi (o consultor demonstrara sinais de nervosismo e relutância em andar
pela cidade); solicita apoio de colegas para tranquilizar o consultor.
• 19h00 – Volta para casa.
• 19h40 – O guarda de segurança da casa solicita licença e ajuda para aquisição de
passagem aérea a fim de viajar para Kashmir para funeral da irmã, morta em disputa na
fronteira.
• 19h55 – Jantar com a esposa.
• 21h00 – Recebe telefonema demorado da ICAO de Montreal sobre revisões e
orçamento do projeto.
• 23h00 – Queda de energia, desliga o ar-condicionado e as luzes.
Revisão e Discussão
1. Que dificuldades pode enfrentar um gerente em tempo parcial de projeto interno de uma
empresa, quando precisa recorrer a contribuições de departamentos de linha e funcionais
para trabalho no projeto?
2. Quais são as desvantagens da estrutura organizacional matricial?
3. Escolha três vantagens e três desvantagens de uma organização projetizada e debata em
grupo.
4. Considere uma situação na qual uma estrutura “achatada” seria adequada e o modo pelo qual
ela poderia ser estabelecida.
5. Quais são as vantagens e possíveis desvantagens de se contratar uma organização
especializada que empreita múltiplos projetos?
6. Qual o tipo de escritório de projetos sua organização possui? Liste as características. Se
não possuir nenhum, qual seria o mais adequado e por que?
7. Analisando um projeto que você conheça, considere como o gerente emprega seu tempo:
observe em que pontos se compara com o relato do estudo de caso do dia de trabalho de
William Howe, quais atividades poderiam ser delegadas e quais atividades, ainda que
aparentemente insignificantes, deveriam ser por ele realizadas.
CAPÍTULO
3
Desenvolvimento do conceito e análise do
ambiente
Este capítulo trata de três aspectos frágeis do trabalho de projeto – aceitação, desenvolvimento e
preservação do conceito – e apresenta exemplos das muitas ameaças ao conceito que ocorrem em
diferentes fases do ciclo de vida do projeto, bem como uma série de questões correlatas.
Figura 3.3 Influência dos stakeholder, de acordo com o modelo de importância relativa
Estudo de Caso
Caso BP – Vazamento de Petróleo no Golfo do México8
Em 2010 a plataforma de exploração de petróleo Deepwater Horizon, da empresa
britânica BP explodiu, causando o maior vazamento de petróleo da história.
A relação com os interessados foi desastrosa, uma vez que a BP não foi honesta nem
transparente nas primeiras informações fornecidas quando o evento ocorreu e demorou
muito para tomar uma providência para solucionar o problema de vazamento de óleo. Estas
atitudes resultaram em manifestações que foram minando a reputação da empresa, conforme
apresentado a seguir:
• “Um grande erro”. Foi assim que a Casa Branca considerou a participação do diretor-
geral da BP numa regata de iates de luxo no Reino Unido, enquanto no golfo do México
prosseguem os esforços para travar a maré negra causada pelo afundamento de uma
plataforma da petrolífera britânica.9
• Pressionado politicamente, o presidente dos EUA, Barack Obama, deve exigir na
quarta-feira que a BP reserve 20 bilhões de dólares para pagar indenizações pelo
derramamento de petróleo no Golfo do México.10
• Objetivo do dinheiro é minorar prejuízos causados por catástrofe ambiental. Após
encontro com democrata, presidente da empresa pediu desculpas.11
O resultado foi que o governo dos Estados Unidos e a opinião pública se colocaram
contra a empresa, os investidores e instituições bancárias retiraram, na época, o apoio
financeiro e os ambientalistas ganharam legitimidade para atacar a BP publicamente. O
valor das ações, na época, caiu mais de 50% e preocupações com a possível falência da
empresa apareceram.
A identificação correta dos interessados e de suas respectivas expectativas teria
permitido à BP elaborar uma estratégia adequada. O diálogo transparente, por exemplo,
poderia ter resultado em apoio à BP.
A Figura 3.4 a seguir mostra como os interessados se tornaram inimigos da empresa. O
início da seta representa o estado original de cada interessado e a ponta da seta representa a
posição de cada um deles depois do evento e o mau gerenciamento de suas expectativas.
O atributo de urgência, gerado pela má administração do evento e pela falta de
transparência, fez com que os investidores passassem de adormecidos para perigosos e que
o governo passasse de dominante para definitivo.
A população e os ambientalistas também se tornaram interessados definitivos, uma vez
que o primeiro ganha poder ao pressionar o governo e os ambientalistas ganham
legitimidade da população e poder ao pressionar a opinião pública.
Este caso denota a importância de se gerenciar bem as expectativas das partes interessadas. Se
anteriormente, a maioria dos interessados estava indiferente ou disposto a apoiar, a falta de
estratégia da BP permitiu que todos migrassem para o campo de indispostos a apoiar.
Estudo de Caso
Cozinheiros demais – o projeto de treinamento de jovens
O projeto de treinamento de jovens foi apresentado pelo diretor de uma Associação de
Treinamento para a Indústria. A ideia era de que, subsidiando um período de estágio de
treinamento adequadamente estruturado para o emprego, as empresas privadas seriam
incentivadas a contratar recém-formados que, caso contrário, elas hesitariam em treinar em
habilidades escriturárias, comerciais ou fabris. Calculava-se que os subsídios de
treinamento seriam compensados por uma redução no pagamento de auxílio-desemprego. O
pagamento de um subsídio para as organizações estaria sujeito à aprovação de um programa
de treinamento, à devida manutenção dos registros e aos relatórios de desempenho
satisfatório no treinamento. A intenção da Associação de Treinamento era de que o estágio
fosse simples, eficaz e sistemático. Ele seria baseado em uma análise das necessidades do
cargo e coordenado por pessoal qualificado da empresa nas instalações dos empregadores.
O assunto foi considerado pelo Ministro de Emprego e Treinamento, sem que se
prestasse muita atenção ao melhor modo de levar a efeito o projeto e sem o entendimento de
como ele deveria ser. O ministro solicitou pareceres de representantes da vasta e tradicional
Technical Education Network (Rede de Educação Técnica), conselhos de aprendizagem,
sindicatos e secretarias municipais de educação. Os representantes dessas entidades
discutiram as possibilidades do plano com seus amigos (normalmente sem qualquer
competência real sobre as viabilidades do treinamento comercial ou industrial) e
formularam ideias independentes sobre como o plano funcionaria e que benefícios traria às
suas respectivas organizações. Munidos dessas noções preconcebidas e parciais, cada um
indicou apoio qualificado para a proposta na expectativa de ser designado, sob
remuneração, para o comitê geral dos trabalhos.
O comitê geral dos trabalhos do projeto foi estabelecido sob a presidência do Diretor de
Educação Técnica, e o Ministro, que representava um eleitorado marginal e estava sob
pressão para reduzir o desemprego, embarcou em uma dispendiosa campanha publicitária,
na qual ele e o governo eram retratados como os criadores de um novo e revolucionário
empreendimento destinado a reduzir o desemprego dos jovens.
Já na fase inicial ficou claro que o criterioso plano concebido pelo Conselheiro de
Treinamento Industrial nem fora entendido, nem contava com a simpatia dos membros do
comitê. O Diretor de Educação exigia padrões educacionais para inscrição e currículos
universitários específicos para todos os cursos de treinamento; o Diretor de Educação
Técnica pedia que o estágio fosse conduzido por intermédio dos cursos técnicos
universitários; os representantes sindicais exigiam que fossem ministradas palestras sobre o
movimento sindical por seus representantes como requisito obrigatório para todos os cursos;
e os representantes dos órgãos de Educação, Emprego e Treinamento desejavam que o
pessoal designado para o plano fosse constituído por administradores, conselheiros de
treinamento e inspetores fornecidos por seus ministérios (naquela época cogitou-se que
nenhum desses ministérios possuía em seus quadros pessoal com experiência comprovada
em treinamento comercial e/ou industrial atualizado).
Um ano depois, as discussões prosseguiam. Um número formidável de pessoal adicional
havia sido recrutado para os órgãos públicos e as despesas com o projeto excediam os sete
milhões de dólares. Três programas para um total de 41 estagiários haviam sido aprovados
por meio do sistema complexo e emaranhado, e mais 20 pessoas deveriam iniciar o
treinamento. Os 20 novos estagiários se destinavam a um órgão público já superlotado.
Ironicamente, uma das suas primeiras sessões de treinamento prático consistiu em rasgar o
equivalente a mais de três milhões de dólares em folhetos do governo divulgando o sucesso
da iniciativa de treinamento de jovens.*
* O projeto de treinamento de jovens é uma combinação de projetos conduzidos em dois países diferentes.
Quais lições podem ser tiradas desta tragédia de erros e como ela poderia ter sido evitada?
1. Mantenha controle sobre o conceito.
O plano do conselheiro de treinamento era válido. Ele sabia como colocá-lo em prática e
contava com a credibilidade para garantir a cooperação de empregadores de cuja participação
o plano dependeria. O mesmo não acontecia com os envolvidos no projeto. Seu apoio foi
determinado por razões errôneas. É imprudente divulgar a ideia de um projeto sem estipular
condições de como ele deverá ser implantado.
2. Cuidado com patrocinadores que buscam o ganho ou a salvação pessoal.
O ministro tinha suas próprias prioridades, provavelmente desvinculadas do objetivo real da
proposta original.
3. Cuidado com os megalomaníacos e os falsos lucros.
Nesse caso, os representantes dos outros setores estavam envolvidos com a preservação do
status quo e eram contrários à ideia de treinamento industrial no qual não tinham nenhuma
experiência direta anterior. Alguns tinham algo de valor para oferecer ao projeto, mas o usaram
como instrumento auxiliar em suas próprias esferas de atuação.
4. Insista em objetivos claros e exequíveis.
O escopo e os objetivos do projeto não foram claramente definidos no estágio inicial.
5. Cuidado com a disponibilidade dos recursos.
Tome cuidado com projetos que não tenham termos de referência claros, estimativas de custo
dignas de crédito, benefícios ou dotações orçamentárias definidas.
6. Confirme o apoio dos interessados.
O conceito original teria sido atraente aos empregadores, mas a perspectiva de controle
burocrático e envolvimento acadêmico não favorecia a sua aceitação ou apoio.
7. Não conte com os ovos antes de a galinha botá-los.
Um projeto pode se beneficiar com o tipo certo de publicidade no momento certo. No caso
deste projeto ela foi prejudicial por ter sido liberada por razões erradas e baseada na
suposição de resultados irreais que não estavam a caminho.
8. Administre um estudo de viabilidade responsável.
O mais importante: um estudo de viabilidade bem-estruturado, conduzido por peritos, teria
estabelecido diretrizes sólidas e proporcionado uma base exequível para o projeto.
Estudo de Caso
Caso Embraer – Utilização da Engenharia Simultânea no
Desenvolvimento do Jato Comercial ERJ-14519, 20
A Embraer S/A é hoje líder de mercado no setor de aviação regional e figura, como uma
das maiores fabricantes de aviões do planeta.
Um produto que foi muito responsável por alavancar este posicionamento foi o avião
ERJ-145, com capacidade para 50 passageiros, com dois motores turbofan. Este avião foi o
produto certo, que atendeu às necessidades do mercado de aeronaves maiores do que as
disponíveis em sua época, que fosse capaz de viajar a velocidades mais altas e
proporcionar maior conforto.
Para seu desenvolvimento, foi utilizado o conceito de engenharia simultânea, cujos quatro
elementos fundamentais para sua promoção são: o processo de desenvolvimento, a estrutura
organizacional, os times e as ferramentas de apoio.
O processo de desenvolvimento
O planejamento do ERJ-145 foi dividido em 9 fases. As premissas básicas de cada uma
das fases foram: de que as estimativas seriam realísticas com relação as atividades que
estavam para ser desenvolvidas, deveria haver consenso entre as diferentes áreas e deveria
prover visibilidade para cada envolvido, de cada área. As fases foram:
• Estudos iniciais;
• Preparação do memorando de aprovação do projeto (MAP) e especificações técnicas;
• Concepção;
• Projeto;
• Liberação;
• Produção do protótipo;
• Certificação e ensaios;
• Serialização; e
• Pós-série.
Estrutura organizacional
A estrutura organizacional foi matricial, em que o gerente do projeto contava com um
staff para auxílio na gestão e a execução ficava a cargo da equipe integrada do projeto
(EIP), que tinha sempre como objetivo de auxiliar na busca pelo custo ótimo do produto.
Time
Com um papel marcante para que o projeto do ERJ-145 encontrasse menos ruído na
transição do projeto para a produção a EIP contou com representantes das áreas de
processo, ferramental, qualidade, compras, planejamento, suporte e engenharia.
O objetivo era de desenvolver o projeto no custo ótimo, através da busca pela melhor
combinação entre as especificações, necessidades de manufatura, qualidade, suprimentos,
planejamento, pós-venda e engenharia. Este resultado é obtido da troca de informações
acertadas, precisas e atualizadas entre os integrantes da equipe, que, por sua vez,
comunicam aos interessados fora da equipe.
Ferramentas
Neste desenvolvimento, a Embraer se valeu, principalmente, de duas ferramentas:
• Estrutura única do produto – que é uma ferramenta para controle das versões das peças
que estão projetadas e liberadas e a rastreabilidade das instalações onde cada peça foi
empregada (cada peça tem um número próprio, chamado part number ou, de forma
abreviada, PN). As duas principais vantagens desta ferramenta foram a informação
instantânea na liberação do desenho para planejamento e programação de
fabricação/compra dos itens e a promoção da integração das diversas áreas;
• Mockup eletrônico – que são modelos computacionais tridimensionais que representam
os componentes, em escala real, localizados na exata posição ocupada no produto,
fazendo com que todos os componentes tenham um ponto exato de referência no espaço.
O principal benefício desta ferramenta foi a economia de 93.000 hh no desenvolvimento
do mockup físico, o que, na época, representou uma economia de 1,5 milhões de
dólares.
Esta abordagem trouxe bons frutos para a Embraer. Comparando o desenvolvimento do
EJR-145 com os outros desenvolvimentos de aeronaves comerciais da Embraer até o seu
lançamento, os resultados foram:
Além da melhoria para o produto também foram percebidas melhorias com relação à
qualidade de vida no trabalho dos membros integrantes das equipes de desenvolvimento.
A opção por utilizar engenharia simultânea permitiu que o produto fosse desenvolvido
com características excepcionais, com vendas nunca antes experimentadas pela companhia.
O ERJ-145 foi um dos grandes responsáveis (senão o responsável) por colocar a Embraer
S/A na figura de uma das maiores fabricantes de aviões do planeta.
Revisão e discussão
1. Discuta projetos de seu conhecimento nos quais o conceito foi abandonado ou
comprometido e as causas prováveis de fracasso.
2. Que testes devem ser aplicados a um novo conceito para estabelecer a compreensão clara e
testar sua conveniência?
3. Imagine um projeto que fracassou por ter sido adotado por motivos equivocados; considere
como o conceito poderia ter sido preservado e implementado com sucesso.
4. Os interessados do projeto anterior foram identificados e gerenciados de forma correta?
Discuta este aspecto.
5. Discuta os perigos da compressão de prazos e simultaneidade em um projeto estratégico que
envolva desenvolvimento tecnológico e produção.
6. Considere o conceito de um projeto que você conheça pessoalmente e avalie até que ponto o
conceito original foi mantido e os eventos e considerações que conduziram ao seu resultado.
7. Considere a melhor forma de conquistar a aceitação para um projeto inovador ou
controverso.
8. Imagine diversos conceitos que seriam mais bem realizados por meio de programas ou de
uma série de projetos e considere como eles poderiam ser divididos em vários projetos.
9. Considere táticas que poderiam ser eficazes no estabelecimento de um projeto para a
remoção de pequenas quantidades de material radioativo (por exemplo, para uso médico ou
clínico).
CAPÍTULO
4
Proposta inicial, análise da viabilidade e
formalização do projeto
Maia e Vargas 5 indicam uma lacuna no guia PMBOK tradicional, onde segundo sugestão dos
autores, uma nova área de conhecimento, o Gerenciamento Ambiental, poderia ser criada.
Constariam nesta área de conhecimento, dois grandes processos:
• Gerenciamento Ambiental Externo: que fornece como saída a caracterização do meio físico,
biológico e os ecossistemas naturais antes da implantação do projeto, a elaboração de um
EIA/RIMA e a definição de parâmetros de monitoramento e acompanhamento destes aspectos; e
• Gerenciamento Ambiental Interno: que tem como entrega a metodologia de gerenciamento
ambiental definida e implementada no projeto, plano de capacitação de pessoal definido e
executado, acordos e contratos firmados e respeitados com os fornecedores e um plano de
resíduos sólidos.
Estudo de Caso6, 7
Certificação AQUA – A busca da Leroy Merlin pela
certificação da primeira loja do varejo brasileira
A questão ambiental é um tema preocupante e que necessitará de ações efetivas em um
futuro próximo. A indústria da construção contribui para a degradação do meio ambiente, ao
gerar entulho e que necessita ter uma destinação.
De acordo com o conceito de sustentabilidade, esta geração de entulho deve ser
compensada por meio de contrapartidas que compensem esta degradação.
Pensando nisso, diversos órgãos e instituições pelo mundo começaram a desenvolver
critérios de certificação para construções ambientalmente sustentáveis.
No Brasil existe o certificado AQUA (Alta Qualidade Ambiental), que apresenta os
requisitos para o Sistema de Gestão de Empreendimentos e os critérios necessários de
desempenho nas categorias da Qualidade Ambiental do Edifício. A certificação é dividida
em 14 categorias, com 250 subcategorias, o que acaba representando um volume grande de
comprovações e registros.
Em 2009, a Leroy Merlin, que é uma grande rede do varejo da construção civil, viu uma
oportunidade ímpar de certificar a primeira loja do varejo brasileira de acordo com os
critérios AQUA. Tratava-se de uma obra já em andamento em Niterói-RJ, com condições
ideais para a certificação e com prazo de execução de somente 150 dias.
Porém, pelo fato da obra já estar em andamento, as dificuldades eram muito grandes e os
riscos de impacto na data de lançamento da loja eram significativos. Procurando uma
maneira de minimizar os riscos envolvidos, decidiu-se realizar um levantamento dos
maiores problemas que eram encontrados nas construções das lojas da rede e conclui-se que
o maior índice de falhas nos projetos estava relacionado à gestão de recursos humanos.
O problema foi tratado de duas maneiras. A primeira foi por meio do critério de
recrutamento e seleção, onde se buscou pessoas que apresentassem características que
colaborassem com a superação do desafio. A segunda foi uma campanha motivacional, com
o slogan “Construindo a primeira loja certificada do Brasil”. A campanha transformou as
dificuldades em motivação, em oportunidade, ao tratar o assunto como algo novo para o
mercado e que estava trazendo algo novo para os funcionários, as empresas, a comunidade e
também fazendo parte da história da certificação ambiental brasileira.
Também houve um trabalho de conscientização dos parceiros da empresa. A solidez
destas parcerias fez com que o empreendimento contasse com o comprometimento de todos.
Foram necessários trabalhos de conscientização e envolvimento dos projetistas, consultores
técnicos e executores que buscaram as soluções no mercado que atendessem a certificação
AQUA.
O plano do projeto foi revisado e as atividades relacionadas à certificação AQUA foram
incluídas nos cronogramas. Também foram criados mecanismos de controle dedicados para
a certificação. Foi feita uma avaliação nos desenhos e os que exigiam modificações foram
revisados. Cálculos, que antes não eram necessários, tiveram que ser feitos para atender à
certificação.
No canteiro de obras foi criado um grupo de colaboradores com a finalidade de dar a
destinação correta para os resíduos e cuidar das interfaces e resolver os transtornos
causados pela obra na comunidade local.
Os 600 trabalhadores também foram treinados em aspectos específicos do trabalho, em
higiene e saúde e receberam informações sobre reciclagem de resíduos e a importância
sobre a correta separação e destinação destes materiais.
A certificação de toda a documentação se deu em três fases (Programa, Concepção e
Realização), conforme o programado, porém com tempo de execução extremamente
agressivo. Isto só foi possível devido à colaboração e espírito de equipe dos envolvidos.
Na construção foram desenvolvidas novas tecnologias:
• Desenvolvimento de um sistema de ar-condicionado em parceria com um grande
fabricante, que apresenta um consumo energético 30% menor do que os equipamentos
convencionais da época e também com redução do nível de ruído;
• Desenvolvimento de um fabricante brasileiro de luminárias à LED, que hoje equipam a
loja e tem vida útil de 10 anos;
• Instalação de um sistema de piso ambientalmente correto e de fácil limpeza;
• Foram implementados sistemas de captação, tratamento e reutilização de água da chuva,
das bacias sanitárias e das torneiras de lavagem da loja, contribuindo com redução de
50% do consumo de água.
Também foram instalados painéis solares para aquecimento dos chuveiros dos vestiários
dos funcionários, instalação de vidros especiais que impedem a entrada de calor, muros
ecológicos e materiais ecoeficientes, como tintas a base de água e pisos autodrenantes. A
iniciativa representa uma prática consciente, que preserva e reaproveita os recursos
ambientais. A construção tem um desempenho mais eficiente, o que serve de exemplo e
contribui para a capacitação e educação ambiental dos colaboradores, fornecedores e
clientes que se envolveram com o projeto e interagem com o produto final.
Revisão e discussão
1. Qual é o valor e o propósito de uma proposta inicial de projeto?
2. Explique a diferença entre uma proposta preliminar de projeto e um relatório de estudo de
viabilidade.
3. Como a composição de uma equipe de estudo de viabilidade para uma proposta baseada na
lógica pode diferir da de um projeto novo ou inovador?
4. Que instruções seriam de importância capital para orientar uma equipe de estudo de
viabilidade para um grande projeto de desenvolvimento?
5. Liste fontes importantes de riscos do projeto e discuta como esses riscos podem ser
identificados.
6. Debata sobre a importância e as informações constantes no termo de abertura do projeto.
7. Considere um projeto para introduzir novos métodos de trabalho, controle da qualidade total
(TQC) e/ou métodos just-in-time (JIT) em uma empresa fabril e liste a natureza e possíveis
consequências de tal mudança e como sua viabilidade poderia ser avaliada.
CAPÍTULO
5
Evitando as armadilhas gerenciais
Trabalhar num projeto bem-sucedido pode ser uma experiência estimulante e gratificante, mas
nem todos os projetos chegam a uma conclusão satisfatória. Infelizmente, muitos projetos ambiciosos,
concebidos em uma atmosfera de esperança e entusiasmo, terminam em fracasso parcial ou completo,
apesar de esforços ousados por parte de equipes capazes e dedicadas e da injeção de vastas somas
de dinheiro.
A Figura 5.1 apresenta o resultado de pesquisas recentes3 que mostram a frequência na qual os
projetos no Brasil têm alcançado as metas de prazo, custo, qualidade e satisfação do cliente.
Figura 5.1 Frequência que os projetos brasileiros atingem as metas de prazo, custo, qualidade e
satisfação do cliente
Fonte: PMSURVEY, 2012.
Estudo de Caso
O parque da cidade de Downmarket
Downmarket é uma próspera cidade de um milhão de habitantes. As finanças do
município estão se recuperando de excessos da administração anterior, quando pouco foi
feito para manter ou fortalecer a atratividade da cidade.
Grande parte do quadro municipal é constituída por funcionários antigos, promovidos das
fileiras de escriturários ou de cargos menores na administração em função de tempo de casa
e experiência.
O engenheiro municipal, por exemplo, começou como chefe de turma de construção
rodoviária e seu cargo cresceu com a administração. Agora ele comanda um pessoal
numeroso e desfruta de um salário substancial. Seu estilo gerencial é autocrático, agressivo
e arrogante, e ele está em fortes disputas com a secretaria de finanças acerca de questões
sobre pagamentos aos empreiteiros e fornecedores.
O tesoureiro municipal é um funcionário recém-nomeado que tem provocado
animosidade por apertar os controles financeiros. Seu diretor executivo financeiro é um
jovem contador, que se sente constrangido diante dos engenheiros e membros mais antigos
do Executivo.
A nova administração votou uma série de melhorias urbanas, numa tentativa de
revitalizar a cidade e restabelecer parte de sua antiga beleza. Uma dessas melhorias é um
projeto para converter estabelecimentos industriais abandonados em um parque de lazer,
área de recreação cênica e playground para crianças.
Um artista ambiental e um paisagista apresentaram propostas detalhadas, e um plano
sedutor foi aprovado pela Câmara. As propostas incluíam extensos terraços gramados,
muros de calcário, o replantio de um coqueiral já cultivado (transferido profissionalmente
de outro local), e uma vasta escultura pré-fabricada de metal e concreto, uma atração de
finalidade dupla, para fornecer um ponto de atração e fazer as vezes de local de aventura e
equipamento de escalada para crianças.
A área do parque seria cercada em dois lados por um muro de calcário; uma entrada
imponente com portões ornamentais abrir-se-ia para uma importante via pública.
Sob a presidência do engenheiro municipal, foi instalado um comitê para controlar e
dirigir o projeto. Entre os participantes estava o diretor executivo financeiro, o
superintendente de parques e jardins e um administrador.
Na primeira reunião, foi anunciada a possibilidade de se designar um gerente de projeto.
Essa sugestão foi ridicularizada pelo engenheiro municipal, que afirmou que isso seria
dispendioso e desnecessário. Disse ainda que, para conter custos, o trabalho de
desenvolvimento deveria ser feito por seu pessoal, assistido por empreiteiros que ele já
conhecia.
O artista ambiental ficou encarregado da pré-fabricação da enorme escultura e da
supervisão de sua montagem sobre uma base de concreto a ser providenciada no local.
O controle cotidiano do trabalho foi então assumido pelo engenheiro municipal que
rejeitou desdenhosamente pedidos de planos e cronogramas, afirmando que isso era “uma
perda de tempo burocrática para homens que sabiam qual era seu trabalho”.
Para maximizar a vantagem política e consolidar a imagem pública, o senhor prefeito e a
câmara estimularam a publicidade para o projeto e fixaram a data para uma sofisticada
cerimônia de inauguração no dia seguinte à data programada de conclusão do projeto.
O acesso ao parque era feito por vias principais que conduziam ao centro da cidade, e os
passantes observavam o andamento com interesse. Os muros de calcário e a gigantesca
entrada geravam comentários favoráveis, tal como as áreas de grama que foram assentadas e
eram regularmente regadas.
Depois, durante algumas semanas, nada parecia acontecer e logo se ficou sabendo que o
projeto não estava caminhando conforme pretendido.
O evento seguinte foi um tanto surpreendente. A sofisticada entrada foi parcialmente
demolida para dar acesso aos grandes veículos que transportavam os coqueiros já adultos.
O terreno, saturado pela chuva, estava mole, e o gramado novo foi destruído pelo
movimento de veículos e equipamento de escavação. Os passeios de alvenaria também
foram danificados, mas isso era insignificante comparado com o que estava por vir.
O vão da entrada teve de ser aumentado para que a obra de arte pré-fabricada pudesse
ser entregue. Devido ao seu peso e tamanho, o posicionamento da escultura colocava
dificuldade adicional. A base de concreto era inadequada e precisava ser refeita. Isso tomou
duas semanas, enquanto a escultura esperava suspensa entre dois guindastes móveis.
Aproximava-se o dia da inauguração, mas a entrada não podia ser reconstruída enquanto
os guindastes permanecessem no interior do parque. O paisagismo e outras obras também
estavam atrasados.
Seguiu-se uma discussão acalorada e muito indiscreta entre o artista ambiental e o
engenheiro municipal. O artista alegava quebra de contrato, dizendo que suas exigências
haviam sido ignoradas, não havia sido feita uma fundação adequada para a escultura e, até
que isto acontecesse, ela não poderia ser montada.
Informações “vazadas” para a imprensa provocaram acusações de administração inepta,
escalada de custos, estimativas negligentes e fracasso em providenciar um local para a
escultura.
O engenheiro tramou para ocultar parte do excesso de custos desviando mão de obra de
outros serviços, mas, àquela altura, o projeto havia-se tornado uma grande fonte de
embaraço e os membros da câmara eram pressionados para assumirem sua parcela de
responsabilidade.
A inauguração aconteceu com quatro meses de atraso, sob mau tempo. Poucas pessoas
estavam presentes.
Como esse projeto pode ser cotado em relação a critérios de sucesso e o que podemos aprender a
partir de seu resultado?
1. Conceito – apesar das implicações políticas, o conceito parece válido;
2. Planejamento – o planejamento e a implementação foram improvisados. Não havia nenhuma
definição clara de objetivos e respectivos planos de atividade;
3. Qualidade – afora dificuldades iniciais, os padrões para o parque em si mesmo parecem ter
sido alcançados. O elemento desejado de aprovação pública, porém, ficou seriamente
comprometido;
4. Custo – não se dispõem das cifras para os custos orçados e efetivos, mas não há nenhuma
dúvida de que as estimativas foram ultrapassadas, particularmente devido ao uso ineficiente de
mão de obra, tarefas de remodelação, contrato prolongado de guindaste e as consequências do
atraso na conclusão; e
5. Tempo – práticas fortuitas de administração e ausência de planejamento resultaram em grande
atraso e demora na conclusão.
Aqueles que estão habituados à boa administração questionarão a credibilidade desse caso
infeliz. Mas o fato é que, embora alguns projetos públicos sejam bem conduzidos, existem outros que
são atacados sem método e defrontam-se com sérias dificuldades. Por isso, analisemos os males do
projeto do parque municipal e vejamos como um empreendimento tão simples poderia ter sido
gerenciado de forma eficiente.
1. Estrutura administrativa do projeto
• Não havia nenhuma estrutura lógica de administração, definição de responsabilidades ou
atribuições.
• A administração por comitê e a responsabilidade frouxamente definida raramente produz
resultados satisfatórios.
• O controle cotidiano (como o que havia) era exercido pelo engenheiro municipal, um homem
despreparado para o trabalho de projeto e cuja atuação não estava subordinada à supervisão,
nesta tarefa.
• A participação de outros gerentes, em regime de meio período, era insatisfatória. Sua
competência e compromisso com o trabalho do projeto eram vagos e suas atividades mínimas
não eram coordenadas.
2. Planejamento e programação
A abordagem “mãos à obra” e o estilo agressivo do engenheiro eram inadequados para um
projeto desta natureza. Ele ignorava a necessidade de consultar os demais envolvidos no
projeto, tais como o artista ambiental e o especialista em paisagismo, de coordenar suas
contribuições ou combinar como seus trabalhos seriam executados. Ele não calculou a duração
de cada atividade nem elaborou uma sequência lógica de eventos. A utilização do método do
caminho crítico (em inglês critical path method – CPM) combinado com a técnica de
estimativa dos três pontos (PERT) teria esclarecido a sequência de eventos, permitido uma
análise estatística do cumprimento dos prazos e facilitado a comunicação, controle e
administração do projeto.
3. Custos e controle financeiro
Pressupunha-se (sem levantamentos) que o uso dos funcionários da prefeitura e de empreiteiros
reduziria os custos gerais. Essas pessoas eram pagas com fundos públicos em uma base de
necessidade regular, ou seja, o trabalho do qual eles teriam sido desviados, sendo por isso
difícil calcular o custo dessa mão de obra. As solicitações em seu horário de trabalho
certamente foram maiores do que o esperado, em detrimento do trabalho de rotina. Dessa
forma, os itens de custo que não podiam ser ocultados e não constavam no orçamento incluíam
mão de obra, materiais e a contratação de guindastes e outros equipamentos mecânicos durante
períodos prolongados.
4. Conclusões
• Uma combinação de estrutura administrativa mal definida e participação em tempo parcial
resulta em coordenação deficiente e dificuldades de controle;
• Com administração competente, o projeto poderia facilmente ter sido concluído no prazo. O
custo de se empregar um gerente de projeto competente e uma força de trabalho corretamente
contratada teria sido menor do que o custo incorrido pelo uso ad hoc4 de funcionários da
prefeitura; e
• Se o projeto tivesse sido devidamente planejado, gerenciado e financiado, ainda seria
possível utilizar alguma capacidade ociosa na força de trabalho da prefeitura para tarefas
claramente definidas.
V × (P + P) × (L + C + C) ou
Viabilidade de Objetivos × (Planejamento + Programação) × (Liderança +
Comunicação + Controle)
Revisão e discussão
1. Por que e em que bases alguns profissionais rejeitam conceitos de administração sistemática
de projetos? Sugira casos em que os projetos ad hoc teriam se beneficiado de uma
abordagem sistemática.
2. Quais critérios devem ser adotados na avaliação da probabilidade de sucesso de um
projeto?
3. Elenque e debata algumas causas de fracasso de projetos indicadas no corpo do capítulo?
4. Elenque e debata algumas causas de sucesso de projetos indicadas no corpo do capítulo?
5. Debata sobre as causas comuns dos problemas em projetos que figuram tanto no Brasil,
como nos Estados Unidos e Inglaterra.
6. Baseado nos fatores de sucesso listados, quais problemas estão estão associados à
administração de projetos em tempo parcial?
7. Que consideração especial você daria a uma proposta de projeto que tivesse experimentado
atraso entre a avaliação de viabilidade e a aceitação?
8. Liste algumas necessidades específicas de projetos em economias em desenvolvimento.
9. Considere um projeto que você conheça que tenha experimentado dificuldade ou o fracasso
e discuta os motivos a que se devem os problemas e como estes poderiam ter sido evitados.
CAPÍTULO
6
Planejamento, requisitos e escopo
Estudo de Caso
A ópera de Sydney
A Ópera de Sydney é conhecida no mundo inteiro, não só por sua localização bucólica e
concepção rara, mas pelo custo astronômico de sua construção.
Além da ópera em si, o complexo abrange teatro, cinema e outras instalações e é um dos
exemplos mais divulgados e controvertidos da arquitetura moderna.
O desenvolvimento do conceito começou quando, em 1955 e 1956, o governo de Nova
Gales do Sul realizou concorrência internacional procurando concepções originais e
inovadoras para uma casa de ópera a ser construída em um terreno peninsular próximo à
Ponte do Porto de Sydney.
Um plano criativo apresentado por Jorn Utzon, arquiteto dinamarquês, foi escolhido, e
ele mesmo ficou encarregado da coordenação do projeto.
Instigado talvez pelo entusiasmo e pela ambição política, o governo de Nova Gales do
Sul concordou com o início antecipado a despeito do fato de muitos problemas de
planejamento técnico e construção ainda requererem solução. Em 1959, o governador deu
início ao projeto. Uma impressionante cerimônia pública marcou a ocasião, com uma
orquestra tocando ao fundo enquanto uma frota de bulldozers movia-se para iniciar a
limpeza do terreno.
Ao contrário da prática habitual, os engenheiros do projeto (Ove Arup & Partners) foram
contratados pelo governo sem que se consultasse o arquiteto. Os motivos para essa escolha
não são claros.
Como empresa de engenharia, a reputação da Ove Arup era inquestionável, mas embora
muito competente, não possuía, aparentemente, experiência suficiente para dotar seus
engenheiros de habilidade para solucionar os novos desafios de construção e ir ao encontro
aos métodos aprovados pelo arquiteto.
Muito trabalho experimental foi necessário até que os complexos problemas de construir
as estruturas em forma de concha pudessem ser resolvidos. Depois de prolongada
deliberação e experimentação, Utzon acabou tendo a brilhante ideia de construir as
gigantescas conchas por meio de um processo modular, como segmentos de uma esfera.
À medida que Utzon se empenhava na perfeição de cada detalhe, etapas ficavam
comprometidas, processando-se lentamente. O tempo passava e o atraso provocava uma
enxurrada de críticas por parte de arquitetos locais e adversários políticos do partido que
estava no governo.
Utzon, que não estava interessado na opinião pública local entrando, às vezes, em
conflito com os engenheiros, empenhava-se decididamente pela excelência em todos os
detalhes. Mas, em 1963, concluída grande parte das obras externas, observa-se que em
certas áreas o prédio estava demorando muito para ser concluído, e ficando caro demais.
Um dos muitos problemas, típico da situação, dizia respeito ao complexo tratamento de
interiores, que implicava uso de lâminas de compensados muito grandes que eram
produzidas por um único fabricante local. Utzon enfrentou dificuldades na aquisição dessas
lâminas e afirma-se que o Departamento de Obras Públicas provocou atraso adicional por
ter exigido que a compra fosse objeto de licitação, apesar da óbvia ausência de
fornecedores alternativos.
A visão de Utzon e grande parte do trabalho desenvolvido para o interior do prédio como
elemento essencial do conceito total perderam-se quando, em 1965, um membro do Partido
Liberal Nacional foi eleito com a plataforma de “consertar” a Ópera, passando a explorar a
questão quanto ao custo da construção.
O secretário de obras públicas contratou outro arquiteto para supervisionar o projeto que
junto a Ove Arup & Partners, não conseguiu apoiar Utzon.
Em 1966, Utzon demitiu-se, sete anos após o início da construção. O palco e as conchas
externas estavam concluídas e o maquinário de palco, instalado. Utzon esperava concluir o
projeto no prazo de dezoito meses, a um custo total de vinte e dois milhões de dólares. Um
novo grupo, sob a direção do Secretário de Obras Públicas, assumiu então o controle do
projeto.
Foram necessários mais sete anos até a conclusão da tarefa, e o custo final estimado em
cento e dois milhões de dólares (cerca de dez vezes mais que a estimativa original).
O que podemos aprender com esse exemplo?
• A história da construção da Ópera de Sydney ilustra o perigo da concorrência sem o devido
controle – começar um projeto sem experiência ou conhecimento dos processos a serem
adotados e antes de estarem definidos os métodos e técnicas essenciais de construção. Por si só,
isso teria tornado quase impossível o planejamento sistemático. Assim, o governo de Nova
Gales do Sul embarcou nesse projeto, em grande parte, sem planejamento ou estrutura, que
dependia de métodos novos e inéditos a serem desenvolvidos à medida que o projeto ganhasse
forma.
• Sem a visão perfeccionista de Utzon, o projeto estaria fadado ao fracasso, mas sua perseverança
e brilhantismo profissional ajudaram a vencer as dificuldades ao longo das etapas cruciais, a
despeito da incompatibilidade com os engenheiros.
• O projeto estava voltado ao mérito artístico e ambiental. Como acontece com a construção de
uma grande catedral, conceito, função e qualidade eram considerados mais importantes do que o
tempo e o custo. Este conceito é tão forte que, hoje, esta icônica construção é um dos símbolos
de Sydney e da Austrália como um todo. Prova disto é que a imagem da Austrália para o mundo,
na virada do milênio, foi o show pirotécnico que aconteceu na baía de Sydney, justamente no
local onde está construída a Ópera de Sydney. Sempre que se pensa em um cartão postal
Australiano (excluindo-se as vastas formações naturais) pensa-se nesta icônica construção.
Poucos projetos contemporâneos poderiam ser montados ou concluídos dessa maneira. Nesse
caso, começar a construção antes de definir as técnicas e processos essenciais pode ser uma atitude
extremamente temerária. Quaisquer tentativas de chegar a uma estimativa realista dos custos de
projeto e produção devem ter sido quase impossíveis.
• Considerações políticas afetaram em grande parte o projeto. A opinião pública e a ingerência
administrativa parecem ter interferido no andamento, levando o conceito original até seus
últimos estágios e, finalmente, ao sucesso, não obstante a enorme escalada nos custos de
acabamento.
• O projeto da Ópera de Sydney também oferece um bom exemplo da relação entre os elementos
essenciais: qualidade, tempo e custo. Equilibrar as necessidades dessas três questões é uma
preocupação presente em todo o plano de projeto e, durante a implementação, continua a ser uma
das maiores atribuições dos seus gerentes.
• A gestão do projeto pode ser definida como falha, uma vez que todas as grandes restrições do
projeto (escopo, tempo, custo e qualidade) não foram atendidas. Por outro lado, o sucesso do
produto do projeto é confirmado, ao entender que as partes interessadas estão satisfeitas e
benefícios extraordinários foram conseguidos.
Tabela 6.1 Exemplo de matriz de rastreabilidade dos requisitos para um projeto de alteração de
uma linha de produção
6.9 Escopo
Escopo, segundo o PMI, pode ser definido como “a soma dos produtos, serviços e resultados a
serem fornecidos na forma de um projeto”.2 Escopo do projeto é “o trabalho que deve ser realizado
para entregar um produto, serviço ou resultado com as características e funções especificadas” e o
escopo do produto é caracterizado como “as características e funções de descrevem um produto,
serviço ou resultado”.
Fica claro o conceito de que os requisitos definem as funcionalidades e desempenho do produto,
que por sua vez, define o esforço programado, que se traduz no projeto que irá desenvolver e
entregar o produto especificado.
O escopo irá definir todo o trabalho que tem de ser desenvolvido. Desde a definição das
atividades e seu sequenciamento, passando pelos custos associados e os recursos necessários para
desenvolver projeto são, todos, função do escopo definido.
Desta forma, é de extrema importância definir o escopo do projeto com o nível de detalhe
adequado, objetivando clareza do trabalho que tem de ser desenvolvido para todos os envolvidos,
bem como facilitando, também, a negociação e aprovação do projeto e da execução junto ao cliente.
Revisão e discussão
1. Quais são os fundamentos do objetivo de projeto eficaz?
2. Quais são os passos básicos no desenvolvimento de um plano-mestre de projeto?
3. Dê três exemplos de objetivos de missão do projeto e teste-os em função da eficácia e
ambiguidade.
4. Discuta os objetivos de um projeto de seu conhecimento ou experiência; considere se eles
carecem de critérios essenciais e, caso isso aconteça, como poderiam ser mais bem
definidos.
5. Liste pelo menos seis itens que você poderia esperar incluir em um plano de recursos.
6. Explique como o plano de finanças evolui a partir da consideração das necessidades de
atividades e recursos.
7. Quais são as vantagens do apoio do computador no planejamento e como a dependência
excessiva de pacotes de software pode inibir o bom planejamento de projetos?
8. Explique a necessidade de verificar os planos e procedimentos de informações do
fornecedor de um grande projeto e que critérios poderiam ser adequados para a sua
avaliação.
CAPÍTULO
7
Ferramentas de planejamento e controle
7.1 Integrando o processo
Planejar as atividades de um projeto é essencialmente um processo sistemático que envolve a
integração de uma variedade de atividades, recursos e intervalos de tempo.
No trabalho de projeto, o planejamento, mesmo que informal, começa nos estágios iniciais de
desenvolvimento do conceito, formaliza-se na aprovação do termo de abertura e estende-se em uma
base mais sistemática e progressivamente acurada até a conclusão. O grosso da atividade do
planejamento detalhado das atividades é executado após a definição do escopo do projeto e antes da
implementação, mas não para aí, pois discrepâncias, novas oportunidades e situações exigem
constante revisão do planejamento.
A natureza da atividade do projeto favorece a estreita integração entre planejamento, comunicação
e controle do processo e sua metodologia.
O plano é a base da ação, do controle e o ponto de partida para a ação paliativa quando as
circunstâncias assim exigirem e, por isso, é importante empregar sistemas de fácil utilização pelo
usuário que prontamente se preste a esses três propósitos.
Os planejadores de projetos têm à sua disposição uma gama valiosa de ferramentas. Muitas
facilitam o planejamento, o controle subsequente e a comunicação. Técnicas simples são ajuda
valiosa para estabelecer:
• lógica;
• duração da atividade;
• sucessão dos eventos;
• coordenação do esforço;
• comunicação;
• monitoração do progresso;
• controle e avaliação;
• tomada de decisão; e
• análise e avaliação de riscos.
Uma sequência de eventos para se determinar o planejamento do projeto sugerida é:
1. identificação das atividades;
2. tabelas de precedência;
3. cálculos de duração / estimativa de três pontos (análise PERT);
4. diagramas e fluxogramas dos processos:
• diagramas de setas;
• diagramas de caminho crítico (em inglês critical path method – CPM);
• diagramas de precedência;
• gráficos de Gantt e outras formas de diagramas de “barras”;
5. diagramas de múltiplas atividades; e
6. árvores de decisão.
Figura 7.1 Representação gráfica da distribuição beta e os tempos ótimo, médio, esperado e
pessimista para a duração de uma atividade
É possível determinar o desvio-padrão deste tipo de estimativa, conforme a fórmula apresentada a
seguir:
Embora raramente seja possível fornecer uma estimativa exata do tempo necessário para
completar cada atividade, na prática, um planejador experiente obterá uma aproximação acurada de
pelo menos 80% das tarefas e, em muitos casos, pequenos erros de tempo serão compensatórios,
exigindo ajustes mínimos de planejamento.
Fluxogramas de processos
Uma das ferramentas de planejamento mais comumente utilizadas é o fluxograma de processo.
Este mostra a duração de cada atividade, sua sequência lógica, quando ela pode ser iniciada, bem
como as atividades paralelas.
Estabelecendo as datas de início mais cedo e mais tarde para cada atividade
Tendo concluído o diagrama e verificado o intervalo de tempo necessário para completar cada
atividade, trata-se somente de definir a data mais cedo na qual cada uma poderá ser iniciada (EET –
Earliest Event Time). Os inícios podem ser medidos em horas/dias/semanas e assim por diante,
desde o começo do projeto (datas relativas) ou, se a data de início do projeto foi fixada, uma data
real pode ser a eles alocada.
Onde duas ou mais atividades convergem para um nó, anote o tempo total, mas não o anote no
diagrama até que você tenha calculado as EETs para todos os demais caminhos.
A EET para este evento será o número mais alto obtido a partir da sequência mais longa. (Veja
Figura 7.5)
Chegando ao fim do diagrama, a EET mais alta denotará a duração do projeto e, como esta
corresponde ao fim do projeto, ela será também a data mais tarde (LET – Latest Event Time) para
esse evento.
Figura 7.5 Rede mostrando o caminho crítico representado pela seta tracejada
O caminho crítico é a rota de maior duração ao longo da rede. Costuma-se enfatizá-lo no diagrama
mediante o seu traçado em vermelho ou com linhas grossas.
Sem uma mudança na duração de uma ou mais atividades no caminho crítico, o projeto não pode
ser abreviado.
A EET e a LET no caminho crítico não podem ser alteradas.
A partir do exame da sequência de folgas mostrada na Figura 7.7, pode-se perceber que existem
diversos tipos de folga:
Folga independente – a margem de segurança que às vezes ocorre quando uma atividade é
conduzida entre a data mais tarde do evento e a data mais cedo do evento de seu sucessor.
Folga livre: a margem de segurança entre dois eventos. Nota: Se a folga for calculada a partir das
datas mais cedo para cada evento, o número pode diferir em relação a um cálculo que utilize
ambas as datas mais tarde do evento.
Folga total: o tempo livre máximo entre dois eventos quando estes são realizados do modo mais
distanciado possível.
Folga de sequência: a folga total em uma sequência de eventos.
onde:
Teprojeto – tempo esperado para o projeto;
n − número de atividades no caminho crítico;
tei – tempo esperado par a atividade i do caminho crítico do projeto.
Por meio de análises estatísticas é possível determinar quais são as probabilidades de término de
um projeto em uma determinada data “d”. Como, pelo teorema do limite central, a distribuição de
probabilidades do projeto será uma distribuição normal, é possível normalizar as análises e
trabalhar-se com tabelas de probabilidade pré-definidas.
Sendo assim, tem-se:
onde:
z − variável padronizada da distribuição normal;
d − data de término de interesse;
Teprojeto − tempo esperado para o projeto;
σprojeto − desvio-padrão do projeto.
A probabilidade da data “d” ser conseguida é extraída da tabela apresentada na Tabela 7.1, a
seguir.
Se z ≥ 0, então:
Se z < 0, então:
onde, em ambos os casos, a Probabilidade (z) é obtida na tabela apresentada na Tabela 7.1.
Caminho crítico 02 26
Caminho crítico 03 21
Caminho crítico 04 24
Caminho crítico 05 10
Caminho crítico 06 16
Caminho crítico 07 15
Caminho crítico 08 20
Caminho crítico 09 10
Caminho crítico 10 17
Caminho crítico 11 23
Caminho crítico 12 15
Caminho crítico 13 20
Caminho crítico 14 21
Caminho crítico 15 18
Caminho crítico 16 22
Caminho crítico 17 24
Caminho crítico 18 25
Caminho crítico 19 19
Caminho crítico 20 21
Caminho crítico 21 15
Caminho crítico 22 10
Caminho crítico 23 20
Caminho crítico 24 19
Caminho crítico 25 18
Caminho crítico 26 11
Caminho crítico 27 13
Caminho crítico 28 13
Caminho crítico 29 22
Caminho crítico 30 14
TOTAL DO PROJETO 537
A prática de sua empresa é, até o momento, prometer a data para a qual o planejamento
está apontando, ou seja, 537 dias a partir da data de início do projeto.
Preocupado com o que poderia estar acontecendo, ele se dirigiu ao departamento de
projetos, onde começaram a debater sobre o que a empresa estaria fazendo de errado.
Foi quando um empregado, que havia entrado na empresa a pouco, indagou se as
probabilidades de cumprimento desses prazos haviam sido analisadas sob a ótica da
metodologia PERT – a resposta foi não. O jovem então explicou que essa metodologia fazia
um tratamento estatístico das estimativas e permitia uma maior certeza nas promessas que
seriam realizadas.
Curioso, o diretor incumbiu o rapaz de realizar a tal análise e apresentar os resultados
assim que finalizados – principalmente, requisitou ao jovem gerente de projetos a definição
da probabilidade de cumprir com o ciclo de 537 dias.
Prontamente, o rapaz começou a conversar com todos os envolvidos nas estimativas de
prazo para buscar as estimativas otimistas e pessimistas de cada uma das atividades, para,
assim, realizar a análise PERT.
De posse de todas as informações, ele calculou, na sequência:
1. o tempo esperado de cada atividade;
2. o desvio-padrão de cada atividade;
3. a variância de cada atividade;
4. o tempo esperado total do projeto, que foi a soma dos tempos esperados das
atividades do caminho crítico;
5. a variância do projeto, que foi a soma das variâncias de todas as atividades do
caminho crítico;
6. o desvio-padrão do projeto, que foi a raiz quadrada da variância.
Todas essas informações estão contidas na Tabela 7.3.
Com base nesses dados, o jovem gerente informou ao diretor da empresa que, se ele
quisesse uma probabilidade de certeza de 90% para a data de término do projeto, então a
promessa de conclusão deveria de 584 dias após o início das atividades.
7.7 Compressão
Compressão é o processo de reduzir o caminho crítico, normalmente por meio do aumento dos
recursos financeiros e de mão de obra ou maquinário, ou seja, a busca de equilíbrio entre custo e
tempo. O tempo, às vezes, pode ser reduzido à custa da qualidade ou de objetivos do projeto, mas
tais medidas normalmente levariam à revisão do projeto.
O foco da análise de compressão devem ser as atividades do caminho crítico.
Eventos no caminho crítico que demoram mais do que o esperado ou começam mais tarde
atrasarão a conclusão do projeto. Uma vez que tempo e custo estão intimamente relacionados, é
provável que o atraso no projeto resulte em custo adicional. Uma demora longa pode resultar em
penalidades ou pesado estouro nos custos. A Figura 7.7 ilustra um projeto com o seu respectivo
caminho crítico.
Figura 7.7 Segmento de sequência de construção com caminho crítico – o caminho crítico
sensível a riscos é representado pela linha em destaque
A “compressão” pode custar caro, conforme ilustrado na Tabela 7.5. Se a duração estimada de
uma atividade for duvidosa ou se o trabalho for vulnerável a complicações ou atrasos, o custo de
compressão pode ser muito importante, conforme representado na Tabela 7.6.
Tabela 7.5 Tabela de sequência e cálculo de custo adicional de redução da duração de uma
atividade
Tabela 7.6 Resumo dos custos de compressão para uma série de atividades selecionadas
É importante sempre lembrar que, para algumas atividades, por mais dinheiro que se coloque na
tentativa de obter um melhor resultado, não será possível adiantar o seu término, devido a limitações
práticas, técnicas ou operacionais.
Em algumas situações, tentar acelerar uma atividade pode aumentar tanto as interações entre os
integrantes do time que o número de conflitos, o nível de estresse e a confusão no trato da informação
irá ser tão alto que outra solução, que não a compressão, deve ser buscada.
7.8 Paralelismo
Paralelismo é a técnica utilizada para acelerar o término do projeto por meio da análise das
relações entre as atividade e eliminação das precedências que foram definidas para as atividades
com relações arbitrárias. Deve-se salientar que este tipo de prática aumenta os riscos envolvidos
para a execução do projeto.
As atividades críticas e as datas mais cedo e mais tarde são apresentadas da mesma maneira que
no diagrama de setas, começando com as datas mais cedo e mais tarde de início, sendo a folga para
uma atividade calculada mediante a dedução do prazo mais cedo de término do prazo mais tarde de
término.
Este tipo de diagrama é o utilizado nos softwares. O diagrama de setas, apesar de bastante lógico,
vem caindo em desuso. A seguir, na Figura 7.9, será apresentada a mesma sequência da Figura 7.5,
porém desenvolvida utilizando o diagrama de precedências.
Figura 7.12 O histograma (instalação de fibra ótica – mão de obra e hora extra)
Revisão e discussão
1. Como o caminho crítico pode ser alterado e quais as possíveis consequências?
2. Discuta os méritos relativos dos diagramas de setas (com nódulos de informação), gráficos
de Gantt e diagramas de precedência.
3. Debata sobre a importância da análise PERT.
4. Em que circunstâncias você utilizaria cada tipo de gráfico?
5. Explique como as várias ferramentas de planejamento podem facilitar a comunicação e o
controle do andamento do projeto.
6. Que critérios você definiria e que qualidades essenciais você procuraria ao selecionar um
pacote de software para ajudar na administração de um projeto com o qual você tenha
experiência?
Exercício de Planejamento
Após a experiência com o projeto do Parque da Cidade (Capítulo 5), a Câmara de
Downmarket decidiu realizar projeto semelhante em um terreno do outro lado da cidade.
Tendo aprendido com seus erros, a Câmara nomeou um gerente de projeto para realizar um
estudo de viabilidade para investigar a proposta, considerar restrições de planejamento e
preparar uma estimativa de custo. Tal como no caso do projeto anterior, um artista
ambiental foi convidado a apresentar ideias e uma estimativa do custo de dotar o parque de
uma atração central.
O estudo de viabilidade recomendou que o projeto deveria ir adiante, apresentando uma
estimativa “aproximada” de 0,94 milhão de dólares. Esse valor incluía o custo de uma
grande obra em metal e concreto a ser realizada e entregue pelo artista.
O objetivo da missão do projeto foi estabelecido da seguinte forma:
Entre 8 de abril e 10 de junho de 2013, estabelecer, concluir e equipar um parque e a área
de recreação infantil no terreno entre os números 147 e 361 da City Road, Downmarket,
segundo o layout e padrões estabelecidos na proposta de planejamento municipal P/638/2
de 2010, e emendada em P/635213. O custo total não deverá ultrapassar 0,9 milhão de
dólares, financiados com receita municipal A/c Nº 2.
A cerimônia de inauguração foi programada para o dia 14 de junho, deixando uma margem
de nove semanas para a conclusão da obra.
O gerente do projeto solicitou propostas e orçamentos de possíveis empreiteiros.
O departamento de engenharia municipal foi convidado a se envolver em atividades que
possibilitariam a utilização de capacidade ociosa em termos de mão de obra e/ou
equipamento, mediante pagamento por trabalho efetuado (empreitada).
Após a conclusão do planejamento inicial e detalhamento de custos, o gerente do projeto
chegou à conclusão de que:
1. haveria um pequeno excedente orçamentário;
2. com base em suposições de cronogramas anteriores, algumas atividades não poderiam ser
concluídas, ao custo mínimo, até a data da inauguração;
3. mediante a contratação de empreiteiros adicionais, ele poderia possibilitar que certas
atividades fossem realizadas simultaneamente e que outras fossem concluídas mais
rapidamente, a um custo ligeiramente maior.
Após discussão com os envolvidos na obra, foi traçada a seguinte tabela de sequência das
principais atividades:
Exercícios
1. Manualmente ou com a ajuda do Microsoft Project, ou software similar, preparar um gráfico
de Gantt e um diagrama de precedência para o projeto, considerando, primeiramente, o
tempo mais provável.
2. Calcular as datas mais cedo e mais tarde para cada atividade e todas as folgas disponíveis.
3. Uma vez determinado o caminho crítico, calcular:
a) O tempo esperado para as atividades do caminho crítico;
b) O desvio padrão das atividades do caminho crítico;
c) A variância para as atividades do caminho crítico;
d) O tempo esperado total para o projeto;
e) A variância do projeto;
f) A probabilidade de o projeto ser finalizado em d = 41 dias;
g) Quantos dias e qual data devem ser compromissados para garantir 95% de certeza de
cumprimento do projeto.
4. Considerar quais ajustes e alterações você faria na sequência, no caso de dificuldades na
conclusão do projeto, até a data de inauguração.
5. Ainda no exemplo anterior, que eventos de qualidade você planejaria e quais as ferramentas
que seriam utilizadas?
CAPÍTULO
8
Recursos: a energia vital de um projeto
Figura 8.2 Valores apresentados para cada mês de forma individual e acumulada e a respectiva
curva de orçamento do projeto
8.4 Planejamento concorrencial de recursos
As etapas iniciais de programação de atividades e planejamento de recursos normalmente podem
ser desenvolvidas de modo concomitante.
À medida que elaboramos o plano e programamos cada atividade, suas necessidades de recurso
serão evidenciadas; elas podem, então, ser programadas e ter seu custo estimado. Dessa forma, no
planejamento de cada atividade são desenvolvidas listas de recursos, quantidades, especificações e
cronogramas.
São estabelecidas as etapas e datas estimadas do projeto em que cada item será requisitado, e o
tempo de resposta entre o pedido e a entrega ou reabastecimento de determinado item pode ser
estimado. Um modo fácil de fazer isto é montar os planos-mestre e de atividades com os custos totais
estimados de cada atividade. (Os planos de cada atividade podem ser estimados de modo similar
para mostrar as principais entregas). A Figura 8.3 mostra um exemplo deste método.
8.9 Hedging
Hedging envolve negociação de padrão monetário, compra a termo (futures) e táticas similares
para minimizar riscos de fixação de preços.
Tempos de resposta longos, às vezes, envolvem um risco de pesado aumento nos custos. Isso pode
afetar o gerente do projeto ou o fornecedor. As quatro maneiras mais comuns de evitar o risco dos
preços são:
• comprar os bens e armazená-los até que sejam necessários;
• contratar por um preço fixo – nesse caso, o fornecedor assume o risco e pode acrescentar uma
porcentagem ao preço por medida de segurança contra o custo extra;
• contratar o preço de compra em dólares norte-americanos ou outra unidade monetária estável; e
• hedging – utilizar um mercado de commodities para transferir futuros riscos de compra para
outras partes.
Estudo de Caso
Processos públicos de licitação e contratação
O Projeto de atualização tecnológica2 foi concebido para modernizar e reequipar um
sistema nacional de segurança de vôo, fornecer melhores auxílios à navegação aérea e um
novo sistema de controle de tráfego aéreo. O propósito era obter um sistema mais rápido e
menos oneroso como início da reorganização dos serviços de tráfego aéreo do país.
O projeto envolvia a escolha e instalação de equipamentos novos e sofisticados, serviços
de apoio, treinamento para operadores do sistema, técnicos, pessoal de manutenção e
mudanças nas publicações do Serviço de Informações Aéreas.
A duração prevista do projeto era de 12 meses, ao final dos quais o novo sistema deveria
estar em plena operação e as novas Instruções de Navegação Aérea entrariam em vigor. Um
grupo de especialistas foi formado para investigar avanços, melhores práticas e fontes de
fornecimento de equipamentos, decidir a disposição das instalações, projetar o novo sistema
e elaborar especificações técnicas.
Suas recomendações resultaram em um sistema que obedecia às normas internacionais e
que foi bem recebido pela indústria da aviação.
A escolha cuidadosa dos equipamentos foi uma especificação disponível somente em um
único fabricante europeu bem conceituado. Foi negociado um preço para o pacote
requerido, levando em conta modificações necessárias, garantias de confiabilidade, datas de
entrega, instalações de serviço, disponibilidades de peças de reposição e treinamento para
operadores e manutenção.
Os contratos foram firmados e o projeto parecia avançar rumo ao sucesso.
As complicações começaram durante a fase de implementação. Um inquérito parlamentar
lançou dúvida sobre os motivos e a competência do grupo de peritos do projeto e alegou
infração à legislação de compra do governo, que exigia três cotações de fornecedores
potenciais.
O propositor do inquérito, que não tinha nenhuma experiência técnica, nem de aviação,
não ficou satisfeito com as garantias de que não se dispunha de nenhuma alternativa
comparável e economicamente eficiente e afirmava que uma outra empresa estrangeira de
renome deveria ter sido convidada a apresentar proposta, a despeito do fato de que seu
sistema diferia do escolhido pelo painel de especialistas.
Após um longo e dispendioso atraso, foi alcançado um meio-termo, no qual o contrato
original foi renegociado e um sistema híbrido foi desenvolvido para acomodar alguns
equipamentos fornecidos por cada uma das empresas.
É difícil determinar as origens e a verdadeira motivação que se encontram por trás da intervenção
nos assuntos desse projeto; entretanto, as consequências são facilmente identificadas e incluem:
• introdução de um sistema híbrido menos eficaz não recomendado pelos especialistas;
• atraso na implementação e conclusão do projeto;
• custo substancialmente maior do projeto devido à renegociação do contrato original, custos
maiores de instalação, exigência de duas classes de sobressalentes, treinamento para operadores
e manutenção referentes a dois conjuntos de equipamentos e consequente custo maior de
instalação; e
• efeito adverso sobre o moral do pessoal devido à redução da confiança na administração.
As lições a serem tiradas desse caso não se limitam à necessidade de os gerentes de projetos
levarem em conta procedimentos estabelecidos (ainda que inadequados) para compra e suprimento.
A vulnerabilidade do trabalho de projeto e o efeito de interrupções críticas no suprimento se
estendem a uma ampla classe de materiais e serviços, e toda precaução deve ser tomada para evitar
pausas dispendiosas de qualquer natureza.
A falta de autonomia na administração de projetos já foi citada como um dos principais
ingredientes do seu fracasso e/ou de custos excedentes. Quando a responsabilidade pelas compras é
dividida entre o pessoal do projeto e o departamento de compras da organização proprietária, o
conflito de prioridades pode frustrar a liberdade de ação do gerente e ser altamente prejudicial à
eficiência.
No momento de sua designação, gerentes, gerentes de contrato e funcionários de compras devem:
• familiarizar-se com todos os regulamentos existentes que possam ter relação com a condução do
projeto; e
• estabelecer o alcance da autoridade concreta que deve ser claramente definida nos termos de
referência por meio de uma formulação inequívoca da extensão e limites da autoridade delegada
para obrigar a organização, por exemplo, a assumir compromissos, comprar e assim por diante,
sem incorrer em responsabilização pessoal por questões financeiras ou outras.
Figura 8.6 Comparação entre o custo de dois itens de equipamento ao valor presente
8.16 Prevendo as necessidades da força de trabalho
Disponibilidade, qualidade e custo da força de trabalho variam muito de um país para outro, e,
internamente, em função das trocas de comércio, atitude, confiabilidade e expectativa.
É aconselhável que os gerentes de projeto, sempre que possível, busquem a melhor qualidade e a
menor quantidade de força de trabalho capaz de realizar o serviço dentro dos prazos planejados.
Deve-se sempre prever tempo marginal e recursos financeiros adequados para recrutamento, testes,
seleção e treinamento, pois uma força de trabalho recrutada de modo precipitado pode acarretar
grandes dificuldades.
Folgas de tempo podem ser necessárias se a força de trabalho estiver sujeita a acordos sindicais
sobre horários ou condições de trabalho, ou se forem aplicáveis outras regulamentações legais. O
custo das condições especiais de trabalho, limitações ou práticas restritivas precisa ser trazido para
o planejamento e para a equação orçamentária.
Revisão e discussão
1. Liste as categorias de recursos necessários para a conclusão de um projeto típico de seu
conhecimento e especifique as necessidades dominantes.
2. Discuta e liste causas de falta de estoque, entrega atrasada ou escassez de materiais.
3. Explique os termos “tempo de resposta”, “tempo de resposta administrativo” e “total de
atrasos” (backlog).
4. Discuta os efeitos e possíveis causas de diminuição do estoque.
5. Discuta as vantagens relativas dos contratos de preço global e de administração para o
aprovisionamento de recursos para um projeto de seu conhecimento.
6. Prepare uma lista de atividades e recursos para uma operação típica de projeto (isto pode
ser feito manualmente ou com o auxílio de programa de computador).
7. Considere circunstâncias nas quais os cálculos de mão de obra, ajustados para a velocidade
da aprendizagem, podem se mostrar incorretos e atrasar a conclusão do projeto.
8. Determine um gráfico com o orçamento (valor planejado) de um projeto conforme tabela
apresentada abaixo. Como simplificação, considere que os custos da atividade incorrem
integralmente no início de cada atividade e calcule o acumulado para cada mês do ano (os
meses já estão indicados na primeira coluna da tabela).
CAPÍTULO
9
Montando a equipe do projeto
Grande parte deste livro está voltada aos fundamentos do planejamento, orçamento e controle – as
atividades essenciais ao sucesso do projeto. São essas as ferramentas da administração de projetos e
os líderes precisam ser habilitados no seu uso. Entretanto, este capítulo aborda o ingrediente mais
vital ao projeto – as pessoas que planejam o trabalho contribuem com habilidades especializadas e o
levam a uma conclusão bem-sucedida – especialistas, líderes de equipe, coordenadores e gerentes de
projetos, suas atitudes, habilidades e estilos gerenciais e o modo como isso tudo afeta a equipe do
projeto.
Uma equipe de projeto se assemelha a orquestra – cada participante desempenha um papel bem
definido e ensaiado, e contribui para um resultado muito maior do que a soma das contribuições
individuais. Uma orquestra depende muito de seu líder, cujo talento e comportamento podem levar à
harmonia ou à discórdia.
A Figura 9.3 mostra as posições alternativas a partir das quais se pode exercer a liderança de
equipe. O “eixo” fornece coordenação geral, uma fonte central de informações e referência; o papel
de especialista garante a introdução do know-how e a situação orbital propicia apoio, treinamento e
manutenção do moral individual.
Conhecimento interdisciplinar
1. Estabelecer a compreensão e o respeito mútuos entre disciplinas e níveis da atividade.
2. Desenvolver uma visão geral dos aspectos especializados do projeto, particularmente de
suas implicações, cronogramas realistas e necessidades de recursos para suas atividades,
possíveis problemas ou áreas de dificuldade e indicadores de sucesso.
3. Envolver os especialistas no planejamento, definição do escopo, programação e cronograma
das atividades; obter seu conselho e compromisso com os níveis de qualidade e a utilização
de recursos.
4. Aprender os significados do jargão técnico.
5. Estabelecer procedimentos para os relatórios e a origem dos resultados esperados.
6. Realizar discussões regulares sobre atividades, métodos, necessidades de especialização e
progresso e apoio às necessidades racionais do profissional.
7. Foco nas necessidades, metas e resultados — evitar interferência em detalhamentos
especializados.
8. Dar feedback assertivo — reconhecer o progresso e sucesso e manter os membros da equipe
bem informados sobre o andamento geral e a situação do projeto, quando os indicadores
apresentarem resultados positivos. Enaltecer publicamente o sucesso pode ser um fator
motivador. Quando os indicadores não forem favoráveis, tratar o problema de forma
assertiva, se atendo a fatos e não personificar os problemas ou rotular as pessoas. Feedbacks
nestas situações (ao contrário do feedback positivos) devem ser reservados, somente entre o
líder e o liderado.
9.5 Poder e liderança
Seu poder nunca lhe dá o direito de comandar…
Dag Hammarskjold
Uma vez que o conhecimento gerencial e especializado confere uma dose de poder, devemos estar
cientes do significado desse poder tanto na liderança como na formação da equipe.
O poder deriva de diversas fontes:
1. Especialização. Comum no trabalho de projeto, o poder de especialista é derivado de
habilidade ou conhecimento específico que merece respeito dos demais e influencia seu
comportamento;
2. Poder da posição (às vezes denominado poder legítimo). Este é o poder em que se investe um
gerente ou comandante em virtude de sua graduação e posição. Seu poder de influência limita-
se, em grande parte, a cargos subordinados e aos envolvidos na mesma estrutura ou
organização;
3. Poder de liderança. A capacidade de influenciar o comportamento dos demais por meio do
próprio comportamento e habilidade, incutindo confiança, admiração e respeito. Ele induz à
disposição de obedecer, normalmente sem receio e muitas vezes sem recompensa. Não
conferido por posição ou decreto, o poder de liderança apenas pode ser ganho por seu detentor;
4. Poder da informação. Fundamentado na posse de informações ou capacidade para acessá-las,
essa forma de poder é geralmente encontrada na arena política ou no alto nível de certos tipos
de organização;
5. Poder de ligação. Baseia-se na familiaridade de seu detentor com pessoas e/ ou instituições
influentes. Encontrado na política, círculos financeiros e certos círculos governamentais;
6. Poder de premiação. Importante em (mas não limitado a) situações baseadas na motivação por
premiação, como, por exemplo, emprego de mão de obra ocasional e de pessoal local,
principalmente em países em desenvolvimento;
7. Poder de coerção. Esse é o poder baseado no medo de punição ou das consequências do
fracasso em obedecer. A natureza do medo pode estar relacionada com, por exemplo, perda de
gratificação, perda de promoção ou punição na forma de perda de status.
O gerente de projeto normalmente começará com o poder da posição e, talvez, o poder da
especialização. No decorrer do tempo, a equipe se desenvolverá e ele, segundo se espera, recorrerá
menos ao poder da posição, que terá sido em grande parte deslocado pela combinação mais eficaz
entre o poder de liderança e o poder da especialização.
Entretanto, ao lidar com os interessados, pode haver muitas situações nas quais seja de
importância significativa uma combinação entre poder de especialista e poder da informação e,
trabalhando com certos fornecedores e empregados temporários, não se possa ignorar a importância
do poder de premiação.
Apesar de especialização ser um tipo de poder, deve-se tomar cuidado ao se escolher um gerente
de projeto simplesmente por causa desta característica. Não, necessariamente, um bom especialista
será um bom gerente de projetos (porém nada impede que o contrário seja verdadeiro). Inferir que
uma pessoa boa em uma determinada área (ex: bom técnico) será, necessariamente, boa em outra área
(ex: gestão de projeto) é chamado de efeito halo e pode ser extremamente prejudicial à organização.
9.12 Resumo
Se forem conduzidos de forma eficiênte, os especialistas trabalham bem em equipes e o resultado
de um projeto depende da competência e da motivação de seu pessoal. Os gerentes, líderes de equipe
e especialistas possuem uma participação crucial no sucesso final. Os líderes de equipe, em
particular, precisam da mistura correta de qualificações, conhecimento, estilo de liderança e
habilidades gerenciais. A análise de cargo fornece um bom insight das necessidades do cargo para
fins de recrutamento, mas a avaliação madura também é vital quando se pretende selecionar o
candidato correto para cada cargo-chave e formar a base de uma equipe bem motivada. Quando os
membros da equipe conseguem atuar em papéis complementares, pode-se desenvolver um melhor
nível de sinergia de equipe.
A natureza específica do trabalho de projeto e o referencial temporal limitado no qual um projeto
deve ser concluído tornam graves as consequências do recrutamento incorreto e pesadas as
penalidades. Por esse motivo, os processos de seleção devem ser concebidos para propiciar a mais
alta probabilidade de sucesso em adequar os candidatos às necessidades do projeto.
Revisão e discussão
1. Por que a boa seleção de gerentes e especialistas é tão importante no trabalho de projeto?
2. Quais qualidades e qualificações são mais apropriadas às necessidades de um coordenador
ou gerente de um projeto de alta tecnologia e como essas qualidades poderiam diferir das do
gerente de um projeto maior de construção rodoviária ou de pista de aeroporto?
3. Como você explicaria os tipos de habilidade requeridas dos gerentes de projetos?
4. Como mudam as preocupações de um gerente de projeto à medida que avança seu ciclo de
vida?
5. Que tipos de poder poderiam ser prejudiciais à liderança e que classificações de poder
seriam benéficas a um gerente preocupado com o desenvolvimento eficaz da equipe?
6. Como são normalmente empregados os consultores no trabalho de projeto e que problemas
poderiam surgir ao selecionar a melhor firma de consultores para um determinado trabalho?
CAPÍTULO
10
Comunicação, conflito, riscos e revisões
Pacotes de informações via internet são um meio popular de complementar a publicidade mundial
do projeto.
Um recurso mais versátil e eficiente para a apresentação de um projeto é um vídeo de
apresentação em mídia gravada ou num link seguro, bem preparado, com (se necessário) comentários
em língua estrangeira.
Oferecido às agências condicionalmente, ou seja, assegurando-se de que direitos autorais sejam
resguardados contra editoração ou comentários adversos, esse material pode ser bem acolhido pela
mídia. A apresentação de um bom vídeo possui muitas outras aplicações como introdução para
reuniões públicas, discussões para levantamento de recursos financeiros, instrução de pessoal novo
ou potencial para o projeto etc.
Estudo de Caso
O perito em comunicações
George Harris foi indicado para o cargo de gerente executivo em uma pequena
consultoria administrativa especializada em pesquisa de mercado. A consideração
determinante que influenciou a escolha foi a sua experiência em processamento e análise de
dados.
Antes da indicação de Harris, a equipe de especialistas em pesquisas era bem motivada e
desfrutava de cordiais relações de trabalho. O moral era excelente e os membros da equipe
trabalhavam em estreita cooperação.
Uma das tarefas de Harris era estabelecer uma reputação elevada em relação à acuidade,
profundidade de análise e discernimento incisivo. No cargo, um exame detalhado das tarefas
recentes levou-o a suspeitar da possibilidade de lacunas ou deficiências no conhecimento e
na experiência de seu pessoal e de casos de investigações sem resultados.
Harris começou por uma conversa coletiva com todos os funcionários da empresa e
depois procedeu a entrevistas individuais para definir e elaborar seus planos e discutir as
expectativas de cada funcionário. Em seguida, garantiu a cada um seu apoio e
disponibilidade permanentes para conselhos ou orientação.
Após o período inicial no cargo, Harris passou a ficar cada vez mais preocupado com o
estabelecimento de uma nova base de dados, a reorganização de entrada de dados para os
programas existentes e a administração das rotinas. Isso deixou muito pouco tempo para a
discussão de equipe. Os consultores, que haviam desfrutado de relações de trabalho
cordiais e relaxadas, conversas formais e informais com o diretor executivo anterior,
sentiam-se indesejados ao entrarem no escritório de Harris e encontrá-lo absorto no
trabalho no computador e indisposto a lhes dar atenção, enquanto continuava a digitar no
teclado e “contemplar estupidamente o monitor”.
O trabalho prosseguia em relativa harmonia, mas os consultores estavam confusos devido
ao excesso de procedimentos e diretrizes escritos que emanavam da mesa de Harris. Apesar
de ocuparem escritórios ao lado, descobriram que a única maneira de garantir a atenção de
Harris era colocar suas preocupações no papel e enviá-las por e-mail.
Os membros da equipe estavam desiludidos e houve uma baixa sensível no moral à
medida que os resultados declinaram. Os novos funcionários da firma aceitavam o sistema
impessoal e burocrático e pareciam ser favoráveis ao gerente executivo, mas não se
“cruzavam” com o resto da equipe e tornavam-se objeto de animosidade.
Harris demitiu-se após dezoito meses no cargo.
Estudo de Caso
A resistência contra a nova diretoria: problemas de
comunicação internos7
A gerência de logística de uma empresa da área de tecnologia de ponta estava com um
problema: o departamento não estava com uma posição na hierarquia organizacional
condizente com as suas responsabilidades para com o negócio.
A empresa é líder em seu setor no Brasil e o seu controle acionário é europeu. Dentro
das operações da empresa, a gerência de logística (com aproximadamente 120 funcionários)
vinha sendo a grande responsável pela agilidade do negócio.
Habituada à grande pressão que este tipo de área sofre, a gerência de logística resolve
todos os trâmites necessários para que o cronograma do projeto seja cumprido e foi a
primeira a buscar a especialização dos seus membros. Essa especialização trouxe frutos: a
área montou uma interface extremamente ágil e funcional com as demais áreas da empresa,
tendo desenvolvido, inclusive, documentos-modelo com as responsabilidades das demais
áreas para que ela pudesse realizar suas atividades do projeto conforme planejado.
Ao considerar toda essa complexidade, tal estrutura de logística não deveria estar sendo
tratada como uma gerência, mas, sim, como uma diretoria.
O fato de ser uma gerência fazia com que seus argumentos fossem vencidos
frequentemente durante as reuniões, principalmente devido à forte hierarquia organizacional.
Foi então que se decidiu criar a diretoria de supply chain, considerando a forte
participação e influência dos fluxos logísticos nos projetos da empresa.
Porém, a divulgação da criação dessa nova diretoria não foi estruturada. O anúncio foi
feito de forma muito rápida e sem formalização, o que fez com que duas das cinco diretorias
da empresa começassem a, abertamente, trabalhar contra a implantação dessa nova
diretoria. As demais três diretorias não se manifestaram, sendo que ninguém se manifestou
abertamente a favor da proposta.
Esse fato fez com que as relações entre os integrantes das diferentes áreas começassem a
se deteriorar, impactando no fluxo de informação entre os integrantes dos diferentes
projetos.
O erro na divulgação foi detectado. De fato, não houve uma comunicação formal e
registrada do evento, que evidenciasse o potencial de aumento dos resultados com a criação
da nova diretoria. Os ganhos potenciais incluíam melhorias nas interfaces, nos processos de
tomada de decisão (e sua consequente agilidade), nos cronogramas e nos custos dos
projetos.
Também não teve um processo de comunicação verbal e informal, que reforçasse os
potenciais ganhos da nova estrutura.
Percebendo o problema e o potencial de melhoria, a vice-presidência de engenharia
iniciou uma frente para solucionar o caso. Foi convocada uma reunião entre o responsável
pela comunicação corporativa e, em conjunto com as demais áreas funcionais, foi elaborada
uma proposta de plano de comunicação, com o objetivo de esclarecer e facilitar o processo
de mudança.
A proposta formal divulgada enaltecia os benefícios que seriam alcançados com a
criação da nova diretoria.
Também foi montado um plano de “reforço” por meio da comunicação verbal, realizada
pelo time de comunicação corporativa junto aos principais stakeholders.
A situação adversa foi revertida e as demais áreas funcionais passaram a perceber
também os benefícios da criação da nova diretoria. Um dos integrantes do processo relatou
que a comunicação verbal fez toda a diferença no processo.
Ainda dentro da fase de planejamento, é necessário realizar a análise destes riscos listados e
elaborar um plano de resposta a estes riscos.
Dois tipos de análise podem ser desenvolvidas: a análise qualitativa e a análise quantitativa dos
riscos, conforme apresentado na sequência.
A combinação das probabilidades e dos impactos de cada um dos riscos levantados é, então,
comparada com uma matriz de probabilidade e impactos, de forma a priorizar e determinar as ações
para cada risco categorizado. O Quadro 10.4 ilustra uma matriz de prioridades e impactos, com as
respectivas ações relacionadas.
Estudo de caso
O projeto de serviço de entrega de encomendas – uma árvore
de decisão simples
O dilema
A Editora Ling Keel registrou uma companhia subsidiária para fornecer um novo serviço
de entrega rápida que fará uso diurno de uma frota de veículos adquiridos para entrega
noturna de seu jornal tabloide municipal. O diretor de marketing Harold Glombeck precisa
agora tomar uma decisão final sobre se lança ou não o novo serviço.
O potencial
Se ele decidir não lançar o serviço, não haverá nenhum custo para a empresa; mas se ele
embarcar no empreendimento e este se verificar um fracasso total, a empresa assistirá à
perda de cerca de $ 100.000.
Por outro lado, Glombeck tem consciência de que operações similares em outras cidades
desfrutam de retorno anual, evidenciando um ganho líquido da ordem de $ 80.000.
Melhor ainda: se o serviço alcançar particular sucesso, o retorno líquido poderá ser de
até $ 160.000.
A pesquisa de mercado
Glombeck pode adquirir assessoria para chegar a uma decisão. A um custo de $ 6.000
ele poderia contratar uma firma idônea de consultoria de marketing para conduzir uma
pesquisa de mercado. Naturalmente, isso não seria infalível, mas poderia ajudar a definir se
as condições de mercado são favoráveis ou não.
A árvore de decisão
Glombeck espera que a árvore de decisão o ajude a chegar à melhor conclusão. Ela lhe
permitirá esclarecer seu raciocínio e alocar probabilidades, consequências e “retornos”
prováveis em cada etapa do processo. A primeira questão é decidir se ele deve encomendar
uma pesquisa de mercado e, assim, num pedaço de papel, ele registra o “ponto de partida” e
traça linhas para representar rotas alternativas.
Nesse caso, a linha superior mostra o caminho “não pesquisar”, a linha de baixo indica a
rota que seria tomada caso fosse conduzida uma pesquisa.
A primeira decisão
Se Glombeck decidir não incorrer na despesa de pesquisa, ele deve ainda decidir se
introduz ou não o serviço. Se não tomar nenhuma medida adicional e a proposta parar nessa
etapa, não haverá nenhum custo e nenhuma possibilidade de lucro.
Se, por outro lado, decidir introduzir o serviço sem uma pesquisa, ele poderá considerar
três cenários típicos:
1. O serviço terá muito sucesso.
2. O serviço terá sucesso.
3. O serviço não terá sucesso.
Essas posições alternativas estão traçadas em seu gráfico de decisão (Figura 10.8).
Fatores de probabilidade
A partir da experiência e de uma análise de atividades similares, é possível alocar
fatores de probabilidade a cada uma das três alternativas escolhidas. Se for conduzida a
pesquisa de mercado, seus resultados fornecerão informações adicionais relativas ao risco.
Isso levaria a uma alteração nos fatores de probabilidade em cada etapa.
Glombeck decidiu que se a pesquisa de mercado não for realizada, as probabilidades
serão:
Favoráveis Desfavoráveis
Muito sucesso 30% Muito sucesso 2,5%
Sucesso 60% Sucesso 40,0%
Insucesso 10% Insucesso 57,5%
Pelo cálculo dos retornos ou vantagens previstos, Glombeck poderá avaliar o valor
monetário esperado de cada curso de ação (Figura 10.10).
Aceitação do risco
Tendo deduzido os retornos possíveis, a decisão de Glombeck ainda dependerá de sua
atitude quanto a correr riscos. Se ele tiver uma inclinação empreendedora, provavelmente
tomará a decisão que oferecer o maior retorno. É claro que a precisão de suas previsões
dependerá do modo pelo qual ele atribuir as cifras e probabilidades de retorno.
Caso ele não disponha de um bom discernimento, a árvore de decisão será de valor
limitado.
As árvores de decisão constituem um dentre os muitos recursos disponíveis. Existem
versões incluídas em certos pacotes de software e dispositivos sofisticados de cálculo e
modelagem são utilizados para a tomada de decisão específica em áreas técnicas e
científicas.
A eficácia das sequências de decisão é, evidentemente, proporcional à precisão e
abrangência das informações factuais que puderem ser obtidas e à precisão das avaliações.
A árvore de decisão será bastante confiável caso se disponha de uma considerável
quantidade de dados. Estes podem ser processados eletronicamente e fornecer uma base
para comparação para uma enorme classe de alternativas e suas respectivas consequências.
Revisão e discussão
1. Discuta três exemplos de uso eficiente do uso de gráficos ou materiais com design
especiais:
1.1 Na comunicação diária com o pessoal interno do projeto;
1.2 Como uma ajuda para a comunicação com interessados periféricos ou externos ao
projeto.
2. Descreva casos nos quais a comunicação eficiente pode antecipar conflitos com ou entre
interessados periféricos.
3. Cite seis exemplos de transações “cruzadas” e “paralelas” entre diferentes “estados de ego”
e descreva como as transações cruzadas podem ser levadas a uma conclusão satisfatória.10
4. Discuta as bases do controle diário e liste fontes de informação e feedback que seriam
utilizadas no controle de um projeto típico de que você tenha conhecimento.
5. Considere os problemas de administrar um projeto ou programa de desenvolvimento
envolvendo diversos fornecedores diferentes, e de como poderiam ser atendidas as
necessidades de informação e controle.
6. Explique como um projeto baseado em conceitos de engenharia simultânea pode ser
controlado.
7. Defina uma vantagem e uma desvantagem da análise qualitativa de riscos. Debata em grupo.
8. Defina uma vantagem e uma desvantagem da análise quantitativa de riscos. Debata em
grupo.
9. Se você está gerenciando um projeto de pesquisa e desenvolvimento, com muitas incertezas
associadas a todas as estimativas que são feitas, qual o tipo de análise de risco que você
usaria? Por quê?
CAPÍTULO
11
Executando, controlando e concluindo o projeto
11.3 Avaliação
Os métodos de avaliação variam conforme os projetos e o tipo de inspeção. Deixando de lado os
procedimentos complexos para atividades especiais, a avaliação prévia a uma inspeção periódica
pode consistir em um demonstrativo financeiro, em comparação entre os resultados planejados e os
alcançados, natureza e raiz dos problemas, eficiência dos remédios e procedimentos de comunicação
e controle.
Alguns projetos são sensíveis a mudanças externas, em função de uma de suas atividades passadas
mesmo sem nenhuma relação com esta, como, por exemplo, acontecimentos políticos, econômicos ou
ambientais e seu impacto sobre o ambiente.
Na inspeção final (terminal), a avaliação da eficácia do projeto pode ser completamente
detalhada, incluindo demonstrativos financeiros, relatórios de auditoria, comparação entre resultados
e objetivos, avaliação custo-benefício, avaliação do desempenho dos fornecedores e consultores e,
ainda, uma avaliação dos resultados ambientais, sociais e ecológicos e outros resultados
relacionados ao projeto que não fazem parte de seu propósito principal. Pode haver alguma forma de
benchmarking para estabelecer padrões ou comparar os resultados com:
• outros projetos da mesma organização;
• a operação de processos similares em outros campos de trabalho, ou em outro lugar do mundo;
• o trabalho e os resultados de concorrentes; e
• conveniência do equipamento, condições operacionais, confiabilidade, desempenho e valor.
V Pr = VA – VP
Existe ainda o Índice de Desempenho de Prazos (IDP), que é a relação entre o progresso
alcançado versus o progresso planejado até uma determinada data de análise. Valor maior que 1
indica que o projeto está adiantado, valor menor que 1 significa que o projeto está atrasado e valor
igual a 1 significa que o projeto está em dia.
A Variação de Custos (VC) é similar à variação de prazos, porém com o viés para a análise do
desempenho dos custos do projeto. É determinada como sendo o valor agregado menos o custo real
do projeto. Variação positiva indica que o projeto está custando menos que o previsto, variação
negativa indica que o projeto está custando mais e variação igual a zero indica que o projeto está
com o custo de acordo com o previsto.
VC = VA – CR
E, da mesma forma que existe o IDP, existe também o Índice de Desempenho de Custos (IDC),
que é a relação entre o valor do trabalho executado versus o custo real até uma determinada data.
Valor maior que 1 indica que o projeto está custando menos que o planejado, valor menor que 1
significa que o projeto está custando mais do que o planejado e valor igual a 1 significa que o projeto
está conforme orçado.
A estimativa no término (ENT) é o cálculo que procura determinar qual é a expectativa para o
custo total do projeto. Para ser determinada, deve ser utilizado também o orçamento no término
(ONT) que é o orçamento original para todo o esforço do projeto e a estimativa para o término
(EPT) que é a estimativa de custos que ainda ocorrerão até o término do projeto.
Existem quatro situações de cálculo para a ENT, a saber:
Situação na qual a estimativa original continha erros fundamentais:
ENT = CR + EPT
Situação na qual as variações atuais são típicas e voltarão a ocorrer no futuro (está envolvido o
desempenho inadequado dos custos e se tem uma necessidade de conseguir uma data com relativa
segurança para o término do projeto):
Vamos trabalhar com um exemplo simples. Considere que você trabalha em um projeto cujo
trabalho consiste somente em analisar, aprovar e registrar relatórios. A duração do projeto é prevista
para 5 meses e existem 50 relatórios para serem registrados.
Segundo as estimativas, você consegue analisar 10 relatórios por mês, a um custo de R$ 400,00
para cada relatório. Sendo assim, em cada mês, o valor planejado é de R$ 4.000,00 e um ONT igual
a R$ 20.000,00. A curva de valor planejado é ilustrada na Figura 11.2.
Figura 11.2 Valor planejado para o projeto “aprovar relatórios” (situação no início do projeto)
Com o desenvolvimento do trabalho, percebeu-se que os custos reais por relatório foram de R$
300,00. Porém, a quantidade de relatórios aprovados que foi apurada apontou o registro de somente
8 relatórios no primeiro mês (CR = 8 * R$ 300,00 e VA = 8 * R$ 400,00) e mais 6 no segundo,
totalizando um acumulado de 14 relatórios ao final do segundo mês (CR = 14 * R$ 300,00 e VA = 14
* R$ 400,00), em que eram previstos, inicialmente, 20 relatórios.
A variação de prazo e o índice de desempenho de prazos, ao término do segundo mês, são:
VPr = VA – VP = R$ 5.600,00 – R$ 8.000,00 = − R$ 2.400,00 (VPr < 0 → projeto atrasado).
IDP = VA ÷ VP = R$ 5.600,00 / R$ 8.000,00 = 0,7 (IDP < 1 → projeto atrasado).
De forma semelhante, a variação dos custos e o índice de desempenho dos custos, ao término do
segundo mês, são:
VC = VA – CR = R$ 5.600,00 – R$ 4.200,00 = R$ 800,00 (VC > 0 → projeto custando menos).
IDC = VA ÷ VP = R$ 5.600,00 / R$ 4.200,00 = 1.333 (IDC > 1 → projeto custando menos).
Considerando que o desempenho das taxas de custos será mantido, a ENT do projeto é: