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Como (Não) Se Faz um Trabalho de Conclusão:

Provocações Úteis para Orientadores e Estudantes de Direito


(Especialmente das Ciências Criminais)
Salo de Carvalho
Professor Adjunto do Departamento de Ciências Penais da
UFRGS (2010-2011). Professor Titular do Departamento de
Ciências Criminais da PUCRS (1996-2009). Mestre (UFSC) e
Doutor (UFPR) em Direito. Pós-Doutor em Criminologia
(Universidade Pompeu Fabra, Barcelona). Editor do Antiblog
de Criminologia [http://antiblogdecriminologia.blogspot.com/]

Como (Não) Se Faz um Trabalho de Conclusão:


Provocações Úteis para Orientadores e Estudantes de Direito
(Especialmente das Ciências Criminais)

2ª edição, revisada
2012
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Fone: PABX (11) 3616-3666 – São Paulo punido pelo artigo 184 do Código Penal.
“A metodologia é importante demais para ser deixa-
da aos metodólogos.” (Howard S. Becker)

“A tarefa do cientista não é mais ‘buscar a verdade’


ou ‘louvar a Deus’ ou ‘sistematizar as observações’
ou ‘aperfeiçoar as predições’. Esses não passam de
efeitos colaterais de uma atividade para a qual sua
atenção está agora principalmente dirigida que é
‘tornar forte a posição fraca’, como diziam os sofis-
tas, e, desse modo, sustentar o movimento do todo.”
(Paul Feyerabend)
Para Antonio Carlos Nedel, Vera Regina Pereira de
Andrade e Jacinto Nélson de Miranda Coutinho,
meus orientadores nos Cursos de Graduação e de
Pós-Graduação.
AGRADECIMENTOS

As pesquisas acadêmicas sempre guardam uma


natureza coletiva. Embora na maioria dos casos sejam
redigidas solitariamente, são inúmeras as pessoas que
possibilitam a construção da escrita.
Os primeiros agradecimentos devem ser dirigidos
à equipe de profissionais com quem trabalho diaria-
mente, pois, em decorrência de sua generosidade,
projetos como este podem ser efetivados: Alexandre
Wunderlich, Antônio Tovo Loureiro, Bruna Preve
Brochado, Camile Eltz de Lima, Fabiani Severo da
Fonseca, Gustavo Satt Corrêa, Lilian Christine Reolon,
Lisiane Solner Gallert, Luiza Farias Martins, Marcelo
Azambuja de Araújo, Natália Píffero dos Santos, Rena-
ta Machado Saraiva e Vanessa Masera Philomena.
A ideia do livro surgiu das discussões com os
meus orientandos do curso de graduação em direito da
UFRGS. Inúmeras questões presentes no livro foram
debatidas com os alunos, motivo pelo qual sou muito
grato a Bruna Rossol, Caroline Guerra, Chiavelli Fa-
cenda Falavigno, Eduardo Georjão Fernandes, Fabricio
Scheffer, Fernanda Drews Amorim, Gabriela Feldens,
Henrique Buhl Richter, Júlia do Canto Soll, Juliana

9
Ribeiro de Azevedo, Natália Píffero dos Santos, Samuel
Sganzerla e Tomás Chaves.
Os integrantes do Grupo de Estudos em Ciências
Criminais (GCrim) colaboraram decisivamente para o
aprendizado de como é possível realizar pesquisas que
integram plenamente corpo docente e discente: Arthur
Amaral Reis, Antonio Goya Martins Costa, Clarissa Cer-
veira de Baumont, Eduardo Gutierrez Cornelius, Érica
Santoro Lins Ferraz, Felipe Bertoni, Flora Barcellos de
Valls Machado, Greice Stern, Leonardo Gunther, Marie-
la Wudich, Paula Gil Larruscahim e Vitor Guimarães.
Para realizar o trabalho, utilizei textos de queridos
amigos que considero corresponsáveis pelos resultados
apresentados: Alethéa Vollmer Saldanha, Carla Mar-
rone Alimena, Davi Tangerino, Fauzi Hassan Choukr,
Fernanda Bestetti de Vasconcellos, Geraldo Prado,
Grégori Elias Laitano, Janaína de Souza Bujes, Lenio
Streck, Marcelo Mayora Alves e Samuel Sganzerla.
Germano Andre Doederlein Schwartz e Renata
Almeida da Costa contribuíram com importantes crí-
ticas e indicações de leitura.
Aury Lopes Jr. abriu novas oportunidades editoriais.
Thaís Weigert realizou importantes revisões no
texto.
No princípio e no final, Mariana de Assis Brasil e
Weigert, por ser Mari.

10
SUMÁRIO

Agradecimentos ....................................................... 9
Advertência inicial................................................... 15

Parte I
COMO NÃO SE FAZ UM TRABALHO DE CONCLUSÃO 19
01. Problematização a Partir de um Tema e de um
Sumário Fictícios ............................................. 21
02. A Abordagem Denominada Histórica e a Criação
de Estórias Jurídicas......................................... 24
03. Estudo de Direito Comparado versus Descrição
de Legislação Comparada ................................. 29
04. As Abordagens Principiológicas........................ 31
05. O Manuseio dos Conceitos Dogmáticos (em Es-
pecial no Direito Penal).................................... 33
06. O Uso da Jurisprudência .................................. 37
07. As Fontes Bibliográficas e o Uso da Web .......... 41

Parte II
COMO É POSSÍVEL FAZER UM TRABALHO DE CON-
CLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
08. A Ancoragem do Trabalho no Empírico e o seu
Atravessamento pelo Teórico ........................... 49

11
09. Distintos Estudos de Referência em Criminolo-
gia, Direito Penal e Direito Processual Penal .... 56
09.01. Pesquisa Documental: Jurisprudência –
Análises de Discursos, Tendências e
Julgados de Referência .......................... 57
Caso 01
Projeto de Monografia – Análise de Dis-
cursos Jurisprudenciais sobre Aborto de
Fetos Anencefálicos .............................. 60
Caso 02
Pesquisa Acadêmica – Investigação dos
Discursos Jurisprudenciais sobre as Cir-
cunstâncias de Aplicação da Pena ......... 65
Caso 03
Dissertação de Mestrado – Análise de
Discursos Jurisprudenciais sobre Prisão
Preventiva ............................................ 70
Caso 04
Dissertação de Mestrado – Análise de
Discursos Jurisprudenciais sobre Nulida-
des Processuais ..................................... 75
Caso 05
Ensaio – Caso de Referência (Leading
Case) sobre Interceptações Telefônicas .. 80
09.02. Estudos Documentais de Casos Proces-
suais Mediados por Observação (Passiva
e Participativa)...................................... 86
Caso 06
Dissertação – Análise Comparativa de
Casos Julgados pelo Tribunal do Júri ..... 91

12
Caso 07
Dissertação – Análise de Casos e Obser-
vação Participativa em Processos de
Porte de Drogas Ilícitas ......................... 97
Caso 08
Dissertação – Análise de Casos e Obser-
vação Participativa em Processos de
Violência Doméstica ............................. 103
Caso 09
Dissertação – Pesquisa Documental em
Processos de Execução Penal sobre Trá-
fico de Drogas ...................................... 108
09.03. Pesquisas em Direito Comparado e Com-
paração de Experiências Jurídicas ......... 114
Caso 10
Tese – Pesquisa de Direito Comparado
sobre Cultura de Emergência ................ 115
Caso 11
Dissertação – Pesquisa de Campo com
Análise de Experiências Comparadas
sobre Tratamentos de Drogas ................ 120
09.04. O Que Significa um Trabalho Teórico? .. 125
Caso 12
Dissertação – Aplicação de Teoria Crimi-
nológica em Problema Empírico............ 129
Caso 13
Dissertação – Trabalho Teórico de Cru-
zamento de Autores da Filosofia e da
Criminologia......................................... 133

13
10. A Pesquisa ‘Falha’ (Quando o Campo é Dema-
siado Hostil) .................................................... 137
Caso 14
Documentário – Cobertura de Expedição
de Alpinismo ........................................ 138
Caso 15
Dissertação – Trabalho de Campo e En-
trevistas com Agente(s) Penitenciário(s). 143
11. Tela em Branco: Como Iniciar o Trabalho de
Conclusão? ...................................................... 149
12. Questões Centrais na Pesquisa: Tema, Proble-
ma, Objetivos, Justificativa, Metodologia ......... 158
Considerações finais sobre os vícios na pesquisa ......... 163
De métodos e de fetiches metodológicos (breve ensaio
teórico) ................................................................... 167
Referências bibliográficas ......................................... 183

14
ADVERTÊNCIA INICIAL

O livro que você inicia a leitura não é um trabalho


sobre a interpretação das regras da Associação Brasi-
leira de Regras Técnicas (ABNT) e muito menos um
manual sobre como o aluno deve formatar o seu traba-
lho, sobre qual a melhor técnica de citação ou sobre a
utilidade das notas de rodapé.
Este texto começou a ser elaborado em uma noi-
te de insônia. Pretendia enviar um e-mail para os meus
orientandos da Faculdade de direito da UFRGS com
algumas dicas de como não iniciar o seu trabalho de
conclusão. O e-mail transformou-se em um post para
o antiblog de criminologia; o post foi convertido em um
artigo; o artigo resultou no presente livro.
Importante alertar os leitores de que só escrevi
este livro porque não suporto metodologia. Os meto-
dólogos (e suas metodologias) invariavelmente são
enfadonhos, suas aulas entediantes e seus textos sono-
lentos. Representam, em sua grande maioria, a buro-
cracia ascética da pesquisa acadêmica. Imagino, ten-
tando representar mentalmente o seu trabalho, o quão
excitantes são as reuniões das Comissões da ABNT, em
seus calorosos debates para definir as novas modalidades

15
de citação bibliográfica; se o local de publicação deve
ou não preceder a indicação da editora; se o título da
obra ou do artigo deve ser grifado em negrito ou em
itálico, se a fonte oficial de publicação deve ser Arial
ou Times&New&Roman ou se haveria alguma licenciosi-
dade com Courier'New.
Com o devido respeito a Umberto Eco: evite livros
de metodologia que objetivam ensinar a melhor técnica de
elaboração da ficha de leitura.
Na linha da epígrafe de Becker, o método é dema-
siado importante para ser empobrecido com questões
exclusivamente formais. Logicamente que formas mí-
nimas são importantes, mas não podem, sob qualquer
pretexto, sufocar as questões substanciais da pesquisa.
Aliás, penso que não deveria existir uma discipli-
na específica intitulada “Metodologia de Pesquisa”,
porque se metodologia é caminho, é trajeto de inves-
tigação, deveria ser discutida constantemente em todas
as aulas e, mais especificamente, entre orientando e
orientador durante a concretização dos projetos. No
entanto a formalização da metodologia como discipli-
na autônoma revela uma cultura dogmática que valo-
riza os procedimentos em detrimento dos conteúdos
de investigação.
O livro tem como objetivo, portanto, problemati-
zar as formas usuais de redação dos trabalhos de con-
clusão (monografias, dissertações e teses) nas Faculda-
des de direito. Procura apontar os inúmeros equívocos

16
derivados da supervalorização dos procedimentos de
investigação e propor algumas alternativas viáveis para
romper com esta herança burocrática que é uma das
responsáveis pela estagnação da pesquisa jurídica.
Procuro, através deste trabalho, debater com os
alunos e com os professores possibilidades diversas de
pesquisa, fundamentalmente como abordar conteúdos
de forma não burocrática.
Assim, elaborei esta monografia em forma de
diálogo, redigido na primeira pessoa do singular. E para
efetivar esta troca de experiências, dividi o trabalho
em dois momentos. No primeiro descrevo uma espécie
de pauta negativa sobre a pesquisa acadêmica: como
não fazer uma pesquisa. No segundo, em uma pauta
positiva, aponto algumas saídas possíveis que aprendi
e desenvolvi durantes meus 15 anos de docência: como
é possível fazer uma pesquisa. O momento propositivo
foi construído a partir da apresentação de casos, ou
seja, de trabalhos de conclusão que considero repre-
sentativos em termos metodológicos e com qualidade
no conteúdo da análise.
Creio que esta forma de apresentação de virtuosos
trabalhos acadêmicos (projetos de pesquisa, monogra-
fias, dissertações e teses) permitirá aos alunos e aos
professores perceber a infinita quantidade de métodos
possíveis para além da mera revisão bibliográfica –
forma que se efetivou como padrão e que se transfor-
mou no vício da academia jurídica nacional.

17
Espero, sinceramente, que este livro colabore
para que os pesquisadores possam realizar um diag-
nóstico dos problemas que a pesquisa jurídica enfren-
ta atualmente, visualizar maneiras outras de investi-
gação e qualificar o diálogo entre corpo docente e
discente.

18

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