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Importância da Avaliação do Projeto Arquitetônico para o uso do

Sistema Fotovoltaico

Ana Carolina Bernhard Nichele (UFT) - anabernhard12@gmail.com


Gabriela Milhomem dos Santos (UFT) - gabriela.milhomem@mail.uft.edu.br

Resumo:

Este artigo discute sobre a importância da avaliação e harmonização do telhado e projeto de


arquitetura, a
fim de que este receba de forma mais eficiente o sistema fotovoltaico. O material inicia sua
discussão debatendo sobre
a necessidade de avaliação prévia não só da estrutura do telhado que irá receber as placas,
mas também da
construção como um todo, e quão insatisfatório é a ausência de uma norma específica para tal
avaliação, que determine as diretrizes para a mesma. Seguindo, são apresentadas as
tecnologias disponíveis no mercado para integração do sistema fotovoltaico com a arquitetura.

Palavras-chave: Energia Solar, Projeto Arquitetônico, Sistema Fotovoltaico.

Área temática: Arquitetura e Energia Solar

Subárea temática: Aspectos arquitetônicos do uso de instalações fotovoltaicas

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VIII Congresso Brasileiro de Energia Solar – Fortaleza, 01 a 05 de junho de 2020

IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO PARA


O USO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO

Ana Carolina Bernhard Nichele – anabernhard12@gmail.com


Gabriela Milhomem dos Santos – gabriela.milhomem@mail.uft.edu.br
Universidade Federal do Tocantins - UFT

Resumo. Este artigo discute sobre a importância da avaliação, harmonização do telhado e projeto de arquitetura, a
fim de que este receba de forma mais eficiente o sistema fotovoltaico. O material inicia sua discussão debatendo sobre
a necessidade de avaliação prévia, não só da estrutura do telhado que irá receber as placas, mas também da
construção como um todo, e quão insatisfatório é a ausência de uma norma específica para tal avaliação, que
determine as diretrizes para a mesma. Seguindo, são apresentadas as tecnologias disponíveis no mercado para
integração do sistema fotovoltaico com a arquitetura.

Palavras-chave: Energia Solar, Projeto Arquitetônico, Sistema Fotovoltaico.

1. INTRODUÇÃO

No ramo da energia solar, pode-se ver com frequência casos onde a arquitetura da edificação para a qual estão
destinadas as placas solares, interfere negativamente na sua instalação e bom funcionamento. Isso pode ocorrer por
vários motivos, por causa da estrutura do telhado que irá suportar as placas, da telha escolhida para a cobertura, da
inclinação e orientação da estrutura, e principalmente pela problemática discutida neste trabalho, que envolve
diretamente as decisões arquitetônicas tomadas durante a elaboração do projeto arquitetônico.
Um projeto não pensado para receber placas solares pode ter alguns pontos que atrapalham o melhor
funcionamento do sistema fotovoltaico, pois este pode conter desde a existência de elementos que causem sombra no
local destinado para os equipamentos, até uma disposição de águas do telhado orientados para a fachada que seja menos
favorável para a captação da luz solar.
Segundo um levantamento de dados realizado no ano de 2018, com o objetivo de identificar o perfil do mercado
consumidor de energia solar no Brasil, atualmente, 80% dos imóveis que recebem a instalação de placas solares já estão
construídos, restando somente 20% de imóveis projetados especialmente para receber esta tecnologia (Portal Solar,
2018). Diante deste cenário, é possível ver a necessidade do aumento da discussão em torno das informações na área da
harmonização da arquitetura de edificações para recepção de sistemas fotovoltaicos, tendo em vista que a maioria das
construções que optam por aderir a energia solar já se encontram construídas, e não em fase de decisão de projeto.
Portanto, este artigo pretende discutir de forma qualitativa esta problemática ligada diretamente às decisões
arquitetônicas tomadas durante a elaboração do projeto residencial e/ou comercial. Desta forma, será discutido na seção
seguinte, aspectos sobre a necessidade de avaliação prévia. Na seção 3, será abordado sobre a edificação apta para
receber as placas solares, seguida da seção que discute formas de como se obter a harmonização e para finalizar este
trabalho, a última seção de conclusão.

2. NECESSIDADE DE AVALIAÇÃO PRÉVIA

Atualmente no Brasil, a energia solar fotovoltaica equivale a somente 1,2% da fonte de energia gerada no Brasil.
O número parece pequeno, mas a energia solar é uma indústria em expansão no país. Somente no ano de 2018, o Brasil
instalou 1,2GW, totalizando uma capacidade instalada acumulada de 2,4 GW (ABSOLAR, 2018). Segundo o
levantamento, 75% dos interessados na instalação de placas solares são proprietários de imóveis residenciais (Portal
Solar, 2018).
Para adquirir um sistema fotovoltaico em sua propriedade, o procedimento consiste incialmente em procurar pela
empresa que ofereça um serviço profissional e especializado em energia solar. A empresa iniciará observando a
demanda de energia solicitada pelo usuário do imóvel através de uma conta de energia elétrica comum, pois conforme a
quantidade de energia que deve ser gerada, existe a quantidade de placas solares necessárias para atender a geração
requisitada. Após esta primeira observação, é necessária a avaliação prévia do telhado da edificação, a estrutura mais
importante a ser analisada.
As placas solares geralmente são instaladas no telhado, através de um sistema de fixação, que muda conforme o
tipo de telhado ou de telha escolhida para a cobertura. Cada placa solar pesa uma média de 20Kg (Canadian Solar,
2019), considerando que geralmente são utilizados conjuntos de quatro ou mais placas solares, o peso que ficará sobre a
estrutura do telhado será consideravelmente grande. Por causa disso, a empresa também possui como responsabilidade a
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incumbência de realizar uma análise prévia das condições estruturais do telhado e da edificação, a fim de determinar se
a mesma possui a estrutura adequada para receber o conjunto de placas solares. Durante esta análise, devem ser
considerados outros pontos além do telhado em si, como por exemplo a existência de elementos da construção que
causem sombreamento sobre o local destinado ás placas, árvores próximas que possam gerar a incidência constante de
folhas ou outros resíduos que possam vir a obstruir a superfície das placas solares e obstruir a passagem de radiação
solar. Assuntos como o espaço para a disposição das placas, a incidência do vento na região observada, a inclinação do
telhado e o tipo de telha, também se mostram pertinentes durante a avaliação.
São muitos os parâmetros que definem a instalação e boa funcionalidade de um sistema fotovoltaico além de
somente a análise do telhado, portanto é de extrema importância que a avaliação da estrutura e da construção seja feita
de forma categórica e rigorosa, a fim de evitar desde uma perda no rendimento das placas, até acidentes como a queda
de telhados por causa do excesso de carga sobre uma estrutura insuficientemente resistente para o propósito desejado.

2.1 Análise Estrutural do Telhado

No que se refere a análise estrutural, a responsabilidade técnica de avaliar e definir se uma estrutura é eficiente
para suportar um sistema fotovoltaico pertence aos Engenheiros Civis, que contam com algumas normas que
regulamentam como analisar determinadas estruturas. Dentre elas pode-se destacar a ABNT NBR 8800/2008 - Projeto
de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios, a ABNT NBR 14762/2010 –
Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio, a ABNT NBR 6123/1988 – Forças
devidas ao vento em edificações, a ABNT NBR 6120/2019 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações, a
ABNT NBR 14323/2013 – Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio, e a NBR
8681/1984 – Ações e segurança nas estruturas. Todas são normas referentes a avaliação física da estrutura em si,
independentemente da instalação de um sistema fotovoltaico.
Com relação as normas que regulamentam o uso do Sistema Fotovoltaico, destacam-se a ABNT NBR 5410/2004 –
Instalações elétricas de baixa tensão, a ABNT NBR 16274/2014 – Sistemas fotovoltaicos conectados à rede —
Requisitos mínimos para documentação, ensaios de comissionamento, inspeção e avaliação de desempenho, a ABNT
NBR 5419-1/2015 – Proteção contra descargas atmosféricas, a NR 10 – Segurança em instalações e serviços em
eletricidade, a NR-35 Trabalho em Altura, a NBR 16149 de 03/2013 – Sistemas fotovoltaicos (FV) – Características da
interface de conexão com a rede elétrica de distribuição e a NBR 16150 de 03/2013 – Sistemas fotovoltaicos (FV) —
Características da interface de conexão com a rede elétrica de distribuição — Procedimento de ensaio de conformidade.
Sendo estes referentes a instalação elétrica contendo sistema fotovoltaico, ou determinando parâmetros de avaliação do
desempenho de geração elétrica das placas.
Não existem normas que regulamentem como a avaliação deve ser realizada, de forma que o profissional
responsável deve dispor de experiência prática para a realização da avaliação de estrutura do telhado e das condições da
edificação, a fim de determinar se esta se encontra apta para receber um sistema fotovoltaico, de forma que a mesma
possua uma instalação segura e um bom funcionamento após a instalação. Mesmo que existam normas como as citadas
anteriormente, estas regulamentam acerca de parâmetros que abrangem somente a estrutura física, ou então somente o
sistema elétrico, nenhuma destas prepara o profissional sobre o que deve definir quando a estrutura do telhado e a
construção estão ou não aptas para receber as placas solares.
Na ausência de uma norma que estabeleça de forma clara quais os requisitos básicos para que uma edificação seja
suficientemente boa para o uso do sistema fotovoltaico, os profissionais da área utilizam de materiais auxiliares
disponíveis como livros e produções desenvolvidas por empresas com experiência prática da instalação do sistema
fotovoltaico. Nestes materiais, são enumerados e destacados quais são os elementos que devem ser avaliados, e que
definem se uma construção está apta para receber as placas solares. Também são utilizados softwares de simulação para
projetos de energia solar, dentre eles se destacam no Brasil o PVsyst, HelioScope e o Solarius PV. Os softwares
fornecem ao profissional possibilidades de disposição das placas conforme suas dimensões, e estudo de sombreamento
de acordo com o local da edificação.

3. A EDIFICAÇÃO APTA PARA RECEBER AS PLACAS SOLARES

Com o aumento do público que procura adquirir um sistema fotovoltaico, muitos materiais de auxílio começaram
a surgir, trazendo informações sobre como avaliar uma edificação que se encontra nas melhores condições para receber
um sistema fotovoltaico. Além da análise estrutural que é conduzida pelas normas citadas anteriormente, muitos
materiais bibliográficos baseados em ensaios de campo foram desenvolvidos, a fim de auxiliar quem procura identificar
uma construção em boas condições para esta finalidade. Atualmente, o apoio bibliográfico, os softwares de simulação e
manuais de utilização disponibilizados geralmente pela empresa contratada para realizar o serviço de compra e
instalação das placas fotovoltaicas, são as principais fontes informativas do profissional engajado em projetar uma
edificação que contribua com o melhor rendimento do sistema fotovoltaico.
O primeiro ponto a ser observado é a existência de espaço suficiente na cobertura residencial, para abrigar a
quantidade de módulos fotovoltaicos necessários para suprir a necessidade energética da residência. A empresa
contratada para a compra e instalação do sistema fotovoltaico realiza este cálculo analisando a conta de energia da
residência, a fim de calcular qual a média de energia gasta pelos residentes, e com base nestas informações, indica
quantos metros quadrados serão necessários. Segundo a Portal Solar, site da maior rede de empresas voltadas para
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energia solar no Brasil, uma residência unifamiliar requer no mínimo 10,5m² de área de telhado, para gerar uma
Potência de 1.5kWp. A nível de comparação, uma residência popular para famílias de baixa renda possui cerca de 55m²,
sendo assim possível encontrar a área mínima requerida neste espaço conforme a necessidade, dentro da ressalva de que
nem todo telhado desta metragem quadrada pode ser utilizado para receber as placas, de acordo com sua orientação e
inclinação.
Outro requisito é a análise da inclinação e orientação do telhado. Segundo o livro “Edifícios Solares
Fotovoltaicos”, de Ricardo Rüther (2004), o principal parâmetro condicionante para o bom aproveitamento das placas é
a inclinação do local onde as placas irão ser instaladas. Conforme a localização da cidade onde a edificação está
construída, a inclinação da placa muda, a fim de que se encontre perpendicular com a incidência solar. Um exemplo,
para a cidade de Palmas do estado Tocantins, localizada nas coordenadas de latitude: 10º 10´ 8´´ sul, e longitude 48º
19´54´´oeste, o indicado é que as placas estejam inclinadas em 10º, para se equiparar a latitude. Ainda segundo Rüther
(2004), no quesito orientação, o ideal é que o telhado se encontre voltado para o norte, sendo a orientação para o sul a
menos proveitosa para receber a radiação solar. A importância de se ater a melhor inclinação e orientação é explicada
no livro “Irradiation in the Built Environment” de Van Der Borg & Wiggelinkhuizen (2001), citado por Rüther (2004),
onde é realizada uma extensa análise dos efeitos da orientação das placas fotovoltaicas de acordo com orientação e
inclinação não-ótima.
A orientação e inclinação na qual as placas se encontram, podem possuir um maior impacto no rendimento
energético das mesmas, em casos específicos onde o clima do local não possui uma incidência solar constante. O
mesmo ocorre para locais onde exista um sombreamento na placa, fazendo com que a mesma não receba a incidência
direta de luz solar. Nestes casos, quando a orientação da placa é voltada para leste ou oeste, a performance pode ser
satisfatória mesmo quando instaladas em ângulos inclinados, tendo um rendimento de cerca de 60% com relação a uma
orientação ótima, segundo F. Sick & T. Erge (1996). O sombreamento, que pode ocorrer por causa de vegetação densa
próxima ao telhado da residência e por elementos arquitetônicos mal pensados (como platibandas demasiadamente
altas) pode acabar por gerar o efeito conhecido como hot spots, que são pontos de calor. Estes pontos de calor ocorrem
em locais onde a placa sofreu algum tipo de dano, como um peso pontual sobre a placa ou sujeira acumulada, gerando
um aquecimento excessivo da célula, podendo ocasionar até a destruição do módulo.
Com base nestes três principais pontos que são determinantes para garantir a melhor eficiência de uma placa solar,
cabe ao projetista trabalhar de forma inteligente na relação forma e função, a fim de garantir que a construção auxilie as
placas fotovoltaicas a ter um rendimento melhor. Isto pode ser realizado durante o planejamento da disposição de águas
do telhado, e a orientação para a fachada que seja mais proveitosa. A fim de se obter um melhor rendimento, também
pode projetar platibandas baixas, escolhendo a telha que melhor se adapta à instalação do sistema fotovoltaico, e
evitando a inserção de elementos que projetem uma sombra significativa no local onde as placas serão instaladas. Outra
contribuição também é ao planejar o projeto paisagístico próximo a edificação, evitar colocar massas arbóreas densas
localizadas ao redor do telhado, para evitar que galhos cubram as placas ou que folhas caiam sobre os módulos.
No caso de edificações já construídas, o ideal é realizar uma análise geral de quais são os pontos críticos da
construção que prejudicam o funcionamento do sistema fotovoltaico a fim de minimizar o efeito destes problemas.
Instalar os módulos em um local distante de obstáculos, utilizar uma estrutura que eleve o local das placas fotovoltaicas
com relação ao telhado para configurar uma inclinação mais adequada, e até realizar uma readequação do projeto
paisagístico problemático no entorno da construção em questão. Também pode ser considerada a possibilidade de optar
por tecnologias alternativas além do uso das placas fotovoltaicas comuns, que possuem uma maior variedade de
adaptação para os diferentes tipos de construções e situações.

4. COMO OBTER A HARMONIZAÇÃO

Sendo a arquitetura uma ciência que busca unir de forma equilibrada a função, a firmeza estrutural e a beleza
(Maciel, 2014), não só é necessário que uma construção seja bela, mas principalmente que seja agradável e contribua
beneficamente às necessidades do usuário. Como evidenciado neste artigo, é importante que o projetista possua uma
norma técnica que integre a tecnologia fotovoltaica a edificação de forma inteligente, contribuindo para o bem estar
climático e social da edificação.
De acordo com IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável), a energia solar fotovoltaica está crescendo
depressa, totalizando 486 Gigawatts (GW) instalados em escala mundial até o ano de 2018. Esse crescimento acelerado
teve como reflexo a terceira colocação entre fontes de energias renováveis com maior capacidade instalada, ficando
atrás somente da hídrica (1.172 GW) e eólica (564 GW), comprovando a eficácia do sistema solar fotovoltaico, uma
tecnologia que vem trazendo vantagens e benefícios ao consumidor.
O setor de construção civil e projetos arquitetônicos integrados a sistemas fotovoltaicos possui grande consumo de
eletricidade, outrora ocasionando um alto índice de economia de eletricidade. Devem-se ser implementadas tecnologias
eficazes para redução desse consumo, sendo essas tecnologias o uso de sistemas fotovoltaicos integrados ou
adicionados as edificações. Para adquirir a harmonização, ela deve ser implementada desde a concepção inicial do
projetista, desse modo resultando em uma economia superior quando comparada a um projeto que não utilize o sistema
fotovoltaico de maneira integrada a edificação. No entanto, hoje 80% dos imóveis que recebem a instalação de placas
solares já estão construídos, restando somente 20% de futuros imóveis que serão projetados especialmente para receber
esta tecnologia.
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Com base na busca constante de inovar o mercado tecnológico de sistemas fotovoltaicos que se encontram em
crescente utilização no Brasil, têm-se explorado materiais para desenvolver pesquisas voltadas ao avanço da tecnologia
fotovoltaica, aplicadas a fabricação das células fotovoltaicas constituídas por silício, que é o elemento predominante na
utilização da fabricação. Alguns dos fatores que contribuem para o silício ser o material mais tradicional é que este,
além de não ser tóxico, é o segundo elemento mais abundante da Terra com mais de 28% da massa da crosta terrestre
(Butz, 2002), subdividindo-se em quatro categorias mais relevantes, constituídos pelo Módulo fotovoltaico silício
monocristalino (m-Si), Módulo fotovoltaico silício policristalino (p-Si), Filmes finos e Células orgânicas. Em
consequência da utilização da fonte solar integrada às edificações, surgiram os conceitos de BIPV (Build Integrated
Photovoltaic) e BAPV (Building Applied / Attached / Added Photovoltaics), que em sua tradução são respectivamente
“Sistema Fotovoltaico Integrado a Construções” e Sistema Fotovoltaico Adicionado a Construções”, cujo o BIPV é o
sistema fotovoltaico que se encontra integrado a edifícios, e o BAPV é o sistema fotovoltaico adicionado/anexado ao
edifício. Sendo ambas com intuito de contribuir com a geração de energia de forma eficiente e sustentável.
Pensando nos componentes fotovoltaicos e em sua funcionalidade, as placas geradoras podem assumir um caráter
funcional no projeto, podendo ser utilizadas em coberturas, revestimentos, e proteção solar de edifícios, desse modo
reduzindo os custos da construção, agregando não somente a qualidade funcional da edificação, mas também
acompanhando de maneira criativa e inteligente a forma plástica desenvolvida pelo projetista. Considerando as
aplicações do BIPV e BAPV como promissoras, uma das vantagens de maior relevância e utilização é a combinação da
geração limpa com a arquitetura sustentável, procurando minimizar os impactos ambientais causados pela construção
civil.
Como modelos reais de aplicação tem-se uma fachada fotovoltaica do Museu da Ciência e da Técnica da
Catalunha (mNACTEC) que consiste em uma construção integrada ao sistema fotovoltaico cujo a ideia visual e estética
foi o uso de placas semitransparentes para a criação de uma fachada para o edifício, que ao mesmo tempo ocasionam
sombra para pessoas que visitam o local. Outro exemplo, o edifício sede da TOTVS em São Paulo, que consiste em uma
fachada de vidro que contém uma usina produtora de energia solar. Outro caso é a Fachada do Centro de Convenções de
EPF, que fica na Suíça e foi construído com células de painéis fotovoltaicos coloridos e translúcidos, com benefícios
estéticos mediante o uso de módulos multifuncionais.
Levando em consideração esses aspectos e a redução significativa na relação custo-benefício dos módulos
fotovoltaicos, verifica-se a oportunidade de utilizá-los não apenas para a geração de energia, mas também por motivos
estéticos, no momento que a geração de energia elétrica se torna um benefício para o solicitante, visando o
desenvolvimento de técnicas arquitetônicas quando o assunto é sistema fotovoltaico.

5 CONCLUSÃO

É possível observar que a estrutura da construção arquitetônica pode influenciar de maneira negativa no
desempenho da geração de energia das placas solares. Tal influência pode ser evitada durante a fase de decisão
projetual, onde o arquiteto e/ou engenheiro civil responsável pode projetar a edificação visando a futura instalação de
um sistema fotovoltaico no imóvel residencial ou comercial. Para tal procedimento, é valido ressaltar a importância da
criação de normas regulamentadoras que contribuam para as decisões de projeto do profissional e também para a análise
da edificação já construída, a fim de contribuir com a recepção do sistema solar fotovoltaico e o seu melhor rendimento.
Considerando que o número de imóveis já construídos que possuem interesse na instalação do sistema de energia solar é
maior que o de imóveis projetados para receber tal tecnologia, é um assunto pertinente a importância da harmonização
da edificação para receber tais equipamentos. Devem ser consideradas as novas tecnologias de integração já disponíveis
no mercado, assim como as que contribuem para adaptação da estrutura já existente na edificação.
Com o desenvolvimento de uma norma que regulamente quais as diretrizes que compõem uma construção que
trabalhe em conjunto com o sistema fotovoltaico de forma eficiente e equilibrada, está servirá de auxilio não só para o
responsável sobre a avaliação da estrutura do telhado, ou para o profissional responsável pela instalação do sistema
fotovoltaico, como também para o projetista responsável pelo desenvolvimento do projeto, de maneira que este tenha o
conhecimento necessário para viabilizar uma melhor integração entre o projeto arquitetônico e a geração de energia
solar. Este, por fim, poderá auxiliar também na identificação de problemáticas não diagnosticadas usualmente, a fim de
desenvolver soluções mais eficientes de harmonização entre a edificação e o sistema composto pelas placas solares.

REFERÊNCIAS

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Van Der Borg, N. J. C. M., Wiggenlinkhuizen, E. J., 2001. Irradiation in the Built Environment, Netherlands Energy
Research Foundation.

IMPORTANCE OF THE EVALUATION OF THE ARCHITECTURAL PROJECT FOR THE USE OF THE
PHOTOVOLTAIC SYSTEM

Abstract. This article discusses the importance of roof evaluation and harmonization and architectural design, so that it
receives more efficiently the photovoltaic system. The material begins its discussion by debating the need for prior
evaluation not only of the roof structure that will receive the plates, but also from the construction as a whole, and how
unsatisfactory is the absence of a specific standard for such evaluation, which determines the guidelines for the same.
Following, the technologies available in the market for the integration of the photovoltaic system with the architecture
are presented.

Key words: Solar Energy, Architecture Project, Photovoltaic system.

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