Do Recurso de

Apelação no
Processo Penal

Heráclito Ney Suiter

 Origem e Significado:
 O instituto da apelação é conhecido em
praticamente todos os ordenamentos jurídicos,
tendo iniciado pelo antigo Direito Romano.
 A palavra apelação é originária do latim
apellatio, que significa ação de dirigir a palavra.
 É um termo que expressa e traduz o pedido que
se faz à Instância Superior para reexaminar uma
decisão proferida pelos órgãos (instâncias)
inferiores visando a reparação de alguma
injustiça (TOURINHO:1997) e ocorre tanto na
esfera civil como penal.
 É o mais comum dos recursos tendo previsão
legal na esfera penal a partir do art. 593 até o
art. 630 do CPP.
 Espécies de Apelação:
 Apelação Plena: quando se devolve ao
conhecimento do Tribunal ad quem toda a
matéria decidida na primeira instância, ou seja,
toda a matéria que gerou sucumbência.

 Apelação Limitada: quando a sucumbência é

parcial ou quando o recorrente apela de apenas
parte da decisão. Nesse caso vigora o princípio
do tantum devolutum quantum appellatum, não
podendo o juízo de 2ª instância julgar além dos
limites do pedido do recurso.
Tome Nota:
Embora o Tribunal não possa julgar
além do pedido do recorrente, ele está
autorizado a rever todas as questões
antecedentes que venham a influenciar o
pedido, ainda que não tenham sido
examinadas na sentença recorrida. Tais
limites devem ser fixados na petição ou
termo do recurso, na falta de limitação do
pedido, presume-se tratar de apelação
plena.
 Casos em que Comportam o
Recurso de Apelação:
 A apelação é recurso comum a todas as partes,
tanto a acusação, quanto a defesa, é recurso
voluntário, o réu tanto pode apelar ou desistir do
recurso a qualquer momento, mas o MP, se apelar
não pode desistir.

 Caberá apelação: das decisões definitivas de

absolvição ou condenação proferidas pelo Juiz
singular e das decisões do Tribunal do Júri; das
decisões definitivas, se para elas não estiver
previsto recurso em sentido estrito; das decisões
com força de definitivas ou interlocutórias mistas se
incabível o recurso em sentido estrito.
 Tome Nota:
Se o Juiz indefere a apelação o recurso
cabível é o recurso em sentido estrito.
 Forma e Prazos da Apelação:
 Pode ser interposto por petição ou por termo
nos autos. Se a apelação ocorrer no Juizado
Especial deve ser feita por petição.

 Deve ser ajuizado no prazo de 5 dias, se for no

Juizado Especial Criminal o prazo será de 10 dias
ou nos casos que o Juiz venha a aplicar a Lei
9.099. A lei prevê ainda o prazo de 5 dias para
apelar somados a mais 8 dias para que o
apelante apresente as razões para o recurso.
Esse prazo de 5 dias é o único prazo que
realmente existe no Processo Penal, já o de 8
dias não existe, os Tribunais são benevolentes
em quase todos os casos.
 Forma e Prazos da Apelação:
 O art. 598 do CPP prevê ainda um outro
prazo, que é o prazo para a apelação do
assistente do MP, lhe cabendo este direito
mesmo que não tenha participado do
processo. Havendo assistente e se o MP não
recorreu até o 5º dia, terá o assistente o
prazo de 15 dias para apelar a partir do 6º
dia.
 Tome Nota:
Os Tribunais divergem em relação ao
prazo para o assistente, há decisões que
dizem que não há razão para o prazo de
15 dias para a parte privada, mas a lei
afirma que é de 15 dias. Tem uma decisão
intermediária dos Tribunais que diz que se
o assistente já estiver habilitado o prazo é
de 5 dias, mas se ele não estiver o prazo
seria de 15 dias.
 Forma e Prazos da Apelação:
 O art. 600, § 4º do CPP, permite que o
apelante ao ajuizar o recurso comunique ao
Juiz que somente apresentará as razões do
recurso perante o Tribunal.

 É possível juntar documentos novos no

recurso de apelação, tanto nas razões,
quanto nas contra razões, e nesse caso o Juiz
dará vistas à parte contrária.
 Efeitos e Decisões de Júri:
 A apelação sempre terá efeito devolutivo e a
regra geral diz que a apelação terá também o
efeito suspensivo.

 Se a apelação é contra decisão proferida por

Juiz singular ou pela auditoria militar do Estado,
que é órgão colegiado, o Tribunal pode inverter
a decisão. Todavia se a apelação for contra a
decisão proferida pelo Júri Popular, o Tribunal
não pode inverter o julgado por força da
chamada soberania constitucional dos
Veredictos.
 Efeitos e Decisões de Júri:
 A Constituição Federal diz que o Júri é
soberano. O Tribunal não pode reformar a
decisão do Júri, ele pode anular a decisão,
determinando um novo Júri, ou seja, que o
réu seja submetido a novo julgamento pelo
Júri. Se o novo Júri manter a decisão não se
pode apelar mais. A apelação do Júri só pode
ser feita uma vez (apelação pelo mérito),
mas a apelação sobre a matéria processual
(nulidade em relação ao Júri) pode ser
recorrida quantas vezes forem necessárias.
 Tome Nota:
- Em nenhuma hipótese, se o recurso tiver sido
somente da defesa, poderá o Tribunal agravar a
situação do réu (proibição da "reformatio in
pejus“), só poderá melhorá-la, tendo o Tribunal a
competência plena para decidir extra-petita, desde
que seja em benefício do réu (tanto nas ações
penais públicas como nas privadas).
- Se o recurso for feito pelo MP ou acusação, o
Tribunal só poderá agravar a pena dentro do que
foi pedido.
- O Tribunal tem competência plena para conhecer
de ofício qualquer matéria em benefício do réu.
 “Para que uma pena produza o seu efeito, basta
que o mal que ela mesmo inflige exceda o bem
que nasce do delito”.
Cesare Beccaria – Séc. XVIII

Agradecimentos especiais:
Primeiramente a D’us sobre todas as coisas,
ao Promotor e Prof. Dr. Pedro Geraldo e a todos os
colegas acadêmicos do 9º período matutino que
com paciência e colaboração assistiram nossa
apresentação.

A SEGUIR UM MODELO DE APELAÇÃO (lembrando que

trata-se de duas peças: o apelo em sí e as razões).