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Índice

Introdução.........................................................................................................................................2

1. O Empirismo de John Locke........................................................................................................3

1.1 John Locke e Sua Abordagem Sobre o Conhecimento..............................................................3

1.2 Fases do Processo Cognitivo......................................................................................................4

1.3 John Locke e a Mente Humana Como Uma Tábula Rasa..........................................................5

1.4 Perguntas e Respostas do Pensamento de John Locke...............................................................6

2. O Empirismo de David Hume......................................................................................................8

2.1. Teoria do conhecimento de David Hume..................................................................................8

2.2. Fontes do conhecimento..........................................................................................................10

2.3. Citações fortes de David Hume em sua Investigações sobre o Entendimento Humano.........11

3. O Empirismo de Thomas Hobbes...............................................................................................11

3.1. O materialismo na teoria do conhecimento de Thomas Hobbes.............................................12

3.2. Compreensão do Homem através da teoria de Hobbes...........................................................14

Conclusão.......................................................................................................................................16

Bibliografia.....................................................................................................................................17
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Introdução

O presente trabalho científico é referente a Cadeira Filosofia Moderna, leccionada por


Mestre Amílcar Francisco, de realçar que é um excelente docente. Neste trabalho vai-se abordar
do tema relativo ao Empirismo Britânico de três grandes pensadores, tais como: John Locke,
David Hume e Thomas Hobbes, desta forma, convêm realçar de imediato que Empirismo é um
movimento filosófico que acredita nas experiências humanas como únicas responsáveis pela
formação das ideias e conceitos existentes no mundo. O empirismo é caracterizado pelo
conhecimento científico, quando a sabedoria é adquirida por percepções; pela origem das ideias,
por onde se percebem as coisas, independente de seus objectivos ou significados.

Actualmente, o empirismo lógico é conhecido como neopositivismo, criado pelo círculo


de Viena. Dentro do empirismo, existem três linhas empíricas: a integral, a moderada e a
científica. Na ciência, o empirismo é utilizado quando falamos no método científico tradicional,
que é originário do empirismo filosófico, que defende que as teorias científicas devem ser
baseadas na observação do mundo, em vez da intuição ou da fé, como lhe foi passado.

Quanto aos objectivos, dizer que o trabalho terá dois objectivos fundamentais: objectivo
geral e objectivos específicos. Vejamos a seguir:

Objectivo Geral: Compreender o Empirismo Britânico de Locke, Hume e Hobbes.


Objectivos específicos: Identificar o contributo de Locke, Hume e Hobbes na corrente empirismo;
Analisar os seus pensamentos; e Perceber até que ponto os seus pensamentos alcançam.

Quanto à metodologia, que o trabalho terá como método hermenêutico que consiste na
leiteira e interpretação das obras consultadas, tanto em obras físicas como electrónicas.
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1. O Empirismo de John Locke

Se a filosofia moderna do século XVII foi tipicamente racionalista, principalmente em


relação à questão das ideias inatas, o século XVIII teve o empirismo como alternativa à forma
racionalista de conhecimento. A filosofia empírica, isto é, a filosofia da experiência, entendia que
o conhecimento humano era primeiramente vazio de saber, como uma lousa limpa. Através da
experiência intermediada pelos sentidos, o homem descobre, por exemplo, que a água é diferente
do álcool. A razão tem seu papel na formação do conhecimento, mas de uma forma secundária
frente aos sentidos. Lembre-se de que Aristóteles já tinha formulado algo parecido (Locke, 1978,
p.33).

Entre os grandes nomes do empirismo, ou “filosofia da experiência”, destaca-se o inglês


John Locke (1632-1704).

John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês. Interessado em vários campos como
química, teologia e medicina (sua área de formação), o pensador foi um importante teórico do
conhecimento e filósofo político (sendo considerado o pai do liberalismo político). Ele
desenvolveu suas teorias sobre a origem e o alcance do conhecimento em sua obra “Ensaios sobre
o entendimento humano”. Para ele, não existem ideias inatas (ideias que já nasceriam com o
homem, como por exemplo a ideia de Deus), o homem nasce como uma tábula rasa, desprovido
de qualquer conhecimento, sem nenhuma ideia pré-formada em sua alma. Nada existe na mente
humana que não tenha passado pelos sentidos. A esse ponto é redundante dizer que Locke foi um
crítico potente do racionalismo e sua proposta baseada na razão (Ibidem: 33-41).

1.1 John Locke e Sua Abordagem Sobre o Conhecimento

John Locke, em seu Ensaio Acerca do Entendimento, defende a impossibilidade de


princípios inatos na mente. Para ele, a teoria do inatismo é insustentável por contradizer a
experiência, ou seja, se houvesse ideias inatas todas as pessoas, inclusive as crianças e os idiotas
gozariam delas (Ibidem: 57-59).

Locke diz ainda que os argumentos que fundamentam a teoria do inatismo não têm valor
de prova, por exemplo, o fato de haver certos princípios, tanto teóricos como práticos,
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universalizados não servem como prova para o inatismo porque os mesmos também só podem ser
adquiridos mediante a experiência e alguns dos princípios considerados como universais não o
são devido ao fato de boa parte da humanidade ignorá-los.

Locke deixa bem claro que as capacidades são inatas, mas o conhecimento é adquirido.
Pelo uso da razão somos capazes de alcançar certos conhecimentos e com eles concordar, e não
de descobrir. Locke diz que “…se os homens têm verdades inatas impressas originalmente, e
antes do uso da razão, permanecendo delas ignorantes até atingirem o uso da razão, consiste em
afirmar que os homens, ao mesmo tempo, as conhecem e não as conhecem”.

Para Locke, o conhecimento segue os seguintes passos: Os sentidos tratam com ideias
particulares – a mente se familiariza – deposita na memória e dá nomes – a mente vai abstraindo,
apreendendo gradualmente o uso dos nomes gerais. Ele aprofunda esta explicação mais adiante.

No segundo livro do seu Ensaio Acerca do Entendimento, Locke descreve as fases do


processo cognitivo; no momento do nascimento a alma é uma tábula rasa, como uma folha de
papel em branco e o conhecimento começa com a experiência sensível (Ibidem: 59-77).

1.2 Fases do Processo Cognitivo

As fases do processo cognitivo seguem por quatro estágios, vejamos a seguir:

 Intuição: é o momento em que as ideias simples são recebidas. Existem dois tipos de
ideias simples, as que são frutos da experiência externa e as que são fruto da
experiência interna.
 Síntese: as ideias simples formam por combinação as ideias complexas.
 Análise: por análise, as várias ideias complexas formam as ideias abstractas. Ideia
abstracta, aqui, não representa a essência das coisas porque a essência é incognoscível.
 Comparação: diferentemente de síntese ou associação, é colocando-se uma ideia ao
lado da outra e comparando-as que se formam as relações, ou seja, as ideias que
exprimem relações.
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Nos livros posteriores, da mesma obra, Locke afirma que o homem não pode conhecer a
essência das coisas, mas só a sua existência. Através de um raciocínio baseado no nexo causal
pode-se conhecer a existência do mundo e de Deus. Do mundo porque, sendo passivos em nossas
sensações, temos de admitir uma realidade distinta de nós que seja causa de nossas sensações; de
Deus porque partindo do estudo dos seres finitos, devemos necessariamente concluir que existe
uma causa universal, infinita (Ibidem: 84-112).

1.3 John Locke e a Mente Humana Como Uma Tábula Rasa

Para Locke o conhecimento é adquirido ao longo da vida através da experiência sensível


imediata e seu processamento interno. Nós interagimos com os objectos e com os fenómenos e
produzimos ideias a partir dessa interacção. Locke vai defender que nossas ideias serão criadas
empiricamente a partir da sensação e da reflexão (Ibidem: 145-148).

Num primeiro estágio, nossas ideias são criadas pela sensação, cujo estímulo externo é
oriundo de modificações na mente feitas pelos sentidos em uma experiência qualquer. Assim,
através da sensação percebemos as qualidades (primárias ou secundárias) das coisas. Tais
qualidades podem produzir ideias em nós.

As qualidades primárias são sempre objectivas, ou seja, existem realmente nas coisas
independentemente do sujeito que as contempla. Como exemplo temos o movimento, o repouso,
o número, a configuração, a extensão, entre outros. Já as qualidades secundárias são aquelas que
variam de acordo com o sujeito e que são, portanto, subjectivos. Como exemplo temos a cor, o
som, o saber, entre outros.

Num segundo estágio tudo é processado internamente. É nesse momento que a alma
processa os objectos apreendidos pelos sentidos. As ideias nesse estágio resultam da combinação
e associação das sensações de reflexão. A mente sintetiza e gera uma série de ideias que não
passíveis de surgir a partir da experiência. Processos como, nas palavras de Locke, a percepção, o
pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar. A reflexão seria o equivalente aos sentidos na
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produção de ideias, mas agindo no nosso interior, tendo como matéria-prima o conhecimento que
absorvemos das experiências e desempenhando um processo complexo e cada vez mais
aprofundado que culmina na reflexão sobre as próprias operações da mente. Por esse pressuposto
percebemos que o conhecimento vai de coisas mais simples para as mais complicadas e sempre
de fora para dentro (Ibidem: 148-162).

1.4 Perguntas e Respostas do Pensamento de John Locke

Porque o nome tábula rasa? Tábula rasa é a tradução para a expressão em latim tábula
rasa, que significa literalmente “tábua raspada”, e tem o sentido de "folha de papel em branco".
Este argumento da tábula rasa foi usado pelo filósofo inglês John Locke, considerado como o
protagonista do empirismo (Ibidem: 202-207).

O que representa a ideia de tábula rasa? Significado de Tábula rasa é uma expressão
que está desprovida de ideias, de saberes, de conhecimentos, que necessita de instrução para
aprender o mais básico de um assunto; tábua rasa. Uma condição mental caracterizada pelo vazio
completo; mente vazia.

Quem criou a teoria da tábula rasa? Locke é um dos principais empiristas da


Modernidade, foi ele quem criou o conceito de tábula rasa. Segundo o filósofo, os seres humanos
se assemelhavam a esse objecto. A tábula rasa era um instrumento de escrita usado em Roma.
Feito com cera, a tábula era usada com um estilete.

O que significa a frase nossa mente é uma tábula rasa uma folha em branco? Essa é
famosa frase de um filósofo, que recentemente não lembra o nome. Mas significa dizer que o
homem não nasce sabendo de nada, enfim, nenhum conhecimento, e ele vai adquirido através de
sua experiência, pois é preciso ter vivido para poder ter aprendido.

O que é ideia para Locke? Ideias, segundo o filósofo inglês, são os objectos do
conhecimento, isto é, a matéria da qual o conhecimento é formado. Elas são percebidas pelos
sentidos, mas é o entendimento que confere o, por assim dizer, acabamento final.
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Por que Locke compara a mente do homem ao nascer com uma folha de papel em
branco? Para John Locke ao nascermos nossa mente é como um papel em branco, pois para nós
nascemos sem experiência alguma, onde a mesma será obtida ao decorrer da vida de um
indivíduo.

O que são as ideias inatas? Ideias inatas são uma hipótese filosófica, parte do tema maior
da epistemologia, que ajudam a explicar como compreendemos a realidade. A ideia, que tem
defensores e críticos, afirma que algumas coisas não seriam aprendidas por meio da experiência e
nem da educação, mas sim já nasceriam connosco.

Qual a relação entre ideias e sensações Segundo o pensamento de John Locke? Em


seu Ensaio sobre o entendimento humano, Locke faz uma espécie de mapeamento de como em
nossa mente se produzem as ideias. As ideias derivam das sensações. Não existe pensamento
puro sobre conceitos meramente inteligíveis, mas pensar é sempre pensar em algo recebido pelas
sensações impresso em nossa mente.

Quais são os dois tipos de ideias que Locke identifica? Existem dois tipos de ideias simples, as
que são frutos da experiência externa e as que são fruto da experiência interna. Síntese: as ideias
simples formam por combinação as ideias complexas. Análise: por análise, as várias ideias
complexas formam as ideias abstractas.

Quais são as duas formas que segundo Locke dão origem às ideias? Dessas duas
fontes de conhecimento jorram todas as nossas ideias…” As tais duas fontes de conhecimento são
a sensação e a reflexão. ... Assim, as coisas materiais externas, que são objectos da sensação, e as
operações da mente, objectos da reflexão, são as duas únicas origens das ideias.

O que é conhecimento razão ou sensação? Todo o conhecimento prove dos sentidos.


«Porém não sabemos quantos são os sentidos.» A razão, ou intelecto, nem percebe, nem cria; tão-
somente compara, e, por comparação, rectifica e elabora, os dados que os sentidos ministram
(Ibidem: 207-264).
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2. O Empirismo de David Hume

David Hume é mundialmente conhecido por suas observações sobre o conhecimento.


Elencado como integrante do chamado empirismo britânico, é o mais radical de todos. Esse
pensador questionou-se por que as ciências naturais avançavam em prover novos conhecimentos
enquanto os estudos filosóficos estagnavam-se. Considerou que o problema estava em teorizar
sem considerar os fatos e a experiência, o que o faz ser extremamente crítico de propostas
metafísicas ou com viés teológico (Hume, 1997, p. 23).

Já em sua primeira obra, propôs-se a adoptar o método experimental para investigar a


natureza humana, o que o faz aproximar-se das ciências naturais e ser considerado um dos
precursores dos estudos cognitivos contemporâneos.

David Hume, em Investigação sobre o entendimento humano (1748), teve como objectivo
estudar a mente. De acordo com sua teoria, os conteúdos da mente, chamados de percepções, são
adquiridos apenas em contacto com a realidade. O que nomeia como impressões são a via pela
qual os conteúdos adentram a mente e não se restringem apenas ao que resulta directamente de
nossas experiências, mas incluem as emoções e os desejos.

O que nossa mente retém dessas experiências são as ideias. Trata-se de uma representação
da vivacidade experienciada em determinado momento, de modo que qualquer ideia que existe na
mente tenha também uma impressão equivalente. O filósofo desafia-nos a tentar encontrar
alguma ideia para a qual seja impossível encontrar equivalência na experiência (Ibidem: 23-32).

2.1. Teoria do conhecimento de David Hume

A teoria do conhecimento desse filósofo é baseada em sua interpretação das operações da


mente. Ele propõe que todo o conteúdo da mente (o que John Locke havia nomeado de modo
semelhante como “ideias”) seja considerado como percepção. Esse termo é usado em um sentido
mais amplo do que o do quotidiano e abrange as diversas operações e capacidades da mente
(Ibidem: 45).
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As percepções só são distinguidas pelo grau de vivacidade com o qual nos afectam, assim,
qualquer desejo, reflexão ou sentimento será sempre mais intenso do que uma recordação ou uma
imaginação dessas situações. A lembrança do nascimento de um filho ou uma filha, por exemplo,
não poderia comparar-se com o momento do nascimento em si. Sendo assim, teríamos as
impressões, que são as percepções mais intensas, e os pensamentos (ou ideias), que são as
percepções mais fracas. David Hume afirmou, por isso, que mesmo o pensamento mais intenso
não se compara à impressão mais fraca (Ibidem: 45-49).

Esse filósofo defendeu que os pensamentos representam o que originalmente apreenderam


pelas impressões. Isso explicaria não apenas por que algumas percepções são fracas mas por que
alguns pensamentos ocorrem apenas na mente e não na realidade. Podemos, por exemplo,
imaginar uma montanha de ouro, mas nenhuma existe concretamente. Decompondo esse
conteúdo em elementos mais simples (montanha e ouro), descobriríamos que esses conteúdos
resultaram de experiências anteriores. É por meio dessa identificação que concluiríamos que
todos os conteúdos da mente originam-se de alguma impressão.

Tendo explicado as operações da mente e identificado que os pensamentos têm origem


empírica, seria esperada uma explicação sobre a origem do que percebemos pelos sentidos ou das
sensações, que advêm de uma realidade extra mental, mas isso não ocorre! David Hume limita o
entendimento humano às próprias percepções, de modo que essas percepções originárias
simplesmente surgiriam na mente. Isso significa que não se pode experimentar o que está além
dessas percepções mais simples.

Tendo indicado a origem dos pensamentos (ou das ideias), resta ainda indicar como se
pode alcançar conhecimento ou certeza. Sobre isso há três principais relações: semelhança,
contiguidade no tempo e no espaço, e causa e efeito. Embora as ideias possam ser associadas
livremente, como ao imaginar-se uma montanha de ouro, apenas as duas primeiras relações são
válidas para estabelecer-se verdades conceituais.

O que será mais inovador em seu pensamento é a investigação das questões de fato, na
qual encontramos as causalidades. Todos os fatos seriam explicados por essa relação, no entanto,
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a causalidade em si não seria um factor objectivo, mas subjectivo, uma vez que não podemos ter
uma impressão da força que põe as coisas em relação causal, mas apenas dos eventos observados
subsequentemente. O que se supõe ser uma questão de causa, afirma David Hume, é antes fruto
do hábito. É por meio de muitas experiências e com o auxílio da memória que entendemos haver
uma conjunção constante entre certos eventos, quando não haveria nenhuma necessidade lógica
nessas relações de causa e efeito (Ibidem: 49-77).

2.2. Fontes do conhecimento

Para Hume, tudo aquilo que podemos vir a conhecer tem origem em duas fontes diferentes
da percepção:

 Impressões: são os dados fornecidos pelos sentidos. Podem ser internas, como um
sentimento de prazer ou dor, ou externas, como a visão de um prado, o cheiro de uma
flor ou a sensação táctil do vento no rosto.
 Ideias: são as impressões tais como representadas em nossa mente, conforme delas
nos lembramos ou imaginamos. A lembrança de um dia no campo, por exemplo.

De acordo com o filósofo, as ideias são menos vívidas que as impressões e, por isso, são
secundárias: “(...) todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são cópias de nossas
impressões, ou percepções mais vivas”. Por isso, a experiência seria a base de todo
conhecimento, que podemos chamar de raciocínio sobre questões de fato. Enquanto o segundo
modo dos objectos externos se apresentarem à razão é chamado relação de ideias.

Em seu famoso exemplo, afirma que é pelo hábito que acreditamos que o Sol nascerá
todos os dias, e com isso quer dizer que esse evento é apenas uma probabilidade, não uma
verdade estabelecida pela razão. Todas as questões de fato seriam contingentes, ou seja, poderiam
deixar de ser, mas as propriedades do triângulo, por outro lado, que são conceituais, permanecem
por necessidade lógica (Ibidem: 88-112).

2.3. Citações fortes de David Hume em sua Investigações sobre o Entendimento Humano
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“Um homem tomado de um acesso de fúria é afectado de maneira muito diferente de um


outro que apenas pensa nessa emoção. Se você me diz que uma certa pessoa está enamorada, eu
entendo facilmente o que você quer dizer e formo uma ideia adequada da situação dessa pessoa,
mas jamais confundiria essa ideia com os tumultos e agitações reais da paixão”.

“O contrário de toda questão de fato permanece sendo possível, porque não pode jamais
implicar contradição, e a mente o concebe com a mesma facilidade e clareza, como algo
perfeitamente ajustável à realidade. Que o sol não nascerá amanhã não é uma proposição menos
inteligível nem implica mais contradição que a afirmação de que ele nascerá; e seria vão,
portanto, tentar demonstrar sua falsidade”.

“Se um objecto nos fosse apresentado e fôssemos solicitados a nos pronunciar, sem
consulta à observação passada, sobre o efeito que dele resultará, de que maneira, eu pergunta,
deveria a mente proceder nessa operação? Ela deve inventar ou imaginar algum resultado para
atribuir ao objecto como seu efeito, e é óbvio que essa invenção terá de ser inteiramente
arbitrária. O mais atento exame e escrutínio não permitem a mente encontrar o efeito na suposta
causa, pois o efeito é totalmente diferente da causa e não pode, consequentemente, revelar-se
nela” (Ibidem: 112-134).

3. O Empirismo de Thomas Hobbes

Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês do século XVII, fundou os estudos iniciais
das Ciências Políticas. Após presenciar os horrores da Guerra Civil Inglesa, Hobbes concluiu que
os conflitos fazem parte da natureza humana e que com a ausência de governantes haveria
“guerra de todos contra todos” (Hobbes, 1986, p. 11).

Em seu livro Leviatã ou a essência, forma e poder de uma comunidade eclesiástica e civil
(1651), Hobbes abandonou a ideologia religiosa para justificar o absolutismo. Hobbes descreveu
que para evitar conflitos contínuos, as pessoas deveriam abrir mão de seus direitos e cedê-los a
fortes governantes que garantiriam a lei e a ordem. Sua doutrina do "contrato" afirma que em
"estado natural", os homens lutam entre si. Então, para sobreviverem, renunciam a seus "direitos
naturais" por meio de um contrato tácito, transferindo-os ao estado, cuja soberania sobre os
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súbditos é, assim, absoluta, indivisível e irrevogável. Hobbes denominou esse acordo entre o
povo e seus governantes de Contrato Social (Ibidem: 11-26).

Thomas Hobbes defendia a ideia de que os homens são naturalmente inaptos para a vida
social. Ele argumentou que o ser humano é, por definição, egoísta e que, portanto, um governante
precisaria de poder absoluto para manter seus cidadãos sob controlo. Ele argumentava que os
homens deviam entregar sua liberdade em troca de segurança. Hobbes afirmava que a missão do
estado é reprimir o egoísmo e promover a paz. O filósofo acreditava que o Contrato Social se
justifica porque os interesses egoístas predominam entre os homens a tal ponto que cada
indivíduo possa representar um perigo eminente aos outros.

Hobbes acreditava que independentemente de quão cruel ou injusto fosse um líder, todos
os cidadãos deveriam obedecê-lo, pois qualquer rebelião contra o líder político resultaria na
formação de uma sociedade sem leis. Segundo esse filósofo, o Estado está representado da forma
mais perfeita pelo rei. Hobbes foi um dos ideólogos do absolutismo Stuart na Inglaterra (Ibidem:
26-45).

3.1. O materialismo na teoria do conhecimento de Thomas Hobbes

Para Hobbes, “a mente humana é desprovida de qualquer sistema de representação


anterior à experiência” (Ibidem:55).

No período da história humana conhecido por idade moderna, que se inicia com o
Renascimento, é muito comum a pesquisa e o desenvolvimento do termo “representação” em
vários aspectos, tais como os epistemológicos, políticos e religiosos. Um dos primeiros a
conceber um sistema de representação foi o inglês Thomas Hobbes. (Ibidem: 55-59).

Diferente de Maquiavel, Hobbes considera a mecânica (estudo do movimento na ciência


natural ou física) como modelo para sua psicologia e também para sua sociologia. Ele parte do
conceito de indivíduos isolados, como átomos (que são corpos inorgânicos imutáveis e eternos) e
faz a analogia com os homens no estado real de natureza. É essa analogia que pode explicar as
alterações sociais.
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Assim, cada indivíduo reage a movimentos exteriores numa necessidade incondicional.


Vistas do interior, as reacções humanas apresentam-se como vivências, sentimentos e impulsos.
Para Hobbes, todos os afectos que sentimos são efeitos de fenómenos mecânicos no nosso corpo
e também no mundo exterior (Ibidem: 59-63).

Seguindo uma tradição empirista que remonta a Aristóteles, Hobbes entende que a mente
humana é totalmente desprovida de qualquer representação anterior à experiência. Ela ocorre da
seguinte forma:

I. Em primeiro lugar, temos a sensação, que é o pensamento isolado, uma aparência da


qualidade dos objectos ou acidentes destes que são exteriores a nós e que atuam nos
órgãos dos sentidos. A sensação é uma primeira concepção no espírito do homem e é
causada pelo movimento que os objectos proporcionam ao pressionarem (interagirem)
com nossos órgãos, sendo, então, ilusória e aparente, não estando nos objectos, mas
provindo deles;
II. Em segundo lugar, temos a imaginação, que é uma sensação diminuída, ou seja,
passada. É a ilusão que se guarda na memória. A diferença entre as duas é que a
imaginação é presenciada e arquivada enquanto a memória é apenas a lembrança da
ilusão no presente;
III. E por último, a experiência, isto é, muita memória ou a memória de muitas coisas. A
imaginação é fruto da percepção da sensação e quando há muita repetição, forma-se a
expectativa futura.

Podemos também compreender mais detalhadamente o que Hobbes entende sobre a mente
humana, segundo a estrutura abaixo:

 Sensação: contrapressão do objecto aos nossos sentidos. É a impressão;


 Percepção: compreensão ou entendimento da sensação;
 Imaginação: sensação diminuída (simples ou compostas);
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 Memória: sobre a diminuição da sensação, ficção do espírito;


 Experiência: conjunto das várias memórias.

Ainda segundo o autor, os sonhos são causados por perturbações de alguma parte do
corpo (interna) que provocam sonhos diversos para perturbações diversas. Os sonhos são o
reverso das imaginações despertas. Com isso, Hobbes critica as religiões e os costumes que
estimulam imaginações fortes, tornando as pessoas supersticiosas e despreparadas para a
obediência civil.

Devemos entender, portanto, que, para Hobbes, fora da nossa mente há apenas matéria em
movimento, como se fossem feixes de luzes desorganizados. Quando captamos esses feixes, a
mente organiza esses dados, isto é, cria um mundo artificialmente através da linguagem (que
também é artificial). A imaginação se dá pelas palavras, sinais e entendimento. “Da mesma
forma que se cria um mundo ilusório pra si, os indivíduos colectivamente podem criar um mundo
comum para si. É a common wealth, termo inglês usado pelos filósofos para designar uma
comunidade, sociedade civil organizada ou Estado” (Ibidem: 66-88).

3.2. Compreensão do Homem através da teoria de Hobbes

Compreender como o homem se resolve a criar a instituição artificial do governo, basta


descrever o que se passa no estado natural; o homem, por natureza, procura ultrapassar todos os
seus semelhantes: ele não busca apenas a satisfação de suas necessidades naturais, mas sobretudo
as alegrias da vaidade (pride). O maior sofrimento é ser desprezado. Assim sendo, o ofendido
procura vingar-se, mas - observa Hobbes, antecipando aqui os temas hegelianos - comummente
não deseja a morte de seu adversário e deseja seu cativeiro a fim de poder ler, em seu olhar
atemorizado e submisso, o reconhecimento de sua própria superioridade (Ibidem: 88-94).

É claro que esse estado, em que cada um procura senão a morte, ao menos a sujeição do
outro, é um estado extremamente infeliz. As expressões pelas quais Hobbes o descreve são
célebres: “Homo homini lupus”, o homem é o lobo do homem; "Bellum omnium contra omnes",
é a guerra de todos contra todos. Não pensemos que mesmo os homens mais robustos desfrutem
tranquilamente as vitórias que sua força lhe assegura. Aquele que possui grande força muscular
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não está ao abrigo da astúcia do mais fraco. Este último - por maquinação secreta ou a partir de
hábeis alianças - sempre é o suficientemente forte para vencer o mais forte (Ibidem: 94-103).

Assim sendo, o homem sempre tem medo de ser morto ou escravizado e esse temor, em
última instância mais poderoso do que o orgulho, é a paixão que vai dar a palavra à razão. (Essa
psicologia da vaidade e do medo é, em Hobbes, uma espécie de laicização da oposição teológica
entre o orgulho espiritual e o temor a Deus ou humildade.) É o medo, portanto, que vai obrigar os
homens a fundarem um estado social e a autoridade política.

Os homens, portanto, vão se encarregar de estabelecer a paz e a segurança. Só haverá paz


concretizável se cada um renunciar ao direito absoluto que tem sobre todas as coisas. Isto só será
possível se cada um abdicar de seus direitos absolutos em favor de um soberano que, ao herdar os
direitos de todos, terá um poder absoluto. Não existe aí a intervenção de uma exigência moral.
Simplesmente o medo é maior do que a vaidade e os homens concordam em transmitir todos os
seus poderes a um soberano. Quanto a este último, notemo-lo bem, ele é o senhor absoluto desde
então, mas não possui o menor compromisso em relação a seus súbditos (Ibidem: 115-124).

Seu direito não tem outro limite que seu poder e sua vontade. No estado de sociedade,
como no de natureza, a força é a única medida do direito. No estado social, o monopólio da força
pertence ao soberano. Houve, da parte de cada indivíduo, uma atemorizada renúncia do seu
próprio poder. Mas não houve pacto nem contrato, o que houve, como diz Halbwachs, foi "uma
alienação e não uma delegação de poderes". O efeito comum do poder consistirá, para todos, na
segurança, uma vez que o soberano terá, de fato, o maior interesse em fazer reinar a ordem se
quiser permanecer no poder.

Finalmente, partindo desta visão, Hobbes “procura entender como seria a vida humana
sem a sociedade política, situação a qual chamou estado de natureza”. Esta situação iria gerar
guerras, pois na ausência de uma comunidade política, todos os indivíduos teriam licença para
possuir toda e qualquer coisa, sem limites estabelecidos, mesmo quanto aos frutos de seu próprio
trabalho, e não havendo restrições, exerceriam suas paixões e desejos. Esta situação inclui tanto a
guerra em particular quanto competições e dificuldades extremas em geral (124-136).
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Conclusão

Terminado o trabalho científico referente a Cadeira Filosofia Moderna, leccionada por


Mestre Amílcar Francisco, de realçar que é um excelente docente. Trabalho este que retratava
sobre o empirismo britânico de Locke, Hume e Hobbes, nele pude entender que o empirismo
defendia que, apesar da importância incontornável da razão no processo do conhecer, sua origem
está na experiência. A interacção como mundo e com diferentes fenómenos oportunizada
momentos de conhecimento em que a razão actuava, estando assim condicionada a esses
momentos. Sendo assim, as sensações e percepções eram basilares na formação do conhecimento,
com a razão sendo utilizada num segundo momento.

Desta forma, convém realçar que o principal teórico do empirismo foi o filósofo inglês
John Locke (1632-1704), que defendeu a ideia de que a mente humana é uma folha em branco ou
uma tábula rasa, onde são gravadas impressões externas. Por isso, não reconhece a existência de
ideias natas, nem do conhecimento universal. Sendo uma teoria que se opõe ao Racionalismo, o
empirismo critica a metafísica e conceitos como os de causa e substância. Ou seja, todo o
processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa e erro.
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Bibliografia

Hobbes, Thomas. (1986). Leviatã. Tradução de Marcelo Rodrigues Gaúcho. São Paulo, Editora:
Livros.

Hume, David. (1997). Investigação sobre o entendimento humano. Tradução de João Ferreira
Alves. Lisboa: Edições 70.

Locke, John. (1978). Ensaio Acerca do Entendimento Humano. Trad. Anoar Aiex. São Paulo:
Editora Abril.

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