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MÓDULO 2

HISTÓRICO INTERNACIONAL
DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS
PSICOATIVAS
EXPEDIENTE
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
E GESTÃO DE ATIVOS

SECRETÁRIO NACIONAL
Luiz Roberto Beggiora

DIRETOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS


E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL
Clayton da Silva Bezerra

COORDENADOR-GERAL DE INVESTIMENTOS, PROJETOS,


MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Gustavo Camilo Baptista

COORDENADOR DE PLANEJAMENTO, ARTICULAÇÃO,


MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Glauber Vinícius Cunha Gervasio

PLANEJAMENTO
Carlos Timo Brito
Eurides Branquinho da Silva

CONTEUDISTAS
José Luiz da Costa
Luíza Nicolau Brandão Caldas
Mônica Paulo de Souza

REVISÃO DE CONTEÚDO
Fernanda Flávia Rios dos Santos
Maria de Fátima de Moura Barros

APOIO
Kathyn Rebeca Rodrigues Lima
Maria Aparecida Alves Dias

BY NC ND

Todo o conteúdo do Curso TraNSPor – Treinamento sobre Novas Substâncias


Psicoativas, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos
(SENAD), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Governo Federal -
2022, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não
Comercial- Sem Derivações 4.0 Internacional.

REALIDADE AUMENTADA (RA)


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD)

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


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labSEAD

COORDENAÇÃO GERAL
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FINANCEIRO
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PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Thiago Assi

AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade Borges
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Robner Domenici Esprocati

TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5

UNIDADE 1 | “DESIGNER DRUGS”: 6


ANÁLOGOS DA FENTANILA, DERIVADOS DE
FENILETILAMINAS E DE TRIPTAMINAS

1.1 As “designer drugs” 8

1.2 Derivados de feniletilaminas 9

1.3 Derivados de triptaminas 13

UNIDADE 2 | FAILED PHARMACEUTICALS E 16


LEGAL HIGHS: DERIVADOS DE PIPERAZINA,
DA CATINONA E CANABINOIDES SINTÉTICOS

2.1 Derivados de piperazina 16

2.2 Derivados de catinona 21

2.3 Canabinoides sintéticos 25

UNIDADE 3 | ADOÇÃO DO TERMO “NOVAS 29


SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (NSP)” E O
CENÁRIO ATUAL

3.1 A definição de novas substâncias psicoativas 30

3.2 O cenário atual das novas substâncias psicoativas 31

REFERÊNCIAS 34
MÓDULO 2
APRESENTAÇÃO

Olá, cursista!

Seja bem-vindo ao segundo módulo de estudos!

Agora que você já conhece o conceito mais utilizado atualmente para


as novas substâncias psicoativas (NSP), vamos explorar o histórico
internacional dessas novas drogas. Para isso, percorreremos dife-
rentes países e continentes, muitas nomenclaturas, além de diversas
RA classes de substâncias e suas estruturas químicas. No final, você será
Enquadre no seu celular capaz de compreender os principais aspectos históricos relativos ao
ou tablet o código de surgimento das NSP e estará mais capacitado para traçar melhores
REALIDADE AUMENTADA
estratégias para o enfrentamento do tráfico e uso de novas drogas.
do aplicativo Zappar
para assistir ao vídeo de
apresentação do módulo. Bons estudos!

OBJETIVOS DO MÓDULO

¤ Descrever aspectos históricos relativos ao surgimento de novas


substâncias psicoativas.

¤ Identificar alguns grupos de novas substâncias psicoativas.

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UNIDADE 1
“DESIGNER DRUGS”: ANÁLOGOS
DA FENTANILA, DERIVADOS DE
FENILETILAMINAS E DE TRIPTAMINAS

CONTEXTUALIZANDO

RA Iniciaremos este módulo apresentando a história de identificação


Enquadre no seu celular do princípio ativo da droga China White, uma importante descoberta
ou tablet o código de que, mais tarde, influenciaria de maneira decisiva na criação do
REALIDADE AUMENTADA
termo designer drugs.
do aplicativo Zappar
para assistir ao vídeo de
animação sobre a China Na última semana de dezembro de 1979, duas mortes por overdose
White, a droga precursora muito incomuns ocorreram em Orange County, Califórnia. Ambas as
do surgimento do termo
vítimas tinham histórico de uso de heroína, foram encontradas com
designer drugs.
parafernália para uso de drogas injetáveis e os achados da autópsia
eram consistentes com uma overdose de heroína (MAGAGNINI,
1980; HENDERSON, 1988).

Surpreendentemente, a análise toxicológica dos fluidos corporais não


mostrou a presença de drogas conhecidas. Nos meses seguintes, ocor-
reram mais seis mortes por overdose em Orange County e, no final de
1980, houve um total de quinze mortes, todas aparentando tratar-se
de mortes clássicas por uso de drogas, mas nenhuma foi detectada no
exame toxicológico.

Durante o mesmo período, foram apreendidas várias amostras de


substâncias que estavam sendo vendidas como heroína nas ruas,
mas que não continham heroína ou qualquer outra droga conhecida.
Uma ligação comum entre esses eventos era o fato de que as vítimas
de overdose estavam comprando uma droga chamada "China White",
ou "heroína sintética" (MAGAGNINI, 1980; HENDERSON, 1988).

Após uma série de investigações, a Agência de Combate às Drogas


dos Estados Unidos (Drug Enforcement Administration, DEA) relatou
que o material vendido como “China White” continha a substância
alfa-metilfentanila (KRAM; COOPER; ALIEN, 1981).

A alfa-metilfentanila é um análogo da substância conhecida como


fentanila, ou fentanil. Tanto a alfa-metilfentanila quanto a fentanila
foram sintetizadas pelos laboratórios de pesquisa Janssen Pharma-
ceutical na Bélgica, em 1960 e 1959, respectivamente.

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Foto: © [Nomad_Soul] / Adobe Stock.

A fentanila é o opioide mais forte disponível para uso médico em


humanos, apresentando potência analgésica de 50 a 100 vezes a da
morfina (TABARRA, 2019), utilizada como uma medicação para a dor,
podendo ser usada com outros medicamentos para a anestesia. Já a
alfa-metilfentanila não era encontrada em nenhum medicamento.

É importante destacar que, até então, as drogas de abuso


vinham tradicionalmente de duas fontes: produtos vegetais
e desvio de produtos farmacêuticos. O aparecimento da
alfa-metilfentanila trouxe uma mudança de paradigma,
pois, pela primeira vez, laboratórios clandestinos estavam
sintetizando drogas originais.

Essa nova droga não era uma falsificação de um produto farma-


cêutico e, assim, não havia sido submetida a estudos toxicológicos
ou à avaliação clínica em seres humanos. Além disso, embora a
alfa-metilfentanila fosse química e farmacologicamente parecida
com a fentanila, era uma nova substância que não estava nas listas
de substâncias controladas da DEA e, portanto, era uma droga legal.

Na verdade, a alfa-metilfentanila permaneceu como droga legal até


1982, quando foi controlada nos EUA. Nessa época outro análogo
da fentanila apareceu, a para-fluorofentanila, mas rapidamente
desapareceu. Contudo, a sucessão de novos análogos da fentanila
aparecendo nas ruas continuou.

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Podcast transcrito
Em março de 1984, foi identificada a 3-metilfentanila
em amostras de pó encontradas perto de uma provável
vítima de overdose de drogas (HENDERSON, 1988).
O aparecimento deste análogo de fentanila em particular
foi ainda outra surpresa, pois, embora a estrutura de
3-metilfentanila fosse notavelmente semelhante aos
análogos anteriores, era muito mais potente. Na verdade,
a 3-metilfentanila é um dos análogos mais potentes
da série da fentanila, sendo 1.000 a 7.000 vezes mais
potente do que a morfina. Nesse período, o número de
casos de overdose por fentanila e análogos aumentou
drasticamente nos EUA.

1.1 AS “DESIGNER DRUGS”

Após o aparecimento de vários análogos da fentanila no mercado


de drogas ilícitas nos EUA, por exemplo, alfa-metilfentanila e
3-metilfentanila, juntamente a certos derivados da alfaprodina, foi
criado, em 1984, o primeiro termo para designar essas substâncias:
designer drugs (drogas planejadas, ou seja, análogos estruturais)
(BAUM, 1985; KING; KICMAN, 2011).

Na época, esses compostos foram definidos como “análogos


de substâncias controladas, sendo projetadas para produzir
efeitos similares às substâncias controladas que eles
mimetizam” (BAUM, 1985).

A fentanila não é uma molécula simples. Sua estrutura molecular


relativamente complexa possibilita um grande número de modifi-
cações, viabilizando a criação de inúmeros compostos que também
agem como drogas potentes, sendo, em alguns casos, tão ou mais
potentes do que a própria fentanila.

Confira, a seguir, as estruturas químicas da fentanila e de alguns


de seus análogos.

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ESTRUTURA QUÍMICA

O O

N N N N

O O

N N N N

No entanto, esses novos compostos, apesar de quimicamente se-


melhantes à fentanila, não estavam relacionados nas listas de
substâncias controladas e, portanto, não eram ilegais. Essa foi a
alternativa encontrada por aqueles que pretendiam burlar a legis-
lação vigente sobre drogas.

PARA FIXAR

Os laboratórios clandestinos sintetizando novas drogas


originais que não haviam sido submetidas a estudos
toxicológicos e a produção de novas drogas a partir de
pequenas modificações em moléculas de substâncias com
conhecido efeito psicoativo surgiram como alternativa para
burlar a legislação vigente, uma vez que estas designer
drugs não apareciam nas listas de substâncias controladas e,
portanto, eram legais.

1.2 DERIVADOS DE FENILETILAMINAS

A próxima fase de evolução das até então chamadas desginer drugs


foi representada pelas feniletilaminas e, em menor expressão,
pelas triptaminas, no decorrer da década de 1990.

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Antes disso, ainda na década de 1960, ocorreram casos isolados
relacionados a feniletilaminas. Um exemplo aconteceu em 1967,
quando foram relatados pela imprensa britânica casos referentes a
uma droga nova e perigosa que circulava nos EUA e no Canadá sob o
nome de "STP" – sigla em inglês para serenity, tranquility and peace
(serenidade, tranquilidade e paz) (PHILLIPS; MESLEY, 1969).

Alguns relatórios médicos sugeriram que essa droga, cuja natureza


ainda não era conhecida, era significativamente mais potente e de
ação mais longa do que a lisergida (LSD), e que certas fenotiazinas –
normalmente usadas como antídotos para LSD – potencializavam sua
ação e podiam causar colapso respiratório. Por fim, foi identificada,
nos materiais examinados, a feniletilamina 2,5-dimetoxi-4-meti-
lanfetamina, também conhecida como DOM.

As feniletilaminas são uma classe de substâncias com conhecidos


efeitos psicoativos e estimulantes, e incluem os compostos anfeta-
mina, metanfetamina e MDMA, bem como 2C-I e DOM.

Confira, a seguir, as estruturas químicas da substância feniletilamina


e de outras da classe das feniletilaminas.

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ESTRUTURA QUÍMICA

R2 Rβ Rn

NH2 R3 N
R


R4 R6

R5

O O

NH2 NH2

O O

H
NH2 O N

O grande impulso ao consumo de feniletilaminas aparentemente


emergiu após a publicação do livro “PiHKAL: A Chemical Love Story”
(PiHKAL: uma história de amor química), que tem como autores o
casal Alexander Shulgin e Ann Shulgin.

PiHKAL é o acrônimo de Phenethylamines I Have Known and Loved


(feniletilaminas que eu conheci e amei) (SHULGIN; SHULGIN, 1991).
O livro descreve 179 compostos psicodélicos diferentes, a maioria
descobertos por Alexander Shulgin, incluindo instruções detalhadas
de síntese, bioensaios, dosagens e outros comentários.

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SAIBA MAIS

Alexander Shulgin, ou “Sasha”, é conhecido em todo


o mundo como o padrinho do ecstasy, ou MDMA.
Bioquímico com PhD pela Universidade da Califórnia
em Berkeley, em 1955, Shulgin sintetizou e testou, ao
longo de sua vida, os efeitos de mais de 200 substâncias
potencialmente psicoativas. Para conhecer mais
sobre a polêmica vida de Alexander Shulgin, assista ao
documentário “Dirty Pictures”, em inglês, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=jP3hUS84cAs.

A obra é dividida em duas seções. A primeira, “The Love Story”


(A história de amor), é um relato minimamente fictício da vida de
Alexander e Ann, incluindo experiências com drogas.

Podcast transcrito
A segunda seção do livro, “The Chemical Story”
(A história química), não é uma história, mas descrições
de feniletilaminas, que incluem o passo a passo para a
síntese, junto com as dosagens recomendadas, duração
da ação e comentários subjetivos, como o exemplo a
seguir, no qual são relatadas sensações após o consumo
de 24 miligramas da substância 2C-B: “Estou totalmente
dentro do meu corpo. Estou ciente de todos os músculos
e nervos do meu corpo. A noite é extraordinária – lua
cheia. Incrivelmente erótico, tranquilo e requintado, quase
insuportável. Não posso começar a desvendar as imagens que
se impõem durante a descoberta de um orgasmo. Tentando
entender a fusão física/espiritual na natureza” (SHULGIN;
SHULGIN, 1991, p. 504-505).

De acordo com representantes da DEA, os livros publicados pelo


casal Shulgin eram basicamente livros de receitas sobre como fazer
drogas, e cópias deles foram encontradas nos laboratórios clandes-
tinos que eles invadiram.

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De fato, por meio de PiHKAL,
o casal Shulgin garantiu que Um objetivo consistente com
suas descobertas escapassem suas crenças declaradas de
dos limites dos laboratórios que as drogas psicodélicas
de pesquisa profissionais e seriam ferramentas valiosas
encontrassem seu caminho para a autoexploração.
para o público.

Nos anos 1990, várias feniletilaminas foram encontradas em apreen-


sões policiais ou, menos comumente, em tecidos de pacientes enve-
nenados, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos (KING, 2014).

O ‘período da feniletilamina’ duraria até os primeiros anos do século


XXI. Nessa época, cerca de 50 derivados da feniletilamina seriam en-
contrados em apreensões alfandegárias e da polícia na Europa e nos
EUA. Quase todos esses derivados não conseguiram encontrar uma
base sólida de usuários e muitos tinham um curto tempo no mercado.

Também é pertinente ressaltar que as feniletilaminas alucinógenas


raramente eram consideradas superiores a drogas conhecidas,
como LSD e psilocibina (cogumelos mágicos). Além disso, nenhuma
feniletilamina ameaçou substituir o MDMA como escolha dos usuários.

1.3 DERIVADOS DE TRIPTAMINAS

Em paralelo às feniletilaminas, muitos derivados de triptamina


apareceram ao longo da década de 1990.

As triptaminas são compostos de ocorrência natural, que incluem


serotonina e melatonina, bem como outros compostos conhecidos
por suas propriedades alucinógenas, como psilocibina em ‘cogumelos
mágicos’ e dimetiltriptamina (DMT) em bebidas de ayahuasca.

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Confira, a seguir, as estruturas químicas de substâncias do grupo
das triptaminas.

ESTRUTURA QUÍMICA

OH

NH2 NH2

HN
HN

N N

HN HN

A serotonina e a dimetiltriptamina são de ocorrência natural. Já a


4-HO-MET refere-se a uma síntese.

A dimetiltriptamina (DMT) é um exemplo de substância


que pertence ao grupo das triptaminas. A substância está
presente na bebida ayahuasca, utilizada nos rituais do
Santo Daime e do vinho de Jurema e é bem conhecida por
índios brasileiros e da América do Sul em geral.

O surgimento das triptaminas no mercado de drogas pode ter sido


inspirado pela publicação do livro “TiHKAL” em 1997 (SHULGIN;
SHULGIN, 1997), embora esse grupo de substâncias nunca tenha se
espalhado ou sido visto em grandes quantidades.

“TiHKAL: The Continuation” (A continuação) é um livro escrito por


Alexander Shulgin e Ann Shulgin sobre uma família de drogas psi-
coativas conhecidas como triptaminas. Sequência do livro “PiHKAL:
A Chemical Love Story”, TiHKAL é uma sigla que significa “Trip-
taminas que Conheci e Amei” (do inglês: “Tryptamines I Have
Known and Loved”).

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Foto: © [John] / Adobe Stock.

Da mesma forma que seu antecessor PiHKAL, TiHKAL é dividido


em duas partes. A primeira parte do livro começa com a história de
Alice e Shura, uma autobiografia ficcional, que continua de onde a
seção semelhante de PiHKAL parou.

A segunda parte do TiHKAL é “The Chemistry Continues” (A química


continua). É um manual detalhado de 55 compostos psicodélicos,
muitos deles descobertos pelo próprio Shulgin. Para cada composto,
há informações sobre a síntese, dosagem eficaz, duração dos efeitos
e comentários subjetivos sobre os efeitos que foram experimentados.

PARA FIXAR

Diversas novas substâncias psicoativas tiveram suas


sínteses criadas e divulgadas por meio dos livros “PiHKAL”
e “TiHKAL”, impulsionando especialmente o consumo de
feniletilaminas e triptaminas, a partir da década de 1990.
É importante destacar que as substâncias criadas por
Alexander Shulgin não apareciam nas listas de substâncias
controladas. Portanto, eram consideradas, até então, legais.

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UNIDADE 2
FAILED PHARMACEUTICALS E LEGAL HIGHS:
DERIVADOS DE PIPERAZINA, DA CATINONA
E CANABINOIDES SINTÉTICOS

CONTEXTUALIZANDO

O termo designer drugs é usado para se referir às famílias de subs-


tâncias anteriormente apresentadas, entretanto não descreve bem o
surgimento dos derivados de piperazinas no mercado ilícito de drogas.

É comum encontrar para essa família de substâncias


a designação failed pharmaceuticals (produtos
farmacêuticos que falharam), ou seja, compostos que
foram avaliados pela indústria farmacêutica como
potenciais agentes terapêuticos, mas que nunca tiveram
êxito em sua autorização para comercialização.

2.1 DERIVADOS DE PIPERAZINA

O uso indevido em grande escala de certos derivados de piperazina


(muitas vezes conhecido como ‘party pills’ – ‘pílulas de festa’) começou
na Nova Zelândia há vários anos, mas se tornou comum na Europa
somente após 2004. Um derivado de piperazina, cujo uso ficou famoso,
é a benzilpiperazina, um estimulante do sistema nervoso central.

Em 1996, o primeiro uso recreativo de benzilpiperazina foi regis-


trado pela DEA na Califórnia. O uso da droga permaneceu mínimo
por vários anos até a virada do século XXI, quando as agências e
governos começaram a notar uma crescente tendência em encontrar
ocasionalmente comprimidos contendo MDMA (ecstasy) misturada
com benzilpiperazina (KERR; DAVIS, 2011).

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Em 1999, a benzilpiperazina foi adicionada ao
“Sistema de Alerta Rápido” da União Europeia,
sistema projetado para monitorar os padrões de uso
de potenciais novas drogas de abuso. Apesar das
preocupações das autoridades, o uso recreativo de
benzilpiperazina permaneceu muito limitado nos EUA
e na Europa, embora tenham sido registrados
incidentes isolados de sua posse.

Na maioria dos casos, a substância foi considerada um


substituto mais barato para o MDMA em comprimidos
destinados a serem vendidos como uma “falsificação”
de comprimidos do tipo ecstasy. Nas duas últimas
décadas, a benzilpiperazina também foi usada por
suas propriedades estimulantes nas áreas de corrida
de cavalos e atletismo, onde seu uso foi
explicitamente proibido.

Apenas em 2008 foram introduzidos controles sobre a benzilpiperazina


na União Europeia, e em 2015 ela foi controlada internacionalmente.

Enquanto a Europa e os EUA experimentaram pouco uso de ben-


zilpiperazina no início dos anos 2000, um mercado legítimo surgiu
na Nova Zelândia.

Podcast transcrito
O empresário Matt Bowden é tido como o responsável
por apresentar em festas pílulas contendo a substância
benzilpiperazina como um produto comercial.
Anteriormente viciado em metanfetamina, Bowden,
com a ajuda de um neurofarmacologista não identificado,
percebeu que o derivado de piperazina poderia ser um
possível substituto de "baixo risco" para a metanfetamina
(BOWDEN, 2004; SHERIDAN, 2007).

Em 1999, Bowden fundou sua empresa na Nova Zelândia,


a Stargate International, que apresentou pílulas contendo
benzilpiperazina como uma alternativa legal e mais
segura às drogas ilícitas. Depois de se corresponder com
agências governamentais sobre a legalidade da substância,
até então não controlada, Bowden começou a comercializá-
la inicialmente como uma “ferramenta de redução de
danos” para ajudar usuários de metanfetamina a escapar de
seus vícios (BOWDEN, 2004; SHERIDAN, 2007).

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Nos anos seguintes, a benzilpiperazina se tornou popular entre os jovens
na cena dance/rave como um potente estimulante com propriedades
eufóricas, e o marketing da droga se expandiu rapidamente. À medida
que o consumo de benzilpiperazina foi aumentando, o produto químico
foi sendo combinado, na formulação de pílulas, com a 1-(3-trifluoro-
metil-fenil) piperazina (TFMPP), outra piperazina que, em combinação
com a benzilpiperazina, demonstrou produzir efeitos semelhantes ao
MDMA em camundongos (BAUMANN, 2005).

Os comprimidos e cápsulas que ficaram conhecidos como “party pills”


(pílulas para festas) podiam ser vendidos em qualquer lugar, em qual-
quer dose, para qualquer pessoa. Os produtos foram agressivamente
comercializados como uma legal high (droga legal), outro termo usado
para designar essas e outras substâncias psicoativas que não eram con-
troladas nacional ou internacionalmente e exibiam nomes de marcas
atraentes, como “Frenzy”, “Rapture” e “Charge” (KERR; DAVIS, 2011).

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Confira, a seguir, as estruturas químicas de substâncias do grupo de
piperazinas encontradas na Nova Zelândia e na Europa nos anos 2000.

ESTRUTURA QUÍMICA

HN N Cl

HN

N
N CF3
N
HN

Em 2008, o governo da Nova Zelândia decidiu criminalizar a venda


e posse da benzilpiperazina.

A benzilpiperazina chegou na Europa em 2004, mas foi outra pi-


perazina a mais difundida: a 1-(3-clorofenil) piperazina ou mCPP.
Em 2006, estimou-se que quase 10% dos comprimidos ilícitos
vendidos em países-membros da União Europeia, como parte do
mercado ilícito de ecstasy, continham mCPP. No final de 2008 e
início de 2009, essa percentagem parece ter aumentado para 50%
em alguns Estados-membros (EMCDDA, 2009).

O mCPP tinha uso industrial, sendo usado como matéria-prima para a síntese de vários
medicamentos antidepressivos.

Logo, não pôde ser submetido a uma avaliação de risco formal e controle de novas
substâncias psicoativas na época.

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RA Além de mCPP, a próxima piperazina substituída mais comumente
encontrada foi a TFMPP, embora quase sempre tenha sido vista em
Enquadre no seu celular
ou tablet o código de combinação com a benzilpiperazina (EMCDDA, 2009).
REALIDADE AUMENTADA
do aplicativo Zappar
Em 2008, diferentes misturas de derivados da piperazina tornaram-se
para assistir ao vídeo
de animação sobre um comuns, mas a maioria consistia em variações de benzilpiperazina,
Novo Paradigma na TFMPP, mCPP e dibenzilpiperazina, às vezes misturadas com outras
Comercialização das Novas substâncias como anfetaminas, cocaína, cetamina e MDMA.
Substâncias Psicoativas.

Os derivados de piperazinas promoveram uma mudança de paradigma


na comercialização das novas substâncias psicoativas, em virtude da
mudança da fonte de produção dessas substâncias. Essas drogas não
seriam fabricadas por laboratórios clandestinos, como as já descritas
anteriormente, mas sim por empresas legítimas de fornecimento de
produtos químicos, muitas das quais localizadas em países da Ásia
(KING; KICMAN, 2011).

A produção dessas substâncias passou a ocorrer em grande escala


e a custos mais baixos. Uma vez que, por definição, as substâncias
em questão não eram controladas pela legislação internacional
sobre drogas, sua produção e distribuição se tornariam cada vez
mais explícitas.

A venda ocorria em tabacarias ou head shops, lojas físicas onde era


comum o comércio dessas novas drogas, bem como em novos ca-
nais de venda que surgiram com o crescimento da internet (KING;
KICMAN, 2011).

A internet também estabeleceu um ambiente para a discussão aberta


sobre as propriedades e experiências de novas drogas. Foi nessa
época que apareceu o termo “research chemical”, ou produto quí-
mico para pesquisa.

PARA FIXAR

Fornecedores de novas substâncias passaram a buscar,


na literatura científica e no banco de patentes, produtos
farmacêuticos que não chegaram a ser comercializados,
com o intuito de avaliar a possibilidade de torná-los drogas
recreativas de uso legal, contratando empresas legítimas
de fabricação de produtos químicos para produzir novas
substâncias psicoativas em grande escala. Essas substâncias,
além de não constarem nas listas de substâncias controladas,
chegaram a ser vendidas como drogas legais (legal highs),
especialmente por meio da internet.

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2.2 DERIVADOS DE CATINONA

Em meados dos anos 2000, ficou claro que os fabricantes de novas


substâncias agora vasculhavam a literatura científica e bancos de
patentes no mundo em busca de produtos farmacêuticos que não
chegaram a ser comercializados (‘failed pharmaceuticals’ ou ‘designer
drugs’) (KELLY, 2011; DARGAN et al., 2011), com o intuito de avaliar a
possibilidade de torná-los drogas recreativas de uso legal. Isso ficou
evidente com o surgimento dos derivados de piperazinas, que logo
foram substituídos pelos derivados da catinona, entre eles a 4-me-
tilmetcatinona (mefedrona).

A substância catinona é o principal estimulante presente nas folhas do


arbusto khat (Catha edulis). Devido às suas propriedades psicoativas,
o khat é conhecido e utilizado há séculos pelos habitantes da África
Oriental e do nordeste da Península Arábica.

Homem não identificado vendendo khat (Catha


edulis) no mercado local em Lahij, Iêmen.
Foto: © Dmitry Chulov / Shutterstock.

SAIBA MAIS

Em muitas regiões, mastigar folhas de khat recém-


coletadas (liberando assim a catinona, que afeta o sistema
nervoso central) é considerado uma questão de cultura
e tradição local. Para conhecer mais sobre a cultura de
consumo do khat, acesse a matéria: “Khat: o narcótico que
já faz parte da cultura da Somalilândia”, do jornal Deutsche
Welle, disponível em: https://www.dw.com/pt-002/
khat-o-narc%C3%B3tico-que-j%C3%A1-faz-parte-da-
cultura-da-somalil%C3%A2ndia/g-18388473.

Devido à sua semelhança estrutural com a anfetamina, a catinona


e seus análogos são frequentemente chamados de ‘‘anfetaminas
naturais’’ (BRENNEISEN et al., 1990) e, assim como a anfetamina,
também são caracterizados por apresentarem propriedades estimu-
lantes, eufóricas e empatogênicas.

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21
Confira, a seguir, as estruturas químicas das substâncias catinona e
anfetamina e identifique as semelhanças entre as estruturas.

ESTRUTURA QUÍMICA

NH2 NH2

Devido às suas semelhanças estruturais, já era esperado que os derivados


de catinonas apresentassem efeitos semelhantes aos da anfetamina.
Por isso, os primeiros derivados sintéticos da catinona foram criados
para fins medicinais no início do século XX, antes mesmo do isola-
mento da catinona a partir das folhas de khat, que só ocorreu em 1975.

A síntese da metcatinona (efedrona) foi publicada em 1928, e a da 4-me-


tilmetcatinona (mefedrona) em 1929. Confira, a seguir, as estruturas
químicas da substância catinona e exemplos de catinonas sintéticas.

ESTRUTURA QUÍMICA

O O
R1
R3 R5
NH2 N
β
α R2

R4

O O

H H
N N

O
O
H O N
O N

O O

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22
O uso abusivo das catinonas sintéticas teve início com a metcatinona
na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) nas décadas de
1970 e 1980 (KELLY, 2011). A fabricação clandestina de metcatinona
apareceu pela primeira vez nos Estados Unidos, em Michigan, em 1991,
e foi seguida por problemas significativos de abuso no início dos anos
1990, o que provocou a inclusão da metcatinona na Lista I da Convenção
das Nações Unidas sobre Substâncias Psicotrópicas em 1995.

Assim, durante a década de 1990, o interesse por compostos rela-


cionados à catinona foi restrito a partes isoladas do mundo e a um
número limitado de substâncias derivadas da catinona. No entanto,
por volta do ano 2000, uma série de catinonas sintéticas surgiram
como “drogas legais” (KELLY, 2011).

A metilona apareceu para venda sob o nome comercial ‘Explosion’


por volta de 2004, no Japão e na Holanda (KELLY, 2011), e foi um dos
primeiros produtos a serem comercializados via head shops e pela
internet, o que proporcionou aos consumidores acesso às “drogas
legais” de maneira conveniente. As catinonas sintéticas eram ven-
didas como pós cristalinos brancos ou coloridos e, raramente,
como comprimidos ou cápsulas.

Os produtos contendo ingredientes ativos do grupo das


catinonas eram anunciados como ‘nutrientes vegetais’,
‘sais de banho’ ou ‘produtos químicos para pesquisa’
e muitos também traziam na embalagem uma nota de
advertência que seria ‘para uso externo’ ou ‘impróprio
para uso humano’.

Essas informações eram justapostas a um marketing sofisticado que


sugeria que elas poderiam ter outros usos, não deixando evidente

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23
que o produto se tratava de uma substância psicoativa, ludibriando,
assim, a fiscalização dos órgãos de saúde e segurança pública.

O grande destaque entre os derivados de catinonas detectados nos


anos 2000 foi a mefedrona (4-metilmetcatinona). A substância se
tornou comum nos pontos de venda em 2007 e 2008 e, em seguida,
houve um aumento sem precedentes no interesse pela droga em
certas partes do mundo, incluindo Israel, Austrália, Escandinávia,
Irlanda e Reino Unido.

RA As razões para o aumento do interesse nesta gama de derivados de


catinona (mais particularmente na mefedrona) foram atribuídas ao
Enquadre no seu celular
ou tablet o código de baixo custo, aos efeitos estimulantes semelhantes aos de algumas
REALIDADE AUMENTADA substâncias ilícitas, como anfetaminas e cocaína, e à diminuição do
do aplicativo Zappar para grau de pureza do MDMA e da cocaína.
assistir ao vídeo da autora
sobre a Comercialização
e Marketing de Derivados Além disso, o interesse por essa classe de substâncias foi ampliado
de Catinona como Drogas devido à sua situação legal, bem como à facilidade de obtenção dos
Legais.
derivados da catinona em head shops e lojas virtuais.

Nessa época, descobriu-se que muitos comprimidos vendidos como ecstasy,


que tradicionalmente tinham como princípio ativo a substância MDMA,
agora continham mefedrona.

O crescente interesse pelos derivados da catinona pode ser ilustrado pela


observação de que, em 2008, das 13 novas substâncias psicoativas notificadas
ao sistema europeu de alerta rápido, seis eram derivadas da catinona.

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24
Uma preocupação crescente sobre os riscos à saúde pública que po-
deriam ser causados pela mefedrona e outros derivados de catinona
levou os países onde seu uso era predominante a criarem uma série
de restrições. Um exemplo foi a decisão do governo do Reino Unido,
em abril de 2010, de controlar derivados de catinona como um grupo
coletivo (classe estrutural).

Com isso, todas as substâncias que apresentassem uma mesma es-


trutura química básica, com previsão de substituições específicas e
possíveis exceções, seriam automaticamente controladas, mesmo
que não estivessem nominalmente listadas na legislação (ADVISORY
CONTROL ON THE MISUSE OF DRUGS, 2010). Em 2015, a mefedrona
passou a ser controlada internacionalmente.

PARA FIXAR

O rápido surgimento e disseminação, a baixo custo, de uma


grande variedade de catinonas sintéticas com potencial
de causar risco à saúde provocou a necessidade de um
controle mais efetivo dessas substâncias. Com o objetivo
de frear o crescimento dessas novas drogas no mercado,
a classe de substâncias foi controlada a partir de sua
estrutura química básica.

2.3 CANABINOIDES SINTÉTICOS

Desde 2004, ou talvez um pouco antes, produtos intitulados como


‘misturas de ervas’ eram vendidos na Europa, principalmente em
lojas virtuais e do tipo ‘head shop’. Esses produtos se tornaram muito
populares, principalmente entre os jovens, e eram comercializados
sem restrição de idade.

Eles eram encontrados em diferentes versões da marca ‘Spice’ (EM-


CDDA, 2009), como Spice Silver, Spice Gold, Spice Diamond, Spice Arctic
Synergy, etc., bem como em outras preparações que alegavam possuir
uma composição semelhante ao ‘Spice’, como Yucatan Fire, Smoke,
Sence, ChillX, etc. Embora declarados como incensos ou aromatizadores
de ambientes, eram fumados pelos seus consumidores.

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25
Em fóruns na internet, usuários de drogas relatavam efeitos se-
melhantes aos da Cannabis (maconha) após fumar as misturas.
Apesar disso, os testes de drogas comumente usados nos laborató-
rios forenses não eram capazes de detectar quais eram as substâncias
presentes no material. Finalmente, em dezembro de 2008, grupos
de peritos e pesquisadores austríacos e alemães detectaram cana-
binoides sintéticos entre seus princípios ativos (AUWARTER, 2009;
UCHIYAMA, 2009; EMCDDA, 2009; STEUP, 2008).

Na época, foi um grande desafio detectar precisamente os princí-


pios ativos contidos no 'Spice' por meio das análises químicas que
eram realizadas nos laboratórios forenses. O ‘Spice’ supostamente
continha até 15 ervas diferentes, com diversos compostos mistu-
rados. Entre elas, supostamente havia as plantas Leonotis leonurus,
também conhecida como “Rabo-de-Leão”, e Pedicularis densiflora,
que, quando fumadas, apresentam efeito psicoativo.

Podcast transcrito
Em um experimento de autoadministração, pesquisadores
alemães ficaram surpresos com a potência da erva do tipo
‘Spice’ testada (AUWARTER, 2009). No entanto, a análise
química detalhada não conseguiu encontrar nenhuma das
substâncias esperadas com base nas plantas descritas na
rotulagem do produto.

A identificação dos princípios ativos foi ainda mais difícil


pela falta de material de referência de substâncias tão
pouco conhecidas na época. Também é possível que
agentes mascaradores, como tocoferol (vitamina E),
tenham sido adicionados para dificultar a detecção do
canabinoide sintético.

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26
No final de 2008, alguns laboratórios identificaram os aditivos sin-
téticos presentes em produtos do tipo ‘Spice’. Os compostos encon-
trados na primeira geração de produtos ‘Spice’ foram o homólogo C8
do canabinoide CP-47497 (UCHIYAMA, 2009).

O primeiro canabinoide sintético controlado internacionalmente foi


o JWH-018, a partir do ano de 2015 (UNITED NATIONS ON NARCOTIC
DRUGS, 2015). Logo depois que essas substâncias foram colocadas
sob controle legal em vários países, muitos outros compostos apa-
receram no mercado. Desde então, o número de novos canabinoides
sintéticos tem aumentado continuamente.

(y)

Quantidade de canabinoides
sintéticos

(x)
Tempo

Confira, a seguir, as estruturas químicas de alguns canabinoides,


observando que o tetrahidrocanabinol (THC) é um canabinoide de
ocorrência natural encontrado na planta Cannabis (maconha) e os
demais são canabinoides sintéticos.

ESTRUTURA QUÍMICA

OH O

Tetrahidrocanabinol (THC) JWH-018

OH OH

OH
OH

CP‐47497 CP‐47497 homólogo C8

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27
É importante destacar que o ‘Spice’ era composto por ervas secas
acrescidas de ingredientes psicoativos que não estavam descritos
nas embalagens do produto, não eram controlados e, em sua maioria,
não foram testados.

Por não terem sido testados, não se tinha conhecimento


sobre os riscos que estes compostos poderiam causar à
saúde humana. Contudo, por ser vendido como “produto
natural”, muitos usuários acreditavam que o ‘Spice’ se
tratava de um produto seguro.

Além disso, o processo de adição de pequenas quantidades de aditivos


sintéticos em material vegetal seco provavelmente acarreta distribuição
heterogênea do canabinoide sintético na erva. Portanto, a concentração
da substância psicoativa podia variar de um lote para outro ou até
mesmo em diferentes porções da mistura de ervas.

O caso ‘Spice’ fornece um importante estudo de caso sobre como


a globalização e a inovação no mercado de drogas apresentam um
desafio crescente para as abordagens de monitoramento, resposta
e controle do uso de novas substâncias psicoativas.

PARA FIXAR

Produtos contendo canabinoides sintéticos eram vendidos


legalmente como produtos naturais sob a alegação de que se
tratava apenas de uma “mistura de ervas”. Esses produtos
trouxeram aos laboratórios um novo desafio, pois foi
observada uma grande dificuldade na detecção da substância
psicoativa impregnada nesses materiais. Além disso,
eles rapidamente se tornaram populares em diversos países
da Europa, demonstrando se tratar de um fenômeno global.

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28
UNIDADE 3
ADOÇÃO DO TERMO “NOVAS
SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (NSP)”
E O CENÁRIO ATUAL

CONTEXTUALIZANDO

No ano de 2005, já era evidente para a União Europeia (UE) a necessidade


de identificar as tendências emergentes sobre drogas com o objetivo
de prever futuros problemas. O crescente aumento de substâncias que
poderiam constituir uma ameaça para a saúde pública despertou na
Europa a necessidade de atualização do seu Sistema de Alerta Rápido
(SUMNALL; EVANS-BROWN; MCVEIGH, 2011; OEDT, 2005).

Esse sistema era e ainda é baseado em intercâmbio de informações


entre os Estados-membros da UE, avaliação de riscos e controle de
novas substâncias psicoativas (EMCDDA, 2020). Um exemplo de si-
tuação que demonstrou a necessidade e a importância de informações
obtidas por meio de Sistemas de Alerta Rápido foi a rápida expansão
da substância mCPP (1-(3-clorofenil)piperazina) na Europa em 2005.

Podcast transcrito
O aparecimento da mCPP mostrou que as pessoas
envolvidas na produção de drogas procuram inovar
constantemente, criando novas substâncias químicas
que possam ser introduzidas no mercado. Esse processo
de inovação recorrente de novas substâncias exigia
uma resposta rápida, pois cada nova substância
desenvolvida poderia gerar efeitos ainda desconhecidos,
mas potencialmente danosos à saúde humana.

O Sistema de Alerta Rápido criado pela decisão do Conselho Europeu


(2005/387/JAI) constituiu, assim, em um mecanismo importante para
intervir num processo em que a saúde dos jovens europeus era posta
em risco por aqueles que procuravam obter lucros contornando os
mecanismos de controle de drogas existentes na época (SUMNALL;
EVANS-BROWN; MCVEIGH, 2011).

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29
3.1 A DEFINIÇÃO DE NOVAS SUBSTÂNCIAS
PSICOATIVAS

Neste módulo, vimos diversos nomes que foram dados às novas


substâncias psicoativas:

legal
highs

research designer
chemicals drugs

Outras
designações
das novas
substâncias
psicoativas
herbal failed
highs pharmaceuticals

party
pills

Trata-se de nomes diferentes por serem grupos de compostos dis-


tintos, seja com relação às suas estruturas químicas, seja com relação
aos efeitos ou a determinadas características, ou ainda devido ao
contexto em que cada substância foi inserida no mercado de drogas.

Conforme vimos no Módulo 1, as novas substâncias


psicoativas são drogas com potencial de abuso, na forma
pura ou em preparações (misturas), que não são controladas
nos termos da Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961
ou pela Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971,
mas que podem constituir uma ameaça à saúde pública.

A Decisão 2005/387/JAI do Conselho da União Europeia foi um dos


primeiros documentos a trazer claramente a definição de novas
substâncias psicoativas, apresentada em seu art. 3º:

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30
Decisão 2005/387/JAI do Conselho,
de 10 de maio de 2005
Definições

Para efeitos da presente decisão, entende-se por:

a) Nova substância psicoativa, um novo


estupefaciente ou um novo psicotrópico, puro ou
numa preparação;

b) Novo estupefaciente, uma substância, pura ou


numa preparação, não enumerada na Convenção
Única das Nações Unidas de 1961 sobre os
estupefacientes e que possa constituir uma ameaça
para a saúde pública comparável à das substâncias
constantes das listas I, II ou IV;

c) Novo psicotrópico, uma substância, pura ou


numa preparação, não enumerada na Convenção
das Nações Unidas de 1971 sobre substâncias
psicotrópicas, e que possa constituir uma ameaça
para a saúde pública comparável à das substâncias
constantes das listas I, II, III ou IV [...].

Essa Decisão do Conselho da UE substituiu a Ação Comum de 1997,


ação que, desde 1999, havia implementado o Sistema de Alerta Precoce
europeu (Early Warning System – EWS), que já monitorava novas drogas
sintéticas. O sistema, além de detectar as novas drogas que surgem no
mercado de droga europeu, também monitora as novas tendências
potencialmente prejudiciais do consumo de substâncias psicoativas.

Assim, a Decisão 2005/387/JAI do Conselho reuniu, em um conceito


único, substâncias de diversos grupos, baseando-se na ausência de
controle internacional, e estabeleceu procedimentos para o inter-
câmbio de informações, avaliação de riscos e controle de NSP (Sistema
de Alerta Rápido).

3.2 O CENÁRIO ATUAL DAS NOVAS


SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

RA Tem-se observado, nos últimos anos, uma estabilização no ritmo de


Enquadre no seu celular
introdução de novas substâncias psicoativas no mercado. Ainda assim,
ou tablet o código de continuam a ser detectadas anualmente pelo Sistema de Alerta Rápido
REALIDADE AUMENTADA da União Europeia mais de 50 novas substâncias psicoativas nunca
do aplicativo Zappar para
antes detectadas (OEDT, 2020).
assistir ao vídeo da autora
sobre Detecção de Novas
Substâncias Psicoativas pelo Além disso, todos os anos são detectadas no mercado europeu cerca de
Sistema de Alerta Rápido.
400 das novas substâncias psicoativas já anteriormente notificadas.
Essas substâncias são encontradas em uma ampla variedade de tipos

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31
de drogas e não são controladas pelas leis internacionais sobre drogas.
Incluem estimulantes, canabinoides sintéticos, benzodiazepinas,
opiáceos, alucinógenos e dissociativos.

O gráfico a seguir mostra o número de novos compostos comunicados


anualmente ao Observatório Europeu da Droga e da Toxicodepen-
dência. Ao todo, foram 790 novas substâncias psicoativas até 2019.

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019
0 20 40 60 80 100
Catinonas Canabidioides Fenetilaminas Opiáceos Triptaminas Benzodiazepinas Piperazinas
Arilalquilaminas Aminoindanos Plantas e extratos Piperidinas e pirrolidinas Arilciclohexilaminas Outras substâncias

Número e categoria de novas substâncias notificadas


pela primeira vez ao mecanismo de alerta rápido da UE.
Fonte: Adaptado de OEDT (2020).
Já o gráfico a seguir mostra o número total de novas substâncias
psicoativas detectadas a cada ano.

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Catinonas Canabidioides Fenetilaminas Opiáceos Triptaminas Benzodiazepinas Piperazinas


Arilalquilaminas Aminoindanos Plantas e extratos Piperidinas e pirrolidinas Arilciclohexilaminas Outras substâncias

Número e categoria de substâncias detectadas


todos os anos, após sua primeira detecção.
Fonte: Adaptado de OEDT (2020).
32
PARA FIXAR

As novas substâncias psicoativas são drogas com potencial de


abuso que não são controladas pelas principais convenções
internacionais sobre drogas e que podem constituir uma
ameaça à saúde pública. Nos últimos anos, tem ocorrido uma
estabilização no ritmo de introdução de novas substâncias
psicoativas no mercado, o que pode ser uma consequência
dos diferentes mecanismos de controle adotados pelos
países. Ainda assim, a cada ano, novas substâncias
continuam sendo desenvolvidas e disseminadas.

Vimos, nas Unidades 1 a 3, importantes aspectos históricos das novas


substâncias psicoativas. Para auxiliar na fixação da sua aprendi-
zagem, sintetizamos alguns desses aspectos numa linha do tempo.
Confira a seguir.

Criação do termo “designer drugs”.


(EUA - derivados de fentanila).
1984
Publicação do livro PIHKAL.
“Período das feniletilaminas”
(Europa e EUA).
1991
Publicação do livro TIHKAL
(Triptaminas EUA e Europa).
1997
Surgimento de derivados de
piperazinas na Europa.
2004
Adoção do termo “New Psychoactive
Substances”.
2005 Explosão das catinonas sintéticas
e identificação de canabinoides
sintéticos na Europa.

Tendência de estabilização do ritmo


2008
de introdução de novas substâncias
psicoativas no mercado.
2019

Você finalizou este módulo, siga adiante e continue seus estudos!

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33
REFERÊNCIAS

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REALIZAÇÃO

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