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A REPRESENTAÇÃO VISUAL DO ÍNDIO NO LIVRO DIDÁTICO

Rosemeire Ramos1
Edméia Aparecida Ribeiro2

RESUMO: Esse artigo tem como intenção relatar a experiência sobre a implementação do
projeto de intervenção pedagógica executado durante o Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, aplicado em uma turma do nono ano do Ensino Fundamental do
Colégio Estadual Professora Vani Ruiz Viessi, no município de Londrina-PR. Em um
contexto que a lei nº 11.645/2008 estabelece à obrigatoriedade do ensino da História e
Cultura dos povos indígenas do Brasil e a forma como estes são representados nos livros
didáticos motivaram a abordagem dessa temática. As atividades realizadas tiveram como
objetivo a utilização do livro didático como fonte e a análise da representação visual do índio
no livro didático, com o intuito de promover a identificação de estereótipos relacionados a
ele e a reflexão sobre a história, bem como aspectos da cultura e da vida dos povos
indígenas no Brasil na atualidade, visando despertar nos educandos atitudes de respeito e
valorização da sabedoria nativa. As estratégias de estudo foram variadas como:
interpretação de textos, análise de imagens, pesquisa no laboratório de informática,
reportagens, música, vídeos e também conteúdos considerados relevantes para o
aprendizado. Esta pesquisa está fundamentada em autores que contribuíram efetivamente
para o estudo deste tema, como: Bittencourt (2008), Burke (2004), Grupioni (1995), Monteiro
(1994), Mota (2009), entre outros.

Palavras-chave: Implementação pedagógica. Livro didático. Imagens. Indígenas.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo é resultado do projeto de intervenção pedagógica intitulado


“A Representação visual do índio no livro didático”, desenvolvido durante o
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, oferecido pela Secretaria de
Estado da Educação do Estado do Paraná. Este estudo teve como pressuposto
inicial ter se tornado obrigatório na Lei nº 11.645/2008 (BRASIL, 2008), que
estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura dos povos indígenas do
Brasil, no currículo oficial da rede de ensino público e privado, em todo território
brasileiro, assim como consta nas Diretrizes Curriculares do ensino de História da
Educação Básica do Estado do Paraná.

1
Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, licenciada em História pela Universidade Estadual de
Londrina, Especialização em Metodologia da Ação Docente pela Universidade Estadual de Londrina,
Especialização em EJA – Educação de Jovens e Adultos pelo Centro Universitário Barão de Mauá.
Contato:rose_meire_ramos@hotmail.com
2
Graduada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mestrado e Doutorado pela UNESP/ASSIS e
professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Posteriormente, por ser um tema que me chamou a atenção pela forma
como os indígenas são representados, mostrados nos livros didáticos, é perceptível
um silêncio de sua historicidade, eventualmente retratados como se pertencessem
ao dia da chegada dos portugueses aqui no Brasil, ou seja como se não tivessem
passado por tantas transformações. Essa disparidade entre o que é retratado nos
livros didáticos com o dia a dia dos povos indígenas pode ser exemplificada nas
seguintes situações: 1) quando observamos índios em universidades que dominam
vários tipos de tecnologias, 2) ao nos depararmos com indígenas morando em beira
de lagos em centros urbanos, como meros pedintes, entre outras condições da
marginalidade.
Para esta pesquisa foram utilizadas como corpus duas coleções de livros
didáticos de História PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) 2017 anos finais
do Ensino Fundamental – História: Sociedade e Cidadania, de Alfredo Boulos Júnior
(2015) e Projeto Araribá: História, obra coletiva concebida e produzida pela Editora
Moderna (APOLINÁRIO, 2014).
O objetivo deste estudo foi analisar a representação visual do índio no livro
didático, visando a análise e reflexões de alunos (as) sobre a história da cultura
indígena no Brasil, no que diz respeito a estereótipos relacionados aos índios,
aspectos da cultura e da vida destes na atualidade e a conscientização de que
vivemos em uma sociedade pluriétnica, estimulando atitudes de respeito.
A problemática que norteou esta pesquisa foi o fato de, ao longo dos vários
anos de atuação como professora de História na Rede Estadual de Ensino, verificar
que os livros didáticos apresentam uma visão idealizada do índio brasileiro, nos
quais são caracterizados como se vivessem em um espaço propício para a
realização de seus rituais, com farta alimentação, longe da contaminação por
mercúrio utilizado em garimpos clandestinos, da água potável e muito mais. De
modo geral tais imagens trazem indígenas com expressões felizes, como se
estivessem fora da realidade como perseguições e mortes na disputa de terras por
fazendeiros.
A história necessita estudar de modo mais significativo os sujeitos que
contribuíram para a construção da cultura desses povos. É notório que os índios já
estavam aqui quando os portugueses aportaram suas naus em solo brasileiro,
apesar dos embates culturais e o tratamento desumano do europeu dispensado aos
povos indígenas, seus descendentes estão vivos, atuantes, na busca de vencer a
invisibilidade e os obstáculos enfrentados nas várias esferas da sociedade brasileira,
rumando para a transformação e construção de uma história futura.
Diante do exposto, algumas questões nortearam a investigação. A primeira
delas foi questionar de que forma os indígenas vêm sendo representados
visualmente nos livros didáticos?
Outras questões pertinentes refletidas foram: Quais as imagens, ideias que
os livros didáticos têm apresentado sobre os indígenas? O que essas imagens
escondem? O que elas não nos “falam”?
Foram essas as questões principais que conduziram este trabalho, com o
intuito de promover reflexões com a comunidade escolar do Colégio Estadual
Professora Vani Ruiz Viesse – Ensino Fundamental e Médio, onde ocorreu a
Intervenção Pedagógica proposta nesta pesquisa, no primeiro trimestre do ano de
2017, contemplando alunos (as) do 9º ano do Ensino Fundamental.
Dessa forma o trabalho aqui apresentado encontra-se dividido em quatro
seções. Na primeira, intitulada: “Representação dos povos indígenas na sociedade”,
destaca-se a importância do estudo da história dos povos indígenas que tiveram sua
contribuição significativa não só no Brasil, mas no mundo.
A segunda seção tem como título: “Presença indígena no livro didático”, que
discorre sobre a importância das imagens indígenas nos livros didáticos, as quais,
além de serem fontes históricas, são acervos de memória contemplando o contexto
cultural indígena.
Na terceira seção: Prática na de aula, é relatada a implementação do
projeto, com as atividades realizadas pelos alunos (as) de uma turma no nono ano
do ensino fundamental II do Colégio Estadual Professora Vani Ruiz Viesse, no
primeiro trimestre do ano de 2017, efetuando-se em oito encontros.
A quarta seção contempla a mediação da formação continuada na
modalidade a distância por meio do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, realizada
por professores (as) da Rede estadual de Ensino a partir dessa temática, oferecendo
muitas contribuições significativas. Enfim nas considerações finais foram feitas
análises dos resultados encontrados nesta pesquisa.
2 REPRESENTAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS NA SOCIEDADE

Em 2008 surgiu a Lei n. 11.645/08, que inclui no currículo oficial a


obrigatoriedade do ensino da história e cultura dos povos indígenas do Brasil
(PARANÁ, 2008, p. 45), mas ainda é perceptível a preponderância de uma história
eurocêntrica, proporcionada pelo silêncio, na prática docente, em relação ao estudo
da etnia indígena por parte de muitos educadores. Nesse sentido ressalte-se que é
preciso dar visibilidade a todos os sujeitos e suas práticas, que, por sua vez, são
construtores da história. Segundo Monteiro (1994, p. 227):

Na reavaliação das sociedades indígenas e das políticas


indigenistas, a historiografia tem, e terá, um papel fundamental,
decisivo até. Pois cabe aos historiadores, através de uma revisão
séria das abordagens vigentes, que relegam os índios a um papel
fugaz e mal explicado [...], não apenas resgatar esses esquecidos da
história, mas antes redimir a própria historiografia de seu papel
conivente na tentativa, fracassada, de erradicar os índios.

A descoberta da América permitiu um encontro entre dois mundos desiguais,


com simbologias e valores distintos que, muitas vezes, se excluíam (TODOROV,
1996). Assim a Europa dos séculos XV e XVI possuía um imaginário simbólico
carregado de crenças vinculadas ao maravilhoso. O mundo era restrito a uma
pequena porção do globo terrestre, pois grande parte era desconhecido, fato que
consentia uma série de especulações (O'GORMAN, 1992).
Com a chegada dos europeus em território americano, esse imaginário se
acentuou, transmitindo para a colônia uma variedade de intensas representações do
real. A partir disso várias representações sobre os povos indígenas começaram a
ser construídas. Para Giulia Lanciani (1991), a necessidade de traduzir algo
estranho para um sistema simbólico diante da nova terra e das pessoas que aqui se
encontravam foi descrito por escritores desse período, que criaram duas imagens
que se tornaram típicas para essas discussões: o bom e o mau selvagem.
Segundo Magalhães (1999), tais representações estavam carregadas de
elementos que os diferenciavam dos cristãos europeus. A leitura feita, por meio
dessa diferença, era a partir da ideia de falta, isto é, do que estava “ausente” no
outro. Para Souza (1986), o colono tratava o indígena como uma espécie selvagem
e inferior. A religiosidade deste era considerada como irracional, porém, com
características humanas quando aquele percebia uma possível cristianização. Em
suma o índio era considerado um ser humano com capacidade de conversão,
ignorando-se as especificidades culturais e criando-se uma identidade a partir dessa
igualdade, definida pelas normas cristãs e não indígenas.
No século XIX, os índios passaram a ser vistos como primitivos, ficando os
europeus com o título de povos “civilizados”. Nesse contexto os europeus
impuseram a sua visão de mundo e, nas suas representações, excluíram o diferente.
De acordo com Novaes (1999, p. 10): “tomavam o objeto como algo
representado e imaginado pelo sujeito. Não havia propriamente um trabalho de
pensamento a exigir reflexão em torno do que era visto”. Existia, assim, uma
apropriação de determinados valores e ideias e a consequente edificação imaginária
sobre a alteridade. Em decorrência dessas construções, os povos indígenas
passaram a ser estudados nas instituições de ensino quase sempre ou no passado
ou em função do colonizador, cuja representação reforça a tendência etnocêntrica
da história. Segundo Grupioni (1998, p. 13):

Dos descobridores aos nossos contemporâneos, as sociedades


indígenas foram, quase sempre, projetadas ao lado da natureza por
uma cultura incapaz de acolher a alteridade. Figuras como a de
bárbaros, bons selvagens, primitivos e arcaicos foram elaborados
nesse processo de contato, pacificação e convívio experimentado
pelas populações nativas no Novo Mundo após a chegada e
instalação dos europeus.

Com isso os povos indígenas foram reduzidos a uma participação pouco


significativa em nossa história e no cotidiano escolar, constituindo-se geralmente
como coadjuvantes, vítimas indefesas, dominados, aldeados e sem autonomia.
Essas interpretações construíram uma imagem estática dos índios com tendência a
afastá-los cada vez mais da história.

3 PRESENÇA INDÍGENA NO LIVRO DIDÁTICO

A representação do índio pode ser encontrada em muitos livros didáticos de


História, e, no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem, é um
importante instrumento. Para Freire (2002), a representação que cada brasileiro tem
do índio é prioritariamente aquela que foi transmitida na sala de aula, com a ajuda
do livro didático. Assim, as aulas de histórias são as principais responsáveis pela
representação indígena no Ensino Fundamental. Para Bittencourt (1993, p. 109):

O livro didático tornou-se, rapidamente, o texto impresso de maior


circulação, atingindo uma população que se estendia por todo o país.
A obra didática caracterizou-se, desde os seus primórdios, por
tiragens elevadas comparando-se à produção de livros em geral. A
circulação dos livros escolares superava todas as demais obras de
caráter erudito, possuindo um status diferenciado e até certo ponto
privilegiado, considerando-se que a sociedade se iniciava no mundo
da leitura.

Chartier (1990) enfatiza a força que um texto impresso possui em gerar


sentidos que, quando dados pelos leitores, acontecem depois do sistema de
representação que a eles é apresentado, oriundo de sua cultura. Assim a
representação do mundo social é determinada pela relação de interesse do grupo
que a produz.
A História Cultural, por sua vez, proporcionou a ampliação das fronteiras
entre as diversas áreas e, consequentemente, uma variedade de abordagens e
fontes propiciando vários estudos. Segundo Burke, “o terreno comum dos
historiadores culturais pode ser descrito como a preocupação com o simbólico e
suas interpretações” (BURKE, 2005, p. 10).
Dessa forma as representações são produzidas, e, assim envolvem as
maneiras pelas quais as sociedades imprimem seus valores, práticas e suas
concepções de mundo. O conceito de representação é uma categoria central na
História Cultural e é manifestada por padrões, normas, instituições, imagens,
cerimônias. De acordo com Pesavento (2005, p. 40), representar é, pois,
“fundamentalmente, estar no lugar de, é presentificação de um ausente; é um
apresentar de novo, que dá a ver uma ausência”. Entretanto a representação é uma
construção que também encobre ordenamento, identificação, legitimação e
exclusão.
Assim percebemos que o livro didático não é uma produção neutra, pois,
traz consigo condicionantes das políticas educacionais vigentes, do mercado
editorial, das concepções teórico-metodológicas do autor, enfim, de uma série de
fatores que influenciam essa produção. Desse modo, para Chartier (1990, p. 24):
No ponto de articulação entre o mundo do texto e o do sujeito coloca-
se uma teoria da leitura capaz de compreender a maneira em que os
discursos afetam o leitor e o conduzem a uma nova norma de
compreensão de si e do mundo.

O livro didático é hoje o principal instrumento utilizado em sala de aula, tanto


pelos (as) professores (as) como por alunos (as). É nele que o conteúdo escolar se
encontra sistematizado e os conhecimentos e técnicas fundamentais para dada
sociedade é transmitida para as novas gerações (BITTENCOURT, 1997, p. 72).
Deve assim ser entendido como portador de um sistema de valores, de ideologias e
culturas, reproduzindo os interesses e o saber oficial impostos por setores da
sociedade (BITTENCOURT, 1997), podendo ser considerado como instrumento de
legitimação e poder, além de representativo de universos culturais específicos.
(FONSECA, 1999). Nas palavras de Thais Nívea de Lima e Fonseca (1999, p. 204):

Ao lado de outras fontes - jornais e revistas, iconografia, discursos e


obras teóricas - os manuais didáticos apresentam-se como parte
essencial de uma determinada formação política e de um
determinado contexto cultural.

Atualmente conflitos étnicos e religiosos aliados a um mundo cada vez mais


globalizado nos levam a uma preocupação com a alteridade, fazendo-se necessário
refletir acerca da diferença. Contudo vale destacar que o livro didático se constitui,
para grande parte das pessoas, como fonte única de informações sobre outras
culturas e povos, contribuindo significativamente para a formação de uma imagem
sobre o outro (GRUPIONI, 1995, p. 486).
Segundo Grupioni (1995), em quase todos os livros didáticos existem
afirmações que combatem o racismo e o preconceito, com ações que reforçam o
respeito e a tolerância com o diferente. Porém, de acordo com o autor, devido às
dificuldades de se lidar com as diferenças étnicas e sociais, a alteridade é colocada
no passado, tornando-se distante de nossa realidade. Nesse contexto o índio é
considerado como algo estranho, que teria vivido em uma época e lugar distante do
nosso, o que contribuiria para uma visão preconceituosa, entendida como um
conceito ou juízo formado antes de se reunir informações suficientes sobre
determinado assunto.
Bittencourt (1997) ressalta a importância das imagens dos livros didáticos de
História como recurso pedagógico. A autora ainda salienta que a transformação das
ilustrações dos livros didáticos em materiais didáticos específicos pode contribuir
para o sucesso do trabalho docente, a fim de formar leitores e leitoras dotados (as)
de características como criticidade e autonomia, em relação a textos históricos.
Nas últimas décadas, as imagens têm-se tornado fontes importantes de
pesquisa historiográfica, além de serem consideradas recurso pedagógico mediador
de saberes e acervos de memória. Para Bittencourt (2008, p. 364):

O universo iconográfico é demasiadamente extenso e envolve


inúmeros tipos de imagens. Os métodos de análise dessas diferentes
imagens necessitam estabelecer relações com outras fontes,
notadamente com textos escritos. Lembrando o caso das imagens
nos livros didáticos, as vinhetas e legendas das imagens postas à
disposição nas páginas dos livros fornecem leituras diferenciadas de
uma mesma gravura, foto ou mapa, de acordo com as informações
nelas contidas.

Dessa forma verifica-se o quanto é desafiador o trabalho com imagens, as


quais, na maioria das vezes, passam despercebidas pelo docente de História, que
se detém mais aos textos. De acordo com Peter Burke (2004, p. 18):

Imagens são testemunhas mudas, e é difícil traduzir em palavras


(seu testemunho. Elas podem ter sido criadas para comunicar uma
mensagem própria, mas historiadores não raramente ignoram essa
mensagem a fim de ler as pinturas nas “entrelinhas” e aprender algo
que os artistas desconheciam estar ensinando. Há perigos evidentes
nesse procedimento. Para utilizar a evidência de imagem de forma
segura, e de modo eficaz, é necessário, como no caso de outros
tipos de fonte, estar consciente das suas fragilidades.

Em outras palavras as imagens constituem uma forma importante de


evidência histórica, registrando atos de testemunho ocular, muitas vezes omitindo
situações adversas.

4 PRÁTICA NA SALA DE AULA

A implementação do projeto “A representação visual do índio no livro


didático” foi realizada no Colégio Estadual Professora Vani Ruiz Viessi – Ensino
Fundamental e Médio, localizado no município de Londrina, no Estado do Paraná,
que atende 601 alunos matriculados, em sua grande maioria oriundos da zona
urbana e bairros próximos da escola. O projeto, no entanto, contemplou uma turma
do nono ano do Ensino Fundamental II.
Foram oito encontros que oportunizaram atividades variadas como:
interpretação de textos, análise de imagens, pesquisas no laboratório de informática,
reportagens, músicas, vídeos, confecção de história em quadrinhos e cartazes sobre
o tema estudado, durante a implementação, e também a abordagem de conteúdos
considerados relevantes para o aprendizado, na tentativa de motivar e instigar os
alunos a discutir questões relativas à desvalorização, aos preconceitos e às ideias
equivocadas sobre o índio brasileiro presente em nossa sociedade.
No primeiro encontro houve uma apresentação e o esclarecimento do
projeto com explanação do tema a ser estudado pelos alunos (as) do 9º ano do
Ensino Fundamental, com diálogo e questionamentos referentes ao assunto, dando
oportunidade para que expressassem suas ideias. Nesse encontro foi realizada uma
atividade para identificar os conhecimentos prévios deles (as) a respeito do tema. Os
registros foram obtidos a partir de um diálogo entre o grupo, pautados em algumas
perguntas apontadas pela professora. Em seguida, fizeram a leitura e interpretação
do texto: “O índio na história do Brasil” (GRUPIONI, 1995, p. 489-490) que retrata a
contribuição histórica do índio para a formação do país. A finalização do encontro
ocorreu com a exibição do vídeo: Índios no Brasil - filhos da terra (ÍNDIOS..., 2013),
logo após foram realizadas discussões sobre texto e vídeo.
O segundo encontro teve como objetivos proporcionar aos alunos (as) a
análise dos estereótipos relacionados aos índios, refletir sobre o valor de outras
culturas, estimulando atitudes de respeito, ressaltando a importância da cultura
indígena para o povo brasileiro. Para tanto houve a apresentação do vídeo: Povos
indígenas - conhecer para valorizar (POVOS..., 2013). Na sequência houve um
debate sobre os pontos mais relevantes do vídeo. Para aprimorar os conhecimentos
dessa temática, fizeram a leitura e discussão do texto: “Redução do preconceito” –
(GRUPIONI, 1995, p. 492).
No terceiro encontro os objetivos principais foram usar o livro didático como
fonte e trabalhar imagens como fonte histórica. Houve a elaboração juntamente com
os (as) alunos (as) dos critérios para a análise das representações visuais do índio
nesse tipo de texto. Antes, no entanto, foram elencados os elementos que seriam
analisados nele, como: vestimenta, trabalho, condição social, moradia, educação,
alimentação, lazer e adornos. Os alunos (as) foram organizados em duplas e cada
uma ficou responsável por fazer a análise de uma imagem, indicada pelo professor,
do livro didático, de acordo com os critérios estabelecidos anteriormente. Após
concluírem, houve uma apresentação oral da análise das imagens para os demais.
Dando sequência a essa atividade, no quarto encontro, os (as) alunos (as)
refletiram sobre os aspectos da cultura e da vida dos indígenas no Brasil na
atualidade. Nesse sentido realizaram pesquisas no laboratório de informática a
respeito das etnias analisadas em imagens de índios, seguindo critérios
estabelecidos anteriormente, além de indígenas que executaram ou executam
atividades diferentes na sociedade brasileira, ou seja, pesquisaram índios que
entraram no mercado de trabalho, em universidades, entre outras profissões.
Utilizando o resultado das análises realizadas desse encontro, foram produzidas de
forma muito significativa e criativa histórias em quadrinhos em dupla.
No quinto encontro houve um debate sobre as consequências da expulsão
dos indígenas de suas terras, instigando alunos (as) à reflexão sobre o espaço
destinado aos indígenas e a importância da demarcação de seu território. Esse
encontro trouxe um levantamento de alguns tipos de violências sofridas pelos índios
no Brasil, por esse motivo foi disponibilizada aos alunos a reportagem: “Indígenas
acusam fazendeiros de morte de guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul” –
(BEDINELLI, 2016). Por meio da leitura e interpretação dela os alunos (as) puderam
perceber que os índios ainda sofrem muito preconceito e perseguição. Após foi
exibido um documentário: Xetá, Curta-metragem, (XETÁ..., 2011), sobre a
população indígena.
Ressaltando a luta dos indígenas por seu espaço, sua moradia e seu modo
de vida, o sexto encontro teve como objetivos perceber a relação do índio com seu
habitat, utilizando recursos de que dispõe para sua sobrevivência, bem como refletir
sobre as várias formas de violência contra os indígenas nos dias atuais e promover
a reflexão sobre as consequências da contaminação deles por mercúrio utilizado em
garimpos clandestinos. Os alunos (as) realizaram a interpretação e o estudo da
música do grupo Legião Urbana Índios (LEGIÃO URBANA, 2016) e após assistiram
a um documentário intitulado: O povo Yanomami está contaminado por mercúrio de
garimpo, ISA – Instituto Socioambiental, (O POVO..., 2016), em seguida foi feita a
discussão a respeito do vídeo.
O sétimo encontro foi voltado à população indígena do estado do Paraná,
com os objetivos de conhecer os povos desse contingente que habitaram e habitam
esse estado, proporcionar reflexões sobre a história da cultura e condições de vida
dos povos indígenas do Estado do Paraná nos dias atuais. Os (as) alunos (as)
realizaram o estudo do texto: “As primeiras populações no Paraná” (MOTA, 2009, p.
77-85) e assistiram o documentário: Indígenas do Estado do Paraná (INDÍGENAS...,
2014), após realizaram discussões sobre texto e vídeo.
No oitavo e último encontro os (as) alunos (as) usaram a criatividade para
socializar os conhecimentos adquiridos neste projeto com a comunidade escolar. A
partir das abordagens realizadas na intervenção, foram reconhecidas mudanças,
atitudes e conceitos quanto às questões indígenas, assim confeccionaram cartazes
expressando um novo olhar sobre a real situação vivenciada pelos povos indígenas,
bem como as contribuições destes para a formação da sociedade brasileira.
Encerrando os trabalhos, ocorreu a exposição para a comunidade escolar de tudo o
que realizaram neste projeto.

5 CONTRIBUIÇÕES DO GRUPO DE TRABALHO EM REDE – GTR

O GTR (grupo de trabalho em Rede) é um curso oferecido para os


professores da Rede Estadual de Educação, na modalidade de ensino a distância
em que o professor PDE atua como professor tutor mediando as atividades. A
temática do GTR é feita a partir do projeto de intervenção do professor PDE, que
tem o objetivo de oferecer contribuições significativas para os participantes com
atividades de fóruns, elaboração de plano de ação, entre outras atividades.
Inicialmente foi solicitado aos colegas cursistas que lessem o relato de
intervenção e apontassem o que diferiu nas ações de implementação daquilo que
estava previsto no projeto de implementação da escola. Nesse momento foi
necessário que eles comentassem as mudanças realizadas se foram positivas ou
não. Cada professor contribuiu efetivamente nessa atividade, descrevendo ações
baseadas em fundamentação teórica.
A maioria dos professores elencou como ponto positivo do relato de
implementação o uso da internet como uma boa opção para fonte de pesquisa,
apesar da resistência de alguns professores em se adequar ao uso das tecnologias
na educação, o recurso pode contribuir para a aprendizagem de forma efetiva. “Na
internet encontramos dados mais atualizados sobre as condições de vida das
comunidades indígenas”, relatou o professor A.
A contribuição dos professores ainda foi além, pois ressaltaram as dinâmicas
na realização das atividades como recursos diferenciados que contribuem para
despertar o interesse do (a) aluno (a), instigando a busca por novos conhecimentos,
bem como o respeito à diversidade étnica e de gênero. Nessa atividade foi
percebido que todos os professores (as), de certa forma, abordaram as mesmas
questões em relação à cultura indígena que é um conteúdo de extrema relevância e
que deve ser valorizado no currículo escolar brasileiro.
Na próxima atividade os professores elaboraram e compartilharam um plano
de ação baseado na proposta de trabalho oferecida. Nessa atividade os cursistas
descreveram, de forma sucinta, uma situação problema, uma estratégia de ação e
os resultados esperados, após inseriram um novo tópico de discussão para ser
debatido com os demais professores. Essa proposta de ação poderia ser uma
pesquisa ou uma proposta já desenvolvida em sala de aula.
Os planos foram bem diversificados, trazendo propostas de aulas dinâmicas
para surpreender o (a) aluno (a) com a riqueza desse tema, como: conjunto de
músicas brasileiras que ressaltam a importância do índio, análise das imagens dos
índios no livro didático, valorização do universo linguístico das comunidades
indígenas e práticas esportivas dos grupos indígenas. Com todas essas
contribuições surgiu um debate muito significativo entre o grupo.
Nesse debate um apontamento chamou bastante atenção dos professores.
Uma professora relatou que em sua escola os (as) alunos (as) em geral têm
dificuldades em reconhecer o índio nas suas diversidades culturais, pois a visão que
têm em relação a estes é a venda de artesanatos nas ruas, o deslocamento entre as
cidades e a permanência nos semáforos pedindo dinheiro, muitos deles ficam
acampados na rodoviária em condições precárias. Infelizmente essa visão supera a
imagem do índio como ser cultural.
Diante disso, a convite da professora e da escola, vieram duas índias: uma
de origem kaingang e outra guarani, visitar a escola. Nesse ínterim foi feita uma roda
de conversa com os alunos, um debate construtivo, quando as índias puderam
relatar como é seu convívio, sua cultura e sua origem. As índias ressaltaram também
a oportunidade que tiveram de entrar em uma faculdade, pois ambas cursam
Pedagogia em uma universidade pública.
Com essa iniciativa da escola e da professora, os alunos puderam
compreender os diferentes contextos em que a comunidade indígena está inserida,
bem como o modo de vida desse povo, desmitificando o preconceito.
Na próxima atividade do GTR, os professores tiveram que apresentar uma
nova possibilidade de pesquisa sobre a temática abordada, apontando um problema,
a justificativa e os objetivos a serem alcançados. Diversas propostas foram
apresentadas nessa atividade que contribuíram efetivamente com os
conhecimentos, abordando a religião indígena, a identidade do povo brasileiro, o
papel da mulher indígena, conceitos e preconceitos e um estudo da população
indígena que reside na cidade de Londrina. Esses apontamentos foram de grande
valia para todos, gerando interações e troca de conhecimentos.
Houve um momento em que os professores precisaram comentar sobre a
produção didático-pedagógica, levantando os aspectos positivos e negativos dessa
temática. Muitas foram as sugestões: a inclusão de uma imagem canônica sobre a
população indígena e inserção da interdisciplinaridade juntamente com a literatura,
destacando os mitos e as narrativas desses povos.
Dentro dessa perspectiva pode-se destacar uma sugestão desenvolvida na
escola da professora “B”:

Na Escola na qual trabalho foi desenvolvido um plano de ação sobre


a Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena, mas este plano
contemplou a cultura indígena através da literatura Infanto-juvenil:
leitura na escola, leitura pela comunidade, dramatização. Envolvendo
a comunidade na leitura, realizando um seminário entre pais, alunos
e professores após leitura de algumas obras (PROFESSORA B).

Em fim o GTR possibilitou ao professor PDE capacitar outros professores


com qualidade e compromisso, oferecendo suporte e assessoria para todos aqueles
que estão envolvidos no programa. Além disso oportunizou a formação continuada
ao professor, que pode realizar seus estudos em horários flexíveis, seja no colégio,
em horários de planejamentos, ou em casa.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a finalização das atividades programadas neste projeto, conclui-se que


os objetivos propostos foram alcançados e que o interesse demonstrado pelos (as)
alunos (as), desde o início, foi primordial para o bom andamento da implementação,
visivelmente constatado nos questionamentos, estimulando o desejo de participar
das aulas de História, viabilizando a sua permanência na escola com sucesso.
Nesse sentido é notória a importância do ensino da história dos povos
indígenas, que propicia reflexões e o despertar de novas posturas em relação as
diferenças e a cultura do outro. Para tanto é necessário dar ênfase em
representações visuais indígenas, que têm se tornado fontes importantes de
pesquisa historiográfica, textos e outras fontes de estudo, como documentários,
Recursos Educacionais Abertos (REA), entre outros, que possam realmente
contribuir para a ressignificação da história da população indígena.
A implementação do projeto no Colégio Estadual Professora Vani Ruiz
Viesse em uma turma do nono ano do Ensino Fundamental foi intensa e dinâmica, a
investigação sobre a cultura indígena propiciou aos alunos (as) novas reflexões e
visão deste cidadão brasileiro, estimulando novas buscas de informações e
aprofundamento desta temática. Ressalte-se que as representações construídas
pelos (as) alunos (as) deram ênfase à preocupação sobre os problemas que a
população indígena enfrenta nos dias atuais pela sua sobrevivência, seja por perda
de territórios, contaminação por mercúrio, ausência de políticas públicas e muito
mais, que representam um risco de extinção de uma sabedoria nativa.
Vale ressaltar que, ao longo da implementação do projeto, ocorreu uma
avaliação contínua, observando o andamento, respeitando as limitações de cada
aluno (a) durante a realização das atividades.
A formação dos professores, proporcionada pelo GTR (grupo de trabalho em
Rede), oportunizou a um grande número de professores o diálogo, a troca de ideias
e reflexões sobre suas práticas pedagógicas. Além disso o compartilhamento de
experiências, estudos e propostas trouxeram contribuições significativas para a
prática docente.
Com todas essas contribuições é perceptível que o programa PDE
(Programa de Desenvolvimento Educacional) é extremamente importante para a
formação de professores (as) da Rede Estadual de Ensino.
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