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Rosemeire Ramos1
Edméia Aparecida Ribeiro2
RESUMO: Esse artigo tem como intenção relatar a experiência sobre a implementação do
projeto de intervenção pedagógica executado durante o Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, aplicado em uma turma do nono ano do Ensino Fundamental do
Colégio Estadual Professora Vani Ruiz Viessi, no município de Londrina-PR. Em um
contexto que a lei nº 11.645/2008 estabelece à obrigatoriedade do ensino da História e
Cultura dos povos indígenas do Brasil e a forma como estes são representados nos livros
didáticos motivaram a abordagem dessa temática. As atividades realizadas tiveram como
objetivo a utilização do livro didático como fonte e a análise da representação visual do índio
no livro didático, com o intuito de promover a identificação de estereótipos relacionados a
ele e a reflexão sobre a história, bem como aspectos da cultura e da vida dos povos
indígenas no Brasil na atualidade, visando despertar nos educandos atitudes de respeito e
valorização da sabedoria nativa. As estratégias de estudo foram variadas como:
interpretação de textos, análise de imagens, pesquisa no laboratório de informática,
reportagens, música, vídeos e também conteúdos considerados relevantes para o
aprendizado. Esta pesquisa está fundamentada em autores que contribuíram efetivamente
para o estudo deste tema, como: Bittencourt (2008), Burke (2004), Grupioni (1995), Monteiro
(1994), Mota (2009), entre outros.
1 INTRODUÇÃO
1
Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, licenciada em História pela Universidade Estadual de
Londrina, Especialização em Metodologia da Ação Docente pela Universidade Estadual de Londrina,
Especialização em EJA – Educação de Jovens e Adultos pelo Centro Universitário Barão de Mauá.
Contato:rose_meire_ramos@hotmail.com
2
Graduada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mestrado e Doutorado pela UNESP/ASSIS e
professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Posteriormente, por ser um tema que me chamou a atenção pela forma
como os indígenas são representados, mostrados nos livros didáticos, é perceptível
um silêncio de sua historicidade, eventualmente retratados como se pertencessem
ao dia da chegada dos portugueses aqui no Brasil, ou seja como se não tivessem
passado por tantas transformações. Essa disparidade entre o que é retratado nos
livros didáticos com o dia a dia dos povos indígenas pode ser exemplificada nas
seguintes situações: 1) quando observamos índios em universidades que dominam
vários tipos de tecnologias, 2) ao nos depararmos com indígenas morando em beira
de lagos em centros urbanos, como meros pedintes, entre outras condições da
marginalidade.
Para esta pesquisa foram utilizadas como corpus duas coleções de livros
didáticos de História PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) 2017 anos finais
do Ensino Fundamental – História: Sociedade e Cidadania, de Alfredo Boulos Júnior
(2015) e Projeto Araribá: História, obra coletiva concebida e produzida pela Editora
Moderna (APOLINÁRIO, 2014).
O objetivo deste estudo foi analisar a representação visual do índio no livro
didático, visando a análise e reflexões de alunos (as) sobre a história da cultura
indígena no Brasil, no que diz respeito a estereótipos relacionados aos índios,
aspectos da cultura e da vida destes na atualidade e a conscientização de que
vivemos em uma sociedade pluriétnica, estimulando atitudes de respeito.
A problemática que norteou esta pesquisa foi o fato de, ao longo dos vários
anos de atuação como professora de História na Rede Estadual de Ensino, verificar
que os livros didáticos apresentam uma visão idealizada do índio brasileiro, nos
quais são caracterizados como se vivessem em um espaço propício para a
realização de seus rituais, com farta alimentação, longe da contaminação por
mercúrio utilizado em garimpos clandestinos, da água potável e muito mais. De
modo geral tais imagens trazem indígenas com expressões felizes, como se
estivessem fora da realidade como perseguições e mortes na disputa de terras por
fazendeiros.
A história necessita estudar de modo mais significativo os sujeitos que
contribuíram para a construção da cultura desses povos. É notório que os índios já
estavam aqui quando os portugueses aportaram suas naus em solo brasileiro,
apesar dos embates culturais e o tratamento desumano do europeu dispensado aos
povos indígenas, seus descendentes estão vivos, atuantes, na busca de vencer a
invisibilidade e os obstáculos enfrentados nas várias esferas da sociedade brasileira,
rumando para a transformação e construção de uma história futura.
Diante do exposto, algumas questões nortearam a investigação. A primeira
delas foi questionar de que forma os indígenas vêm sendo representados
visualmente nos livros didáticos?
Outras questões pertinentes refletidas foram: Quais as imagens, ideias que
os livros didáticos têm apresentado sobre os indígenas? O que essas imagens
escondem? O que elas não nos “falam”?
Foram essas as questões principais que conduziram este trabalho, com o
intuito de promover reflexões com a comunidade escolar do Colégio Estadual
Professora Vani Ruiz Viesse – Ensino Fundamental e Médio, onde ocorreu a
Intervenção Pedagógica proposta nesta pesquisa, no primeiro trimestre do ano de
2017, contemplando alunos (as) do 9º ano do Ensino Fundamental.
Dessa forma o trabalho aqui apresentado encontra-se dividido em quatro
seções. Na primeira, intitulada: “Representação dos povos indígenas na sociedade”,
destaca-se a importância do estudo da história dos povos indígenas que tiveram sua
contribuição significativa não só no Brasil, mas no mundo.
A segunda seção tem como título: “Presença indígena no livro didático”, que
discorre sobre a importância das imagens indígenas nos livros didáticos, as quais,
além de serem fontes históricas, são acervos de memória contemplando o contexto
cultural indígena.
Na terceira seção: Prática na de aula, é relatada a implementação do
projeto, com as atividades realizadas pelos alunos (as) de uma turma no nono ano
do ensino fundamental II do Colégio Estadual Professora Vani Ruiz Viesse, no
primeiro trimestre do ano de 2017, efetuando-se em oito encontros.
A quarta seção contempla a mediação da formação continuada na
modalidade a distância por meio do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, realizada
por professores (as) da Rede estadual de Ensino a partir dessa temática, oferecendo
muitas contribuições significativas. Enfim nas considerações finais foram feitas
análises dos resultados encontrados nesta pesquisa.
2 REPRESENTAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS NA SOCIEDADE
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
MOTA, L. T. As guerras dos índios Kaingang: a história épica dos índios Kaingang
no Paraná (1769–1924). Maringá: EDUEM, 2009.