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Braço do Norte
2020
TAINÁ DOS SANTOS DA SILVA
Braço do Norte
2020
TAINÁ DOS SANTOS DA SILVA
______________________________________________________
Professor e orientador Prof. Francisco Luiz Goulart Lanzendorf, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Nome do Professor, Dr./MSc./Bel./Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Nome do Professor, Dr./MSc./Bel./Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Texto das dedicatórias. Texto das dedicatórias.
Texto das dedicatórias. Texto das dedicatórias.
Texto das dedicatórias. Fonte tamanho 12,
espacejamento 1,5. Alinhado a partir do meio
da mancha para a margem direita, posicionado
na parte inferior da mancha.
AGRADECIMENTOS
Texto do resumo. Texto do resumo. Texto do resumo. Texto do resumo. Texto do resumo.
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Texto do resumo. Texto com alinhamento justificado, com fonte tamanho 12. Espacejamento
1,5 e parágrafo único, sem recuo. Palavras-chave separadas por ponto.
Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract.
Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract.
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Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract. Texto do abstract.
Texto do abstract. Texto do abstract.
1 INTRODUÇÃO 10
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO
DO PROBLEMA 11
2.1 TEMA 11
2.2 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA 11
2.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 14
2.4 JUSTIFICATIVA 14
2.5 OBJETIVOS 17
2.5.1 Gerais 17
2.5.2 Específicos 17
2.6 HIPÓTESE 18
2.7 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS 18
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA 19
3.1 MÉTODO 19
3.2 TIPO DE PESQUISA19
3.3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA COLETA DE DADOS 19
4 O INSTITUTO DA ADOÇÃO E SUAS PERTINÊNCIAS 20
4.1 CONCEITO DE PODER FAMILIAR 20
4.1.1 Da destituição do poder familiar 21
4.1.1.1 Os castigos imoderados 22
4.1.1.2 O abandono 23
4.2 CONCEITO DE ADOÇÃO 24
4.3 NATUREZA JURÍDICA DA ADOÇÃO 25
4.4 EVOLUÇÃO DA ADOÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO 26
4.5 PLANEJAMENTO FAMILIAR E RAZOES PARA O AUMENTO DA PROLE 28
4.6 ELEMENTOS QUE ENVOLVEM A ADOÇÃO 30
4.6.1 Expectativas da criança adotada 30
4.6.2 Sentimentos e expectativas dos candidatos a pais adotivos 31
4.7 ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA UMA REDE PARA A ADOÇÃO 32
4.7.1 O Estágio de Convivência 33
4.7.1.1 As causas das desistências 34
5 DANOS CAUSADOS PELA DEVOLUÇÃO DURANTE O ESTÁGIO DE
CONVIVÊNCIA 36
5.1 ANÁLISE DE UM CASO DE ABANDONO 38
6 A POSSIBILIDADE DA REPARAÇÃO PELOS DANOS CAUSADOS DEVIDO
À DEVOLUÇÃO IMOTIVADA NO ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA 40
6.1 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL 40
6.2 DANO MORAL E SUA REPARALIDADE 41
6.3 A DEVOLUÇÃO COMO DANO EXISTENCIAL 42
6.4 RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO EXISTENCIAL 44
7 CONCLUSÃO 47
REFERÊNCIAS 48
10
1 INTRODUÇÃO
Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto.
Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto.
Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto.
Texto. Texto.
Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto.
Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto.
Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto. Texto.
Texto. Texto.
11
2.1 TEMA
O processo de adoção para uma criança ou adolescente será possível somente na falta
de outros familiares que possam assumir a responsabilidade do órfão. (TARTUCE, 2017, p.
490). A adoção se torna plausível também em casos onde o adotado esteja vulnerável a maus-
tratos familiares tornando impossível o seu convívio com os mesmos. Fica vedado a adoção
12
de crianças ou adolescentes, que tenham uma convivência familiar adequada, mesmo por
questões econômicas ou necessidades de recursos materiais.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente
para a perda ou a suspensão do poder familiar. Parágrafo único. Não existindo outro
motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente
será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída
em programas oficiais de auxílio. (BRASIL, 1990).
O processo de adoção é realizado por uma família substituta, aquela que é formada por
um casal ou apenas um membro, onde uma criança ou um adolescente, não sendo filho
biológico, estejam sob sua guarda, tutela ou adoção. (O BRASILEIRINHO, 2019).
A introdução de uma criança em uma família substituta, através da guarda, tutela ou
adoção, procura resgatar a dignidade humana da criança abandonada, onde a dignidade nos
apresenta seu valor pessoal e qualidade de gênero humano. (ALBERGARIA,1990).
Os moldes da personalidade da criança e do adolescente passaram a ser
fundamentados nos seus direitos à dignidade, à liberdade e ao respeito. Com isso A
Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente, asseguraram tais
preceitos, na condição peculiar de pessoas em desenvolvimento e detentores de direitos civis,
humanos e sociais. Conforme dispõem o artigo 18 do ECA 1, a criança e o adolescente
passaram a ter direito à dignidade e respeito, vedando qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (LIBERATI, 2011, p. 24).
Quando uma família, recebe em seu meio alguém na qualidade de filho sob as
condições de filiação jurídica, não por vontade própria ou involuntária de uma gravidez, é
considerado um ato jurídico solene conhecido como adoção. Desta forma a adoção se torna
diferente da filiação natural, sendo resultado de um vínculo jurídico e não um vínculo
biológico ou sanguíneo.
A adoção é o procedimento legal pelo qual alguém assume como filho, de modo
definitivo e irrevogável, uma criança ou adolescente nascido de outra pessoa. Ela é
regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Essa legislação
determina claramente que se devem priorizar as necessidades e interesses da criança
ou adolescente, pois a adoção é uma medida de proteção que garante o direito à
convivência familiar e comunitária, quando esgotadas todas as alternativas de
permanência na família de origem. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO,
2018).
O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu art. 352, informa que o adotante pode
revogar a guarda concedida durante o processo de Estágio de Convivência por ato judicial
1
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. . (BRASIL, 1990).
2
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o
Ministério Público. (BRASIL, 1990).
13
Dessa forma, resta claro que a natureza jurídica da reparação do dano moral é
sancionadora (como consequência de um ato ilícito), mas não se materializa através
de uma pena civil, e sim por meio de uma compensação material ao lesado, sem
prejuízo, obviamente, das outras funções acessórias da reparação civil.
(GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2015, P. 130)
2.4 JUSTIFICATIVA
De acordo com Tartuce a adoção é um Instituto de Direito de Família que mais sofre
alterações no país:
Como já apontava a obra clássica de Sílvio Rodrigues, devidamente atualizada por
Francisco José Cahali, a adoção talvez seja o instituto de Direito de Família que
mais tenha sido objeto de alterações estruturais e funcionais com o passar do tempo,
diante de várias leis que o regulamentaram (anteriormente, Código Civil de 1916, lei
3.133/1957, Lei 4.655/1965, Código de Menores – Lei 6.697/1979, e Estatuto da
Criança e do Adolescente – Lei 8.069/1990), o que acabou por gerar uma colcha de
retalhos legislativa a respeito do tema (RODRIGUES, Silvio. Direito civil...,2006, p.
335-339) (TARTUCE, 2017, P. 487)
Para Thandra Pessoa de Sena, “a adoção, nos termos legais, é um ato irrevogável, ou
seja, perante a lei a adoção é irreversível e ao devolver o filho adotivo equivale a abandonar o
filho biológico”. (SENA, 2018, p. 92).
Torna-se imprescindível deixar claro, que a adoção é uma medida de proteção de
caráter excepcional e irrevogável. (SENA, 2018, p. 92).
Conforme citado anteriormente, durante o processo de adoção, existe um período
conhecido como estágio de convivência, defendido pelo Art. 46 3 do Estatuto da Criança e do
adolescente, que defende a ideia de desistência e a possível devolução do adotado por partes
dos adotantes às instituições de acolhimento. Este período é conhecido como um processo de
3
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017). Art. 46 do Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069/90.
15
adoção ainda não concretizada, onde o adotante dispõe apenas da guarda provisória, podendo
ser revogada a qualquer momento. A adoção nesta fase pode ser revogada conforme disposta
no artigo 39, §1º do Estatuto da Criança e do Adolescente. (SENA, 2018, p. 94).
A grande maioria das desistências no período de estágio de convivência é ocasionada
pelo fato de os adotantes não estarem preparados para adoção. Alguns adotantes para
conseguirem enfrentar certas situações dolorosas em suas vidas como, a perda ou a
infertilidade, acabam optando pela adoção de uma criança em busca de uma salvação para
suas vidas, ou até mesmo para seu relacionamento conjugal. Com isso, imaginam na criança
adotada uma idealização de filho que o adotante não pode oferecer. Podemos afirmar que
estas tem sido uma das principais causas de devoluções no processo adotivo. (FRANCO,
2016).
Alguns casos de adoção antecipada, ocorre também pela fila de espera no que se refere
a recém nascidos. Os adotantes acabam optando por uma criança mais velha, sem estarem
preparadas para tal tarefa. (FREITAS, 2018).
Analisando os motivos expostos, fica notório a opção por parte dos adotantes, a
devolução do adotado, como um caminho mais rápido para a solução do seu problema de
adoção imatura.
A criança ou o adolescente, ao ser inserido em um novo lar assimila a ideia de uma
nova família, e acaba nutrindo esperanças e sentimentos pelos novo pais. Se torna difícil,
principalmente se for uma criança de tenra idade, conseguir compreender que ela está num
estágio de convivência e que poderá não ser aceita na mais nova família a qual foi inserida.
Quando devolvida, a criança sofre danos que podem ser irreparáveis, destruindo sua
autoestima. (IBDFAM, 2017).
Conforme já foi citado, embora a devolução no período de estágio não seja vedada, é
importante compreendermos que existem princípios constitucionais do direito de família que
devem ser respeitados. O princípio da dignidade humana, por exemplo, é um “dos mais
importantes consagrados no texto constitucional brasileiro. Ele deve nortear as ações do
Estado, da sociedade e das pessoas em geral”. (COSTA, 2009).
Diante das análises dos pressupostos aqui presente, realmente não há ilegalidade no
que se refere a devolução por parte do adotante durante o período de estágio de convivência.
Contudo, vale lembrar que o processo de estágio de convivência procura guardar acima de
tudo os direitos do adotado, tendo em vista que o adotante é quem decidiu tal iniciativa.
Quando a devolução ocorre de forma leviana e irresponsável, violando os diretos da dignidade
humana, é que se configura um ato ilícito. Diante de situações com responsabilidades civis
16
como estas apresentadas é que se torna plausível uma atitude adequada para a compensação
dos danos e uma garantia de um futuro mais adequado para o adotado. (COSTA, 2009).
O Tribunal de Justiça Estado de Santa Catarina (2011, apud TRENTIN, 2017), tomou
a seguinte decisão:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA PARA
ADOÇÃO TARDIA ESTABELECIDO. CRIANÇA DEVOLVIDA. DANOS
PSICOLÓGICOS IRREFUTÁVEIS. PENSÃO MENSAL CAUTELARMENTE
FIXADA. NECESSÁRIA A REALIZAÇÃO DE TRATAMENTOS PSÍQUICOS. O
estágio de convivência que precede adoção tardia se revela à adaptação da criança à
nova família e, não ao contrário, pois as circunstâncias que permeiam a situação
fática fazem presumir que os pais adotivos estão cientes dos percalços que estarão
submetidos. A devolução injustificada de criança com 9 anos de idade durante a
vigência do estágio de convivência acarreta danos psíquicos que merecem ser
reparados às custas do causados, por meio da fixação de pensão mensal. (Agravo de
Instrumento nº 2010.067127-1, de Concórdia, Câmara Especial Regional de
Chapecó, Relator: Guilherme Nunes Born. Data de Julgamento: 25.11.2011)
(TRENTIN, 2017).
Logo, o tema proposto para o presente trabalho parte da análise de que, é possível
concluir que mesmo não havendo uma violação legal quando um adotado é devolvido ao local
de acolhimento durante o período em que ele ainda está no processo de estágio de
convivência, procura-se acima de qualquer outro objetivo a proteção integral do adotado.
Entende-se desta forma que se torna cabível tornar como responsável civil o adotante pelos
danos provocados ao adotando pela sua devolução sem justa causa prevista, configurando um
ato ilícito conforme previstos nos artigos 1864 e 1875 do Código Civil.
Propor o tema, não se torna relevante somente para expor uma solução ou reparo a
criança ou adolescente prejudicado, o objetivo maior seria o de conscientizar aos candidatos a
adotantes a refletirem muito bem antes de tomarem uma decisão de adoção, procurando desta
maneira desestimular condutas ilícitas que cometerão caso desistam da adoção.
Diante o tema exposto, e de suma importância destacar o presente trabalho os
objetivos do Desenvolvimento Sustentável, para que sejam alcançados da referida agenda
2030 (dois mil e trinta), dessa forma, o presente tema aborda o objetivo que deve assegurar
uma vida saudável e promover o bem-estar para toda criança e adolescente, ao qual promove
a promoção da saúde e bem-estar como essenciais ao fomento das capacidades humanas.
A Lei 8.069 de 1990, dispõe no artigo 15 º que “a criança e ao adolescente tem o
direito à liberdade e a dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e
4
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito
5
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
17
como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição Federal e nas
leis” (ELIAS, 2010, p.27).
É preciso deixar claro que a criança e ao adolescente são sujeitos de direitos e jamais
devem ser tratados como objeto.
Além disso, importante destacar que, tais direitos da criança e o adolescente, devem
ser protegidos e segurados pelo “Estado de Direito”, conforme dispõe a Agenda 2030 (dois
mil e trinta), com objetivo de proporcionar o acesso à justiça para todos, esta justiça deve ser
aplicada de forma que todos devem ter acesso a ela, sem exceções, para que se torne um
mundo sustentável. (AGENDA 2030, 2015).
2.5 OBJETIVOS
2.5.1 Gerais
2.5.2 Específicos
2.6 HIPÓTESE
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
3.1 MÉTODO
O método científico caracteriza-se pela definição do caminho que será seguido pelo
pesquisador para chegar à resolução do seu problema de pesquisa.
Neste sentido, utilizou-se na presente pesquisa o método de abordagem dedutivo tendo
em vista tratar-se este de um método que parte de argumentos gerais para se alcançar
conclusões específicas.
Assim, a presente pesquisa partirá de premissas gerais, discorrendo sobre princípios de
aplicar a responsabilidade civil em casos de devolução imotivada no estágio de convivência,
por ensejar um abalo psicológico intenso ao menor ou adolescente.
O intuito que prevalece no instituto da adoção é garantir proteção aos menores que
tiveram afastamento de suas famílias por diversos motivos dentre eles os maus tratos,
abandono, extrema pobreza ou algum um outro fator que provocou uma situação de
abandono. Outrossim, o menor abandonado ganha a oportunidade de garantir seus direitos e
suprir suas necessidades para seu completo desenvolvimento, amparado por uma família
substituta.
6
Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. (site do planalto)
7
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
21
Rodrigues (2002), comenta a lei do poder familiar como uma nomenclatura jovial,
amparada pelo Código Civil de 2002, tomando o lugar do Código Beviláqua, que tratava do
caso como pátrio poder, uma expressão que remonta ao Direito Romano – pater potestas -
que embasava em um direito absoluto e ilimitado atribuído ao chefe da família sobre a pessoa
dos filhos.
Cabe, portanto, aos pais utilizar-se do poder familiar para educar os filhos e
proporcionar total assistência, atendendo assim um princípio constitucional da paternidade
responsável, norteado pelos fundamentos constitucionais art. 2268.
A extinção do sistema de poderes e deveres que os pais exercem para com os filhos
pode ocorrer por uma série de fatores, na grande maioria das vezes causas naturais
decorrentes da vida. A morte dos pais ou do filho, a emancipação, a maioridade, a adoção, a
decisão judicial são hipóteses elencadas pelo Código Civil para a extinção do poder familiar,
segundo o Art. 1635 da Lei nº 13.715, de 10 de janeiro de 2002 (Brasil, 2002).
Salienta Maciel (2017), que uma das sanções mais graves impostas aos genitores são a
destituição e a suspensão do poder familiar, em virtude disso se torna necessário um decreto
por sentença, em forma judicial, no qual se assegurem contraditório e ampla defesa.
A suspensão familiar pode ser atuada quando se percebe alguma possibilidade do
menor retornar ao lar de origem, enquanto que a destituição do poder familiar é considerada
cabível quando não se vislumbra outra decisão a ser tomada, tornando inviável o retorno da
criança ou do adolescente (MACHADO, 2018, p.268). A suspensão é considerada como uma
tomada de decisão provisória, o que configura a possibilidade de ser revista, quando os fatores
que a englobam forem superados, no entanto, a destituição se configura coma hipótese de
extinção (LÔBO, 2018, p.308).
Segundo nos orienta Maciel (2017), o que legaliza o afastamento imposto do poder
familiar dos pais, quer sejam biológicos ou civis, é o art. 249 do ECA. Esta norma estatuária
8
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento
familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações
9
Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder, poder familiar serão decretadas judicialmente, em
procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. (Expressão: “pátrio poder”
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência.
22
prevê que o descumprimento das obrigações e deveres a que alude o art. 22 10 do ECA,
indicará os casos de destituição. A autora ainda enumera outras hipóteses do art. 1.638 que o
Código Civil dispõe como motivos para a destituição do poder familiar, valendo debruçar
sobre alguns deles.
Qualquer comportamento por parte dos pais em relação ao menor, que acarretem
violações à integridade física da criança como maus tratos provocando lesões, é considerado
um ato criminal pelo Código Penal (arts. 136 e 129). Vale ressaltar que abusos a integridade
psicológica, através de palavras ou situações constrangedoras que ferem a auto estima do
menor e a sua formação de personalidade, também são enquadrados como crime previsto no
art. 23211 do ECA.
Segundo Maciel (2017, p. 180) sobre o tipo penal “maus-tratos”:
O tipo penal denominado “maus-tratos” situa-se no art. 136 do Código Penal e nele
se inclui a previsão do abuso, na forma de diversos castigos. Diz a lei penal que
constitui maus-tratos expor a perigo de vida ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou
custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de
correção ou de disciplina. O tipo penal de lesões corporais, por sua vez, situado no
art. 129 do CP, consiste em ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. S
erá considerada a lesão uma violência doméstica, de acordo com o § 9º, se a lesão
for praticada contra o irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou
tenha convivido, ou, ai da, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade (inclusão da Lei n. 11.340/2006 – Lei M aria da
Penha). Caso a lesão seja grave ou seguida de morte, os pais agressores terão a pena
aumentada em 1/3 (um terço), conforme redação do § 10.
10
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda,
no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
11
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento: Pena - detenção de seis meses a dois anos.
12
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder poder familiar ou
decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
(Expressão: “pátrio poder” substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Pena - multa de três a vinte
salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
13
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: I - encaminhamento a serviços e programas
oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
2016).
23
4.1.1.2 O abandono
Segundo o Dicio (2021), abandonar é uma atitude com a intenção de deixar alguma
coisa, uma pessoa, uma função, um lugar, abandonar a família, abandonar o lar. Resta saber se
tal ação é gerada voluntária ou involuntariamente.
A baixa renda no Brasil de certa forma poderia provocar um abandono involuntário
dos filhos por parte dos pais, o que segundo nos orienta Maciel (2017), a questão do abandono
do filho menor, nesta conjectura atual da família brasileira dever ser analisado com
muita cautela pelos operadores da Lei. Por mais lamentável que seja, é notório falta de
declínio do Poder Público em prestas a existência as milhares de famílias brasileiras,
redundando em miséria dos filhos (MACIEL, 2017, p.182).
Contudo, Maciel (2017), adverte que antes que a culpa ou dolo dos pais carentes
financeiramente seja configurada pela ação de abandono, deve-se assegurar se foi aplicado as
medidas protetivas à prole (art. 101 do ECA) e à família carente (§ 1º do art. 23 c/c art. 129 do
ECA), assim como também o apoio social, objetivando à proteção da família (art. 203, I, da
Constituição Federal). Caso todas as medidas de promoção da família, por meio de inclusão
desta em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção (art.
129, I a VII, do ECA, com redação da Lei n. 13.257/2016), seja concedida e a pertinência e a
negligencia dos genitores em proporcionar aos filhos, saúde e educação básica obrigatória
continue, só então, será considerado o abandono voluntário.
O abandono pode ser visto ainda de uma maneira indireta por parte dos pais, através
da humilhação, indiferença e depreciação à criança ou adolescente, atos estes que podem ser
caracterizados como violência psicológica pelo art. 4º, II, da Lei n. 13.431/201714.
Vale ressaltar que o tipo de abandono deve ser sempre bem classificado, seja ele
voluntário ou involuntário, provocando danos materiais e intelectuais, pois constituem,
também, crimes definidos nos arts, 24415 e 24616 do Código Penal.
14
II - Violência psicológica: a qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à
criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying)
que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional;
15
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito)
anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes
proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente
acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente
enfermo: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003).
16
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar.
24
Analisando o contexto acima, fica exposto que a negligencia ou abandono dos pais
biológicos provocam uma gama de efeitos psicológicos e emocionais na criança ou no
adolescente. E que na impossibilidade de permanência na família natural, o que também
acarreta uma série de problemas ao menor, são observados os princípios contidos no Art. 2º §
2º da Lei n° 12.010, de 03 de agosto de 2009, e na Constituição Federal, sugerindo a
colocação sob adoção, tutela ou guarda (BRASIL, 2009).
17
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive
sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
25
é idêntico a qualquer outro, já que filho, o legislador, estabeleceu, no art. 39, § 1º, do ECA
(com a redação dada pela Lei n. 12.010/2009), ser irrevogável a adoção. Assim como o filho
biológico não pode ser devolvido, pois o vínculo perdura por toda a vida, indubitavelmente
não poderia ser diferente com relação à adoção (MACIEL, 2017).
O âmago do tema adoção é o seu antagonismo no que se refere a sua natureza jurídica.
No Código Civil de 1916 a adoção se mostrou nitidamente com caráter contratual tratando-se
de um negócio jurídico bilateral e solene, que era efetivado através de escritura pública, e o
consentimento de ambas as partes (GONÇALVES, 2017).
A adoção ganhou uma roupagem nova a partir da Constituição de 1988, tornando-se
mais complexa e a exigir sentença judicial, prenunciada expressamente no art. 47 do Estatuto
da Criança e do Adolescente e no art. 1.619 do Código Civil de 2002, com a redação dada
pela Lei n. 12.010, de 3-8-2009 (GONÇALVES, 2017).
De acordo com Venosa (2017), existindo duas modalidades distintas no instituto de
adoção no Brasil, cada uma apresenta natureza jurídica própria. A adoção do Código civil de
1916 caracteriza sua intenção de negócio e solenidade da escritura pública exigida pela lei. No
entanto a adoção conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente exige uma sentença
judicial com participação ativa e necessária do Estado, tal como faz também o Código Civil
de 2002.
Lobo (2018), preceitua que a adoção é ato jurídico em sentido estrito, do qual para
produzir seus efeitos necessita de uma decisão judicial, os quais são irrevogáveis, por tratar do
estado de filiação que é um direito indisponível.
Assim sendo, para assegurar a proteção à criança e ao adolescente, conforme segue o
artigo 22718 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a adoção moderna é
direcionada primordialmente para menores de 18 anos, não estando sujeita a mero ajustes de
vontades, mais controlada pelo Estado e de caráter constitutivo, conferindo a posição de filho
ao adotado.
18
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
26
Na sua origem o instituto da adoção buscou suprir a falta dos filhos biológicos no
intuito de buscar uma maneira para perpetuar o culto doméstico. “A ideia fundamental já
estava presente na civilização grega: se alguém viesse a falecer sem descendente, não haveria
pessoa capaz de continuar o culto familiar, o culto aos deuses-lares.” (VENOSA,2017, p.
276).
No Brasil o instituto da adoção teve sua inauguração a partir das Ordenações
Filipinas19, com numerosas referências, permitindo assim, a sua utilização. O que preenchia a
lacuna era o direito romano interpretado e modificado. A Lei 3.071, de 01.01.1916, instituiu o
Código Civil e disciplinou a adoção somente para maiores de 50 anos, sem prole legitima ou
legitimada, revelando assim, que a finalidade do instituto ainda era suprir a falta de
descendentes, como nas suas origens (GONÇALVES, 2017).
A adoção amparada sob este olhar era pouco estimulada, haja vista que as pessoas
maiores de 50 anos, normalmente não demonstravam tanto interesse pela adoção de crianças,
ponderando a falta de tempo e disposição para assumirem os deveres de pais.
A Lei 3.133, de 08 de maio de 1957, conseguiu ampliar e alterar as regras do Código
Civil de 1916, o que alude Rodrigues (2008), a adoção passou de beneficiadora do adotante
para cunho assistencialista em prol do adotado. A grande virada legislativa permitiu também a
adoção por pessoas acima de 30 anos, com ou sem prole legítima ou ilegítima. Essa mudança
tornou a adoção pela primeira vez no Brasil, com um ato de amor e assistencialista, sem a
necessidade de suprir a falta de herdeiros. Contudo, permanecia ainda a possiblidade de
dissolução20 da adoção, e o direito sucessório só seria concedido ao adotado mediante a
inexistência de filhos “legítimos”, “legitimados” ou reconhecidos21.
No ano de 1965, um novo marco ocorreu no instituto da adoção com a aprovação da
nova Lei de n° 4.655. Foi instituído através do art. 1º da Lei nº 4.655, de 02 de junho de 1965
o favorecimento aos menores acima de 7 anos, a possibilidade de legitimação adotiva, caso os
mesmos fossem abandonados pelos pais biológicos. Nos demais casos, mantinha-se os
mesmos critérios estabelecidos no Código Civil de 1916. (BRASIL, 1965). Estabelecendo um
19
Fruto do absolutismo português, foram aplicadas ao Brasil colonial e continuaram vigorando durante o
período imperial. (PAES, 2011, p. 524)
20
Código Civil de 1916. Artigo. 374. Também se dissolve o vínculo da adoção: I. Quando as duas partes
convierem. II. Nos casos em que é admitida a deserdação.
21
Código Civil de 1916. Artigo. 377. Quando o adotante tiver filhos legítimos,
legitimados ou reconhecidos, a relação de adoção não envolve a de sucessão hereditária.
27
vínculo irrevogável22, os filhos adotivos tinham agora os mesmos direitos dos filhos legítimos,
com a exceção de direitos sucessórios, privilégio este cedido ao filho legitimo superveniente à
adoção.
Apesar do instituto brasileiro da adoção ter passado por diversas alterações, tornou-se
cabível a criação de um Código que cuidasse especialmente deste setor. Assim sendo, no ano
de 1979 entrou em vigor a Lei n° 6.697, sendo denominada de “Código de Menores”. Ela
revogou a lei de legitimação adotiva, sendo substituída pela “adoção plena”, visando
proporcionar a integração da criança ou adolescente adotado na família adotiva. Contudo, não
revogando o Código Civil de 1916, que continuava a regular a adoção simples. (Gonçalves,
2017). Ainda nos orienta Gonçalves:
Ao lado da forma tradicional do Código Civil, denominada “adoção simples”,
passou a existir, com o advento do mencionado Código de Menores de 1979, a
“adoção plena”, mais abrangente, mas aplicável somente ao menor em “situação
irregular”. Enquanto a primeira dava origem a um parentesco civil somente entre
adotante e adotado sem desvincular o último da sua família de sangue, era revogável
pela vontade das partes e não extinguia os direitos e deveres resultantes do
parentesco natural, como foi dito, a adoção plena, ao contrário, possibilitava que o
adotado ingressasse na família do adotante como se fosse filho de sangue,
modificando-se o seu assento de nascimento para esse fim, de modo a apagar o
anterior parentesco com a família natural (GONÇALVES, 2017, p. 378).
22
Lei 4.655 de 1965. Art. 7º A legitimação adotiva é irrevogável, ainda que aos adotantes venham a nascer
filhos legítimos, aos quais estão equiparados aos legitimados adotivos, com os mesmos direitos e deveres
estabelecidos em lei.
28
A Lei n° 12.010, de 03 de agosto de 2009, que ficou conhecida como “Lei Nacional da
Adoção”, revogou a grande maioria dos dispositivos que sustentavam a adoção no instituto
brasileiro e acabou por modificar também o texto do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Ela foi criada com o intuito de tirar as burocracias do processo de adoção, trazendo desta
maneira mais segurança para o menor nos trâmites processuais e suas fiscalizações
(GONÇALVES, 2017).
Vale destacar, a alteração da maioridade civil para adoção de 21 para 1823 anos e que o
instituto não perdeu o seu teor. A adoção continua sendo um ato irrevogável e que os
interesses visam atender o adotando. O registro original do adotando perde sua validade,
prevalecendo a certidão de registro atual, sem qualquer resquício sobre adoção (BRASIL,
1990).
Segundo pensamento Aristotélico24, Ames (2006), nos orienta a entender que o homem
é um ser carente pela necessidade que tem de querer viver em sociedade. O homem precisa
dessa plenitude, de ter alguém ao se lado, para se afastar da incompletude humana e alcançar
uma vida perfeita. O homem vive em sociedade porque nela, ele se torna plenamente humano
e politicamente realizado encontrando o seu lugar na hierarquia dos seres. Não se senti um
deus e nem um animal, mais é classificado o melhor dos animais pela sua capacidade de
justiça. O homem é provido de faculdade intelectuais que o tornaria incapaz de viver fora da
coletividade (AMES, 2006).
“O filósofo grego Aristóteles (384a.C. a 324a.C.), definiu "família" como sendo uma
comunidade (oikós - casa) que serve de base para a cidade (pólis). Desde então, sempre
ouvimos e repetimos que a família é a base da sociedade.” (FÉLIX, 2010).
Com o decorrer do tempo a estrutura familiar vem sofrendo significativas mudanças,
porém o desejo de fazer parte de uma instituição familiar, para garantir amparo e segurança,
tanto emocional quanto material continua indestrutível. Por mais dessacralizada que seja, a
família continua ainda sendo a mais solida instituição humana. (FÉLIX, 2010). “Do ponto de
23
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência.
24
Notável filósofo grego, Aristóteles (384 - 322 a.C.), nasceu em Estágira, colônia de origem jônica encravada
no reino da Macedônia. Filho de Nicômaco, médico do rei Amintas, gozou de circunstâncias favoráveis para
seus estudos. (SERGIO, 2020).
29
vista antropológico, o inesquecível cientista Claude Lévi-Strauss (1908-2009) nos fez cientes
de que "a vida familiar se apresenta em praticamente todas as sociedades humanas, mesmo
naqueles cujos hábitos sexuais e educativos são muito distantes dos nossos". (FÉLIX, 2010).
Segundo Araújo (1972, p. 59, apud CARVALHO, 2015), a família matrimonial é
aquela formada com base no casamento civil pelos cônjuges, vivendo em plena comunhão de
direitos e deveres, respeitando um contrato especial de direito de família com intervenção do
Estado para sua realização. Contudo, para a grande maioria que abarcam a família
matrimonial, acabam por estendendo os planos para uma família nuclear, cujo o nascimento
de um filho se faz necessário.
Diferente dos outros seres vivos, o ser humano encontrou métodos para realizar
planejamentos nas mais diversas áreas e dentre eles se encontra o planejamento familiar. A
capacidade de gerar filhos é uma condição muito comum para a maioria dos seres humanos,
condição que abrange outros seres com condições biológicas similares. Contudo, a reprodução
humana abarca outras particularidades o que vale destacar os processos psicológicos, sociais e
culturais, que a relevância vai além da reprodução e pode ser compreendida pelo fato de
querer ser pai e mãe (SANCHES, 2014).
Conforme a Lei nº 9.263/96, de 12 de janeiro de 1996, o planejamento familiar
concede o direito à família de ter quantos filhos quiser, no momento em que os membros
acharem a necessidade de aumentar a prole. Portanto, amparada pela lei, é concedida a família
matrimonial o direito das razões, das quais são diversos, para o aumento da prole.
Dentre algumas dessas razões para a procriação e aumento da prole podemos destacar
o que segundo Deutner (2012, apud psicóloga WALNEI ARENQUE, 2016) cita “O
sentimento de ser pai ou mãe é intraduzível, é um amor que você não sentirá por nada ou
ninguém, é singular”. Ou ainda segundo Deutner (2012, apud psicóloga PATRÍCIA
ESPADA, 2016) “O casal se ama tão imensamente que quer ter um filho para ver o amor de
um pelo outro se refletir em futuras gerações.” Algumas famílias sentem também a
necessidade de terem filhos pelo medo do futuro, de se sentirem solitários e para não se
arrependerem de não ter tido a experiência de ser pai ou mãe. Outras ainda por vaidade e
orgulho, se mostrarem capazes perante amigos e a sociedade em geral, por questões morais e
éticas, onde principia que a vida só teria sentido quando se cria uma família com filhos,
seguindo o padrão familiar em que a maioria foi educada. Outros por serem bem sucedidos e
terem condições de formar uma grande família. E aqueles que simplesmente pelo amor
incondicional e pela vocação nata, acabam gerando filhos (DEUTNER, 20102).
30
Durante aquele estágio de espera dos cônjuges, mais conhecido como gravidez, ficam
ansiosos por saber qual será o sexo e até mesmo a cor dos olhos e do cabelo do bebê. Estudos
indicam que não há como saber antes da fecundação natural, como será a aparência tão
sonhada do herdeiro, nem tão pouco saber se o recém-nascido apresentará problemas de saúde
ou de personalidade. Contudo, dificilmente algum casal desiste da ideia de formar a família
nuclear. A grade maioria aceita os riscos, que possivelmente enfrentarão ou não, na criação da
prole.
Vale ressaltar que na filiação natural, não existe aquele conhecido como “período de
convivência de estágio”25, e que toda criança tem o direito de nascer, crescer e ser educado no
seio de sua família, sendo assegurada a convivência com os pais naturais (BRASIL, 2016).
A grande maioria das crianças que são adotadas abarcam a ideia de que serão nutridas
de afeto, atenção, compreensão e educação, o que são a causa dos problemas decorrentes da
adaptação da criança ao novo lar. Por essa falta de proteção muitas crianças e adolescentes,
exigem dos pais adotivos proteção demasiada o que provoca mesmo que inconscientemente
um quadro de sofrimento pessoal e psicológico (NICOLAU, 2016).
Segundo Solon (2016) a criança transferida de um contexto para outro, (família
biológica, abrigo, família adotante), de forma imponente às decisões dos adultos, na maioria
das vezes não compreendem o que está acontecendo. A construção da identidade é um
processo que ganha início com o nascimento e se desenvolve durante a vida. Quando são
25
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
31
inseridas em uma nova família, as crianças, mesmo que por um período de estágio de
convivência, criam expectativas em poder finalmente construir sua identidade.
A urgência em ser atendidos é uma das primeiras expectativas dos candidatos a pais
adotantes. Adotar é uma decisão que na maioria das vezes demora para ser decidido, e quando
a decisão é tomada, imaginam que o atendimento deveria ser de imediato. Observa-se
expectativas também de condições sociais e psicológicas, as quais causam efeitos mais graves
na relação entre pai e filho adotivo (WEBER, 2005).
Nicolau (2016 apud Ghirardi 2008, p. 66) afirma que:
[...] A adoção de uma criança, forma simbólica de legitimação da filiação, é um
projeto narcísico por excelência, uma vez que todo projeto ligado à filiação é do
âmbito do narcisismo, seja ela biológica ou adotiva. Os pais depositam nos filhos as
suas aspirações, frustrações e renúncias e, também, o que aspiram como ideal. Um
filho implica a possibilidade de transcendência, além de ser o representante da
sobrevivência dos ideais coletivos e do grupo social histórico de sua época ideais
estes, projetados no futuro. Quando a infertilidade do casal adotante não está bem
resolvida emocionalmente, sobre a criança adotiva poderá ficar projetada a sombra
daquele filho sonhado não obtido. Ela poderá carregar a missão de obturar os sinais
que levariam seus pais a reconhecerem os sentimentos ligados à frustração gerada
pela impossibilidade de procriar (NICOLAU, 2016 apud GHIRARDI 2008, p. 66).
Com o escopo de abordar o estágio de convivência como uma fase primordial para que
a adoção aconteça e o melhor interesse da criança seja levado em consideração, este capítulo é
baseado nos princípios que regem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Procura-se
averiguar se tal período se efetivará como uma rede em que envolverá ambas as partes
interessadas no processo de adoção e se o menor não sofrerá algum tipo de desiquilíbrio
emocional, caso haja intenção injustificada de devolução por parte do adotante.
32
Pode-se constatar que a grande maioria das Constituições atuais, abarcam como
premissa fundamental, o principio da dignidade humana, valendo ressaltar a legislação das
Declarações dos Direitos Humanos e a Convenção dos Direitos da Criança.
Sendo as crianças e os adolescentes uma camada da sociedade que são como sementes
que precisam ser cultivadas para um bom crescimento, o Estatuto da Criança e do
Adolescente, como legislação específica, confirma:
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis (BRASIL, 1990).
A proteção integral também é um principio que faz parte do ECA e que visa proteger e
prevenir um crescimento sadio e que essa proteção cabe a toda sociedade exercer. A proteção
integral é a pedra fundamental do ECA e o berço do amparo à criança e o adolescente.
33
26
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
34
Sobre o tema, ainda seguimos o raciocínio do mestre Venosa (2017, p.303): “Esse
estágio tem por finalidade adaptar a convivência do adotando ao novo lar.” O estágio de
convivência está voltado ao interesse do menor, para que este se adapte a nova família, tendo
em vista que os recentes pais, já demonstraram interesse pela adoção mediante todo o
processo requisitado antes do período do estágio de convivência.
Segundo Martins (2008), em sua pesquisa para obtenção de conclusão de curso para
Serviço Social, a devolução durante o estágio de convivência é em grande parte provocada
pela fantasia dos pais adotivos, que não veem o filho adotado com o mesmo olhar que teriam
com um filho biológico, não porque não queiram, porém, porque são levados por uma cultura
na qual encontram-se moldados, que os levam a crer que não podem lidar com a situação, pois
o filho adotivo traz consigo uma bagagem da vida anterior a adoção, que os fazem pensar que
são incapazes de lidar com os conflitos. Declara ainda Martins:
Também as vezes os casais não tem conhecimento que aquela criança já tem uma
história tem um passado que não é fácil de esquecer, ou desistências, as pessoas tem
que ter uma paciência, recorrer a psicólogos, para que a criança realmente seja aceita
e bem acolhida pela família, e faça parte desta sem qualquer diferenciação. Juíza de
Direito (MARTINS, p. 42, 2008).
A grande maioria das devoluções que ocorrem no estágio de convivência são com
crianças maiores, a partir dos 04 anos, sendo esta uma fase em que a criança já criou algumas
raízes, como educação, personalidade formada, vontades, gostos etc. As devoluções são
provocadas pela falta de enfrentamento dos adotantes não conseguirem lidarem com a
situação, que os levam a buscarem ajuda institucional para solucionar os problemas, ou até
mesmo desistirem da adoção (MARTINS, 2008).
Existem devoluções por motivos banais e injustificáveis, como o adotado querer
brincar com os brinquedos da irmã. Alguns casos por questões raciais, pela criança ser negra,
ou pelo simples fato de a criança roncar a noite, como aconteceu com uma criança que já
estava adotada há cinco meses (SPECK, 2017).
Percebe-se o total desrespeito com as crianças e adolescentes, que são meramente
devolvidas por casos conforme citados acima, um descaso com às responsabilidades previstas
no Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual dispõe que “Art. 33. A guarda obriga a
35
no qual a criança devolvida, após passar por este momento traumático, mostrou
comportamentos traumáticos e sofrimentos psicológicos27.
A incapacidade de assimilar o processo de devolução, principalmente em crianças
menores, pode gerar mau comportamento, agressividade e traumas, como um mecanismo de
defesa, provocando mais prejuízos para uma futura nova adoção. Como medo de um novo
abandono, algumas crianças criam uma barreira através de ações, manifestando o desejo de
permanecerem no abrigo, mantendo o controle da situação e controlando o sofrimento
(SPECK, 2017).
Nos relata Thais de Fátima Gomes de Menezes Luna, em sua dissertação para
obtenção de grau a mestrado, na Área de especialização de Direito Civil – Direito de
Família/Menção: Ciências Jurídico-Civilísticas, uma Ação Pública ajuizada pelo Ministério
Público brasileiro em favor de uma criança que se encontrava em estágio de convivência a 8
meses com a família adotiva. Os laudos apontaram que o menor adotado já estava habituado a
nova moradia, tendo os adotantes alterado o nome da mesma, o que fizeram de forma ilegal, o
que gerou para ela conflitos com sua própria identidade, trocando eventualmente seu nome de
registro pelo nome dado pela família adotante. Na audiência final, simplesmente os
candidatos a adotantes, desistiram alegando desistência imotivada, causando surpresa a todos
os envolvidos no processo de adoção (LUNA, 2014).
No caso em apreço, a autora citada, ainda descreve que conforme apresentou um
estudo realizado pelo Serviço Psicossocial do Juízo, o segundo abandono deste adotando
acarretou uma serie de bloqueios no desenvolvimento psíquico, físico e cognitivo. Acriança
desenvolveu ainda estresse pós-traumático, dificuldade de relacionamento, demonstrou-se
agressiva e com baixa autoestima. É notório que a criança incute a ideia da culpa pelo
abandono, sentindo-se incapaz de merecer amor de quem quer que seja.
27
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE. ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA PARA ADOÇÃO TARDIA ESTABELECIDO.
CRIANÇA DEVOLVIDA. DANOS PSICOLÓGICOS IRREFUTÁVEIS. PENSÃO MENSAL
CAUTELARMENTE FIXADA. NECESSÁRIA A REALIZAÇÃO DE TRATAMENTOS PSÍQUICOS. O
estágio de convivência que precede adoção tardia se revela à adaptação da criança à nova família e, não ao
contrário, pois as circunstâncias que permeiam a situação fática fazem presumir que os pais adotivos estão
cientes dos percalços que estarão submetidos. A devolução injustificada de criança com 9 anos de idade
durante a vigência do estágio de convivência acarreta danos psíquicos que merecem ser reparados às custas
do causados, por meio da fixação de pensão mensal. (Agravo de Instrumento nº 2010.067127-1, de
Concórdia, Câmara Especial Regional de Chapecó, Relator: Guilherme Nunes Born. Data de Julgamento:
25.11.2011) (TRENTIN, 2017).
38
muito voltar com Roberto, seu pai adotivo, para a cidade dele. O que mais chocou a pesquisa
da autora, foi quando a psicóloga mencionou que Roberto mentira para Ana, que ambos
estariam vindo para Palmitos visitar a avó, o que agravou ainda mais a situação de Ana, que
se sentiu abandonada, prejudicando-a emocionalmente.
Klement, perguntou acerca de quais foram os possíveis abalos psicológicos de Ana e a
psicóloga respondeu: “poderia citar vários, mas citarei o que na minha percepção enquanto
terapeuta foi o mais grave sentimento de abandono. Além disso, Ana sentia-se culpada diante
da situação, como se ela estivesse sendo devolvida por ter cometido algo de
errado/inadequado” Klement (2010).
Na entrevista com a Conselheira Tutelar, Klement foi informada que Ana após a
devolução foi encaminhada a uma família acolhedora e acompanhada por uma psicóloga.
Com o estudo de caso, é possível notar, para que se diminua os casos de devoluções,
deve haver antes do estágio de convivência e consequentemente da adoção, um intensivo
preparo dos pretendentes, propiciando apoio, discussões e estudos. Seria interessante também
os pretendentes terem oportunidades de trocar experiencias com pessoas que já passaram por
todo processo de adoção e que o histórico de vida, características da personalidade dos
adotados, estejam a disposição do adotante, que conhecerá bem o menor, antes de acolhe-lo
em sua casa, talvez assim os pretendentes saibam lidar melhor com algumas eventualidades
que surgirão no estágio de convivência e também na adoção.
São considerados por atos ilícitos aqueles que contrariam o ordenamento jurídico,
ferindo o direito subjetivo de outro. Cavalieri Filho (2012, p. 19) nos orienta que “a
responsabilidade civil é sempre uma obrigação de reparar danos: causados à pessoa ou
patrimônio de outrem, causados a interesses coletivos, ou transindividuais, sejam estes
difusos, sejam coletivos strictu sensu”. Segundo Diniz (2011), uma pessoa que comete um ato
ilícito a outro, terá por obrigação reparar o dano moral ou matrimonial, na qual a autora
denomina de responsabilidade civil.
41
Torna-se evidente, que não é papel do dano moral cobrir um acréscimo patrimonial da
vítima pelos sofrimentos causados, porém pagar uma compensação pela dor e pelo incomodo
do prejuízo imaterial. Sendo assim, é utilizado o termo reparação e não ressarcimento, para os
danos morais, o que também necessita de bom-senso para se dar uma medida justa as coisas
(CAVALIERI FILHO, 2012).
O Estatuto da Criança e do Adolescente também determina, independente de
responsabilizar judicialmente, obrigação dos pais dar sustento e educação aos filhos, segundo
o art. 22: “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores,
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais”. E a Carta Magna também dispõe o art. 229: “Os pais têm o dever de
assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar
os pais na velhice, carência ou enfermidade”.
Aquela acolhida tão almejada pela criança é dissipada com a devolução, o que acaba
com seu conforto, o que acaba reeditando o terrível trauma do abandono uma vez já
vivenciado, incutindo aquela sensação de culpa pela inviabilização da convivência com a
família. A adoção é um processo que deve ser visto de forma responsável, não pode ser visto
como algo normal a inserção de um filho no seio de uma família e, depois injustificadamente
realizar a sua devolução, o que ocasionará profundos danos de cunho existencial na parte mais
fraca da relação, no caso, o menor.
Segundo Machado (2013), o alicerce do dano existencial está fixado sob dois eixos a
saber: o dano ao projeto de vida e o dano à vida de relações. Entende-se por dano ao projeto
de vida, aquele cujo ocorre quando existe uma interferência no curso normal que a vida da
pessoa deveria percorrer, caso a vitima não tivesse sido involuntariamente impedida pelo tal
dano. Já o dano à vida de relações, fica entendido como aquele que o prejuízo afeta a vida
interpessoal da vítima, a sua relação com as outras pessoas.
Comumente, casos de ajuizamento de ações referentes a indenizações por danos
morais por diversos motivos tem acontecido, como por exemplo, a negativação de um cidadão
por um debito que existia, a compra de um produto com defeito e a sua não reparação ou
troca, entre outros.
Nessa esteira, ao longo das pesquisas e leituras realizadas para esta monografia, ficou
claro que a devolução de crianças em estágio de convivência, onde já se encontra habituada
aos costumes da família pretendente, é algo muito superior que os danos acima citados, pois
não são só as questões morais da criança que estão em jogo, mais também todo o projeto de
vida daquelas crianças ou adolescentes. Tem-se observado também, que na maioria dos casos
aqui já elencados, a devolução do menor ocorre por decisão singular dos adotantes, que
acabam não encontrando no filho adotivo a criança que foi idealizada pelos mesmos.
Sendo assim, à questão já referenciada anteriormente volta à baila, ou seja, a que se
refere ao período do estágio de convivência. Torna-se imprescindível que este período tenha o
intuito de analisar a adaptação da criança junto aos adotantes, já o contrário não se verifica.
Portanto os adotantes devem ter consciência que farão o papel de pais, caso contrário, não
devem assumir tal compromisso, pois não se torna razoável que nas primeiras dificuldades
desistam da adoção e devolvam o adotado para o Estado, como quem devolve uma
mercadoria numa loja. É necessário ter noção do que é a adoção e no que ela implica, uma vez
que ela deve ser, ao menos teoricamente, irrevogável.
Segundo Franzolin (2010), a devolução gera traumas de cunho existencial e na grande
maioria das vezes irreparáveis ao menor adotado. A criança que já se encontrava em uma
44
rotina habituada, de repente é arrancada de forma direta e levada novamente para o abrigo,
causando abalo psicológico, perda das referências, complexo de inferioridade e medo de ser
novamente inserida num novo contexto familiar.
Assim sendo, no que tange ao danos sofridos pelos menores adotados, que acabaram
sendo devolvidos a Instituição que os acolhia, pode ser considerado com um enorme potencial
de causar-lhes danos imateriais de difícil reversão, no qual, os tornarão adultos sem
perspectivas, sem relações sólidas e sem vontade de lutar pela vida.
Neste caso, segundo a autora, “a desistência foi infundada, sendo fixado pela juíza
relatora alimentos provisórios no valor de 2 (dois) salários mínimos pelo prazo de 6 (seis)
meses.” Carlos (2014, p. 51).
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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