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A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR NO

APRIMORAMENTO DA LEITURA, ESCRITA E PRODUÇÃO


TEXTUAL NAS SÉRIES INICIAIS.

Maria Benta Rodrigues Santiago1


Maria das Graças Píccoli de Paula2

Resumo

O objetivo deste artigo é contribuir para a reflexão sobre o prazer de ler, escrever como
produção textual, e a importância das leituras infantis no cotidiano das crianças. Apresenta
elementos essenciais para aprofundamento sobre a discussão do ensino e da aprendizagem a
partir do Referencial Curricular do Estado do Tocantins, ressaltando que a leitura é um
processo no qual garante a interação significativa e funcional da criança com a língua escrita,
como meio de construir os conhecimentos necessários para poder abordar as diferentes etapas
da aprendizagem com eficácia. O ensino vem passando por transformações nestes últimos
anos e vemos a falta de interesse dos alunos dos 5º anos quanto à leitura, escrita e produção
textual, neste sentido, objetivando apontar elementos que afirmam que o educando precisa
adequar seu aprendizado dentro da nova proposta curricular, é que se propõem este artigo
voltado para a temática da participação da gestão na leitura e escrita. Para alcançar os
objetivos propostos, destaca-se neste trabalho desenvolvido a partir de um projeto de
intervenção, no qual se utilizou a metodologia da pesquisa ação em que foi possível também
realizar atividades práticas como: rodas de leitura, confecção de livros literários, brincadeiras
artísticas, teatros e variados confrontos infantis, visando aperfeiçoar a sensibilidade e
desenvolvendo o sentimento de segurança para que os alunos construíssem a própria
autonomia. Como resultado, ressalta-se que os alunos adquiriram o hábito da leitura,
autonomia em suas escolhas literárias, ampliando a interpretação de leitura reconhecendo à
diversidade textual, produzindo textos coesos e coerentes.

Palavras Chave: Leitura; escrita; aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Observando o rendimento escolar do primeiro bimestre/2009, dos alunos dos quintos


anos, do Colégio Estadual Adjúlio Balthazar, detectou-se que o aproveitamento dos mesmos

1
Diretora Administrativa Adjunta -Colégio Estadual Adjulio Balthazar, Licenciatura em Normal Superior-
Universidade do Tocantins.
2
Diretora Geral - Colégio Estadual Adjúlio Balthazar-Licenciada em Pedagogia - UNIRG-Gurupi-TO.

1
não foi satisfatório, na disciplina de Língua Portuguesa. Partindo deste resultado a equipe
pedagógica e a gestão escolar, propuseram diagnosticar como poderiam estar resolvendo o
problema? Fez-se uma pesquisa ação através de monitoramento de fichas de avaliação
aplicadas aos referidos alunos, onde nestas fichas eram registrado o desempenho da leitura e
escrita do aluno, observando as habilidades que deveriam estar atingidas até o momento e um
trabalho de avaliação contínua nas atividades desenvolvidas em sala de aula, tanto na leitura,
quanto na escrita, onde os professores relatavam os aspectos em que os alunos encontravam
dificuldades. Com a aquisição destes dados levantados através da pesquisa ação, as equipes
propuseram a elaborar e executar um projeto de intervenção que viesse sanar esta
problemática.
O presente artigo objetiva mostrar que, quando a equipe gestora da escola integra-se no
fazer pedagógico, dando suporte ao professor e sensibilizando-o de que o livro é um recurso
que está sempre ao alcance do aluno, sendo um instrumento simples, de fácil acesso e de
eficiência inigualável, e que se for bem explorado, surge daí, grande oportunidade de sucesso
no ensino e aprendizagem do alunado. É essencial que resgate no educando essa aptidão para
a leitura e escrita, que propiciará o desenvolvimento da percepção da habilidade de interpretar
a si mesmo e ao outro, permitindo que nos transformemos em pessoas aptas para intervir na
construção da aprendizagem, para que o indivíduo seja sujeito da sua própria história,
consciente de que é através da linguagem que ele poderá saber dizer, para saber fazer de
maneira autônoma, assegurando-lhe a plena participação social.
Para atingir esta conquista é necessário que a gestão escolar afaste da escola, a
alegação da falta de interesse do aluno como justificativa para o mau desempenho escolar.
Precisa ser combatida de forma radical porque ela implica a própria renúncia da escola a uma
de suas funções mais essenciais. Os equívocos a esse respeito geralmente advêm da atitude
errônea de considerar a “aula” como o produto do trabalho escolar. Nessa concepção, desde
que o professor deu uma boa aula, a escola cumpriu sua obrigação, apresentou o seu produto,
tudo o mais sendo responsabilidade do aluno. Mas, se considerarmos o conceito de trabalho
humano como “atividade adequada a um fim”, a aula ou a “situação de ensino” constitui o
próprio trabalho, não seu produto. Se a escola tem que responder por produtos, estes só podem
ser o resultado da apropriação do saber pelos alunos. Se estes não aprenderam, a escola não foi

2
produtiva. Dizer que a escola é produtiva porque deu boa aula, mas o aluno não aprendeu é o
mesmo que dizer que a cirurgia foi um sucesso, mas o paciente morreu.
Ora, o “querer aprender” é também um valor cultivado historicamente pelo homem e ,
pois, um conteúdo natural que precisa ser apropriado pelas novas gerações, por meio do
processo educativo. Não cabe, pois, à escola, enquanto agência encarregada de educação
sistematizada, renunciar a essa tarefa. Por isso é que não tem sentido a alegação de que, se o
aluno não quer aprender, não cabe à escola a responsabilidade por seu fracasso. Cabe sim, e
esta é uma de suas mais importantes tarefas. Levar o educando a “querer aprender” é o desafio
primeiro da didática, do qual dependem todas as demais iniciativas ( PARO, 1995). E isto, é
tarefa da gestão escolar, daí surge a importância da participação da gestão escolar no
aprimoramento da leitura, escrita e produção textual nas séries iniciais.
A linguagem escrita, como qualquer outra, faz parte do cotidiano das pessoas. Vivemos
cercados de textos, que servem para convencer, informar, comunicar e expressar, entre outras
coisas idéias e sentimentos. Mesmo aqueles que não sabem ler e escrever convivem, com
textos impressos em diferentes situações, no qual a leitura e a escrita estão presentes. Daí a
importância de elaborar estratégias com eficácia3 para o desenvolvimento da escrita, utilizando
a leitura como matéria-prima, abordando-a de forma a atender a essa necessidade. A
participação em prática de leitura e de escrita no cotidiano possibilita e amplia os
conhecimentos sobre a língua. Paulo Freire (2003, p 29) afirma que “Desde o começo, na
prática democrática e crítica. A leitura do mundo e a leitura da palavra estão dinamicamente
juntas.”.
A aprendizagem da linguagem escrita, embora tenha início fora da escola, encontra
nela o lugar de sistematização e ampliação, através de estratégias com tarefas básicas de
ensinar a ler e escrever aos que nela ingressam. Porque ler e escrever são processos distintos e
complementares que exigem diferentes habilidades, competências, ações que variam de acordo
com cada tipo de texto e seu grau de complexidade. Portanto a possibilidade dos alunos de ler
e produzir diferentes tipos de textos do mais simples aos mais elaborados, que os tornará
leitores e escritores competentes4. Afinal a leitura é o início de um caminho que os alunos

3
Refere-se aos efeitos alcançados em relação ao que se pretende.
4
Não se trata, evidentemente, de formar escritores no sentido de profissionais da escrita e sim de pessoas capazes
de escrever com eficácia.

3
deverão trilhar para se transformarem em cidadãos da cultura escrita. O livro continua a ser o
instrumento ideal no processo educativo, notemos que não há meio de comunicação de massa
eficaz que não tenha como fundamento, um texto, isto é, uma rede de idéias que só as palavras
podem expressar.
A leitura é um dos requisitos básicos de qualquer atividade pedagógica, e se torna
prazerosa desde que se criem nos leitores hábitos de ler. Quando se fala em leitura vem a idéia
de que há entre vê e olhar, ouvir e escutar... Ler não é apenas passar os olhos por algo escrito,
não é fazer a versão oral de um escrito. “A leitura na escola tem sido fundamental, um
objetivo de aprendizagem é necessário que faça sentido para o aluno. Isto é do seu ponto de
vista, a objetivo de realização imediata...” (PCN, Língua Portuguesa p. 154).
Durante a elaboração deste, objetiva mostrar a importância do ato de ler na construção
de saberes, na interpretação do que se está lendo. Opinar, concordar e discordar do que se lê.
Quando o hábito da leitura é incentivado ao longo da vida de uma pessoa, com certeza ela se
tornará um cidadão mais critico e consciente de seus direitos e deveres. Tornando-se formador
deste hábito.

CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM DA LEITURA E


ESCRITA

Com a execução do projeto de intervenção visualizou-se que a leitura é um processo


no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto a partir de seus
objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto. Propicia o desenvolvimento do pensamento
artístico que caracteriza um modo particular de sentido às experiências das pessoas. Por meio
dele o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação.
O Colégio Estadual Adjúlio Balthazar é localizado na Avenida Rui Barbosa s/nº,
Centro, Alvorada-TO. Observa-se que desde a fundação até a data atual existiram grandes
mudanças em todas as áreas, sempre incorporando vantagens que vêm refletindo não somente
no aprendizado ou organização administrativa, como também nas famílias do alunado.

4
Mapeando desde seu estabelecimento, reconhecimento, estrutura administrativa até a
formação do corpo docente e discente, conhecendo o seu histórico de funcionamento percebe-
se o gradativo crescimento de resultados positivos dentro dos serviços prestados.
No decorrer da pequisa-ação deste, procurou mostrar as atribuições da equipe, no
conceito de administração com suas respectivas funções. A técnica de acompanhamento
escolar desempenha um papel importante, orientando os coordenadores e professores nas
execuções das ações do Projeto Político Pedagógico, monitorando os resultados intervindo
com orientações se necessário. Os coordenadores pedagógicos e diretora geral orientam os
professores no planejamento e execução das ações, dando suporte para solucionar as
dificuldades encontradas, através de materiais e recursos pedagógicos, que vem facilitar a
aprendizagem do educando. Os professores são líderes ativos, motivados na construção de
conhecimentos. Através de cursos de capacitação como Formação Continuada, Gestar,
desenvolvem as habilidades para o progresso dos alunos. Na análise documental observou-se
que estão regularizados, pois, são diagnosticados pelos órgãos de competências, como também
pela Diretoria Regional de Ensino de Gurupi. O Projeto Político Pedagógico é renovado
anualmente com a participação da gestão escolar, sendo feitas às mudanças e adequando as
ações que foram positivas, como também inserindo outras que são importantes para o ensino e
aprendizagem dos alunos.
Na pesquisa-ação no que se refere à análise situacional do problema percebe-se que
embora a escola tem alcançado resultados positivos em seus índices de aproveitamento,
existem alguns pontos que precisam ser melhorados, como despertar o interesse pela leitura,
escrita e produção textual com alunos dos 5º anos.
O trabalho pedagógico é Baseado na Referencial Curricular do Estado, Projeto
Político Pedagógico, LDB, Regimento Escolar Estadual, Regimento Interno e ECA.
Ressaltando que a participação dos professores no processo é de grande relevância, pois, os
mesmos contribuem com idéias, sugestões, elaboração e execução de projetos de ensino e
aprendizagem. Objetivando o maior número de aproveitamento e permanência com sucesso do
aluno na escola. Conta com diretora, coordenadora, supervisora, coordenador de secretaria,
professores, auxiliares de serviços gerais, vigias e merendeiras, sendo a maioria graduados. As
salas de aula são equipadas com quadros de giz e magnético, carteiras, cadeiras, mesinhas, TV

5
29 polegadas, DVD, ventiladores, uma sala bem organizada tendo estante com livros de
literatura infantis, formando o cantinho da leitura.
O Projeto de Intervenção e Regência foi realizado nas turmas dos 5º anos: A e B
totalizando 57 alunos, 02 professores, equipe pedagógica e gestora. O acompanhamento
pedagógico do aluno é feito pela coordenadora pedagógica, diretora geral e demais
funcionários da área. O enfoque do professor está voltado para priorizar os problemas
encontrados, adequando os conteúdos às necessidades dos alunos, procurando trabalhar
integrando todos de forma interdisciplinar, com as diferentes áreas.
A metodologia baseou-se nos dados levantados, observação, análise dos planos de aula
e planejamento, entrevista com professores dos 5º anos, rendimento escolar, detectou-se a
problemática; a falta de domínio na leitura, escrita e produção de textos. Objetivou-se a
construção de competências, diversificando a metodologia mediante a necessidade e realidade
dos alunos, pois a criança ocupa um papel central em nossa sociedade.
A gestão da escola, procurando contribuir com os professores a desenvolver meios para
que o aluno aprenda ler e escrever de forma satisfatória, interessante e significativa, possibilita
que o professor tenha em mãos materiais diversificados como jornais, revistas, jogos, músicas,
vídeos, aulas no laboratório de informática que os ajudaram na abordagem dos diversos
conteúdos programados, elaborando e executando, também, com auxílio dos professores o
projeto de intervenção para melhor desenvolvimento do domínio da leitura e escrita. As ações
do projeto desenvolvido contaram com metodologias simples, porém diversificadas, com as
quais a gestão escolar e professores usaram de criatividade para desenvolvê-las, onde foi
preparado diariamente, em cada sala de aula um cantinho de leitura com variedades de
literaturas infantis, no nível de interesse dos alunos, e ao mesmo tempo incentivando-os a
escolherem livremente sua literatura, para que aos poucos possam fazer seleção, tendo
liberdade de construir sua própria leitura, pois ler é atribuir diretamente um sentido a algo
escrito, no desejo de formar leitores, levando-os a terem paixão pela leitura e escrita. Como
afirma Paulo Freire (2003 p. 18) que “O ato de ler não se esgota na decodificação pura da
palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do
mundo”.

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Após a leitura dos livros os alunos socializavam através de brincadeiras como
mímicas, teatro com fantoches e reprodução oral da história. Realizaram-se mensalmente
rodas de leitura com a participação dos pais. Os filhos liam para os pais e eles para os filhos.
A escola possui uma área livre muito bonita e agradável, onde quinzenalmente era
realizado momento extra classe de leitura de textos de diversos gêneros que ficavam
pendurados nos galhos das árvores fazendo o uso de microfone e caixa de som. Quanto ao
aspecto de escrita e produção textual realiza-se semanalmente produção de texto de acordo
com o gênero proposto, atendendo os seguintes critérios: textos com coerência e coesão,
emprego do parágrafo, ortografia e pontuação. Realizou-se uma exposição aberta à
comunidade dos murais confeccionados com as produções de textos.
Com a finalização dos trabalhos de produção fez-se a impressão de livros de
coletâneas de textos produzidos durante a execução do projeto. Contudo, professores, alunos,
pais e equipe escolar sentiram orgulhosos pelo desenvolvimento do referido projeto, pois
diante dos resultados alcançados que elevaram os índices de aproveitamento do 5° ano A de
93% para 96% e do 5° ano B de 89% para 95%, conforme mostra os gráficos abaixo.

ÍNDICE DE APROVEITAMENTO DE LÍNGUA


PORTUGUESA NO 1º BIMESTRE/2009
Valendo ressaltar que com o
projeto, os professores relataram o avanço
5ª Ano A significativo dos alunos com crescimento
intelectual e social, dentro da concepção
5º Ano B
89% 93%
da aprendizagem que reflete nas atividades
realizadas. Percebeu-se que os educandos
envolveram-se com o projeto de forma
prazerosa e despertou o gosto pela leitura,
pois houve crescimento da freqüência dos
alunos na biblioteca da escola, em busca
ÍNDICE DE APROVEITAMENTO DE LÍNGUA PORTUGUESA
de livros para a leitura. Na escrita e produção textual, mostraram que as mesmas estão sendo
FINAL/2009

mais eficientes com quase todas as habilidades pertinentes aos 5° anos, plenamente

5ª Ano A
7

5º Ano B
desenvolvidas. O livro com a coletânea de textos escritos por eles foi editado, podendo afirmar
que o resultado do projeto foi muito positivo.
O relacionamento dos alunos com o professor e a gestão escolar é amigável, pois, o
professor cria assim um clima efetivo e de aproximação com as crianças, e a gestão possibilita
meios de tornar as aulas mais dinâmicas e atrativas, participando dos momentos de interação
facilitando a aprendizagem dos alunos juntamente com o professor e transformando a sala de
aula num ambiente estimulante, brincando, contando historinhas com encenação, mostrando o
valor da linguagem escrita e oral, demonstrando vivacidade por estarem juntos participando
das mesmas atividades, servindo de mola propulsora da aquisição da escrita. Essas
metodologias trabalhadas durante a execução do projeto despertaram o interesse pela leitura e
escrita, desenvolvendo o raciocínio lógico das crianças.
Neste contexto é necessário vivenciar a leitura, pois a mesma funciona como matéria-
prima para o desenvolvimento da escrita e o aprimoramento da aprendizagem. Alem de ter um
valor técnico para a alfabetização, a leitura é ainda uma fonte de prazer, satisfação pessoal de
conquista, realização, que serve de grande estímulo e motivação para que a criança goste da
escola e de estudar. Teberosk. (l998, p. 96).

Analisa uma das conseqüências psicológicas da função de reificação: a


possibilidade de distinguir entre o que está escrito e o que quer dizer; isto é,
entre o literal e a sua interpretação e a possibilidade de reprodução literal das
mesmas palavras como produtos do uso da escrita.

Com base nos pressupostos teóricos como Paulo Freire (2003) e Cagliari (1999) as
atividades de leitura e escrita têm um papel expressivo no desenvolvimento da criança, pois a
leitura e a escrita é a base para a aquisição de uma cultura de toda a aprendizagem escolar,
visto que é a partir dela que o indivíduo tem acesso ao conhecimento de forma preciosa.
Emilia Ferreiro da ênfase a escrita e produção textual, para se obter sucesso no propósito da
escrita e produção, a criança precisa gostar dos livros, ser apaixonado pela leitura. Por isso
elaboramos ações voltadas para a leitura e escrita, com esses alunos dos 5º anos.
Para Kleiman (2001), “as idéias com reflexão surgem a partir de inquietações
individuais e dos desafios no mundo da literatura em busca de um aprendizado baseado no uso
de textos literários que é importante para o ensino e aprendizagem”.

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Spiro (1980), afirma que todos estes elementos: escrita e produção textual, têm um
papel importante na compreensão da leitura. Afirma-se que a interpretação de um texto é em
grande parte influenciada por estes elementos. Para Anderson (1977), estes elementos são
espontaneamente incorporados ao ato de ler para produzir uma construção mais rica e coerente
de uma representação que dá conta da mensagem. Asseguram que o conhecimento anterior e
as experiências passadas é a base para a compreensão da leitura, porque muito antes que as
crianças leiam, elas têm experiências com o mundo e com a língua.
De acordo com estes autores, além do conhecimento da língua e do mundo que a
rodeia, a criança utiliza-se de estratégias cognitivas no ato de ler e escrever e está diretamente
ligada às assunções da teoria de esquemas.
Diagnosticado durante o projeto de intervenção dentro da pesquisa-ação a problemática
da falta de interesse desses alunos dos 5º anos pela leitura, escrita e produção textual é que
baseamos nestes teóricos e elaboramos ações e foram executadas e voltadas para a leitura,
escrita e produção textual. “O melhor que a escola pode oferecer aos alunos deve estar voltado
para a leitura e escrita. Se um aluno não se sair muito bem, nas atividades, mas for um bom
leitor, penso que a escola cumpriu em grande parte sua tarefa”. (CAGLIARI 1999, p.148).
Portanto é imprescindível que o trabalho com a leitura seja entendido como um
processo gradativo, significativo e organizado. Neste processo é fundamental levar em
consideração o contexto sócio cultural como direcionador do processo, com o objetivo de
encontrar formas de garantir, de fato a aprendizagem da leitura e da escrita. Nesta perspectiva
a compreensão proporcionada pela leitura apresenta características bastante diferentes que vai
ao encontro do leitor a mensagem escrita dentro de uma categoria especial de comunicação.
As atividades que envolvem a leitura e a escrita se constituem como conseqüência do trabalho
de ampliação do conhecimento e desenvolvimento intelectual do aluno. Daí a importância de
desenvolver estratégias para um trabalho produtivo e eficaz, utilizando a leitura como
ferramenta para desenvolver a escrita que também deverá ser associada a atividades ligadas à
linguagem oral.
No referencial curricular do estado do Tocantins constata-se que a escrita exige uma
gama de relações complexas entre sons e letras. E ainda o mais importante que é garantir a
fluência para se escrever com eficácia buscando subsídios através da leitura. Ler e escrever
são práticas que permitem construir conhecimentos, ver além das letras e criar além das

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palavras. Mas a relação que se estabelece entre leitura e escrita, entre leitor e escritor, não
significa que quem lê muito automaticamente escreve bem. Por isso é necessária a realização
de atividades em sala de aula como a roda de leitura, produção textual que foi aplicada neste
projeto, para incentivar o desenvolvimento da escrita. Considerando a capacidade de
aprendizagem e o nível de desenvolvimento intelectual atingido pelo aluno tanto prático, como
abstrato, que lhe permite entre outras conquistas a aquisição da escrita. É necessário que as
crianças tenham acesso a uma diversidade de textos utilizando-os como matéria-prima para
que possam aprender mais sobre o uso da língua escrita na sociedade. Esse conhecimento
amplia as possibilidades de uso da escrita.
A verdadeira evolução de um povo se faz ao nível de consciência de mundo que cada
uma vai assimilando desde a infância. E o caminho para chegar a este nível de consciência é
através da leitura e escrita. Por esse motivo, todo tipo de material escrito deve fazer parte do
universo da criança. É preciso que haja uma integração entre pais e professores para que
possam proporcionar momentos freqüentes de leitura e escrita que inclua anedotas,
adivinhações, jornais, revistas, receitas, curiosidades e contar-lhes histórias infantis. Assim
estarão contribuindo para a formação de bons leitores.
Uma prática constante de leitura na sala de aula pressupõe o trabalho como a
diversidade de objetivos, modalidades e textos que caracterizam a prática de leitura e escrita
de fato. Diferentes objetivos exigem diferentes textos e cada qual, por sua vez, exige um tipo
especifico uma modalidade de leitura. Para tornar os alunos bons leitores e escritores para
desenvolver muito mais do que a capacidade de ler, o gosto pela leitura e um compromisso
com ela, precisa-se mobiliza-los internamente, pois aprender a ler e também ler para aprender,
requer esforços. Os alunos devem ver a leitura como algo interessante e desafiador, uma
conquista capaz de dar autonomia e independência. E deve estar confiante em seu
aprendizado, tendo condição para enfrentar o desafio e aprender fazendo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho confirma que a leitura e escrita são tarefas primordiais para
o ensino nas séries iniciais do ensino fundamental, pois sabe-se que ler e escrever são atos
lingüísticos fundamentais para a vida de qualquer cidadão, o que, infelizmente só

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recentemente tem havido uma maior percepção deste panorama tão necessário pelos projetos
educacionais.
No decorrer deste projeto de intervenção realizado no Colégio Estadual Adjúlio
Balthazar, nos 5° anos A e B, com uma clientela de 57 alunos, envolvendo professores equipe
pedagógica e Gestão Escolar, procurou-se mostrar as contribuições que a leitura oferece e ao
mesmo tempo apresentou-se algumas sugestões didáticas para a inovação da prática
pedagógica.
Considera-se que a leitura propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de
informações básicas à abertura de novos horizontes para mente, a sistematização do
pensamento, além de desenvolver a habilidade da escrita. Neste contexto a escola é o local
privilegiado para esse exercício de ensino-aprendizagem da escrita através da leitura, é a partir
dela que o educando ganha autonomia para seus próprios vôos.

Neste processo de elaboração do conhecimento a leitura é uma atividade preparatória


para o aluno desenvolver suas habilidades para a escrita. Portanto os alunos deverão ser
motivados a despertar o interesse pela leitura e escrita, não somente na escola, mas a partir de
experiências vividas na interação com a família. O domínio da leitura e da escrita pressupõe o
aumento da capacidade cognitiva onde os alunos sejam capacitados para selecionar
informações críticas, além de potencializar a troca e a comunicação. É importante fazer com
que o aluno reflita sobre os percursos cheios de desafios ligados diretamente a construção da
escrita por meio da leitura. Essa reflexão é fundamental para a expansão da capacidade de
aprimorar a leitura e a escrita.
Portanto foi muito importante a execução do projeto de intervenção no Colégio
Estadual Adjúlio Balthazar tendo um resultado satisfatório diante do aproveitamento dos
alunos, entre os 57 alunos apenas um aluno foi reprovado no ano de 2009, deixando a equipe
e gestão escolar otimista com os resultados alcançados no Rendimento Escolar. Esse tema
sobre a participação da gestão escolar no aprimoramento da leitura, escrita e produção textual,
possibilitou o desenvolvimento da auto crítica entre vários profissionais da educação, no
sentido de auxiliar esses agentes a se tornarem seres conscientes da responsabilidade como
educadores, ainda que mudanças possam ser iniciadas gradativamente, e para isso é necessário

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que repensem suas práticas pedagógicas e que esteja determinado a promover esta mudança,
capazes de estabelecer uma relação ativa transformadora em relação ao meio social.
Nesta perspectiva o educador tem a responsabilidade de garantir aos alunos os saberes
lingüísticos de forma a despertarem o prazer de participarem do processo de construção da
escrita utilizando a leitura como matéria-prima, envolvendo-a em atividades específicas que
viabilizem o acesso do aluno ao universo do conhecimento, em que a leitura e a escrita são
partes importantes desse universo criado pela linguagem, ampliando as condições de interação
e convívio social.
Essa visão de leitura não só vê o homem como ser real, um homem que ao se
relacionar com o material escrito, psicologicamente transforma-se, como também fornece
inúmeros subsídios para a prática pedagógica. Desta forma, conclui-se que é por meio da
leitura que o aluno tem a oportunidade de desenvolver o raciocínio lógico e interpretar o
mundo a sua maneira, considerando seus conhecimentos já adquiridos e conseqüentemente
tornando-se um cidadão participativo e conhecedor de seus direitos, pois além de aperfeiçoar a
escrita e o vocabulário, a leitura é também um veículo pelo qual o leitor adquire novas
aprendizagens e informações, as quais eles não só poderão avaliá-las, como, também ao tomar
posse delas e usá-las.
Em síntese, acredita-se que essa reflexão aponta um caminho aberto para o que
entendemos por leitura, escrita e produção textual, caminho este que, apesar de muito
explorado por vários autores, representa ainda um começo a ser trilhado por todos nós.

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12
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