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RESUMO
A contribuição do cenário para uma experiência positiva de um evento e um
festival foi enfatizada tanto na literatura sobre qualidade de serviço quanto na
experiência. Então, os promotores e planejadores de eventos precisam prestar
especial atenção no local onde eles estarão organizando seus festivais e
eventos. Ao avaliar o local mais satisfatório, os promotores de festivais e
eventos têm duas opções: criar e desenvolver novos locais ou usar áreas
previamente estabelecidas. A primeira opção é freqüentemente viável quando
são encontradas áreas estabelecidas para ter capacidade limitada para receber
um grande número de visitantes que o festival ou evento atrairá o que é
normalmente associado com grandes eventos como as Olimpíadas e
Exposições Mundiais (EXPO). Estes locais, uma vez construídos, podem ser
utilizados permanentemente como locais de realização de eventos -
combinando espaço público de alta qualidade com lugares modernos. A outra
opção, que é claramente a opção mais apropriada para a maioria dos
promotores de eventos, é o uso de áreas estabelecidas, uma vez que o espaço
está amadurecido para uso e o desembolso para a preparação do local é
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Autora, Núcleo de Pesquisas e Estudos Avançados em Turismo – NUPETUR, Departamento de
Turismo, Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, BR. Email:
aflecha@turismo.ufop.br/angela.flecha@gmail.com
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Co-autora, Departamento de Antropologia, Universidade Federal de Minas Gerais, MG, BR.
Email: wlott@uai.com.br
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Co-autor, School of Services Management, Bournemouth University, UK. Email:
mmoital@bournemouth.ac.uk
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Co-autor, School of Services Management, Bournemouth University, UK. Email:
jonedwards@bournemouth.ac.uk
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Co-autor, Universidade Paulista (UNIP) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção (PPGEP). Email: jpafusco@uol.com.br
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ABSTRACT
The contribution of the setting for a positive festival and event experience has
been emphasised in both the service quality and experience literature.
Therefore, event promoters and planners need to pay particular attention to
where they will be staging their festivals and events. When assessing the most
suitable location, festival and event promoters have two options: to create and
develop new sites or to use established areas. The first option is often viable
when established areas are found to be of limited capacity for hosting the large
numbers of visitors that the festival or event will attract. It is usually
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associated with large-scale events such as the Olympics and World Expo’s.
These sites, once built, can then be made permanent event sites – combining
high quality public space with modern venues. The other option, the use of
established areas, is clearly the most appropriate option for the majority of
event planners as the space is usually ripe for usage and therefore the outlay
for preparing the site is minimal. Due to their unique characteristics, the
staging of events at urban historic centres has the potential to provide a major
contribution to the event attendants’ experience. However, there are also
constrains affecting the staging of events at such sites, including the type,
number and size of the events that can be accommodated without threatening
the sustainability of the centre. Consequently, due to the unique character of
urban historic centres, staging events in urban historic centres pose major
sustainability challenges that need to be identified and fully addressed. The
purpose of this paper is to examine the concept of sustainability applied to
urban historic sites as the setting for festivals and events. It will consider the
sustainability of both the setting namely the urban historic centre and the
proposed events to determine if it is possible for the two to work synergistically
thereby contributing towards the sustainability both aspire to. The paper will
put forward a conceptual framework for examining the sustainability of urban
historic centres as event sites. In doing so, the paper will investigate the need
for, and principles of, a sustainable development and management strategies
for events in urban historical centres. The framework will be illustrated using
one or more examples of urban historic centres in Minas Gerais, Brazil.
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1. INTRODUÇÃO
Eventos, eventos coloquiais, eventos sociais, eventos competitivos,
eventos expositivos, eventos religiosos, festivais, carnavais... Eventos...
Eventos e mais eventos! Iniciou-se a era dos eventos, mas será que todos os
tipos de eventos são bem vindos nas localidades? Será que não é importante
primeiro definir o tipo de turista/visitante que a localidade deseja receber para
depois definir o tipo de evento a ser criado ou desenvolvido?
O tema é recente no Brasil e a bibliografia escassa e se limitando a
apresentar tipologias e discorrer-se sobre inclusão social da comunidade local e
apropriação das festas, mas sem analises e pesquisas que envolvam, por
exemplo, a percepção dos visitantes/turistas.
Não obstante a falta de estudos é inegável o crescimento do
deslocamento de pessoas em busca de lazer e conhecimento de novas
culturas, provocando uma crescente competitividade entre os destinos em todo
o mundo. Neste ponto o evento se apresenta como equalizador da
sazonalidade e o fiel da balança das finanças dos destinos.
O setor, formado por pequenas e médias empresas (PMEs), pulveriza as
oportunidades além de proporcionar aos gestores públicos uma forma de
projetar suas ações e captar mais recursos para o município. Mas apesar do
Turismo se apresentar como um estimulador do desenvolvimento econômico,
principalmente na segunda metade do último século, ainda é questionada a
natureza exata do seu papel na economia (Shaw e Williams 2002, 145).
Porém, deve ser reconhecido que na estrutura comercial turística há um
grande potencial para os eventos serem cada vez mais foco de
empreendedorismo e desenvolvimento econômico.
Modelos de regeneração culturais, como o ilustrado em uma gama de
cidades européias (Kotler et al, 2006) é vital no processo não só de
desenvolvimento local como na construção identitária das cidades. Cada vez
mais os eventos são vistos como importantes condutores e componentes do
portfólio de produtos de turismo de uma localidade (Ryan, 1998) que também
podem contribuir significativamente na condução do desenvolvimento
econômico e na diversidade de uma região. Além disso, há um apoio crescente
na reivindicação dos benefícios econômicos trazidos pelos
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2. BASE CONCEITUAL
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OS EVENTOS
Os eventos são uma "celebração ou apresentação de algum tema para o
qual o público é convidado durante um tempo limitado, anualmente ou menos
freqüentemente" (Getz 1997, 28 ). Dim Mock e Trice apud Douglas et al.
(2000, p. 358) conceituam eventos como "ocasiões temáticas públicas
projetadas para celebrar aspectos valorizados de um "way of life" de uma
comunidade".
Estes contribuem para apresentar e projetar o tecido sócio-cultural do
destino e permitem receber benefícios individuais e comerciais no campo das
vendas, marketing, educação, comunicação, motivação e avaliação
(Commonwealth Dept of Tourism apud Presbury e Edwards, 2005). Além
destes fatores significam uma forma de apresentar, conquistar, estabelecer
conceitos ou recuperar a imagem de pessoas, organizações, empresas ou
entidades.
Kotler (2006) destaca que os eventos promovem a criação de uma forte
identificação com um mercado-alvo ou com um estilo de vida específico; o
aumento da conscientização do nome da localidade; a criação ou reforço das
percepções do consumidor quando associações-chave com a imagem da
localidade/destino; o aperfeiçoamento das dimensões da imagem da
localidade/destino; a criação das experiências e sensações; a expressão do
compromisso com a comunidade ou com questões sociais; o entretenimento
dos principais clientes/turistas; e, a criação de oportunidades de divulgação ou
promoções.
Os eventos apresentam grande potencial para o ressurgimento
econômico, a construção da comunidade e do desenvolvimento cultural,
enquanto fortalecedores e mantenedores únicos da marca do destino (Aitken,
2002). Em muitos casos aumentam a permanência de visitantes em um
destino prolongando as estações turísticas (Getz, 1997). Os eventos que têm a
participação de visitantes/turistas provocam um impacto positivo através da
troca cultural e da construção de novos relacionamentos pessoais e de
negócios (McCabe, 2000).
Porém, muitos riscos são associados a eles o que pode resultar
negativamente em impactos econômicos, sociais, ambientais e culturais
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OS FESTIVAIS
Na literatura da antropologia Falassi apud Simonicca (1997) conceitua
festival como “um evento, um fenomeno social que se encontra virtualmente
em todas as culturas humanas e caracteriza-se como um tempo sacro ou
profano de um personagem, evento ou colheita de um importante produto”.
Consite em uma série de performances artisticas, especialmente dedicada a
um único autor ou um gênero que configura-se em uma situação geral de
alegria, convivência e paz, uma grande festa
A função social que o significado simbólico do festival tem é
estreitamente relacionada a uma série de valores que a comunidade reconhece
como essencial para a própria visão do mundo, da identidade social, da
continuidade histórica e da sobrevivência física, que é, em última análise o que
o festival celebra. Simonicca (1997) destaca que não se trata somente da
dimensão ritual ou religiosa e que portanto o festival pode se definir como uma
celebração pública, com foco temático.
A sociologia sugere que o propósito principal das celebrações coletivas
como festivais e eventos especiais é o de construir coesão social reforçando os
vínculos da comunidade (Durkheim, 2003; Rao, 2001). Os sociólogos discutem
que festivais estão geralmente conectados com eventos culturalmente
compartilhados (Rao, 2001). Festivais demonstram, em forma simbólica, o que
uma sociedade acredita ser vital para sua vida e então, quando um grupo
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3. METODOLOGIA
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cidade de Ouro Preto, o bloco recebe apoio da Prefeitura para garantir a folia.
Tem atualmente cerca de 50 membros e a filiação é quase hereditária.
Outro bloco tradicional do Carnaval de Ouro Preto é a BAFO (Bandalheira
Folclórica Ouro-Pretana) (Fig. 1). Os participantes saem vestidos de calça
preta, camisa branca, penico esmaltado na cabeça, um rolo de papel higiênico
na cintura e marcham pelas ruas em ritmo militar acelerado. Já o bloco
“Conspirados”, Fundado em 1999, representa o grande desejo da sociedade
por uma volta ao espírito dos antigos carnavais, com a inocência das
marchinhas e das fantasias, resgatando o espaço público tomado pela agitação
da vida moderna, do trânsito e da correria.
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objetivo da Câmara Municipal foi definir qual o tamanho e tipo do Carnaval que
a população quer para a cidade de Ouro Preto.
No centro histórico moram cerca de 40 mil pessoas, e no Carnaval são
obrigadas a dividir o espaço com mais 30 mil por dia da festa, o equivalente a
dois terços da população que vive no centro histórico, afirmou o representante
da Polícia Militar. O Prefeito ressaltou que o número de foliões tem crescido a
cada ano e que não havia uma discussão preventiva dos problemas e propôs
uma conversar informal com os blocos em busca de uma conciliação.
Além dos integrantes da Câmara Municipal, da Prefeitura Municipal e do
Ministério Público, o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN) em Ouro Preto, relatou que o Carnaval, da forma como
ocorre no centro histórico, provoca vários impactos negativos e o evento deve
ser repensado para não destruir o que ainda está preservado. O diretor do
IPHAN ressaltou ainda que, além da sujeira, o maior problema é o número de
caminhões de cerveja que trafegam sem restrição pelas ladeiras e provocam
rachaduras nos casarões devido a trepidação resultante da movimentação dos
veículos, pois abala a estrutura das casas e faz surgir fissuras que colocam em
risco os imóveis. Destaca ainda que o ideal seria a retirada de todos os eventos
do centro histórico e que a descentralização ajudou, mas ainda é pouco.
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4. CONCLUSÃO
Por meio das pesquisas realizadas, pode-se construir um cenário dos dois
eventos que são marco do calendário de eventos da cidade de Ouro Preto: o
Carnaval de Ouro Preto e o Festival de Inverno. Estes eventos impactam a
cidade de Ouro Preto de formas distintas em função da natureza de cada um.
No Carnaval observa-se que o turista é mais jovem (até 30 anos) enquanto no
Festival de Inverno é de pessoas um pouco mais velhas e com família. Todos
os dois turistas viajam em grupos e no Festival de Inverno caracteriza-se por
turistas freqüentes, com um índice de retorno de até cinco vezes enquanto o
turista do Carnaval este índice é de até duas vezes. O perfil interfere também
na permanência e nos gastos do turista, enquanto no Carnaval ele gasta com
uma diária muito baixa e utiliza pouco os restaurantes e pousadas pois fecha
“pacote” com a república estudantil que incluem o pernoite e bebidas alcoólicas
liberadas, o turista do Festival de Inverno tem uma permanência em pousadas
e freqüenta os bares e restaurantes da cidade.
São também diferentes a renda e o nível de instrução, enquanto o
Carnaval caracteriza-se por estudantes de nível superior incompleto no Festival
de Inverno são pessoas já formadas e com pós-graduação. Neste sentido,
observa-se um ganho maior para o comercio local em julho, já que os
participantes dos festivais têm a possibilidade de maiores gastos.
Não obstante as diferenciações de rendas, a Prefeitura da cidade realiza
melhorias nos dois eventos. Nota-se um cuidado crescente como o Patrimônio
Cultural edificado, já que a localidade mantém o título de Patrimônio da
Humanidade desde a década de 1980. Os cuidados dos órgãos dirigentes
também são ampliados para sinalizações turísticas, trânsito, policiamento,
cuidados médicos, dentre muitos outros como apontado nos questionários.
O que é inegável, como já afirma a bibliografia que tange o tema
eventos, são as inúmeras possibilidades econômicas e culturais que o carnaval
e o festival apresentam para a cidade. No viés econômico não foi possível
como a pesquisa realizada perceber números absolutos que mostram um
crescimento, mas pela fala dos entrevistados, há um grande aumento no fluxo
de turista que supera até mesmo o carnaval que é concentrado em quatro dias
enquanto o Festival de Inverno de até vinte dias.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Events and Place Making, UTS, Sydney, July 15 & 16, 2002.
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