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Zumé

Boletim Eletrônico do Núcleo de Pesquisa e Extensão em História, Filosofia e


Patrimônio (NATIMA), Juazeiro do Norte, vol. 3, nº 1, 2021.

ISSN 2675-0201

REMO E PAYSANDU: PATRIMÔNIO PALAVRAS-CHAVE: Futebol, Patrimônio Imaterial, Clube do Remo,


Paysandu Sport Club.
CULTURAL DA AMAZÔNIA PARAENSE

INTRODUÇÃO
WANESSA PIRES LOTT
DOUTORA E PROFESSORA ADJUNTA DA UFPA
O Brasil é conhecido como o país do futebol! Mais que
wanessalott@hotmail.com
uma prática de esporte e/ou de lazer, o futebol é uma maneira do
DANIELLE DA SILVA GOMES
brasileiro se expressar em seu cotidiano. Falas, brincadeiras e
GRADUANDA DO CURSO DE BACHARELADO EM MUSEOLOGIA/UFPA
ditos populares encarnam a vivência do futebol, ultrapassando as
danielle.musealia@gmail.com
quatro linhas do gramado para ganhar o dia a dia. Em épocas de
Copa do Mundo e de demais campeonatos, o país se detém
diante do rádio, da TV, do computador para ver a seleção ou o
RESUMO: O presente estudo apresenta o futebol para além de uma prática
esportiva ou de lazer e, discute este, como manifestação cultural de grande time de coração arrancar alegrias, tristezas e ansiedades, nos
relevância para a construção da memória e identidade brasileira. Tomamos
como exemplo para o debate, a ação de reconhecimento Clube do Remo e do noventa minutos da disputa. Ao fim do jogo, as emoções
Paysandu Sport Club, ambos da cidade de Belém do Pará, como referência
cultural local. Por meio deste objeto, problematizaremos o longo continuam por meio de discussões, de análises – tecnicamente
esquecimento das ações de salvaguarda do IPHAN em prol do futebol. Para
detalhadas –, de brincadeiras e de festejos nas ruas. Assim, é
tal, primeiramente abordaremos a história do futebol em Belém com destaque
para os festivais esportivos do início do século XX e da fundação dos dois correto dizer que o futebol é “praticado, vivido, discutido e
clubes supracitados e na sequência, pautaremos sobre a ampliação do conceito
de patrimônio no Brasil e no debate de ações de reconhecimento do futebol teorizado no Brasil”. É “um modo específico, entre tantos outros,
como referência cultural.

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pelo qual a sociedade brasileira fala, apresenta-se, revela-se, aos poucos foi chegando nos estratos sociais mais baixos da
deixando-se, portanto, descobrir” (DAMATTA, 1982, p.21). sociedade, inicialmente como prática amadora até começar a
Mesmos que a historiografia mais tradicional afirma a ganhar roupagens mais profissionais a partir da década de 1930.
chegada do futebol em São Paulo por Charles Miller, há Desta maneira, as políticas governamentais em torno do futebol
pesquisas mais atualizadas que nos mostram a prática anterior passaram a ser mais incisivas, ocorrendo a organização dos
ao ano de 1895 (SANTOS NETO, 2002 e COUT0, 2003), clubes com o aporte das leis estatais. Com tal cooptação
tornando o futebol mais brasileiro que nós mesmo pensávamos. governamental, o controlar das massas recorrente na Primeira
Não obstante a determinação da origem no Brasil – que República, também passou a ser feito pelo viés do futebol (LOTT,
acreditamos pouco mudar a relevância do futebol para o país – é 2021).
relevante ressaltar que este modo de viver o futebol foi se Para além do futebol, outra forma de construção da
alterando no decorrer dos tempos, acompanhado as imagem do governo Varguista se vez por meio das políticas e
transformações sociais e tornando-se produto e produtor dos ações de salvaguarda do patrimônio cultural. A constituição dos
brasileiros, significando muito mais que disputas nos gramados patrimônios nacionais já era uma prática característica dos
esportivos. Estados Modernos, que, com base em instrumentos jurídicos,
Como exemplo, podemos tomar o contexto da Primeira delimitavam os bens culturais correlatos com a construção dos
República, no qual o futebol – que primeiramente era praticado valores identitários da nação. O Brasil, iniciou oficialmente o
maciçamente pelas elites – foi utilizado como uma forma de percurso neste âmbito com a criação oficial do atual Instituto do
promoção da saúde nas propagandas governamentais. Com isso,

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Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)1, em 1937, e conseguinte, a inserção de bens culturais mais diversos nos
mesmo com a relevância simbólica atribuída ao futebol, este não Livros do Tombo. Esta trajetória de reinvindicações levou a
ganhou o status dado os bens arquitetônicos de matriz luso, instituição do ‘Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial’
branca e católica. Esta escolha se deu devido a eleição do barroco em 2000 possibilitando a oficial valorização do futebol como
mineiro e do modernismo como expressões artísticas de manifestação cultural.
destaque no país, fazendo com que os bens culturais destes Diante deste breve exposto introdutório, o presente
estilos fossem significativamente inscritos nos Livros do Tombo.2 artigo tem como objetivo apresentar a salvaguarda do futebol na
No final da década de 1970, com a abertura política no Brasil, Amazônia Paraense no âmbito das políticas preservacionistas
debates passam a ser travados no país em prol da inserção da locais, com enfoque nos times Clube do Remo e Paysandu Sport
diversidade cultural na memória e identidade nacional, e, por Club, ambos da cidade de Belém do Pará. Por meio destes objetos
de estudo, problematizaremos o longo esquecimento das ações
1O atual órgão preservacionista federal já apresentou os seguintes nomes: de salvaguarda do IPHAN no âmbito do futebol. Para tal,
SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de 1937 a
1946. primeiramente abordaremos a história do futebol em Belém e
DPHAN – Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de
1946 a 1970. dos dois clubes de destaque para a população local.
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de 1970 a
1979. Posteriormente, o texto pautará na ampliação das ações de
SPHAN – Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de 1979 a
1990. salvaguarda no Brasil que possibilitaram o reconhecimento do
IBCP – Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural de 1990 a 1994. futebol como referência cultural no Estado do Pará. Ressalta-se
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1994.
2 Os Livros do Tombo são: Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico;
que o estudo em questão foi realizado durante a pandemia de
Histórico; das Belas-Artes; e das Artes Aplicadas.

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COVID 19 que assola o mundo desde o ano de 2020, assim, A capital paraense parecia que estava “borbulhando”
de festivais esportivos e futebolísticos, na primeira
optou-se pela metodologia de pesquisa bibliográfica, documental metade do século XX. (...) Estes festivais consistiam
em festas, nas quais, os clubes da cidade promoviam
e em periódicos disponíveis online na Biblioteca Nacional. Tal eventos que tinham como principal fonte de
divertimento dos grupos sociais heterogêneos a
escolha se mostrou pertinente ao tema e não comprometeu os prática de diversos esportes (dentre eles o futebol) e
resultados da pesquisa. os bailes que ocorriam na sede dos clubes
(GAUDENCIO, 2007, p.58).

Os primeiros passes do futebol paraense e o surgimento Com os clubes esportivos estavam vinculados os grupos
do Remo e do Paysandu
mais abastados – formados principalmente por ingleses que
Na virada do século XX, a impressa brasileira começou a estavam na capital do Pará em função da extração e
apontar o interesse nascente para a prática do futebol, como comercialização da borracha – fazer parte oficialmente de um
destacamos no periódico de 1987: “tem despertado vivo interesse destes clubes exigia aos brasileiros dinheiro. Os donos dos clubes
a muitos amadores do sport, o jogo das bólas” (O PARA, 1897, cobravam uma mensalidade, além do cumprimento de alguns
p.02). Desta maneira, houve uma crescente participação do pré-requisitos, como trabalhar para alguma empresa inglesa
futebol nos festivais esportivos promovidos pela e para a elite instalada na região, ou ter estudado na Europa, ou pela indicação
local, que aliado a outros esportes, – como o vôlei, o polo de algum sócio (ALENCAR, 2014). Ou seja, fazer parte de um
aquático, o hipismo, o atletismo, o ciclismo e as regatas – foi aos clube social futebolístico era uma forma de estar vinculado aos
poucos fazendo parte dos finais de semana belenense. discursos da elite, que por sua vez, envolviam os novos valores de
saúde, de elegância, de progresso e de civilização que assolaram o
Brasil no final do século XIX início do século XX. É assertivo
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firmar que, o discurso higienista desta época foi coerente com esporte [e o lazer] surgiu [surgiram] como uma das novas formas
práticas de esporte e lazer e os governos locais, com intuito de de vivência, como uma prática social representativa da
inserir nas ditas posturas de modernização das cidades, foram modernidade (ROCHA JUNIOR, 2013, p.108).
paulatinamente incentivando práticas com estas, lado a lado com
Pode-se atribuir isso ao fato do esporte incorporar
as medidas de reformas urbanas3. Assim sendo, o contexto da elementos que simbolizavam as aspirações por
mudanças, assumindo papéis que caracterizaram
modernidade no Brasil destacou-se não só pelas novas reformas modificações nas formas de agir e de circular do
urbanas, como também pelos novos traços de comportamento homem na sociedade, articulando em sua prática
elementos como: maior exposição do corpo,
social. Houve a conjugação das “reformas urbanas, mudanças de movimento, risco e desafio, fatores que significavam
uma busca pelo prazer e por uma excitação
comportamento, construção de novos hábitos” na tentativa de inovadora, sendo também uma forma das cidades se
apropriarem de mais um elemento da modernidade
“gestar uma nova relação do homem com a cidade, com o espaço, (ROCHA JUNIOR, 2013, p.108).
com o tempo, com o outro e consigo próprio”. Neste cenário, o
Ademais, se pensarmos no âmbito dos novos valores que
3 A esta necessidade de organizar o espaço das cidades aliou-se o desejo de o Estado republicano objetivava, a necessidade do
modernização do país. No Rio de Janeiro, as políticas de embelezamento
ocorreram entre 1903 e 1906 com as famosas reformas de Pereira Passos, que
disciplinamento dos corpos era fundamental para que os
tiveram as atribuições divididas entre os governos federal e municipal. Em brasileiros fossem capazes de exercerem trabalhos nos novos
Belém, com o crescimento surto econômico entre os anos de 1870 até 1910 em
decorrência da produção da borracha, ocasionou no crescimento urbano parâmetros de eficácia que a modernidade exigia. No processo
significativo, com a criação de novos bairros, a construção de prédios
imponentes como o Teatro da Paz, o Mercado Municipal do Ver-o-Peso, além civilizador característico das sociedades ocidentais modernas,
de palacetes, de parque, de praças e de linhas de bonde. Esse período foi
conhecido como Belle Époque e a capital paraense foi sendo moldada aos uma das formas de disciplinamento e/ou controle foi identificada
gostos da elite da época que idealizava uma cidade que lembrasse uma Paris
na América (SARGES, 2002).
pelo uso do esporte, pois este apresentou maneiras de estabelecer
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o comportamento esperado ao sujeito moderno, principalmente doraveamente já eram disputados na Praça Batista Campos e o
no âmbito do trabalho (ELIAS e DUNNING, 1992). Participar largo de São Braz (GAUDENCIO, 2007). Os embates eram
dos festivais esportivos ‘elevavam’ os homens à categoria de realizados principalmente aos domingos, como nos mostra o
sportmen – valor este que a princípio estava voltado apenas à jornal “Estado do Pará” na sessão ‘Vida Sportiva’.
elite – além de ter pavimentado a profissionalização do futebol e
Está assentado que amanhã, no campo de sports
posterior popularização do esporte. A partir da década de 1930, de Baptista Campos, se realizará um encontro
entre os teams de football do Brasil Sport e do
ser jogador de futebol não era mais apenas uma forma de lazer, Paysandu. Como é sabido geralmente o Paysandu,
mas uma possibilidade de trabalho para população menos em seu field, nunca foi vencido (...) O Brasil Sport
(...) não comprehende esse exclusivismo de victorias
abastada, além de vincular ao contexto do homem saudável como [do Payssandu] e dahi movimentar este novo
encontro, agora que está com seu team em
fundamental para outras empreitadas trabalhistas, vantagens excellente performance, como deixou provado
brilhantemente domingo último. E vencerá desta
estas propagadas por alguns jornais. vez? É o que iremos vêr amanhã (ESTADO DO
PARÁ, 1917, p.04) (grifos nossos).
Este jogo [o futebol], apezar de novo e desconhecido
entre nós, data da época dos antigos romanos que Com o avanço dos machts – como eram também
muito cuidavam do desenvolvimento physico da
mocidade pelos processos athleticos sob formas chamados os jogos –, criou-se uma entidade local para organizar
várias, sendo hoje universalmente adoptado como o futebol: a Parah foot-ball Association. Com preceitos
um bello divertimento e poderoso meio do
desenvolvimento muscular (O PARA, 1897, p.02). fortemente ingleses, a organização das partidas pretendia seguir

Com a constatação dos vários benefícios do futebol, o calendário esportivo da Inglaterra, fato este que não foi

espaços no subúrbio passaram a abrigar os jogos, que possível. Devido a este e a outros problemas internos, a entidade

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foi desfeita e fundou-se Liga Paraense de Foot-Ball que propiciou do esportista Hugo Manoel de Abreu Leão por integrantes do
o primeiro Campeonato Paraense em 1908, com cinco times: Norte Clube. Estes se sentiram prejudicados na partida com
União Esportiva – o campeão –, Aliança, Panther Club, Brazil Guarany em 1913, e com a sua derrota, o Clube do Remo foi o
Sport Club e Sport Club do Pará. Apesar do sucesso local do vencedor do campeonato, nascendo assim a grande rivalidade
primeiro campeonato paraense, de forma diferente dos estados entre os clubes. O primeiro campeonato vencido pelo Paysandu
do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Pará o futebol não seguiu foi em 1920, tendo como destaque o jogador Antônio Barros
uma linha ascendente desde sua entrada, não ocorrendo o Filho, conhecido como ‘O Suíço’ (PAYSSANDU, 2021). Já o
campeonato estadual nos anos de 1909, 1911, 1912 (COSTA, grande rival, o Clube Remo, teve seu primeiro título em 1913.
2007). O Grupo Remo foi criado em 05/02/1905 com forte
A ascensão do futebol paraense ganhou força com influência do Rowing Club inglês e teve como como prática
reorganização do Clube Remo em 1911 e com a criação do esportiva principal a regata. O estatuto do clube foi divulgado no
Paysandu Sport Club em 1914. Apesar da existência de outros Diário Oficial do Estado – ano XV, nº 4.049, de sexta-feira, 9 de
times em Belém, o confronto mais tradicional da cidade até a junho de 1905 – consolidando não só sua existência legal, como a
atualidade entre os times supracitados, embate este que ocorreu definição da bandeira do clube: um retângulo azul-marinho, com
pela primeira vez em 14/06/1914 pelo Campeonato Paraense de uma âncora branca no centro circulada por 13 estrelas. Sua sede
Futebol no estádio da empresa Ferreira & Comandita, atual náutica funcionou em uma edificação alugada da Intendência
estádio Leônidas Sodré de Castro (Curuzú) que pertence ao Municipal no então centro da cidade, atualmente denominado
Paysandu desde 1918. O time foi criado em 02/02/1914 na casa como cidade velha. No ano de 1908, uma crise financeira assolou

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o clube, levando ao fim do contrato de aluguel da sede bem como país com dimensões continentais e como uma riqueza cultural
a extinção do Grupo Remo. Porém, alguns atletas tomaram os pautada principalmente em sua diversidade, não é viável tal
barcos para si e continuaram seus treinos em uma localidade homogeneização (QUEIROZ, 1989). O que esta tentativa provou
chamada Miramar. O retorno para a sede inicial ocorreu três foi o esquecimento de manifestações fundamentais para a
anos depois, e com o desejo de marcar a reconstrução do clube, construção da memória coletiva e, conseguinte, para formação da
optou-se pela mudança do nome para Clube do Remo que foi identidade brasileira, pois é a força dessa diferença que
oficialmente realizada em 1914 (REMO, 2021). A rivalidade entre estruturam nossa memória enquanto coletividade (POLLAK,
os dois times traz uma forte identidade à cidade de Belém, além 1989). Diante de tal assertiva, podemos tomar o campo do
de inserir o Remo e o Paysandu de forma significativa no cenário patrimônio como um viés oficial de expressão das memórias
futebolístico brasileiro. Desta maneira, é possível problematizar a coletivas e por isso as escolhas oficiais dos bens culturais a serem
relevância cultural do futebol para a construção da memória e da salvaguardados devem ser ampliadas. Memórias não eleitas pelos
identidade nacional por meio do reconhecimento destes dos órgãos preservacionistas ocupam a esfera do esquecimento, o
times como patrimônio cultural. que é/foi o caso da do futebol.

A ampliação do conceito de patrimônio cultural no Há que se reconhecer que o fenômeno esportivo tem
Brasil: futebol também é patrimônio recebido pouca atenção quando se trata da
patrimonialização de bens e da preservação da
memória da cidade, mesmo que tenha significativa
Um dos equívocos de boa parte das políticas e ações de presença social (MELO e PERES, 2021:5).
preservação cultural no Brasil foi a tentativa frustrante de dar
uma certa homogeneidade à identidade brasileira. Ora, em um
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Este esquecimento é congruente com a trajetória do Rodrigo Melo Franco de Andrade se manteve desde de 1936,
IPHAN, que perdurou por décadas em ações tradicionalistas da conforme identifica-se no ‘Relatório das ocorrências verificadas e
preservação patrimonial, dentre as quais pontuaremos a partir das atividades realizadas pelo Sphan em 1936’, publicado no ano
deste ponto do texto. seguinte.
A preocupação de salvaguarda do patrimônio brasileiro
Tendo V. Excia. em 13 de abril do ano próximo findo
surgiu na Constituição de 19344, que destaca no artigo 10, inciso solicitado ao Senhor Presidente da República
autorização para dar início ao Serviço do Patrimônio
III que “compete concorrentemente à união e aos estados (...) Histórico e Artístico Nacional, logo que o Chefe de
proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico Estado concedeu essa autorização foi contratado o
pessoal necessário para encetar os trabalhos
ou artístico”. No entanto, a atuação de um órgão especializado essenciais e preparatórios que, de acordo com o
plano traçado por V. Excia., deveriam ser realizados
para tal dar-se-á apenas em 1936, com as ações iniciais de até que, paulatinamente e com os dados fornecidos
pela experiência, fosse surgindo o plano definitivo
Gustavo Capanema, então ministro da Educação e Saúde Pública. de organização do Serviço, que tivesse de ser
convertido em lei (ANDRADE, 1937, p.01).
Um ano depois, há a constituição oficial do IPHAN pela Lei 378
de 13 de janeiro de 1937, quando o instituto foi integrado à A relevância de destacar Rodrigo Andrade como o grande
estrutura do referido ministério. A liderança do arquiteto intelectual do IPHAN traz um melhor entendimento do caminho
seguido pelo instituto até a década de 1970. O modernista
4 O primeiro órgão voltado para a salvaguarda no Brasil foi a Inspetoria de identificou a presença dos regionalismos brasileiros como um
Monumentos Nacionais (IMN), instituída pelo Decreto n° 24.735 de 14 de
julho de 1934, uma entidade vinculada ao Museu Histórico Nacional (MHN) sinal de atraso para o país, indo de encontro com o projeto de
que tinha como objetivo deter a evasão de bens culturais nacionais para outros
países e evitar a destruição de exemplares arquitetônicos com a expansão das modernização e civilidade proferido no início da República.
cidades (FONSECA, 1997).
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Assim, o IPHAN opta-se em preservar majoritariamente os bens Rodrigo de Andrade, que seguiu com as ações de tombamento
edificados de matriz portuguesa, deixando à margem as (CHUVA, 2012).
referências negras e indígenas. Esta escolha é claramente A ampliação da percepção do patrimônio brasileiro
percebida ao verificarmos os Livros do Tombo, principalmente ganhou força apenas em junho de 1975 com a criação do Centro
na chamada fase heroica do IPHAN (1937 a 1967), na qual Nacional de Referência Cultural (CNRC), que objetivou a criação
Rodrigo de Andrade é o presidente da instituição. de um sistema de referências culturais. O CNRC passou,
assertivamente, a compreender que referências culturais não
ao olharmos os livros do Tombo que estavam – e
ainda estão – longe de espelhar a diversidade abrangem apenas as produções materiais, e sim os sentidos e
cultural brasileira. A grande maioria dos bens
culturais remetem à construção de uma nação valores atribuídos pelos indivíduos e grupos sociais aos bens e
católica e branca, deixando à margem as matrizes práticas culturais (FONSECA, 1997). As primeiras atuações do
negras e indígenas, bem como a contribuição de
outras culturas estrangeiras (LOTT, 2017, p. 221- órgão foram distribuídas em quatro áreas de estudo: ciências
222).
humanas, ciências exatas, documentação e artes e literatura, que
Esta conduta ocasionou no esquecimento de outras tinham como intuito levantar os elementos culturais
referências culturais de extrema relevância para o Brasil. Não representativos das diversas regiões brasileiras. Na sequência do
obstante a propagação da importância de a diversidade cultural trabalho, elegeu-se novas áreas de estudo, que foram pautadas
ter sido feita por Mário de Andrade em seu anteprojeto de nos programas de mapeamento do artesanato brasileiro, de
criação do SPHAN, esta foi deixada à margem em prol de uma levantamento sócio cultural, de levantamento de documentação,
conceituação de patrimônio mais condizente com os valores de de história da ciência e da tecnologia, ocasionando no relevante

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projeto ‘Tecelagem Manual no Triângulo Mineiro’. Por meio construção de um novo instrumento jurídico capaz de
deste, viu-se as possibilidades de salvaguardar o patrimônio de salvaguardar as manifestações culturais imateriais. Tendo como
natureza imaterial. Constatou-se que, por mais que os objetos de referência os debates promulgados nas Cartas Patrimoniais e nas
tecelagem fossem fundamentais, há a necessidade de valorização experiências profícuas do CNRC e da FNPM, formulou-se as
dos saberes empregados aos objetos para que haja a produção do ‘Diretrizes para operacionalização da política cultural do
artesanato (IPHAN, 2020). Ministério de Educação e cultura’ em 1981. Estas visaram a
Em 1979 o CNRC foi incorporado ao ‘Programa valorização das manifestações cotidianas, e não mais na antiga
Integrado de Reconstrução das Cidades Históricas’ (PCH) e à lógica de uma suposta exemplaridade de bens culturais. Em
‘Fundação Nacional Pró-Memória’ (FNPM)5, abrindo assim para 1988, a Constituição Federal incorporou a nova diretriz
uma nova política de salvaguarda, que foi fortalecida com a patrimonial nos artigos 215 e 216. Passou a entender que o
presidência de Aloísio Magalhães no IPHAN, em março de 1979 patrimônio cultural brasileiro é formado pelos
(LOTT, 2005). O distanciamento da valorização dos bens
bens de natureza material e imaterial, tomados
católicos, brancos e lusos nas ações preservacionistas brasileiras individualmente ou em conjunto, portadores de
referência a identidade, a ação, a memória dos
começou a dar espaço para a narrativa de valorização da diferentes grupos formadores da sociedade
diversidade cultural. Com isso, estudos foram iniciados para a brasileira (BRASIL, 1988, art. 216).

Instituiu-se o ‘Registro de bens culturais de natureza


5 O PCH, criado em 1973, objetivou a dar melhor infraestrutura às cidades
ditas históricas para uma melhor adequação ao turismo e possibilitar o uso de imaterial’ e o ‘Inventário de referências culturais (INRC)’ através
bens culturais como fonte de renda. Já a FNPM, buscou fomentar parcerias do
Estado com a comunidade para a preservação de bens culturais sem que do Decreto Federal nº 3.551, de 4 de agosto de 2000. A partir
houvesse a estereotipação da cultura popular.
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deste decreto, o bem inventariado de natureza imaterial é exemplos principais os Registros da torcida do Flamengo (Rio de
inscrito em um dos quatro livros de Registro: Livro dos Saberes, Janeiro) em 2007; do Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas (Rio
Livro das Celebrações, Livro das Formas de Expressão e Livro Grande do Sul) em 2011; da disputa entre os times Fluminense e
dos Lugares. Neste sentido, o registro de bens culturais Flamengo – o clássico Fla x Flu – (Rio de Janeiro) em 2012; das
possibilitou o reconhecimento da contribuição cultural dos torcidas de futebol (Rio de Janeiro) em 2012; dos gols do atleta
diversos grupos formadores de nossa sociedade, em seus Zico ocorridos no estádio do Maracanã (Rio de Janeiro) em 2013;
aspectos mais subjetivos e mais arraigados no cotidiano do Paysandu Sport Club, do Clube do Remo, do Castanhal
brasileiro. No entanto, os conflitos e disputas em torno das Esporte Clube, do São Raimundo Esporte Clube, do Águia de
memórias e identidades a serem valorizadas no país não findou Marabá Futebol Clube, do Tuna Luso Brasileira e do Cametá
como a criação do Registro. Os bens culturais continuaram a Sport Club (Pará) em 2013; do Clube Náutico Capibaribe, do
serem eleitos em meio de grandes debates, que, por sua vez, Sport Club do Recife e do Santa Cruz Futebol Clube
contemplam de maneira pouco significativa uma das maiores (Pernambuco) em 2014; da disputa entre Comercial e Botafogo
expressões culturais do Brasil: o futebol. de Ribeirão Preto – o clássico Come-Fogo – (São Paulo) em
O futebol começou a fazer parte dos livros de salvaguarda 2014; da disputa entre os times Paysandu Sport Club e Clube do
do Brasil por meio de tombamentos de estádios, seguindo o Remo – o clássico Re x Pa – (Pará) em 2016; da torcida do
caminho de ‘pedra e cal’ do IPHAN (LOTT, 2021). O Esporte Clube Vitória (Bahia) em 2016; do Botafogo Futebol
reconhecimento como manifestação cultural se fez Clube (São Paulo) em 2017; do Esporte Clube São Bento de
paulatinamente nas esferas estaduais e municipais, tendo como Sorocaba (São Paulo) em 2017; da Agremiação Sportiva

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Arapiraquense (Alagoas) em 2017; do Futebol de Areia (Rio de A salvaguarda dos referidos times, bem como o clássico
Janeiro) e do Futvolei (Rio de Janeiro) em 2017 (TOBAR e esportivo, nos traz à luz a ampliação do conceito de patrimônio
GUSSO, 2018). Destaca-se neste artigo o reconhecimento da fortemente trabalhado a partir da década de 1970. Cabe ressaltar,
Secretaria de Cultura do Pará do Paysandu Sport Club, do Clube que o Re x Pa faz parte da memória esportiva local, o próprio
do Remo no ano de 2013 (PARÁ, 2013a, 2013b) e do clássico o Paysandu foi criado para derrotar nas quatro linhas o rival Remo.
clássico Re x Pa em 2016 (PARA, 2016), ambos em consonância Ademais, no decorrer da história, as aglomerações provocadas
com a constituição estadual. por esta partida, mesclaram a sociedade, ocasionando na
constituição do futebol como um espaço de disputas políticas
constituem patrimônio cultural paraense os bens de
natureza material ou imaterial, tomados locais. Ou seja, o futebol é uma esfera que permeia os demais
individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos espaços sócio culturais, em uma amalgama que conduz à forte
diferentes grupos formadores da sociedade construção identitária brasileira.
paraense, nos quais se incluem: I - as formas de
expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III -
as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - Conclusão
as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-
culturais; V - as cidades, os edifícios, os conjuntos O presente estudo teve como foco dois dos principais
urbanos e sítios de valor arquitetônico, histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, times de Belém do Pará: o Remo e o Paysandu, e o caminho de
ecológico, científicos e inerentes a relevantes analise destes se fez pelo discurso do patrimônio cultural no
narrativas da nossa história cultural; VI - a cultura
indígena, tomada isoladamente e em seu conjunto Brasil. Tomamos como assertiva a relevância do futebol para
(PARÁ, 1989, art. 286).
além das quatro linhas da disputa futebolística, e este esporte

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e/ou lazer foi aqui entendido como uma esfera relevante da identidade e memória de uma dada comunidade, o futebol
cultura brasileira que deve ser salvaguardado pelos órgãos paraense, por meio do Remo e do Paysandu, foram corretamente
responsáveis. valorizados pela política de salvaguarda do Estado do Pará e
Na trajetória desta escrita, pautamos principalmente o estes feito só foi possível com a ampliação do conceito de
surgimento dos times no contexto da Belle Époque belenense, patrimônio brasileiro ocorrido a partir dos anos de 1970. Apesar
que se deu na virada do século XIX para o século XX. Os cenários de tal vitória, ainda há muito a se trabalhar, principalmente em
urbanos das cidades brasileiras tendiam a cópia dos padrões nível federal, para que o futebol ganhe o status merecido na
europeus, e Belém do Pará seguiu este caminho por meio da esfera preservacionista do Brasil.
valorização dos espaços públicos destinados ás práticas de lazer e
Referências
esporte. Estas medidas fizeram parte do discurso higienista e de
saúde propagados pela República recém-criada. ALENCAR, Jocely e Barros, Tiago Uma breve história do football
Assim, no bojo deste debate, o futebol ganhou força, a na Amazônia. Revista Amazônia Viva ed. 34, junho de 2014.
princípio na esfera da elite e paulatinamente conquistou os ANDRADE, Rodrigo Melo Franco. Relatório das ocorrências
corações dos populares. Não obstante essa aceitação popular ter verificadas e das atividades realizadas pelo Sphan em 1936, 23
tido a forte determinação governamental, ao chegar nos braços de janeiro de 1937. MESP/SPHAN: Rio de Janeiro, 1937.
do povo, o futebol foi sendo transformado, incorporando BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 05
característica que escapavam do cooptação dos governos. Assim, de outubro de 1988.
como toda a manifestação cultural que traduz fortemente a

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