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QUARENTINHA: o ícone do século XX no futebol paraense

André da Silva Queiroz


Acadêmico concluinte do CEDF/UEPA
andre.fenomeno@hotmail.com

Josivaldo dos Santos Valente


Acadêmico concluinte do CEDF/UEPA
valentej47@gmail.com

Delson Eduardo da Silva Mendes


Docente orientador do CEDF/UEPA
delsonmendes01@gmail.com

RESUMO: Este estudo tem como objetivo historiar a vida esportiva de Paulo Benedito
dos Santos Braga, o “Quarentinha”, apontar as características que fazem desse ex-
atleta um ícone, identificar os fatores que o tornaram uma referência no esporte e
analisar a sua importância para o futebol paraense. Posteriormente, questionando-se as
suas reais contribuições para o futebol no Estado do Pará. Foi realizado um estudo de
caso, com levantamento bibliográfico e documental, além de uma entrevista com o
mesmo, em sua residência no bairro do Telégrafo, em Belém do Pará. Destacamos as
suas maiores conquistas no futebol, principalmente o recorde de títulos paraenses,
onde conquistou doze, além das vitórias em jogos internacionais. E também a votação
no ano 2000 que o elegeu o atleta do século XX do futebol paraense. Os resultados
demonstram que Quarentinha iniciou sua trajetória no futebol, em campos de várzea,
sendo comuns na época. Devido ele ter atuado durante 18 anos pelo Paysandu Sport
Club, tornou-se um ícone do futebol regional. Mas também percebemos que a mídia foi
um fator determinante para a construção icônica de Quarentinha, principalmente
através das emissoras de rádio Marajoara, Rádio Clube do Pará e, jornais como: Folha
do Norte, A Província do Pará e O Liberal. Portanto, devido à influência que a idolatria
possui é importante compreender a carreira de jogadores de futebol, principalmente
através de uma análise científica, onde o meio acadêmico é um ambiente propício para
essa discussão.
Palavras-chave: Quarentinha; Ícone; Futebol.

INTRODUÇÃO

O futebol é um esporte que vem sendo praticado desde os tempos antigos.


Porém, foi na Inglaterra, no século XVII, que o futebol ganhou regras, foi sistematizado
e organizado. No final do século XIX, a colônia inglesa estava muito presente no Brasil.
Era comum, na época, as famílias que detinham poder econômico elevado enviarem
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seus filhos para estudar na Europa, tendo como um dos principais destinos a Inglaterra
(CAPINUSSÚ e REIS, 2004, p. 26).
Charles Miller, filho de pai inglês e de mãe brasileira, é um desses que foram
estudar na Inglaterra. Lá, ele aprendeu o futebol, esporte tão em moda nesse país. A
origem do futebol no Brasil é marcada pela história desse jovem, e no Pará essa
historia é semelhante. No final do século XIX, os ingleses eram donos da maioria das
empresas instaladas na capital paraense, principalmente da extração e comercialização
do látex. Esse período ficou conhecido como Belle époque (FRANCO JÚNIOR, 2007, p.
60; GAUDÊNCIO, 2007, p. 18).
Posteriormente, com o desenvolvimento do futebol no Estado do Pará e com a
expansão para outras classes sociais, começa a surgir jogadores que se destacam em
seus clubes tornando-se ícones de suas equipes. Em meados da década de 50, surge
no futebol paraense o atleta Paulo Benedito dos Santos Braga, popularmente
conhecido como “Quarentinha”.
Quarentinha ficou eternizado na memória dos torcedores do Paysandu Sport
Club, da crônica esportiva e na história do esporte paraense, pelos seus feitos dentro e
fora de campo. Por isso, se tornou um ícone do futebol no estado. Através disso, é
considerado o maior atleta do século XX no futebol paraense.
Segundo Giglio (2007, p. 129), o ícone desempenha um papel importante na
aproximação do clube com o torcedor. É ele quem faz o elo, quem aproxima a massa
do espetáculo. Entre as formas que podem assumir essa aproximação, uma delas é a
idolatria.
Por esses e outros motivos que demonstraremos ao longo desse trabalho, temos
como objetivo geral historiar a vida esportiva de Paulo Benedito dos Santos Braga, o
Quarentinha. Dentro deste objetivo, procuraremos apontar as características que fazem
do jogador um ícone, identificar os fatores que levaram Quarentinha a ser um ícone,
além de analisar a sua importância para o futebol paraense.
É possível observar dentro do campo acadêmico diversos trabalhos que tem o
futebol como tema principal. Porém, não é visto com frequência produções científicas
que abordam a carreira de jogadores de futebol.
Isso, no país considerado como o “país do futebol” e no Pará, não é diferente.
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Portanto, faz-se necessário colocar um jogador de futebol no centro dessa pesquisa e


através dela dar ênfase sobre a sua carreira e dos aspectos fundamentais para que se
tornasse um ícone do futebol, a fim de contribuir para o conhecimento científico.
Segundo Guterman (2010), o futebol, se lido corretamente, consegue explicar o
Brasil. Ele está interligado com a construção social, econômica e política do Brasil. E o
ídolo é um desses responsáveis pela ligação do futebol com as pessoas interferindo
nessas relações sociais, econômica e política. Então através dessa pesquisa surge a
problemática de quais as reais contribuições de Quarentinha para o futebol paraense?
A ideia de fazer uma pesquisa com esta temática surgiu através de uma proposta
feita no primeiro semestre de 2016, através da disciplina Fundamentos e Métodos do
Esporte e, posteriormente, uma inquietação acerca de como o jogador de futebol pode
ser visto dentro do meio acadêmico. Além disso, esta pesquisa serve para que se
busquem temáticas relacionadas, podendo ser alternativas a temas muito comuns
dentro do meio acadêmico.

1 METODOLOGIA

A presente pesquisa é um estudo de caso, que, de acordo com Gil (2008), é um


estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de forma que permita seu amplo
e detalhado conhecimento.
O estudo possui caráter exploratório, que, segundo Gil (1999, p. 43), tem como
finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a
formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores.
O enfoque desta pesquisa é o biográfico narrativo, onde parte da ideia que o
sujeito possui um papel fundamental em sua inserção e interação social, especialmente
quando o narra, contando para o entrevistador a sua experiência (HONÓRIO FILHO,
2017, p. 57). Quando a pesquisa utiliza-se da narrativa de sujeitos, essa explora a ideia
de que a biografia é a escrita da vida e ações do indivíduo. Através de suas
experiências, que estão inseridas em sua temporalidade e espaços de seu ambiente
histórico e social.
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A pesquisa possui abordagem qualitativa, que, de acordo com Chizzotti apud


Piana (2009, p. 119), parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o real
e o sujeito, uma interdependência entre o sujeito e o objeto, um vínculo entre o mundo
objetivo e o sujeito subjetivo. O conhecimento não se restringe a dados isolados, e
enfatiza a relação sujeito-observador, considerada como parte integrante do processo
de conhecimento e que interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado.
Os procedimentos de coleta de dados utilizados foram a pesquisa bibliográfica, a
pesquisa documental e a entrevista semiestruturada. Segundo Gil apud Piana (2009, p.
120), a pesquisa bibliográfica é feita tendo como base um material elaborado, sendo
principalmente livros e artigos científicos, tendo como principal vantagem a permissão
de cobrir uma gama de fenômenos mais ampla.
A pesquisa documental, segundo Pádua (1997, p. 62), é o tipo de pesquisa
realizada a partir de documentos, sejam eles contemporâneos ou retrospectivos
cientificamente autênticos. Os documentos analisados foram jornais dos anos de 1955
a 1973, encontrados em arquivos microfilmados na Biblioteca Pública Arthur Vianna –
BPAV, além de documentos disponibilizados pelo próprio ator social.
De acordo com Barros et al. (2000, p. 58), a entrevista semiestruturada
estabelece uma conversa amigável com o entrevistado, buscando o levantamento das
informações em análise qualitativa, selecionando os aspectos mais relevantes do
problema de pesquisa.
Já para Pádua (1997, p. 63), a entrevista é um procedimento mais usual no
trabalho de campo, pois permite que o pesquisador busque informações contidas na
fala do entrevistado. As entrevistas expressam, segundo Chizzotti (1995, p.90), “as
representações subjetivas dos participantes”, possibilitando intervenções do
pesquisador em sua realidade ou ações transformadoras mediante questões
problemáticas.
O recurso utilizado para a realização da entrevista foi um aplicativo de gravador
de voz, com o mesmo nome, na versão 2.0.14. Este aplicativo foi encontrado na loja
Play Store, para celulares Android.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
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2.1 O FUTEBOL E SEU PROCESSO DE CONSTRUÇÃO

O futebol como esporte que conhecemos hoje, com as regras, surgiu em 1863,
quando representantes de clubes e universidades inglesas se reuniram com o propósito
de unificar as regras do jogo. Nesta reunião, entre os pontos principais, foi aprovada a
proibição do uso das mãos. (CAPINUSSÚ e REIS, 2004, p. 23). Porém, existem
registros de jogos semelhantes a este esporte, como o tsu-khu (cuju), na China, o
Kemari, no Japão, e o Calcio, na Itália (SOUZA, 2013, p. 8; CAPINUSSÚ e REIS, 2004,
p. 25).
No Brasil, o futebol surgiu através do paulista Charles Miller, que ao voltar da
Inglaterra trouxe em sua bagagem uniforme, chuteiras, bolas, uma bomba de ar, um
livro de regras e o desejo de desenvolver o esporte (FRANCO JÚNIOR, 2007, p. 60).
Em 1894, ele organizou as primeiras partidas que contavam com a participação de
ingleses e dos seus filhos (CAPINUSSÚ e REIS, 2004, p. 27). Em 1898, fundou o São
Paulo Athletic Club, surgindo posteriormente o Esporte Clube Internacional, que era
formado por jogadores alemães, italianos e ingleses, o Esporte Clube Germânia,
integrado somente por alemães e, em 1900, surge o Clube Atlético Paulistano
(CAPINUSSÚ e REIS, 2004, p. 27)
Franco Júnior (2007, p. 61) destaca, no entanto, que antes da chegada de
Charles Miller ao Brasil, já havia a prática do futebol, principalmente, por jesuítas
(faziam o ballon anglais), por colégios do estado de São Paulo e por marinheiros. O
mesmo autor aponta também que em 1878 ocorreu no Rio de Janeiro um jogo em
frente à residência da Princesa Isabel (FRANCO JÚNIOR, 2007, p. 62).
O futebol no Pará surgiu no século XIX, no período da Belle Époque, mais
precisamente no ano de 1896 (GAUDÊNCIO apud NETO, 2012, p. 8; COSTA apud
NETO, 2012, p. 8). Muitos espaços de Belém eram utilizados para a realização de
partidas, como a Praça Batista Campos e a Praça Floriano Peixoto (NETO, 2012, p. 8).
Porém, foi no começo do século XX que o futebol ganhou mais destaque no Estado,
com o surgimento de clubes, como Remo e Paysandu, a realização do primeiro
Campeonato Paraense, em 1906, que não foi concluído por conta de brigas internas, e
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também com a criação das entidades reguladoras, como a Parah Foot-Ball Association
(GAUDÊNCIO, 2007, p. 24; COSTA apud MONTEIRO, 2009, p. 50).

2.2 A CONSTRUÇÃO DO ÍCONE NO FUTEBOL

Giglio (2007, p. 141) destaca que a imagem do ícone pode durar mais do que o
próprio tempo de carreira do jogador, pois nenhum atleta consegue ficar no auge
durante toda a sua trajetória, mas sempre será lembrado por um clube desde que
possua uma identidade junto ao clube e à torcida.
Franco Júnior (2007, p. 262) aponta que jogadores de futebol provocam forte
mimetismo, pois deles se copiam as formas de falar, vestir, comportamentos e nomes,
se tornando um fenômeno anterior e exterior ao futebol.
Para Couto (2014, p. 60), ser jogador de futebol pode significar uma forma
individual de ascensão social, mas também é uma forma de construir uma identidade.
Ainda para o mesmo autor, a popularização deste esporte tornou o futebol um produto
das massas, promovendo ícones como Friedenreich, Domingos da Guia, Didi, Leônidas
da Silva, Romário, Garrincha e Pelé (COUTO, 2014, p. 111).
Helal e Murad apud Giglio (2007, p. 54), destacam que a presença dos ícones
faz parte do ritual futebolístico, fazendo com que os torcedores tenham uma identidade
com os mesmos.
Portanto, pode-se dizer que são poucos os jogadores que gozam do
status de ídolo, de representar a seleção brasileira e até mesmo de jogar
pelos clubes considerados grandes. Os que não compõem esse seleto
grupo, convivem com baixos salários e com uma realidade de vida muito
diferente daqueles que integram esses times. Em razão desse caminho
tortuoso, chegar a uma condição de destaque dentro do mundo do
futebol é muito difícil. (GIGLIO, 2007, p. 120).

Para Toledo apud Morato et al. (2011, p. 4), o processo de formação do ícone é
muito fortalecido pela mídia, o que estabelece grande parte da relação dos
personagens que são os alicerces do fenômeno. Uma coisa importante a se destacar é
que a difusão da imagem do ícone, devido aos avanços tecnológicos, se tornou algo
cada vez mais presente nos torcedores, por mais que o mesmo não atue mais no clube
do coração.
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Giglio (2007, p. 139) destaca que a mídia possui o papel de aproximar os ícones
de seus torcedores, sendo a responsável por quebrar a barreira que os separam.
“A mídia joga um papel fundamental na criação de ídolos. É interessante
não só para os meios futebolísticos, como para a indústria do esporte,
que a criação, a manutenção e a reprodução de ícones esportivos
continuem sendo práticas renovadas [...]” (COUTO, 2014, p. 52).

Diante dessa afirmação percebemos que os ícones são figuras fundamentais na


alimentação do esporte, não apenas para sua notoriedade, mas também para alavancar
a mídia e as indústrias esportivas.

2.3 QUARENTINHA E SUA HISTÓRIA

Paulo Benedito dos Santos Braga, mais conhecido no mundo do futebol como
Quarentinha, nasceu no dia 18 de novembro de 1934, em Belém do Pará, no bairro do
Telégrafo, filho de Francisco Namor Braga e de Alzira Santos Braga. Na juventude,
queria ser engenheiro, mas apenas concluiu o curso de Humanidade no Colégio Abrão
Levy (COSTA, 2014, p. 248).
Por dezoito anos, de 1955 a 1973, vestiu a camisa do Paysandu Sport Club.
Foram 750 jogos, com 86 gols marcados, sendo o décimo primeiro artilheiro da história
do Paysandu, além de ter conquistado doze títulos do Campeonato Paraense de
Futebol, sendo o jogador que mais conquistou títulos estaduais na história do futebol
paraense (COSTA, 2014, p. 250).
Em 2000, em uma votação que contou com a participação de 21 cronistas
esportivos, foi eleito o Atleta do Século XX do futebol paraense, além de ter sido eleito
em 2010 o maior craque da história do Paysandu (COSTA, 2014 p. 250). Também foi
agraciado com uma estátua no Estádio da Curuzu, no dia em que completou 80 anos
de idade (CRUZ, 2014).
Quarentinha ganhou esse apelido nas peladas de rua, e isso perdura até hoje.
Sobre o apelido, ele diz que não sabe como se deu:
Posso adiantar é que nas nossas peladas de rua, começaram com isso
e até hoje sou conhecido como Quarentinha, do Paysandu. Nunca me
incomodei. Também não procurei saber se era em alusão ao velho
Quarenta, que foi um craque daqueles que enche a vista de qualquer um
com o futebol que praticava (RELATO PARA COSTA, 2014, p. 249).
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Percebe-se, desta forma, que os apelidos são comuns, principalmente durante a


adolescência, através das convivências com outras pessoas nas práticas esportivas. No
caso de Quarentinha, o apelido pode ser em alusão à Luis Gonzaga Lebrego,
conhecido como Quarenta, que atuou em clubes como o próprio Paysandu, além do
Vasco da Gama e do São Paulo Futebol Clube (COSTA, 2014, p. 238 ).

2.3.1 Início da carreira e da trajetória no Paysandu Sport Club

Quarentinha iniciou sua trajetória no futebol em um clube amador no bairro do


Telégrafo chamado Paysanduzinho, que logo depois mudou de nome, passando a se
chamar Águia Juvenil Club, e atuava em diversos bairros de Belém. Em seguida, atuou
pelo Dramático, um time que disputava o campeonato de aspirantes. Ele sempre
acompanhava os treinos do clube e participava dos mesmos, para completar o segundo
time nos treinamentos (COSTA, 2014, p. 248).
Em um determinado dia, um diretor do Dramático foi até sua casa, para que ele
assinasse uma inscrição para um jogo. Quarentinha aceitou, e além dessa partida, fez
mais cinco jogos pelo clube, até ser levado por seu irmão para treinar no Clube do
Remo. Porém, o treinador à época, Orlando Bendelack, não acreditava em jogadores
do porte físico dele. Quarentinha tinha 1,58 metros de estatura, pesava 50 quilogramas
e calçava chuteiras de número 35 (COSTA, 2014, p. 248). O próprio ator social diz da
seguinte maneira como tudo aconteceu:
Quarentinha - O início da minha carreira se deu porque, naquela época,
nós tínhamos aqui pelo subúrbio um time chamado Paysanduzinho.
Como congregava muitos garotos do Paysandu e do Clube do Remo,
resolvemos mudar para Águia Juvenil Clube. Então, nós jogamos muito
no Telégrafo, em campos da Sacramenta, na rua onde é a UEPA, era a
Imprensa Oficial, o Diário Oficial, no Olaria. Dali, saíram vários atletas
para o Paysandu. Eu e o Carlos Alberto íamos acompanhar o treino do
Dramático, que disputava a segunda divisão. Eles treinavam no campo
da Imprensa Oficial, e eu completava o time de aspirantes. Houve, na
ocasião, a contusão do meia-esquerda e o pai do Fiúza (campeão pelo
Paysandu), era o treinador. O jogo era no sábado, e, certa vez que a
gente estava treinando, ele perguntou se eu queria jogar lá. Respondi
que não, porque estava estudando, fazendo o ginásio no Colégio Abrão
Levy, que fica no bairro de Batista Campos. Mesmo depois de muito
insistirem, acabei aceitando [...].
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Em 1955, foi levado para o Paysandu Sport Club, por José Jesuíno Delgado,
conhecido como Carnaval, que era massagista do clube. No primeiro treino, deixou uma
boa impressão, tanto que o Paysandu logo providenciou sua transferência junto ao
Clube do Remo. Estreou pelo time profissional do Paysandu no dia 29 de junho de
1955, em um amistoso contra a Tuna Luso Brasileira, no Estádio da Curuzu, que foi
vencida pelos adversários por 3 a 0. No ano seguinte, conquistou seus primeiros títulos:
campeão paraense de aspirantes e de profissionais, além de ter sido eleito a revelação
do campeonato. Naquele campeonato, Quarentinha deixou de ser um atacante e
passou a jogar como meia-esquerda, onde jogou até o final da sua carreira (COSTA,
2014, p. 248).
“Na verdade, esse jovem craque não disputou a maioria das pelejas do
campeonato de 56. Mas as suas exibições na série ‘melhor de três’
valeram por todo o certame. Lançado a última hora por Arnaldo Moraes,
esse jogador superou a todos que atuaram no serviço de ligação durante
a competição de 56. Calmo, jogando sempre de primeira, 40 foi um dos
artífices da conquista do título máximo pelo Paissandú. É um jogador
que além de auxiliar a defesa, acompanha de perto o ataque, ficando
portanto, às vezes, à vontade para atirar em goal, como aconteceu nas
duas pelejas contra o Clube do Remo. Pertence ao Paissandú” (FOLHA
VESPERTINA, 1956).

Em 1957, conquistou seu segundo Campeonato Paraense, ao derrotar o Remo


nas finais, sendo eleito o melhor jogador do certame. Nos dois primeiros jogos, vitórias
bicolores por 2 a 1 e 1 a 0, sendo que no primeiro jogo Quarentinha marcou um dos
gols e acabou machucando o joelho após levar um pontapé do zagueiro rival Ribeiro.
No terceiro jogo, o Paysandu conseguiu o empate em 3 a 3, que deu o título estadual.
Quarentinha jogou toda a partida, mesmo tendo fraturado a clavícula, o que foi sua
primeira lesão séria no futebol (COSTA, 2014). Naquele mesmo ano, enfrentou e
venceu por 3 a 0 o Cerro Porteño, do Paraguai, em um amistoso ocorrido no Estádio
Francisco Vasques, da Tuna Luso Brasileira. O Cerro Porteño era a base da seleção
paraguaia na época (COSTA, 2013, p. 118).
Em 1958, Quarentinha não foi campeão paraense, mas foi convocado pela
primeira vez para integrar a seleção paraense de futebol. Seu primeiro jogo ocorreu em
16 de março, na derrota por 4 a 0 para o Fluminense em um amistoso no Maracanã.
Mesmo sem ter sido campeão estadual, foi eleito novamente o atleta do ano. Naquele
mesmo ano, conseguiu um emprego no Serviço de Identificação Civil da Polícia Militar,
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por meio de um Decreto Governamental, quando o Secretário de Interior e Justiça era


Arnaldo Moraes Filho, torcedor do Paysandu (COSTA, 2014, p. 250).
Em 1959, Quarentinha conquistou seu terceiro título estadual, ao participar da
partida contra o Remo, em jogo válido pela final do segundo turno do Campeonato
Paraense. Porém, esse campeonato só terminou em março de 1960, com o Paysandu
conquistando o título nos segundos finais, quando Ércio marcou o gol do empate em 3
a 3, necessário para que o time fosse campeão. Quarentinha sofreu uma lesão séria,
após uma entrada violenta do rival Socó, chegando a ser levado para o Pronto Socorro
Municipal (COSTA, 2013, p. 118)
No mesmo ano, Quarentinha vestiu a camisa da seleção paraense no
Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. O Pará foi o campeão do Norte, mas
Quarentinha não jogou até o final, pois fraturou o perônio direito numa disputa com
Moésio, da seleção cearense, em um amistoso ocorrido em dezembro daquele ano.
(COSTA, 2014).
Em 1960, Quarentinha despertou o interesse do Santa Cruz, de Pernambuco,
que ofereceu 120 mil cruzeiros pelo seu passe. Porém, o Paysandu recusou, dizendo
que ele era inegociável (FOLHA VESPERTINA, 1960). Essa negatividade em relação à
transferência para outro clube, demonstra a importância que Quarentinha representava
para o Paysandu.

2.3.2 A conquista do primeiro tricampeonato

Quarentinha conseguiu três títulos estaduais consecutivos nos anos de 1961,


1962 e 1963. Em 1961 foi campeão pela quarta vez, o título foi conquistado diante do
Remo, no campeonato que era válido do ano anterior (COSTA, 2013, p. 118). Em 1962,
sob o comando do técnico Gentil Cardoso, foi novamente campeão estadual,
conquistando o seu quinto titulo. Nessa partida ele sofreu uma fratura no pé direito em
uma dividida com o jogador Antoninho, da Tuna, no jogo entre as duas equipes pelo
Campeonato Paraense, e que terminou empatada em 1 a 1, no mês de janeiro
(COSTA, 2014, p. 249).
Ele voltou a jogar dois meses depois, conquistando o segundo turno do
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Campeonato Paraense. O título estadual veio após três jogos contra o Remo, sendo
que os dois primeiros terminaram empatados em 2 a 2 e 1 a 1 e o terceiro jogo foi
vencido pelo Paysandu por 1 a 0 (COSTA, 2013, p. 119). No mesmo ano, ele foi
escolhido o “Mais Popular Jogador Paraense”, em um concurso promovido pela Rádio
Marajoara (A PROVÍNCIA DO PARÁ, 1962).
No ano seguinte, o sexto título estadual veio de uma forma mais fácil, com o
Paysandu fazendo uma boa campanha, tendo apenas como maior derrota uma goleada
sofrida de 7 a 1 para a Tuna. Quarentinha atuava no time como meia-armador. Além
disso, ele também conquistou o título estadual de aspirantes. Porém, em 1964,
Quarentinha passou por uma cirurgia que o afastou dos gramados durante toda a
temporada, e não conquistou títulos, tendo perdido o Campeonato Paraense para o
Remo (COSTA, 2014, p. 65).
Ainda em 1964, interessou ao Náutico, de Pernambuco, que enviou
representantes para formalizar uma proposta por Quarentinha. O interesse foi manchete
no jornal Folha Vespertina, na edição do dia 1° de abril daquele ano. A transferência
não se concretizou, reforçando ainda mais a importância deste jogador para o
Paysandu.

2.3.3 O segundo tricampeonato e a célebre vitória sobre o Peñarol

Em 1965, Quarentinha foi novamente campeão paraense, conquistando o seu


sétimo titulo estadual. Naquele mesmo ano, conquistou um torneio internacional que
contava com Fast Club (AM), Fortaleza (CE) e Transvaal (Suriname), além de ter feito
parte da vitória por 3 a 0 sobre o Peñarol, do Uruguai, que era um dos times mais fortes
da época, tendo conquistado dois títulos da Taça Libertadores da América e dois
Mundiais de Clubes, e que mantinha uma invencibilidade de treze jogos (SANTOS,
2013).
O ator social relata sobre este jogo, dizendo que foi um dos mais importantes da
sua carreira:
O jogo do Paysandu com o Peñarol foi o jogo em que o Peñarol chegou
aqui, bicampeão mundial de clubes e que era a base da seleção
uruguaia naquela ocasião. Então, naquela época, nós tínhamos um
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plantel muito bem qualificado, que tinha Castilho, Edson Piola, Milton
Dias, Ércio, Vila, Milton Marabá, Pau Preto, Carlinhos, Abel, João
Tavares [...]. Então, era um plantel que muita gente não acreditava,
diziam que o Paysandu não iria superar o bicampeão mundial de clubes
em plena Curuzu. O fato gerou repercussão nacional e até mundial. Foi
um feito até pelo que o Peñarol representava naquela ocasião. Então, foi
um assunto que badalava o Brasil todo, até Armando Nogueira
(jornalista esportivo, falecido em 2010) fez comentários sobre a vitória,
fez um escrito sobre ela. Foi uma repercussão, um feito importante para
o Paysandu. Foi um jogo importante para mim, porque ele também faz
parte dos maiores feitos do Paysandu.

Em 1966, conquistou o seu oitavo título paraense, e de forma invicta, marcando


gol na decisão diante do Remo, vencida pelo Paysandu por 3 a 1 (COSTA, 2002). No
ano seguinte, conquistou o nono título estadual, chegando ao segundo tricampeonato
de sua carreira, ao derrotar novamente o Remo por 2 a 0 na decisão, após seis Re-Pas
em 26 dias, além de ter excursionado em amistosos nas Guianas e no Caribe (COSTA,
2002, p.77). Ainda em 1967, foi eleito o “Jogador Mais Querido do Pará”, numa
promoção feita por dois radialistas paraenses, Carlos Castilho e Cláudio Guimarães,
que apresentavam o programa “Gastando a Bola”, na Rádio Clube do Pará.

2.3.4 Final de carreira e aposentadoria

Em 1968, Quarentinha não foi campeão paraense, pois o Paysandu levou um gol
do Remo nos minutos finais, deixando o jogo empatado em 2 a 2, que deu ao Remo o
título de campeão. O Paysandu precisava vencer o jogo para forçar uma nova partida.
O gol foi irregular, pois o atacante que o fez, Amoroso, estava há uma distância de
menos de nove metros, pois, segundo as regras da época, deveria ser anulado. O juiz
da partida, José Cavalheiro de Moraes, não viu o lance, pois estava de costas, mas o
bandeirinha Theodorico Rodrigues viu e não falou para o árbitro (COSTA, 2014, p. 16).
Naquele mesmo ano, Quarentinha esteve em campo na vitória por 1 a 0 sobre a
seleção da Romênia, no Estádio da Curuzu. A seleção romena era uma das mais fortes
da Europa na época e havia se classificado para a Copa do Mundo de 1970, no México
(COSTA, 2002, p. 80).
Em 1969, conquistou pela décima vez o Campeonato Paraense, sendo um dos
principais responsáveis por assistências que originaram 126 gols durante todo o
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campeonato. No ano seguinte, não foi campeão estadual, mas participou de nove de
treze jogos que o Paysandu ficou sem perder para o maior rival. (COSTA, 2013, p. 156)
Em 1971, conquistou o seu décimo primeiro título paraense, em uma virada de 3
a 2 sobre o Remo no Estádio da Curuzu, onde o Paysandu chegou a perder por 2 a 0.
No mesmo ano, jogou mais uma partida contra o Remo, em dezembro, em um amistoso
que terminou 0 a 0. Foram os dois últimos clássicos de sua carreira. Além disso, foi
homenageado com um diploma de "honra ao mérito" concedido pela Câmara Municipal
de Belém. (COSTA, 2013, p. 163).
Em 1972, penúltimo ano de sua carreira, Quarentinha jogou apenas três partidas
do Campeonato Paraense, todas em maio, saindo do banco de reservas e contra
clubes menores. Conquistou o Estadual em um turno extra contra Remo e Tuna, já que
ambos haviam empatado no campeonato. Foi o seu décimo segundo título estadual, o
último de sua carreira (COSTA, 2002, p. 86).
Sua aposentadoria dos gramados ocorreu no dia 8 de abril de 1973, quando o
Paysandu empatou em 0 a 0 com a Tuna, em um amistoso ocorrido no Estádio Evandro
Almeida, do Clube do Remo. Quarentinha jogou os 45 minutos iniciais e, em seguida,
recebeu homenagens e deu volta olímpica com torcedores e familiares, além de tirar
fotos com os companheiros de Paysandu e adversários (COSTA, 2014, p. 247).
Após encerrar a carreira, continuou trabalhando no Serviço de Identificação Civil
da Polícia Militar, sendo remanejado em seguida para o Serviço de Identificação da
SEGUP, onde se aposentou em 1986 (COSTA, 2014, p. 250). Em 1987, foi eleito o
maior atleta da história do futebol paraense, em uma promoção feita pelo radialista e
jornalista Carlos Ferreira, pela Rádio Marajoara (A PROVÍNCIA DO PARÁ, 1987). A sua
casa, que fica no bairro do Telégrafo, foi o único bem conseguido com o futebol
(COSTA, 2014, p. 250).
O ator social relata que, mesmo depois de encerrada a sua carreira, ainda é
reconhecido nas ruas e o que construiu com o futebol, além de falar sobre a
homenagem recebida em 2014, quando completou 80 anos de idade:
Quarentinha - [...] Desde que eu parei de jogar, ainda sou reconhecido
pelos torcedores, que tiram foto comigo, etc. Pela mesma porta da
Curuzu que eu entrei em 55, saí em 73. Recebi uma estátua na qual não
representa o cidadão Quarenta, mas sim uma nação. Assim como eu,
poderia ser qualquer outro. Quando você tem uma responsabilidade
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profissional, você tem que desempenhá-la. E graças a Deus consegui


isso. Na minha família, tenho um filho que é médico, tenho uma neta
nutricionista, um neto enfermeiro, um neto administrador e um outro que
está se formando em radiologia. Não consegui um grande recurso
porque o futebol era diferente na época. Recebi propostas de clubes
como Moto Club, Santa Cruz, Náutico, mas o deslocamento era difícil. O
futebol te dá uma condição, mas não como era na minha época [...].

Através desse relato percebemos a simplicidade em Quarentinha de reconhecer


a importância de seus companheiros de clube, quando afirma que a estátua não
representa o cidadão Quarenta, mas sim uma nação. Outro fator a destacar é o retorno
financeiro, em sua declaração é evidente que o salário adquirido através do futebol não
era, na época, o suficiente para acumular bens materiais em grandes proporções.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO

Por meio da entrevista e do levantamento bibliográfico, pode-se perceber que a


trajetória de Quarentinha, assim como de tantos outros jogadores, iniciou nos campos
de várzea. Antes de figurar pelos campos de futebol profissional no Estado, ele passou
pelos mais diversos clubes amadores do bairro do Telégrafo, onde nasceu. Começou
sua carreira como aspirante, o nome antigo para categoria de base, para em seguida
iniciar sua carreira profissional.
Na época em que Quarentinha iniciou sua carreira, o futebol já era
profissionalizado, mas o retorno financeiro era pouco. Então, quem era jogador de
futebol tinha que conciliar a trajetória no esporte com alguma outra ocupação.
Quarentinha trabalhava no Serviço de Identificação Civil da Polícia Militar, ao mesmo
tempo em que seguia jogando futebol.
A sua carreira profissional foi marcada por seus dezoito anos vestindo a camisa
do Paysandu, conquistando, principalmente, os títulos do Campeonato Paraense e
também por ter feito parte da vitória por 3 a 0 sobre o Peñarol, em 1965. A sua história
de vida esportiva também passa pela história do clube.
Mesmo tendo encerrado a carreira, Quarentinha ainda possui um vínculo com o
Paysandu. Atualmente, é sócio remido, benemérito, frequentador da sede social, além
15

de participar sempre de festas e homenagens do clube, por toda a história que


construiu.
Pelos títulos que conquistou, pelos gols marcados e por fazer parte da história do
Paysandu Sport Club, Quarentinha fez o seu nome no futebol paraense. Por isso, foi
eleito o Atleta do Século XX, por toda a sua contribuição para o esporte, além de ter
recebido várias homenagens do Paysandu, por conta dos dezoito anos como atleta do
clube.
Quarentinha é um jogador que, mesmo depois de encerrada sua carreira, ainda é
muito reconhecido por grande parte do público, principalmente, pela torcida do
Paysandu e pela crônica esportiva do estado.
Souto apud Giglio (2007, p. 93) aponta que a carreira do jogador de futebol se
divide em três etapas: o anonimato, a fama e o ostracismo, sendo que esta divisão só
ocorre com jogadores que possuem reconhecimento pelo público, pois sem eles não
tem a fama.
Percebe-se que Quarentinha passou pelas duas primeiras fases, porém, a
terceira não representa a sua imagem, pelo fato de ser lembrado e reconhecido pela
crônica esportiva paraense, como o maior destaque no século XX do futebol regional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho destacou a carreira esportiva de Quarentinha, mas o ponto


importante dessa obra foi evidenciar os fatores que o levaram a ser um ícone do futebol
paraense. E diante disso percebemos que a mídia foi um fator determinante para a
construção icônica de Quarentinha, principalmente através da Rádio Marajoara e Rádio
Clube do Pará e jornais como: Folha do Norte, A Província do Pará e O Liberal.
Dessa forma, observa-se que a mídia possui um papel de destaque no processo
de exaltação do jogador de futebol (GIGLIO, 2007, p. 137). Em especial destacou-se
Quarentinha, exatamente pela trajetória bem sucedida dentro do Paysandu. A sua
construção de ícone ocorreu primeiramente pelo fato de Quarentinha ter atuado em um
esporte de alto rendimento, onde poucos conseguem se destacar.
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O esporte de alta performance possui uma estreita relação com a mídia,


contribuindo diretamente na construção de um ícone. A mídia e o ídolo funcionam
como o motor da paixão pelo futebol (GIGLIO, 2007, p. 137). Os jornais da época
destacavam Quarentinha como um grande jogador, diferenciado tecnicamente em
relação aos outros jogadores. Frequentemente, era destaque nas manchetes esportivas
dos jornais, ajudando em sua boa relação com a torcida.
Outro fator importante observado nessa pesquisa é o fato desse atleta ter atuado
por um mesmo clube durante toda a sua carreira de jogador de futebol. O tempo de
clube de um jogador cria uma identidade com a sua torcida, passando a ser referência
e, desta maneira, tornando-se um ícone. De acordo com Giglio (2007, p. 145),
“conquistar a condição de ídolo envolve uma série de fatores que estabelecerá vínculos
entre jogador/torcida e ídolo/fã, tais como o tempo de clube, ser referência do time,
possuir uma identificação com os torcedores“.
Através dessa análise, conclui-se que Quarentinha foi o maior ícone do século
XX no futebol paraense. Pela influência que a idolatria possui, é importante
compreender a carreira de jogadores de futebol, principalmente através de uma análise
cientifica, onde o meio acadêmico é um ambiente propicio para essa discussão. Sobre
as dificuldades encontradas na pesquisa, destaca-se a dificuldade em selecionar o
acervo bibliográfico e, principalmente, o acervo documental necessário para a análise,
sendo esses, jornais das décadas de 50, 60 e 70. Portanto este presente estudo abre
as portas para novos debates acerca deste tema que é pouco explorado no meio
acadêmico.
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QUARENTINHA: the twentieth century icon in Paraense soccer

ABSTRACT: This study aims to describe the sporting life of Paulo Benedito dos Santos
Braga, the "Quarentinha", to point out the characteristics that make this former athlete
an icon, to identify the factors that have made him a reference in the sport and to
analyze its importance for the Paraense soccer. Subsequently, questioning his real
contributions to soccer in the State of Pará. A case study was carried out, with a
bibliographical and documentary survey, as well as an interview with him, at his
residence in the Telegrafo neighborhood in Belém do Pará We highlight his greatest
achievements in soccer, especially the record of Paraense titles, where he won twelve,
in addition, the victories in international games. And also the vote in the year 2000 that
elected him the twentieth-century athlete of Paraense soccer. The results demonstrate
that Quarentinha began its trajectory in soccer, in fields of varzea, being common at the
time. Because he played for 18 years at the Paysandu Sport Club, he became an icon of
regional football. But we also noticed that the media was a determining factor for the
construction of Quarentinha, mainly through the radio stations Marajoara, Rádio Clube
do Pará and, newspapers such as: Folha do Norte, A Província do Pará and O Liberal.
Therefore, due to the influence that idolatry has, it is important to understand the career
of soccer players, mainly through a scientific analysis, where the academic means is an
environment conductive to this discussion.
Keywords: Quarentinha; Icon; Soccer

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