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Vasco Graça Moura

Poema a Analisar- Blues da morte de amor


Neste poema, o sujeito poético tenta abordar a complexidade dos nossos
sentimentos, encontrando dificuldade em explicar o que é sofrer por amor: “já
ninguém morre de amor”. Ele relata que esteve quase a morrer de amor,
contudo, o sujeito poético conseguiu salvar-se desta “morte”, exprimindo os
sentimentos que sentiu nessa experiencia: “depressões sincopadas”; “aperto no
coração”. Ainda assim, este arrisca em tentar decifrar este tema da morte por
amor.
Apesar de ter quase experenciado a morte por amor, o sujeito poético recusa a
crença no mesmo culto: “eu nunca tive culto para kamikaze”, acreditando que é
“uma questão de swing”, ou seja, de saber deixar esse amor para o passado.
Blues da morte de amor é um poema que se aproxima da prosa em que o sujeito
poético aborda a sua realidade e demonstra visões e interpretações diferentes
do amor.
Link de um vídeo de uma pessoa a declamar o poema-
https://m.facebook.com/casadasartesdefelgueiras/videos/poema-blues-da-
morte-de-amor/376600573388581/ .
Poema-
já ninguém morre de amor, eu uma vez
andei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de humores bem sacudidos,
depressões sincopadas, bem graves, minha querida.
mas afinal não morri, como se vê, ah não
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah, sim, pela noite dentro, minha querida.

a gente sopra e não atina, há um aperto


no coração, uma tensão no clarinete e
tão desgraçado o que senti, mas realmente,
mas realmente eu nunca tive jeito, ah não,
eu nunca tive queda para kamikaze,
é tudo uma questão de swing, de swing minha querida,
saber sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,
e eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.
há ritmos na rua que vêm de casa em casa,
ao acender das luzes. uma aqui, outra ali.
mas pode ser que o vendaval um qualquer dia venha
no lusco-fusco da canção parar à minha casa,
o que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,
minha querida, toda a gente do bairro,
e então murmurarei, a ver fugir a escala
do clarinete:- morrer ou não morrer, darling, ah, sim.

Informação adicional(se for preciso)


A escrita de Vasco Graça Moura dividiu-se em 2 fases:
➢ Fase estético realista- Nesta fase os textos apresentam uma grande
sensibilidade cultural, em que o autor constrói uma obra reservada a um
pequeno grupo de leitores com um domínio cultural semelhante ao do
autor.
➢ Fase realista- Esta caracteriza-se pela narração de episódios da vida
portuguesa.

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