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RESUMO: Por meio de pesquisa bibliográfica, este artigo, objetivando dar destaque à
necessidade crescente de reflexões sobre a adoção por casais homoafetivos, discute a temática
– adoção por casais homoafetivos – relacionando-a aos novos arranjos familiares e à relação
da família e o Serviço Social.
INTRODUÇÃO
Este artigo, partir de uma pesquisa bibliográfica, aborda a adoção por casais
homoafetivos. Tal abordagem passa pela consideração inicial sobre a relação da família e o
Serviço Social e tangencia os arranjos familiares. O objetivo é evidenciar que a temática tem
se mostrado mais e mais presente, demandando reflexões às Ciências Sociais e questionando à
própria sociedade um alargamento na sua capacidade de lidar com tal realidade.
1
Professor Mestre, docente da Fundação de Ensino Superior de Passos - FESP, campus associado à Universidade
do Estado de Minas Gerais – UEMG. E-mail: itamartfaria@yahoo.com.br
2
Acadêmica de Serviço Social – Faculdade de Serviço Social de Passos – FESP/UEMG.
3
Acadêmica de Serviço Social – Faculdade de Serviço Social de Passos – FESP/UEMG.
do Serviço Social.
O Serviço Social, todo ele constituído sobre a reflexão e a busca de formas
de, se não eliminar, ao menos abrandar as expressões da questão social, tem definido nos
últimos tempos a família como campo privilegiado de atuação. Não por outro motivo, grande
parte – se não a totalidade – das políticas de assistência social, cada vez mais integradas em
rede, tem seu foco na família. Tendo a família como base de atuação, intenta aumentar seu
alcance às outras esferas da sociedade.
Não se pode desconsiderar a complexidade da temática, mas antes é
fundamental um olhar mais apurado sobre as formas como se organiza a família e de que
maneira se configuram o relacionamento: internamente, entre os membros que a compõe, e
externamente, com as diversas esferas da sociedade. De acordo com Regina Mioto,
A família, nas suas mais diversas configurações constitui-se como um
espaço altamente complexo. É construída e reconstruída histórica e
cotidianamente, através das relações e negociações que estabelece
entre seus membros, entre seus membros e outras esferas da sociedade
e entre ela e outras esferas da sociedade, tais como Estado, trabalho e
mercado (online, p. 5).
2.1. Adoção
A palavra adoção, oriunda do latim adoptio, em nossa língua assumiu o
significado de “tomar alguém como filho”. Ultrapassando as variações na definição de
adoção, o que se tem como central é o estabelecimento de vínculo jurídico de filiação. Ou
seja, como ponto pacífico “todos os conceitos concordam que a adoção confere a alguém o
estado de filho, gerando um parentesco civil, desvinculado dos laços de consangüinidade
(VERÔNICA, 2009, online).
Os requisitos indispensáveis ao processo de adoção são fornecidos pelo
Código Civil, nos artigos 1.618 a 1.629, e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA,
Lei 8.069/90, nos artigos 39 a 52.
Alguns marcos dos percursos da adoção, na legislação brasileira, extraídos
de Verônica (2009, online), são:
- o Código Civil de 1916 (artigos 368 a 378) , que previa que apenas os maiores de cinqüenta
anos, e com diferença de idade de pelo menos dezoito anos em relação ao adotado poderiam
adotar, além do que restringia a adoção por duas pessoas somente poderia ocorrer quando se
tratasse de marido e mulher.
- a Lei nº 3.133, de maio de 1957, que trouxe a alteração de dispositivos relacionados à
adoção, reduzindo a idade mínima do adotante para trinta anos (e a diferença de idade entre
adotante e adotado, para dezesseis anos.
- o Código de Menores, de 1979, que, baseando-se na doutrina da situação irregular (a criança
e o adolescente tratados como objetos do Direito), voltava seus olhos estes indivíduos apenas
quando se considerava que estivessem vivendo de forma irregular na sociedade. No que diz
respeito à adoção, duas formas eram previstas: adoção plena e adoção simples. A adoção
plena, “caberia em favor do menor com mais de sete anos de idade se, no momento em que
completasse essa idade, já estivesse sob a guarda dos adotantes. Extinguia todos os vínculos
do adotado com a sua família biológica, mantendo-se apenas os impedimentos matrimoniais”.
A adoção simples “gerava um vínculo de efeitos limitados e sem total desligamento do
adotado da sua família de sangue”.
- a Lei n˚ 8.069, de 1990, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Esta
lei foi responsável por concretizar e expressar os novos direitos das crianças e adolescentes
que estavam assegurados pela Constituição Federal de 1988, estabelecendo o norte para as
regras de aplicação dos artigos 226 e 227 da Constituição e constantes dos Tratados
Internacionais de Proteção aos Direitos das Crianças, que foram ratificados pelo Brasil.
Respaldados na orientação legal prevista no art. 227 da CF e arts. 1º e 2º do
ECA, que reconhecem e asseguram a todas as crianças e adolescentes (de 0 a 18 anos de
idade), todos os direitos previstos na legislação brasileira, os procedimentos atuais de adoção
adotaram a teoria da proteção integral.
A Proteção Integral é a base que organiza todo o novo conjunto de
princípios e normas jurídicas que se voltam à efetivação dos direitos fundamentais da criança
e do adolescente, trazendo em sua essência a proteção e a garantia do pleno desenvolvimento
humano e reconhecendo a condição peculiar de pessoas em desenvolvimento e a articulação
das responsabilidades entre a família, a sociedade e o Estado para a sua realização por meio
de políticas sociais públicas. Está proposto que o direito deve garantir a satisfação de todas as
necessidades das crianças e adolescentes, não apenas no tocante aos aspectos penais de ato
praticado pelo ou contra o menor, mas, também, com relação ao seu direito à vida, à
educação, à saúde, convivência, lazer, liberdade, etc.
No que diz respeito instituto da adoção, o Estatuto da Criança e do
Adolescente alterou o regime anterior unificando as duas formas de adoção previstas (a plena
e a simples) para uma única forma. De tal modo, foi permitido que maiores de 21 anos
pudessem adotar, qualquer que fosse o estado civil, desde que com diferença de idade entre
adotante e adotado de pelo menos dezesseis anos. A idade máxima do adotado foi aumentada,
passando de sete para dezoito anos (na época do pedido). Ainda foi estipulado que a adoção
fosse deferida quando apresentasse reais vantagens para o adotado e tivesse motivos legítimos
como fundamento.
Em 2002, entrou em vigência o novo Código Civil. Este novo Código,
entretanto, no que se refere à adoção, apresenta-se apenas como norma complementar. Suas
normas apenas incidirão em caso de lacuna no ECA, e ainda assim, somente se não houver
incompatibilidade com os princípios fundamentais deste (VERÔNICA, 2009, online).
REFERÊNCIAS
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São Paulo: LTR, 2000.
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<http://www.viannajr.edu.br/revista/dir/doc/art_10005.pdf>.
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28 abr. 2010. Disponível em: <http://blog.opovo.com.br/direitoeinformacao/stj-abre-caminho-
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GOMES, Izaumy de Carvalho. Adoção por casal homoafetivo: um estudo de caso. Disponível
em:
<http://webserver.falnatal.com.br/revista_nova/a7_v3/artigo_Adocao_por_casal_homoafetivo
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MASCHIO, Jane Justina. A adoção por casais homossexuais. Novembro, 2001. Disponível
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MIOTO, Regina Célia. Família, trabalho com famílias e Serviço Social. Disponível em:
<http://www.ssrevista.uel.br/pdf/2010/96_palestra_regina_artigo_%20mioto.pdf>.
RITS, Luísa Gockel; MATTAR, Maria Eduarda. A nova família: adoção por homossexuais.
Dezembro, 2006. Disponível em: <http://www.inesc.org.br/noticias/noticias-
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VERÔNICA, Aline. Adoção por casais homoafetivos no direito brasileiro. 24 mar. 2009.
Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/15890/1/ADOCAO-POR-CASAIS-
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