Você está na página 1de 3

Vírus inofensivo é geneticamente

modificado para destruir tumores


Redação do Diário da Saúde

Ilustração do vírus carregado com o medicamento e com partículas acionadas por luz.
[Imagem: Nanoscale]

Vírus contra o câncer

Pesquisadores criaram uma nova terapia contra o câncer baseada na ação de um vírus
que infecta bactérias, um bacteriófago geneticamente modificado.
Os primeiros resultados mostram que a manipulação genética de um tipo específico de
vírus, o fago M13, consegue eliminar seletivamente apenas as células tumorais,
deixando as células saudáveis intactas.

"Hoje, mais do que nunca, sabemos que os vírus podem ser inimigos perigosos para os
humanos. No entanto, é importante lembrar que alguns vírus podem ser aliados valiosos
no combate a doenças, incluindo o câncer," disse o professor Matteo Calvaresi, da
Universidade de Bolonha (Itália).

O vírus foi modificado de tal forma que ele transporta um medicamento até as células
tumorais alvo, quando então é ativado pela luz para liberar a droga, que mata as células
do tumor.

Bacteriófago M13

Os bacteriófagos, ou simplesmente fagos, são vírus muito comuns que afetam bactérias,
mas são inofensivos para plantas, animais e humanos. Devido a essa característica e à
sua estrutura em particular, eles se prestam a serem geneticamente modificados e,
assim, transformados em vetores capazes de transportar drogas dentro de um organismo
de maneira direcionada.

Os pesquisadores testaram essa possibilidade com o fago M13, um vírus filamentoso de


1.000 nanômetros de comprimento, mas apenas 5 nanômetros de largura (um nanômetro
é um bilionésimo de metro).

Devido às suas características, esse vírus pode se tornar uma plataforma eficaz para
hospedar e transportar nanomateriais. Mais especificamente, o objetivo era transformar
o vírus em uma ferramenta para implementar uma terapia fotodinâmica anticâncer: Um
tratamento direcionado e não invasivo ativado por pulsos de luz.

"Nós usamos esse fago como um veículo capaz de direcionar várias centenas de
moléculas para a superfície das células do câncer. Essas moléculas penetram então nas
células do tumor por meio de um processo chamado endocitose, mediado por
receptores," detalhou o pesquisador Luca Ulfo.

Terapia fotodinâmica com vírus

Os pesquisadores modificaram geneticamente o fago para direcionar seletivamente um


receptor específico chamado EGFR, que é superexpresso em vários tipos de tumores,
incluindo câncer de mama, pulmão, cérebro e cólon.

Assim, o vírus só atinge as células tumorais. Além disso, moléculas que permitem a
ativação da terapia fotodinâmica foram quimicamente ligadas ao envelope proteico que
envolve o genoma do vírus.

"Essas moléculas são compostos chamados fotossensibilizadores, que podem ser


ativados por um estímulo luminoso. Além disso, podem transformar o oxigênio
normalmente presente em nosso organismo em um agente químico altamente reativo,
capaz de matar células cancerosas," acrescentou o professor Andrea Cantelli.
Os resultados obtidos nestes primeiros experimentos são o primeiro passo significativo
para um ensaio clínico deste vetor viral, que também poderá ter outras aplicações
médicas, focando outros tipos de enfermidades.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Orthogonal nanoarchitectonics of M13 phage for receptor targeted anticancer


photodynamic therapy
Autores: Luca Ulfo, Andrea Cantelli, Annapaola Petrosino, Paolo Emidio Costantini,
Michela Nigro, Francesco Starinieri, Eleonora Turrini, Suleman Khan Zadran,
Giampaolo Zuccheri, Roberto Saporetti, Matteo Di Giosia, Alberto Danielli, Matteo
Calvaresi
Publicação: Nanoscale
DOI: 10.1039/d1nr06053h

Você também pode gostar