Teorias da Responsabilidade Social da Imprensa Na década de 50 o livro Four Theories of the press escrito por Siebert, Schramm e Peterson organizou e deu caráter público a Teoria da Responsabilidade Social da Imprensa. Esta teoria é parte das quatro abordagens teóricas do jornalismo elencadas pelos autores Teorias da Responsabilidade Social da Imprensa As quatro abordagens são: A) Teoria Autoritária B) Teoria Libertária C) Teoria da Responsabilidade Social D) Teoria Comunista Soviética Teorias da Responsabilidade Social da Imprensa Segundo os autores, a Teoria da Responsabilidade Social da Imprensa é consequência do período pós-segunda Guerra Mundial que pressupõe os deveres das instituições de comunicação para com a sociedade. Precisão, verdade, objetividade e equilíbrio Teorias da Responsabilidade Social da Imprensa Mesmo atualmente ultrapassada, a obra que tratou pela primeira vez de forma acadêmica da Teoria da Responsabilidade Social da Imprensa, mantém esse conceito atual. Alguns autores consideram a TRSI como uma possível base para se fundamentar um sistema de jornalismo ético, à medida que estabelece como princípio central a ideia de que os comunicadores estão obrigados a serem responsáveis pelo seu público prestando conta de suas atividades. Origens da Teoria A formulação desta teoria, que foi organizada pelos autores citados, teve a sua inspiração nas atividades da Comissão Sobre Liberdade de Imprensa, mais conhecida como Comissão Hutchins, em 1942. O nome da Comissão foi em homenagem ao seu coordenador Robert Maynard Hutchins que, financiado por Henry Luce, um dos fundadores da revista Time e seu colega de faculdade, resolveu assumir a coordenação do grupo de trabalho. Antecedentes De acordo com Fernando Paulino, já na década de 20 a sociedade americana começou a adotar seus primeiros códigos de ética. Na década de 30 o ideal da objetividade começou a orientar os profissionais da imprensa e as escolas de jornalismo passagem a se expandir. Antecedentes Venício Lima vai dizer que aresponsabilidade social (RS) não é um conceito novo e sua origem está associada à filosofia utilitarista que surge na Inglaterra e nos Estados Unidos no século 19, de certa forma derivada das idéias de Jeremy Bentham e John Stuart Mill. Nos anos pós-Segunda GM, a RS se constituiu como um modelo a ser aplicado às empresas em geral – e às empresas jornalísticas norte-americanas, em particular – e começou a ser introduzida por meio de códigos de autorregulação estabelecidos para o comportamento de jornalistas e de setores como rádio e televisão. Esse modelo está ligado diretamente à defesa da liberdade, inclusive à liberdade de imprensa e ao desenvolvimento do capitalismo e dos direitos civis. (LIMA, 2008) Antecedentes Em 1947, a Comissão Hutchins produziu o seu primeiro relatório intitulado Free and Responsable Press ("Uma imprensa livre e responsável") O relatório por sua vez sofreu fortes críticas por parte das grandes instituições de comunicação por propor um órgão independente para avaliar a atuação da mídia. A Responsabilidade Social da Imprensa passa a ser vista como uma contrapartida à liberdade de imprensa, considera Paulino.
O texto da Comissão já se adiantava com
relação às questões da concentração de propriedade e relacionava isso com a falta de acesso à informação diversa e plural “As formulações propostas pela TRSI demonstram a perspectiva de entender a imprensa como instituição que tem como objetivo salvaguardar dos direitos dos cidadãos e o modo de se apresentar um tema para a opinião pública influi diretamente na repercussão e na amplitude que este assunto encontra na sociedade. O debate sobre a TRSI a partir da ação da Comissão Hutchins permanece atual, principalmente quando se leva em conta a complexidade da atuação dos grandes conglomerados de comunicação se comparadas com as atividades que eram realizadas no início da atuação das empresas jornalísticas”. (MARTINS & PAULINO) O texto do Relatório O relatório da Hutchins Commission resumiu as exigências que os meios de comunicação teriam de cumprir em cinco pontos: 1. Propiciar relatos fiéis e exatos, separando notícias (reportagens objetivas) das opiniões (que deveriam ser restritas às páginas de opinião); 2. Servir como fórum para intercâmbio de comentários e críticas, dando espaço para que pontos de vista contrários sejam publicados; O texto do Relatório 3. Retratar a imagem dos vários grupos com exatidão, registrando uma imagem representativa da sociedade, sem perpetuar os estereótipos;
4. Apresentar e clarificar os objetivos e
valores da sociedade, assumindo um papel educativo; e, por fim, O texto do Relatório 5. Distribuir amplamente o maior número de informações possíveis. Esses cinco pontos se tornariam a origem dos critérios profissionais do chamado "bom jornalismo" – objetividade, exatidão, isenção, diversidade de opiniões, interesse público – adotado nos Estados Unidos e presente nos Manuais de Redação de boa parte dos jornais nas democracias liberais. (LIMA, 2008) Luiz Martins, no artigo Imprensa, subjetividade e cidadania classifica em seis os níveis a abertura dos veículos para meios que asseguram a responsabilidade social da imprensa. São eles: Grau 0: (...) nível em que a empresa coloca- se essencialmente na posição do tradicional Emissor, sem ter estabelecido nenhum canal permanente de feedback. Não instituiu, portanto, nenhum mecanismo de contato direto com o público. Grau 1: a empresa designou um profissional de seus quadros e atribui-lhe a missão de representar os interesses do público, o que é feito mediante imunidade e mandato. Tanto pode ser a figura do ombudsman, quanto do ouvidor (...) entre outras alternativas (...). Grau 2: A empresa recrutou na sociedade uma pessoa pública (...) capaz de ser reconhecida como representante do interesse público. É, por exemplo, o ombudsman que não é funcionário da casa (...). Depois do seu mandato, não estará exposto aos eventuais ressentimentos e sequelas resultantes dos interesses contrariados durante o exercício de sua ouvidoria. Grau 3: em nome do pluralismo, a empresa abriga uma representação colegiada do público, um conselho misto, um colegiado representativo do mais variados segmentos da sociedade, mas ainda sob seu controle: nomeação e poder a seu critério (...). Grau 4: a empresa se expõe permanentemente a avaliações externas que lhe são dirigidas por organizações independentes, criadas mediante formas associativas: associação de leitores, clube de leitores, associação de telespectadores, observatórios, media watchers, SOS, disques, etc. Estes mecanismos atuariam como ouvidorias públicas independentes da ouvidoria da própria organização. Grau 5: a empresa se filia a uma Alta Autoridade, ou Conselho Superior, órgão público, porém não estatal, de composição plural e representativa da sociedade. Contribui para mantê-lo e acata suas decisões, independentemente das queixas que lhe venham ser dirigidas desde as instâncias judiciais (...) Grau 6: sem prejuízo dos graus anteriores a empresa cria mecanismos de interação com o público, a exemplo dos serviços online para a recepção de pautas e mensagens para dar retorno às mesmas (...)". Meios para assegurar a responsabilidade social da mídia (MARS). Para Claude-Jean Bertrand, a "irreversível mediatização do espaço público nas sociedades contemporâneas originou a necessidade de inventar mecanismos” tendo em vista “a ajudarem a respeitar a deontologia, manter a confiança do público, defender a respectiva liberdade contra as ameaças dos poderes constituídos e do mercado. Censura x Controle Social Controle Social não é censura. Censura é toda tentativa de impedir que algo (notícias/ideias) vá a público por questões ideológicas, políticas, religiosas, etc. A censura ela é feita previamente e visa limitar a liberdade de expressão de outrem. A Censura NÃO é um mecanismo exclusivo de governos/Estados e pode ser exercida por grupos políticos e econômicos, empresas e meios de comunicação Censura x Controle Social Ao contrário da Censura, o Controle Social é um mecanismo posterior ao exercício da liberdade de expressão de outrem e visa, a partir de critério previamente estabelecidos, fazer valer direito e garantias coletivas, mas também igualmente individuais, frente a liberdades individuais. O Controle Social nunca será exercido por apenas uma pessoa ou sem regras previamente estabelecidas. Tipos de MARS Bertrand tipifica e classifica as experiências de MARS de três maneiras: meios externos, meios internos e formas cooperativas. Meios Correções Carta dos Leitores Observatórios Ombudsman Conselho de Leitores Conselho de Imprensa Referências Bibliográficas
PAULINO. Fernando. Responsabilidade Social da Mídia. Análise
conceitual e perspectivas de aplicação no Brasil, Portugal e Espanha. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília, 2008. MARTINS, Luiz; PAULINO, Fernando. Formas de Assegurar a Responsabilidade Social da Mídia: modelos, propostas e perspectivas. LIMA, Venício. Comissão Hutchins: o velho (novo) paradigma faz 61 anos. Observatório da Imprensa, 2008 MARTINS, Luiz. Imprensa, subjetividade e cidadania. Compós, 1998