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15/05/2022 20:35 Direito do Idoso

Estudo das políticas de proteção

as pessoas da terceira idade no Brasil


Márcia Batista Gil Nunes, Cileia do Nascimento Silva Ramos
Mauro & Maria Yvone Chaves

Adicionado ao site em 07.07.2003


 

1. INTRODUÇÃO

Em consonância com as discussões se realizam em países


socialmente mais desenvolvidos, no Brasil o debate que se
estabeleceu nos diferentes fóruns acadêmicos, políticos e
comunitários, sobre o papel do idoso na nossa sociedade,
apesar da vasta abrangência e da carência de
aprofundamento em questões fundamentais como os
conflitos intergeracionais e o entendimento da terceira idade
como portadora de necessidades específicas, tem variado
seus contornos e assumidas diferentes feições, cada uma
delas de acordo com o enfoque adotado para a questão e
vinculada ainda ao contexto em que a discussão se realiza.

A adoção de um determinado enfoque para o tratamento da


questão da terceira idade, conforme o caráter das articulações
envolvidas, se dá em detrimento de outras opções colocadas,
ou seja, a partir da eleição de um "the best way", nasce uma
grande solução para os diferentes problemas existentes,
propondo um modelo gestão que entende a saúde pública
como a saúde da maioria.

A importância sobre a escolha da forma de tratar a questão


do idoso, à luz de um modelo que confira a este uma
perspectiva cidadã, transcende aspectos puramente técnicos e
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políticos. Ele envolve, em relação a este grupo social,


demandas e especificidades variadas, associadas às
peculiaridades do "modo de ser brasileiro".

2. ASPECTOS GERAIS

Com vistas a melhor situar a questão da saúde do idoso no


Brasil, em termos das políticas públicas para o setor, deve se
ressaltar que este corte social é tratado no conjunto das
medidas relacionadas aos programas de desenvolvimento
social, lembrando ainda que, conforme SOUZA (1998), as
políticas sociais devem estar voltadas a resgatar a dívida com
os excluídos do processo de desenvolvimento.

No caso particular do idoso, a dinâmica que reforça o


mecanismo de exclusão deste se realiza, através dos
chamados "Mitos da velhice", conforme estudo apresentado
pela OPAS/OMS (1999), os quais procuram apresentar as
limitações conseqüentes da senilidade como fatores
impeditivos dos idosos participarem efetivamente do mercado
de trabalho e do processo produtivo.

Voltando a SOUZA (1998), no Brasil a responsabilidade pelo


desenvolvimento social é competência de todas as esferas de
governo bem como da própria sociedade, responsabilidade
esta constante na Constituição Federal, promulgada em
outubro de 1988, e desdobrada em leis complementares e
ordinárias.

A partir desta análise passaremos ao enfoque específico da


problemática do idoso no Brasil. Visualizar a atual realidade
demográfica do país implica, em última análise, em
reconhecer as transformações que o perfil etário da
população brasileira vem sofrendo nas últimas décadas, numa
transição de país jovem para país maduro.

O crescimento da expectativa sobrevida do brasileiro traz


consigo sérias conseqüências no que se refere à formulação,
implementação e financiamento das políticas sociais no Brasil,
particularmente as relativas às questões da seguridade social
e da saúde. Conforme BNDES (1999), por exemplo uma
criança nascida em 1995 teria uma expectativa de sobrevida
em torno de 67,3 anos

O problema da seguridade social advém do grande aumento


da população aposentada em relação à mão-de-obra ativa,
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ou seja, à redução proporcional do número de pessoas que


financiam os aposentados. Em países onde a expectativa de
sobrevida é maior a situação se torna mais grave, como na
União Européia, onde a proporção é de quatro trabalhadores
para um aposentado segundo PIÑERA (1998).

A questão da saúde é tão ou mais importante, na medida em


que a performance desta área implica numa alteração da
quantidade de mão de obra disponível para a produção de
bens e serviços.
Outro aspecto relevante em relação às
políticas públicas de saúde e ao aumento da expectativa de
vida da população é que os gastos com saúde per capita
tornam-se cada vez maiores com o passar do tempo. As
pessoas da terceira idade, conforme sabemos, em geral estão
mais sujeitas a acidentes e, segundo PASSARELLI (1997), às
doenças crônicas e degenerativas, em razão do déficit ou
falência das suas percepções sensoriais e do desgaste físico
natural da velhice. Por outro lado, o gasto para recuperação
da saúde de cada idoso também é maior, posto que sua
fragilidade orgânica aumenta com o passar do tempo, o que
implica, por fim, num maior período de permanência em
tratamento, em regime de internação ou não.

Além da questão do aumento progressivo dos gastos com o


tratamento de saúde das pessoas da terceira idade, emerge o
debate sobre as instituições responsáveis pelo atendimento a
esta população, bem como a formação de recursos humanos
específicos para este segmento social.

Na atualidade, as instituições públicas geriátricas não servem


como modelo de serviço para o idoso alcançar um estilo de
vida com qualidade. DUARTE (1998) ressalta que é
compromisso de todos os profissionais de saúde criar
condições para a geração de serviços de boa qualidade com
enfoque específico, voltado ao direito do idoso como pessoa.
SAYEG (1997), entretanto nos aponta o Brasil como um país
carente de especialistas na área de saúde do idoso em
conseqüência, principalmente, da impossibilidade da
realização de cursos de extensão durante os períodos de
formação universitária.

3. A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO

A percepção destas questões colocou em foco discussões no


âmbito de toda a sociedade que, por fim, a reboque das
decisões tomadas durante a realização por parte da
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Organização das Nações Unidas da I Assembléia Mundial


sobre o Envelhecimento, em 1982, levou a que fossem
inseridas na Constituição Federais de 1988 as preocupações
formais com a proteção à terceira idade.
Ainda neste escopo,
o Governo Federal, através da Lei nº 8.842 de 04 de janeiro
de 1994, definiu e consolidou a Política Nacional do Idoso,
legislação avançada, inclusive quando comparada no âmbito
internacional, que, entretanto, no seu dia-a-dia esbarra no
déficit estrutural do nosso sistema de saúde, ou seja, os
meios preventivos e terapêuticos disponíveis são insuficientes
para o fiel cumprimento do proposto na lei.

A Política Nacional do Idoso, na condição de instrumento


legal e legítimo, tem como diretrizes:

I - viabilizar formas alternativas de participação,


ocupação e convívio do idoso, proporcionando-lhe
integração às demais gerações;

II - promover a participação e a integração do


idoso, por intermédio de suas organizações
representativas, na formulação implementação e
avaliação das políticas, planos, programas e
projetos a serem desenvolvidos;

III. - priorizar o atendimento ao idoso, por


intermédio de suas próprias famílias, em
detrimento do atendimento asilar, à exceção dos
idosos que não possuam condições de garantir sua
sobrevivência;

IV - descentralizar as ações político-


administrativas;

V - capacitar e reciclar os recursos humanos nas


áreas de geriatria e gerontologia;

VI - implementar o sistema de informações que


permita a divulgação da política, dos serviços
oferecidos , dos planos e programas em cada nível
de governo;

VII - estabelecer mecanismos que favoreçam a


divulgação de informações de caráter educativo
sobre os aspectos biopsicossociais do
envelhecimento;

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VIII - priorizar o atendimento ao idoso em órgãos


públicos e privados prestadores do serviço; e ,
apoiar estudos e pesquisas sobre as questões do
envelhecimento.

É importante ressaltar que o acesso do idoso aos direitos


especiais que lhe são destinados em lei é expressão da sua
cidadania e, como tal, deve ser viabilizado tanto pela esfera
governamental, quanto pela sociedade civil. DUARTE (1998),
cita que ser cidadão é ter consciência de seus direitos e
deveres civis e políticos, participando das decisões que
interferem na vida de cada um, com um sentimento ético e
consciência de cidadania.

4. CONCLUSÃO

O presente trabalho se propôs a fazer um breve relato do


contexto brasileiro no que se refere às políticas de proteção a
pessoa idosa, carecendo entretanto de aprofundamentos
tanto no que tange as questões demográficas quanto no
estudo e avaliação de aspectos políticos institucionais e
legais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BARBOSA, L. Igualdade e Meritocracia. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,


1999.
2. BNDES. Revista do BNDES. Rio de Janeiro, v.6, n.12, p.3-228, dezembro 1999.

3. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988.


Diário Oficial da União, Brasília.

4. _____________. Lei 8.842 de 04 de janeiro de 1994. Estabelece a criação do


Conselho Nacional do Idoso. Diário Oficial da União, Brasília.

5. _____________. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana de Saúde


OPAS/OMS. site da internet consultado no dia 19 de novembro de 1999. Mitos na
Berlinda endereço eletrônico-
http:/www.opas.org.br/Dia%20Mundial/99envelhecimento.htm.

6. DA MATTA R. RELATIVIZANDO: Uma Introdução à Antropologia Social. 4. ed.


Petrópolis: Vozes, 1984.

7. _____________. Carnavais, Malandros e Heróis. Para uma sociologia do dilema


brasileiro.6. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

8. DUARTE, M.J.R.S. Internação Institucional do Idoso: Assistência à Saúde em


Geriatria no Setor Público. Tese de Doutorado em Saúde Pública, ENSP Fundação
Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro: 1991.

9. _____________. Atenção ao Idoso: Um Problema de Saúde Pública e de


Enfermagem. Conferência realizada na Escola de Enfermagem Anna Nery. Rio de
Janeiro: 1994
10. ORNÉLAS, W. e VIEIRA, S.P. Novo Rumo para a Previdência Brasileira. Rev.
BNDES, Rio de Janeiro: v.6, n.12, p.31-47, dezembro 1999.

11. PASSARELLI, Mª. C. G. O Processo de Envelhecimento em uma perspectiva


geriátrica. Rev. O mundo da saúde, São Paulo: v.21, n.4, p.208-212, jul/ago . 1997

12. PESSINI, L. Envelhecer com Dignidade. Rev. O mundo da saúde, São Paulo: v.21,

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n.4, p.195, jul/ago. 1997.

13. PIÑERA, J. A way out of Europe's pension crises. European Reader's Digest,
jun.1998.

14. SAYEG, N. A questão do envelhecimento no Brasil Rev. O mundo da saúde, São


Paulo, ano 21, v.21, n.4, p.234-239, jul/ago.1997.

15. SOUZA, E. B. Gestão Municipal e Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável.


Comunidade solidária. Brasília: 1998.

 Márcia Batista Gil Nunes

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