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A FLORESTA FELIZ

Autor: Antônio Carlos de Andrade Bueno

Pseudônimo: Tio Tonico

Fevereiro/2006

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Era uma floresta muito bonita, linda mesmo! Com muitas árvores frondosas e repletas

de flores e frutos. Tinha um riacho de água fresquinha e cristalina, aonde todas as

manhãs os animaizinhos iam para matar a sede e brincar. Havia bonitas cachoeiras e

toda espécie de animais dos mais variados tamanhos, e pássaros e aves, as mais belas e

coloridas.

Mas aquela floresta não aparecia nos mapas das escolas, porque ficava num país

que ainda não havia sido descoberto. Lá, também não havia vulcões, terremotos, nem

grandes tempestades com raios e trovões: quando as chuvas caíam, eram mansinhas,

bonitas de a gente ver! E o sol brilhava quase todos os dias como um grande disco

dourado, bem lá no alto, longe, longe, no céu...

Ninguém derrubava as árvores e nem fazia queimadas; daí, também nunca havia

incêndio naquela floresta porque, como ninguém ainda conhecia o lugar, os homens não

haviam chegado até lá e, portanto, todos os animais que a habitavam, viviam contentes e

despreocupados, brincando e cantando alegremente. Por isso deram-lhe o nome de

Floresta Feliz.

Para ter uma idéia de como todos eram amigos, imaginem que lá, até o Macaco

era compadre da Dona Onça! Dona Sabiá e a Arara-azul eram grandes amigas da

Senhora Raposa e havia também um passarinho tão corajoso, que entrava sem medo na

boca do jacaré e passava um tempão bicando para retirar as migalhas de comida que

ficavam presas ali, porque o Jacaré era muito preguiçoso e não gostava de escovar os

dentes. Mas o Senhor Jacaré não se incomodava com o passarinho, e achava aquilo

muito bom porque sua boca ficava limpinha, limpinha, e ele não precisava ter nenhum

trabalho!

Assim era a vida naquela floresta; cheia de tranqüilidade e beleza!

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Acontece, porém, que certo dia, sem que ninguém suspeitasse, uma bruxa

malvada que sobrevoava o mundo em sua vassoura mágica, de repente olhou para baixo

e viu bem longe, no meio do oceano uma manchinha muito verde. Como além de

malvada também era bastante curiosa, resolveu verificar do que se tratava e ordenou

então à sua vassoura que voasse bem baixinho para que ela pudesse enxergar melhor.

Imediatamente a vassoura mágica obedeceu e começou a descer. Na medida em que ia

descendo e se aproximava, a bruxa notou que a mancha ia crescendo mais e mais, até

que ao chegar bem perto, percebeu tratar-se de uma linda ilha, com rios e cachoeiras, e

toda coberta por uma floresta de vegetação muito espessa e belas praias repletas de

coqueirais. Começou então a voar em círculos até encontrar uma clareira bem no meio

da mata onde decidiu descer para verificar mais de perto aquele bonito lugar.

Aterrissou, escondeu sua vassoura entre as folhagens e saiu a caminhar pela

linda floresta. Logo começou a ouvir algumas vozes, belos cantos e risos que pareciam

não estar muito longe. Foi-se aproximando devagarinho, escondeu-se atrás dos arbustos

e viu à beira do riacho, uma grande quantidade de animaizinhos e pássaros de todas as

espécies, que pulavam, brincavam, dançavam e cantavam alegremente numa algazarra

sem fim. Foi aí que a bruxa, malvada como era, teve uma idéia e sem que ninguém

percebesse, voltou imediatamente para a clareira escondida na floresta, onde poderia

pensar melhor no seu plano.

─ “Aqui está um bom lugar para construir minha cabana” ─ pensou ela em voz

alta, mas ninguém a escutou, porque aquele lugar era muito escondido e não havia

ninguém ali perto.

Dito isso, girou sua varinha mágica no ar, pronunciou algumas palavras que só

ela compreendia e... Puf! Ouviu-se um estouro e no mesmo instante em meio a uma

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fumaça apareceram à sua frente três duendes muito fortes, vestidos com roupas

coloridas; verdes, vermelhas, azuis... Eles também calçavam botas e usavam uns

chapéus muito engraçados! Os duendes não eram maus, porém, eram obrigados a fazer

tudo o que a bruxa lhes ordenasse.

─Às suas ordens, senhora; ordene e nós obedeceremos ─ disseram os três.

Imediatamente a malvada ordenou que eles saíssem e trouxessem bastante

madeira para erguer as paredes, palhas dos coqueiros para cobrir o telhado e tudo o mais

que fosse necessário para construir a sua cabana.

─E vão bem depressa, seus preguiçosos! Senão vou castigá-los ─ gritou ela com

sua voz de fazer medo.

Os duendes, assustados, não perderam tempo: trabalharam durante todo o dia e a

noite sem descanso, e na manhã seguinte a casinha ficou pronta. Tão logo viu o trabalho

terminado, a bruxa, que além de má também era mal-educada, nem sequer agradeceu a

eles. Girou rapidamente sua varinha no ar, repetiu as palavras que só ela conhecia, e

novamente, Puf! Outro estouro, nova fumaça e os duendes desapareceram!

─ “Agora sim, poderei concluir o meu plano!” ─ pensou ela, e saiu pela floresta

para colher algumas ervas daninhas. Logo depois, enquanto preparava a nova poção que

aprendera a fazer estudando o livro das bruxas, ela gargalhava: ─Ah, Ah, Ah!

Era uma gargalhada tão medonha que fazia tremer até as folhas das árvores. E ia

falando em voz alta e contando para si mesma qual era o seu plano:

─ “Com esta poção mágica que estou cozinhando, vou transformar todos os

animais em estátuas, assim eles não poderão fugir. Depois eu os trarei para cá, e quando

já tiver apanhado todos, irei vendê-los nas grandes cidades. Ganharei muito dinheiro!

Ficarei rica, Ah, Ah, Ah!” ─ ria-se ela. E enquanto tramava seu plano maléfico, ia

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mexendo, mexendo e remexendo as ervas no grande caldeirão de água fervente, até que

enfim tudo ficou pronto e como estava cansada, resolveu dormir; mesmo porque já era

tarde da noite e a mistura ainda precisava esfriar.

O dia seguinte ainda estava amanhecendo e o sol mal começara a raiar, mas a

bruxa já estava de pé, ansiosa para pôr em prática a maldade que havia planejado.

Vestiu sua longa capa e o inseparável chapéu e, em seguida colocou num pequeno

frasco uma boa quantidade do líquido mágico que havia preparado e fechou bem o vidro

para que não derramasse. Feito isso, saiu apressada pelo caminho. Logo avistou uma

linda borboleta, toda colorida de amarelo e azul, que repousava numa flor, e então

resolveu testar a sua poção: aproximou-se bem devagarinho e antes que a infeliz

borboletinha percebesse... ZAZ! Atirou sobre ela três gotinhas do líquido que trazia no

frasco.

E não é que aquilo funcionou mesmo? Imediatamente a pobrezinha caiu ao chão,

dura como uma pedra: tinha virado estátua!

─ “Finalmente logo ficarei rica, rica!” ─ disse a malvada, pulando de alegria, e

aí, muito contente e gargalhando sem parar saiu em disparada a procura dos outros

animais.

Quando estes começaram a chegar à beira do riacho, a megera já estava

escondida entre as moitas de capim, esperando para agarrá-los, mas os pobrezinhos de

nada suspeitavam e como faziam todos os dias, puseram-se a brincar e a cantar felizes

da vida.

A bruxa malvada, aproveitando-se da situação, continuava a espreitá-los, e

quando um deles, distraído, se afastava dos outros, ela então destampava o frasco e

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rapidamente jogava sobre o pobrezinho as três gotinhas da sua poção mágica,

transformando-o em estátua; colocava-o num saco e o levava para sua cabana.

E assim aconteceu durante todo aquele dia, e também no outro e no outro... Os

dias iam passando, e aos poucos os animaizinhos e os belos pássaros da floresta iam

desaparecendo. Todos os outros começaram a ficar amedrontados, sem saber o que

estava acontecendo. Até que...

Naquela manhã, era bem cedo ainda e o sol nem havia nascido, quando Mestre

Coruja, que por ser muito sábio tinha sido eleito prefeito da floresta, acordou com uma

barulheira bem em frente de sua casa, que também funcionava como prefeitura, e ficava

no alto de uma grande árvore oca. Cansado e sonolento, pois tinha passado quase toda a

noite caçando (sim, porque as corujas saem para caçar à noite), Mestre Coruja

levantou-se, colocou os óculos (porque corujas também não enxergam bem durante o

dia) e abriu a porta para ver do que se tratava.

Logo que o viram, os animais começaram a falar desesperadamente.

─ Mestre, precisamos da sua ajuda; algo muito estranho está acontecendo na

floresta. Todos os nossos parentes e amigos estão desaparecendo! ─ disse o Compadre

Macaco, que havia subido num galho bem alto.

─ Meus filhotinhos sumiram! ─ disse Dona Sabiá, que estava desesperada e não

parava de chorar.

─ Meu marido também! ─ Grasnou com voz estridente a Arara-azul, muito

aflita.

─ E meus irmãozinhos menores! Já procurei em todos os lugares e não os

encontrei ─ gritou de longe o Esquilo, muito nervoso.

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─ Mestre, e eu já não vejo meu amigo Jabuti há dois dias! Ninguém sabe onde

ele está ─ completou o Senhor Coelho, bastante preocupado.

Até a Comadre Raposa, que não havia perdido nenhum parente, e era bastante

esperta e andava sempre atenta, estava amedrontada. E todos muito preocupados e

aflitos, falavam ao mesmo tempo, criando uma confusão tão grande que ficava difícil

entender o que diziam.

O prefeito então ajeitou os óculos, abriu as asas e falou:

─ Calma, meus amiguinhos! Falem mais devagar e, um de cada vez para que eu

possa entender.

Assim, todos passaram a relatar o que estava acontecendo. Ao final, Mestre

Coruja permaneceu pensativo por alguns instantes e depois tornou a dizer:

─ Já sei! A partir de agora nenhum de nós vai mais andar sozinho: andaremos

sempre acompanhados. Agora vamos nos dividir em grupos e sairemos imediatamente

pela floresta à procura dos nossos amiguinhos. Não descansaremos enquanto não

descobrirmos o que está acontecendo.

E assim fizeram: organizaram-se em vários grupos e saíram a procurar. Alguns

seguiram nadando pelo rio, outros foram pelo chão, muitos foram pelo alto das árvores,

e outros ainda, puseram-se a sobrevoar pela a floresta.

Já haviam percorrido quase todos os lugares; a noite vinha chegando e não

tinham encontrado nada. Estavam todos muito cansados e pensavam em voltar para suas

casas. Tinham quase desistido de continuar, quando encontraram Dona Onça, que

voltava muito apressada pelo caminho.

─ Olá dona Onça, há dias que não a vejo! Como vai a senhora? ─ perguntou

Mestre Coruja.

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─ Olá, Senhor Prefeito! Eu estou bem, obrigada. Estive caçando do outro lado do

grande rio ─ respondeu a onça.

─ Mas, o que faz o senhor com os nossos amigos aqui tão longe de casa a esta

hora? ─ perguntou ela em seguida.

─Ah, comadre, nem queira saber! Estamos todos muito tristes e preocupados,

pois coisas estranhas andaram acontecendo nestes últimos dias. Imagine a senhora que

nossos amiguinhos estão desaparecendo misteriosamente... Por acaso a senhora, em suas

caçadas, não teria visto alguma coisa por aquelas bandas? ─ Perguntou ele.

─Ah, compadre, vi sim! E era justamente por isso que eu estava voltando

apressada para lhe contar. Imagine que ontem à noite, depois de uma longa caminhada

pela floresta, cheguei a um lugar bem distante, onde nunca estive antes, e ao me

aproximar de uma clareira, escutei uma gargalhada horrível que fazia tremer até as

folhas das árvores. Era de meter medo! Mas como sou muito corajosa, resolvi chegar

mais perto para ver do que se tratava. Foi então que avistei bem no meio da clareira,

uma cabana com uma chaminé de onde saia muita fumaça e decidi ir até lá para saber

quem morava ali. Então me aproximei bem de mansinho e sem que ninguém percebesse,

espiei por uma janela. Qual não foi o meu espanto ao ver uma bruxa, falando sozinha e

rindo muito alto, enquanto remexia um caldo malcheiroso dentro de um grande

caldeirão!

─ Uma bruxa! ─ Exclamaram todos de uma só vez, muito assustados.

─ Sim, uma bruxa malvada ─ confirmou a onça. E continuou:

─ Fiquei mais espantada ainda quando olhei em volta e vi todos aqueles nossos

amiguinhos: lá estavam os Papagaios, o marido da Dona Arara, os dois irmãos menores

do amigo Esquilo, os três filhotinhos da Dona Sabiá, o Pavão, o Dr. Tucano...

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─ Continue, comadre, continue! ─ insistiu Mestre Coruja, impaciente.

─ E havia muitos outros ─ voltou a falar a Comadre Onça.

─ Chamei baixinho por eles, mas estavam todos paralisados e ninguém me

respondeu. Cheguei a bater de leve na carapaça do Compadre Jabuti que estava bem

próximo à janela, e até puxei uma pena do Pavão que também estava perto, mas, nada:

eles nem se mexeram! Estavam duros como pedra. Foi então que desisti de minha

caçada e resolvi voltar bem depressa. Viajei a noite toda e o dia inteiro sem parar, até

agora ao nos encontrarmos aqui neste caminho.

Quando Dona Onça terminou de narrar os fatos, foi um alvoroço total!

Começaram todos a falar ao mesmo tempo novamente. Alguns se desesperaram e não

sabiam o que fazer, outros queriam ir imediatamente para salvar seus parentes e amigos.

Enfim, ninguém conseguia se entender, até que Mestre Coruja conseguiu acalmá-los

dizendo:

─ Meus amiguinhos, não podemos nos precipitar, precisamos agir com muita

calma; já é tarde, está escurecendo e não conseguiremos chegar até lá, portanto, vamos

voltar para casa e descansar. Amanhã nos encontraremos bem cedinho, antes do sol

nascer. Iremos todos juntos para a casa da bruxa e ao entardecer, certamente já

estaremos chegando lá. Então ficaremos bem quietinhos escondidos e mais tarde,

quando anoitecer e ela estiver distraída fazendo as suas poções venenosas, cercaremos a

cabana para salvar nossos companheiros.

E assim fizeram. Os Passarinhos foram para seus ninhos, o Senhor Coelho

voltou para sua toca, Mestre Coruja e o Esquilo voltaram para o oco de suas árvores,

enfim, todos concordaram em descansar, principalmente dona Onça, que estava exausta,

portanto, preferiu dormir naquela noite e não saiu mais para caçar, porque no dia

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seguinte teria que fazer novamente uma longa jornada ao outro lado da floresta para

levar seus amigos até a cabana da bruxa, porque só ela conhecia o caminho.

O dia ainda não havia clareado e todos já estavam reunidos em frente à casa do

prefeito Coruja, de onde logo saíram. A Comadre Onça seguia na frente, conforme

combinado, e todos a acompanhavam, muito atentos, com os olhos e ouvidos bem

abertos, mas em silêncio para que a bruxa não desconfiasse de nada. Porém, a feiticeira

não saiu naquele dia para caçar os animais: sua poção mágica havia terminado e ela

precisava fazer mais. Sendo assim, passou o dia bastante ocupada, apanhando ervas

daninhas na mata e recolhendo lenha para acender o fogo.

Nossos heróis viajaram o dia todo e só pararam alguns minutos para beber água

no riacho e mais tarde para almoçar e descansar um pouquinho à sombra de uma grande

árvore, porque o sol estava muito quente. Em seguida continuaram sua jornada e ao

entardecer avistaram enfim a casinha da malvada, mas não se aproximaram. Conforme

haviam combinado, ficaram escondidos, bem quietinhos, sem conversar e sem fazer

nenhum barulhinho...

Assim que o sol desapareceu e a noite caiu sobre a floresta, Mestre Coruja deu o

sinal e a bicharada começou a sair dos seus esconderijos. Com muito cuidado, bem

devagarinho e em silêncio, foram se aproximando, se aproximando, e em pouco tempo

cercaram a cabana.

A malvada estava lá dentro, distraída, soprando as brasas para acender o fogo

debaixo do grande caldeirão, e quando percebeu o que estava acontecendo, quis correr

para apanhar sua varinha mágica, mas não houve mais tempo. O Senhor Tamanduá, que

já havia entrado na casa, agarrou-a com seus braços peludos e deu-lhe um abraço tão

forte que ela não conseguiu mais escapar. Então o Compadre Macaco saltou sobre ela e

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bem depressa amarrou suas mãos e pernas com um cipó bem comprido que tinha trazido

da floresta. A Comadre Onça ficou guardando a entrada da porta enquanto Dona

Raposa, a Arara-azul e Dona Sabiá, se apressaram para fechar as janelas. Depois disso o

Senhor Tamanduá soltou o abraço forte, mas permaneceu ali bem pertinho, atento para o

caso de a feiticeira tentar escapar. Pronto, agora estavam todos seguros! A bruxa estava

bem amarrada, não tinha como fugir e sem a varinha mágica não poderia fazer mal

algum a eles.

Como ninguém sabia o nome da feiticeira e ela se negasse a dizê-lo, o jeito era

chamá-la de bruxa mesmo! Por isso Mestre Coruja se aproximou e disse com a voz

firme:

─ Dona Bruxa: estamos aqui para exigir que a senhora desfaça o feitiço que

transformou nossos amiguinhos em estátua e liberte todos eles imediatamente!

A bruxa malvada soltou então uma grande gargalhada e falou com uma voz tão

assustadora que fez tremer quase todos aqueles animaizinhos corajosos:

─ Nunca, nunca! Eles agora são meus e vou vendê-los: ficarei muito rica, serei a

dona de toda a floresta e vocês terão que me obedecer, caso contrário vou enfeitiçá-los

também ─ respondeu a malvada.

Porém, Dona Onça e o Compadre Macaco não se assustaram. Ficaram muito

bravos e ameaçaram dar uma boa surra na feiticeira se ela não libertasse os bichinhos.

Pronto! Foi o bastante para que os outros tomassem coragem! Criou-se então uma

grande confusão. A bicharada se revoltou e avançou com paus e pedras, ameaçando a

megera. Mestre Coruja então interveio pedindo que eles se acalmassem porque não iria

permitir brigas nem violência.

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─ Ora, onde já se viu isso! Afinal, vocês sempre foram educados e não devem

agir dessa forma, principalmente porque a violência não serve para resolver nenhuma

situação. Melhor mesmo é agir com tranqüilidade ─ disse o prefeito energicamente,

mostrando-se zangado e aborrecido. Os animais obedeceram e recuaram. Então ele

olhou novamente para a bruxa e falou calmamente:

─ Dona Bruxa, se a senhora não desfizer o seu feitiço, vamos levá-la até a

presença do Rei Leão para ser julgada: ele é sábio e certamente encontrará um bom

castigo para a senhora.

Ao ouvir aquelas palavras, a bruxa estremeceu de medo. Já ouvira falar do Rei

Leão e sabia que ele, além de feroz e valente, era também muito severo e justo: por certo

ela não conseguiria escapar do seu castigo, por isso, amedrontada, resolveu falar.

Apontou para um velho baú que estava num canto da cabana e contou que lá estava o

pozinho que tinha o poder de quebrar o encanto que fizera.

─ Alguém deve jogá-lo sobre os animaizinhos e recitar os versos mágicos que

farão com que o feitiço se quebre ─ disse ela.

Mal ela terminou de falar, o Macaco e o Compadre Coelho correram para abrir o

baú e encontraram dentro dele um saquinho com um pó azul, muito bonito e brilhante.

Imediatamente puseram-se a espalhá-lo sobre os amiguinhos enfeitiçados, ao mesmo

tempo em que iam repetindo os versinhos mágicos que a bruxa lhes ensinara:

”Pozinho que vem,

Gotinha que vai

Com o pozinho do bem,

O feitiço logo vai”

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Tão logo o pozinho brilhante era espalhado e os versinhos recitados, o feitiço se

quebrava e, um a um os animais, as aves e os pássaros iam voltando ao normal. E assim

foi a noite toda! Ao amanhecer, todos já haviam deixado de ser estátuas e se abraçavam

muito felizes.

Mestre Coruja pediu então que desamarrassem a bruxa e ordenou a ela que fosse

embora imediatamente.

Assim que se viu desamarrada, a bruxa malvada, bastante assustada e ainda

tremendo de medo, recolheu a varinha mágica e o livro de feitiçarias e os colocou num

saco. Depois amarrou o saco e o colocou nas costas. Mas deixou para trás o grande

caldeirão cheio de poção venenosa e o velho baú porque eram muito pesados para

carregar e ela estava com pressa. E a pressa era tanta que ela montou em sua vassoura e

saiu voando tão rapidamente que deixou até um rastro de fumaça no azul do céu e logo

desapareceu para nunca mais voltar.

Todos os animaizinhos se juntaram, e bem depressa derramaram fora o resto da

poção mágica que havia sido deixada para trás no caldeirão. Em seguida, demoliram a

cabana para que não ficasse mais nenhuma lembrança da malvada e, depois seguiram

cantando para casa.

No mesmo dia, durante toda a tarde, antes do sol se esconder, eles se reuniram e

fizeram uma grande festa à beira do riacho para comemorar. Estavam contentes porque

daquele dia em diante todos voltaram a viver em paz desfrutando das alegrias e da

beleza na Floresta Feliz!

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