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Fevereiro/2006
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Era uma floresta muito bonita, linda mesmo! Com muitas árvores frondosas e repletas
manhãs os animaizinhos iam para matar a sede e brincar. Havia bonitas cachoeiras e
toda espécie de animais dos mais variados tamanhos, e pássaros e aves, as mais belas e
coloridas.
Mas aquela floresta não aparecia nos mapas das escolas, porque ficava num país
que ainda não havia sido descoberto. Lá, também não havia vulcões, terremotos, nem
grandes tempestades com raios e trovões: quando as chuvas caíam, eram mansinhas,
bonitas de a gente ver! E o sol brilhava quase todos os dias como um grande disco
Ninguém derrubava as árvores e nem fazia queimadas; daí, também nunca havia
incêndio naquela floresta porque, como ninguém ainda conhecia o lugar, os homens não
haviam chegado até lá e, portanto, todos os animais que a habitavam, viviam contentes e
Floresta Feliz.
Para ter uma idéia de como todos eram amigos, imaginem que lá, até o Macaco
era compadre da Dona Onça! Dona Sabiá e a Arara-azul eram grandes amigas da
Senhora Raposa e havia também um passarinho tão corajoso, que entrava sem medo na
boca do jacaré e passava um tempão bicando para retirar as migalhas de comida que
ficavam presas ali, porque o Jacaré era muito preguiçoso e não gostava de escovar os
dentes. Mas o Senhor Jacaré não se incomodava com o passarinho, e achava aquilo
muito bom porque sua boca ficava limpinha, limpinha, e ele não precisava ter nenhum
trabalho!
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Acontece, porém, que certo dia, sem que ninguém suspeitasse, uma bruxa
malvada que sobrevoava o mundo em sua vassoura mágica, de repente olhou para baixo
e viu bem longe, no meio do oceano uma manchinha muito verde. Como além de
malvada também era bastante curiosa, resolveu verificar do que se tratava e ordenou
então à sua vassoura que voasse bem baixinho para que ela pudesse enxergar melhor.
descendo e se aproximava, a bruxa notou que a mancha ia crescendo mais e mais, até
que ao chegar bem perto, percebeu tratar-se de uma linda ilha, com rios e cachoeiras, e
toda coberta por uma floresta de vegetação muito espessa e belas praias repletas de
coqueirais. Começou então a voar em círculos até encontrar uma clareira bem no meio
da mata onde decidiu descer para verificar mais de perto aquele bonito lugar.
linda floresta. Logo começou a ouvir algumas vozes, belos cantos e risos que pareciam
não estar muito longe. Foi-se aproximando devagarinho, escondeu-se atrás dos arbustos
sem fim. Foi aí que a bruxa, malvada como era, teve uma idéia e sem que ninguém
─ “Aqui está um bom lugar para construir minha cabana” ─ pensou ela em voz
alta, mas ninguém a escutou, porque aquele lugar era muito escondido e não havia
Dito isso, girou sua varinha mágica no ar, pronunciou algumas palavras que só
ela compreendia e... Puf! Ouviu-se um estouro e no mesmo instante em meio a uma
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fumaça apareceram à sua frente três duendes muito fortes, vestidos com roupas
coloridas; verdes, vermelhas, azuis... Eles também calçavam botas e usavam uns
chapéus muito engraçados! Os duendes não eram maus, porém, eram obrigados a fazer
madeira para erguer as paredes, palhas dos coqueiros para cobrir o telhado e tudo o mais
─E vão bem depressa, seus preguiçosos! Senão vou castigá-los ─ gritou ela com
noite sem descanso, e na manhã seguinte a casinha ficou pronta. Tão logo viu o trabalho
terminado, a bruxa, que além de má também era mal-educada, nem sequer agradeceu a
eles. Girou rapidamente sua varinha no ar, repetiu as palavras que só ela conhecia, e
─ “Agora sim, poderei concluir o meu plano!” ─ pensou ela, e saiu pela floresta
para colher algumas ervas daninhas. Logo depois, enquanto preparava a nova poção que
aprendera a fazer estudando o livro das bruxas, ela gargalhava: ─Ah, Ah, Ah!
Era uma gargalhada tão medonha que fazia tremer até as folhas das árvores. E ia
falando em voz alta e contando para si mesma qual era o seu plano:
─ “Com esta poção mágica que estou cozinhando, vou transformar todos os
animais em estátuas, assim eles não poderão fugir. Depois eu os trarei para cá, e quando
já tiver apanhado todos, irei vendê-los nas grandes cidades. Ganharei muito dinheiro!
Ficarei rica, Ah, Ah, Ah!” ─ ria-se ela. E enquanto tramava seu plano maléfico, ia
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mexendo, mexendo e remexendo as ervas no grande caldeirão de água fervente, até que
enfim tudo ficou pronto e como estava cansada, resolveu dormir; mesmo porque já era
O dia seguinte ainda estava amanhecendo e o sol mal começara a raiar, mas a
bruxa já estava de pé, ansiosa para pôr em prática a maldade que havia planejado.
Vestiu sua longa capa e o inseparável chapéu e, em seguida colocou num pequeno
frasco uma boa quantidade do líquido mágico que havia preparado e fechou bem o vidro
para que não derramasse. Feito isso, saiu apressada pelo caminho. Logo avistou uma
linda borboleta, toda colorida de amarelo e azul, que repousava numa flor, e então
resolveu testar a sua poção: aproximou-se bem devagarinho e antes que a infeliz
borboletinha percebesse... ZAZ! Atirou sobre ela três gotinhas do líquido que trazia no
frasco.
aí, muito contente e gargalhando sem parar saiu em disparada a procura dos outros
animais.
nada suspeitavam e como faziam todos os dias, puseram-se a brincar e a cantar felizes
da vida.
quando um deles, distraído, se afastava dos outros, ela então destampava o frasco e
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rapidamente jogava sobre o pobrezinho as três gotinhas da sua poção mágica,
dias iam passando, e aos poucos os animaizinhos e os belos pássaros da floresta iam
Naquela manhã, era bem cedo ainda e o sol nem havia nascido, quando Mestre
Coruja, que por ser muito sábio tinha sido eleito prefeito da floresta, acordou com uma
barulheira bem em frente de sua casa, que também funcionava como prefeitura, e ficava
no alto de uma grande árvore oca. Cansado e sonolento, pois tinha passado quase toda a
noite caçando (sim, porque as corujas saem para caçar à noite), Mestre Coruja
levantou-se, colocou os óculos (porque corujas também não enxergam bem durante o
─ Meus filhotinhos sumiram! ─ disse Dona Sabiá, que estava desesperada e não
parava de chorar.
aflita.
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─ Mestre, e eu já não vejo meu amigo Jabuti há dois dias! Ninguém sabe onde
Até a Comadre Raposa, que não havia perdido nenhum parente, e era bastante
aflitos, falavam ao mesmo tempo, criando uma confusão tão grande que ficava difícil
─ Calma, meus amiguinhos! Falem mais devagar e, um de cada vez para que eu
possa entender.
─ Já sei! A partir de agora nenhum de nós vai mais andar sozinho: andaremos
pela floresta à procura dos nossos amiguinhos. Não descansaremos enquanto não
seguiram nadando pelo rio, outros foram pelo chão, muitos foram pelo alto das árvores,
tinham encontrado nada. Estavam todos muito cansados e pensavam em voltar para suas
casas. Tinham quase desistido de continuar, quando encontraram Dona Onça, que
─ Olá dona Onça, há dias que não a vejo! Como vai a senhora? ─ perguntou
Mestre Coruja.
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─ Olá, Senhor Prefeito! Eu estou bem, obrigada. Estive caçando do outro lado do
─ Mas, o que faz o senhor com os nossos amigos aqui tão longe de casa a esta
─Ah, comadre, nem queira saber! Estamos todos muito tristes e preocupados,
pois coisas estranhas andaram acontecendo nestes últimos dias. Imagine a senhora que
caçadas, não teria visto alguma coisa por aquelas bandas? ─ Perguntou ele.
─Ah, compadre, vi sim! E era justamente por isso que eu estava voltando
apressada para lhe contar. Imagine que ontem à noite, depois de uma longa caminhada
pela floresta, cheguei a um lugar bem distante, onde nunca estive antes, e ao me
aproximar de uma clareira, escutei uma gargalhada horrível que fazia tremer até as
folhas das árvores. Era de meter medo! Mas como sou muito corajosa, resolvi chegar
mais perto para ver do que se tratava. Foi então que avistei bem no meio da clareira,
uma cabana com uma chaminé de onde saia muita fumaça e decidi ir até lá para saber
quem morava ali. Então me aproximei bem de mansinho e sem que ninguém percebesse,
espiei por uma janela. Qual não foi o meu espanto ao ver uma bruxa, falando sozinha e
caldeirão!
─ Fiquei mais espantada ainda quando olhei em volta e vi todos aqueles nossos
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─ Continue, comadre, continue! ─ insistiu Mestre Coruja, impaciente.
respondeu. Cheguei a bater de leve na carapaça do Compadre Jabuti que estava bem
próximo à janela, e até puxei uma pena do Pavão que também estava perto, mas, nada:
eles nem se mexeram! Estavam duros como pedra. Foi então que desisti de minha
caçada e resolvi voltar bem depressa. Viajei a noite toda e o dia inteiro sem parar, até
sabiam o que fazer, outros queriam ir imediatamente para salvar seus parentes e amigos.
Enfim, ninguém conseguia se entender, até que Mestre Coruja conseguiu acalmá-los
dizendo:
─ Meus amiguinhos, não podemos nos precipitar, precisamos agir com muita
calma; já é tarde, está escurecendo e não conseguiremos chegar até lá, portanto, vamos
voltar para casa e descansar. Amanhã nos encontraremos bem cedinho, antes do sol
estaremos chegando lá. Então ficaremos bem quietinhos escondidos e mais tarde,
quando anoitecer e ela estiver distraída fazendo as suas poções venenosas, cercaremos a
voltou para sua toca, Mestre Coruja e o Esquilo voltaram para o oco de suas árvores,
enfim, todos concordaram em descansar, principalmente dona Onça, que estava exausta,
portanto, preferiu dormir naquela noite e não saiu mais para caçar, porque no dia
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seguinte teria que fazer novamente uma longa jornada ao outro lado da floresta para
levar seus amigos até a cabana da bruxa, porque só ela conhecia o caminho.
O dia ainda não havia clareado e todos já estavam reunidos em frente à casa do
prefeito Coruja, de onde logo saíram. A Comadre Onça seguia na frente, conforme
abertos, mas em silêncio para que a bruxa não desconfiasse de nada. Porém, a feiticeira
não saiu naquele dia para caçar os animais: sua poção mágica havia terminado e ela
precisava fazer mais. Sendo assim, passou o dia bastante ocupada, apanhando ervas
Nossos heróis viajaram o dia todo e só pararam alguns minutos para beber água
no riacho e mais tarde para almoçar e descansar um pouquinho à sombra de uma grande
árvore, porque o sol estava muito quente. Em seguida continuaram sua jornada e ao
haviam combinado, ficaram escondidos, bem quietinhos, sem conversar e sem fazer
nenhum barulhinho...
Assim que o sol desapareceu e a noite caiu sobre a floresta, Mestre Coruja deu o
sinal e a bicharada começou a sair dos seus esconderijos. Com muito cuidado, bem
cercaram a cabana.
debaixo do grande caldeirão, e quando percebeu o que estava acontecendo, quis correr
para apanhar sua varinha mágica, mas não houve mais tempo. O Senhor Tamanduá, que
já havia entrado na casa, agarrou-a com seus braços peludos e deu-lhe um abraço tão
forte que ela não conseguiu mais escapar. Então o Compadre Macaco saltou sobre ela e
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bem depressa amarrou suas mãos e pernas com um cipó bem comprido que tinha trazido
Raposa, a Arara-azul e Dona Sabiá, se apressaram para fechar as janelas. Depois disso o
Senhor Tamanduá soltou o abraço forte, mas permaneceu ali bem pertinho, atento para o
caso de a feiticeira tentar escapar. Pronto, agora estavam todos seguros! A bruxa estava
bem amarrada, não tinha como fugir e sem a varinha mágica não poderia fazer mal
algum a eles.
Como ninguém sabia o nome da feiticeira e ela se negasse a dizê-lo, o jeito era
chamá-la de bruxa mesmo! Por isso Mestre Coruja se aproximou e disse com a voz
firme:
─ Dona Bruxa: estamos aqui para exigir que a senhora desfaça o feitiço que
A bruxa malvada soltou então uma grande gargalhada e falou com uma voz tão
─ Nunca, nunca! Eles agora são meus e vou vendê-los: ficarei muito rica, serei a
dona de toda a floresta e vocês terão que me obedecer, caso contrário vou enfeitiçá-los
bravos e ameaçaram dar uma boa surra na feiticeira se ela não libertasse os bichinhos.
Pronto! Foi o bastante para que os outros tomassem coragem! Criou-se então uma
megera. Mestre Coruja então interveio pedindo que eles se acalmassem porque não iria
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─ Ora, onde já se viu isso! Afinal, vocês sempre foram educados e não devem
agir dessa forma, principalmente porque a violência não serve para resolver nenhuma
─ Dona Bruxa, se a senhora não desfizer o seu feitiço, vamos levá-la até a
presença do Rei Leão para ser julgada: ele é sábio e certamente encontrará um bom
Leão e sabia que ele, além de feroz e valente, era também muito severo e justo: por certo
ela não conseguiria escapar do seu castigo, por isso, amedrontada, resolveu falar.
Apontou para um velho baú que estava num canto da cabana e contou que lá estava o
Mal ela terminou de falar, o Macaco e o Compadre Coelho correram para abrir o
baú e encontraram dentro dele um saquinho com um pó azul, muito bonito e brilhante.
tempo em que iam repetindo os versinhos mágicos que a bruxa lhes ensinara:
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Tão logo o pozinho brilhante era espalhado e os versinhos recitados, o feitiço se
foi a noite toda! Ao amanhecer, todos já haviam deixado de ser estátuas e se abraçavam
muito felizes.
Mestre Coruja pediu então que desamarrassem a bruxa e ordenou a ela que fosse
embora imediatamente.
saco. Depois amarrou o saco e o colocou nas costas. Mas deixou para trás o grande
caldeirão cheio de poção venenosa e o velho baú porque eram muito pesados para
carregar e ela estava com pressa. E a pressa era tanta que ela montou em sua vassoura e
saiu voando tão rapidamente que deixou até um rastro de fumaça no azul do céu e logo
poção mágica que havia sido deixada para trás no caldeirão. Em seguida, demoliram a
cabana para que não ficasse mais nenhuma lembrança da malvada e, depois seguiram
No mesmo dia, durante toda a tarde, antes do sol se esconder, eles se reuniram e
fizeram uma grande festa à beira do riacho para comemorar. Estavam contentes porque
daquele dia em diante todos voltaram a viver em paz desfrutando das alegrias e da
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