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Prof. (a) Ms. Katiusci Lehnhard Machado (FISMA)
(Presidente/Orientadora)
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Prof. (a) Ms. Tatiane Rodrigues (FISMA)
(Membro Titular)
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Prof. (a) Ms. Caroline Prola Fritsch (FISMA)
(Membro Titular)
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Prof.(a) Esp. Tainan Garcia (FISMA)
(Membro Suplente)
Em primeiro lugar, agradeço a um poder superior, por mostrar que tudo pode
acontecer.
Aos meus pais, por me possibilitarem concluir mais esta conquista e etapa de
minha vida.
À minha mãe e minha tia, que me incentivou a não desistir.
A minha esposa e meus filhos, que foram compreensíveis comigo nos momentos
e que tive que permanecer longe para poder estudar e escrever.
Aos demais familiares que, mesmo sentindo minha ausência, mantiveram a
serenidade e compreensão.
À minha orientadora Katiusci Lehnhard Machado, que em uma hora difícil de
minha etapa acadêmica apostou que eu seria capaz de escrever.
Aos professores, que somaram e compartilharam seus ensinamentos.
A todas as pessoas que fizeram e faz parte de minha história acadêmica durante
estes cinco anos de conhecimento.
RESUMO
O casamento que é uma instituição que tem sofrido intervenções ao longo do tempo,
transformando sua dinâmica por determinações econômicas, sociais, culturais,
gênero e classe. Sendo que um dos pontos que podem fragilizar a construção de
relacionamentos estáveis é a infidelidade conjugal. Neste sentido a pesquisa
objetivou conhecer os processos psíquicos que envolvem a constituição do sujeito
em relação à infidelidade conjugal. Para tanto foi realizada uma pesquisa
bibliográfica. A análise dos dados aponta uma mudança, no comportamento da
sociedade brasileira que passa a aceitar com maior naturalidade o divórcio e, além
disso, passa a acessar os serviços de justiça, formalizando as dissoluções dos
casamentos. Foi possível observar que embora a infidelidade, seja descrita e
entendida entre psíquico, sociocultural e biológico, ela é ligada a quebra da
confiança e do acordo de exclusividade em uma relação conjugal. A infidelidade
pode produzir em cada sujeito dentro de uma relação afetiva, sentimentos como
magoa e traição, e, por outro lado o crescimento e autonomia de cada um dentro
desse contexto afetivo. A infidelidade pode trazer reações, significados,
representações de vivências da infância, a qual pode ocorrer lembranças de estar
revivendo as questões edípicas.
Marriage is an institution that has undergone interventions over time, transforming its
dynamics by economic, social, cultural determinations, gender and class. Being that
one of the points that can weaken the construction of stable relationships is the
conjugal infidelity. In this sense the research aimed to know the psychic processes
that involve the constitution of the subject in relation to conjugal infidelity. For this, a
bibliographical research was carried out. The analysis of the data points to a change
in the behavior of the Brazilian society that begins to accept the divorce more
naturally and, in addition, it begins to access the services of justice, formalizing the
dissolutions of marriages. It was possible to observe that although infidelity is
described and understood between psychic, sociocultural and biological, it is linked
to a breach of trust and exclusivity agreement in a conjugal relationship. Infidelity can
produce in each subject within an affective relationship, feelings such as hurt and
betrayal, and, on the other hand, the growth and autonomy of each one within this
affective context. Infidelity can bring reactions, meanings, representations of
childhood experiences, which may occur memories of being reviving oedipal issues.
Keywords: Infidelity. Psychoanalysis. Marital Relationships.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
1.1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 9
1.1.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 9
1.1.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 9
2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 11
2.1 O ideal de Ego segundo a Psicanálise ................................................................ 11
2.2 O amor e a Psicanálise ....................................................................................... 12
2.3 Infidelidade: bases conceituais e o ponto de vista psicanalítico .......................... 13
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 15
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 16
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 21
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23
APRESENTAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
O casamento é uma instituição que tem sido moldada ao longo do tempo por
determinações econômicas, sociais, culturais, gênero e classe. Sendo que até
meados dos anos 70, a constituição da família parecia guiar-se por um padrão único,
de família nuclear tradicional, caracterizada pelo casamento heterossexual
indissolúvel, sendo dado ao homem o papel de provedor e a mulher o papel de mãe,
cuidadora do lar e da família.
Na contemporaneidade, ocorreram algumas mudanças, dentre elas a maior
autonomia das pessoas na relação afetiva, na sua sexualidade e no trabalho
(ARAÚJO, 2002). Além disso, de acordo com a abordagem sistêmica, observam-se
mudanças tanto nos papéis conjugais como nas expectativas em relação à união
conjugal (ZORDAN, et al, 2009).
O conceito casamento é compreendido na relação entre duas pessoas à
comunhão recíproca de vida em família, tendo como base na igualdade de direitos e
deveres. Neste sentido, regidos por normas constitucionais que dispõem sobre a
família e regulamentadas pela legislação atual do Código Civil (WALD, 2002).
Costa (2007) afirma que, para constituir um relacionamento estável, é preciso
considerar a capacidade de identificação entre o casal, isto resulta em ternura,
preocupação e empatia com o amor ao objeto. Sendo preciso desligar-se dos
objetos parentais primários para vincular-se a vida adulta de um casal.
Segundo Kernberg (1995) em relação à teoria psicanalítica, a competência de
se apaixonar é uma das sustentações do relacionamento conjugal, para isso é
necessário estabelecer a união entre a idealização e o desejo erótico. A idealização
é uma extensão do amor romântico da adolescência ao amor maduro da vida adulta.
De tal modo que, para chegar ao amor maduro, será preciso passar, inicialmente,
pelas excitações sexuais da puberdade, no qual o próprio corpo é o centro das
estimulações e satisfações pulsionais.
Zampieri (2004) comenta que um dos pontos que podem fragilizar a
construção de relacionamentos estáveis é a infidelidade conjugal. Para o autor a
infidelidade é um dos temas que a psicologia tem se dedicado, sendo uma das
forças mais dissociadoras dos aspectos emocionais do casal.
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1.1. OBJETIVOS
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Sobre a constituição do eu, Freud (1914) descreve que este não se encontra
presente desde o início da vida do indivíduo. Ele precisa ser constituído a partir das
pulsões auto erógenas, sendo que estas se encontram presentes desde o
nascimento.
A expressão “ideal do eu”, expressa e designa um modelo de referência do
Eu, como um substituto do narcisismo no qual foi perdido na infância e produto da
identificação com as figuras parentais e seus substitutos sociais (ROUDINESCO,
PLON, 1998). Conforme Laplanche e Pontalis (1994), o “ideal do eu”, é uma
expressão utilizada por Freud no quadro de sua segunda teoria sobre o aparelho
psíquico, em que a instância da personalidade é resultante da tendência do
narcisismo (idealização do ego) e das identificações com os pais, com os seus
substitutos e com os ideais coletivos. O ideal do ego irá constituir um modelo a que o
sujeito procura confortar-se, enquanto instância diferenciada.
Essa passagem do eu do prazer para o eu da realidade se caracteriza pela
maior importância dada aos órgãos de sentido, a função de atenção, julgamento de
existência e a transformação da descarga motora vinda do princípio do prazer para a
ação motora (CARPES, 1998). Freud (1924) que os investimentos de objetos são
abandonados e substituídos por identificações. Dessa forma a autoridade do pai ou
dos pais é introjetada no ego e aí forma o núcleo do superego, no qual “assume a
severidade do pai e proíbe o incesto, defendendo assim o ego do retorno do
investimento libidinal, sendo que as tendências que pertence ao complexo de Édipo”
são em parte dessexualizadas e sublimadas, ou seja, o complexo de Édipo é
recalcado, caindo sob a amnésia infantil e se instala como seu herdeiro o superego
(BURCHARDT, 2001, p. 65).
Para Freud (1996) após correlacionar as três instancias, eu, isso e supereu
(ego id, e superego), cita que a segunda tópica não anula a primeira, mas aumenta o
poder da teoria psicanalítica para explicar os fatos psíquicos, onde o eu tem seu
núcleo no sistema perceptivo-consciente, representa o eu o corporal como uma
projeção psíquica da superfície do corpo (CÂMARA, 2010).
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Por outro lado, a emoção mais comum, entre as mulheres infiéis, é a culpa,
que induz muitas delas a confessar a infidelidade ao parceiro conjugal. Na
atualidade, as mulheres questionam a liberdade dos homens e querem agir de forma
parecida, mas muitas ainda se sentem divididas.
A infidelidade emerge como o principal motivo da dissolução conjugal e está
entre os principais problemas enfrentados pelos casais na atualidade,
principalmente, pelo número expressivo de pessoas que declaram ter sido infiéis em
algum momento do seu relacionamento. As graves consequências resultantes de
uma infidelidade afetiva ou sexual em uma relação adquire especial importância à
compreensão dos determinantes deste julgamento (ZORDAN; STREY, 2011).
Existe uma diversidade nas concepções de infidelidade (BLOW; HARTNETT,
2005). Embora o critério do envolvimento sexual seja o mais comum, vários autores
têm dado atenção para outros aspectos relevantes. Argumentam que tanto o
envolvimento emocional afetivo como o sexual pode violar a esperança de
exclusividade do outro parceiro, sendo percebido como uma quebra de confiança e
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3. METODOLOGIA
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nos dias de hoje o casamento continua desejado, embora não faça parte
atualmente dos principais projetos de vida dos adultos jovens solteiros. É
compreendido como algo que pode acontecer a qualquer momento do que como um
objetivo a ser conquistado e pelo qual os jovens estejam dispostos a lutar para
alcançá-lo. Observou-se que o casamento ocorre mais tarde, sendo prioritários os
investimentos na formação profissional, tanto para homens quanto para as mulheres
(Zordan, et al. 2009).
Apesar de encontrarmos novos conceitos de casamento. Jablonski (2005)
identificou que o desejo de casar algum dia permaneceu, embora não seja um dos
principais projetos dos jovens solteiros, mas revelou que há a intenção de se casar
um dia, onde o casamento não é mais tão valorizado socialmente como um projeto
de vida. Não sendo mais uma obrigação, e sim mais uma escolha que representa
uma condição pretendida a uma etapa posterior a adultez jovem (BRANDEN, 2000).
Neste bojo, os conflitos conjugais podem resultar em situações que levem ao
divórcio. Salienta-se que a Lei do Divórcio, foi implementada no país em 1977, anos
depois, em 1984, foram contabilizados 30,8 mil divórcios, após uma década, em
1994, registros mostram um acréscimo de 205,1%. Em 2004, o índice chegou a
130,5 mil, um aumento de 38,7%, comparando as mudanças sociais e econômicas
dos últimos 30 anos, no entanto, houve um acréscimo de mais de 1.007% em
relação à dissolução do casamento.
Conforme Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2014) revelou
informações que nos últimos dez anos a taxa de divórcios cresceu cerca de mais de
160% no país. No ano de 2004 a taxa de divórcios chegou a 130,5 mil e no ano de
2014 essa taxa atingiu o índice de 341,1 mil divórcios.
A análise dos dados revela uma mudança, em se tratando de um período
curto da história do divórcio, no comportamento da sociedade brasileira que passa a
aceitar com maior naturalidade, além disso, passa a acessar os serviços de justiça,
formalizando as dissoluções dos casamentos.
Os casamentos na atualidade tendem a se fragmentar devido a emancipação
e a autonomia das mulheres, pois isto contribui para fragilizar os ideais do amor
romântico, e que a união conjugal é única e eterna. Outro componente significativo
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corresponde ao fato de que, hoje, „”os parceiros não aceitam que o casamento não
corresponda as suas expectativas de felicidade, prazer, compreensão mútua e
companheirismo, sendo o rompimento conjugal cada vez mais frequente” (FÉRES,
1998; STRAUBE; et al, 2003).
Jablonski (2001) comenta que a sociedade contemporânea cria nos
indivíduos com expectativas difícil de alcançar, onde se tornou o casamento, amor e
a paixão sinônimos, no qual gerou desejos que nem sempre podem ser realizados.
O autor na mesma perspectiva ressaltou que os sentidos, os motivos e as
expectativas referentes ao casamento e a relação conjugal de acordo com o
contexto sócio-histórico-cultural e a de acordo com o ciclo vital dos indivíduos.
Assim, se pode observar que os modelos tradicionais de casamento e formas de
amar e se relacionar. Estas estão sendo construídas para responder às exigências
de uma sociedade em que os valores e as regras econômicas e sociais estão
sempre em mutação (ARAÚJO, 2002; DINIZ; FÉRES, 2005). Constatou-se na
sociedade atual é um menor número de uniões formais, mas não da união de
maneira geral (GOLDENBERG, 2004).
Outro aspecto importante nesta temática é a semelhante relação da
infidelidade com o ciúme em relação à quebra de confiança nas relações. O ciúme
trata-se de uma manifestação normal. Classifica-se em três níveis: o competitivo ou
normal neste nível a presença de um rival, forte, desejável. O projetado, ou seja, a
fantasia e o desejo de trair estão sempre presentes, mas são projetados no outro, e
o delirante como sendo uma variação da paranoia, cada qual com sua
particularidade e intensidade. Freud (1976) o descreve:
O ciúme não é completamente racional, apesar de ser visto como normal, tem
sua raiz no inconsciente, Freud (1976) cita que se trata de uma continuação das
primeiras manifestações emocionais da criança, origina-se do complexo de Édipo ou
de irmão-irmã do primeiro período sexual, reeditando as vivências edípicas.
Pittman (1994) comenta que o ciúme normal contém um elemento de
dependência e medo de abandono, equivale ao adulto dos medos de ser
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abandonado pelos pais que todos nós experienciamos quando bebês. Portanto, o
ciúme ocorre quando se percebe que nosso parceiro não esta conectada como se
gostaria (ROSSET, 2004). Embora a infidelidade seja descrita e entendida entre
psíquico, sociocultural e biológico, ela é ligada a quebra da confiança e do acordo de
exclusividade do par, enquanto o adultério implica nas questões religiosas e legais,
independente do relacionamento entre os parceiros (ZAMPIERI, 2004).
Estes apontamentos levantam à clínica psicológica alguns desafios, em que
um ato de infidelidade conjugal é permeado por questões de gênero, questões
inconscientes, onde a interpretação do ato infiel relaciona-se ao ciúme infantil frente
ao amor parental. Zampieri (2004) aponta que a infidelidade é no plano psicológico,
uma das forças mais dissociadoras do aspecto emocional do casal.
De acordo com estudo com mulheres no estado do Rio de Janeiro, há
desigualdades de gênero em relação à infidelidade conjugal, a pesquisa aponta para
a relação de dominação masculina, sendo que a heteronomia e a vitimização,
persistem entre as informantes (ARENT, 2009).
Para Pizutti (2012), cita que os estudos clínicos, Freud constatou a existência
de uma realidade muito particular, e que esta realidade se expressava por meio dos
sintomas que apareciam no corpo, essa realidade, que ele denominou fantasias, que
o levou a investigar, por meio da “associação livre” da fala das pacientes, foi
descobriu que as fantasias eram construídas por experiências vividas na infância, e
que diziam da verdade do sujeito.
Ao trabalhar a noção de inconsciente, se apresenta a noção do aparelho
psíquico. Freud (2006) afirma que:
[...] um ato psíquico passa por duas fases quanto a seu estado, entre as
quais se interpõe uma espécie de teste (censura). Na primeira fase, o ato
psíquico é inconsciente e pertence ao sistema Ics; se, no teste, for rejeitado
pela censura, não terá permissão para passar à segunda fase; diz-se então
que foi “reprimido”, devendo permanecer inconsciente. Se, porém, passar
por esse teste, entrará na segunda fase e, subsequentemente, pertencerá
ao segundo sistema, que chamaremos de sistema Cs (FREUD, ([1915]),
2006, p 177-178).
O Complexo de Édipo, contudo, é uma coisa tão importante que o modo por
que o indivíduo nele se introduz e o abandona não pode deixar de ter seus
efeitos. Nos meninos o complexo não é simplesmente reprimido, é
literalmente feito em pedaços pelo choque da castração ameaçada. Suas
catexias libidinais são abandonadas, dessexualizadas, e, em parte,
sublinhadas; seus objetos são incorporados ao ego, onde formam o núcleo
do superego e fornecem a essa nova estrutura suas qualidades
características. Em casos normais, ou melhor, em casos ideais, o Complexo
de Édipo não existe mais, nem mesmo no inconsciente; o superego se
tornou seu herdeiro (FREUD, 1925, p. 139).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GOLDENBERG, M. Por que homens e mulheres traem? Editor Best Seller, 2011.