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VISCONDE DE CAIRU
Seminário Integrado
Suicídio na adolescência
Metodologia
Vários suicídios podem ser evitados, quando avisos simples enviados por
adolescentes são observados, como mudanças repentinas de humor,
agressividade, depressão e mensagens estranhas publicadas em veículos
de comunicação.
Comportamentos que levam o suicídio
Este caso aconteceu em gramado na serra gaucha, uma das jovens, que
tinha 18 anos, foi encontrada morta no dia 23 de setembro. A segunda, de 14
anos, foi achada sem vida na sexta-feira dia 24 de setembro. Outras três
adolescentes também fizeram cortes nos braços, segundo a polícia.
Responsável pelo caso, postagens em um grupo secreto de uma rede social
comprovaram a existência de um pacto de morte.
Agentes da Delegacia Regional de Gramado ainda identificaram um jovem do
sexo masculino, que era amigo de parte das garotas e, segundo testemunhas,
teve recentemente um surto psicótico.
Até agora, apenas três meninas que participavam do grupo foram
identificadas. Durante os depoimentos delas, a polícia constatou que todas
apresentavam cortes nos pulsos e no pescoço. Para a polícia, os ferimentos
ocorreram por automutilação, um indício de que o trio também tentou
cometer suicídio. Duas delas estão hospitalizadas em Canela e Gramado.
Pouco tempo depois de sua morte, uma carta de suicídio foi publicada
automaticamente em seu blog. Nela, Leelah culpa diretamente seus pais por sua
morte. Consciente desde os 14 anos de que era uma garota trans, Leelah teve seus
pedidos para que sua transição tivesse início antes da puberdade negada pelos pais.
Pior ainda, foi forçada por eles a frequentar terapeutas cristãos que só faziam
aumentar sua sensação de inadequação, tentando convencê-la a aceitar seu sexo de
nascimento.
Texto Suicida
Se você está lendo isso, quer dizer que eu cometi suicídio e obviamente
não consegui apagar esse post da minha fila de publicação. Por favor não
fique triste, é para o bem. A vida que eu teria vivido não valia a pena ser
vivida… porque eu sou transgênero. Eu poderia entrar nos detalhes para
explicar por que eu sinto isso, mas essa mensagem provavelmente já vai
ser bem comprida sem isso. Para dizer de forma simples, eu sinto que
sou uma garota aprisionada no corpo de um garoto, e eu sinto isso desde
que tinha 4 anos. Eu nunca soube que havia um nome para essa
sensação, nem que era possível para um garoto se tornar uma garota,
então nunca contei isso para ninguém e continuei a simplesmente fazer
coisas tradicionalmente “de moleque” para tentar me encaixar. Quando
eu tinha 14 anos, eu aprendi o que queria dizer transgênero e chorei de
alegria. Depois de 10 anos de confusão, eu finalmente compreendi quem
eu era. Eu imediatamente contei par aminha mãe, e ela reagiu de forma
extremamente negativa, me dizendo que isso era uma fase, que eu
nunca seria realmente uma garota, que Deus não comete erros, que eu
estava errada. Se vocês estiverem lendo isso, pais,por favor não digam
isso para seus filhos. Mesmo se você for cristão ou contra pessoas
transgênero não diga isso jamais para alguém, especialmente seu filho.
Isso não vai realizar nada além de fazê-lo odiar a si mesmo. Foi
exatamente isso que aconteceu comigo. Minha mãe começou a me levar
para um terapeuta, mas só me levava para terapeutas cristãos (todos
eles muito preconceituosos), então eu nunca tive a terapia que eu
realmente precisava para me curar de minha depressão. Eu só tive mais
cristãos me dizendo que eu era egoísta e estava enganada e deveria
buscar ajuda em Deus. Quando eu fiz 16 anos eu percebi que meus pais
nunca mudariam de ideia, e que eu teria que esperar até fazer 18 anos
para começar qualquer tipo de tratamento de transição, o que partiu
completamente meu coração. Quanto mais você espera, mais difícil é
fazer a transição. Eu me sentia sem esperança, sentia que eu ia passar o
resto da vida parecendo ser um homem fantasiado de mulher. No meu
aniversário de 16 anos, quando eu não recebi a permissão de meus pais
para começar a fazer transição, eu chorei até dormir. Eu passei a ter uma
atitude de “foda-se” com relação aos meus pais e me declarei gay na
escola, achando que talvez se eu fizesse uma passagem gradual até me
declarar trans o choque seria menor. Apesar da reação dos meus aigos
ter sido positiva, meus pais ficaram putos. Eles resolveram que eu estava
atacando sua imagem, e que eu era um constrangimento para eles. Eles
queriam que eu fosse seu garotinho cristão perfeito, e obviamente isso
não era o que eu queria. Então eles me tiraram da escola pública,
esconderam meu laptop e meu celular, e me proibiram de entrar em
qualquer tipo de mídia social, me isolando completamente dos meus
amigos. Provavelmente essa foi a fase da minha vida em que eu fiquei
mais deprimida, e estou surpresa que eu não me matei. Eu fiquei
completamente sozinha por 5 meses. Nada de amigos, nada de apoio,
nada de amor. Apenas a frustração dos meus pais e a cruedade da
solidão. No final do ano escolar, meus pais finalmente mudaram de ideia
e devolveram meu celular e permitiram que eu retornasse às mídias
sociais. Eu fiquei feliz, finalmente eu tinha meus amigos de volta. Eles
ficaram extremamente felizes de me ver e conversar comigo, mas só no
começo. Depois de um tempo eles perceberam que estavam cagando e
andando para mim, e eu me senti ainda mais sozinha que antes. Os
únicos amigos que eu pensava que tinha só gostavam de mim porque me
encontravam cinco vezes por semana.
Depois de um verão quase sem amigos além do peso de ter que pensar
sobre a faculdade, economizar dinheiro para sair de casa, manter minhas
notas altas, ir para a igreja toda semana e me sentir uma merda porque
todos lá são contra tudo pelo que eu vivo, eu decidi que já deu. Eu nunca
vou conseguir fazer uma transição bem-sucedida, mesmo quando eu sair
da casa dos meus pais. Eu nunca serei feliz com a minha aparência ou a
maneira como eu vou soar. Eu nunca vou ter amigos o suficiente para
ficar satisfeita. Eu nunca vou ter amor o suficiente para ficar satisfeita.
Eu nunca vou encontrar um homem que me ame. Eu nunca vou ser feliz.
Ou eu vivo o resto da minha vida como um homem solitário que gostaria
de ser uma mulher, ou eu vivo minha vida como uma mulher ainda mais
solitária que odeia a si mesma. Não há como ganhar. Não há saída. Eu já
estou triste o bastante, eu não preciso que minha vida fique ainda pior.
As pessoas dizem que “a vida melhora” mas isso não é verdade no meu
caso. A vida piora. A cada dia ela piora.
Adeus
(Leelah) Alcorn
Número gratuito para facilitar acesso á
prevenção.
Uma dificuldade adicional para a prevenção do suicídio entre crianças e
adolescentes é o fato de esse público ser menos afeito a buscar ajuda
por meio de uma ligação telefônica, afirma o médico Vitor Stumpf, do
Centro de Valorização da Vida (CVV).
Como contatar
Por telefone: 188 (as ligações são gratuitas, inclusive por celular)
Este trabalho foi para mim muito importante, não só como mais um item
de avaliação, mas porque me permitiu aprender, e também a
oportunidade de compreender melhor este tema. Com efeito, na minha
opinião, já que apenas traduz algo a que todos estamos condenados
desde o nascimento, que é a morte, o suicídio isolado ou assistido acaba
por não ser mais do que um direito dos indivíduos. O direito de dispor do
corpo e da própria vida. Coisa que a sociedade não compreende e não se
esforça minimamente por entender.