Você está na página 1de 7

UMA INTRODUÇÃO AO APOCALIPSE

Apocalipse 1:3; 22:7

INTRODUÇÃO
A) De todos os livros da Bíblia, o Apocalipse é o que atrai mais interesse e curiosidade. No
entanto, para a maioria dos cristãos, seu conteúdo ainda é um mistério. Ironicamente, o livro
chamado "Apocalipse" (que significa "revelação" ou "desvendar") se tornou símbolo de
confusão e obscuridade. Muitos nem lhe dão atenção por causa das imagens estranhas e cenas
assustadoras que descreve.

II – O EVANGELHO DE PATMOS
A) O tema central do Apocalipse (1:1a)
1. O livro do Apocalipse começa com a seguinte declaração: "Revelação de Jesus
Cristo". Essa declaração dá título ao livro. A palavra grega apokalypsis (apocalipse)
quer dizer "desvendar", "descobrir" ou "revelar". Logo, o Apocalipse é uma forma de
revelar Jesus Cristo.
2. Na língua original, a expressão "revelação de Jesus Cristo" pode significar uma
revelação da parte de Jesus ou uma revelação a respeito de Jesus. Ele é "o Alfa e o
Ômega" (isto é, o "A" e o "Z") do conteúdo do livro, "o Princípio e o Fim" (Ap 1:17;
22:13). O livro começa e termina com Jesus.
3. O Apocalipse é um evangelho tanto quanto os outros quatro. Assim como os
evangelhos, o Apocalipse fala sobre Jesus. No entanto, eles se concentram em aspectos
diferentes do ministério e existência de Cristo. Os evangelhos retraíam Jesus como o
Filho de Deus preexistente que veio a este mundo a fim de salvar os seres humanos e
que, após Sua morte na cruz e Sua ressurreição, ascendeu ao Céu. O que Ele está
fazendo agora no Céu? O Apocalipse desvenda a resposta a essa pergunta. O livro
revela que, após Sua ascensão ao Céu, Jesus Se assentou no trono celestial para
governar sobre o Universo inteiro.

B) Propósito do livro (1:1b)


1. O prólogo afirma que o propósito do Apocalipse é mostrar ao povo de Deus "as
coisas que em breve devem acontecer" (Ap 1:1). É óbvio que a descrição de
acontecimentos futuros ocupa boa parte do livro. Ao passo que a primeira metade do
Apocalipse (cap. 1-11) delineia, de modo geral, acontecimentos mundiais que
ocorrerão entre o 1° século e o tempo do fim, a segunda metade (cap. 12-22) lida, em
primeiro lugar, com o tempo do fim e os acontecimentos que levam à segunda vinda.
2. De um lado, as profecias do Apocalipse explicam, da perspectiva divina, porque os
acontecimentos preditos ocorrerão. Também asseguram que, não importa o que o
futuro trouxer, Deus sempre estará no controle. Por outro lado, os eventos futuros
preditos no Apocalipse não são o tema principal. Eles não estão registrados para fazer
do Apocalipse um livro divino de) adivinhação, nem as profecias foram registradas
para satisfazer nossa curiosidade quanto ao futuro. Seu propósito principal é nos dar a
garantia da presença de Jesus com Seu povo ao longo da história e dos eventos finais.

C) A tônica (destaque) do livro (1:7,8)


1. Na conclusão do prólogo, João dirige a atenção para a tônica da carta: a volta de
Jesus em majestade e glória. Ele emprega o vocabulário de Daniel 7:13 ("eis que vinha
com as nuvens do céu") e Zacarias 12:10 ("aquele a quem traspassaram" e "pranteá-lo-
ão"), bem como as palavras de Mateus 24:30, no discurso de Jesus no monte das
Oliveiras ("vindo sobre as nuvens do céu" e "todos os povos da terra se lamentarão").
João quer que entendamos que a vinda de Cristo está enraizada nas profecias bíblicas e
na promessa de que Ele voltará outra vez.
2. A certeza da segunda vinda se fundamenta no fato de que ela foi prometida pelo
próprio Deus, o grande "Eu sou", que é "o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele
que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso"(Apl:8). Uma promessa é tão forte
quanto aquele que a faz. É tão certa quanto a integridade e a habilidade do indivíduo
para fazer aquilo que diz. Na Bíblia, a promessa de vir outra vez é feita pelo Deus do
Universo - um Deus que sempre cumpre Suas promessas.

III – EM MEIO AOS CANDEEIROS


A) João em Patmos (1:9)
1. João começa relatando que estava em Patmos por causa de seu testemunho fiel ao
evangelho (Ap 1:9). Os autores cristãos da era primitiva são unânimes em afirmar que
João foi exilado nessa ilha rochosa e estéril pelas autoridades romanas, a fim de
impedi-lo de anunciar o evangelho! Enquanto prisioneiro, o idoso apóstolo suportou
muitas dificuldades durante o exílio em Patmos. A tradição cristã relata que ele foi
obrigado a realizar trabalhos forçados em pedreiras.
2. A experiência de João em Patmos tem algum impacto sobre a linguagem e as
imagens do Apocalipse. Por exemplo: a tribulação que ele suportou por causa do
testemunho fiel ao evangelho se tornou precursora da experiência do povo fiel em um
mundo hostil, mas, de maneira específica, da grande tribulação que o povo de Deus
precisará enfrentar no fim dos tempos (cf. Ap 7:14). Além disso, provavelmente, João
tenha pensado na ilha montanhosa de Patmos quando lhe foi revelado o
desaparecimento das ilhas e montanhas no tempo do fim (Ap 6:14; 16:20).
3. E perceptível, de maneira especial, a proeminência de imagens do mar e da água no
livro (que ocorrem 26 vezes). Uma vez que João estava confinado a Patmos, o mar
também passou a significar separação e sofrimento para ele. As águas tempestuosas
em volta da ilha serviram de símbolo para as condições sociopolíticas perturbadoras
do mundo. Com isso em mente, não é de se espantar que, na última visão do novo Céu
e da nova Terra, João tenha observado, antes de mais nada, que "o mar já não existe"
(Ap 21:1). A ausência do "mar" na nova Terra significa a ausência de todo mal e
"Patmos" de sofrimento e dor na vida cotidiana.
4. No entanto, a dor real que João sentia em Patmos era maior do que seu sofrimento
físico. Ele se preocupava com a situação das igrejas cristãs, que se desestabilizava aos
poucos por causa da hostilidade crescente das autoridades romanas em relação aos
cristãos da Ásia. Também havia relatos perturbadores de que essas igrejas estavam em
crise. A maioria delas se dividiu. Grande parte dos cristãos havia se envolvido na
propagação da apostasia.
5. A maioria dos cristãos da Ásia lutava com respeito à própria identidade.
Circunstâncias terríveis e aflições haviam levado muitos deles a questionar se Deus
ainda estava no controle e o que o futuro traria para a igreja. Eles necessitavam
urgentemente de orientação e incentivo.
6. Os cristãos nunca devem se esquecer de que, quando se encontrarem em "Patmos"
cercados por um "mar" revolto sem fim (apesar do que o mar signifique para cada um
deles), não estarão sozinhos. A experiência de Patmos sempre resulta em uma
revelação de Jesus Cristo.

B) Descrição de Cristo (1:12-20)


1. Foco nos versos 12 e 13a – Apocalipse 1:12–13 diz que João viu sete candeeiros de
ouro separados e que Cristo andou entre eles. João depois explica que castiçais
representam as sete igrejas às quais as sete mensagens são dirigidas (1:20). Na tradição
Judaica, a figura do candelabro simbolizava a obediência de Israel a Deus. No Antigo
Testamento, Israel foi designado por Deus para ser uma testemunha portadora da luz
de Deus (Isaías 42: 6–7; 49: 6; 60: 1-3). No Novo Testamento, esse papel foi
transferido para a igreja. De acordo com Mateus 5: 14-16, a igreja é como uma
lâmpada que ilumina o mundo (cf. Fp 2.15). A lâmpada deve ser colocada no
"Candelabro" para brilhar (Marcos 4:21; Lucas 8:16). Em Apocalipse 11: 4, as duas
testemunhas de Deus, em seu papel proféticos, são identificados como os “dois
candeeiros que estão diante do Deus da terra” (cf. Zac. 4: 2-6, 14). As referências
anteriores sugerem que o emblema do castiçal define o papel essencial da igreja como
testemunha de Deus no mundo.
2. Foco nos versos 13b a 16 – Jesus Se aproxima de João como o Senhor exaltado,
mas aparece como "um semelhante a filho de homem" (Ap 1:13), que é a designação
favorita de Cristo para Si mesmo (Mt 26:45; Mc 13:26; Lc 19:10). O Cristo exaltado
que João observa em visão tem uma aparência completamente distinta do Jesus que ele
conheceu encarnado. O apóstolo acha a linguagem humana inadequada para descrever
a presença de Cristo, por isso recorre a imagens antigas à descrição que o Antigo
Testamento faz de Deus.
3. João retrata Jesus de maneira similar à figura divina semelhante a homem de Daniel
10:5 a 12, mas Cristo é muito mais do que isso. Ele também apresenta as
características de Deus no Antigo Testamento. A expressão "um semelhante a filho de
homem" (v. 13) ecoa Daniel 7:13 e 14. Jesus tem o cabelo branco do "Ancião de Dias"
de Daniel 7:9. Seus olhos são como chama de fogo; Seus pés, como bronze polido; e
Sua face brilha como o rosto da figura divina na visão de Daniel (Dn 10:6; cf. Mt
17:2). Sua voz, "como voz de muitas águas" (v. 15), é a voz de Deus em Ezequiel 43:2
(cf. Dn 10:6). Por meio da imagem dessa figura semelhante a homem, João reconhece
rapidamente o Senhor glorificado, com todas as Suas características e prerrogativas
divinas.
4. Ao aplicar essas imagens do Antigo Testamento a Cristo, João utiliza as palavras
"como" e "semelhante", sugerindo um significado metafórico, em vez de literal. No
mundo antigo:
- O cabelo branco ou grisalho significava sabedoria e experiência (Jó 15:10; Pv 20:29).
- Os olhos de Cristo, como chama de fogo, indicam Sua capacidade de penetrar até os
segredos mais escondidos do coração humano (Ap 2:18,23).
- Seus pés, como bronze polido, simbolizam estabilidade e força (Ez 1:7);
- Sua voz, como trombeta e "voz de muitas águas", é a voz de Deus falando (Ez 43:2);
- Seu rosto resplandecente havia sido mencionado em Sua exaltação (Mt 17:2, 3).
- Além disso, munido de uma espada de dois gumes que sai de Sua boca (Hb 4:12),
Cristo surge e age com toda a autoridade de Deus.
5. Ao usar os termos das descrições de Deus do Antigo Testamento, esse retrato de
Jesus apela em particular aos judeus. No entanto, para os gentios, a mesma descrição
poderia evocar a imagem da deusa helênica Hécate, popularmente adorada na Ásia
Menor ocidental na época de João. Os pagãos lhes atribuíam autoridade universal. Eles
a consideravam a origem e a governante do céu, da terra e do Hades (o submundo),
bem como a agente por meio da qual tudo isso chegaria ao fim. Ela se manifestava de
três maneiras, correspondentes a cada parte do Universo: sua forma celestial era
Selene ou Luna (a lua); sua forma terrena era Artêmis ou Diana; e sua forma do
submundo era Perséfone. Era chamada de "detentora da chave", pois se acreditava que
ela tivesse a chave para as portas do Hades. A seu respeito, foi escrito: "Começo [...]
[e] fim [...] tu és, e somente tu a tudo governas. Pois todas as coisas vêm de ti, e em ti
se fazem todas as coisas. Eterna, chegas até o fim delas".
6. Foco no verso 17 – A construção gramatical do imperativo presente indica a
interrupção de uma ação que já está em andamento. João foi instruído a parar de sentir
medo; parar imediatamente – AGORA!
7. Foco nos versos 19 e 20 – No entanto, "as coisas que são" se referem claramente às
mensagens enviadas às igrejas. (capítulos 2–3). Em 4:1 João é informado de que ele
verá "as coisas que devem acontecer depois essas coisas”, isto é, as coisas registradas
nos capítulos 2–3. "As coisas que vão acontecer depois destes” em 4: 1 são as mesmas
palavras encontradas em Apocalipse 1: 19b, sugerindo que “as coisas que acontecerão
depois disso” referem-se aos capítulos 4–22.

C) RESUMO DE APOCALIPSE 1:12-20


1. Na árida ilha de Patmos, cercada por "muitas águas", João tem um encontro com o
Cristo ressuscitado e receba palavras de segurança. Juan é o mais velho das sete igrejas
da Ásia Menor (cf. 2 João 1; 3 João 1). Você precisa de incentivo? Jesus chega até ele
com estas palavras: “Pare de ter medo! Eu estou no controle. Eu conquistei os poderes
demoníacos; e eu tenho o chaves da morte. Estarei sempre com você, até o fim do
mundo.” É disso que trata a revelação de Jesus Cristo.
2. "É importante lembrarmos que o próprio propósito do livro do Apocalipse era dar
conhecimento e força espiritual aos perseguidos seguidores do Cordeiro.” (KENNETH
STRAND).
3. O livro deve ser um lembrete constante, tanto para igrejas e seus líderes que
experimentam dor e as dificuldades de um "Patmos", que um "Patmos" de tribulação
pela fidelidade ao evangelho sempre resulta em uma experiência de Patmos, isto é, a
revelação de Jesus Cristo. Sempre que os servos de Deus sentirem-se desencorajados e
rejeitados, rodeados de “muitas águas”, podem sentir a presença do Cristo glorificado
e suas palavras de segurança: Não temas! Eu conquistei os poderes demoníacos. Eu
estou contigo para sempre". Os poderes demoníacos podem ameaçar prejudicar suas
vidas e fazê-los sofrer, mas Jesus tem as chaves. Chega o dia em que a morte e Hades,
os inimigos já derrotados, experimentará sua destruição final no lago de fogo
(Apocalipse 20:14).
4. Jesus não apenas enfrentou a situação e as necessidades de João como líder, mas
também atendeu à situação e necessidades de cada igreja, indivíduo a quem as
mensagens do livro do Apocalipse foram endereçadas. Apocalipse 1: 12–18 lista
várias características de Jesus Cristo. É especialmente interessante notar que todos
esses recursos são mencionados novamente nas mensagens às sete igrejas. Cada
mensagem começa com uma breve descrição de Cristo a partir da imagem composta:

Igreja Como se apresenta em Ap 1:12-20


Éfeso: 2:1 1:13, 16
Esmirna: 2:8 1:17 e 18
Pérgamo: 2:12 1:16
Tiatira: 2:18 1:14-15
Sardes: 3:1 1:4 e 16
Filadelfia: 3:7 1:18
Laodicéia: 3:14 1:5a

5. Quase todas as características do Cristo ressuscitado mencionadas em Apocalipse 1


é usado para apresentar as mensagens às sete igrejas. As sete descrições de Cristo
apresentam diferentes aspectos de seu ministério para as igrejas. O aspecto específico
de Cristo usado em cada mensagem é relacionar-se com a situação e necessidade
específica de cada igreja.
6. Jesus anda entre eles, servindo cada uma das igrejas individualmente e cuidando
deles onde estão. O Senhor glorificado ainda anda no meio de sua igreja. Fale com sua
igreja do tempo do fim até hoje da Revelação de Jesus Cristo. Ele se apresenta ao seu
povo de várias maneiras, atendendo aos problemas em suas diferentes situações e
necessidades no tempo de vida. Ele os encontra onde estão agora, como ele encontrou
os cristãos dessas sete congregações na província da Ásia nos dias de João.
7. Por meio da igreja hoje, Cristo serve as pessoas com diferentes aspectos de si
mesmo que correspondem ao seu circunstâncias de vida e se relacionam com suas
necessidades individuais. A igreja é a única luz pela qual Jesus brilha. Se a igreja não
cumprir seu papel, ela perde sua razão de existir, e seu candelabro será removido (Ap
2: 5; cf. Mt 5:16).

Você também pode gostar