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Primeira Guerra Mundial

Em junho de 1914, o assassinato do príncipe herdeiro do trono austro-húngaro


em Sarajevo forneceu o pretexto para um conflito que rapidamente iria tomar uma
dimensão mundial inesperada (o número de países envolvidos iria ser de cerca de trinta,
sendo mobilizados aproximadamente cinquenta milhões de homens em todas as
frentes); mas as motivações profundas e reais do conflito ultrapassam largamente esse
acontecimento, pois se filiam na competição entre as grandes potências que entre si
rivalizavam pelo controle de fontes de matérias-primas e mercados e sobretudo pela
alteração do mapa colonial, bem como na corrida aos armamentos em que estas se
empenhavam.
Os contendores irão organizar-se em dois grandes blocos: de um lado a aliança entre
a Alemanha e o Império Austro-Húngaro e do outro uma coligação em que sobressaem
a Inglaterra e a França a oeste e a Rússia a leste. Os Estados Unidos, tal como Portugal,
não participarão de início no conflito.
Numa primeira fase, que corresponde aproximadamente ao ano de 1914, a iniciativa
pertence quase por inteiro aos exércitos alemães e seus aliados, travando-se uma guerra
de movimento em duas frentes, na França e na frente russa (as mais importantes), bem
como noutras regiões do globo, como a África e a Ásia. Segue-se uma guerra de
trincheiras, em que as frentes se imobilizam com grandes perdas em homens e material,
sem que qualquer dos contendores obtenha qualquer vantagem; faz aí o seu
aparecimento o emprego de gases tóxicos como arma de combate. Ao mesmo tempo, a
guerra submarina conduzida pela Alemanha causava perdas volumosas em tonelagem
de navios, homens e bens, levantando dificuldades nas comunicações entre a Europa e
a América.
Em 1917 a situação começará a alterar-se, quer com a entrada em cena de novos meios,
como os tanques e a aviação, quer com a chegada ao teatro de operações europeu das
forças americanas ou a substituição de comandantes por outros com nova visão da
guerra e das táticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de outro,
grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da frente, acabando por
colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por fim à sua derrota. É verdade que
a Alemanha adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala na Rússia e o
governo bolchevista, chefiado por Lenine, prontamente assina a paz sem condições,
assim anulando a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente para evitar a
derrocada. O armistício que põe fim à guerra é assinado em 11 de novembro de 1918.
A opinião pública manifestara-se de certo modo favorável à guerra no seu início,
havendo uma sensação generalizada de que se trataria de um conflito breve e
insignificante e predominando, nos adversários da Alemanha, a convicção de que se
lutava pelos grandes valores da Humanidade contra a barbárie teutónica e a convicção
otimista de que o conflito traria a paz ao mundo (o Presidente americano Wilson
proclamaria que se tratava de uma "guerra para acabar com todas as guerras"). Este
otimismo seria destruído pelo prolongar dos combates e pela divulgação dos
sofrimentos, quer dos combatentes quer das populações civis (o número de mortos
ascenderia a perto de nove milhões só entre os contendores mais importantes), o que
reforçou os movimentos pacifistas e desencadeou greves de conteúdo político.
Após o conflito, e sob a influência determinante de Wilson, seria constituída
a Sociedade das Nações, que pretendia ser um fórum vocacionado para arbitrar conflitos
entre os estados e impedir de futuro a repetição das guerras.

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